Buscar

Psicologia em saúde_completo (Versão Digital)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 128 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 128 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 128 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PSICOLOGIA EM 
SAÚDE
PSICOLOGIA EM 
SAÚDE
Psicologia em
 Saúde
Fabiana Gonçalves Felix
Jefferson Muniz Nogueira
Fabiana Gonçalves Felix
Jefferson Muniz Nogueira
GRUPO SER EDUCACIONAL
gente criando o futuro
PSICOLOGIA 
EM SAÚDE
AUTORES
FABIANA GONÇALVES 
FELIX
JEFFERSON MUNIZ 
NOGUEIRA
FELIX, Fabiana Gonçalves;
NOGUEIRA, Jefferson Muniz.
Psicologia em Saúde
ISBN: 978-65-81507-19-0
I. Psicologia. II. Saúde. 
© Ser Educacional 2019
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio 
ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do 
Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock
Presidente do Conselho de Administração 
Diretor-presidente
Diretoria Executiva de Ensino
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos
Diretoria de Ensino a Distância
Autoria
Projeto Gráfico e Capa
Janguiê Diniz
Jânyo Diniz 
Adriano Azevedo
Joaldo Diniz
Enzo Moreira
Fabiana Gonçalves Felix
DP Content
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
Boxes
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da 
área de conhecimento trabalhada.
Unidade 1 - A psicologia como ciência: processo histórico e correntes teóricas
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12
Momento histórico de constituição da psicologia: da filosofia a uma ciência 
independente........................................................................................................................ 13
A psicologia no Brasil ..................................................................................................... 15
A psicologia como ciência: os objetos de estudo e seus métodos ............................ 18
As principais escolas modernas da psicologia ............................................................. 21
Behaviorismo ................................................................................................................... 21
Psicanálise ....................................................................................................................... 25
Gestalt ............................................................................................................................... 29
Humanista ......................................................................................................................... 33
Sintetizando ........................................................................................................................... 36
Referências bibliográficas ................................................................................................. 38
Sumário
Unidade 2 - O processo de desenvolvimento humano: da concepção ao fim da vida
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 40
Conceitos básicos do desenvolvimento humano ........................................................... 41
Contexto do desenvolvimento humano ........................................................................ 43
Teorias do desenvolvimento ............................................................................................... 44
Perspectiva psicanalítica ............................................................................................... 44
Perspectiva da aprendizagem ....................................................................................... 47
Perspectiva cognitiva ..................................................................................................... 48
Os ciclos de vida .................................................................................................................. 52
Sintetizando ........................................................................................................................... 72
Referências bibliográficas ................................................................................................. 73
PSICOLOGIA EM SAÚDE 6
Sumário
Unidade 3 - Psicologia da saúde, conceituação de saúde pela OMS e o 
adoecimento e a morte
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 75
O conceito de saúde da OMS ............................................................................................. 76
Um breve resgate histórico ........................................................................................... 76
O conceito ampliado de saúde e sua repercussão .................................................. 79
A psicologia da saúde ......................................................................................................... 81
Espaços e formas de atuação ....................................................................................... 82
A atuação multiprofissional e interdisciplinar das equipes de saúde ................... 87
O adoecimento e a morte .................................................................................................... 91
O sofrimento do paciente e dos familiares ................................................................. 95
O sofrimento da equipe de saúde ................................................................................. 99
Sintetizando ......................................................................................................................... 101
Referências bibliográficas ............................................................................................... 102
PSICOLOGIA EM SAÚDE 7
Sumário
Unidade 4 - O psicólogo e a equipe de saúde
Objetivos da unidade ......................................................................................................... 105
O profissional de saúde diante da morte ....................................................................... 106
Os cuidados paliativos .................................................................................................. 106
Os sentimentos da equipe ............................................................................................ 110
A equipe multidisciplinar no hospital ............................................................................ 113
Cuidado em saúde ......................................................................................................... 117
Atenção psicológica com variadas patologias ........................................................ 122
Sintetizando ......................................................................................................................... 125
Referências bibliográficas ............................................................................................... 127
PSICOLOGIA EM SAÚDE 8
Sumário
Dedico meu trabalho e meu esforço contínuo a todas as pessoas que encontram 
nos profissionaisda saúde cuidado, empatia e compromisso. Agradeço ainda a 
todos os colegas de trabalho que cruzaram meu caminho e partilham diariamente 
do desejo de um cuidado mais humanizado e justo nos espaços de saúde.
saúde e hospitais, mas sua maior de-
dicação foi à saúde pública, sua maior 
paixão. É psicóloga na Prefeitura Mu-
nicipal de Blumenau e, como servidora 
pública, já trabalhou na gestão, assim 
como na assistência na área da saúde 
mental, saúde da pessoa idosa e em 
ambulatório de IST/HIV-AIDS. Atual-
mente, está na assistência à saúde da 
mulher e pacientes fissurados de lábio 
e palato. 
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/9487271956195456
A professora Fabiana Gonçalves Fe-
lix tem formação em Psicologia Cog-
nitivo-comportamental pelo Instituto 
WP – Centro de Psicoterapia Compor-
tamental de Porto Alegre (2017) e for-
mação em Envelhecimento e Saúde 
da Pessoa Idosa pela Fiocruz (2017). 
É especialista em Saúde da Família e 
Comunidade (2013) e especialista em 
Psicologia e Saúde Mental (2002), e 
graduada em Psicologia pela Universi-
dade Regional de Blumenau (2002).
Sua experiência profissional sempre 
foi na área da saúde, em clínicas de 
PSICOLOGIA EM SAÚDE 9
A autora
PSICOLOGIA EM SAÚDE 10
Dedico este trabalho aos meus pais que sempre batalharam para que eu 
pudesse estudar e realizar meus sonhos. Tudo o que conquistei até hoje 
devo a eles e sempre serei grato!
O professor Jefferson Muniz No-
gueira é graduado em Psicologia pela 
Universidade Veiga de Almeida (UVA, 
2019) e ministra disciplinas da área 
de Psicologia em cursos acadêmicos. 
É atuante na área clinica com enfâse 
em Psicoterapia Breve, Psicodinâmica 
e Psicodiagnóstico; Psicologia Social e 
Psicologia Organizacional.
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6323630785924262
O autor
A PSICOLOGIA 
COMO CIÊNCIA: 
PROCESSO HISTÓRICO 
E CORRENTES 
TEÓRICAS
1
UNIDADE
Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Desenvolver o entendimento da psicologia como uma ciência;
 Apresentar o processo histórico de desenvolvimento da psicologia;
 Apresentar as principais correntes teóricas da psicologia;
 Possibilitar uma compreensão ampliada sobre a visão de ser humano pelo 
viés psicológico.
 Momento histórico de 
constituição da psicologia: 
da filosofia a uma ciência 
independente
 A psicologia no Brasi
 A psicologia como ciência: os 
objetos de estudo e seus métodos
 As principais escolas modernas 
da psicologia
 Behaviorismo
 Psicanálise
 Gestalt
 Humanista
PSICOLOGIA EM SAÚDE 12
Momento histórico de constituição da psicologia: da 
filosofia a uma ciência independente
A constituição da psicologia não deriva de somente um momento histórico. 
Cada época e cada região (continente ou país) fala de um contexto específico. 
Portanto, conhecer a história da psicologia vai muito além de conhecer vários 
pensadores notáveis e quais escolas de pensamento norteiam suas práticas. É 
fundamental o entendimento e a compreensão do contexto histórico que mar-
cou cada época do seu surgimento e sua evolução enquanto saber. O conheci-
mento dos diferentes caminhos que determinaram o avanço da psicologia faz 
com que compreendamos o porquê de a psicologia apresentar uma multiplici-
dade de teorias (SILVA, 2007).
Assim, iniciamos pela compreensão da palavra psicologia. A origem da pa-
lavra é oriunda da junção de dois conceitos gregos: psiquê (alma) e logos (razão 
ou explicação). Na Antiguidade, filósofos gregos interpretavam fenômenos hu-
manos como advindos da alma: morte, nascimento, sonhos, delírios etc. Havia 
todo um interesse em conhecer o ser humano, o que dava início a um processo 
de tomada de consciência. Quando perceberam que o ser humano se diferen-
ciava dos animais, nasceu a ideia de alma. Antes, a alma era vista como um 
fenômeno em si, individual, independente do corpo, mas relacionada a ele. O 
comportamento humano era relacionado, então, a manifestações psíquicas ou 
espirituais. Entretanto, ainda na Idade Antiga, alguns pensadores já especu-
lavam uma condição de “mente”, e não de alma. Um deles foi Sócrates, que 
reconhecia a mente para além da alma – era algo a mais, diferente e enigmá-
tico. Platão e Aristóteles, seus alunos, continuaram e reforçaram essa ideia, 
enfatizando a capacidade de raciocínio do ser humano, denominando-o animal 
racional (AZEVEDO, 2016).
Ao atravessarmos para a Idade Média, o conceito de alma passou a ser subs-
tituído pelo de consciência, ainda que este período apresente uma forte religio-
sidade, associando consciência cristã e razão filosófica e científica. Pelo fato de a 
Idade Média ter sido um período muito longo da História, várias fases norteiam 
toda a evolução do estudo sobre o ser humano e seu comportamento. Estamos, 
porém, ainda falando de um período em que todas as indagações e respostas 
partiam da intuição, observações sem qualquer validade científica. 
PSICOLOGIA EM SAÚDE 13
A entrada na Idade Moderna marcou um período de amplo desenvolvimen-
to científico – anatomia, biologia, matemática, astronomia etc. Passou-se a va-
lorizar a razão em virtude de descobertas na natureza. Falamos agora de uma 
fase em que a ciência estava em desenvolvimento, com grande valor ao racio-
nalismo e o empirismo. A psicologia começa, então, a separar-se da filosofia, 
definida como o estudo da mente.
Tomando esse rumo histórico, começou, então, a fase da psicologia como 
ciência. Já estamos na Idade Contemporânea, e a psicologia já não pode mais 
surgir de especulações. Foi quando, no século XIX, na Alemanha, Wilhelm 
Wundt criou o Instituto de Psicologia em 1879, e a psicologia passou a ser expe-
rimental. A partir daí, avançaram os estudos de várias escolas de pensamento, 
reafirmando a psicologia como ciência. O Quadro 1 apresenta um resumo das 
principais escolas de pensamento que contribuíram para a evolução da psico-
logia científica.
Escola de pensamento Característica
Estruturalismo
Século XIX
O objeto de estudo é a estrutura da consciência por meio da 
introspecção, em que os próprios pesquisadores descreviam seu 
estado de consciência após receberem algum estímulo.
Funcionalismo
Século XIX
O objetivo é investigar as funções dos processos mentais para 
o organismo adaptar-se ao meio ambiente. O método era a 
observação introspectiva com técnicas como testes, questionários e 
descrições do comportamento.
Associacionismo
Século XX
Associação entre situações e respostas. Baseia-se na aprendizagem 
de comportamentos por meio de alguns estímulos.
Behaviorismo
Século XX
Rompe com a psicologia baseada em estudos introspectivos, 
propondo que o comportamento pode ser observado como um 
objeto mensurável e modificável. O método é experimental.
Gestalt
Século XX
Faz oposição à fragmentação do ser humano, desconsiderando o 
reducionismo ao estudo do comportamento. Para a Gestalt, o ser 
humano deve ser entendido em sua totalidade: o mundo exterior e 
as percepções do sujeito.
Psicanálise
Século XX
Compreensão do comportamento humano acessando os processos 
misteriosos do inconsciente, sendo este prioritariamente 
inacessível. Método: associação livre.
Humanismo
Século XX
Dá ênfase e valor ao ser humano, às suas vontades, e não ao 
inconsciente e ao ambiente.
QUADRO 1. ESCOLAS DE PENSAMENTO DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA E SUAS CARACTERÍSTICAS
PSICOLOGIA EM SAÚDE 14
No século XX, marcado por duas grandes guerras, aumenta-se o interes-
se pela psicologia em função das consequências emocionais aos veteranos de 
guerra, promovendo-se, assim, o surgimento de novas abordagens teóricas. 
A ciência, em contínuo aperfeiçoamento e considerando todos os aspectos e 
eventos sociais, favoreceu continuamente a evolução de vários conceitos. So-
mos marcados pelos avanços tecnológicos, por mudanças de consumo, pela 
inserção cada vez maior da mulher no mercado de trabalho, pelo 
acesso crescente de crianças nas escolas, por regimes militares, 
por movimentos ativistas, enfim, por uma sériede si-
tuações que caracterizaram as reformulações de teo-
rias, revisão de perspectivas e novas visões do ser 
humano no mundo e sua forma de agir e interagir 
no ambiente, que está em constante processo de 
reconstituição (CAMBAÚVA; SILVA; FERREIRA, 1998).
A psicologia no Brasil
Nessa abordagem histórica, torna-se relevante conhecer a trajetória da psico-
logia no Brasil, já que é a influência que temos no desenvolvimento educacional, 
cultural e na saúde.
O Brasil colonial caracteriza-se por ter cerceado o desenvolvimento cultural do 
seu povo: a educação apresentava apenas o viés de catequizar os indígenas, dou-
triná-los. Isso mostra que a intenção dos portugueses era apenas a exploração. 
Nesse momento histórico, no mundo, a psicologia ainda era ligada à filosofia 
e teologia, e o foco era a boa educação das crianças, baseada em valores morais, 
religiosos e da família. Com a vinda da família real portuguesa, surge um novo mo-
mento político e cultural: estabelece-se a imprensa, o comércio exterior e a criação 
de instituições universitárias. Iniciam-se movimentos políticos como a Indepen-
dência, a abolição da escravatura, a proclamação da República, e o País começa a 
levantar esforços para a estruturação voltada para a civilização, a partir de movi-
mentos da classe média que trazem, em seus discursos, palavras de ordem como 
abolição, república e democracia. Então, surgem novas maneiras de interpretar 
a vida brasileira: é o movimento da ciência, que começa a suprimir a posição das 
filosofias religiosas (VILELA, 2012).
PSICOLOGIA EM SAÚDE 15
Os intelectuais da época estavam 
engajados em levar o Brasil a um mo-
delo civilizado de nação europeia; por-
tanto, no status da ciência, as ideias 
psicológicas no Brasil passam a surgir 
dos médicos, filhos de grandes latifun-
diários, que estudaram medicina na 
Europa e voltavam com ideias novas 
sobre o ser humano, superando a con-
cepção de alma. D. João VI, ao chegar 
no Brasil, criou a Faculdade de Medi-
cina na Bahia e Rio de Janeiro. É esta 
última que, em 1841, apresentou a 
primeira tese de teor psicológico, que 
procurava estabelecer a localização cerebral de diversas atividades humanas. 
Em 1900, surgiu o primeiro trabalho de psicologia experimental no Brasil, na 
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
No embalo desse modelo civilizatório, a elite política e intelectual brasilei-
ra passou a dedicar-se à educação – lembrando que éramos um país agrário, 
conservador, escravagista, hierárquico, patriarcal e de superioridade branca. A 
ideia da educação, portanto, era de “higienizar a civilização”, e este higienizar 
era limpar as heranças africanas e indígenas (VILELA, 2012, p. 34). 
Por volta das décadas de 1920 e 1930, no Brasil, iniciam-se a elaboração, es-
tudo e instituição dos testes psicológicos. Era em um momento de crise no País 
e de profundas mudanças político-culturais. A educação ganhou foco, e a psi-
cologia ocupou um espaço importante nesse movimento. Além da importância 
voltada para a educação, outra característica do Brasil nesse início do século 
foi a industrialização, a urbanização crescente e o consequente aumento das 
desigualdades entre o mundo rural e urbano.
A partir dos anos 1940, a psicologia começou a crescer no âmbito clíni-
co e na seleção e orientação profissional. Em todos esses campos, os testes 
psicológicos tiveram uma importância central. Em 1953, foi criada a primei-
ra graduação em psicologia, na PUC-Rio e iniciou-se o campo profissional de 
psicólogo no País, com a regulamentação da profissão em 1962. A profissão 
PSICOLOGIA EM SAÚDE 16
perdurou, por um longo período, em um modelo biologicista, inclusive pelo 
momento político de implantação da ditadura no País, trazendo uma inter-
venção acrítica – e, assim, permanecendo em função da intervenção do Es-
tado nas formações dos profissionais. Não se considerava, nessas primeiras 
formações, uma contextualização histórica e social do ser humano. A prática 
psicológica atendia à lógica do mercado, voltada à intervenção de adaptação 
do ser humano ao sistema: daí, a crescente expansão da clínica psicológica, 
pois era predominante o entendimento de que o sofrimento era de responsa-
bilidade individual e cabia ao indivíduo adequar-se às normas sociais (CAM-
BAÚVA; SILVA; FERREIRA, 1998).
A partir da década de 1970, iniciou-se movimentos com outro olhar sobre a 
psicologia, por meio das contribuições europeias, com a teoria das representa-
ções sociais. Passou-se a fomentar novos rumos no campo da psicologia social.
Vale, ainda, apresentar brevemente a inserção do psicólogo no contexto 
da saúde, especialmente no Brasil. Podemos dizer que a psicologia da saúde 
(assim conceituada) é muito nova, desenvolvida a partir da década de 1970 – e 
ainda está em plena construção. Nos variados espaços de saúde, observou-se 
que a condição psicológica do paciente muito interferia na sua recuperação. 
Então, pesquisas em psicologia começaram a associar práticas de reabilitação 
em saúde, inicialmente no hospital como principal espaço de atuação. 
A psicologia da saúde, no entanto, vai além da psicologia hospitalar. En-
quanto a psicologia hospitalar atém-se ao sofrimento gerado pelo processo de 
aceitação da doença, adaptação a um ambiente diferente de casa, à proximida-
de da morte, ao processo de luto da família e do paciente, a psicologia da saúde 
vai além, pensando nos processos de reabilitação, promoção e prevenção de 
saúde, considerando os aspectos sociais e comunitários. A psicologia da saúde 
amplia-se pelo fato de o profissional estar preparado para atuar em todos os 
níveis de atenção, na saúde privada ou pública. 
Outra consideração importante sobre a psicologia da saúde é a 
condição do psicólogo de saber trabalhar em equipe, uma 
vez que todos os outros campos da saúde (enfermagem, 
fisioterapia, nutrição, odontologia, medicina, terapia 
ocupacional etc.) atuam em conjunto para o cuidado 
ampliado em saúde.
PSICOLOGIA EM SAÚDE 17
A psicologia como ciência: os objetos de estudo e 
seus métodos
Até o momento, apresentamos todo o processo histórico de constituição 
da psicologia enquanto ciência: ela surge de um momento em que havia várias 
concepções sobre o ser humano, que partiam de crenças religiosas e espiri-
tuais, até entrar em um momento da História em que a ciência começa a exigir 
deduções baseadas em evidências e observações. Para facilitar a compreen-
são, tornou-se necessário discutir os conceitos de senso comum, ciência e mé-
todo científico.
O senso comum é o conhecimento do cotidiano, aqueles conceitos que 
aprendemos no dia a dia, passados pelos nossos familiares, nossa cultura, nos-
sa intuição. Surge por meio de nossas vivências, leituras, conclusões a partir 
de vários pontos de vista. É o conhecimento que temos, por exemplo, que uma 
compressa de bolsa de água quente no baixo ventre pode aliviar a cólica mens-
trual, sem saber exatamente o porquê disso, assim como saber que o chá de 
camomila traz benefícios para o sono, sem conhecer as propriedades da erva 
e como ela age no sistema nervoso. É um modo de conhecimento reduzido.
A palavra ciência originou-se do latim scientia, que significa conhecimento. 
Se eu tenho ciência de algo, tenho conhecimento daquele fato. Segundo Gni-
pper (2019), “a ciência é aquele tipo de conhecimento que busca compreender 
verdades ou leis naturais para explicar o funcionamento das coisas e do uni-
verso em geral”. Bock, Furtado e Teixeira (1999) explicam a ciência como um 
conjunto de conhecimentos sobre a realidade ou fatos que são descritos de 
forma precisa e rigorosa. Portanto, podemos concluir que ciência é o conheci-
mento de algo que foi minuciosamente estudado, registrado, controlado, e sua 
validade é passível de verificação e reprodução.
Toda essa possibilidade de checagem ocorre por causa do mé-
todo científico, um conjunto de regras que visa a coibir 
as subjetividades,objetivando a produção de um co-
nhecimento válido ou corrigir conhecimentos pree-
xistentes. Os métodos científicos variam, depen-
dendo do tipo de pesquisa que se pretende fazer, 
podendo ser uma pesquisa de caráter experimental 
PSICOLOGIA EM SAÚDE 18
(observação e medição), dialético (con-
sidera o movimento dos fenômenos 
históricos e sociais), empírico-analítico 
(diferencia os elementos de um fenô-
meno, revendo individualmente cada 
um deles) e histórico (relaciona o obje-
to estudado a cada etapa que ele pas-
sa, de acordo com sua ordem crono-
lógica). As etapas básicas para realizar 
uma pesquisa geralmente seguem a 
seguinte ordem: observação, elabora-
ção de um problema, levantamento de hipóteses, experimentação, análise dos 
dados e conclusão (GNIPPER, 2019).
Ao estabelecermos uma conexão entre esses conceitos – senso comum, ciên-
cia e método científico –, podemos concluir que fazer ciência é sair de uma infor-
mação reduzida, de uma visão de mundo restrita a uma única realidade vivida 
e um único ponto de vista para produzir um conhecimento mais amplo, rico, 
isento de subjetividades e fundamentado em uma constatação que foi validada 
por um estudo rigoroso, que cumpriu etapas necessárias para chegar a deter-
minada constatação. Essa característica da ciência possibilita a continuidade do 
conhecimento: ela pode ser reavaliada, produzida a partir de algo já desenvol-
vido anteriormente, a partir de um fato objetivo. Portanto, podemos dizer que 
um conjunto de conhecimentos, para que seja científico, precisa ter um “objeto 
específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas específicas, processo cumu-
lativo de conhecimento e objetividade” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p. 20).
Retomando ao conceito da psicologia e entendendo agora os processos ne-
cessários para se fazer ciência, torna-se relevante compreender qual é o ob-
jeto de estudo da psicologia, para que ela seja considerada ciência. Quando 
foram apresentados os vários momentos históricos de constituição da psicolo-
gia, entendemos que ela surgiu de indagações sobre o ser humano, mas variou 
os aspectos investigados: a alma, a mente, os sentimentos, o comportamento, 
o processo de aprendizagem. A psicologia estuda o ser humano, mas a com-
preensão de ser humano é muito ampla e vai muito além da área de interven-
ção psicológica, pois abrange biologia, economia, história e antropologia. 
PSICOLOGIA EM SAÚDE 19
Ainda assim, se restringirmos o estudo do ser humano aos aspectos da 
mente, a diversidade de objetos de estudo é muito ampla, pois há psicólo-
gos que estudarão o comportamento humano; outros, a consciência; outros, 
o inconsciente ou, ainda, seu sistema de relações. É uma área que parte de 
diversas vertentes e conceitos filosóficos, assim como são muito variados os fe-
nômenos psicológicos. Bock, Furtado e Teixeira (1999, p. 22) defendem que não 
existe uma psicologia, mas ciências psicológicas. Tal afirmação faz jus à brinca-
deira que sempre fazem, quando dizem que, para o estudante de psicologia e 
para o psicólogo, tudo é relativo, tudo depende de como se vê a situação.
No entanto, para sermos mais precisos nesse raciocínio, vamos trabalhar 
com o conceito de subjetividade humana enquanto objeto de estudo e inter-
venção da psicologia. Todas as expressões humanas, visíveis (comportamen-
tos) e não visíveis (sentimentos) podem estar resumidas no termo subjetivida-
de, que é a maneira de rir, de chorar, de falar, de reagir e de amar de cada um. 
A subjetividade não é inata: ela é construída nas nossas relações e experiências 
na vida, conforme cada um recebe e transmite informações. A pessoa é passiva 
e ativa na construção da sua subjetividade.
Quando a criança vem ao mundo, ela recebe amor ou rejeição, e a forma 
como ela é aceita ou rejeitada fará com que ela tome determinadas atitudes, 
que também afetarão as vidas das pessoas com quem convive. Se ela for rejei-
tada pela mãe, pode receber o cuidado e carinho de uma vizinha ou avó, por 
exemplo. Ela pode tornar-se uma pessoa frustrada pela rejeição materna, ou 
grata por ter tido o carinho de outro alguém. Ela pode transformar a vida da 
própria mãe que a rejeitou ou as vidas das pessoas que a acolheram, até mes-
mo de seus amigos e familiares futuros. Tudo dependerá de como a vida se 
desenha para ela e de como ela desenha a vida.
A subjetividade também pode ser alterada, ou seja, o sujeito pode 
se recusar a viver a daquela forma ou se sujeitar àquele modelo 
construído, pois as pessoas não estão “terminadas” ou 
destinadas a pensar e agir da mesma maneira sempre 
– e esses elementos básicos da vida, o movimento 
e a transformação, caracterizam nossa trajetória 
enquanto seres humanos (BOCK; FURTADO; TEIXEI-
RA, 1999, p. 24).
PSICOLOGIA EM SAÚDE 20
Enfim, podemos concluir que a psicologia estuda e intervém na 
subjetividade humana. Esse é o seu objeto de estudo, mas 
a forma de compreensão e cuidado do ser humano, da 
sua subjetividade, vai depender das diferentes escolas 
psicológicas. Já foi apresentado um resumo anterior-
mente, sobre as principais escolas de pensamento que 
contribuíram para o desenvolvimento da psicologia como 
uma ciência e o principal foco de estudo de cada uma. 
ASSISTA
Para que você conheça melhor a função de um psicólogo, 
assista ao vídeo O que um psicólogo faz?, no qual é abor-
dada a variedade de atividades que pode ser desenvolvida 
por esses profissionais.
As principais escolas modernas da psicologia
A psicologia passou por um longo período de estruturação e tornou-se inde-
pendente da filosofia. Passou também pelo estudo da medicina para começar 
a ter a característica científica, até que se estrutura como uma ciência indepen-
dente, com diversas escolas de pensamento. No século XX, estrutura-se cada vez 
mais em novas teorias, e discutiremos agora essas escolas modernas. Quando 
falamos de escola de pensamento, falamos de linhas teóricas e abordagens que 
se diferenciam pela forma como enxergam e intervêm na subjetividade humana.
Behaviorismo
O temo behaviorismo deriva da palavra em inglês behavior, que significa 
comportamento. Ele foi incorporado na psicologia por John B. Watson em 1913, 
em um artigo que lançou o comportamento como objeto da psicologia. O com-
portamento, algo mensurável, observável, reproduzível em diferentes condi-
ções e pessoas, deu a validade que a psicologia desejava no rol das ciências, 
algo muito importante no início do século XX.
O behaviorismo aprimorou-se no decorrer de sua história e, até os dias de 
hoje, já teve muitas alterações na aplicação clínica. Na época de Watson, já so-
PSICOLOGIA EM SAÚDE 21
fria revisões, uma vez que o compor-
tamento deixou de ser compreendido 
apenas como uma ação isolada do su-
jeito e passou a ser interpretado como 
uma interação entre o ser humano e 
seu ambiente. O ambiente (tudo aqui-
lo que o ser humano observa, vive e 
a que é submetido) estimula as ações 
(respostas) que esse ser humano terá 
como comportamento nas variadas si-
tuações vividas (BOCK; FURTADO; TEI-
XEIRA, 1999, p. 46). Vamos entender melhor o que isso tudo quer dizer a partir 
da compreensão dos termos estímulo e resposta.
Para os psicólogos behavioristas, estímulo e resposta estão relacionados 
a tudo que o organismo faz em relação às situações do ambiente a que o ser 
humano é submetido. A explicação para adotar essas variáveis como objeto 
de estudo dá-se pela condição metodológica (pois é passível de investigação 
a partir do método experimental e analítico) e pela condição histórica do ser 
humano, estudando-se sua interação com o seu ambiente.
Antes de Watson, um cientista muito importante para a construção do 
behaviorismo foi Ivan Pavlov (1849-1936), um médico russo, que desenvolveu 
a teoria do condicionamento clássico, que viria a ser, futuramente, uma base 
teórica do behaviorismo. O condicionamento clássico, também chamado de 
condicionamento reflexo oucondicionamento respondente, refere-se a toda 
resposta que o organismo dá involuntariamente, por meio de estímulos do am-
biente. Por exemplo: a reação dos olhos (pupilas) quando, no escuro, alguém 
acende a luz de repente; a salivação provocada por gotas de limão na ponta da 
língua; o coração disparado quando se leva um susto. Essas reações são refle-
xos incondicionados, involuntários aos estímulos do ambiente – taquicardia, 
salivação e dilatação das pupilas são mecanismos involuntários. 
Algumas reações, no entanto, também podem ser provocadas se houver as-
sociação a um outro estímulo, tornando-se reflexos condicionados. Por exem-
plo, uma pessoa sofreu um forte trauma vendo sua casa desabar após uma for-
te chuva, apresentando reações como medo e a taquicardia. Após o incidente, 
PSICOLOGIA EM SAÚDE 22
todas as vezes que começa uma forte chuva, o coração dessa pessoa dispara. 
Nesse exemplo, podemos dizer que a taquicardia é um reflexo incondicionado 
do medo; e, quando surge como consequência do barulho da chuva, um reflexo 
condicionado. Antes do trauma, o barulho da chuva era um estímulo neutro, 
não causava taquicardia. Depois do evento trágico, a chuva passou a ser um es-
tímulo condicionado que causa a taquicardia (agora, um reflexo condicionado), 
como se observa no Diagrama 1.
DIAGRAMA 1. REFLEXO INCONDICIONADO E REFLEXO CONDICIONADO
Chuva forte
Estímulo neutro
Chuva forte
Estímulo condicionado
Taquicardia
Reflexo condicionado
Enxurrada Acidente com a casa
Taquicardia
Reflexo 
incondicionado
Na sequência, outro personagem importante na história do behaviorismo 
foi Skinner (1904-1990). Seu estudo foi uma das maiores influências nessa abor-
dagem, e o pesquisador tornou-se conhecido pelos experimentos com ratos e 
da caixa de Skinner. Foi ele quem desenvolveu importantes teorias, como o 
condicionamento operante.
No condicionamento (ou comportamento) operante, o comportamento é 
ativo e opera sobre o mundo, para gerar resultados. É um método de apren-
dizagem baseado em consequências que aumentam ou diminuem a probabili-
dade de um comportamento repetir-se no futuro, por meio de reforçamento e 
punição. Segue-se a seguinte ordem: as ações (respostas) que recebem refor-
çador tendem a repetir-se, e as ações que recebem punição tendem a não se 
repetir. Por exemplo, em um laboratório, um ratinho é colocado em uma caixa 
com duas alavancas: na azul, recebe comida (o reforçador); na vermelha, rece-
be um leve choque. Isso fará com que o ratinho aperte a alavanca azul e evite a 
vermelha (reforçamento versus punição).
PSICOLOGIA EM SAÚDE 23
Fora do laboratório, no dia a dia, em ambiente natural, costumamos manter 
ou diminuir comportamentos conforme as consequências que obtemos. Se, 
cada vez que a criança chora, ela ganha colo, o colo torna-se um reforçador e 
aumenta a probabilidade futura da ação de chorar (resposta). Tem-se, nessa 
relação, um comportamento operante, pois ela recebe uma recompensa com 
o choro. Se, cada vez que essa criança entra no quarto e apanha do irmão, ela 
passa a não entrar no quarto ou a não chegar mais perto do irmão. O ato de 
apanhar é um estímulo aversivo (que veio pela punição), e a resposta é a de 
não entrar no quarto ou fugir do irmão (fuga/esquiva), constituindo-se, nessa 
relação, um outro comportamento operante.
Há também o mecanismo de extinção do comportamento, que entra na 
seguinte lógica: se, cada vez que a criança chora, ela deixar de ganhar colo, a 
resposta de chorar para ganhar colo deixa de ocorrer, pois não gera a conse-
quência esperada. No caso de entrar no quarto do irmão, se ele para de agredi-
-la, ela pode voltar a entrar no quarto ou voltar a aproximar-se dele.
ASSISTA
Para saber mais sobre o estudo envolvendo a caixa de 
Skinner, assista ao vídeo A caixa de Skinner (condiciona-
mento operante / behaviorismo), em que ficou demonstra-
do como se procedeu o condicionamento operante dentro 
do laboratório.
Essa é principal base do behaviorismo, mas as práticas clínicas e estudos 
desenvolveram-se durante todo o século, e, a partir dessa matriz, outras im-
portantes teorias surgiram, como a psicologia cognitivo-comportamental.
Até a metade do século XX, a psicanálise dominava o campo da psicoterapia, 
e o behaviorismo estava voltado para pesquisas em análise do comportamen-
to, e suas técnicas empregadas nos espaços da educação, especialmente para 
mudanças de comportamento por meio das técnicas de condicionamento. No 
campo terapêutico, da clínica e intervenções nos sofrimentos, porém, era a psi-
canálise que se desenvolvia cada vez mais forte. No entanto, ao redor dos anos 
1950, cientistas começaram a questionar a eficácia da psicanálise em função de 
ela lidar com algo não mensurável (o inconsciente), enquanto as teorias de base 
comportamental estavam em pleno crescimento pelo seu status científico. 
PSICOLOGIA EM SAÚDE 24
Na década de 1960, em uma nova fase das ciências psicológicas, alguns 
estudiosos clínicos estavam insatisfeitos tanto com o modelo psicanalítico 
quanto com os modelos do behaviorismo radical, que trabalhava no sis-
tema de condicionamento. Clinicamente, para tratamento terapêutico de 
um paciente, alguns importantes nomes da terapia cognitiva, como Beck, 
Bandura e Ellis, começaram a desenvolver estudos que apontaram os pro-
cessos cognitivos como cruciais no desenvolvimento de estratégias para 
o enfrentamento da depressão. Beck foi o mais conhecido dentro das te-
rapias de base cognitiva, com seus trabalhos voltados para a depressão e 
ansiedade. Estava, então, inaugurada a era cognitiva na psicoterapia.
Nessa nova perspectiva, não era somente o ambiente que influenciava 
o ser humano, mas a racionalidade era uma fonte de direção das 
ações humanas. Quando o paciente passa a racionalizar as si-
tuações que intervêm sobre seu sofrimento, há como 
alterar os pensamentos e a forma de ver o proble-
ma de maneira distorcida. Concluindo, portanto, 
a psicologia comportamental (behaviorista) em-
basou o que hoje temos de atual e moderno den-
tro das psicologias de base cognitiva.
Psicanálise
Figura 1. Sigmund Freud, o fundador da psicanálise. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 11/09/2020.
PSICOLOGIA EM SAÚDE 25
Falar da psicanálise é falar do mais 
famoso entre todos os estudiosos da 
subjetividade humana: Sigmund Freud 
(1856-1939). Freud, pai da psicanálise, 
era um médico psiquiatra vienense 
que marcou radicalmente toda a for-
ma de estudar e pensar a vida psíqui-
ca. Bock, Furtado e Teixeira (1999, p. 
70) afirmam que Freud “ousou colocar 
os ‘processos misteriosos’ do psiquis-
mo, suas ‘regiões obscuras’, isto é, as 
fantasias, os sonhos, os esquecimen-
tos, a interioridade do ser humano, 
como problemas científicos”.
Em 1909, Freud sai de Viena e vai 
para os Estados Unidos proferir pales-
tras sobre o desenvolvimento de sua teoria. Essa viagem expandiu amplamente 
sua teoria, lançando-a para além do mundo europeu e fazendo com que ele es-
crevesse uma das suas mais conhecidas obras: Cinco lições de psicanálise. 
Freud era um psiquiatra que trabalhava como pesquisador, mas, por 
condições financeiras precárias, precisou iniciar alguma atividade rentá-
vel; então, passou a atender pessoas com acometimentos psiquiátricos. 
Após uma temporada em Paris com um psiquiatra francês, Jean Charcot, 
que trabalhava com hipnose, Freud retornou à Viena utilizando esse mé-
todo. Foi quando iniciou o tratamento de Ana O., em parceria com outro 
amigo médico. Aos poucos, Freud foi substituindo e abandonando a hip-
nose, utilizando-se de outros métodos até chegar à associação 
livre, na qual o paciente não é submetido a perguntas, mas 
fala tudo que surge na sua mente. Nessa liberdade 
de expressão, o famoso médico começou a formu-
lar a teoria sobre o inconsciente. No Quadro 2, 
apresentamos um breve resumo das principais 
postulações teóricas de Freud a respeito da per-
sonalidade e dinâmicapsíquica.
PSICOLOGIA EM SAÚDE 26
QUADRO 2. AS ESTRUTURAS DO APARELHO PSÍQUICO
Primeira Teoria – Ano: 1900
Conceito Definição
Inconsciente
São conteúdos reprimidos, que não estão presentes no campo atual da 
consciência por censuras internas. Em algum momento, esses conteúdos 
podem ter sidos conscientes, mas foram reprimidos. É atemporal, não 
tem noção de passado ou futuro.
Pré-consciente São os conteúdos psíquicos que podem ser mais acessíveis. Não estão no campo da consciência, mas podem, a qualquer momento, estar acessíveis.
Consciente
É a percepção do mundo exterior, atenção e raciocínio. É o sistema do 
aparelho psíquico que recebe tantos as informações do mundo exterior 
quanto as do mundo interior.
Segunda Teoria – Ano: 1920 a 1923
Conceito Definição
Id
É o reservatório da energia psíquica, no qual há as pulsões de vida (au-
toconservação) ou de morte (autodestruição). É regido pelo princípio do 
prazer. É relativo ao inconsciente da primeira teoria.
Superego
Fruto das exigências sociais e culturais, é regido pela moral e ideais. O 
superego destina-nos aos limites que temos em algumas atitudes e traz, 
muitas vezes, o sentimento de culpa.
Ego
O ego é o equilíbrio entre as exigências do Id (prazer) e do 
superego (moral e ideal). A busca pelo prazer pode ser substituída pelo 
desprazer. O ego busca esse equilíbrio.
CURIOSIDADE
Freud e Breuer, também psiquiatra, estudavam a histeria. Na época, mui-
tos acreditavam que era uma doença das mulheres e que os sintomas 
eram fingidos. Anna O., uma inteligente jovem da aristocracia austríaca, 
começou a ter comportamentos como paralisações, alucinações, ficava 
estrábica e esquecia a língua materna (alemão), falando em inglês ou fran-
cês. Breuer iniciou o tratamento com hipnose, mas passou a tratá-la com 
a escuta, incentivando-a a falar o que estava em sua mente. Os sintomas 
melhoraram, e, então, se instaurou a técnica da associação livre, até hoje 
utilizada na psicanálise.
Outro aspecto relevante da teoria psicanalítica é a descoberta da sexualida-
de infantil. A partir de suas observações das neuroses na prática clínica, Freud 
começou a perceber que muitos desejos reprimidos se referiam a conflitos de 
ordem sexual e que estes eram o centro da vida psíquica do sujeito. Muitos even-
tos traumáticos se configuraram na infância e foram reprimidos, originando os 
sintomas atuais no adulto. Tal afirmação defende os seguintes aspectos: que a 
PSICOLOGIA EM SAÚDE 27
função sexual existe desde o princípio da vida; que o desenvolvimento da sexua-
lidade é longo e complexo, não estando voltado apenas para a reprodução, mas 
também para o prazer; e que a libido é a energia dos instintos sexuais. Freud, 
então, postula o desenvolvimento sexual em cinco fases: fase oral, fase anal, fase 
fálica, fase de latência e fase genital. É na fase fálica, entre os três e cinco anos 
de idade, que a criança vivencia o complexo de Édipo, e toda a personalidade do 
indivíduo está condicionada à boa ou insuficiente estruturação dessa fase.
Outras contribuições importantes de 
conhecer sobre a teoria psicanalítica de 
Freud é que, primeiramente, ele conside-
rava verdadeiras todas as falas trazidas 
pelos pacientes; depois, postulou que as 
vivências relatadas por eles podiam ser 
imaginadas. No entanto, independente-
mente de serem reais ou não, o impor-
tante era a realidade psíquica do paciente. O conceito de pulsão é outra postulação 
importante dentro da teoria de Freud, que se refere a ela como o estado em que a 
pessoa desprende grande energia de autoconservação ou autodestruição. A psica-
nálise também fala muito no sintoma como resultado de um conflito que habita 
entre o mecanismo de defesa e o desejo. É um comportamento ou um pensamento, 
que geralmente é o ponto de partida da investigação psicanalítica.
A psicanálise caracterizou-se como um método de terapia que investigava o 
inconsciente do paciente, constituindo o tratamento por meio da fala. Torqua-
to (2015) explica que a psicanálise se tornou uma escola de pensamento, não 
apenas uma teoria, tendo em vista que se apresentou como um tratamento, 
um método terapêutico, uma técnica, uma clínica psicológica e um movimento 
psicanalítico, pois englobou várias correntes do freudismo.
Enquanto teoria, a psicanálise traz um conjunto de conhecimentos sobre o 
funcionamento da vida psíquica. Freud desenvolveu uma extensa obra falando 
de seus pressupostos e trazendo relatos clínicos e leis gerais que explicavam 
toda a estrutura da personalidade. É interessante mencionar que grande parte 
da sua produção foi pautada em experiências pessoais. Enquanto método tera-
pêutico, utilizava-se da análise, que incita o paciente a buscar seu autoconheci-
mento ou a cura, que ocorre por meio desse resgate de si mesmo. O método de 
PSICOLOGIA EM SAÚDE 28
investigação de toda essa busca pelo próprio conhecimento se dá pela interpre-
tação do significado oculto que se manifesta através de sonhos, palavras, atitu-
des e produções imaginárias. O psicanalista vai provocar o paciente a perceber 
determinados comportamentos e compreender o que isso significa dentro da 
sua história, do seu sofrimento.
A psicanálise tem sua relevância tanto no âmbito clínico terapêutico quanto 
na análise e compreensão de fenômenos sociais relevantes, partindo de uma 
análise de toda a condição histórica do mundo no seu momento atual. É uma 
teoria muito estereotipada, associada com divã, com sexualidade, além de 
vários conceitos do senso comum, mas a psicanálise também trouxe muitas 
outras contribuições na construção social e em várias áreas da saúde mental, 
indo muito além das contribuições de Freud. Outros personagens importan-
tes e que marcaram a história da psicanálise foram: Jung, Melanie Klein, Anna 
Freud, Lacan e Winnicott, entre outros.
Importante reforçar que a psicanálise não é uma escola da psicologia. Ela 
é independente, tanto que, para ser psicanalista, uma pessoa pode ter outra 
formação (como Direito ou Medicina) e atuar na clínica psicanalítica. De qual-
quer forma, sua teoria influencia grandemente a atuação psicoterápica, pois 
mesmos os psicólogos que não tiveram a formação psicanalítica podem atuar 
em outras teorias de base freudiana, que lidam com a psicodinâmica.
Gestalt
A gestalt é uma teoria que surgiu na Alemanha a partir dos estudos de 
dois cientistas: um físico, Ernst Mach (1838-1916); e um filósofo e psicólogo, 
Christian von Ehrenfels (1859-1932). Ambos iniciaram seus estudos voltados 
para uma teoria psicofísica, sobre as sensações que uma pessoa pode ter de-
pendendo do espaço e da forma com que é vista. Dando sequência a estudos, 
Wertheimer (1880-1943), Köhler (1887-1967) e Koffka (1886-1941) criaram uma 
teoria puramente psicológica, baseados em tal estudo psicofísico, na qual re-
lacionaram percepção e sensação de movimentos. O foco era compreender 
quais processos psicológicos estavam envolvidos na ilusão de óptica de uma 
pessoa, quando o estímulo físico é um e a forma que ela percebe é diferente 
da realidade. Com essa explicação inicial, fica mais fácil definir o termo gestalt, 
PSICOLOGIA EM SAÚDE 29
uma palavra alemã de difícil tradução, mas que tem o significado mais próximo, 
no português, das palavras forma ou configuração. 
Assim, o ponto central da teoria é a percepção. A preocupação era questio-
nar o behaviorismo do início do século XX em algo que os gestaltistas conside-
ravam ignorado naquela teoria do comportamento: havia algo implícito entre 
o estímulo e a resposta, pois acreditavam que, entre o estímulo do meio am-
biente e a resposta dada pela situação, havia o processo de percepção – o que 
a pessoa percebe configura a resposta que ela dá. Vamos usar como exemplo 
um som alto e o choro do bebê. Para os behavioristas, ao ouvir um som alto, o 
bebê chora porque se assusta. Os gestaltistas diriam que o choro dependeria 
de como o bebê percebe esse som: a chegada de alguém ou umaameaça. Por-
tanto, em vez do choro, alguns bebês poderiam ignorar e não reagir com choro 
enquanto outros poderiam rir, caso achassem que tudo fosse uma brincadeira. 
Tanto a gestalt quanto behaviorismo tinham como objeto de estudo o com-
portamento. No entanto, o confronto entre as duas teorias estava na ideia 
de que o behaviorismo desprezaria os conteúdos da consciência, pois estava 
preocupado apenas com a relação estímulo-resposta. A gestalt, por sua vez, 
considerava que, ao ser desprezado esse critério, o estudo perdia o significa-
do, por ignorar um contexto mais amplo. Segundo Bock, Furtado e Teixeira 
(1999, p. 60) “na visão dos gestaltistas, o comportamento deveria ser estudado 
nos seus aspectos mais globais, levando em consideração as condições que 
alteram a percepção do estímulo”. Veremos, a seguir, os pressupostos teóricos 
para embasar tal afirmação.
O isomorfismo é uma teoria que defende que a percepção de uma parte vai 
sempre buscar o equilíbrio da forma. Por exemplo, se eu vejo uma parte de um 
objeto, a tendência é que eu restaure toda a forma para dar algum sentido ao 
que estou percebendo. O sentido real da visão vai estar baseado no 
que é global para mim. Observe a Figura 2 e identifique que você 
acaba por perceber o todo, conforme sua gama de ex-
periência é capaz de entender. O que você verá nela é 
diferente do que veria uma criança de quatro anos 
de idade, uma pessoa com algum comprometi-
mento neurológico ou alguém que foi privado de 
muitos outros estímulos visuais.
PSICOLOGIA EM SAÚDE 30
Figura 2. Isomorfismo e percepção. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 11/09/2020.
Note que você visualiza apenas uma parte do objeto e cria uma compreen-
são da imagem total. Alguém pode ver um boneco em um movimento de dan-
ça, outra pessoa que o boneco está dando uma bronca e outro que ele está 
limpando a boca ou acariciando alguém. Esse fenômeno da percepção ocorre 
devido à busca do cérebro pelo fechamento, simetria e regularidade. 
Para explicar toda essa condição do isomorfismo, há o conceito de boa 
forma. A maneira como percebemos um determinado estímulo desencadeia 
nosso comportamento. Os estímulos físicos podem desencadear comporta-
mentos diferentes dependendo de como entendemos aquilo que vemos. Ima-
gine a seguinte situação: você está dentro de um carro fechado, em um dia de 
chuva, e os vidros encontram-se um pouco embaçados. Você para o carro e 
abre o vidro para oferecer carona para sua vizinha, que está andando na calça-
da toda atrapalhada com o guarda-chuva e as sacolas de compra. Ao oferecer 
a carona, você percebe que se confundiu e que não é a sua vizinha, apesar de a 
estatura da mulher, o jeito de andar e o corte de cabelo terem lembrado dela. 
Foi um erro de percepção, mas, na hora que você parou o carro, era de fato sua 
vizinha. Essa confusão mostra que, durante a percepção do estímulo (a pessoa 
desconhecida), aquelas condições ambientais (chuva e vidro embaçado) altera-
ram a sua interpretação do conteúdo percebido. 
PSICOLOGIA EM SAÚDE 31
Outro aspecto também relacionado à tendência da nossa percepção buscar 
a boa forma é a relação figura-fundo: quanto mais objetiva e clara estiver a 
forma (ou a situação), mais clara será a identificação da figura e do seu fundo. 
Preste atenção na sequência da Figura 3, já conhecida por muitos.
Na primeira figura, muitas pessoas acabam mencionando a imagem de 
duas pessoas se olhando; na segunda imagem, um vaso (ou o contrário), mas, 
ao se distanciar a imagem e focar o fundo, fica mais clara ou tendenciosa a 
percepção da imagem.
Para a gestalt, todo conjunto de estímulos que determina o comportamen-
to é meio ambiental. São conhecidos dois tipos de meio: o meio geográfico (o 
ambiente físico em si) e o meio comportamental, que está relacionado à reali-
dade que se mostra para nós, à nossa interpretação do meio geográfico, que, 
para nós, é realidade subjetiva e particular, criada pela nossa mente. Assim, 
nosso comportamento é definido pela nossa percepção do meio comporta-
mental. Um exemplo disso pode ser uma rua com pouca iluminação 
de madrugada. O mesmo espaço físico é um meio comportamen-
tal diferente para uma pessoa que mora naquela rua 
há anos e uma pessoa que chega a ela pela primeira 
vez. Um estádio, em um grande centro, vai ser di-
ferente para você se o seu meio comportamental 
for o jogo do seu time do coração, ou um show de 
uma banda pouco conhecida – e você esteja nesse 
estádio como público, ou como um trabalhador.
Figura 3. Relação figura e fundo. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 11/09/2020.
PSICOLOGIA EM SAÚDE 32
Outro termo bem conhecido e muito importante na gestalt é a palavra in-
sight. O termo faz referência a uma compreensão imediata de algo, um enten-
dimento interno de uma situação que, até então, era despercebida. É aquele 
momento que costumamos ter depois de termos a compreensão do todo, algo 
muito importante na gestalt.
Humanista
A psicologia humanista recebeu 
grande influência da filosofia de base 
existencial e fenomenológica. A par-
tir de 1950, um grupo de psicólogos 
começou a questionar os estudos e 
intervenções da psicologia da época, 
voltados para fatores relacionados 
ao ser humano, mas em corrigir pa-
tologias, sem focar no próprio ser humano. Enquanto o behaviorismo estava 
voltado para o comportamento, a psicanálise para o inconsciente e a gestalt 
para a percepção, a psicologia humanista buscou conhecer o ser humano em 
si, humanizando o aparelho psíquico e contrariando a visão do ser humano 
condicionado pelo mundo externo. Desejavam analisar as pessoas a partir de 
uma perspectiva mais positiva. Para eles, o ser humano tem total consciência 
do mundo e dos fenômenos à sua volta.
O objetivo da psicologia humanista é trabalhar o conteúdo consciente do 
ser humano, seus desejos e aspirações, investindo no livre arbítrio, na autor-
realização, na espontaneidade e no poder criativo.
Um dos cientistas que iniciou o movimento na psicologia humanista foi 
Abraham Maslow (1908-1970), norte-americano que acreditava na tendência 
natural de cada pessoa para chegar à autorrealização, que, para ele, era o nível 
mais alto da existência humana. Foi ele quem criou a famosa teoria das ne-
cessidades de realização, a pirâmide de Maslow. Para ele, o ser humano tem 
uma escala de necessidades a serem satisfeitas. Inicia-se sempre pelas mais 
básicas e, cada vez que satisfaz uma delas, outra necessidade se apresenta. No 
momento que ele tem todas as necessidades satisfeitas, chegou à realização.
PSICOLOGIA EM SAÚDE 33
Autorrealização
Estima
Amor e pertencimento (social)
Segurança
Fisiológica
Figura 4. Pirâmide de Maslow. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 11/09/2020.
Para Maslow, não fazia sentido uma pessoa sentir-se segura ou socialmente 
bem se não tivesse sua fome e sede saciada, sono tranquilo etc., e, conforme as 
necessidades mais básicas fossem satisfeitas, outras necessidades surgiriam, 
conforme a escala, até chegar à realização pessoal.
Outro psicólogo marcante na evolução da psicologia humanista, e talvez o 
mais famoso entre eles, foi Carl Rogers (1902-1987). Ele criou a chamada abor-
dagem centrada na pessoa e defendia a capacidade que cada ser humano tem 
de aprimorar seu potencial. Para ele, o ser humano tem uma capacidade na-
tural ao crescimento e busca do bem-estar, assim, alinhando sua teoria à de 
Maslow. Defendia também a ideia de autoconceito, na qual o ser humano tem 
a possibilidade de substituir ou reforçar suas características trazidas desde a 
infância. Essa capacidade de modificar conscientemente seus pensamentos e 
comportamentos define sua personalidade. No entanto, as críticas a essa teo-
ria assentam-se na premissa de que pessoas mais afetadas psicologicamente 
não teriam esse suporte emocional, estando essa hipótese mais aplicada a pes-
soas mais ajustadas.
Outro conceito importante para Rogers era a aproximação com o paciente,o que a difere da teoria psicanalítica, que defende um distanciamento mais 
pessoal entre analista e paciente. Para ele, esse apoio mais próximo não atra-
palha o paciente no seu processo de autodescoberta, mas sim o contrário. Por 
suas contribuições, Rogers foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz em 1987.
PSICOLOGIA EM SAÚDE 34
Torna-se também importante falar sobre a psicologia existencialista de Sar-
tre, que surgiu também no século XX, na França, após a Segunda Guerra Mun-
dial. A partir da filosofia do mesmo autor e outras influências psicológicas, bus-
cava qualificar a compreensão da humanidade em um período tão devastado. 
A psicologia existencialista define o ser humano como um ser livre e ba-
seia-se no projeto de futuro, trazendo a ideia de que “podemos fazer algo com 
o que fizeram de nós”. Valoriza o ser humano enquanto um ser histórico e, na 
medida que é afetado por sua historicidade, também tem a capacidade de alte-
rá-la, sendo o próprio ser humano responsável por sua história.
Vale também mencionar o psicodrama de Jacob Levy Moreno (1889-1974), 
psiquiatra que desenvolveu a técnica psicoterápica que tinha como objetivo 
promover, por meio da dramatização, o encontro do ser humano consigo mes-
mo, com suas estruturas e inter-relações.
O importante é compreender que a psicologia de base humanis-
ta, apesar de apresentar diferenças entre suas práticas, mantém a 
ideia de que o ser humano está em constante transfor-
mação, é livre e responsável pelas suas escolhas. Todas 
se contrapõem às abordagens comportamentais e psi-
canalíticas e aos critérios de dividir o ser humano entre 
mente e corpo.
PSICOLOGIA EM SAÚDE 35
Sintetizando
A importância de conhecer a história da psicologia é que se compreenda 
que ela é uma ciência que transcorreu por todas as fases da História, da 
Idade Antiga à Idade Contemporânea, evoluindo para a compreensão do 
ser humano. Os primórdios da psicologia estava atrelado à filosofia, mas, 
na revolução científica, ela consolidou-se como ciência e passou a ter como 
objeto a subjetividade humana.
No Brasil, a psicologia esteve muito tempo atrelada ao modelo clínico, de 
tratamento individual, ou na aprendizagem, com grande ênfase nos testes 
psicológicos. A partir da década de 1970, novos movimentos foram concreti-
zados, fomentando o surgimento da psicologia social, que tirava o indivíduo 
como foco do sofrimento e analisava todo p seu meio social e cultural.
As principais abordagens teóricas modernas são: o behaviorismo, a psi-
canálise, a gestalt e o humanismo.
O behaviorismo adotou como foco de estudo e prática o comportamen-
to. Defende a hipótese de que o ambiente é determinante na construção da 
personalidade. Iniciou-se a partir de experimentos em laboratório, obser-
vando o comportamento de animais e relacionando estímulos e respostas. 
Entretanto, avançou na forma de conceber a personalidade do ser humano 
e em suas práticas. Teorias de base comportamental passaram a estudar a 
condição cognitiva do ser humano – e surgiram, a partir da segunda meta-
de do século XX, algumas outras técnicas de base cognitiva.
A psicanálise, em contraponto ao behaviorismo e teorias da consciên-
cia, baseia-se na teoria do inconsciente, realizando o tratamento pela fala. 
Freud traz uma nova forma de intervir no sofrimento, com novas concep-
ções sobre neurose, sexualidade, infância e subjetividade.
A gestalt aproxima-se do behaviorismo por considerar o 
comportamento humano, mas diferencia-se por 
afirmar que, entre o ambiente que estimulou uma 
resposta dada pelo ser humano, há uma série 
de percepções e conexões desconsideradas por 
aquela teoria. Dessa forma, baseia seu estudo e 
prática em não desvincular o ser humano do todo. 
PSICOLOGIA EM SAÚDE 36
A forma como o ser humano percebe o todo é que trará sentido para a 
compreensão das partes.
As teorias de base humanista trazem a ideia de ter como o foco o próprio 
ser humano, seu potencial criativo e suas aspirações. Discordam das teorias 
que separam o ser humano em consciente, comportamento e inconsciente. 
Para todas essas teorias, o ser humano está em constante transformação.
PSICOLOGIA EM SAÚDE 37
Referências bibliográficas
UNIDADE 1
A CAIXA de Skinner. Postado por Espaço Psicológico. (06min. 26s.). son. color. 
port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=zUSgQK3f348>. Aces-
so em: 11 set. 2020.
AZEVEDO, T. História e origem da ciência da psicologia. Psicoativo, São João Del-
-Rey, jun. 2016. Disponível em: <https://psicoativo.com/2016/06/historia-e-ori-
gem-da-ciencia-da-psicologia.html>. Acesso em: 18 jun. 2020.
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao 
estudo de psicologia. 13. ed. refor. e ampl. São Paulo: Saraiva, 1999.
CAMBAÚVA, L. G.; SILVA, L. C.; FERREIRA, W. Reflexões sobre o estudo da história 
da psicologia. Estudos de Psicologia, Natal, v. 3, n. 2, p. 207-227, jul./dez. 1998. 
Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/epsic/v3n2/a03v03n2.pdf>. Acesso 
em: 11 set. 2020.
FREUD, S. Cinco lições de psicanálise. São Paulo: Cienbook, 2019.
GNIPPER, P. O que é ciência, método científico e divulgação científica. Canaltech, 
[s.l.], 19 nov. 2019. Disponível em: <https://canaltech.com.br/ciencia/o-que-e-cien-
cia-metodo-cientifico-e-divulgacao-cientifica-155693/>. Acesso em: 6 jul. 2020.
O QUE um psicólogo faz? Postado por Minutos Psíquicos. (03min. 37s). son. 
color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=FHQtsfahjMs>. 
Acesso em: 11 set. 2020.
SILVA, R. A. N. Resenha – História da psicologia: rumos e percursos. Psicologia & 
Sociedade, Recife, v. 19, n. 2, p. 131-132, mai./ago. 2007. Disponível em: <https://
www.scielo.br/pdf/psoc/v19n2/a17v19n2.pdf>. Acesso em: 11 set. 2020.
TORQUATO, L. C. História da psicanálise no Brasil: enlaces sobre o discurso freu-
diano e o projeto nacional. Revista de Teoria da História, Goiânia, ano 7, v. 14, n. 
2, p. 47-77, nov. 2015. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/teoria/article/
view/39248/19855>. Acesso em: 11 set. 2020.
VILELA, A. M. J. História da psicologia no Brasil: uma narrativa por meio de seu 
ensino. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 32, n. esp., p. 28-43, 2012. 
Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/pcp/v32nspe/v32speca04.pdf>. Aces-
so em: 11 set. 2020.
PSICOLOGIA EM SAÚDE 38
O PROCESSO DE 
DESENVOLVIMENTO 
HUMANO: DA 
CONCEPÇÃO AO FIM 
DA VIDA
2
UNIDADE
Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Trazer conceitos do desenvolvimento humano e influências no processo;
 Mostrar fundamentos e teorias do desenvolvimento humano;
 Compreender cada fase de desenvolvimento e suas principais características.
 Conceitos básicos do 
desenvolvimento humano
 Contexto do desenvolvimento 
humano
 Teorias do desenvolvimento
 Perspectiva psicanalítica
 Perspectiva da aprendizagem
 Perspectiva cognitiva
 Os ciclos de vida
PSICOLOGIA EM SAÚDE 40
Conceitos básicos do desenvolvimento humano
Os cientistas que estudam o processo de desenvolvimento humano bus-
cam observar as mudanças e transformações da concepção à morte, assim 
como as características que permanecem em cada grupo ou ciclo de vida.
Conforme o estudo do desenvolvimento humano se tornou um campo da 
ciência, os pesquisadores dividiram os estudos em descrição, explicação, pre-
visão e intervenção. Para descrever sobre a criança que começa a engatinhar, 
foi necessário observar um imenso número de crianças, observar seus movi-
mentos, os grupos e contexto culturais nas quais estavam inseridas pra expli-
car processos positivos, prejudiciais, influências culturais, nutrição, enfim, uma 
variedade de situações que intervém no ato de engatinhar.
Com este conhecimento, é possível intervir, prever possíveis problemas na 
fala e desenvolver métodos de reabilitação. Sendo assim, não dá para se pen-
sar em um estudo do desenvolvimento que não seja interdisciplinar, como a 
medicina, psicologia, nutrição, fonoaudiologia,etc. Para compreender melhor 
as explicações, existem alguns conceitos, como ciclo de vida, domínios do de-
senvolvimento, influências do desenvolvimento e período crítico.
Os ciclos de vida são uma organização cultural pois não há um momento 
preciso que uma criança se torna adolescente, algo muito particular de cada 
cultura e contexto de vida. As concepções sobre estes ciclos também são con-
figuradas por épocas. As crianças no início do século XX tornavam-se adultos 
quando casavam ou saiam de casa, não existindo adolescência. Segundo Xavier 
e Nunes, na página 39 do livro Psicologia do desenvolvimento, de 2015, o povo 
Ojibwa ou Chippewa, originário da região que hoje é o norte dos 
Estados Unidos e o sul do Canadá, considera a infância como 
o período até a criança andar. Dali em diante, é 
puberdade até que envelheça.
No entanto, os cientistas distinguiram os 
ciclos de vida, sugerindo que certas neces-
sidades devem ser satisfeitas para que 
ocorra um desenvolvimento normal. Bebês 
precisam dos pais para se alimentar, receber 
cuidados, abrigo e afeto, enquanto idosos apre-
PSICOLOGIA EM SAÚDE 41
sentam limitações em algumas atividades e ficam mais expostos a doenças, sendo 
a imunização imprescindível em ambos os casos.
Os domínios do desenvolvimento são aspectos a serem observados, como 
o desenvolvimento físico, o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento 
psicossocial. Desenvolvimento físico refere-se às mudanças corporais, habili-
dades motoras e saúde, desenvolvimento cognitivo à aprendizagem memória, 
pensamento e raciocínio, e o desenvolvimento psicossocial às relações inter-
pessoais, personalidade e emoções.
Sobre as influências no desenvolvimento, os aspectos estão presentes em 
cada domínio do desenvolvimento, como a hereditariedade e o meio ambiente. 
A discussão sobre quais das influências causam mais impacto na vida do indiví-
duo traz grandes debates, pois as características herdadas, os fatores externos 
e as experiências deste ser humano afetam o desenvolvimento. As pessoas 
apresentam altura, peso, gêneros diferentes, bem como temperamento e inte-
ligência diferentes. São variadas também as formas de viver: em lares, comuni-
dades, escolas e trabalho. Por isso, se consideram como a hereditariedade e o 
ambiente interagem nos estudos atuais.
Período crítico é outro conceito muito importante no desenvolvimento. Papa-
lia e Feldman, na página 48 do livro Desenvolvimento humano, de 2013, apresentam 
a teoria de Konrad Lorenz, na qual há um período, com um intervalo de tempo 
específico, no qual a pessoa (no caso do desenvolvimento humano) desenvolve 
uma habilidade com mais facilidade e aprende um mecanismo de defesa ou so-
brevivência, ou seja, é uma fase ou momento mais propício de desenvolver de-
terminado comportamento ou aprendizagem, em que a presença ou a ausência 
deste período de maturação causa um impacto sobre o desenvolvimento.
Lorenz conduziu um estudo bem conhecido no qual ele fez com que os pa-
tinhos recém chocados o seguissem, como fariam com a mãe. Eles instintiva-
mente seguiram o primeiro objeto em movimento que eles viram, ainda que 
não fosse da sua espécie. Esse fenômeno foi designado como imprinting, 
uma predisposição à aprendizagem; a prontidão do sistema nervoso para re-
ceber informações num período crítico (ou período sensível, como também 
é chamado). Por isso, tem se dado grande importância para o parto humani-
zado e o toque e colo da mãe após o nascimento, fortalecendo o vínculo e o 
apego entre mãe e filho.
PSICOLOGIA EM SAÚDE 42
ASSISTA
Para entender melhor o processo de imprinting, o vídeo 
Tom and Jerry. Imprinting Duck mostra de uma forma lú-
dica como se processa o imprinting conforme Lorenz, e o 
segundo, Imprinting do potro Incrivel do RSM, o imprinting 
em potros, para que cresça um cavalo dócil e domável. 
No caso do cavalo, o período crítico para domá-lo é o 
momento mostrado no vídeo.
Contexto do desenvolvimento humano
O profissional de saúde deve 
considerar o contexto do desenvol-
vimento, histórico e social antes de 
qualquer intervenção. Vivendo num 
momento cultural e histórico em que 
a internet está acessível a quase to-
dos e a tecnologia é muito presente, 
crianças e adolescentes crescem de 
uma forma muito diferente do que o 
mesmo grupo há 10 anos. Idosos e 
alguns adultos tiveram que se adap-
tar (sem muita escolha) ao avanço da 
tecnologia.
Visita-se menos os avós, pois há 
as redes sociais, surgem amizades e 
casamentos virtuais, mudou-se a forma de usar o dinheiro e de se comu-
nicar com as pessoas. Ainda que essa seja uma realidade nos grandes e 
médios centros urbanos, cidades mais interioranas ou bairros com maior 
vulnerabilidade podem não apresentar muitas dessas condições e acabam 
por oferecer menos oportunidades às crianças e jovens.
A vida dessas pessoas é compreendida e enxergada no espaço em que 
vivem. Um profissional de saúde que tenha uma casa com chuveiro, ba-
nheiro, água encanada, acesso à alimentação adequada, seu próprio espa-
ço para dormir e fácil acesso a produtos de higiene não pode cobrar de uma 
PSICOLOGIA EM SAÚDE 43
família que eles tenham o mesmo padrão de cuidado em saúde quando a 
casa tem apenas dois cômodos, um número grande de moradores no mes-
mo espaço e não há água encanada nem banheiro. Há o ideal e o real, e os 
profissionais de saúde precisam saber lidar com as dificuldades reais das 
pessoas e da comunidade onde estão inseridos.
Situações que privam um bom desenvolvimento físico, como difícil aces-
so à alimentação adequada, difícil acesso à saúde e educação de qualidade, 
faz com que essas pessoas estejam mais propensas a um prejuízo na sua 
condição emocional e cognitiva. Por este motivo, não se separa a área da 
saúde das demais áreas ligadas ao contexto social, como educação, assis-
tência social, e demais espaços de políticas públicas. Sobre os contextos do 
desenvolvimento, se considera a cultura de cada grupo social interferindo 
e contribuindo de formas diferentes no desenvolvimento, como suas tradi-
ções, suas leis, seus valores, suas características e ancestralidade. 
Teorias do desenvolvimento
O estudo do desenvolvimento perpassa por diversos olhares e perspec-
tivas, dependendo da orientação teórica do pesquisador. As teorias tam-
bém se divergem por se ater a focos diferenciados de estudo, 
seja no desenvolvimento cognitivo, no desenvolvimento afe-
tivo, moral ou social. Aqui são apresentadas as três 
principais teorias, que tiveram maior influência em 
vários estudos e desenvolvimento de métodos de 
intervenção. São elas: a perspectiva psicanalítica, 
da aprendizagem e a cognitiva.
Perspectiva psicanalítica
Na perspectiva psicanalítica de Freud, o desenvolvimento acontece por forças 
inconscientes. A personalidade sofre influência de três instâncias psíquicas: o id, 
o ego e o superego. O id é governado pelo princípio do prazer (os impulsos), o 
ego representa a razão e o superego incorpora os valores desenvolvidos pelo seu 
contexto cultural.
PSICOLOGIA EM SAÚDE 44
Figura 1. Ilustração do conceito de Freud. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/10/2020.
O bebê é governado pelo id, pois seu comportamento surge de impulsos 
para sobrevivência e prazer (por exemplo, chorar porque está com dor ou ga-
nhar colo). O ego (racional) vem a se desenvolver por volta do primeiro ano de 
idade, procurando alternativas mais realistas para suas necessidades que não 
forem suprimidas. O superego, que é a consciência de seus valores, surge por 
volta dos cinco ou seis anos.
Para Freud, a personalidade surge de conflitos que ocorreram em fases de 
desenvolvimento psicossexual, e que definem o modo de viver da pessoa adul-
ta, dependendo de como estes conflitos foram resolvidos. Quando se fala em 
desenvolvimento psicossexual, não está se falando da sexualidade vivida na 
vida adulta, da condição genital, mas sim da ênfase no prazer e nos aspectos 
de fantasiae desejo (não eróticos). As cinco fases são:
1. Fase oral: o prazer está concentrado na região bucal, pois a boca é que 
supre seus instintos básicos, como a alimentação, a chupeta, o seio materno, 
ou seja, a gratificação é pela boca. Essa fase é considerada importante na per-
sonalidade, pois é o que constitui a imagem que a pessoa tem sobre si;
Consciente
EGO
ID
SUPEREGO
Inconsciente
PSICOLOGIA EM SAÚDE 45
Figura 2. Um dos exemplos da fase oral, a amamentação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/10/2020.
2. Fase anal: é a fase em que a criança está aprendendo a controlar seus es-
fíncteres, portanto, o impulso libidinal se dirige para a região anal. A excreção, 
que ela pode reter ou expelir, é a forma representativa de controle em relação 
ao outro e muitas cobranças e exigências nesta fase podem interferir nas vi-
vências futuras de prazer e desprazer;
3. Fase fálica: é quando a criança começa a descobrir seu corpo e começa 
a manipulação dos seus órgãos genitais como descoberta. Marcada pelo Com-
plexo de Édipo;
4. Fase de latência: período em que os impulsos não tem ação, sendo um 
momento de sublimação, quando variadas atividades como esporte e brinca-
deiras, maior desenvolvimento intelectual;
5. Fase genital: a partir da puberdade, com o desenvolvimento hormonal, 
há o retorno do interesse sexual, agora com outro enfoque, pois o interesse 
maior do prazer está voltado para fora da família, para os amigos. É o momento 
da descoberta da sexualidade, prazer de sair com os amigos.
A teoria psicossocial de Erikson, um psicanalista alemão, também é um im-
portante referencial para a teoria do desenvolvimento. Para ele, o desenvolvimen-
to do ego é um processo contínuo, enquanto Freud restringiu o desenvolvimento 
da personalidade à infância. Para Erikson, o desenvolvimento ocorre em oito es-
tágios ao longo do ciclo de vida. Em cada um deles, há uma crise na personalidade 
que, se superada de forma satisfatória, o ego mantém-se saudável. Erikson tam-
bém valorizou a influência social e cultural no desenvolvimento. As fases são:
PSICOLOGIA EM SAÚDE 46
1. Confiança básica versus desconfiança básica: relacionada à relação mãe e 
bebê nos dois primeiros anos de vida. Dependendo da relação materna com o bebê, 
gera o sentimento de confiança ou desconfiança;
2. Autonomia versus vergonha e dúvida: também relacionada com a relação 
com os pais, é a fase em que sua autonomia começa a se desenvolver, buscando um 
equilíbrio entre aceitar o cuidado do outros e experimentar sua vontade. A vergo-
nha se instala no processo negativo, quando é punição dada pelos pais;
3. Iniciativa versus culpa: nesta fase a criança tem entre três e seis anos e apre-
senta o medo do fracasso e da punição. Tem mais autonomia, destreza e imagina-
ção para realizar suas atividades. Seu conflito está em querer ser como os adultos, 
mas sofre a tensão das expectativas que eles depositam sobre ela;
4. Diligência versus inferioridade: período que a criança inicia sua atividade 
escolar e passa a experimentar tarefas mais complexas. A crise pode surgir quando 
ela não consegue dar conta dos novos desafios;
5. Identidade versus confusão: esta fase já abrange toda a adolescência. A crise 
está na busca pela sua identidade pessoal e o seu papel no mundo. É um período de 
muitas vivências e experimentações que, quando não for bem sucedida, passa a ter 
dificuldade de saber quem é e de fazer escolhas;
6. Intimidade versus isolamento: dos 18 anos até por volta de 30 anos, o jovem 
passa pela fase de construir relações afetivas, no amor e na amizade. A crise está na 
dificuldade que pode enfrentar de estabelecer vínculos e se isolar;
7. Generatividade versus estagnação: período dos 30 aos 60 anos, a pes-
soa passa a vivenciar uma fase mais criativa e produtiva, com propósitos pes-
soais. A crise está na dificuldade de estar focado em preocupações e aquisição 
de bens materiais;
8. Integridade versus desespero: última fase da vida quando, a partir dos 
60 anos, a pessoa passa a fazer um resgate de suas vivências. Dependendo 
da avaliação que ela faz de suas experiências, passa ter a sensação de solidão 
e tempo perdido.
Perspectiva da aprendizagem
A perspectiva da aprendizagem e os estudos do comportamento acreditam 
no desenvolvimento como algo contínuo. Para os teóricos desta linha, o desen-
PSICOLOGIA EM SAÚDE 47
volvimento é resultante da aprendizagem baseada na experiência e adaptação ao 
ambiente. As duas teorias que embasam esta perspectiva são o behaviorismo e a 
teoria da aprendizagem social.
O behaviorismo é a teoria que descreve o comportamento observado, que 
gera uma resposta já previsível (estímulo/resposta). Eles consideram fortemente a 
influência do ambiente no desenvolvimento da pessoa, ou seja, a resposta (com-
portamento) é sempre uma reação ao estímulo ambiente. Por exemplo: sinto chei-
ro de comida e salivo, levo um susto e meu coração dispara. O condicionamento 
clássico e o condicionamento operante são processos que explicam a aprendiza-
gem: associação de estímulos a fim de gerar um comportamento; o reforço, que 
tende a manter determinado comportamento; e a punição, que extingue alguns 
comportamentos.
Já a teoria da aprendizagem social de Albert Bandura diverge dos behavio-
ristas, que consideram que o desenvolvimento é resultado da ação do ambiente 
sobre a pessoa. Para ele, o desenvolvimento é bidirecional: o ambiente age sobre 
a pessoa e vice-versa. A aprendizagem social acontece por modelação, isto é, a 
criança imita o comportamento que observa nos outros nas suas referências. É 
através da imitação que a criança desenvolve sua linguagem, reage a uma agres-
são e desenvolve valores. Uma visão mais atual sobre este tipo de aprendizagem 
é a teoria social cognitiva, considerando os pensamentos e demais processos cog-
nitivos essenciais para o desenvolvimento.
Perspectiva cognitiva
A perspectiva cognitiva desenvolveu seus trabalhos de pesquisa voltados para 
os processos de pensamento. Estão entre as teorias mais famosas do desenvolvi-
mento os estudos de Jean Piaget e Vigotski, que trouxeram grandes contribuições 
para a psicologia e pedagogia, apresentando como as crianças pensam.
Piaget era biólogo e filósofo. Para ele, as crianças têm uma capacidade inata 
de adaptação ao ambiente. Defendeu que o desenvolvimento cognitivo não está 
separado do desenvolvimento biológico. Quando curiosa, a criança explora o am-
biente e os objetos que a cercam e vai criando sua forma de se apropriar deste 
espaço. Para desenvolver competência com os objetos e o espaço, Piaget refere 
que a criança o faz em três processos bem importantes para seu desenvolvimento 
PSICOLOGIA EM SAÚDE 48
intelectual: a assimilação, a adaptação e a equilibração. Esta combinação de com-
petências ocorre conforme o Diagrama 1.
DIAGRAMA 1. TEORIA DA EQUILIBRAÇÃO DE JEAN PIAGET
A assimilação é o processo em que a criança começa a explorar um novo 
objeto, absorve a nova informação e incorpora à sua estrutura cognitiva, mani-
pulando e testando formas de uso. Na acomodação, ela já tem uma habilidade 
e familiaridade em relação ao objeto e ajusta as estruturas já existentes, en-
caixando a nova informação. Ela vai criando habilidades com o novo objeto, já 
incorporado em seu esquema cognitivo. Da adaptação, ela segue para a equili-
bração, tendo plena facilidade ao já estar incorporada à informação.
Um exemplo disso se dá quando um bebê, que até então só usava a mama-
deira, se depara com um novo objeto – um copo. Na assimilação, ele começa a 
explorar, percebe que as outras pessoas o colocam na boca, brinca colocando na 
boca e faz que está tomando água, imitando um adulto. Outro dia, a mãe dá um 
pouco de água no copo na sua boca e ele deixa cair. Na acomodação, ele pegar 
o copo sozinho, inclina demais como se fosse a mamadeira (que ele já conhece), 
mas a água cai porque ele virou demais. Aos poucos, ele percebe que não pode 
inclinar tanto e vai

Continue navegando