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CADERNO DE LEI SECA SEMANA 14 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 Sumário SEGUNDA-FEIRA...............................................................................................................................................4 Leitura do Código Penal – Artigos 289 a 311-A............................................................................................4 TERÇA-FEIRA...................................................................................................................................................16 Leitura da Constituição Federal – Artigos ao 127 a 135.............................................................................16 QUARTA-FEIRA...............................................................................................................................................28 Leitura da Constituição Federa– Artigos ao 136 a 141..............................................................................28 Leitura da Lei de Tortura...........................................................................................................................34 QUINTA-FEIRA................................................................................................................................................51 Leitura do Código de Processo Civil – Artigos 1 ao 41...............................................................................51 SEXTA-FEIRA...................................................................................................................................................71 Leitura do Código de Processo Civil – Artigos 42 ao 69.............................................................................71 Leitura do Código de Processo Civil – Artigos 188 ao 211.........................................................................86 TÍTULO X DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA CAPÍTULO I DA MOEDA FALSA CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 SEGUNDA-FEIRA Leitura do Código Penal – Artigos 289 a 311-A Moeda Falsa Art. 289. Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro : Pena - RECLUSÃO, de 3 (três) a 12 (doze) anos , e multa. § 1º. Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. Forma privilegiada § 2º. Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. § 3º. É punido com RECLUSÃO, de 3 (três) a 15 (quinze) anos , e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. § 4º. Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. • Súmula nº 73, STJ. A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.↳ Para a configuração do crime de moeda falsa, previsto no art. 289, caput e § 1º, do CP, é necessário que se evidencie a chamada imitatio veri, ou seja, é preciso que a falsidade seja apta a enganar terceiros, dada a semelhança da cédula falsa com a verdadeira. Se ficar constatada pela perícia que a falsificação das cédulas contrafeitas poderia iludir o homem comum, como de fato ocorreu, verifica-se, em princípio, a configuração do referido crime, cuja competência é da Justiça Federal (CC 117.751/PR, j. em 28/03/2012). CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula 73-STJSTJ. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9a96a2c73c0d477ff2a6da3bf538f4f4 >. Acesso em: 25/01/2023 4 CAPÍTULO II DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 Crimes assimilados ao de moeda falsa Art. 290. Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: Pena - RECLUSÃO, de 2 (dois) a 8 (oito) anos , e multa. Parágrafo único. O máximo da RECLUSÃO é elevado a 12 (doze) anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo. Petrechos para falsificação de moeda Art. 291. Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: Pena - RECLUSÃO, de 2 (dois) a 6 (seis) anos , e multa. Emissão de título ao portador sem permissão legal Art. 292. Emitir, sem permissão legal , nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses , OU multa. Parágrafo único. Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses , OU multa. Falsificação de papéis públicos Art. 293. Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo destinado a controle tributário , papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; (Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004) II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; III - vale postal; 5 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público; V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável; VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município: Pena - RECLUSÃO, de 2 (dois) a 8 (oito) anos , e multa. § 1º. Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004) I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributário; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) § 2º. Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: Pena - RECLUSÃO, de 1 (um) a 4 (quatro) anos , e multa. § 3º. Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. § 4º. Quem usa ourestitui à circulação, embora recebido de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos , OU multa. § 5º. Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) Petrechos de falsificação 6 CAPÍTULO III DA FALSIDADE DOCUMENTAL CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 Art. 294. Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior: Pena - RECLUSÃO, de 1 (um) a 3 (três) anos , e multa. Art. 295. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta- se a pena de 1/6 (sexta parte). Falsificação do selo ou sinal público Art. 296. Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município; II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: Pena - RECLUSÃO, de 2 (dois) a 6 (seis) anos , e multa. § 1º. Incorre nas mesmas penas : I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio . III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 2º. Se o agente é funcionário público , e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de 1/6 (sexta parte). Falsificação de documento público Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - RECLUSÃO, de 2 (dois) a 6 (seis) anos , e multa. § 1º. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de 1/6 (sexta parte). 7 • Súmula nº 17, STJ. Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.↳ Essa súmula baseia-se no princípio da consunção e exige, para ser aplicada, que o crime de falsidade (crime meio) fique completamente exaurido (sem potencialidade lesiva), após ter sido empregado para a prática do estelionato (delito-fim). Exemplo típico da súmula: João falsifica um cheque e saca o dinheiro da conta; esse falso se esgotou (não poderá mais ser usado para nada) e o agente responderá apenas pelo crime-fim (estelionato) Equipara-se a documento público (p/ efeitos penais): Emanado de entidade paraestatal; Título ao portador ou transmissível por endosso; Ações de sociedade comercial; Livros mercantis; e Testamento particular. CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 § 2º. Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. § 3º. Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 4º. Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula 17-STJ. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/53a1320cb5d2f56130ad5222f93da37 4>. 8 A falsidade ideológica é crime formal e instantâneo, cujos efeitos podem se protrair no tempo. A despeito dos efeitos que possam, ou não, gerar, a falsidade ideológica se consuma no momento em que é praticada a conduta. Diante desse contexto, o termo inicial da contagem do prazo da prescrição da pretensão punitiva é o momento da consumação do delito (e não o da eventual reiteração de seus efeitos). [...] STJ. 3ª Seção. RvCr 5233-DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/05/2020 (Info 672). Documento público RECLUSÃO, de 1 a 5 anos + multa Documento particular RECLUSÃO, de 1 a 3 anos + multa. CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 Acesso em: 25/01/2023 Falsificação de documento particular (Redação dada pela Lei nº 12.737, de 2012) Art. 298. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: Pena - RECLUSÃO, de 1 (um) a 5 (cinco) anos , e multa. Falsificação de cartão (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Falsidade ideológica Art. 299. OMITIR, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante : Pena - RECLUSÃO, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é público, e RECLUSÃO, de 1 (um) a 3 (três) anos , e multa, se o documento é particular. Parágrafo único. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de 1/6 (sexta parte). 9 Não é típica a conduta de inserir, em currículo Lattes, dado que não condiz com a realidade. Isso não configura falsidade ideológica (art. 299 do CP) porque: 1) currículo Lattes não é considerado documento por ser eletrônico e não ter assinatura digital; 2) currículo Lattes é passível de averiguação e, portanto, não é objeto material de falsidade ideológica. Quando o documento é passível de averiguação, o STJ entende que não há crime de falsidade ideológica mesmo que o agente tenha nele inserido informações falsas. STJ. 6ª Turma. RHC 81451-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 22/8/2017 (Info 610). Documento público RECLUSÃO, de 1 a 5 anos + multa Documento particular RECLUSÃO, de 1 a 3 anos + CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Na falsidade ideológica, o termo inicial da contagem do prazo da prescrição da pretensão punitiva é o momento da consumação do delito (e não o momento da eventual reiteração de seus efeitos). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/54eea69746513c0b90bbe6227b6f46 c3>. Acesso em: 25/01/2023 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Inserir informação falsa em currículo Lattes não configura crime de falsidade ideológica. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/fd4d801731725513a4d77aa9bb35534b>. Acesso em: 25/01/2023 Falso reconhecimento de firma ou letra Art. 300. Reconhecer, como verdadeira , no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja: Pena - RECLUSÃO, de 1 (um) a 5 (cinco) anos , e multa, se o documento é público; e de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o documento é particular. ⚠ Atenção! Caso o falso reconhecimento seja feito por perito através de exame grafotécnico (dolosamente)𝖾 art. 342, CP (falsa perícia). Certidão ou atestado ideologicamente falso 10 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 Art. 301. ATESTAR ou CERTIFICAR falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano. Falsidade material de atestado ou certidão § 1º. FALSIFICAR, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. § 2º. Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa. Falsidade de atestado médico Art. 302. Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano. Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica Art. 303. Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, SALVO quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça: Pena - detenção, de 1 a 3 anos, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. ⚠ O art. 303 foi tacitamente revogado pelo art. 39 da Lei nº 6.538/78 (continuidade típico-normativa). Lei nº 6.538/78. REPRODUÇÃO E ADULTERAÇÃO DE PEÇA FILATÉLICA Art. 39. Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica de valor para coleção, SALVO quando a reprodução ou a alteração estiver visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça: Pena: detenção, até 2 (dois) anos, e pagamento de três a dez dias-multa. FORMA ASSIMILADA Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas, quem, para fins de comércio, faz uso de selo ou peça filatélica de valor para coleção, ilegalmente reproduzidos ou alterados. Uso de documento falso 11 𝖾 Súmulas relacionadas à competência p/ processo e julgamento do crime de uso de documento falso: • Súmula nº 104, STJ. Compete a Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino. • Súmula nº 200, STJ. O juízo federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou. • Súmula nº 546, STJ. A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor. • Súmula Vinculante nº 36. Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil . CAPÍTULO IV DE OUTRAS FALSIDADES Documento público RECLUSÃO, de 2 a 6 anos + multa Documento particular RECLUSÃO, de 1 a 5 anos + multa. CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 Art. 304. Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. Supressão de documento Art. 305. Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor: Pena - RECLUSÃO, de 2 (dois) a 6 (seis) anos , e multa, se o documento é público, e RECLUSÃO, de 1 (um) a 5 (cinco) anos , e multa, se o documento é particular. Falsificação do sinal empregado no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou para outros fins 12 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 Art. 306. Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder público no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem: Pena - RECLUSÃO, de 2 (dois) a 6 (seis) anos , e multa. Parágrafo único. Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cumprimento de formalidade legal: Pena - RECLUSÃO ou detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos , e multa. Falsa identidade Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio , ou para causar dano a outrem : Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano , OU multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. • Súmula nº 522, STJ. A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa . Art. 308. Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro: Pena - detenção, de 4 (quatro) meses a 2 (dois) anos , e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. Fraude de lei sobre estrangeiro Art. 309. Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos , e multa. Parágrafo único. Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional: (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) Pena - RECLUSÃO, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) Art. 310. Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é VEDADA por lei a propriedade ou a posse de tais bens: 13 CAPÍTULO V DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Adulteração de sinal identificador de veículo automotor (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Art. 311. Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Pena - RECLUSÃO, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 1º. Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é AUMENTADA de 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) § 2º. Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Fraudes em certames de interesse público (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Art. 311-A.Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Pena - RECLUSÃO, de 1 (um) a 4 (quatro) anos , e multa. 14 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) § 1º. Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) § 2º. Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Pena - RECLUSÃO, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) § 3º. AUMENTA-SE a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) 15 CAPÍTULO IV DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA Seção I Do Ministério Público dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Defesa do regime democrático; da ordem jurídica; Independência funcional. Indivisibilidade; Princípios institucionais do MP Unidade; CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 TERÇA-FEIRA Leitura da Constituição Federal – Artigos ao 127 a 135 (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais INDISPONÍVEIS. § 1º. São princípios institucionais do Ministério Público a unidade , a indivisibilidade e a independência funcional . § 2º. Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa , podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 3º. O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias. 16 Ministério Público do DFT. Ministério Público dos Estados. Ministério Público Militar; Ministério Público da União Ministério Público do Trabalho; Ministério Público Federal; CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 § 4º. Se o Ministério Público NÃO encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na Lei de Diretrizes Orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 5º. Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 6º. Durante a execução orçamentária do exercício, NÃO poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias, EXCETO se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 128. O Ministério Público abrange: I - o Ministério Público da União, que compreende: a) o Ministério Público Federal; b) o Ministério Público do Trabalho; c) o Ministério Público Militar; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; II - os Ministérios Públicos dos Estados. § 1º. O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de 35 (trinta e cinco) anos, após a aprovação de seu nome pela MAIORIA ABSOLUTA dos membros do Senado Federal, para mandato de 2 (dois) anos , permitida a recondução. 17 M IN IS TÉ RI O P Ú BL IC O 𝖾 Chefe do Ministério Público da União: Procurador-Geral da República.↳ Nomeado pelo Presidente da República. - Requisitos: • Ser integrante da carreira; • Ter + de 35 anos; • Aprovação do seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal. - Mandato de 2 anos, permitida a recondução.↳ A destituição do PGR – por iniciativa do Presidente da República – deverá ser precedida de autorização da maioria ABSOLUTA do Senado Federal. É inconstitucional norma que sujeita a escolha do Chefe do Ministério Público estadual à aprovação das Assembleias Legislativas. STF. Plenário. ADI 6608, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/06/2021. CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 § 2º. A DESTITUIÇÃO do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente da República , deverá ser PRECEDIDA DE AUTORIZAÇÃO da maioria ABSOLUTA do SENADO FEDERAL. § 3º. Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo , para mandato de 2 (dois) anos , permitida 1 (UMA) recondução . • O chefe do MP dos Estados é nomeado pelo Governador; • O chefe do MPU e MPDFT é nomeado pelo Presidente. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É inconstitucional norma que sujeita a escolha do Chefe do Ministério Público estadual à aprovação das Assembleias Legislativas. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9dfcf16f0adbc5e2a55ef02db36bac7f >. Acesso em: 20/12/2022 Procurador-Geral da República (PGR) Procuradores Gerais de Justiça (PGJ dos Estados) Procuradores Gerais de Justiça (PGJ do DF e Territórios) Art. 128, CF. [...] Art. 128, CF. [...] Art. 128, CF. [...] § 1º. O Ministério Público da § 3º. Os Ministérios Públicos § 3º. Os Ministérios União tem por chefe o dos Estados e o do Distrito Públicos dos Estados e o do Procurador-Geral da Federal e Territórios Distrito Federal e República, nomeado pelo formarão lista tríplice dentre Territórios formarão lista Presidente da República integrantes da carreira, na tríplice dentre integrantes da dentre integrantes da forma da lei respectiva, para carreira, na forma da lei 18 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 carreira, maiores de trinta e escolha de seu Procurador- respectiva, para escolha de cinco anos, após a aprovação Geral, que será nomeado seu Procurador-Geral, que de seu nome pela maioria pelo Chefe do Poder será nomeado pelo Chefe do absoluta dos membros do Executivo, para mandato de Poder Executivo, para Senado Federal, para dois anos, permitida uma mandato de dois anos, mandato de dois anos, recondução. permitida uma recondução. permitida a recondução. Sem previsão expressa de Com lista tríplice (formada Com lista tríplice (formada lista tríplice. pelo próprio MP). pelo próprio MP). * Apesar de não haver previsão expressa, tem sido uma tradição desde 2001 utilizar a lista tríplice elaborada pela ANPR. Com sabatina. Sem sabatina. Sem sabatina. Após aprovação de seu nome Sem aprovação do Poder Sem aprovação do Poder pela maioria absoluta dos membros do SenadoFederal. Legislativo. ⚠ É inconstitucional norma Legislativo. ⚠ É inconstitucional norma que sujeita a escolha do que sujeita a escolha do Chefe do Ministério Público Chefe do Ministério Público estadual à aprovação das estadual à aprovação das Assembleias Legislativas. Assembleias Legislativas. STF. Plenário. ADI 6608, Rel. STF. Plenário. ADI 6608, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/06/2021. em 14/06/2021. Nomeação pelo Presidente da República. Nomeação pelo Chefe Poder Executivo (Governador). do Nomeação pelo Presidente da República (sim, Presidente da República; ver: art. 156, caput, da LC 75/93). Mandato de 2 anos. Mandato de 2 anos. Mandato de 2 anos. Permitida a recondução (sem Permitida apenas uma Permitida apenas uma qualquer limite). única recondução, precedida única recondução, precedida Obs. “Para cada nova de nova lista tríplice. de nova lista tríplice. recondução o procedimento e os requisitos deverão ser observados, já que a recondução é uma nova 19 Art. 95, parágrafo único, CF. Aos juízes é VEDADO: CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 nomeação” (LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado..., 2021). CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É inconstitucional norma que sujeita a escolha do Chefe do Ministério Público estadual à aprovação das Assembleias Legislativas. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9dfcf16f0adbc5e2a55ef02db36bac7f >. Acesso em: 20/12/2022 § 4º. Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser DESTITUÍDOS por deliberação da MAIORIA ABSOLUTA do Poder LEGISLATIVO, na forma da lei complementar respectiva. § 5º. Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros: I - as seguintes garantias: a) vitaliciedade, após 2 (dois) anos de exercício, NÃO podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado; b) inamovibilidade, SALVO por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da MAIORIA ABSOLUTA de seus membros, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) II - as seguintes VEDAÇÕES: a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; b) exercer a advocacia; c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; d) exercer, ainda que em disponibilidade , qualquer outra função pública, SALVO UMA DE MAGISTÉRIO; e) exercer atividade político-partidária; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 6º. Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no art. 95, parágrafo único, V. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 20 • Súmula nº 140, STJ. Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima. V - exercer a advocacia no juízo ou Tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 3 (três) anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 Art. 129. São FUNÇÕES INSTITUCIONAIS do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia ; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a PROTEÇÃO do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; • Súmula nº 601, STJ. O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviço público. IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações INDÍGENAS; VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade , sendo-lhe VEDADA a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. § 1º. A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo NÃO impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei. § 2º. As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, SALVO autorização do chefe da instituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 3º. O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, 3 (três) anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 21 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 § 4º. Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 5º. A distribuição de processos no Ministério Público será imediata. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta seção pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura. O TCU ostenta a condição de órgão independente na estrutura do Estado brasileiro, cujas funções estão elencadas nos incisos do art. 71 da CF/88. Seus membros possuem as mesmas prerrogativas que as asseguradas aos magistrados (art. 73, § 3º da CF/88), tendo suas decisões a natureza jurídica de atos administrativos passíveis de controle jurisdicional. Trata-se de um tribunal de índole técnica e política, criado para fiscalizar o correto emprego dos recursos públicos. Os Tribunais de Contas realizam controle de legitimidade, economicidade e de eficiência, verificando se os atos praticados pelos entes controlados estão de acordo com a moralidade, eficiência, proporcionalidade. No atual contexto juspolítico brasileiro, o Tribunal de Contas possui competência para aferir se o administrador atuou de forma prudente, moralmente aceitável e de acordo com o que a sociedade dele espera. O TCU representa um dos principais instrumentos republicanos destinados à concretização da democracia e dos direitos fundamentais, na medida em que o controle do emprego de recursos públicos propicia, em larga escala, justiça e igualdade. STF. 1ª Turma.MS 33340/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 26/5/2015 (Info 787). CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Natureza do TCU. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c9f0f895fb98ab9159f51fd0297e236d >. Acesso em: 21/12/2022 Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de 14 (quatorze) membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela MAIORIA ABSOLUTA do SENADO FEDERAL, para um mandato de 2 (dois) anos , admitida 1 (uma) recondução, sendo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I - o Procurador-Geral da República, que o preside; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - 4 (quatro) membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada uma de suas carreiras; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) III - 3 (três) membros do Ministério Público dos Estados; 22 𝖾 Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP): • Composto por 14 membros. • Nomeados pelo Presidente da República.↳ Depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. • Mandato de 2 anos, admitida UMA recondução. CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IV - 2 (dois) juízes, indicados 1 (um) pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V - 2 (dois) advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI - 2 (dois) cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados 1 (um) pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) CNMP (14 membros) • PGR (que o preside) • 4 membros do MPU 1: MPF 1: MPT 1: MPM 1: MPDFT • 3 membros do MPE • 2 juízes - Indicados: 1: STF 1: STJ • 2 advogados Indicados pelo Conselho Federal da OAB • 2 cidadãos↳ Notável saber jurídico.↳ Reputação ilibada - Indicados: 1: Câmara dos Deputados 1: Senado Federal § 1º. Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público serão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 2º. Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo lhe: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I - zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; 23 Art. 84, CF. Compete privativamente ao Presidente da República: [...] XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias; CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção ou a disponibilidade e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa ; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) IV - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados julgados há menos de 1 (um) ano ; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 3º. O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor nacional , dentre os membros do Ministério Público que o integram, VEDADA a recondução, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I - receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos membros do Ministério Público e dos seus serviços auxiliares; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) III - requisitar e designar membros do Ministério Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do Ministério Público. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 4º. O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 5º. Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Ministério Público, competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério Público, 24 Seção II Da Advocacia Pública CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 inclusive contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional do Ministério Público. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Art. 131. A ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente , cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. § 1º. A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União , de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de 35 (trinta e cinco) anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada . § 2º. O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo far-se-á mediante concurso público de provas e títulos. § 3º. Na execução da dívida ativa de natureza tributária , a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional , observado o disposto em lei. ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO (AGU)𝖾 É a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento: • as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.𝖾 Chefe da AGU: Advogado-Geral da União.↳ De livre nomeação pelo Presidente da República;↳ Dentre cidadãos maiores de 35 anos;↳ De notável saber jurídico e reputação ilibada.𝖾 Ingresso na carreira: através de concurso público de provas e títulos.𝖾 Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados 25 Seção III Da Advocacia Seção IV Da Defensoria Pública Art.5º, CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; • Súmula nº 421, STJ. Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença. CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada estabilidade após 3 (três) anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão , nos limites da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) Art. 134. A DEFENSORIA PÚBLICA é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita , aos necessitados , na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) § 1º. Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, 26 Art. 99, § 2º, CF. O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete: I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais; II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais. Princípios institucionais da Defensoria Pública Unidade; Indivisibilidade; Independência funcional. CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e VEDADO o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. (Renumerado do parágrafo único pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 2º. Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 3º. Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 74, de 2013) § 4º. São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade , a indivisibilidade e a independência funcional , aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remunerados na forma do art. 39, § 4º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 27 TÍTULO V DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS CAPÍTULO I DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO Seção I Do Estado de Defesa • Estado de defesa: Presidente decreta. CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 QUARTA-FEIRA Leitura da Constituição Federa– Artigos ao 136 a 141 Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, DECRETAR estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados , a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza . § 1º. O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes: I - restrições aos direitos de: a) reunião, ainda que exercida no seio das associações ; b) sigilo de correspondência; c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. § 2º. O tempo de duração do estado de defesa não será superior a 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação . § 3º. Na vigência do estado de defesa : I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial; II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação; 28 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a 10 (dez) dias , SALVO quando autorizada pelo Poder Judiciário; IV - é VEDADA a incomunicabilidade do preso . § 4º. Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional , que decidirá por MAIORIA ABSOLUTA . § 5º. Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de 5 (cinco) dias . § 6º. O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de 10 (dez) dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa. § 7º. Rejeitado o decreto, CESSA imediatamente o estado de defesa. ESTADO DE DEFESA • Decretado pelo Presidente da República.↳ Ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional.𝖾 Decretado para: • Preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por:↳ Grave e iminente instabilidade institucional;↳ Atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.𝖾 O decreto que instituir o estado de defesa terá que: • Determinar o tempo de sua duração; • Especificar as áreas a serem abrangidas; • Indicar, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes: 1) Restrições aos direitos de:↳ Reunião (ainda que exercida no seio das associações);↳ Sigilo de correspondência;↳ Sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; 2) Ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.𝖾 O tempo de duração do estado de defesa não será superior a 30 dias.↳ Poderá ser prorrogado umavez, por igual período (até 30 dias), se persistirem as razões que justiçaram a sua decretação.𝖾 Na vigência do estado de defesa: 1) A prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente.↳ Se a prisão não for legal, será relaxada pelo juiz. 29 Seção II Do Estado de Sítio • Estado de sítio: Presidente solicita ao Congresso a autorização para decretar. • Poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira. CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18↳ Facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial. 2) A comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação. 3) A prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a 10 dias, SALVO quando autorizada pelo Poder Judiciário. 4) É VEDADA a incomunicabilidade do preso.𝖾 Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de 24 horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta .𝖾 Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado extraordinariamente no prazo de 5 dias.𝖾 O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de 10 dias (contados de seu recebimento), devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.↳ Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa. Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, SOLICITAR ao Congresso Nacional AUTORIZAÇÃO para decretar o estado de sítio nos casos de: I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; • Não poderá ser decretado por mais de 30 dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior. II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por MAIORIA ABSOLUTA . Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas. 30 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 § 1º. O estado de sítio, no caso do art. 137, I, NÃO poderá ser decretado por mais de 30 (trinta) dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira. § 2º. Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de 5 (cinco) dias , a fim de apreciar o ato. § 3º. O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas . Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: I - obrigação de permanência em localidade determinada; II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; • Não se inclui nas restrições deste incido a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa. IV - suspensão da liberdade de reunião; V - busca e apreensão em domicílio; VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; VII - requisição de bens. Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa. ESTADO DE SÍTIO • Presidente solicita ao Congresso Nacional autorização p/ decretar o estado de sítio. • Ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional.𝖾 Casos: a) Inc. I: • Comoção grave de repercussão nacional; • Ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida durante o estado de defesa;↳ Não poderá ser decretado por + de 30 dias.↳ Não poderá ser prorrogado, de cada vez, por prazo superior. Obs.: na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, inc. I da CF só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: • Obrigação de permanência em localidade determinada; • Detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; 31 Seção III Disposições Gerais CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 • Restrições relativas às inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei.↳ Não se inclui nas restrições deste incido a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa. • Suspensão da liberdade de reunião; • Busca e apreensão em domicílio; • Intervenção nas empresas de serviços públicos; • Requisição de bens. b) Inc. II: • Declaração de estado de guerra; • Resposta a agressão armada estrangeira.↳ Poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.𝖾 O Presidente da República, ao solicitar autorização p/ decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por maioria ABSOLUTA.𝖾 O decreto do estado de sítio indicará: • Duração; • Normas necessárias a sua execução; • Garantiras constitucionais que ficarão suspensas.↳ Depois de publicado o decretado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.𝖾 Solicitada autorização p/ decretar o estado de sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de imediato , convocará extraordinariamente o CN p/ se reunir dentro de 5 dias, a fim de apreciar o ato.𝖾 O CN permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas. Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de 5 (cinco) de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio. 32 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio , cessarão também seus efeitos , sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.𝖾 Mesa do Congresso Nacional:↳ Ouvidos os líderes partidários: • Designará Comissão composta por 5 de seus membros p/ acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e estado de sítio. - Cessado o estado de defesa ou estado de sítio, cessarão também seus efeitos.↳ Sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. - Logo que cesse o estado de defesa ou estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao CN: • com especificação e justificação das providências adotadas; • com relação nominal dos atingidose indicação das restrições aplicadas. 33 Art. 5º, CF. [...] III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; [...] XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; Somente pode ser agente ativo do crime de tortura-castigo (art. 1º, II, da Lei nº 9.455/97) aquele que detiver outra pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade (crime próprio).↳ Há um vínculo preexistente, de natureza pública, entre o agente ativo e o agente passivo do crime. Logo, o delito até pode ser perpetrado por um particular, mas ele deve ocupar posição de garante (obrigação de cuidado, proteção ou vigilância), seja em virtude da lei ou de outra relação jurídica. STJ. 6ª Turma. REsp 1738264-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/08/2018 (Info 633). CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 Leitura da Lei de Tortura Define os crimes de tortura e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º. Constitui CRIME DE TORTURA : I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça , causando-lhe sofrimento físico ou mental : a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;↳ Tortura para obter confissão: tortura-prova (ou probatória), inquisitorial, institucional, política ou persecutória. b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;↳ Tortura para a prática de crime ou tortura-crime. ⚠ Não se enquadra neste dispositivo o agente que tortura a vítima para que ela pratique contravenção penal ! c) em razão de discriminação racial ou religiosa;↳ Tortura discriminatória ou tortura-racismo. II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental , como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.↳Tortura-castigo, vingativa ou intimidatória. Pena - RECLUSÃO, de 2 (dois) a 8 (oito) anos . 34 Apenas responde por omissão perante a tortura aquele que tinha o DEVER de agir para evitar o ato de tortura e não o faz. No caso de crime de tortura perpetrado contra criança em que há prevalência de relações domésticas e de coabitação, não configura bis in idem a aplicação conjunta da causa de aumento de pena prevista no art. 1º, § 4º, II, da Lei nº 9.455/1997 (Lei de Tortura) e da agravante genérica estatuída no art. 61, II, "f", do Código Penal. CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A prática do delito de tortura-castigo (vingativa ou intimidatória), previsto no art. 1º, II, da Lei nº 9.455/97, é crime próprio. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7bb7a62681a8a0f94ab424b06d172c a3>. Acesso em: 13/03/2023 § 1º. Na mesma pena incorre (reclusão, de 2 a 8 anos) quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal .↳ Tortura de preso ou de pessoa sujeita a medida de segurança. § 2º. Aquele que se OMITE em face dessas condutas, quando tinha o DEVER de evitá-las ou apurá- las, incorre na pena de detenção de 1 (um) a 4 (quatro) anos .↳ Omissão perante a tortura. OMISSÃO perante a tortura Quem se omite em face de condutas consideras como crime de tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las Detenção, de 1 a 4 anos. § 3º. Se resulta lesão corporal de natureza GRAVE OU GRAVÍSSIMA , a pena é de RECLUSÃO de 4 (quatro) a 10 (dez) anos ; se resulta MORTE, a RECLUSÃO é de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos .↳Tortura qualificada. Resultado LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE OU GRAVÍSSIMA RECLUSÃO, de 4 a 10 anos. Resultado MORTE RECLUSÃO, de 8 a 16 anos. § 4º. AUMENTA-SE a pena de 1/6 (um sexto) até 1/3 (um terço): I - se o crime é cometido por agente público ; II - se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos ; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) 35 STJ. 6ª Turma. HC 362634-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 16/8/2016 (Info 589). CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Ausência de bis in idem na aplicação do art. 1º, § 4º, II, da Lei de Tortura em conjunto com a agravante do art. 61, II, "f", do Código Penal. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f1298750ed09618717f9c10ea8d1d3 b0>. Acesso em: 13/03/2023 III - se o crime é cometido mediante sequestro . AUMENTA-SE a pena de 1/6 até 1/3 Se o crime é cometido • Por agente público;𝖾 Contra: • Criança; • Gestante; • Portador de deficiência; • Adolescente; • Maior de 60 anos. • Mediante sequestro. § 5º. A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada. [...] A perda do cargo, função ou emprego público é efeito automático da condenação pela prática do crime de tortura, não sendo necessária fundamentação concreta para a sua aplicação. Precedentes. [...] (STJ. 6ª Turma. AgRg no Ag 1388953/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 20/06/2013) CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Efeitos do art. 92 do CP não são automáticos. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/33ceb07bf4eeb3da587e268d663aba 1a>. Acesso em: 13/03/2023 § 6º. O crime de tortura é INAFIANÇÁVEL E INSUSCETÍVEL DE GRAÇA OU ANISTIA . § 7º. O condenado por crime previsto nesta Lei, SALVO a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. Art. 2º. O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira . 36 Crime de tortura praticado contra brasileiro no exterior: trata-se de hipótese de extraterritorialidade incondicionada (art. 2º da Lei 9.455/97). No Brasil, a competência para julgar será da Justiça Estadual . O fato de o crime de tortura, praticado contra brasileiros, ter ocorrido no exterior não torna, por si só, a Justiça Federal competente para processar e julgar os agentes estrangeiros. Isso porque a situação não se enquadra, a princípio, em nenhuma das hipóteses do art. 109 da CF/88. STJ. 3ª Seção. CC 107397-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/9/2014 (Info 549). CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Tortura cometida contra brasileiro no exterior. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a9813e9550fee3110373c21fa012eee 7>. Acesso em: 13/02/2023 37 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 CRIMES DE TORTURA – QUADRO RESUMO Os crimes de tortura são definidos pela Lei nº 9.455/97. Na verdade, como se trata de conduta extremamente repugnante, a própria Constituição Federal proibiu expressamente a prática da tortura: Art. 5º, CF. [...] III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; [...] XLIII - a leiconsiderará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; Assim, a doutrina afirma que a CF/88 trouxe um “mandado de criminalização”, ou seja, uma determinação para que o legislador puna a prática de tortura. Fechando esse sistema normativo, existe também a Lei nº 12.847/2013, que institui o “Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura”. Ela não prevê crimes, mas sim medidas com o objetivo de fortalecer a prevenção e o combate à tortura. TORTURA PARA OBTER CONFISSÃO (“TORTURA PROBATÓRIA, INQUISITORIAL, INSTITUCIONAL, POLÍTICA OU PERSECUTÓRIA”) Art. 1º. Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; Pena - reclusão, de dois a oito anos. 𝖾 SUJEITO ATIVO : Todas as figuras previstas no inciso I do art. 1º são crimes comuns, ou seja, podem ser praticados por qualquer pessoa. ⚠ Atenção para isso: ao contrário do que ocorre nos outros países, no Brasil, mesmo o particular, ou seja, quem não é funcionário público, também pode praticar crime de tortura. As Convenções internacionais preveem, inclusive, a tortura como crime próprio. Isso, contudo, não interfere no Brasil: O art. 1º da Lei nº 9.455/1997, ao tipificar o crime de tortura como crime comum, não ofendeu o que 38 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 já determinava o art. 1º da Convenção da ONU Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, de 1984, em face da própria ressalva contida no texto ratificado pelo Brasil. STJ. 5ª Turma. REsp 1.299.787/PR, Min. Laurita Vaz, DJe 3/2/2014. Exemplos: • policial que bate em suspeito até que ele confesse o crime; • patrão que, ameaçando ordenar que o segurança da empresa agrida o empregado, o faz admitir que ele desviou dinheiro do caixa; • credor que, com uma arma na cabeça do devedor, obriga que ele assine um termo de confissão de dívida; Tortura para que terceira pessoa confesse : Ex: o agente tortura o filho para que o pai confesse o crime. 𝖾 CONSUMAÇÃO: O crime se consuma com o sofrimento (físico ou mental) causado pelo emprego da violência ou da grave ameaça. Não importa, para fins de consumação, que o agente tenha conseguido seu objetivo. Assim, mesmo que a vítima não dê a informação, declaração ou confissão exigida, o crime já estará consumado. A tentativa é possível, considerando que se trata de crime plurissubistente. 𝖾 ELEMENTO SUBJETIVO : 39 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 É o dolo com o especial fim de agir (com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa). 𝖾 PROVA ILÍCITA : A prova obtida mediante tortura será considerada ilícita e, em regra, deverá ser desentranhada dos autos. Nesse sentido: Art. 5º, CF. [...] LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. Vale relembrar também o art. 157 do CPP: Art. 157, CPP. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) § 1º. São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 2º. Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 3º. Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 4º. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 40 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 § 5º. O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; Pena - reclusão, de dois a oito anos. TORTURA PARA A PRÁTICA DE CRIME (“TORTURA-CRIME”) Exemplo João tortura Pedro para que ele fraude uma licitação. 𝖾 NATUREZA CRIMINOSA : O agente tortura a vítima para o cometimento de crime (“natureza criminosa”). ⚠ Não se enquadra neste dispositivo o agente que tortura a vítima para que ela pratique contravenção penal. 𝖾 RESPONSABILIDADE DO TORTURADOR : O torturador responderá pela tortura-crime (art. 1º, I, “b”) em concurso material com o crime que obrigou o torturado a praticar. O torturador é autor mediato do crime que for praticado pelo torturado.𝖾 AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DO TORTURADO: O torturado irá responder penalmente pela ação ou omissão criminosa que praticou? NÃO. O torturado agiu mediante coação moral irresistível e, por isso, deverá ser absolvido com base em uma excludente de culpabilidade (art. 22 do CP). 41 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 TORTURA EM RAZÃO DE DISCRIMINAÇÃO (“TORTURA DISCRIMINATÓRIA”) Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Pena - reclusão, de dois a oito anos. 𝖾 Motivo do agente é apenas a discriminação : “Ao contrário do que ocorre nos dispositivos anteriores, neste, o agente não tortura a vítima esperando dela alguma conduta (positiva ou negativa). Tortura apenas por preconceito à sua raça ou religião.” (CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Leis Penais Especiais. Salvador: Juspodivm, 2018, p. 1096). TORTURA-CASTIGO, VINGATIVA OU INTIMIDATÓRIA Art. 1º Constitui crime de tortura: II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos. 𝖾 SUJEITO ATIVO : Trata-se de crime próprio. Somente pode ser agente ativo do crime de tortura- castigo (art. 1º, II, da Lei nº 9.455/97) aquele que detiver outra pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade (crime próprio). STJ. 6ª Turma. REsp 1.738.264-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/08/2018 (Info 633). Há um vínculo preexistente, de natureza pública, entre o agente ativo e o agente passivo do crime. Logo, o delito até pode ser perpetrado por um particular, mas ele deve ocupar posição de garante 42 CADERNO DE LEI SECA DELEGADO CEARÁ SEMANA 14/18 (obrigação de cuidado, proteção ou vigilância), seja em virtude da lei ou de outra relação jurídica. 𝖾 Intenso sofrimento : Veja que o legislador estabeleceu uma diferenciação: • inciso I: exige apenas sofrimento (físico ou mental); • inciso II: exige intenso sofrimento (físico ou mental). 𝖾 CASTIGO PESSOAL OU MEDIDA DE CARÁTER PREVENTIVO: O agente pratica a tortura como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
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