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MG-PRe-EDITAL-DEDICACAO-DELTA-SEMANA-01

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SEMANA 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL 
 
DELEGADO MINAS GERAIS 
 
SEMANA 01/18 
 
 
Sumário 
META 1 .............................................................................................................................................................. 8 
DIREITO PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ............................................................................................... 8 
1. CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, OBJETO, FUNÇÕES E DIVISÕES DO DIREITO PENAL ..................................... 9 
2. ENCICLOPÉDIA DAS CIÊNCIAS PENAIS ......................................................................................................... 15 
2.1 Direito Penal X Criminologia X Política Criminal ..................................................................................................... 16 
2.2 Seletividade - Criminalização Primária e Secundária (Zaffaroni) ............................................................................ 16 
3. DIREITO PENAL DO AUTOR E DIREITO PENAL DO FATO .............................................................................. 17 
4. GARANTISMO PENAL (FERRAJOLI) ............................................................................................................... 18 
4.1 Conceito ................................................................................................................................................................. 18 
4.2. Garantias primárias e secundárias ........................................................................................................................ 18 
4.3 Máximas do garantismo ......................................................................................................................................... 19 
5. DIREITO PENAL DO INIMIGO ....................................................................................................................... 20 
5.1 Velocidades do Direito Penal (Jesús-Maria Silva Sánchez) ..................................................................................... 21 
6. FONTES DO DIREITO PENAL ........................................................................................................................ 22 
7. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL: .................................................................................................................. 27 
7.1 Princípios Relacionados com a Missão Fundamental do Direito Penal .................................................................. 28 
7.1.1 Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos ........................................................................................... 28 
7.1.2 Princípio da Intervenção Mínima ..................................................................................................................... 29 
7.1.3 Princípio da Insignificância ou da Bagatela ...................................................................................................... 33 
7.2 Princípios Relacionados com o Fato do Agente ..................................................................................................... 52 
7.2.1 Princípio da Ofensividade/Lesividade .............................................................................................................. 52 
7.2.2 Princípio da Alteridade .................................................................................................................................... 53 
7.2.3 Princípio da Exteriorização ou Materialização do Fato .................................................................................... 53 
7.2.4 Princípio Da Legalidade Estrita Ou Reserva Legal ............................................................................................ 54 
7.2.5 Princípio da Anterioridade ............................................................................................................................... 57 
7.2.6 Princípio da Vedação ao Bis In Idem ................................................................................................................ 57 
7.2.7 Princípio da Adequação Social ......................................................................................................................... 58 
7.3 Princípios Relacionados com o Agente do Fato ..................................................................................................... 59 
7.3.1 Princípio da Responsabilidade Pessoal / Da Pessoalidade / Da Intranscendência Da Pena ............................ 59 
7.3.2 Princípio da Responsabilidade Subjetiva ......................................................................................................... 60 
7.3.3 Princípio da Culpabilidade ............................................................................................................................... 60 
7.3.4 Princípio da Proporcionalidade ........................................................................................................................ 61 
7.3.5 Princípio da Limitação das Penas ou da Humanidade ..................................................................................... 62 
7.2.6 Princípio da Confiança ..................................................................................................................................... 62 
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................... 65 
Questões ...................................................................................................................................................................... 65 
Comentários ................................................................................................................................................................. 67 
META 2 ............................................................................................................................................................ 75 
DIREITO PROCESSUAL PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ....................................................................... 75 
1. PROCESSO PENAL CONSTITUCIONAL........................................................................................................... 76 
 
 
 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL 
 
DELEGADO MINAS GERAIS 
 
SEMANA 01/18 
 
 
2. PRETENSÃO PUNITIVA ................................................................................................................................. 77 
3. SISTEMAS DO PROCESSO PENAL ................................................................................................................. 78 
4. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO PENAL ................................................................................... 83 
4.1 Princípios Constitucionais Explícitos ....................................................................................................................... 83 
4.1.1 Princípio da Presunção da Inocência ............................................................................................................... 83 
4.1.2 Princípio da Igualdade Processual ou Paridade de Armas ............................................................................... 90 
4.1.3 Princípio da Ampla Defesa ............................................................................................................................... 90 
4.1.4 Princípio da Plenitude da Defesa ..................................................................................................................... 94 
4.1.5 Princípio do In Dubio Pro Reo .......................................................................................................................... 94 
4.1.6 Princípio do Contraditório ou Bilateralidade da Audiência ............................................................................. 95 
4.1.7 Princípioda Publicidade ................................................................................................................................... 97 
4.1.8 Princípio da Vedação das Provas Ilícitas .......................................................................................................... 99 
4.1.9 Princípio da Economia Processual, Celeridade Processual e Duração Razoável Do Processo ....................... 100 
4.1.10 Princípio do Devido Processo Legal ............................................................................................................. 101 
4.1.11 Juiz Imparcial ou Natural ............................................................................................................................. 101 
4.2 Princípios Constitucionais Implícitos .................................................................................................................... 103 
4.2.1 Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere (Princípio De Que Ninguém Está Obrigado A Produzir Prova Contra Si 
Mesmo) ................................................................................................................................................................... 103 
4.2.2 Princípio da Iniciativa das Partes ................................................................................................................... 111 
4.2.3 Duplo Grau de Jurisdição ............................................................................................................................... 111 
4.2.4 Princípio da Oficialidade ................................................................................................................................ 111 
4.2.5 Princípio da Oficiosidade ............................................................................................................................... 111 
5. OUTROS PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL .............................................................................................. 112 
5.1 Princípio da Oralidade .......................................................................................................................................... 112 
5.2 Indivisibilidade da Ação Penal Privada ................................................................................................................. 112 
5.3 Comunhão da Prova ............................................................................................................................................. 112 
5.4 Impulso Oficial ...................................................................................................................................................... 112 
6. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL ............................................................................................................... 113 
6.1 Aplicação da Lei Processual no Tempo ................................................................................................................. 113 
6.2 Aplicação da Lei Processual no Espaço: ................................................................................................................ 114 
6.3 Aplicação da Lei Processual em Relação às Pessoas ............................................................................................ 115 
7. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL ........................................................................................... 119 
8. FONTES ...................................................................................................................................................... 121 
8.1 Fonte Material, Substancial ou de Produção ....................................................................................................... 121 
8.2 Fonte Formal, Cognitiva ou de Cognição .............................................................................................................. 121 
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 123 
Questões .................................................................................................................................................................... 123 
Comentários ............................................................................................................................................................... 126 
META 3 .......................................................................................................................................................... 130 
DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS (PARTE I) ......................................... 130 
1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS .................................................................................................................. 131 
2. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .................................................................................................. 136 
 
 
 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL 
 
DELEGADO MINAS GERAIS 
 
SEMANA 01/18 
 
 
2.1 Direitos x Garantias x Remédios Constitucionais ................................................................................................. 136 
2.2 Direitos Fundamentais x Direitos Humanos ......................................................................................................... 137 
2.3 Geração dos direitos fundamentais: .................................................................................................................... 139 
2.4 Características dos direitos fundamentais ........................................................................................................... 144 
2.5 Dimensão dos Direitos Fundamentais .................................................................................................................. 146 
2.5.1 Desdobramentos da dimensão objetiva dos Direitos Fundamentais ............................................................ 147 
2.6 Direitos individuais implícitos e explícitos ............................................................................................................ 149 
2.7 Destinatários ........................................................................................................................................................ 151 
2.8 Os Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988 ................................................................................ 152 
2.8.1. Não taxatividade dos direitos fundamentais e tratados de direitos humanos ............................................. 153 
2.8.2. Hierarquia dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos ..................................................................... 153 
2.9 Alguns direitos individuais – rol do art. 5º da CF/88 ............................................................................................ 155 
META 4 .......................................................................................................................................................... 169 
DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS (PARTE II) ........................................ 169 
3. DIREITOS SOCIAIS ...................................................................................................................................... 194 
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 204 
Questões .................................................................................................................................................................... 204 
Comentários ............................................................................................................................................................... 207 
META 5 ..........................................................................................................................................................215 
DIREITO ADMINISTRATIVO: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ........................................................................ 215 
1. ORIGEM, NATUREZA JURÍDICA E OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................ 216 
2. EVOLUÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................................... 216 
3. INFLUÊNCIAS DO DIREITO ESTRANGEIRO .................................................................................................. 217 
4. CRITÉRIOS DA ADMINISTRAÇÃO: ............................................................................................................... 218 
5. SENTIDOS DA ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................................ 220 
5.1 Administração Pública Extroversa e Introversa .................................................................................................... 221 
5.2 Tendências atuais do Direito Administrativo ....................................................................................................... 221 
5.3 Transadministrativismo ........................................................................................................................................ 221 
6. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO..................................................................................................... 222 
7. INTERPRETAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO ...................................................................................... 224 
8. SISTEMAS DE CONTROLE DA ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA ....................................................................... 225 
9. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO ........................................................................................................ 225 
9.1 Princípios x Regras ................................................................................................................................................ 226 
9.2 Princípios Explícitos do Direito Administrativo .................................................................................................... 227 
10. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................................. 227 
10.1 Legalidade (Juridicidade) .................................................................................................................................... 227 
10.2 Princípio Da Impessoalidade .............................................................................................................................. 229 
10.3 Princípio da Moralidade ..................................................................................................................................... 231 
10.4 Princípio da Publicidade ..................................................................................................................................... 234 
10.5 Princípio da Eficiência ......................................................................................................................................... 236 
 
 
 
 
 
 
 
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11. OUTROS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS ................................................................................................ 237 
11.1 Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade ................................................................................................ 237 
11.2 Princípio da Supremacia do Interesse Público Sobre o Privado (Princípio da Finalidade Pública) ..................... 237 
11.3 Princípio da Autotutela ou Sindicabilidade ........................................................................................................ 238 
11.4 Princípio Da Continuidade Do Serviço Público ................................................................................................... 241 
11.5 Princípio da Motivação ....................................................................................................................................... 246 
11.6 Princípio da Ampla Defesa e Contraditório ........................................................................................................ 247 
11.7 Princípio da Segurança Jurídica e Legítima Confiança ........................................................................................ 249 
11.8 Princípio da Intranscendência Subjetiva das Sanções ........................................................................................ 250 
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 253 
Questões .................................................................................................................................................................... 253 
Comentários ............................................................................................................................................................... 257 
META 6 – REVISÃO SEMANAL ........................................................................................................................ 263 
Direito Penal: Noções Iniciais E Princípios .................................................................................................................. 263 
Direito Processual Penal: Noções Iniciais E Princípios ................................................................................................ 264 
Direito Constitucional: Direitos E Garantias Fundamentais ....................................................................................... 265 
Direito Administrativo: Noções Iniciais E Princípios ................................................................................................... 267 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DELEGADO MINAS GERAIS 
 
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA SEMANA 01 
META DIA ASSUNTO 
1 SEG DIREITO PENAL: Noções Iniciais e Princípios 
2 TER DIREITO PROCESSUAL PENAL: Noções Iniciais e Princípios 
3 QUA DIREITO CONSTITUCIONAL: Direitos e Garantias Fundamentais (Parte I) 
4 QUI DIREITO CONSTITUCIONAL: Direitos e Garantias Fundamentais (Parte II) 
5 SEX DIREITO ADMINISTRATIVO: Noções Iniciais e Princípios 
6 SÁB REVISÃO SEMANAL 
 
 
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META 1 
 
DIREITO PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS 
 
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA 
CF/88 
⦁ Art. 5º, II 
⦁ Art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV, XLV e XLVII 
⦁ Art. 5º, XXXIX 
⦁ Art. 5º, §3º 
⦁ art. 7º, X 
⦁ Art. 22, I e §único 
⦁ art. 227, § 4º 
 
CP 
⦁ Art. 1º 
⦁ Art. 59 
⦁ Art. 71 
 
OUTROS DIPLOMAS LEGAIS 
⦁ Art. 8°, itens 2 e 5, CADH 
⦁ Art. 8º, item 4 do Pacto de São José da Costa Rica 
 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER! 
 
⦁ Art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV, XLV e XLVII, CF/88 
⦁ Art. 5º, XXXIX, CF/88 
⦁ Art. 22, I e §único, CF/88 
⦁ Art. 1º, CP 
 
SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA 
Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, OBJETO, FUNÇÕES E DIVISÕES DO DIREITO PENAL 
 
A) CONCEITO: 
Conjunto de normas que objetiva definir os crimes, proibindo ou impondo condutas, sob a ameaça 
de imposição de pena oumedida de segurança, e a criar normas de aplicação geral. 
Segundo Cleber Masson (2017, p. 3) é “o conjunto de princípios e regras destinados a combater o 
crime e a contravenção penal, mediante a imposição de sanção penal”. 
Importa salientar que “sanção penal” é gênero, do qual são espécies as penas e as medidas de 
segurança. 
 
#CAIEMPROVA: Diz-se que a pena é a 1ª via do direito penal, a medida de segurança é a 2ª e a reparação do 
dano é a 3ª. 
 
É um ramo do Direito Público, vez que suas normas são indisponíveis, impostas e dirigidas a todas as 
pessoas. 
Além disso, o Estado é o titular do direito de punir e por isso sempre figura como sujeito passivo das 
infrações penais, ainda que de forma mediata. 
Ainda sobre o conceito de direito penal: 
 
● Aspecto Formal: O direito penal é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos 
humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa as sanções as lhe serem aplicadas. 
● Aspecto Material: O Direito Penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis 
ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e 
progresso da sociedade. 
● Aspecto Sociológico: O direito penal é mais um instrumento do controle social de comportamentos 
desviados, visando a assegurar a necessária disciplina social. Em suma, sob aspecto dinâmico, o 
Direito Penal é mais um instrumento de controle social visando assegurar a necessária disciplina para 
a harmônica convivência dos membros da sociedade (TJ/PR). 
 
Aprofundando o enfoque sociológico 
⋅ A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a estabelecer diretrizes 
(regras). 
⋅ Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções civis ou penais 
(infrações). 
⋅ Nessa tarefa de controle social atuam vários ramos do Direito. 
⋅ Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece reação mais severa 
por parte do Estado, valendo-se do Direito Penal (soldado de reserva). 
 
 
 
 
 
 
 
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DELEGADO MINAS GERAIS 
 
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⋅ O que diferencia a norma penal das demais é a espécie de consequência jurídica (pena privativa de 
liberdade). 
 
B) CARACTERÍSTICAS: 
De acordo com Cleber Masson (2017, p. 5), o Direito Penal é uma ciência cultural, normativa, 
valorativa, finalista, de natureza predominantemente sancionatória, e fragmentária. 
 
⦁ I – Ciência: Suas regras estão contidas em normas e princípios, que por sua vez, formam a dogmática 
jurídico-penal. 
⦁ II – Cultural: o Direito Penal é uma ciência do “dever ser”, ao contrário das ciências naturais, que 
cultuam o “ser”; 
⦁ III – Normativa: o objeto principal é o estudo da lei penal (Direito positivo); 
⦁ IV – Valorativa: sua aplicação não está pautada em regras matemáticas de certo ou errado, mas sim 
em uma escala de valores que são sopesados a partir de critérios e princípios próprios do Direito 
Penal. Dessa forma, esse ramo do direito valoriza hierarquicamente as suas normas; 
⦁ V – Finalista: o objetivo do direito penal é a proteção de bens jurídicos fundamentais, o que torna a 
sua missão prática, e não simplesmente teórica 
⦁ VI – Sancionatória: o Direito Penal é predominantemente sancionador porque não cria bens 
jurídicos, mas acrescenta proteção penal aos bens jurídicos disciplinados por outros ramos do 
Direito. No entanto, é possível que ele seja também constitutivo, quando protege interesses não 
regulados por outras áreas do Direito, como o uso indevido de drogas 
⦁ VII – Fragmentária: o Direito Penal não tutela todos os valores ou interesses, mas somente os mais 
importantes para a manutenção e o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade. 
 
C) OBJETO DE PROTEÇÃO DO DIREITO PENAL: 
 
Bens Jurídicos penais: “é a coisa, o valor, o atributo espiritual ou intelectual cujo usufruto e gozo são 
reconhecidos como significativamente relevantes. Primeiro, para o efetivo desenvolvimento pessoal de seu 
titular e, depois e em consequência, para todo o corpo social, de que é exemplo o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado” (PACELLI, 2017, p. 61). O legislador seleciona os bens jurídicos a serem 
defendidos pelo Direito Penal. No entanto, NÃO se pode falar em discricionariedade ampla e irrestrita, pois 
os bens jurídicos mais importantes são tratados na Constituição. Logo, a Constituição possui a seguinte 
missão: 
⦁ Orienta o legislador, ao eleger valores considerados indispensáveis à manutenção da sociedade; 
⦁ Impede que o legislador viole direitos fundamentais atribuídos a toda pessoa humana (Visão 
Garantista Do Direito Penal). 
 
 
 
 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL 
 
DELEGADO MINAS GERAIS 
 
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Segundo Luiz Regis Prado, bem jurídico é um ENTE MATERIAL ou IMATERIAL haurido do contexto social, 
de titularidade individual ou metaindividual reputado como ESSENCIAL PARA A COEXISTÊNCIA E 
O DESENVOLVIMENTO DO HOMEM EM SOCIEDADE e, por isso, jurídico-penalmente protegido. 
 
D) FUNÇÕES DO DIREITO PENAL: 
Na atualidade, a doutrina divide a missão do direito penal em duas, quais sejam: 
 
a) Missão mediatas: 
● Instrumento de Controle Social ou de preservação da paz pública (Papel intimidador) 
● Limitação ao poder de punir estatal ou Função de Garantia – garantia dos cidadãos contra o arbítrio 
estatal, vez que só podem ser punidos por atos previstos como infração penal e por pena também 
determinada em lei. 
☞ Para Franz Von Liszt “o Código Penal é a Magna Carta do delinquente”; 
 
Obs: Se, de um lado, o Estado controla o cidadão, impondo-lhe limites para a vida em sociedade, de outro 
lado, é necessário também limitar o seu próprio poder de controle, evitando a punição abusiva (evitando a 
hipertrofia da punição). 
 
b) Missão imediata: 
Aqui, é necessário lembrarmos do funcionalismo penal, que trará as duas correntes de mais destaque 
acerca do tema (anote esses nomes na testa): 
● Funcionalismo teleológico (moderado) – Claus Roxin (Predomina) 
⋅ A missão do Direito Penal é a proteção dos bens jurídicos mais relevantes; 
⋅ Se a proteção de determinado bem jurídico não é indispensável ao indivíduo e à manutenção 
da sociedade, não deve incidir o direito penal, mas outros ramos do direito; 
⋅ Para Roxin, o Direito Penal não veio para trazer valores éticos, morais; 
⋅ Ele entende que essa seria a função exclusiva; 
⋅ É chamado teleológico porque busca a finalidade do direito penal. 
● Funcionalismo sistêmico (radical) – Günter Jakobs 
⋅ A missão do Direito Penal é assegurar a vigência do sistema, protegendo o império da 
norma. 
⋅ Ele discorda de Roxin por entender que, quando o indivíduo é punido pela infração penal 
praticada, o bem jurídico já foi violado, ou seja, não está protegido, não sendo esta, portanto, 
a função do direito penal. Sua função seria demonstrar que a norma continua vigorando e 
deve ser obedecida. 
⋅ Assim, “o bem não deve ser representado como um objeto físico ou algo do gênero, e sim, 
como norma, como expectativa garantida”. (Direito Penal e Funcionalismo, 2005, p.33-34) 
 
 
 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL 
 
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⋅ E ainda, entende ele que quem deliberada e reiteradamente viola a lei penal, de forma grave 
e duradoura, deve ser tratado como “não-cidadão”, como inimigo da sociedade, por não 
cumprir sua função no corpo social, não fazendo jus às garantias previstas pela norma a qual 
tal sujeito infringe. 
⋅ Ao delinquente-cidadão, seria aplicado o direito penal do cidadão, ao passo que ao 
delinquente inimigo, seria aplicado o Direito Penal do Inimigo (tópico específico mais à 
frente). 
 
APROFUNDANDO: Vamos a uma tabelinha com mais características das duas vertentes do 
funcionalismo para fixarmos as diferenças? 
 
FUNCIONALISMO PENAL 
 
FUNCIONALISMO 
TELEOLÓGICO 
(Características: Moderado, 
dualista, depolítica criminal 
ou racional teleológico) 
ROXIN 
 
 
● Finalidade do Direito Penal: proteção de bens 
jurídicos indispensáveis. Não veio para trazer 
valores éticos, morais. 
● Moderado: o direito penal tem limites impostos 
pelo próprio direito penal e demais ramos do 
direito. 
● Dualista: convive em harmonia com os demais 
ramos do Direito. Reconhece o sistema jurídico em 
geral. 
● De política criminal: aplica a lei de acordo com os 
anseios da sociedade. Se adapta à sociedade em que 
ele se insere. 
● Racional teleológico: movido pela razão e em busca 
de sua finalidade. 
 
 
FUNCIONALISMO SISTÊMICO 
(Características: 
Radical, monista e sistêmico) 
JAKOBS 
Direito Penal do Inimigo 
 
 
● Finalidade do Direito Penal: é a proteção das 
normas penais, assegurar o império da norma. É 
punir. Aplicar a lei. 
● A sociedade que deve se ajustar ao Direito Penal. 
● Para ele, o Direito Penal é: 
- Radical: só reconhece os limites impostos por ele 
mesmo; 
 
 
 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL 
 
DELEGADO MINAS GERAIS 
 
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- Monista: é um sistema próprio de regras e de 
valores que independe dos demais. 
- Sistêmico: é autônomo (independe dos demais 
ramos), autorreferente (todas as referências e 
conceitos que precisa buscar do próprio direito 
penal) e se autoproduz. 
● Quem viola reiterada e deliberadamente a norma = 
não-cidadão / inimigo = não tem direitos. 
 
Outras funções do Direito Penal (Masson): 
● Função criadora ou modificadora de costumes. Disseminação ético-social de valores. Efeito 
“moralizador”. Visa garantir o mínimo ético que deve existir em toda coletividade: 
⋅ É uma função educativa, que visa estimular os cidadãos a se conscientizarem e protegerem 
bens que ainda não foram tidos pela sociedade como fundamentais (ex: crimes contra o meio 
ambiente). 
⋅ Esta função é bastante discutida, pelo fato de a doutrina divergir se o estado deveria ou não 
se utilizar do direito penal como meio de educação. Há quem entenda que tal objetivo deve 
ser alcançado pela interação social e não por coação. 
 
● Simbólica – não produz efeitos externos, mas somente na mente dos cidadãos e governantes, sendo 
uma função inerente a todas as leis, não apenas ao Direito Penal; 
⋅ Enquanto os governados pensam que a contenção da criminalidade e as medidas necessárias 
para tanto estão sob o controle das autoridades, os governantes ficam com a sensação de 
terem feito algo e adiam a efetiva resolução do problema, retirando, ao longo do tempo, a 
credibilidade do direito penal. 
⋅ Geralmente é manifestada pelo “direito penal do terror”, que se apresenta de duas formas: 
* Inflação legislativa (direito penal de emergência) – em que são criados tipos penais 
desnecessários para dar resposta a qualquer tipo de problema; 
* Hipertrofia do Direito Penal – aumentando desproporcional e injustificadamente as 
penas em casos pontuais, como se isso, por si só, fosse impedir a prática do crime. 
● Motivadora de comportamento conforme a norma – a ameaça de imposição de sanções motiva os 
indivíduos a se comportarem de acordo com a lei, para que não sofram suas penalidades; 
● Redução da violência estatal – pois, embora legítima e necessária, a pena não deixa de ser uma 
agressão ao indivíduo, devendo, portanto, restringir-se aos casos necessários e legais. 
● Promocional de transformação social – auxiliando em mudanças que garantirão a evolução da 
comunidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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B) CLASSIFICAÇÕES DO DIREITO PENAL: 
1. Direito Penal Fundamental (Primário): é o conjunto de normas e princípios do Direito Penal 
aplicáveis genericamente, inclusive às leis penais especiais. É composto pelas normas da Parte Geral 
do Código Penal e, excepcionalmente, algumas normas de amplo conteúdo previstas na Parte 
Especial, como os conceitos de domicílio (art. 150, §§4º e 5º) e funcionário público (art. 327); 
2. Direito Penal Complementar (Secundário): corresponde à legislação penal extravagante. 
 
3. Direito Penal Comum: é o conjunto de normas penais aplicável indistintamente a todas as pessoas, 
como o Código Penal; 
 
4. Direito Penal Especial: é o conjunto de normas penais aplicável apenas a pessoas determinadas que 
preencham certas condições legais. São exemplos o Código Penal Militar e o Decreto-lei nº 201/1967 
(crimes de responsabilidade dos prefeitos); 
 
5. Direito Penal Geral: é o conjunto de normas penais aplicáveis em todo o território nacional. Essas 
normas são produzidas privativamente pela União (art. 22, I, da CF); 
6. Direito Penal Local: é o conjunto de normas penais aplicáveis somente a determinada parte do 
território nacional. A existência dessas normas somente é possível se houver autorização da União 
por lei complementar para que os Estados legislem sobre questões específicas de Direito Penal (art. 
22, parágrafo único, da CF); 
 
7. Direito Penal Objetivo: é o conjunto de leis penais em vigor; 
8. Direito Penal Subjetivo: é o direito de punir (ius puniendi), que pertence exclusivamente ao Estado 
e nasce quando uma lei penal é violada; 
 
9. Direito Penal Substantivo: é o direito penal material, propriamente dito. É o que consta no Código 
Penal. 
10. Direito Penal Adjetivo: também chamado de “formal” (grave as nomenclaturas), é o direito 
processual penal. 
 
#SELIGA: Direito Penal de Intervenção 
Abordado por Hassemer. Segundo ele, o direito penal deve se preocupar apenas com os bens jurídicos 
individuais, tais como a vida, patrimônio, propriedade etc., bem como de infrações penais que causem perigo 
concreto. Por outro lado, se o intuito da previsão da infração é proteger apenas bem jurídico difuso, coletivo 
ou de natureza abstrata, não deveria ser considerada uma infração penal. Deveria ser regulada por um 
sistema jurídico diverso, com sanções mais brandas que as do direito penal, sem risco de privação da 
liberdade do infrator, mas aplicadas também por uma autoridade judiciária, de forma mais célere e ampla, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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podendo ser até mais efetiva, para não tornar o direito penal inócuo e simbólico. Exemplo no BR: Lei 8429/92. 
Este seria o direito de intervenção. 
O direito de intervenção estaria acima do direito administrativo, mas abaixo do direito penal. 
Para o autor, de um lado, o Direito Penal, dada sua gravidade, não pode ser utilizado para a tutela de bens 
jurídicos difusos, coletivos, transindividuais etc. Por outro lado, sabe-se que as autoridades administrativas 
não possuem a independência necessária para a aplicação das penalidades. Por isso, propõe o Direito de 
Intervenção. 
Há críticas acerca de tal posicionamento na doutrina, pela dúvida de como seria a legitimidade e como atuaria 
o direito de intervenção, bem como se tais sanções seriam suficientes para tutelar bens importantes que se 
caracterizam como coletivos, difusos ou de natureza abstrata. 
 
2. ENCICLOPÉDIA DAS CIÊNCIAS PENAIS 
 
O estudo do crime, do criminoso e da sanção penal é o objeto de várias ciências, tendo sido chamadas 
por José Cerezo Mir de “enciclopédia de ciências penais”. 
A doutrina não é uníssona acerca de quantas ou quais exatamente seriam elas, mas, para o nosso 
estudo, as mais importantes são a dogmática, a criminologia e a política criminal. 
 
I – DOGMÁTICA PENAL: tem por objetivo interpretar de forma sistemática o direito penal, entendendo o 
sentido das normas e aplicando-o de forma lógico-racional (não emocional). 
 
Obs.: Dogmática ≠ Dogmatismo: Dogmatismo é a aceitação cega de verdades tidas como absolutas e 
imutáveis (deve ser desprezado). Se opõe à ideia de ciência, que admite flexibilização, na qual estaria 
enquadrada a dogmática. 
 
II – CRIMINOLOGIA: A criminologia, de acordo com Luiz Flávio Gomes e Antônio Molina, é uma ciênciaempírica (estuda o que “é”, ao contrário do direito penal, que estuda o que “deve ser” – caracterizando-se 
como uma ciência valorativa e normativa) e interdisciplinar (observa diversos fatores: econômicos, políticos, 
sociais, religiosos etc.), a qual estuda o crime, a vítima, o criminoso e o controle social. Suas constatações se 
dão a partir da observação daquilo que acontece na realidade social, na experiência. 
 
 Ps.: Gravando as palavras-chave sobre as características da criminologia, que são diversas das do 
direito penal, vocês já matam várias questões! 
 
III – POLÍTICA CRIMINAL: trabalha com estratégias e mecanismos de controle social da criminalidade, para 
que os bens jurídicos relevantes sejam protegidos. Possui a característica de vanguarda, pois orienta a criação 
e a reforma das leis, a partir de uma análise crítica acerca destas estarem ou não cumprindo os fins a que se 
propõem, considerando dados obtidos por outros ramos (como a criminologia). 
 
 
 
 
 
 
 
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Funciona como “filtro” entre a letra fria da lei e a realidade social. Revela as leis que “pegam” e as que não. 
 
2.1 Direito Penal X Criminologia X Política Criminal 
 
O ponto mais cobrado desse tópico é, sem dúvidas, a diferença entre direito penal, criminologia e 
política criminal. 
 
DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA POLÍTICA CRIMINAL 
Ciência normativa e valorativa, que 
analisa os fatos humanos 
indesejados e define quais devem 
ser tipificados como crime ou 
contravenção. 
Ciência empírica e 
interdisciplinar, que estuda o 
crime, o criminoso, a vítima e o 
controle social. 
Trabalha as estratégias e meios 
de controle social da 
criminalidade. 
Ocupa-se do crime enquanto 
norma. 
Ocupa-se do crime enquanto 
fato. 
Ocupa-se do crime enquanto 
valor. 
Ex: Define o crime de roubo. 
Ex: Quais fatores contribuem 
para o crime de roubo. 
Ex: Estuda como diminuir os 
casos de roubo. 
 
VAMOS LEMBRAR: 
Vitimologia: é o estudo da vítima em seus diversos planos. Inicialmente, a análise era quanto às formas de 
contribuição da vítima para a prática dos crimes. Modernamente, tal estudo preocupa-se também com a 
proteção destas no momento posterior à prática do crime, como por exemplo com a sua reinserção na 
sociedade. No direito brasileiro, temos o exemplo da composição dos danos civis (art. 74, parágrafo único, 
Lei 9.099/95) - TERCEIRAVIA 
Ademais, uma das circunstâncias judiciais que deve ser considerada na fixação da pena base é o 
comportamento da vítima (art. 59, CP). 
 
2.2 Seletividade - Criminalização Primária e Secundária (Zaffaroni) 
 
Sobre a seletividade, define Zaffaroni: 
 
“Ao menos em boa medida, o sistema penal seleciona pessoas ou ações, como 
também criminaliza certas pessoas segundo sua classe e posição social. [...] Há 
uma clara demonstração de que não somos todos igualmente ‘vulneráveis’ ao 
sistema penal, que costuma orientar-se por ‘estereótipos’ que recolhem os 
caracteres dos setores marginalizados e humildes, que a criminalização gera 
fenômeno de rejeição do etiquetado como também daquele que se solidariza ou 
contata com ele, de forma que a segregação se mantém na sociedade livre. A 
 
 
 
 
 
 
 
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posterior perseguição por parte das autoridades com rol de suspeitos 
permanentes, incrementa a estigmatização social do criminalizado (ZAFFARONI; 
PIERANGELI, 2011, p. 73).” (Guarda relação com o movimento do labeling approach 
/ teoria da reação social / da rotulação social / do etiquetamento social – tema que 
deve ser estudado de modo mais aprofundado na matéria de criminologia.) 
 
Nesse contexto, o processo de criminalização pode ser dividido em dois: 
a) Criminalização primária: É a elaboração e sanção das leis penais, introduzindo formalmente no 
ordenamento jurídico a tipificação de determinadas condutas. 
b) Criminalização secundária: É a ação punitiva que recai sobre pessoas concretas. Quando recai sobre 
o indivíduo a persecução penal após ser a ele atribuída a prática de um ato primariamente 
criminalizado. É praticada pela Polícia e Poder Judiciário. 
 
* ATENÇÃO: Além do momento da elaboração e aplicação da norma, a seletividade também vai se mostrar 
presente no momento da execução da pena. 
 
- SELIGA: Você sabe o que é Direito Penal Subterrâneo e Direito Penal Paralelo? Referem-se aos sistemas 
penais paralelos e subterrâneos. 
De acordo com Zaffaroni, “sistema penal é o conjunto das agências que operam a criminalização primária e 
a criminalização secundária ou que convergem na sua produção”. 
Direito Penal Paralelo: Como o sistema penal formal do Estado não obtêm êxito em grande parte da 
aplicação e exercício do poder punitivo, outras agências apropriam-se desse espaço e o exercem de modo 
paralelo ao estado (criando sistemas penais paralelos). Ex.:médico que aprisiona doentes mentais; 
institucionalização pelas autoridades assistenciais dos morados de rua etc.). 
Direito Penal Subterrâneo: ocorre quando as instituições oficiais atuam com poder punitivo ilegal, 
acarretando abuso de poder. Ex.: institucionalização de pena de morte (execução sem processo), 
desaparecimentos, torturas, extradições mediante sequestro, grupos especiais de inteligência que atuam 
fora da lei etc. 
 
3. DIREITO PENAL DO AUTOR E DIREITO PENAL DO FATO 
 
Direito Penal do Fato – Adotado pelo Ordenamento Penal Brasileiro – consiste que o direito penal 
deve punir condutas, ou seja, fatos, praticados pelos indivíduos que sejam lesivas a bens jurídicos de 
terceiros. Pune-se o fato. A base para esse princípio está no Estado de Direito. 
Importante frisar que se considera circunstâncias relacionadas ao autor, especificamente quando da 
análise da pena. Ex: art. 59 do CP; Reincidência. 
 
 
 
 
 
 
 
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Está atrelado ao Princípio da exteriorização ou materialização do fato, pelo qual o Estado só pode 
incriminar condutas humanas voluntárias (fatos). Assim, ninguém pode ser castigado por seus pensamentos, 
desejos ou meras cogitações ou estilo de vida. 
O princípio da exteriorização serviu para o legislador acabar com as infrações penais que 
desconsideravam esse mandamento. Ex: Mendicância (art. 60 L.C.P. – abolido), tal crime adotava o direito 
penal do autor. 
Por sua vez, o direito Penal do autor consiste na punição do indivíduo baseada em seus 
pensamentos, desejos e estilo de vida, condições pessoais, do modo de ser, grau de culpabilidade 
(reprovabilidade), antecedentes do autor, está interligado ao Direito Penal do Inimigo. Aqui teríamos uma 
inobservância do princípio da exteriorização do fato. 
 
Obs: Coculpabilidade e coculpabilidade às avessas (Zaffaroni) 
Coculpabilidade é corresponsabilidade do Estado no cometimento de determinados delitos, praticados por 
cidadãos que possuem menor âmbito de autodeterminação diante das circunstâncias do caso concreto, 
principalmente no que se refere a condições sociais e econômicas do agente, o que enseja menor reprovação 
social, segundo o princípio da coculpabilidade, o Estado-juiz haveria de considerar como atenuante as 
condições socioeconômicas do réu no momento na aplicação da pena. Veja que o artigo 66 do Código Penal 
autoriza ao Juiz esse postulado, através da, chamada pela doutrina, atenuante inominada. A outra face da 
teoria da coculpabilidade pode ser identificada como a coculpabilidade às avessas, por meio da qual defende-
se a possibilidade de reprovação penal mais severa no tocante aos crimes praticados por pessoas dotadas de 
elevado poder econômico, e que abusam desta vantagem para a execução de delitos, em regra 
prevalecendo-se das facilidades proporcionadas pelo livre trânsito nos centros de controle político e 
econômico. 
 
4. GARANTISMO PENAL (FERRAJOLI)4.1 Conceito 
 
Para Ferrajoli, “o garantismo é entendido no sentido do ESTADO CONSTITUCIONAL DE DIREITO, isto 
é, aquele conjunto de vínculos e de regras racionais impostos a todos os poderes na tutela dos direitos de 
todos, representa o único remédio para os poderes selvagens”. 
 
4.2. Garantias primárias e secundárias 
 
O autor distingue as garantias em duas grandes classes: as garantias primárias e as garantias 
secundárias: 
● Garantias primárias – limites e vínculos normativos: Consistem nas proibições e obrigações, formais 
e substanciais, impostos na tutela dos direitos, ao exercício de qualquer poder; 
 
 
 
 
 
 
 
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● Garantias secundárias – diversas formas de reparação: Subsequentes às violações das garantias 
primárias, diz respeito à anulabilidade dos atos inválidos e a responsabilidade pelos atos ilícitos. 
- Ex: a CF prevê como garantia primária que não haverá pena de banimento. O legislador não a 
observa e comina tal pena a determinado crime. Neste caso, será utilizado o controle de 
constitucionalidade, previsto na própria constituição como garantia secundária, julgando o ato nulo. 
 
* ATENÇÃO: Para o garantismo de Ferrajoli, o juiz não é um mero aplicador da lei, um mero executor da 
vontade do legislador ordinário. Ele é, antes de tudo, o guardião de direitos fundamentais. 
 
4.3 Máximas do garantismo 
 
☠ Questão cobrada na 2ª fase do concurso para o cargo de Delegado do Estado do 
Mato Grosso do Sul em 2017 
 
● Nulla poena sine crimine: somente será possível a aplicação de pena quando houver, efetivamente, a 
prática de determinada infração penal; 
● Nullum crimen sine lege: a infração penal deverá sempre estar expressamente prevista na lei penal; 
● Nulla lex (poenalis) sine necessitate: a lei penal somente poderá proibir ou impor determinados 
comportamentos, sob a ameaça de sanção, se houver absoluta necessidade de proteger determinados 
bens, tidos como fundamentais ao nosso convívio em sociedade, (direito penal mínimo); 
● Nulla necessitas sine injuria: as condutas tipificadas na lei penal devem, obrigatoriamente, ultrapassar 
a sua pessoa, isto é, não poderão se restringir à sua esfera pessoa, à sua intimidade, ou ao seu 
particular modo de ser, somente havendo possibilidade de proibição de comportamentos quando 
estes vierem a atingir bens de terceiros; 
● Nulla injuria sine actione: as condutas tipificadas só podem ser exteriorizadas mediante a ação do 
agente, ou omissão, quando previsto em lei; 
● Nulla actio sine culpa: somente as ações culpáveis podem ser reprovadas; 
● Nulla culpa sine judicio: é necessário adoção de um sistema nitidamente acusatório, com a presença 
de um juiz imparcial e competente para o julgamento da causa; 
● Nullum judicium sine accusatione: o juiz que julga não pode ser responsável pela acusação; 
● Nulla accusatio sine probatione: fica a cargo do acusador todo o ônus probatório, que não poderá ser 
transferido para o acusado da prática de determinada infração penal; 
● Nulla accusatio sine defensione: deve ser assegurada ao acusado a ampla defesa, com todos os 
recursos a ela inerentes. 
 
#ATENÇÃO! Em que consiste o garantismo penal integral? 
 
 
 
 
 
 
 
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O Direito penal deve se prestar a garantir não somente os direitos e garantias dos acusados, mas todos os 
direitos e deveres previstos na Constituição. Em que pese não se possa tolerar violações arbitrárias e 
desproporcionais aos direitos daquele sob o qual recai o jus puniendi estatal, não se pode também deixar de 
proteger outros bens que também são juridicamente relevantes para a sociedade. 
Tudo isso deve passar pelo crivo da proporcionalidade. 
Desse modo, o garantismo divide-se em: 
a) Garantismo negativo: visa limitar a função punitiva do Estado, que deve ser aplicada estritamente aos 
casos necessários e em medida adequada, consistindo na proibição de excesso. 
b) Garantismo positivo: busca evitar a impunidade e garantir que os bens jurídicos relevantes à sociedade 
sejam efetivamente protegidos, caracterizando-se pela proibição da proteção insuficiente. 
Quando apenas o garantismo negativo é observado, surge o chamado “garantismo hiperbólico monocular” 
(grave este nome). Hiperbólico: por ser aplicado de modo desproporcional e exagerado. Monocular: por 
enxergar apenas um lado, opondo-se ao garantismo integral. 
 
5. DIREITO PENAL DO INIMIGO 
 
a) Conceito: Aquele que viola o sistema deve ser considerado e tratado como inimigo. O delinquente, 
autor de determinados crimes, não é ou não deve ser considerado como cidadão, mas como um “cancro 
societário”, que deve ser extirpado (Munhoz Conde). 
Jakobs fomenta o Direito Penal do inimigo para o terrorista, traficante de drogas, de armas e de 
seres humanos e para os membros de organizações criminosas transnacionais (vide lei 12.850/2013). 
Destaque-se que nem todo criminoso é inimigo, apenas uma parcela reduzida de criminosos é que 
entra neste rol. 
 
b) Características do direito penal do inimigo: 
● Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios: O legislador é impaciente, não 
aguarda o início da execução para punir o agente); 
● É um direito penal prospectivo e não retrospectivo, na medida em que se pune o inimigo pelo que 
ele poderá fazer, em razão do perigo que representa; 
● O inimigo não é visto como um sujeito de direitos, pois perdeu seu status de cidadão; 
● Pune-se o inimigo pela sua periculosidade e não pela sua culpabilidade, como é no direito penal 
comum; 
● Criação de tipos de mera conduta; 
● Previsão de crimes de perigo abstrato: normalmente, pode haver crimes de perigo abstrato, mas 
sem abusos, flexibilização o princípio da lesividade; 
● As garantias processuais aplicadas ao inimigo são relativizadas ou até mesmo suprimidas. 
 
 
 
 
 
 
 
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● Flexibilização do Princípio da Legalidade: é a descrição vaga dos crimes e das penas. A descrição 
genérica de um crime permite a punição de mais condutas/comportamentos; 
● Inobservância dos Princípios da Ofensividade: relação com a criação de crimes de perigo abstrato) 
e da Exteriorização do Fato (relação com o direito penal do autor); 
● Preponderância do Direito Penal do autor: Flexibilização do princípio da exteriorização do fato; 
● Desproporcionalidade das penas; 
● Surgimento das chamadas “leis de luta ou de combate”: Exemplo - Lei 8.072/90 e Lei 12.850/2013. 
Alguns doutrinadores sustentam que tais leis têm predicados de direito penal do inimigo; 
● Endurecimento da Execução Penal: O regime disciplinar diferenciado é um resquício do direito penal 
do inimigo; 
 
*ATENÇÃO: O Direito Penal do inimigo também é conhecido como a “terceira velocidade do Direito Penal”. 
Isto porque se aplica a pena de prisão e também por ser extremamente célere, já que suprime direitos e 
garantias. 
 
5.1 Velocidades do Direito Penal (Jesús-Maria Silva Sánchez) 
 
Segundo, Cleber Masson (2017, p. 111) a teoria das velocidades do direito penal “parte do 
pressuposto de que o Direito Penal, no interior de sua unidade substancial, contém dois grandes blocos, 
distintos, de ilícitos: o primeiro das infrações penais às quais são cominadas penas de prisão (direito penal 
nuclear), e o segundo, daqueles que se vinculam aos gêneros diversos de sanções penais (direito penal 
periférico)”. 
 
● Primeira velocidade: Direito Penal “da prisão”, aplicando-se penas privativas de liberdade como 
resposta aos crimes praticados, com a rígida observância das garantias constitucionais e processuais. 
Aplicada a delitos graves. 
● Segunda velocidade: Direito penal reparador. São aplicadas aqui penas alternativas à prisão, como 
restritivas de direitos ou pecuniárias, de forma mais rápida, sendo admissível, paratanto, uma 
flexibilização proporcional dos princípios e regras processuais. Aplicável a delitos de menor 
gravidade. 
☠ Foi tema da prova discursiva do concurso de Delegado do Espírito Santo em 2019! 
● Terceira velocidade: Novamente temos aqui a prisão por excelência. Contudo, difere-se da primeira 
por permitir a flexibilização e até a supressão de determinadas garantias. Aplicada aos delitos de 
maior gravidade. 
Remete ao direto penal do inimigo, já explicado acima. 
Também poderiam constituir exemplos a Lei de Crimes Hediondos e a Lei de Organizações Criminosas 
na legislação pátria. 
 
 
 
 
 
 
 
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● Quarta velocidade: Neopunitivismo. Ligada ao direito internacional. É o processamento e 
julgamento pelo TPI de chefes de Estado que violarem tratados e convenções internacionais de tutela 
de Direitos Humanos e praticarem crimes de lesa-humanidade, de modo que, por esta razão, se 
tornarão réus perante o referido tribunal e terão, dentro do contexto, suas garantias penais e 
processuais penais diminuídas. 
● Quinta velocidade: hodiernamente, já se fala em Direito Penal de 5ª (quinta) velocidade, que trata 
de uma sociedade com maior assiduidade do controle policial, o Estado com a presença maciça de 
policiais na rua, no cenário onde o Direito Penal tem o escopo de responsabilizar os autores, diante 
da agressividade presente em nossa sociedade de relações complexas e, muitas vezes, 
(in)compreensíveis. #PERTINÊNCIATEMÁTICA 
 
6. FONTES DO DIREITO PENAL 
 
☠ Foi tema de prova oral do concurso de Delegado de Polícia de Minas Gerais em 
2018 
 
São as formas pelas quais o direito penal é criado e, posteriormente, manifestado. 
 
a) Fonte Material: Diz respeito à criação do Direito Penal. Via de regra, é a União, art.22, I, da CF/88, pois 
“compete privativamente à União legislar sobre direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, 
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho”. 
 
*Atenção: O artigo 22, parágrafo único, CF/88, prevê que “Lei Complementar poderá autorizar os Estados a 
legislar sobre questões específicas relacionadas neste artigo”, o que permite entender que abarca, inclusive, 
o Direito Penal. Então podemos ter uma lei complementar autorizando o estado a legislar sobre questões 
específicas de direito penal. É chamada DELEGAÇÃO EM PRETO – pois essa lei complementar não pode 
delegar genericamente. Têm que ser pontos específicos/questões específicas. 
 
 Obs.: Medida provisória pode versar sobre direito penal? 
 R.: A EC 32/01 inseriu dispositivo expresso na CF/88 vedando a edição de medida provisória versando 
sobre direito penal. Até 2001 não existia regra expressa na CF/88 vedando a edição de medida provisória 
sobre matéria penal. Tanto que o próprio STF, antes dessa EC 32, apreciou o RE 254.818/PR – 2000, 
especificando que MP não poderia versar sobre direito penal, exceto se favorável ao réu. 
 
 Esse julgado (2000), anterior à EC 32/2001, que estabeleceu ser possível a edição de medida 
provisória quando favorável ao réu, subsistiria após a EC 32/01, considerando que, com essa EC, passou-se a 
vedar, de forma abstrata, a edição de medida provisória sobre matéria penal? 
 
 
 
 
 
 
 
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 R.: A doutrina e a jurisprudência são pacíficas no sentido de que é possível a edição de medida 
provisória versando sobre direito penal quando favorável ao réu, de modo que o entendimento exarado no 
bojo do RE 254.818 subsistiria após a edição da EC 32/01. 
 
Segundo explica o autor Cleber Masson, "É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria 
relativa a Direito Penal (CF, art. 62, § 1.º, I, alínea b), seja ela prejudicial ou mesmo favorável ao réu. Nada 
obstante, o Supremo Tribunal Federal historicamente firmou jurisprudência no sentido de que as medidas 
provisórias podem ser utilizadas na esfera penal, desde que benéficas ao agente". (MASSON, Cleber. 
Direito Penal. Parte Geral. Volume 1. 13ª edição. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019, p. 97). 
STF no RE 254818/PR: 
I. Medida provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal - extraída pela doutrina consensual - 
da interpretação sistemática da Constituição -, não compreende a de normas penais benéficas, assim, as 
que abolirem crimes ou lhes restringem o alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de 
isenção de pena ou de extinção de punibilidade. II. Medida provisória: conversão em lei após sucessivas 
reedições, com cláusula de "convalidação" dos efeitos produzidos anteriormente: alcance por esta de 
normas não reproduzidas a partir de uma das sucessivas reedições. III. MPr 1571-6/97, art. 7º, § 7º, 
reiterado na reedição subsequente (MPr 1571-7, art. 7º, § 6º), mas não reproduzido a partir da reedição 
seguinte (MPr 1571-8 /97): sua aplicação aos fatos ocorridos na vigência das edições que o continham, por 
força da cláusula de "convalidação" inserida na lei de conversão, com eficácia de decreto-legislativo.(STF - 
RE: 254818 PR, Relator: SEPÚLVEDA PERTENCE, Data de Julgamento: 08/11/2000, Tribunal Pleno, Data de 
Publicação: DJ 19-12-2002 PP-00081 EMENT VOL-02096-07 PP-01480 RTJ VOL-00184-01 PP-00301). 
 
b) Fonte Formal: Diz respeito à aplicação do Direito Penal. Esse ponto varia um pouco de doutrinador para 
doutrinador. 
 
DOUTRINA CLÁSSICA DOUTRINA MODERNA 
Imediata: 
● Lei (Desdobramento do princípio da 
reserva legal, que prevê a criação de 
crime e cominação de penas como 
um monopólio da lei. Aqui, estamos 
falando em lei ordinária). 
Imediata: 
● Lei 
● Constituição Federal 
● Tratados Internacionais de Direitos Humanos 
● Jurisprudência 
● Princípios 
● Atos administrativos (complementos de normas 
penais em branco). 
 
*Porém, até mesmo aqui, a única fonte formal que pode 
criar tipos penais e culminar penas é a lei (reserva legal). 
 
 
 
 
 
 
 
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O restante é fonte não-incriminadora. 
Mediatas: 
● Costumes 
● Princípios gerais do Direito 
● *Alguns colocam atos 
administrativos. 
Mediatas: 
● Doutrina 
 Fonte informal: 
● Costumes 
 
i. Lei - É o único instrumento normativo capaz de criar infração penal e cominar sanção penal (única 
fonte formal imediata incriminadora). 
 
ii. Constituição Federal – Não cria infração penal e não comina sanção penal (nem pena, nem medida 
de segurança). 
 
☞ Pergunta (fase oral MP/SP) – Se a lei pode criar crimes e cominar penas, por que a CF, que é uma norma 
superior à lei, não pode fazer isso (afinal, quem pode o mais pode o menos)? Em razão de seu processo 
moroso de alteração. Ademais, a CF não pode criar crime e nem alterar pena, pois o seu processo de 
alteração é super rígido e incompatível com as necessidades do direito penal. 
 
☞ CUIDADO! A Constituição Federal, porém, fixa alguns patamares abaixo dos quais a intervenção penal 
não se pode reduzir. São os chamados “mandados constitucionais de criminalização” (patamares 
mínimos). Exemplos de mandados constitucionais de criminalização: 
 
Art.5º, XLI, CF – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e 
liberdades fundamentais. 
Art. 5º, XLII, CF – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, 
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. (Observe que o constituinte disse que 
quem vai criar o crime de racismo é a lei, mas quando esse crime for criado, a lei 
deve puni-lo com, no mínimo, reclusão, qualquer que seja a pena). 
Art.5º, XLIII, CF – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou 
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os 
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;☞ Pergunta de Concurso: Existe mandado constitucional de criminalização implícito ou tácito? 
 
 
 
 
 
 
 
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 R: De acordo com a maioria, existem mandados constitucionais de criminalização implícitos, com a 
finalidade de evitar a intervenção insuficiente do Estado (imperativo de tutela). No mais, sustenta a maioria 
que sim, decorrente do nosso sistema jurídico de proteção dos direitos humanos. Por exemplo, a nossa 
Constituição, ao garantir o direito à vida, está, implicitamente, determinando a criminalização do homicídio 
(se todos têm direito à vida, não se pode permitir que o homicídio não seja crime). 
 
iii. Tratados Internacionais de Direitos Humanos (TIDH) 
 Como é sabido, os TIDH entram no ordenamento interno podendo ostentar 02 status: 
⦁ Se recepcionados com quórum de emenda constitucional, têm status de emenda; 
⦁ Se o TIDH for recepcionado com quórum comum, terá status infraconstitucional, porém supralegal. 
 
ATENÇÃO: Os tratados internacionais podem ser classificados como fonte do direito penal apenas quando 
incorporados ao direito interno. Se versar sobre direitos humanos e for aprovado seguindo o rito de 
emendas constitucionais, terá força normativa de emendas constitucionais (art. 5º, §3°, CF). Caso não siga 
tal rito, terá força de norma supralegal. 
 
iv. Jurisprudência 
 Não cria crime; não comina pena. Mas, na prática, às vezes, a jurisprudência cria o direito penal. 
Ademais, revela Direito Penal podendo inclusive ter caráter vinculante. Um exemplo disso é o caso do crime 
continuado, em que a jurisprudência define o que são condições de tempo e lugar para fim de definição da 
continuidade delitiva. A condição de tempo é de 30 dias de intervalo entre as infrações; a condição de lugar 
também é definida pela jurisprudência. 
 
Art. 71, CP – Quando o agente, mediante mais de uma ação e omissão, pratica 2 ou 
mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de 
execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como 
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou 
a mais grave, se diversas, aumentada em qualquer caso, de 1/6 a 2/3. 
 
Obs: Súmulas vinculantes – Elas também são fontes do direito penal. 
 
a. Princípios - Não criam crime nem cominam pena. Mas vários são os julgados absolvendo ou 
reduzindo pena com base em princípios. Ex: Princípio da Insignificância – causa de atipicidade 
material. 
 
 Iremos aprofundar o estudo sobre os princípios mais adiante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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b. Atos administrativos - Fonte formal imediata quando complementam norma penal em branco. Ex: 
Lei de drogas é complementada por uma Portaria da ANVISA. 
 
c. Doutrina: Para alguns autores, a doutrina não é fonte do direito penal por não ter força cogente, ou 
seja, não ser revestida de obrigatoriedade. 
 
d. Costumes 
● Costume é a repetição de um comportamento (elemento objetivo) em face da crença na sua 
obrigatoriedade (elemento subjetivo). 
≠ de hábito, que consiste na mera repetição de comportamento (elemento objetivo), mas sem 
a crença na sua obrigatoriedade. 
● Costume não cria crime, não comina pena, só a Lei pode criar crimes e cominar penas, em razão do 
princípio da legalidade (veda-se o costume incriminador). 
 
Princípio da Legalidade x Costumes: 
A lex scripta, uma das funções de garantia do princípio da legalidade – como veremos adiante - proíbe que 
se utilize dos costumes como fonte incriminadora do direito penal (impossibilidade de utilizar costumes 
para incriminar condutas ou cominar penas). Portanto, os costumes não têm o condão de criminalizar 
condutas e nem cominar penas. 
Qual a função dos costumes no direito penal? 
De acordo com Nilo Batista e Zaffaroni, os costumes têm uma função integrativa ou integradora. Isso quer 
dizer que os costumes desempenham a função de integrar a atribuição de sentidos de determinadas 
expressões do tipo penal, em especial os elementos normativos do tipo. Trata-se de uma função 
interpretativa/hermenêutica. Por exemplo: Art. 233, CPP – crime de ato obsceno. Quem vai determinar o 
sentido de ato obsceno? Vai ser determinado pelo sentido compartilhado pela sociedade, de forma reiterada. 
É um conceito normativo porque exige um juízo de valor, e esse juízo de valor é um juízo temperado e 
contextualizado de acordo com a prática social da comunidade. Portanto, a função integrativa dos costumes 
atua de forma muito mais efetiva nos elementos normativos do tipo (que exigem valoração). 
 
● Espécies de costumes: 
i. Costume secundum legem (costume interpretativo): possui a função de auxiliar o intérprete 
a entender o conteúdo da lei. Por exemplo, ato obsceno (art. 233 do CP). Vai depender do 
ambiente em que o ato foi praticado e dos costumes locais para que ele seja assim 
considerado ou não. 
ii. Costume contra legem (costume negativo): é chamado de DESUETUDO. É aquele que 
contraria uma lei, mas não a revoga.Ex.: Venda de CDs piratas. 
iii. Costume praeter legem (costume integrativo): é aquele usado para suprir as lacunas da lei. 
É válido, mas só pode ser usado no campo das normas penais não incriminadoras e apenas 
 
 
 
 
 
 
 
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para favorecer o agente. Ex.: a circuncisão em meninos de determinadas religiões não é 
considerada crime. 
 
#SELIGA: Existe costume abolicionista? 
▪ 1ª Corrente: Admite-se o costume abolicionista, aplicado nos casos em que a infração penal não mais 
contraria o interesse social. Defende a função derrogatória dos costumes. Ex. Para esta corrente, o 
jogo do bicho não é mais contravenção penal. 
▪ 2ª Corrente: Diz que não existe costume abolicionista. Quando o fato já não é mais indesejado pela 
sociedade, o juiz não deve aplicar a lei. Ex: Para esta corrente, o jogo do bicho permanece 
formalmente típico, porém não aplicável, sem eficácia social (não tem tipicidade material). 
▪ 3ª Corrente (PREVALECE): Entende que não existe costume abolicionista. Enquanto não revogada 
por outra lei, a norma tem plena eficácia. É a que prevalece e está de acordo com a lei de introdução 
às normas do direito brasileiro. Ex: Jogo do bicho continua tipificado como contravenção penal, 
sendo aplicável no caso concreto. 
 
* ATENÇÃO: Para aqueles que não adotam a tese do costume abolicionista, é possível o uso do costume 
segundo a lei (costume interpretativo), que vai servir para aclarar o significado de uma palavra, de um texto. 
 
7. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL: 
 
 Princípios são os valores fundamentais que inspiram a criação e a manutenção do sistema jurídico. 
No caso dos princípios penais, eles vão orientar a atuação do legislador na elaboração da legislação penal e 
do operador do direito em sua aplicação. 
 De acordo com o Professor Delegado Marcus Montez, esses princípios têm a chamada “força 
normativa, força de impor ao legislador, intérprete, partes, particular. Nesse sentido, princípio não é apenas 
aquele “princípio geral de direito”, pelo contrário, ele tem força cogente e impositiva”. 
 A função dos princípios é limitar o poder de punir do Estado. Isso porque, o Estado, por natureza, é 
arbitrário, pois invade a esfera de liberdade do indivíduo. Então o Direito Penal é visto como instrumento de 
contenção do Estado, que vai tolher o Estado ao máximo visando garantir a liberdade do sujeito, garantias 
mínimas para que se possa desenvolver direitos de 1ª geração. 
 Por fim, vale relembrar que a maioria dos princípios está constitucionalizada, seja implícita ou 
explicitamente, de modo que é possível utilizar tais princípios para efetuar controle de constitucionalidade. 
💣 Além das questões de concursos que tratam diretamente dos princípios, o simples fato de entenderos valores que eles trazem nos orientam muito no raciocínio necessário para a solução de muitas outras, por 
isso é um tema que não pode ser negligenciado, ok? 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7.1 Princípios Relacionados com a Missão Fundamental do Direito Penal 
 
7.1.1 Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos 
 
 O Direito Penal deve servir apenas e tão somente para proteger bens jurídicos relevantes (Roxin). 
Ademais, nenhuma criminalização é legítima se não busca evitar a lesão ou o perigo de lesão a um bem 
juridicamente determinado. Impede que o Estado utilize o Direito Penal para a proteção de bens ilegítimos. 
 Assim, não pode incriminar pensamentos ou intenções, questões morais, éticas, ideológicas, 
religiosas ou finalidades políticas. Para a teoria constitucional do Direito Penal, aliás, a referida eleição de 
bens jurídicos deve refletir os valores constitucionais, a exemplo do homicídio, que tutela o direito 
fundamental à vida. 
 Dessa forma, o princípio da proteção aos bens jurídicos defende que o direito penal deve servir 
apenas para proteger bens jurídicos relevantes, bens jurídicos indispensáveis ao convívio em sociedade. 
 Mas o que é bem jurídico? 
 R.: Trata-se de um tema extremamente controvertido, de modo que vamos tentar simplificá-lo para 
melhor compreensão. 
 Para Luiz Regis Prado, bem jurídico é um ente material ou imaterial, haurido do contexto social, de 
titularidade individual ou metaindividual, reputado como essencial para a coexistência e o desenvolvimento 
do homem em sociedade. 
 Por sua vez, Luis Greco e Roxin se filiam ao mesmo conceito, mas usam expressões diferentes. 
● Roxin – bem jurídico será a relação real da pessoa com um valor concreto, reconhecido pela 
comunidade. 
● Luis Greco – bem jurídico são dados fundamentais para a realização pessoal dos indivíduos ou para 
a subsistência do sistema social nos limites da ordem constitucional 
Nesse sentido, para conceituar bem jurídico, é imprescindível levar 2 pontos em consideração: 
1) Fundamento do bem jurídico: o conceito de bem jurídico tem que ter como ponto central, 
como fundamento, a importância do bem àquela pessoa. Tem que ser um bem de 
importância vital, fundamental, de modo que a existência dessa pessoa ou seu bem-estar 
estejam ameaçados com a criminalização daquela conduta. 
2) Titularidade do bem jurídico: É importante saber quem é o titular desse bem jurídico. Para 
quem o BJ tem essa importância fundamental? 
 
* ATENÇÃO: A espiritualização dos bens jurídicos no Direito Penal (Roxin) revela uma evolução quanto à 
proteção dos bens jurídicos dentro do Direito Penal. Em um momento inicial, apenas os crimes de dano 
contra bens jurídicos individuais possuíam relevância no âmbito penal. Modernamente, o Direito Penal 
antecipou a tutela, assumindo um papel preventivo, passando a punir os crimes de perigo contra bens 
supraindividuais (como por exemplo, a tipificação de crimes ambientais). 
 
 
 
 
 
 
 
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- Parcela da doutrina critica essa expansão da tutela penal na proteção de bens jurídicos de caráter difuso ou 
coletivo. Argumenta-se que tais bens são formulados de modo vago e impreciso, bem como, que não seria 
esse o papel do direito penal, que deve ser utilizado apenas como última ratio, havendo outras searas que 
poderiam solucionar tais questões, em razão dos princípios que estudaremos a seguir. 
 
 Confira a dica do professor Marcelo Veiga: 
 
https://youtu.be/zE14JCcjH6g 
 
 
Atenção! temática “bem jurídico” tem sido a “modinha” dos certames e, por isso, deve o candidato 
estar atento as nuances. 
 
De acordo com os autores João Paulo Martinelli e Leonardo Schmitt de Bem, na obra "Direito Penal 
- Lições Fundamentais", da Editora D'Plácido, na página 171, “A noção de ‘bem jurídico aparente’ identifica-
se com as hipóteses nas quais, por meio do uso reificante da linguagem e da adoção de uma perspectiva 
distanciada, acaba-se por ocultar a ausência de um efetivo bem jurídico tutelado pela norma.” 
Explicam ainda os autores: 
"... protege-se um somatório de integridades físicas individuais (...) no que tange à incolumidade 
pública como um bem jurídico coletivo apenas na aparência significa dizer que a proteção desses bens 
jurídicos não poderá ser realizada independentemente dos particulares, mas deverá ser instrumental ou 
dirigir-se à realização dos interesses individuais de todos os membros sociais. Por outro lado, o meio 
ambiente, a administração estatal da Justiça, a ordem econômica e a autenticidades das moedas são 
considerados verdadeiros bens jurídicos coletivos, pois não podem ser fracionados em bens individuais 
somados. Em síntese, é impossível, por exemplo, conceber o meio ambiente como a soma de vários bens 
jurídicos individuais." 
 
7.1.2 Princípio da Intervenção Mínima 
 
a) Origem histórica: Declaração dos direitos do homem e do cidadão (1789) 
 
 
 
 
 
 
 
https://youtu.be/zE14JCcjH6g
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 No art. 8º desse diploma, temos a imposição de que o direito penal deve estabelecer penas estrita e 
evidentemente necessárias. Isso, de certa forma, traz a ideia originária do princípio da intervenção mínima: 
pois o Direito Penal só deve intervir quando for estrita e evidentemente necessária 
 
b) Introdução 
 O direito penal só deve ser aplicado quando a criminalização de um fato é estritamente necessária à 
proteção de determinado bem ou interesse, não sendo suficientemente tutelado por outras searas do 
direito. O direito penal é o último grau de proteção jurídica. 
 Em outras palavras: O direito penal em um Estado Democrático de Direito atua como ultima 
ratio/ultima razão/ultima saída. Isso porque o direito penal só deve atuar quando os outros ramos do direito 
já tenham fracassado na tentativa de solucionar aquele conflito. Não pode ser usado como prima ratio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como na figura, nem tudo o que é ilícito caracteriza um ilícito penal, mas apenas uma pequena 
parcela. Porém, todo ilícito penal será também ilícito perante as demais searas do direito. 
Ex.: se um funcionário público pratica crime, isso sempre configurará também uma infração 
administrativa. Porém, a recíproca não é verdadeira. Nem toda infração administrativa encontrará uma 
correspondente tipificação penal. 
Obs.: Trata-se de um princípio um implícito na CF/88, que pode ser retirado, principalmente, do 
princípio da dignidade da pessoa humana. (art. 1º, III, CF/88) 
 
c) Destinatários de finalidade: dois são os destinatários do referido princípio: 
● Legislador (no plano abstrato); 
● Aplicador do direito (no plano concreto). 
 Nessa linha, temos que a intervenção mínima deve ser observada tanto pelo legislador, no momento 
de selecionar as condutas que passaram a ser tuteladas pelo Direito Penal, como também, deve ser 
observado pelo aplicador do direito no caso em concreto. 
 
 
ILÍCITOS EM GERAL 
 
ILÍCITOS 
PENAIS 
 
 
 
 
 
 
 
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d) Finalidade do princípio da intervenção mínima: trata-se de um reforço ao princípio da reserva legal, 
posto que não é suficiente que tenha lei prevendo aquela conduta como criminosa, é necessário 
ainda que a intervenção penal cominada pela lei seja efetivamente necessária. 
 
Rogério Sanches argumenta que “o princípio da intervenção mínima tem duas faces: orienta quando e onde 
o direito penal deve intervir (neocriminalização); por outro lado, também orienta quando e onde o direito 
penal deve deixar de intervir (abolitio criminis)”. A abolitio criminis é fenômeno verificado sempre que o 
legislador, atento às mutações sociais (e ao princípio da intervenção mínima), resolve

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