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1 Tutoria III – M1 P4 Gabriella Almeida XXIV PROBLEMA 4 “VAMOS CASAR” Sarajayne tem 20 anos e mora na zona rural de Caicó, no Rio Grande do Norte, desde o nascimento. Há seis meses, conheceu um lindo rapaz, Ronisvaldo, apaixonou-se, e começaram a namorar. Estão namorando firme e, pensando em assumir um relacionamento duradouro para todo o sempre, resolveram se casar. A avó de Sarajayne, muito atenta à neta e aos “pecados da carne”, orienta o casal sobre a necessidade de se protegerem contra doenças e gravidez “fora de hora”, e os pombinhos resolvem procurar a médica da equipe da estratégia de saúde da família para se informar melhor. A médica explica ao casal sobre planejamento familiar e contracepção. Após toda explicação Sarajayne entende que o melhor para ela será o contraceptivo oral. Objetivos: 1. Definir planejamento familiar e aspectos legais; 2. Citar métodos contraceptivos (classificações, mais usados); 3. Caracterizar métodos contraceptivos hormonais; 4. Identificar as propriedades gerais dos métodos contraceptivos orais (eficácia, efeito colateral, interação medicamentosa); 5. Descrever as contraindicações dos métodos contraceptivos orais. 1. DEFINIR PLANEJAMENTO FAMILIAR E ASPECTOS LEGAIS Os Direitos Sexuais e Reprodutivos. 1. Direito à vida. 2. Direito à liberdade e à segurança. 3. Direito à igualdade. 4. Direito à privacidade. 5. Direito à liberdade de pensamento. 6. Direito à informação e à educação. 7. Direito de contrair ou não matrimônio e planejar e formar uma família. 8. Direito a decidir a ter ou não filhos. 9. Direito à atenção e à proteção da saúde. 10. Direito aos benefícios dos progressos científicos. 11. Direito à liberdade de reunião e à participação política. 12. Direito a não ser submetido a torturas e maus-tratos (Tratado de Ginecologia da FREBASGO) Os direitos reprodutivos foram incluídos como Direitos Humanos na Conferência Internacional dos Direitos Humanos em Teerã, de 22 de abril a 13 de maio de 1968. A Declaração de Direitos Humanos de Viena de 1993, em seu parágrafo 18, afirma que os direitos humanos de mulheres e meninas são parte inalienável integral e indivisível dos direitos humanos universais. Desde então, o planejamento familiar vem sendo discutido no mundo para garantir às mulheres e seus parceiros a decisão sobre sua vida reprodutiva; direito de escolha em ter ou não filhos, quantidade de filhos e espaçamento de tempo entre as gestações; acesso aos métodos contraceptivos e pleno exercício de sua sexualidade. 2 Tutoria III – M1 P4 Gabriella Almeida XXIV Duas vertentes: o Liberdade e autodeterminação individual para o pleno exercício da sexualidade e da reprodução, sem discriminação, coerção ou violência, sem interferência do Estado; o Políticas públicas eficazes que assegurem esses direitos. Ao longo dos anos reprodutivos das mulheres, as necessidades e os hábitos contraceptivos sofrem mudanças, como desejo de futura gestação, benefícios não contraceptivos dos métodos, influência na sexualidade, contracepção pós-abordo; devido a esse dinamismo, é importante o profissional de saúde ter conhecimento aprofundado dos diferentes métodos anticoncepcionais para que possa orientar sua paciente na melhor escolha. Conceito: Contracepção: Conjunto dos métodos físicos ou químicos que visem evitar, de modo reversível e temporário, a fecundação de um óvulo por um espermatozoide, ou, quando há fecundação, evitar que ocorra a nidação do ovo. Para a OMS: Planejamento familiar/anticoncepção: Possibilidade do indivíduo ou casal de ter a oportunidade de escolha do número desejado de filhos, do momento que desejam tê-los e do espaçamento das gravidezes, utilizando para isso métodos contraceptivos. A garantia de acesso aos métodos anticoncepcionais é essencial para garantir o bem-estar e a autonomia das mulheres, ao mesmo tempo em que apoia a saúde e o desenvolvimento das comunidades. Lei nº 9.263 da Constituição Federal do Brasil, de 12 de janeiro de 1996: O planejamento familiar é direito de todo cidadão e é o conjunto de ações e regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal e é parte integrante da uma visão de atendimento global e integral à saúde deles. Os direitos sexuais e reprodutivos da mulher também devem ser observados e respeitados no planejamento familiar como: o Direito de decidir a quantidade de filhos e quando tê-los; o Direito de desfrutar das relações sexuais sem temor de gravidezes ou de contrair uma infecção transmitida pela relação sexual; o Direito de gestar e ter o parto nas melhores condições; o Direito de conhecer, gostar e cuidar do corpo e órgãos sexuais; o Direito e uma relação sexual sem violência ou maus-tratos; o Direito de informação por profissional de saúde e acesso aos métodos contraceptivos. 2. CITAR MÉTODOS CONTRACEPTIVOS (CLASSIFICAÇÕES, MAIS USADOS); Separação dos métodos contraceptivos: o Modernos: Produto ou procedimento médico que interfere na reprodução durante as relações sexuais. ▪ Esterilização masculina e feminina; ▪ Dispositivos intrauterinos (DIU); ▪ Implantes subdérmicos; ▪ Contraceptivos orais; ▪ Preservativos masculinos e femininos; ▪ Injetáveis; ▪ Pílulas contraceptivas de emergência; ▪ Adesivos; ▪ Diafragma e capuz cervical; ▪ Agentes espermaticidas; ▪ Anel vaginal; e ▪ Esponja vaginal. 3 Tutoria III – M1 P4 Gabriella Almeida XXIV o Não modernos: ▪ Abordagens de conscientização da fertilidade como tabelinha, muco cervical, temperatura basal, sintotérmico; ▪ Coito interrompido; ▪ Amenorreia lactacional; ▪ Abstinência sexual. 4 Tutoria III – M1 P4 Gabriella Almeida XXIV 5 Tutoria III – M1 P4 Gabriella Almeida XXIV Critérios de Elegibilidade: Fornecem informações e orientações sobre a segurança do uso dos diversos métodos contraceptivos em condições de saúde específicas. Representa uma das evidências ou documento de orientação utilizado como diretrizes de programas de planejamento familiar de qualidade por profissionais de saúde. São elementos presentes na qualidade dos serviços de saúde sexual e reprodutiva e incluem: o A escolha e a autonomia dos métodos contraceptivos; o Informação baseada em evidências sobre a eficácia, riscos e benefícios de diferentes métodos; o Os profissionais de saúde treinados e competentes; o A provisão ao usuário de informações baseadas no respeito à privacidade e confidencialidade; o Rede de equipamentos de saúde apropriada e disponíveis por território. Os critérios de elegibilidade médica para o início do uso de métodos anticoncepcionais é uma das diretrizes da OMS baseadas em evidências que informa aos provedores do planeamento familiar se a mulher que apresentar condição médica ou física específica é capaz de usar método contraceptivo aconselhado e escolhido em segurança e com eficácia. Classificação das categorias: 6 Tutoria III – M1 P4 Gabriella Almeida XXIV MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS COMPORTAMENTAIS, DE BARREIRA E CIRÚRGICOS Métodos Comportamentais: São baseados na identificação do período fértil durante o qual os casais se abstêm das relações sexuais ou praticam coito interrompido, a fim de diminuir a chance de gravides. O período fértil pode ser identificado por meio da observação da curva de temperatura corporal, das características do muco cervical e de cálculos matemáticos baseados na duração, fisiologia do ciclo menstrual e vida útil dos gametas. São uma opção para o planejamento familiar natural, tanto pelas vantagens de falta de efeitos adversos quanto por princípios religiosos ou socioculturais. A duração do ciclo menstrual se inicia no primeiro dia da menstruação até o dia anterior ao próximoperíodo e tem em média 28 dias. No entanto, ciclos mais curtos ou mais longos também podem ser ovulatório por isso é importante ter conhecimento que a ovulação geralmente acontecerá em torno de 10 a 16 dias antes do início do próximo período. O ciclo de fertilidade pode ser dividido em três fases: o Fase I: Começa no primeiro dia do sangramento menstrual e normalmente inclui alguns dias inférteis logo após a menstruação; o Fase II: Começa com o início dos primeiros sinais de fertilidade e dura alguns dias após a ovulação. Em uma mulher normal e saudável, a fase II normalmente dura no máximo 12 dias; o Fase III: é o período pós-ovulatório e é um momento de infertilidade. Geralmente, representa o último terço do ciclo menstrual normal. As três fases são o resultado da interação de 4 hormônios-chave: estrogênio, progesterona, hormônio folículo-estimulante e hormônio luteinizante. Eles também são responsáveis pelos sinais de fertilidade que a mulher pode observar. O período fértil dura, normalmente, cerca de 8 a 9 dias em cada ciclo menstrual, e isso ocorre porque o óvulo tem vida média de até 24 horas. Ocasionalmente, mais de um óvulo é liberado na ovulação (quando ocorre, é nas 24 horas da liberação do primeiro óvulo), e como o espermatozoide pode viver no trato genital feminino por até 7 dias, isso significa que a relação sexual desprotegida nos dias que antecedem a ovulação pode resultar numa gravidez inesperada. Todos os métodos apresentam taxa de falha, e ela é dependente do seu uso correto e consistente, sendo importante a informação preliminar adequada, pois ela faz com que métodos comportamentais tenham taxas semelhantes, quando analisados comparativamente com o uso habitual e o uso real, iniciando falhas próximas a 20% para índices de 0,5% a 9%, respectivamente. MÉTODOS E MECANISMOS DE AÇÃO: o Ogino-Knaus (ritmo, calendário e tabelinha); o Temperatura basal; o Monitoramento do muco cervical; o Método sintotérmico; o Amenorreia lactacional. 7 Tutoria III – M1 P4 Gabriella Almeida XXIV o Os quatro primeiros métodos permitem aos casais planejar relações sexuais ao redor dos dias de aumento da fertilidade durante o ciclo reprodutivo da mulher. o Na amenorreia lactacional, a ovulação frequentemente não ocorre nos seis primeiros meses e não há dias férteis. Esse método é limitado para mulheres que estão com amamentação exclusiva, durante os primeiros seis meses pós-parto, e aplica-se somente se não tiver menstruado nesse período. Temperatura Basal: o Baseia-se nas alterações da temperatura basal durante a fase lútea do ciclo reprodutivo. o Na primeira fase do ciclo, a temperatura permanece estável, ocorrendo aumento de pelo menos 0,4°F (0,2°C) acima da temperatura base registrada no início da manhã, quando ocorre a ovulação. Esse aumento é monitorado ao longo de três dias consecutivos, até o ponto em que ocorre aumento da temperatura, definindo o período como fértil. o A monitorização da temperatura basal não identifica o início do período fértil, limitando o uso do método. o A acurácia do método será maior caso as medições sigam um protocolo rígido como: ▪ Usar sempre o mesmo termômetro; ▪ Verificar a temperatura diariamente a partir do primeiro dia do ciclo, antes de qualquer atividade ou após 5 horas de repouso; ▪ Escolher sempre a mesma via de mensuração: oral (embaixo da língua por tempo mínimo de 5 minutos), vaginal ou retal (nos dois últimos por no mínimo 3 minutos); ▪ Anotar em papel quadriculado para facilitar a visualização; ▪ Verificar a ocorrência de um aumento de no mínimo 0,2°C por três dias; ▪ Anotar qualquer doença ou intercorrência, como mudança de horário na medição, uso de bebidas alcoólicas e perturbações do sono. Método de Ogino-Knaus (ritmo, calendário ou tabelinha): o Consiste no casal se abster do coito vaginal entre o primeiro e o último dia fértil, calculado pelo método estatístico de probabilidade de Ogino-Knaus. o Para estabelecer o período de fertilidade, a mulher deve registrar o número de dias de cada ciclo menstrual durante pelo menos 6 meses, tendo conhecimento de que: a ovulação ocorre de 12 a 16 dias antes da menstruação. o O ciclo menstrual normalmente tem duração de 25 a 35 dias, sendo padrão o ciclo de 28 dias; o O espermatozoide pode permanecer no trato genital feminino por 24 horas, com capacidade de fertilizar o óvulo, e em algumas situações por até 72 horas; 8 Tutoria III – M1 P4 Gabriella Almeida XXIV o O óvulo permanece no trato genital feminino em condições de ser fertilizado, salvo exceções, por 24 horas (um dia). o Dessa forma, é impossível estabelecer o período fértil de uma mulher de forma segura e consistente. Método do Muco Cervical (Billings) o Consiste no casal se abster do coito vaginal durante o período em que o muco cervical permanece filante. o O monitoramento do muco é o fundamento para o método e depende de conhecimento prévio de suas características físico-químicas, que estão sujeitas ao estímulo hormonal. o A estimulação estrogênica crescente na primeira fase do ciclo faz com que o muco cervical sofra mudança conforme se aproxima do período ovulatório, tornando-se abundante, aquoso, semelhante à clara de ovo, e filante, propriedade essa que pode ser observada na realização do exame ginecológico, quando o muco cervical é colocado entre “dois braços” da pinça Cheron, e a filância pode chegar a 10 cm. o Do ponto de vista prático, pode ter como fator limitador a necessidade de a mulher ter que introduzir dois dedos na vagina para avaliar a característica do muco e observar a filância, o que para muitas mulheres é limitante pela dificuldade que elas têm de manipular os genitais. o Essa característica do muco é um agente facilitador para a ascensão dos espermatozoides. 9 Tutoria III – M1 P4 Gabriella Almeida XXIV 3. CARACTERIZAR MÉTODOS CONTRACEPTIVOS HORMONAIS: Os contraceptivos hormonais contêm esteroides sexuais femininos, estrogênio e progesterona (progestágeno) sintéticos ou apenas um progestágeno sem estrogênio. Podem ser administrados na forma de comprimido oral, adesivo, implante ou injeção. O mais usado é o CO combinado (COC), que contém tanto estrogênio quanto um progestágeno. Os COC podem ser: o Monofásicos: com administração da mesma dose de estrogênio e progestágeno todos os dias; ou o Multifásicos: nos quais são administradas doses variáveis de esteroides durante um ciclo de 21 ou 24 dias. o Os COC são embalados com 21 comprimidos ativos, podendo conter 7 comprimidos extras de placebo ou 24 comprimidos ativos e quatro placebos (a inclusão de placebos possibilita que a usuária tome uma pílula sem necessidade de contar, o intervalo sem medicamentos durante o uso do placebo possibilita o sangramento de privação, que simula o ciclo menstrual de 28 dias. TUTORIA INCOMPLETA
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