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AULA 01

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AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JUSTIÇA DO TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Roberto Peixoto 
 
 
 
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TEMA 1 – DOS ÓRGÃOS INTEGRANTES DO PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO 
O Estado, em sua concepção moderna, impede a existência de 
superposição de poderes, o que fez surgir a teoria da tripartição dos poderes do 
Estado, passando assim o poder do Estado a ser exercido por três órgãos: 
Legislativo, Executivo e o Poder Judiciário. 
Em um estado democrático de direito, em que as instituições são 
respeitadas, o Poder Judiciário exerce um importante papel na construção de uma 
sociedade justa e equânime, servindo em recentes ocasiões como mediador de 
conflitos, sempre em busca da pacificação social e da própria justiça. 
Assim, o Poder Judiciário passou a ter a responsabilidade de ser o 
“guardião da Constituição”, com a obrigação de preservar valores e garantir a 
dignidade da pessoa humana e diversos outros direitos, sendo que alguns 
possuem inclusive status de direito fundamental, que, por sua vez, são 
consideradas “cláusulas pétreas”, portanto, imutáveis, na forma artigo 60, 
parágrafo 4º da Constituição Federal de 88 (Brasil, 1988). 
A divisão dos órgãos do Poder Judiciário encontra-se descrita no art. 92 da 
Constituição Federal de 1988, cuja alteração se deu com a entrada em vigor da 
Emenda Constitucional n. 45/2004, passando a vigorar com a seguinte redação. 
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: 
I - o Supremo Tribunal Federal; 
I-A o Conselho Nacional de Justiça; 
II - o Superior Tribunal de Justiça; 
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho 
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; 
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; 
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; 
VI - os Tribunais e Juízes Militares; 
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 
Dentre as inovações do novo texto constitucional, inclui-se o Conselho 
Nacional de Justiça, cuja função é exercer um controle externo administrativo e 
financeiro da atuação do Poder Judiciário, além de outras atribuições descritas no 
artigo 103-B da Constituição Federal de 1988. 
Assim, passamos agora a discorrer sobre a organização e composição dos 
órgão que compõem o Poder Judiciário trabalhista. 
 
 
 
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TEMA 2 – DA ORGANIZAÇÃO E COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO 
TRABALHO 
No direito do trabalho, muito embora existam recursos que podem ser 
destinados ao Supremo Tribunal Federal, temos como última instância em matéria 
trabalhista o Tribunal Superior do Trabalho. 
O Poder Judiciário, na esfera trabalhista, tem a sua organização e divisão 
prevista no art. 111 da Constituição Federal de 1988, que prevê que são órgãos 
da Justiça do Trabalho: o Tribunal Superior do Trabalho, os Tribunais Regionais 
do Trabalho e os Juízes do Trabalho (Brasil, 1988). 
Até o advento da Emenda Constitucional n. 24/1999, existia a figura do “juiz 
classista” em número de dois, sendo um representando os empregados e outro o 
empregador, com o objetivo de buscar uma solução para o conflito mediante a 
realização de um acordo entre as partes litigantes. 
Porém, como narrado, a EC 24/1999 extinguiu a função de juiz classista, 
passando o juiz do trabalho a ser o responsável, em primeira instância, pela 
condução do processo dentro de suas competências que serão futuramente 
abordadas (Brasil, 1999). 
O Tribunal Superior do Trabalho possui em sua composição 27 (vinte e 
sete) ministros, que devem ser escolhidos dentre aqueles brasileiros que possuam 
mais de 35 anos, de ilibado e notável saber jurídico, e que sejam indicados pelo 
Presidente da República, após a aprovação pela maioria absoluta do Senado 
Federal. 
A composição do Tribunal Superior do Trabalho deve obedecer às 
disposições contidas nos incisos I e II do art. 111-A da Constituição Federal, 
devendo-se obedecer ao quinto constitucional, que garante 1/5 das vagas aos 
advogados e membros do Ministério Público com mais de 10 anos de efetivo 
exercício de atividade, e o restante das vagas destinadas aos magistrados de 
carreira, indicados pelo próprio TST (Brasil, 1988) 
A Justiça do Trabalho, desde que foi criada, possui três graus de jurisdição. 
Em primeiro grau, temos as varas do trabalho, que, antes da EC n. 24/1999, 
eram chamadas de Junta de Conciliação de Julgamento; em segundo grau, os 
Tribunal Regionais do Trabalho, e, por fim, em um terceiro grau, o Tribunal 
Superior Trabalho. 
 
 
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Para fins de organização interna, a Constituição Federal de 1988, em seu 
art. 96, I, “a”, conferiu ao órgão superior em matéria trabalhista a autonomia para 
edição de seu regimento interno, o que foi realizado por meio de Resolução 
Administrativa n. 1295/2008. 
No regimento interno do TST, dispõe o art. 59 sobre os órgãos que 
compõem o tribunal, citando: 
I. Tribunal pleno; 
II. Órgão especial; 
III. Seção Especializada em Dissídios Coletivos; 
IV. Seção Especializada em Dissídios Individuais, dividida em duas 
subseções; e 
V. Turmas; 
Além destes órgãos, funcionam a Escola Nacional de Formação e 
Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho - ENAMAT e o Conselho Superior 
da Justiça do Trabalho – CSJT, cujas atribuições também serão adiante 
debatidas. 
O Tribunal Pleno é constituído pelos ministros da Corte e para seu 
funcionamento é necessário que haja, no mínimo, quatorze ministros, bem como 
deve haver maioria absoluta para tratar de assunto sobre: 
I. Escolha dos nomes que integrarão a lista destinada ao preenchimento de 
vaga de Ministro do Tribunal, observado o disposto no art. 4.º, parágrafo 
2.º, II; 
II. Aprovação de Emenda Regimental; 
III. Eleição dos ministros para os cargos de direção do Tribunal; 
IV. Aprovação, revisão ou cancelamento de súmula ou de precedente 
normativo; e 
V. Declaração de inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder 
público. 
O Órgão Especial, cujas atribuições estão previstas no art. 69 e seguintes 
do Regimento Interno do TST, tem em sua composição o presidente do Tribunal, 
seu vice-presidente, o corregedor geral na Justiça do Trabalho, e ainda pelos sete 
ministros mais antigos, além de sete ministros eleitos pelos membros do Tribunal 
Pleno (TST, 2008). 
 
 
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Há também no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho a Seção 
Especializada em Dissídio Coletivo (SDC) e a Seção de Especializada em Dissídio 
Individuais (SDI 1 e 2). 
A SDC é composta pelo presidente e o vice-Presidente do Tribunal, o 
corregedor geral da Justiça do Trabalho e mais seis ministros, exigindo como 
quórum mínimo para funcionamento a presença de ao menos cinco ministros. 
Já a SDI (1 e 2) possui em sua composição vinte e um ministros (o 
presidente e o vice-presidente do Tribunal, o corregedor geral da Justiça do 
Trabalho e mais dezoito ministros) e funciona em composição plena ou dividida 
em duas subseções para julgamento dos processos de sua competência. 
Pelo funcionamento da SDI na sua forma plena, o art. 65, parágrafo 1º do 
Regimento Interno do TST, exige que um quórum mínimo de onze ministros, 
porém, as deliberações apenas poderão ocorrer pelo voto da maioria absoluta dos 
integrantes da seção (TST, 2008). 
Como mencionado, a Seção de Dissídios Individuais é dividida em duas 
subseções: A SDI- I e a SDI II. 
A Seção de Dissídios Individuais n. 1 do TST tem em sua composição 
quatorze ministros, sendo o presidente e o vice-presidente do Tribunal, o 
corregedor geral da Justiça do Trabalho e mais onze ministros, preferencialmente 
os presidentes de Turma, sendo exigida a presença de pelo menos oito ministros 
para o seu funcionamento. 
É importante a menção de que deve haver ao menos um e no máximo dois 
integrantes de cada Turma na composição da Subseção I Especializada em 
Dissídios Individuais. 
Já a Seção de Dissídios Individuais n. 2 do TST é composta também pelo 
presidente e o vice-presidente do Tribunal, o corregedor geral da Justiçado 
Trabalho e mais sete ministros, sendo exigida a presença de, no mínimo, seis 
ministros para o seu funcionamento. 
Por fim, divide-se ainda o Tribunal Superior do Trabalho em 8 (oito) turmas, 
cada qual constituída por três ministros, sendo este o quórum mínimo para sessão 
de julgamento, resguardada a possibilidade de convocação de ministro de outra 
turma, mediante prévio entendimento, para fazer parte do julgamento. 
 
 
 
 
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TEMA 3 – DA ORGANIZAÇÃO DOS TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO 
Temos, ainda no âmbito do Poder Judiciário na esfera trabalhista, os 
Tribunais Regionais do Trabalho, que originalmente, na forma do art. 112 da 
Constituição Federal de 1988, previa que deveria haver um Tribunal Regional do 
Trabalho em cada Estado e no Distrito Federal (Brasil, 1988). 
Após o advento da EC n. 45/2004, foi dada nova redação ao texto 
constitucional, retirando a obrigatoriedade de instalação de ao menos um Tribunal 
Regional do Trabalho por Região, havendo assim a possibilidade de que um 
Tribunal tenha jurisdição sobre duas unidades da federação, citando, por exemplo, 
o TRT da 14ª Região, que possui jurisdição sobre os estados de Rondônia e Acre 
(Brasil, 2004). 
Adverte-se que o art. 674 da CLT prevê apenas a instalação e 
funcionamento de 8 (oito) TRTs, dividindo o Estado brasileiro em 8 (oito) regiões, 
porém o referido artigo foi tacitamente revogado pela Constituição Federal de 
1988 e suas posteriores emendas constitucionais. 
Assim, hoje existem 24 (vinte e quatro) TRTs, dividindo o país em 24 
Regiões, conforme distribuição abaixo: 
 1ª Região – Rio de Janeiro 
 2ª Região – São Paulo 
 3ª Região – Minas Gerais 
 4ª Região – Rio Grande do Sul 
 5ª Região – Bahia 
 6ª Região – Pernambuco 
 7ª Região – Ceará 
 8ª Região – Pará e Amapá 
 9ª Região – Paraná 
 10ª Região – Distrito Federal e Tocantins 
 11ª Região – Amazonas e Roraima 
 12ª Região – Santa Catarina 
 13ª Região – Paraíba 
 14ª Região – Acre e Rondônia 
 15ª Região – Municípios do estado de São Paulo não englobados pela 2ª 
Região 
 
 
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 16ª Região – Maranhão 
 17ª Região – Espírito Santo 
 18ª Região – Goiás 
 19ª Região – Alagoas 
 20ª Região – Sergipe 
 21ª Região – Rio Grande do Norte 
 22ª Região – Piauí 
 23ª Região – Mato Grosso 
 24ª Região – Mato Grosso do Sul 
Os Desembargadores do Trabalho (assim denominados após Resolução n. 
104/2012 do CSJT) devem ser nomeados pelo Presidente da República, e o seu 
número é variado de acordo com o volume de processos, sendo composto o 
Tribunal ao menos de sete juízes, recrutados entre os advogados e membros de 
Ministério Público do Trabalho, ambos com mais de 10 anos de efetiva atividade 
profissional, e os demais, mediante promoção dos juízes do trabalho, de forma 
alternada entre antiguidade e merecimento. 
Cabem aos TRTs ainda a elaboração do seu próprio regimento interno, com 
regras relativas a questões institucionais do órgão, com o estabelecimento de 
competências, composição de turmas, dentre outras, ressaltando que estas 
devem ser compatíveis com as normas da CLT e com a Constituição Federal. 
TEMA 4 – DA COMPOSIÇÃO DAS VARAS DE TRABALHO 
Em 1ª instância, existem as varas do trabalho, que possuem jurisdição 
determinada pelo local da sua instalação, abrangendo um ou por vezes mais de 
um munícipio, cabendo à lei fixar a competência territorial da Vara correspondente 
a determinado local. 
Antes de EC n. 24/1999, a Vara do Trabalho era composta por três juízes, 
sendo um togado e outros dois classistas. Atualmente, porém, e na forma do 
disposto 116, caput, da Constituição Federal, “nas Varas do Trabalho, a jurisdição 
será exercida por um juiz singular.” (Brasil, 1988). 
É importante mencionar que cada Vara do Trabalho é composta por dois 
juízes, aprovados por concurso público e empossados pelo desembargador 
presidente do Tribunal Regional do Trabalho correspondente, sendo um deles o 
titular, que é fixo, e o outro um substituto, que não é. 
 
 
8 
A competência das Varas do Trabalho são aquelas que constam no art. 
114, I a IX, da Constituição Federal (Brasil, 1988) com a exclusão daquelas que 
não sejam de competência originária dos tribunais. 
4.1 Corregedoria Geral e Regional do Trabalho 
A Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho – CGJT é um órgão que 
conduz administrativamente o Tribunal Superior do Trabalho, sendo dirigida por 
um corredor geral eleito para um mandato de 2 anos, na forma do regimento 
interno do TST. 
O corregedor geral tem suas atividades regulamentadas pelo art. 709 da 
CLT, ressaltando-se, porém, a existência do Regimento Interno da Corregedoria-
Geral da Justiça do Trabalho, aprovada pela Resolução Administrativa n. 1.455 
de 24/5/2011 do Órgão Especial do Tribunal Superior do Trabalho, que, na forma 
descrita no art. 39 do RITST, atribui a este órgão disciplinar quais seriam as 
competências (TST, 2011). 
Dentre as atribuições do corregedor geral, está incluída a apresentação na 
última sessão do mês seguinte ao do término da sua gestão, um relatório de todas 
as atividades realizadas pela Corregedoria durante o ano que está se encerrando, 
além de outras funções definidas no regimento interno da Corregedoria Geral, na 
forma do art. 39 do RITST (TST, 2011). 
Por outro lado, estão excluídas das funções do corregedor geral integrar 
Turmas do Tribunal, podendo, porém, participar com voto em incidente de 
inconstitucionalidade, nos processos administrativos e ainda naqueles em que 
estava vinculado por vista ocorrida antes da sua posse. 
Finalmente, o corregedor geral não integra sorteio para distribuição de 
processo, participando, quando não estiver ausente em função da corregedoria, 
das sessões dos órgãos da corte, com direito a voto, com exceção das votações 
das Turmas. 
4.2 Corregedoria Regional 
Inexiste fundamento legal sobre a existência de uma Corregedoria Regional 
do Trabalho, determinando o art. 682, XI, da CLT que cabe ao Desembargador 
Presidente do TRT exercer a correição sobre as Varas ao menos uma vez por 
ano, ou de forma parcial quando necessário (Brasil, 1943). 
 
 
9 
Contudo, e considerando o estabelecido no art. 96, I “a” e “b” da 
Constituição Federal, que garantiu aos Tribunais a elaboração de regimento 
interno, passou a existir a possibilidade de criação pelo próprio Tribunal da 
Corregedoria Regional, a ser exercido pelo Desembargador do Trabalho eleito na 
forma regimental (Brasil, 1988). 
Assim, cabe a cada Tribunal definir em regimento interno a existência da 
Corregedoria Regional do Trabalho, definindo suas competências a atribuições. 
4.3 Dos serviços auxiliares da Justiça do Trabalho 
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 96, “b”, garante aos Tribunais 
Regionais do Trabalho a organização das suas secretarias e dos serviços 
auxiliares, do próprio Tribunal e das Varas do Trabalho. 
Na CLT existe capítulo próprio tratando do assunto, remetendo-se à leitura 
dos arts. 710 a 721. 
Em síntese, consideram-se órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho as 
secretarias, distribuidores, oficiais de justiça e os avaliadores, ressalvando que o 
regimento interno de cada Tribunal tem autonomia para dispor a respeito do tema. 
Quanto aos serventuários da Justiça do Trabalho, estes são servidores 
públicos federais, regidos pela Lei n. 8.112/92, regime único na administração 
pública Federal, devendo para ingressar na carreira, ser aprovado em concurso 
público (art. 37, II da CF/88). 
A nomeação e a posse dos servidores são realizadas pelo Presidente do 
Tribunal, podendo ser atribuída a outrem, desde que haja expressa previsão no 
regimento interno. 
4.4 Serviços auxiliares na primeira instância 
As Varas do Trabalho possuem uma secretaria, composta por servidores 
públicos federais concursados, e suas atribuições vem descrita no art. 711 da 
CLT, que dispõe: 
Art. 711 – Compete à secretaria das Juntas: 
a. o recebimento,a autuação, o andamento, a guarda e a conservação 
dos processos e outros papéis que lhe forem encaminhados; 
b. a manutenção do protocolo de entrada e saída dos processos e 
demais papéis; 
c. o registro das decisões; 
d. a informação, às partes interessadas e seus procuradores, do 
andamento dos respectivos processos, cuja consulta lhes facilitará; 
e. a abertura de vista dos processos às partes, na própria secretaria; 
 
 
10 
f. a contagem das custas devidas pelas partes, nos respectivos 
processos; 
g. o fornecimento de certidões sobre o que constar dos livros ou do 
arquivamento da secretaria; 
h. a realização das penhoras e demais diligências processuais; 
i. o desempenho dos demais trabalhos que lhe forem cometidos pelo 
Presidente da Junta, para melhor execução dos serviços que lhe estão 
afetos. 
Haverá ainda em cada Vara do Trabalho um diretor de secretaria, que é 
indicado pelo juiz titular e nomeado pelo presidente do Tribunal. Observe que, 
nesse caso, o presidente do Tribunal apenas fará a nomeação, competindo ao juiz 
titular da Vara do Trabalho, na forma do art. 5º, da Resolução n. 147/2012, 
empossar o servidor no cargo de Diretor de Secretaria (Brasil, 2012). 
Após ser empossado, passará o servidor a realizar diversas e relevantes 
funções no âmbito da Vara do Trabalho que dirige, citando, por exemplo, 
promover o rápido andamento dos processos, especialmente na fase de 
execução, e a pronta realização dos atos e diligências deprecadas pelas 
autoridades superiores, dar aos litigantes ciência das reclamações e 
demais atos processuais de que devam ter conhecimento, assinando as 
respectivas notificações e abrir a correspondência oficial dirigida à Junta 
e ao seu Presidente, a cuja deliberação será submetida. (Brasil, 2012) 
A relação completa das atividades que devem ser desenvolvidas pelo 
Diretor de Secretaria encontra-se prevista no art. 712 da CLT, alertando, contudo, 
que não obstante constar no referido artigo “secretários das Juntas de Conciliação 
e Julgamento” (Brasil, 1943), após a EC 24/99, a denominação correta é “Vara do 
Trabalho”. 
Como órgão auxiliar, podemos citar ainda o distribuidor, que tem como 
objetivo precípuo a “distribuição, pela ordem rigorosa de entrada, e 
sucessivamente a cada Junta, dos feitos que, para esse fim, lhe forem 
apresentados pelos interessados”. 
Também é no Distribuidor onde são obtidas as certidões de feitos, que 
podem ser utilizadas para os mais diversos fins, servindo comumente para 
verificar a existência de ação trabalhista em caso de compra e venda de imóveis, 
por exemplo. 
A nomeação do servidor é feita pelo presidente do Tribunal, escolhido entre 
os servidores das Varas do Trabalho e também do próprio TRT, por força do art. 
715 da CLT (Brasil, 1943), novamente ficando ressalvada a possibilidade de haver 
previsão diversa no Regimento Interno. 
 
 
 
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4.5 Des serviços auxiliares de segunda instância 
Em segunda instância, também há a necessidade de haver ao menos uma 
secretaria, dirigida por um servidor público designado para a função, recebendo 
gratificação pelo cargo, conforme prevê o art. 718 da CLT (Brasil, 1943). 
As funções do secretário estão descritas no art. 711 da CLT, cabendo a ele 
ainda a conclusão dos processos ao Presidente e sua remessa, depois de 
despachados, aos respectivos relatores e a organização e a manutenção de um 
fichário de jurisprudência do Conselho, para consulta dos interessados (art. 719 
“a” e b” da CLT) (Brasil, 1943). 
Quanto às suas atribuições, sua previsão está contida no art. 720 da CLT, 
que remete ao art. 712 do mesmo diploma legal, ou seja, funções idênticas as 
desempenhadas pelos diretores das Varas do Trabalho (Brasil, 1943). 
No âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, também há uma secretaria, 
dirigida pelo diretor geral, que, em conformidade com o regimento interno do 
Tribunal, deve ser Bacharel em Direito, nomeado de forma comissionada para 
dirigir os serviços judiciários e administrativos do órgão (TST, 2008). 
4.6 Do oficial de justiça avaliador 
Em que pese o art. 721 dispor sobre a existência de dois cargos (oficial de 
justiça e oficial de justiça avaliador), atualmente temos apenas a figura do oficial 
de justiça avaliador. 
Referido servidor exerce relevantíssima função auxiliar na prestação 
jurisdicional, sendo mais atuante na fase executória, em que executa diligências 
como penhora, avaliação, busca e apreensão de bens, dentre outros. 
Na fase de conhecimento, sua atividade é mais restrita, mas sem deixar de 
ser relevante para o bom andamento processual, citando, como exemplo, a 
intimação coercitiva de testemunha e ainda a citação do reclamado quando não 
possui endereço certo e não é localizado para receber a notificação. 
Em cada Vara do Trabalho deve haver ao menos um oficial de justiça 
avaliador, podendo existir ainda, a critério do Tribunal Regional, uma Central de 
Mandados, que centraliza o cumprimento das determinações judiciais enviadas 
pelas Varas do Trabalho que deverão ser realizadas pelo oficial de justiça 
avaliador. 
 
 
12 
Não havendo no local oficial de justiça avaliador, pode o juiz titular da Vara 
do Trabalho nomear qualquer serventuário para o cargo, sendo chamado de oficial 
de justiça ad hoc, ficando investido de todas as prerrogativas do oficial de justiça 
avaliador, como requisitar força policial para cumprimento do mandado. 
Porém, o oficial de justiça ad hoc não goza de nenhuma vantagem pelo 
exercício da função, como vínculo empregatício e gratificação de função por 
exemplo, pois entende a SDI-1 do TST em sua Orientação Jurisprudencial n. 164 
que “Não se caracteriza o vínculo empregatício na nomeação para o exercício das 
funções de oficial de justiça ad hoc, ainda que feita de forma reiterada, pois 
exaure-se a cada cumprimento de mandado” (TST, 2017). 
TEMA 5 – DA JURISDIÇÃO 
Para adentrar no tema proposto, é necessário trazer à luz a clássica lição 
de Carnelutti, que se refere a ela como um meio do Estado compor a lide, 
entendendo ser esta uma pretensão resistida, visando a composição do conflito 
de interesses que lhe são submetidas. 
O conceito moderno de jurisdição, na lição de Greco Filho (2013), passa a 
ser considerado como “o poder, função e atividade de aplicar o direito a um fato 
concreto, pelos órgãos públicos destinados a tal, obtendo-se a justa composição 
da lide” 
Em resumo, jurisdição é um poder atribuído ao Estado para se dizer e 
aplicar o direito, retirando das mãos dos particulares o nobilíssimo escopo da 
busca da justiça. 
Há exceções ao exercício da jurisdição pelo Estado, permitindo-se de 
maneira excepcional que essas atividades sejam realizadas por terceiros, por 
exemplo, a jurisdição exercida pelo senado federal para julgar autoridades por 
crimes de responsabilidade (art. 52, I e II da CF/1988) e, no caso de haver 
compromisso arbitral, na forma do artigo 114, parágrafos 1º e 2ª da Carta Magna 
(Brasil, 1988). 
5.1 Princípios da jurisdição 
Os princípios aplicáveis a Justiça do Trabalho serão abordados na 
sequência, porém, ante a relevância do tema, apresentamos alguns dos princípios 
13 
inerentes à jurisdição cujo conhecimento se mostra importante para o 
prosseguimento dos estudos. 
Pelo princípio da inércia (ou da demanda), a jurisdição apenas será 
instaurada em caso de provocação do interessado, visto que é vedado que aja o 
Poder Judiciário ex officio. 
Já o princípio da inafastabilidade da jurisdição, significa que nada poderá 
obstar o acesso ao Poder Judiciário pelos jurisdicionados, tampouco lesão ou 
ameaça de direito (art. 5º XXXV da CF) (Brasil, 1988). 
O princípio da aderência ao território quer dizer que a jurisdição em regra 
apenas se manifesta dentro dos limites da soberania nacional, vinculado ao 
território da unidade da federação respectiva. 
Quanto ao princípio da investidura, este apenas permite que a jurisdição 
será considerada válida quandoexercida por um juiz devidamente investido no 
cargo. 
O estudo dos princípios não se esgota nesse momento, apenas trazendo 
tais exemplos sobre a sua aplicabilidade relacionados à jurisdição, relegando para 
momento posterior novos estudos sobre o tema. 
5.2 Característica da jurisdição 
As características da jurisdição são: a unidade, a secundariedade, a 
imparcialidade e a substitutividade. 
A unidade se refere à própria forma em que a jurisdição é praticada (ou por 
quem), o que, na forma do disposto no art. 16 do Código de Processo Civil, “é 
exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional, conforme as 
disposições deste Código.” (Brasil, 2015). 
A secundariedade relaciona-se ao fato de que, via de regra, o direito é 
realizado de forma espontânea pelos jurisdicionados, cabendo a atuação do 
Poder Judiciário apenas em caso em que será necessária a resolução do conflito, 
quando devidamente provocado (princípio da inércia). 
Outra característica da jurisdição é a imparcialidade para o seu exercício, 
exigindo-se que o juiz seja imparcial, assegurando para as partes um tratamento 
isonômico, conforme previsto nos art. 7º e 139, I do Código de Processo Civil 
brasileiro (Brasil, 2015). 
 Por fim, a última característica da jurisdição é a substitutividade, que 
se entende como a substituição dos poderes conferidos às partes para a 
 
 
14 
resolução dos conflitos em detrimento do poder legal para que a responsabilidade 
pela solução seja atribuída ao Estado. 
5.3 Da jurisdição trabalhista – individual, coletiva e metaindividual 
No direito brasileiro, e fazendo uma análise do texto de lei, pode-se dizer 
que duas justiças: a comum, integrada pela justiça federal (art. 106 a 110 
CF/1988) e a justiça estadual (arts. 125 a 126 da CF/1988) e a justiça 
especializada, integrada pela Justiça do Trabalho (arts. 111 a 117 da CF/1988), a 
justiça eleitoral (arts. 118 a 121 da CF/1988) e a justiça militar (arts. 122 a 124 da 
CF/1988) (Brasil, 1988). 
Temos, portanto, que a Justiça do Trabalho é uma justiça especial, ou, 
também podemos dizer, especializada. 
A jurisdição trabalhista, após a Constituição Federal de 1988, da Lei 
Complementar n. 75/1993, da Lei n. 7.347/1985 e da Lei n. 8.078/1990, passou a 
ser dividida em subsistemas: jurisdição trabalhista individual, normativa e 
metaindividual. 
Passaremos a tratar de cada uma delas de forma isolada para melhor 
compreensão. 
5.3.1 Jurisdição trabalhista individual 
É a mais comum, referindo-se às reclamatórias trabalhistas decorrentes de 
uma relação de emprego e ajuizadas perante as Varas do Trabalho. 
Sua regulamentação encontra-se no título X, capítulo III, da CLT (Brasil, 
1943), e, de forma supletiva, no Código de Processo Civil brasileiro (Brasil, 2015). 
5.3.2 Jurisdição trabalhista normativa 
Essa forma de jurisdição pretende disciplinar os dissídios coletivos, 
buscando, pelo exercício desse poder normativo exercido pelos Tribunais 
Regionais do Trabalho, criar normas que se aplicam às partes integrantes da 
demanda dessa natureza, bem como dos seus representados. 
Regulamentada pelo título X, capítulo IV da CLT, e de forma supletiva pelo 
Código de Processo Civil brasileiro, conforme autorizado pelo art. 769 da CLT 
(Brasil, 1943) e 15 daquele diploma legal (Brasil, 2015). 
 
 
 
15 
5.3.3 Jurisdição trabalhista metaindividual 
Destina-se à tutela de interesses difusos, coletivos strictu sensu e os 
interesses individuais homogêneos. 
Para tutela destes direitos, aplicam-se as normas previstas na Constituição 
Federal de 1988, Lei Orgânica do Ministério Público da União e o Código de 
Defesa do Consumidor, aplicando-se de forma supletiva o CPC e a CLT, em uma 
flagrante inversão das regras previstas no art. 769 da lei trabalhista, pois, nesse 
caso, aplicar-se-á de primeiramente as normas mencionadas, para depois buscar 
junto à Consolidação das Leis do Trabalho e do Código de Processo Civil 
brasileiro a forma de aplicação do direito. 
Há que se mencionar que os titulares dessas ações que visam à proteção 
de direitos metaindividuais são restritos, gozando desse poder apenas alguns 
órgãos, como o Ministério Público do Trabalho e Sindicatos, que será abordado 
na sequência dos estudos. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 10 dez. 1999. 
_____. Emenda Constitucional n. 45, de 30 de dezembro de 2004. Diário Oficial 
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 31 dez. 2004. 
_____. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 17 mar. 2015. 
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2012. Diário da Justiça, Brasília, DF, n. 39, 8 mar. 2012, 
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Saraiva, 2013. 
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2015 
TST – Tribunal Superior do Trabalho. Informativo TST. Brasília: Tribunal Superior 
do Trabalho, Coordenadoria de Jurisprudência, n. 164, 12 a 18 set. 2017 
_____. Resolução Administrativa n. 1.295/2008, de 24 de abril de 2008. DJ, 9 
maio 2008. 
_____. Resolução Administrativa n. 1455, de 24 de maio de 2011. DEJT, 3 jun. 
2001.

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