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Amamentação

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1 Tutoria III – M2 P3 Gabriella Almeida XXIV 
RELATORIA PROBLEMA 3 – “LEITE FRACO. É DE FAMÍLIA!” 
 Finalmente, Jerusa recebe alta da maternidade e vai para casa enfrentar os novos desafios que a aguardam. 
 Uma semana após a alta, vem à primeira consulta com o pediatra, e com Jéssica completando 10 dias de vida. 
Jerusa está com olheiras profundas. Bastante chorosa, solicita ao médico que seja prescrito leite artificial para sua 
filhinha. Relata que a criança está muito irritada, mesmo após as mamadas. Dona Genoveva, que a acompanha, 
relata que o leite de Jerusa é fraco, por herança de família. Jerusa informa ao Dr. Benedito que, quando Jéssica 
estiver com 4 meses de vida, pretende voltar a estudar, e gostaria de saber se já pode começar a oferecer papinhas 
com essa idade. Nesse momento, Genoveva interrompe a filha e informa que já sabe todas as orientações sobre 
introdução alimentar, já que sua filha mais nova está com 2 anos e, desde os 4 meses, “come de tudo”, frutas, 
verduras, biscoitos, danoninho e leite de caixinha. O pediatra corrige as orientações da avó, responde as dúvidas de 
Jéssica, e marca retorno para o próximo mês. 
 
Termos desconhecidos: 
 Não há! 
Problemas e chuva de ideias: 
 Amamentação, tempo de aleitamento materno e introdução alimentar da criança; 
 Indicações e complementação em caso de impossibilidade de aleitamento materno exclusivo: 
o Ausência de produção de leite na mãe; 
o Indicação de ordenha em alguns casos. 
 Causa do “leite fraco” (definição e quantidade), composição e formação do leite materno – relações 
hormonais, psicológicas, e influências externas; 
 Forma correta da pega, posição e sucção e interferência direta na produção do leite materno; 
 Orientações de alta do alojamento conjunto. 
Objetivos: 
1. Descrever as orientações de alta do alojamento conjunto (voltadas para o RN); 
2. Identificar a importância do aleitamento materno (vantagens, contraindicações, dificuldades e situações 
especiais); 
3. Caracterizar a introdução alimentar nas diferentes faixas etárias (até a introdução da alimentação comum); 
4. Caracterizar os aspectos qualitativos e quantitativos do leite materno (lactogênese, composição, 
quantidade); 
 
Referências: 
• Atenção à Saúde do Recém-Nascido (Guia para os Profissionais de Saúde) – Cuidados Gerais Vol. 1 [1] 
• Caderno de Atenção Básica – Saúde da Criança: Aleitamento Materno e Alimentação Complementar [2] 
• Manual de Neonatologia – Cloherty – 7ª edição [3] 
• Manual de Alimentação da Infância à Adolescência – SBP [4] 
 
1. DESCREVER AS ORIENTAÇÕES DE ALTA DO ALOJAMENTO CONJUNTO (Voltadas 
para o RN) 
 Prontidão do RN para alta (O RN pré-termo saudável em crescimento é considerado apto para a alta se 
preencher os critérios de: 
o Consegue manter a temperatura corporal em um ambiente aberto; 
o Consegue fazer todas as refeições pela mamadeira ou amamentação sem comprometimento respiratório; 
 
2 Tutoria III – M2 P3 Gabriella Almeida XXIV 
o Apresenta ganho de peso constante, comprovado por um aumento no peso do prematuro de 10 a 
15g/kg/dia, e de 20 a 30 g/kg/dia no RN a termo. 
o Não apresenta apneia nem braquicardia durante 5 dias. 
o Consegue dormir com a cabeceira no mesmo nível do leito sem apresentar comprometimento da saúde e 
da segurança. (Se houver refluxo e isso comprometer a saúde ou a segurança do RN, orientar os pais em 
relação às medidas cabíveis, como almofada antirrefluxo). 
 
 Critérios: 
o Boa evolução clínica e exame físico sem qualquer anormalidade que requeira hospitalização contínua. 
o Sinais vitais normais e estáveis em berço aberto durante, no mínimo 12 horas antes da alta. 
o Primeira micção e defecação ocorrem espontaneamente. 
o Realização de pelo menos duas mamadas bem-sucedidas. 
o Ausência de sangramento excessivo no local de circuncisão há no mínimo 2 horas. 
o Avaliação do risco de desenvolvimento subsequente de hiperbilirrubinemia significante. 
o Monitoramento e avaliação adequados para sepse com base nos fatores de risco da mãe. 
o Revisão dos exames sanguíneos maternos e neonatais. 
o Revisão e interpretação dos exames de sangue e de triagem do RN. 
o Avaliação da competência materna para cuidar do RN em casa. 
o Administração da vacina anti-hepatite B inicial. 
o Conclusão da triagem metabólica e auditiva. 
o Avaliação dos fatores de risco familiares, ambientais e sociais. 
o Identificação de unidade de saúde para o atendimento médico ambulatorial. 
o Consultas para acompanhamento definitivos da mãe e do RN. 
o Identificação de barreiras para o acompanhamento adequado. 
Portaria nº 2.058, de 21 de outubro de 2016 - Ministério da Saúde 
A alta da mulher e do RN deve ser realizada por elaboração de projeto terapêutico singular, considerando as 
necessidades individuais. 
 Critérios necessários para alta: 
o RN: a termo e com peso adequado para a idade gestacional, sem comorbidades e com exame físico 
normal. Com ausência de icterícias nas primeiras 24 horas devida; apresentando diurese e eliminação de 
mecônio espontâneo e controle térmico adequado; com sucção ao seio com pega e posicionamento 
adequados, com boa coordenação sucção/deglutição, salvo em situações que há restrições ao leite 
materno (em uso de substituto do leite humano/fórmula láctea para situações em que a amamentação é 
contraindicada) 
o Revisão das sorologias da mulher realizadas durante a gestação ou no momento da internação para o 
parto, assim como investigação de infecções congênitas no RN conforme necessidade. 
o Realização de tipagem sanguínea e Coombs da mãe e do RN quando indicado. 
o Oximetria do pulso (teste do coraçãozinho) e triagem ocular (teste do olhinho) realizados; Triagem 
auditiva assegurada no 1º mês de vida e Triagem biológica (teste do pezinho) assegurada 
preferencialmente entre 3º e 5º dia de vida. 
o Avaliação e vigilância adequadas do RN para sepse neonatal precoce com base nos fatores de risco da mãe 
e de acordo com as diretrizes atuais do MS para prevenção de infecção pelo estreptococo do grupo B. 
o Conhecimento e habilidade dos cuidadores, pai e mãe, para dispensar cuidados adequados ao RN, e 
reconhecer situações de risco (ingestão inadequada de alimento, agravamento da icterícia e eventual 
desidratação nos 1º 7 dias de vida). 
o Avaliação do serviço social para os fatores de risco psíquicos, sociais e ambientais (drogas ilícitas, 
alcoolismo, tabagismo, antecedentes de negligência, violência doméstica, doença mental, doenças 
transmissíveis e situações de vulnerabilidade social). 
o Agenda com a atenção básica, retorno da puérpera e do RN entre o terceiro e quinto dia de vida. 
o Preenchimento de todos os dados da caderneta da gestante e na caderneta de saúde da criança. 
 
3 Tutoria III – M2 P3 Gabriella Almeida XXIV 
 Orientações no momento da alta fornecidas pela equipe: 
o Procurar a UBS ou o pronto-atendimento caso a mulher apresente sinais de infecção (febre, secreção 
purulenta vaginal, por ferida operatória ou nas mamas), sangramento com odor fétido ou com volume 
aumentado, edema assimétrico de extremidades, dor refratária a analgésicos, sofrimento emocional, 
astenia exacerbada ou outros desconfortos. 
o Procurar a UBS se o RN apresentar problemas com aleitamento materno, icterícia ou qualquer outra 
alteração. 
o Nos casos de intercorrências com as mamas, os Bancos de leite humano poderão oferecer a assistência 
referente às boas práticas da amamentação, e orientações sobre a doação de leite humano. 
o Realizar vacinação conforme calendário vacinal. 
o Higienizar as mãos antes e após o cuidado com o RN. 
o Evitar ambientes aglomerados ou com pessoas apresentando sinais e sintomas de doenças 
infectocontagiosas, como gripe e resfriado. 
o Prevenir a morte súbita do RN por meio dos seguintes cuidados: deixar a criança em posição supina, 
manter a amamentação ao seio e evitar o tabagismo materno ou outra forma de exposiçãoda criança ao 
fumo. 
o Transportar o RN de forma segura e prevenir acidentes domésticos. 
o Orientar o preparo correto da fórmula láctea e higienização dos utensílios utilizados para preparo e oferta 
desse alimento, para RN de mães cuja amamentação é contraindicada de acordo com razões médicas 
aceitaveis. 
 
 Orientações: 
o Amamentação: 
▪ Importância. 
▪ Desvantagens da introdução precoce de qualquer outro alimento. 
▪ Importância da livre demanda. 
▪ Flexibilidade quando ao tempo de permanência na mama em cada mamada. 
▪ Prevenção de problemas como: ingurgitamento mamário, traumas/fissuras mamilares, mastite, entre 
outros. 
▪ Manutenção de hábitos saudáveis da mãe. 
▪ Ordenha do leite. 
o Uso da mamadeira: 
▪ Água, chás e principalmente outros leites devem ser evitados, seu uso pode estar associado com 
desmame precoce e aumento da morbimortalidade infantil. 
▪ A mamadeira, além de ser uma importante fonte de contaminação, pode influenciar negativamente a 
amamentação (“confusão de bicos”). 
o Uso da chupeta: 
▪ A chupeta tem sido desaconselhada, pode interferir negativamente na duração do aleitamento 
materno. Crianças que usam chupetas, em geral, são amamentadas com menos frequência, o que 
pode comprometer a produção de leite. 
▪ Além de interferir com o aleitamento materno, o uso de chupeta está associado a uma maior 
ocorrência de candidíase oral, de otite média e de alterações do palato. 
o Comportamento normal do RN: 
▪ É muito importante que isso seja abordado no alojamento conjunto, pois a compreensão da mãe 
acerca de alguns comportamentos habituais da criança pequena é fundamental para a tranquilidade 
de todos os membros da família. 
▪ O comportamento dos RNs é muito variável e depende de bários fatores, é sempre importante 
enfatizar que cada bebê é único, respondendo de maneiras diferentes às diversas experiências. 
Comparações devem ser evitadas. 
▪ Faz parte do comportamento do RN mamar com frequência, sem horários pré-estabelecidos. 
 
4 Tutoria III – M2 P3 Gabriella Almeida XXIV 
▪ Existem muitas razões para o choro do bebê, incluindo adaptação à vida extrauterina e tensão no 
ambiente. Na maioria das vezes os bebês acalmam-se quando são aconchegados ou colocados no 
peito, o que reforça sua necessidade de se sentirem seguros e protegidos. 
o Interação com o bebê: 
▪ As mães e os futuros cuidadores da criança devem ser orientados a responder prontamente às 
necessidades do bebê, não temendo que isso vá deixá-lo “manhoso” ou excessivamente dependente 
mais tarde. Carinho, proteção e pronto atendimento das necessidades do bebê só tendem a 
aumentar sua confiança, favorecendo sua independência em tempo apropriado. 
o Posição da criança para dormir: 
▪ A prática de colocar as crianças para dormir em decúbito dorsal no alojamento conjunto e o 
fornecimento de informações simples e claras quanto ao posicionamento recomendado do bebê para 
dormir devem fazer parte da rotina dos profissionais de saúde que atuam em alojamento conjunto. 
o Acompanhamento da criança: 
▪ Toda criança deveria sair da maternidade com a primeira consulta agendada em um serviço de saúde 
ou consultório, de preferência na primeira semana de vida. 
▪ Os responsáveis pela criança devem ser orientados quanto à importância do teste do pezinho, que 
idealmente deve ser realizado entre o terceiro e o quinto dia de vida. 
▪ A Caderneta da Criança, do Ministério da Saúde,19 é uma importante ferramenta para o 
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança e o cumprimento do calendário 
vacinal nas datas recomendadas. 
 
2. IDENTIFICAR A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO (vantagens, 
contraindicações, dificuldades e situações especiais) Referência [2] 
 Amamentar é muito mais que alimentar, além de nutrir, promove vínculo afetivo entre mãe e filho e traz 
benefícios na defesa de infecções, na fisiologia e no desenvolvimento cognitivo e emocional da criança. 
 O profissional de saúde tem papel fundamental na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno 
(AM). 
VANTAGENS: 
 Evita mortes infantis: 
o Inúmeros fatores existentes no leite materno protegem os lactentes contra infecções. 
o Estima-se que o aleitamento materno poderia evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos em 
todo o mundo, por causas preveníveis. 
o Nenhuma outra estratégia isolada alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes de 
crianças menores de 5 anos. 
o A proteção do leite materno é maior quanto menor a criança. 
o A mortalidade por doenças infecciosas é 6 veze maior em crianças menores de 2 meses não 
amamentadas, diminuindo à medida que a criança cresce, porém ainda é o dobro no segundo ano de vida. 
o A amamentação na primeira hora de vida pode ser um fator de proteção contra mortes neonatais. 
 Evita infecção respiratória: 
o A proteção do leite materno contra infecções respiratórias foi demonstrada em vários estudos realizados 
em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil. 
o Assim como ocorre com a diarreia, a proteção é maior quando a amamentação é exclusiva nos primeiros 
seis meses. 
o Também diminui a gravidade dos episódios de infecção respiratória. 
o O aleitamento materno também previne otites (redução de 50% de episódios de otite média aguda em 
crianças amamentadas exclusivamente por 3 ou 6 meses quando comparadas com crianças alimentadas 
unicamente com leite de outra espécie. 
 Diminui o risco de alergias: 
 
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o Diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias, 
incluindo asma e sibilos recorrentes. 
o A exposição a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de 
alergia ao leite de vaca. 
 Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes: 
o O aleitamento materno apresenta benefícios em longo prazo. 
o Não só o indivíduo que é amamentado adquire proteção contra diabetes, mas também a mãe que 
amamenta. 
o Redução de cerca de 15% na incidência de diabetes tipo 2 para cada ano de lactação. Atribui-se essa 
proteção a uma melhor homeostase da glicose em mulheres que amamentam. 
o A exposição precoce ao leite de vaca (antes dos 4 meses) é considerada um importante determinante do 
Diabetes mellitus Tipo 1, podendo aumentar o risco de seu aparecimento em 50%. 
 Reduz a chance de obesidade: 
o É possível que haja uma relação dose/resposta com a duração do aleitamento materno, ou seja, quanto 
maior o tempo em que o indivíduo foi amamentado, menor será a chance de ele vir a apresentar 
sobrepeso/obesidade. 
o Entre os possíveis mecanismos implicados a essa proteção, encontram-se um melhor desenvolvimento da 
autorregularão de ingestão de alimentos das crianças amamentadas e a composição única do leite 
materno participando no processo de “programação metabólica”, alterando, por exemplo, o número 
e/ou tamanho das células gordurosas ou induzindo o fenômeno de diferenciação metabólica. 
o Foi constatado que o leite de vaca altera a taxa metabólica durante o sono de crianças amamentadas, 
podendo esse fator estar associado com a “programação metabólica” e o desenvolvimento de obesidade. 
 Melhor Nutrição: 
o O leite materno contém todos os nutrientes para o crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança 
pequena, além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites de outras espécies. 
 Efeito positivo na inteligência: 
o O aleitamento materno contribui para um melhor desenvolvimento cognitivo. 
o Os mecanismos envolvidos na possível associação entre aleitamento materno e melhor desenvolvimento 
cognitivo ainda não são totalmente conhecidos. 
 Melhor desenvolvimento da cavidade bucal: 
o O exercício que a criança faz para retirar o leite da mama é muito importante para o desenvolvimento 
adequado de sua cavidade oral, propiciando uma melhor conformação do palato duro, o queé 
fundamental para o alinhamento correto dos dentes e uma boa oclusão dentária. 
o Quando o palato é empurrado para cima, o que ocorre com o uso de chupetas e mamadeiras, o assoalho 
da cavidade nasal se eleva, com diminuição do tamanho do espaço reservado para a passagem do ar, 
prejudicando a respiração nasal. 
o O desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral adequado, podendo prejudicar 
as funções da mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala, ocasionar má-oclusão 
dentária, respiração bucal e alteração motora-oral. 
 Proteção contra câncer de mama: 
o Essa proteção independe de idade, etnia, paridade e presença ou não de menopausa. 
 Evita nova gravidez: 
o A amamentação exclusiva é um excelente método 
anticoncepcional nos primeiros seis meses após o parto (98% 
de eficácia), desde que a mãe esteja amamentando exclusiva 
ou predominantemente e ainda não tenha menstruado. 
 Outras possíveis vantagens para as mulheres: 
Proteção contra: 
o Câncer de ovário, câncer de útero; 
o Hipercolesterolemia, hipertensão e doença coronariana; 
o Obesidade; 
o Doença metabólica; 
 
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o Osteoporose e fratura de quadril; 
o Artrite reumatoide; 
o Depressão pós-parto; 
Diminuição do risco de recaída de esclerose múltipla pós-parto. 
 Menores custos financeiros; 
 Promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho; 
 Melhor qualidade de vida. 
 
CONTRAINDICAÇÕES 
 Relacionadas a mãe: 
o HIV positivo; 
o Retrovírus (HTLV I, HTLV II); 
o Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. Alguns fármacos são considerados 
contraindicados absolutos ou relativos ao aleitamento materno, como por exemplo, os antineoplásicos e 
radiofármacos. 
 Relacionadas ao RN: 
o Galactosemia; 
o Deficiência das enzimas galactoquinase e galactose-1-fosfato uridiltransferase. Quadro clínico: vômitos, 
icterícia, catarata, hepatoesplenomegalia, cirrose hepática e retardo mental; 
o Doença do xarope de bordo; 
o Deficiência no metabolismo dos aminoácidos (valina, leucina e isoleucina). Quadro clínico: vômitos, 
deterioração mental e neurológica. 
 Condições que justificam contraindicar a amamentação permanentemente: 
o Infecção por HIV - se a alimentação substituída é aceitável, factível, acessível, sustentável e segura. 
o Criança com galactosemia 
o Mães infectadas pelo retrovírus. 
 Condições que justificam contraindicar a amamentação temporariamente: 
o Infecção herpética, quando tiver vesículas localizadas na pele da mama. Amamentação mantida na mama 
sadia. 
o Varicela: caso a mãe apresentar vesículas na pele cinco dias antes do parto ou até dois dias após o parto, é 
recomendado o isolamento da mãe até que as lesões adquirirem a forma de crosta. Além disso, deve ser 
administrada em até 96h após o nascimento da Imunoglobulina Humana Antivaricela Zoster na criança 
(disponível nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais. 
o Doença de Chagas: durante a fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar evidente. 
 Consumo de drogas de abuso: 
o A academia Americana de Pediatria contraindica o uso durante o período da lactação das drogas de abuso 
anfetaminas, cocaína, heroína, maconha e feniciclidina. 
o A OMS considera que o uso não é contraindicado na amamentação de anfetaminas, ecstasy, cocaína, 
maconha e opioides. Mas alerta que as mães que usam essas substâncias por períodos curtos devem 
considerar a possibilidade de evitar temporariamente a amamentação. 
o Drogas consideradas lícitas (álcool e tabaco) também devem ser evitadas durante a amamentação. 
 
 
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 Tuberculose: Recomendado que mães não tratadas ou ainda bacilíferas (duas primeiras semanas após início de 
tratamento) amamentem com o uso de máscaras e restrinjam o contato próximo com o filho por causa da 
transmissão potencial por meio das gotículas do trato respiratório. 
o O RN deve receber isoniazida na dose de 10mg/kg/dia por três meses. 
o Após esse período, fazer teste tuberculínico: Se reator, pesquisar doença, principalmente em relação ao 
acometimento pulmonar; se a criança tiver contraído a doença, avaliar a terapêutica, e se ela não tiver 
contraído ionizar por mais três meses; e se o teste tuberculínico for não reator, pode-se suspender a 
medicação, e a criança deve receber a vacina BCG. 
 Hanseníase: A primeira dose de rifampicina é suficiente para que a mãe não seja mais bacilífera, com isso deve 
manter a amamentação e iniciar tratamento da mãe; possui transmissão depende de contato prolongado da 
mãe com o filho. 
 Hepatite B: qualquer risco teórico de transmissão via leite materno é praticamente eliminado quando após o 
nascimento tem a vacinação e a administração de imunoglobulina específica. 
 Hepatite C: Importante prevenir fissuras mamilares em lactantes HCV positivas, pois não se sabe se o contato 
do filho com sangue materno favorece a transmissão. 
 Dengue: Há no leite materno um fator antidengue que protege a criança, por isso não é contraindicado a 
amamentação. 
 Consumo de cigarros: 
o Benefícios do leite materno para criança superam possíveis malefícios da exposição à nicotina via leite 
materno. 
o Cigarro não é contraindicação para amamentação. 
o Necessário realizar abordagem cognitiva comportamental básica, que consiste em perguntar, avaliar, 
aconselhar, preparar e acompanhar a mãe fumante. 
o No aconselhamento o profissional deve alertar sobre os possíveis efeitos deletérios do cigarro para o 
desenvolvimento da criança, e a eventual diminuição da produção e da ejeção de leite. 
o As que não conseguirem parar devem ser orientadas 
a reduzirem o máximo possível o número de cigarros 
(se não possível procurar fumar depois das mamadas) 
e a não fumarem no mesmo ambiente da criança. 
 Consumo de álcool: Deve-se desestimular as mulheres a 
ingerirem álcool. Ingestão de doses iguais ou maiores que 
0,3g/kg de peso pode reduzir a produção láctea, além 
disso o álcool pode mudar o odor e sabor do leite materno 
levando a recusa do mesmo pelo lactente. 
DIFICULDADES 
 Bebê que não suga ou tem sucção fraca: 
o A mãe que deseja amamentá-lo deve ser orientada a estimular a mama regularmente (no mínimo 5 vezes 
ao dia) por meio de ordenha manual ou bomba de sucção. Isso garantirá a produção de leite. 
o A resistência de alguns bebês às tentativas de serem amamentados podem estar associadas ao uso de 
bicos artificiais ou chupetas ou ainda à presença de dor quando o bebê é posicionado para mamar, ou 
pressão na cabeça do bebê ao ser apoiado. 
o Alguns bebês não conseguem pegar a aréola adequadamente ou não conseguem manter a pega. 
o Em todas essas situações as orientações e o manejo vão depender do problema detectado. 
 
 Demora na “descida do leite”: 
o O profissional de saúde deve desenvolver confiança na mãe, além de orientar medidas de estimulação da 
mama, com sucção frequente do bebê e ordenha. 
o Sistema de nutrição suplementar (translactação): consiste que em um recipiente (pode ser um copo ou 
uma xícara) contendo leite (de preferência leite humano pasteurizado), colocado entre as mamas da mãe 
e conectado ao mamilo por meio de uma sonsa. Ao sugar o mamilo, a criança recebe o suplemento. Dessa 
maneira, o bebê continua a estimular a mama e sente-se gratificado ao sugar o seio da mãe e ser saciado. 
 
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 Mamilos planos ou invertidos: 
o É fundamental que a mãe receba ajuda logo após o nascimento do bebê: 
▪ Promover confiança e empoderamento da mãe; 
▪ Ajudar a mãe a favorecer a pega do bebê; 
▪ Tentar diferentes posições para ver em qual delas a mãe e o bebê adaptam-se melhor; 
▪ Mostrar à mãe manobras que podem ajudar a aumentar o mamilo antes das mamadas, como simples 
estímulo (toque) do mamilo, compressas frias nos mamilos e sucção com bomba manualou seringa 
de 10mL ou 20mL adaptada (cortada para eliminar a saída estreita e com o êmbolo inserido na 
extremidade cortada). 
 
 Ingurgitamento Mamário: 
o Há três componentes básicos: 
▪ Congestão/aumento da vascularização da mama; 
▪ Retenção de leite nos alvéolos; 
▪ Edema decorrente da congestão e obstrução da drenagem do sistema linfático. 
o É importante diferenciar o ingurgitamento fisiológico, que é normal, do patológico. 
▪ No fisiológico: É discreto e representa um sinal positivo de que o leite está “descendo”, não sendo 
necessária qualquer intervenção. 
▪ No patológico: A mama fica excessivamente distendida, causa grande desconforto, às vezes 
acompanhado de febre e mal-estar. Pode haver áreas difusas avermelhadas, edemaciadas e 
brilhantes. Os mamilos ficam achatados, dificultando a pega do bebê, e o leite muitas vezes não flui 
com facilidade. 
• O ingurgitamento patológico ocorre com mais frequência em primíparas, aproximadamente três 
a cinco dias após o parto. 
o Fatores que favorecem o ingurgitamento: 
▪ Leite em abundância; 
▪ Início tardio da amamentação; 
▪ Mamadas infrequentes; 
▪ Restrição da duração e frequência das mamadas e sucção ineficaz do bebê. 
o Manejo em caso de não poder evitar o ingurgitamento mamário patológico: 
▪ Ordenha manual da aréola antes da mamada; 
▪ Mamadas frequentes; 
▪ Massagens delicadas das mamas, com movimentos circulares, particularmente nas regiões mais 
afetadas pela ingurgitamento (promovem a síntese de ocitocina); 
▪ Uso de analgésicos; 
▪ Suporte para as mamas (uso de sutiãs com alças largas e firmas, para aliviar a dor e manter os ductos 
em posição anatômica); 
▪ Crioterapia (aplicação de gelo ou gel gelado) em intervalos regulares após ou nos intervalos das 
mamadas; 
 
 Dor nos mamilos/Mamilos machucados: 
o É comum a dor discreta ou moderada nos mamilos nos primeiros dias após o parto, no começo das 
mamadas, devido à forte sucção deles e da aréola. Essa dor pode ser 
considerada normal e não deve persistir além da primeira semana. Ter 
os mamilos muito doloridos e machucados, apesar de muito comuns, 
não é normal e requer intervenção. 
o A causa mais comum se deve a lesões por posição ou pega incorreta. 
o Pode ser também por: mamilos curtos, planos ou invertidos, disfunções 
orais na criança, freio de língua excessivamente curto, sucção não 
nutritiva prolongada, uso impróprio de bombas de extração de leite, 
não interrupção adequada da sucção da criança quando for necessário 
 
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retirá-la do peito, uso de cremes e óleos que causam reações alérgicas nos mamilos, uso de progesterona 
no mamilo (intermediários) e exposição prolongada a forros úmidos. 
o Prevenção de trauma mamilar: 
▪ Amamentação com técnica adequada; 
▪ Cuidados para que os mamilos se mantenham secos; 
▪ Não uso de produtos que retiram a proteção natural do mamilo, como sabões, álcool ou qualquer 
outro produto secante; 
▪ Amamentação em livre demanda; 
▪ Evitar o ingurgitamento mamário; 
▪ Ordenha manual da aréola antes da mamada se ela estiver ingurgitada; 
▪ Introdução do dedo indicador ou mínimo pela comissura labial (canto) da boca do bebê, se for preciso 
interromper a mamada, de maneira que a sucção seja interrompida antes de a criança ser retirada do 
seio; 
▪ Não uso de protetores (intermediários) de mamilo, pois eles, além de não serem eficazes, podem ser 
a causa do trauma mamilar. 
 
 Candidose (candidíase, monilíase): 
o Infecção comum da mama no puerpério por Candida sp. Pode atingir só a pele do mamilo e da aréola ou 
chegar a comprometer os ductos lactíferos. 
o Fatores predisponentes: 
▪ Umidade; 
▪ Lesão nos mamilos; 
▪ Uso de antibióticos, contraceptivos orais e esteroides. 
o A infecção costuma manifestar-se por coceira, sensação de queimadura e dor em agulhadas nos mamilos, 
que persiste após as mamadas. 
o É muito comum a criança apresentar crostas orais, que devem ser distinguidas das crostas de leites. 
o Manejo: 
▪ Mãe e bebê devem ser tratados simultaneamente, mesmo que a crianças não apresente sinais 
evidentes. 
▪ Tratamento inicial local com nistadina, clotrimazol, miconazol ou cetoconazol tópicos por duas 
semanas. O creme pode ser aplicado após cada mamada e não precisa ser removido antes da próxima 
mamada. 
▪ Enxaguar os mamilos e secá-los ao ar livre após as mamadas e expô-los à luz por pelo menos alguns 
minutos por dia. 
▪ As chupetas e bicos de mamadeiras são fontes de reinfecção. 
 
 Fenômeno de Reynaud: 
o Isquemia intermitente causada por vasoespasmo, que usualmente ocorre nos dedos das mãos e dos pés, 
também pode acometer os mamilos. 
o Em geral, ocorre em resposta à exposição ao frio, compressão anormal do mamilo na boca da criança ou 
trauma mamilar importante. 
o Manifesta-se inicialmente por palidez dos mamilos (por falta de irrigação sanguínea) e dor antes, durante 
ou depois da mamada, mas é mais comum depois das mamadas, provavelmente por o ar é mais frio que a 
boca da criança. A palidez é seguida de cianose e depois vermelhidão. 
o Pode ser relatada dor em “fisgada” ou sensação de queimação. Os espasmos, com a dor característica, 
duram segundos ou minutos, mas a dor pode durar uma hora ou mais. É comum haver uma sequência de 
espasmos com repousos curtos. 
o Manejo: 
▪ Melhorar a técnica de amamentação (pega); 
▪ Compressas mornas ajudam a aliviar a dor na maioria das vezes; 
▪ Analgésicos e anti-inflamatório, tipo ibuprofeno, podem ser prescritos, se necessário. 
 
10 Tutoria III – M2 P3 Gabriella Almeida XXIV 
▪ As mulheres com essa condição devem evitar o uso de drogas vasoconstritoras, como cafeína e 
nicotina. 
 
 Bloqueio de ductos lactíferos: 
o Ocorre quando o leite produzido numa determinada área da mama não é drenado adequadamente. 
Geralmente ocorre porque a mama não está sendo esvaziada adequadamente (quando a amamentação é 
infrequente ou quando a criança não está conseguindo remover o leite da mama de maneira eficiente. 
Pode ser causado também quando existe pressão local em um área (sutiã muito apertado, uso de creme 
nos mamilos obstruindo os poros de saída do leite) 
o Geralmente, a mulher com bloquei de ductos lactíferos apresenta nódulos localizados, sensíveis e 
dolorosos, acompanhados de dor, vermelhidão e calor na área envolvida. 
o O esvaziamento completo da mama favorece na prevenção do bloquei de ductos lactíferos. 
o Manejo. Medidas necessárias para o desbloqueio de um ducto lactífero: 
▪ Mamadas frequentes; 
▪ Utilização de posições diferentes para as mamadas que facilitem a retirada do leite do local; 
▪ Calor local (compressas mornas) e massagens suaves na região atingida na direção do mamilo, antes 
e durante as mamadas; 
▪ Ordenha manual para esvaziamento da mama; 
▪ Remoção do ponto esbranquiçado na ponta do mamilo, caso esteja presente, esfregando-o com uma 
toalha ou utilizando uma agulha esterilizada. 
 
 Mastite: 
o Processo inflamatório de um ou mais segmentos da mama (quadrante superior esquerdo mais 
comumente afetado), geralmente unilateral, que pode progredir ou não para uma infecção bacteriana. 
o Geralmente ocorre na segunda e terceira semana após o parto, mas pode ocorrer em qualquer período de 
amamentação. 
o A estase do leite é o evento inicial da mastite e o aumento da pressão intraductal causado por ela leva ao 
achatamento das células alveolares e formação de espaços entre as células. Por esse espaço passam 
alguns componentes do plasma para o leite e desse para o tecido intersticial da mama, causando uma 
resposta inflamatória. O leite acumulado, a resposta inflamatória e o dano tecidual resultante favorecem a 
instalação da infecção, comumente pelo Staphylococcus (aureos e albus) e ocasionalmente pela 
Escherichia coli e Streptococcus (α-, β-, não hemolítico), sendo as lesões mamilares, na maioria das vezes, 
a porta de entrada da bactéria. 
o Mulheres quejá tiveram mastite na lactação atual ou em outras lactações têm mais chance de 
desenvolver outras mastites por causa do rompimento da integridade da junção entre as células 
alveolares. 
o O sabor do leite materno costuma alterar-se nas mastites, tornando-se mais salgado devido a aumento 
dos níveis de sódio e diminuição dos níveis de lactose. Isso pode ocasionar rejeição do leite pela criança. 
o A produção do leite pode ser afetada na mama comprometida, com diminuição do volume secretado 
durante o quadro clínico. 
o Manejo: 
▪ Identificação e tratamento da causa que provocou a estagnação do leite. 
▪ Esvaziamento adequado da mama: esse é o componente mais importante do tratamento da mastite. 
Preferencialmente, a mama deve ser esvaziada pelo próprio lactente, pois, apesar da presença de 
bactérias no leite materno, quando há mastite, a manutenção da amamentação está indicada por não 
oferecer riscos ao recém-nascido a termo sadio. A retirada manual do leite após as mamadas pode 
ser necessária se não houver esvaziamento adequado; 
▪ Antibioticoterapia: indicada quando houver sintomas graves desde o início do quadro, fissura 
mamilar e ausência de melhora dos sintomas após 12–24 horas da remoção efetiva do leite 
acumulado. As opções são: cefalexina 500 mg, por via oral, de seis em seis horas; amoxicilina 500 mg 
ou amoxicilina associada ao ácido clavulânico (500 mg/125 mg), por via oral, de oito em oito horas. 
Na presença de cepas de S. aureus meticilina-resistentes, tem sido recomendado o uso da 
 
11 Tutoria III – M2 P3 Gabriella Almeida XXIV 
vancomicina. Em mulheres alérgicas aos antibióticos betalactâmicos (penicilinas e cefalosporinas), 
está indicada a eritromicina 500 mg, por via oral, de seis em seis horas. Os antibióticos devem ser 
utilizados por, no mínimo, 10 dias, pois tratamentos mais curtos apresentam alta incidência de 
recorrência; 
▪ Suporte emocional: esse componente do tratamento da mastite é muitas vezes negligenciado, apesar 
de ser muito importante, pois essa condição é muito dolorosa, com comprometimento do estado 
geral; 
▪ Outras medidas de suporte: repouso da mãe (de preferência no leito); analgésicos ou anti-
inflamatórios não-esteroides, como ibuprofeno; líquidos abundantes; iniciar a amamentação na 
mama não afetada; e usar sutiã bem firme. 
 
 Abscesso mamário: 
o Geralmente causado por mastite não tratada ou com tratamento iniciado tardiamente ou ineficaz. É 
comum após a interrupção da amamentação na mama afetada pela mastite sem o esvaziamento 
adequado do leite por ordenha. 
o Quadro clínico: 
▪ Dor intensa; 
▪ Febre; 
▪ Mal-estar; 
▪ Calafrios; 
▪ Presença de áreas de flutuação à palpação no local afetado. 
o Diagnóstico diferencial: 
▪ Galactocele; 
▪ Fibroadenoma; 
▪ Carcinoma da mama. 
o Essa condição pode comprometer futuras lactações em aproximadamente 10% dos casos. 
o Manejo: 
▪ Drenagem cirúrgica, de preferência sob anestesia local, com coleta de secreção purulenta para 
cultura e teste de sensibilidade e antibióticos. 
▪ Demais condutas indicadas no tratamento da mastite infeciosa, sobretudo a antibioticoterapia e o 
esvaziamento regular da mama afetada. 
▪ Manutenção da amamentação. 
 
 Galactocele: 
o Formação cística nos ductos mamários contendo líquido leitoso, que no início é fluído, adquirindo 
posteriormente aspecto viscoso, que pode ser exteriorizado por meio do mamilo. 
o Acredita-se que a galactocele seja causada por um bloqueio de ducto lactífero. 
o Pode ser palpada como uma massa lisa e redonda, mas o diagnóstico é feito por aspiração ou USG. 
o O tratamento é feito com aspiração, mas com frequência a formação cística deve ser extraída 
cirurgicamente porque o cisto enche novamente após a aspiração. 
 
 Reflexo anormal de ejeção do leite: 
o Algumas mulheres têm o reflexo de ejeção do leite exacerbado, o que pode provocar engasgos na criança. 
o Ordenhar um pouco de leite antes da mamada até que o fluxo diminua geralmente é suficiente no manejo 
do problema. 
 
 Pouco leite: 
o Muitas vezes é o reflexo da insegurança materna quanto a sua capacidade de nutrir plenamente o seu 
bebê. Essa insegurança faz com que o choro do bebê e as mamadas frequentes (que fazem parte do 
comportamento normal em bebês pequenos) sejam interpretados como sinais de fome. 
o A ansiedade que tal situação gera na mãe e na família pode ser transmitida à criança, que responde com 
mais choro. A suplementação com outros leites muitas vezes alivia a tensão materna e essa tranquilidade 
 
12 Tutoria III – M2 P3 Gabriella Almeida XXIV 
é repassada ao bebê, que passa a chorar menos, vindo a reforçar a ideia de que a criança estava passando 
fome. Uma vez iniciada a suplementação, a criança passa a sugar menos o peito e, como consequência, vai 
haver menor produção de leite, processo que com frequência culmina com a interrupção da 
amamentação. Por isso, a queixa de “pouco leite” ou “leite fraco” deve ser valorizada e adequadamente 
manejada. 
o O bebê dá sinais quando há insuficiência de leite, tais como não ficar saciado após as mamadas, 
chorar muito, querer mamar com frequência e ficar muito tempo no peito nas mamadas. O número de 
vezes que a criança urina ao dia (menos que seis a oito) e evacuações infrequentes, com fezes em 
pequena quantidade, secas e duras, são indicativos indiretos de pouco volume de leite ingerido. Porém, o 
melhor indicativo de que a criança não está recebendo volume adequado de leite é a constatação, por 
meio do acompanhamento de seu crescimento, de que ela não está ganhando peso adequadamente. 
o Existem no leite materno substâncias específicas que inibem a produção do leite (peptídeos inibidores da 
lactação), e a sua retirada, por meio do esvaziamento da mama, é que garante a reposição total do leite 
removido. Qualquer fator materno ou da criança que limite o esvaziamento das mamas pode causar 
diminuição na produção do leite. A má pega é a principal causa de remoção ineficiente do leite. Mamadas 
infrequentes e/ ou curtas, amamentação com horários pré-estabelecidos, ausência de mamadas noturnas, 
ingurgitamento mamário, uso de complementos e uso de chupetas e protetores de mamilo também 
podem levar à esvaziamento inadequado das mamas. 
o Outras situações associadas à baixa produção de leite: 
▪ Lábio/palato leporino; 
▪ Freio da língua curto; 
▪ Micrognatia; 
▪ Macroglossia; 
▪ Uso de medicamentos na mãe ou na criança que deixe a criança sonolenta ou que reduza a produção 
de leite (bromocriptina, cabergolina, estrogênios, progetogênios, pseudoefedrina e, em menor grau, 
álcool e nicotina) 
▪ Asfixia neonatal; 
▪ Prematuridade; 
▪ Síndrome de Down; 
▪ Hipotireoidismo; 
▪ Disfunção neuromuscular; 
▪ Doenças do sistema nervoso central; 
▪ Padrão de sucção anormal; 
▪ Problemas anatômicos da mama (mamilos muito grandes, invertidos ou muito planos); 
▪ Doenças maternas (infecção, hipotireoidismo, diabetes não tratada, síndrome de Sheehan, tumor 
hipofisário, doença mental); 
▪ Retenção de restos placentários; 
▪ Fadiga materna; 
▪ Distúrbios emocionais; 
▪ Uso de medicamentos que provocam diminuição da síntese do leite; 
▪ Restrição dietética importante (perda de peso maior que 500 g por semana); 
▪ Redução cirúrgica das mamas; 
▪ Fumo e gravidez são possíveis determinantes de baixa produção de leite. 
o Manejo: 
▪ Melhorar o posicionamento e a pega do bebê, quando não adequados; 
▪ Aumentar a frequência das mamadas; 
▪ Oferecer as duas mamas em cada mamada; 
▪ Massagear a mama durante as mamadas ou ordenha; 
▪ Dar tempo para o bebê esvaziar bem as mamas; 
▪ Trocar de mama várias vezes numa mamada se a criança estiver sonolenta ou se não sugar 
vigorosamente; 
▪ Após a mamada, ordenhar o leite residual. 
 
13 Tutoria III – M2 P3 Gabriella Almeida XXIV 
▪ Evitar o uso de mamadeiras, chupetas e protetores (intermediários) de mamilos; 
▪ Consumir dieta balanceada;▪ Ingerir líquidos em quantidade suficiente (lembrar que líquidos em excesso não aumentam a 
produção de leite, podendo até diminui-la); 
▪ Repousar, sempre que possível. 
 
SITUAÇÕES ESPECIAIS 
 Amamentação em situações especiais da criança: 
o Lábio leporino e fenda palatina: dificuldade para a pega e ordenha do LM. Manter a criança e posição 
vertical ou semi-vertical, para melhor deglutição e para evitar o refluxo do leite pelas narinas. A mãe deve 
fechar com o peito a fenda entre a boca e o nariz e ordenhar o leite. Após mamadas realizar higiene oro-
nasal, por conta do acúmulo de secreções. 
o Crianças portadoras de distúrbios neurológicos: Quando a criança não tem condições de sugar a mama 
ou tem sucção fraca, a mãe deve ser orientada a realizar ordenha com frequência e oferecer o leite 
ordenhado, além de estimular a região perioral da criança e incentivar a sucção introduzindo o dedo 
mínimo na sua cavidade oral. Caso a criança estabeleça coordenação entre sucção, deglutição e 
respiração, a mãe pode oferecer cuidadosamente o seio, com supervisão profissional. 
o Fenilcetonúria: É a deficiência da enzima fenilalanina hidroxilase. Retardo mental - quadro clínico. 
Monitorizar o nível de fenilalanina no sangue, quando alto substituir o leite com fórmulas especiais. 
o Prematuridade e baixo peso: RN prematuro possui mais dificuldade de sucção, deglutição e menor 
tolerabilidade ao alimento. E possui maiores necessidade nutricionais que os RN a termo 
o Gemelaridade: 
▪ Obstáculo relacionado ao baixo peso e à prematuridade. 
▪ Orientar a mãe a amamentar com mais frequência e os dois bebês ao mesmo tempo, estimular o 
bebê menor peso ou mais sonolento a mamar em intervalos menores, receber dieta balanceada e 
descansar nos intervalos. 
▪ Variações para amamentar seus bebês usadas pelas mães de gêmeos: 
• Alternância de bebês e mamas em cada mamada; 
• Alternância de bebês e mamas a cada 24h; 
• Escolha de uma mama específica para cada bebê. 
▪ Posições para a amamentação simultânea: 
• Posição tradicional: mãe apoia a cabeça da criança no antebraço do mesmo lado da mama a ser 
oferecida e os corpos dos bebês ficam curvados sobre a mãe, com as nádegas firmemente 
apoiadas. Variação: posição do cavaleiro - crianças ficam sentadas nas pernas da mãe, de frente 
para ela. 
• Posição de jogador de futebol americano: crianças ficam apoiadas no braço do mesmo lado da 
mama a ser oferecida, com a mão da mãe apoiando as cabeças das crianças e os corpos 
mantidos na lateral abaixo das axilas. 
• Posições combinadas: a mãe pode amamentar uma das crianças na posição tradicional e a outra 
na posição de jogador de futebol americano. 
o Icterícia e aleitamento materno: Pode aparecer por volta do 2º a 3º dia e desaparecer por volta do 10º 
dia de vida, por conta de uma imaturidade hepática. Iniciar precocemente o AM e aumentar o número de 
mamadas. 
▪ A icterícia relacionada ao leite materno pode parecer tardiamente no final da 1a semana, com pico 
entre 5 e 15 dias e durar de 3 semanas a 3 meses. Causas: presença do pregnandiol que diminui a 
excreção da BD, presença de ácidos graxos de cadeia longa, presença da lipase que libera ácidos 
graxos livres que inibem a glicorunil-transferase (responsável pela conjugação da bilirrubina (e da 
enzima beta glicuronidase que desconjuga a bilirrubina e a reabsorve para a circulação. O tratamento 
pode ser por fototerapia e, às vezes, a suspensão do aleitamento materno por 24-48 horas. 
 
14 Tutoria III – M2 P3 Gabriella Almeida XXIV 
o Refluxo Gastroesofágico: Muitas vezes resolve-se espontaneamente com a maturação do mecanismo de 
funcionamento do esfíncter esofágico inferior, nos primeiros meses de vida. Por conta da posição supina 
do bebê para mamar e aos vigorosos movimentos peristálticos da língua durante a sucção no AM, os 
efeitos do refluxo gastroesofágico costumam ser mais brandos que nos alimentos com leite não humano. 
 
3. CARACTERIZAR A INTRODUÇÃO ALIMENTAR NAS DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS 
(até a introdução de alimentação comum) Referência [4] 
Dez passos para uma alimentação saudável: 
 Passo 1 – Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos. 
 
Passo 2 – A partir dos 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno 
até os 2 anos de idade ou mais. 
 
 
 
 
15 Tutoria III – M2 P3 Gabriella Almeida XXIV 
Passo 3 – Após os 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e 
legumes), três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada. 
 
 
 
 
 
Passo 4 – A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a 
vontade da criança. 
 
 
 
 
 
 
16 Tutoria III – M2 P3 Gabriella Almeida XXIV 
Passo 5 – A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começar com 
consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da 
família. 
 
Passo 6 – Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é, também, uma alimentação 
colorida. 
 
 
Passo 7 – Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições. 
 
 
17 Tutoria III – M2 P3 Gabriella Almeida XXIV 
Passo 8 – Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadi-nhos e outras guloseimas nos 
primeiros anos de vida. 
 
 
Passo 9 – Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação 
adequados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 Tutoria III – M2 P3 Gabriella Almeida XXIV 
Passo 10 – Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus 
alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação. 
 
4. CARACTERIZAR OS ASPECTOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DO LEITE 
MATERNO (lactogênese, composição, quantidade) Referência [2] 
PRODUÇÃO DO LEITE MATERNO: 
 As mulheres adultas possuem, em cada mama, entre 15 e 25 lobos mamários, que são glândulas túbulo-
alveolares constituídas, cada uma, por 20 a 40 lóbulos, que são formados por 10 a 100 alvéolos. Envolvendo os 
alvéolos, estão as células mioepiteliais e, entre os lobos mamários, há tecido adiposo, tecido conjuntivo, vasos 
sanguíneos, tecido nervoso e tecido linfático. 
 O leite produzido é armazenado nos alvéolos e nos ductos. 
 Durante as mamadas, enquanto o reflexo de ejeção do leite está ativo, os ductos sob a aréola se enchem de 
leite e se dilatam. 
 Lactogênese Fase I: A mama é preparada para a amamentação durante a gravidez sob a ação de diferentes 
hormônios. Os mais importantes são o estrogênio (ramificação dos ductos lactíferos) e o progestânio 
(formação do lóbulos). 
o O lactogênio placentário, a prolactina e a gonadotrofina coriônica também têm papel na aceleração do 
crescimento da mama. 
o Na primeira metade da gestação, há crescimento e proliferação dos ductos e formação dos lóbulos. 
o Na segunda metade, a atividade secretora se acelera e os ácinos e alvéolos ficam distendidos com o 
acúmulo do colostro. 
o A secreção láctea inicia após 16 semanas de gravidez. 
 Lactogênese Fase II: Inicia-se com o nascimento da criança e a expulsão da placenta, que leva a uma acentuada 
queda dos níveis sanguíneos maternos de progestogênio, com consequente liberação de prolactina pela 
hipófise anterior. É quando ocorre a secreção do leite. 
o Há também liberação de ocitocina durante a sucção, hormônio produzido pela hipófise posterior, que tem 
a capacidade de contrair as células mioepiteliais que envolvem os alvéolos, expulsando o leite neles 
contido. 
o A produção do leite logo após o nascimento da crianças é controlada principalmente por hormônios e a 
“descida do leite”, que costuma ocorrer até o terceiro ou quarto dia pós-parto, ocorremesmo se a criança 
não sugar o seio. Após a “descida do leite”, inicia-se a fase III da lactogênese (ou galactopoiese). 
 Lactogênese Fase III (Galactopoiese): Essa fase mantém-se por toda a lactação, depende principalmente da 
sucção do bebê e do esvaziamento da mama. 
o Quando o esvaziamento das mamas é prejudicado, pode haver diminuição na produção do leite, por 
inibição mecânica e química. 
 
19 Tutoria III – M2 P3 Gabriella Almeida XXIV 
o O leite contém os chamados “peptídeos supressões da lactação”, que são substâncias que inibem a 
produção contínua do leite. Sua remoção contínua com o esvaziamento da mama garante a reposição 
total do leite removido. 
o Outro mecanismo local que regula a produção do leite, ainda não totalmente conhecido, envolve os 
receptores de prolactina na membrana basal do alvéolo. À medida que o leite se acumula nos alvéolos, a 
forma das células alveolares fica distorcida e a prolactina não consegue se ligar ao seus receptores, 
criando assim um efeito inibidor da síntese de leite. 
o A maior parte do leite da mamada é produzida enquanto a criança mama, sob estímulo da prolactina. 
o A ocitocina, além de ser liberada pelo estímulo da sucção, também é disponibilizada em resposta a outros 
estímulos como a visão, cheiro e choro da criança, além de fatores de ordem emocional, como motivação, 
autoconfiança, tranquilidade. 
o A dor, o desconforto, os estresse, a ansiedade, o medo, a insegurança e 
a falta de autoconfiança podem inibir a liberação da ocitocina, 
prejudicando a saída do leite da mama. 
o Nos primeiros dias após o parto, a secreção de leite é pequena, e vai 
aumentando gradativamente: cerca de 40-50mL no primeiro dia, 300-
400mL no terceiro dia, 500-800mL no quinto dia, em média. 
o O volume de leite produzido varia, dependendo do quanto a criança 
mama e da frequência das mamadas. Um mãe que amamenta 
exclusivamente, produz, em média 800mL por dia. Em geral, uma nutriz 
é capaz de produzir mais leite do que a quantidade necessária para o 
seu bebê. 
 
CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES DO LEITE MATERNO (Composição): 
 O leite materno apresenta composição semelhante para todas as mulheres que amamentam do mundo, apesar 
da alimentação variada de cada pessoa. Somente a desnutrição grave pode afetar seu leite na qualidade e 
quantidade. 
 Nos primeiros dias o leite materno é chamado colostro: contém mais proteínas e menos gorduras do que o 
leite maduro (leite secretado a partir do 7º ao 10º dia pós-parto. 
 O leite das mães de RN prematuros é diferente do de mães de RN a termo. 
 A principal proteína do leite materno é a lactoalbumina e a do leite de vaca é a caseína, de difícil digestão para 
a espécie humana. 
 
 A concentração de gordura no leite aumenta no decorrer de uma mamada, ou seja, o leite no final da mamada 
(leite posterior) é mais rico em energia (calorias) e sacia melhor a criança, por isso a importância de que a 
criança esvazie bem a mama. 
 Fatores imunológicos presentes no leite humano que protegem a criança contra infecções: 
o A IgA secretória é o principal anticorpo, atuando contra microrganismos presentes nas superfícies 
mucosas. 
▪ Esses anticorpos são um reflexo dos antígenos entéricos e respiratórios da mãe, ou seja, ela produz 
anticorpos contra agentes infecciosos com os quais já teve contato, proporcionando, dessa maneira, 
proteção à criança contra os germens prevalentes no meio em que a mãe vive. 
 
20 Tutoria III – M2 P3 Gabriella Almeida XXIV 
▪ A concentração de IgA no leite materno diminui ao longo do primeiro mês, permanecendo 
relativamente constante a partir de então. 
o Outros fatores de proteção: IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lisozima e 
fator bífido (favorece o crescimento do Lactobacilus bifidus – bactéria não patogênica que acidifica as 
fezes, dificultando a instalação de bactérias que causam diarreia, como a Shigella, Salmonella e Escherichia 
coli). 
o Alguns fatores de proteção podem ser destruídos pelo calor, por isso o leite humano pasteurizado 
(submetido a temperatura de 62,5°C por 30 minutos) não tem o mesmo valor biológico. 
 
 Levando em consideração que o leite materno contém baixas concentrações de vitamina K, vitamina D e 
ferro, o Departamento de Nutrologia da SBP faz as seguintes recomendações de suplementação das crianças 
amamentadas: 
o Vitamina K ao nascimento; 
o Vitamina D diária até os 18 meses para as crianças sem exposição regular ao sol; 
o Ferro até os 2 anos de idade a partir da introdução da alimentação complementar em crianças nascidas 
a termo, ou antes em lactentes pré-termo.

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