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DISTÚRBIOS DE LINGUAGEM E FALA TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO • Para ser caracterizado como transtorno de linguagem ou de fala não pode estar associado a condições como deficiência intelectual, atraso global do desenvolvimento, TEA, déficit de atenção e hiperatividade e transtornos específicos da aprendizagem. • Os transtornos de fala ou linguagem ocorrem na primeira infância e podem trazer prejuízos pessoais, social, acadêmico ou profissional. DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM • É todo e qualquer sistema de signos que serve de meio de comunicação de ideias ou sentimentos por meio de signos convencionais, sonoros, gráficos ou gestuais. • Sensível ao inputs ambientais e por outras funções: atenção, memória, percepção, inteligência, cognição e audição. • Engloba também a interação social, a ação, a experimentação da criança no meio ambiente e a interação entre adultos e criança. • Para avaliar o desenvolvimento da linguagem da criança preciso avaliar a compreensão e depois a expressão. MARCOS DO DESENVOLVIMENTO – COMPREENSÃO DA LINGUAGEM (NÃO PRECISA DECORAR) • 0 a 12 meses: compreende comportamento não verbal; compreende palavras simples; reage ao não; responde perguntas com comportamento não verbal; reage a palavras familiares; atende a solicitações simples. • 12 a 19 meses: identifica partes do corpo; entende cerca de 50 palavras; respeita turnos comunicativos; manifesta conhecimento de esquemas e de jogos sociais. • 19 a 24 meses: compreende as funções comunicativas; aumento do vocabulário receptivo; aumento da compreensão linguística de frases simples; aumento do tempo de atenção. • 25 a 36 meses: compreende frases simples sem necessidade de pistas contextuais; diferencia grande/pequeno, dentro/fora, igual/diferente; diferencia cores e formas geométricas primárias. MARCOS DO DESENVOLVIMENTO – EXPRESSÃO DA LINGUAGEM (NÃO PRECISA DECORAR) • Período pré-linguístico: ocorre nos primeiros 2 anos de vida. A linguagem é presa ao contexto e ao concreto. • 0 a 2 meses: vocalizações reflexas, choro indiferenciado, gritos e sons vegetativos; comunicação não intencional, comportamentais reativos. • 2 a 8 meses: sons associados à emergência do sorriso, choro diferenciado; primeiras combinações consoante/vogal (6 meses); comunicação não intencional, comportamentos ativos. • 9 a 12 meses: produção de itens lexicais como papa, mama; utiliza recursos para agir sobre o outro: olhar alternado entre adulto e objeto, manipulação do adulto; comportamentos acompanhados de vocalizações. • 12 a 18 meses: atitudes comunicativas intencionais; início do uso da linguagem oral: enunciados de 1 palavra. • Primeiro período linguístico: ocorre até 5 ou 6 anos de vida. Há o desenvolvimento da linguagem oral propriamente dita. • 1 ano: primeiras palavras: nomear ou pedir; generalização: auau = cachorro, leão, gato; produção de 1 palavra com sentido de todo o enunciado (holofrase); vocabulário de 20 palavras. • 1 ano e 6 meses: primeiras associações de palavras; chama-se de neném; respeita turnos comunicativos. • 2 anos: vocabulário de 200 a 300 palavras; nomeia os objetos do cotidiano; pergunta nomes da coisas; repete sua fala quando não entendido; usa adjetivos, verbos, substantivos. • 3 anos: vocabulário de 900 a 1000 palavras; uso do eu; início da gramaticalização; formula frases de maneira satisfatória; consegue repetir ou contar uma história; possibilidade de criação de termos novos; tem noção de plural, comete generalizações sintáticas: eu comi, eu fazi. • 4 anos: 1500 – 1600 palavras; faz perguntas constantes, mas tem dificuldade em responder: como e por que?; uso do futuro; usa sentenças complexas: frases de 5 ou 6 palavras. • 5 anos: possui vocabulário de 2100 – 2200 palavras; fala sobre sentimentos; maioria das estruturas frasais presente, gramática semelhante à do adulto; discurso; OBS: espera-se a produção de palavras com 1 ano e frases (mamãe dá, neném queR) com 2 anos. Aceita-se uma variação de 6 meses para +/-. Devemos investigar crianças com 3 e 4 anos que não falam nenhuma palavra. PROVA • Segundo período linguístico: ocorre após os 6 anos, período de apropriação da linguagem escrita. ATRASO DE LINGUAGEM • Não surgimento das primeiras palavras até os 18 meses, ou falta de combinação de palavras (justaposição) até os 24 meses, ou ainda a ausência de organização frasal até os 36 meses. Não correlaciona com nenhuma patologia. Tem caráter temporário. Deve-se estimular. o Lentidão na aquisição dos fonemas; o Inadequação na organização frasal; o Disfluência; o Comprometimento da inteligibilidade da fala; o Dificuldades para nomear objetos, pessoas; o Nomeação pela função, pelo lugar ou gestos. TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM (TDL) • Dificuldades persistentes na aquisição e uso da linguagem – expressão e/ou compreensão – não decorrente de outros transtornos do desenvolvimento. • Anteriormente conhecido como distúrbio específico de linguagem. • Precisa de acompanhamento multidisciplinar. DESENVOLVIMENTO DA FALA E FONOLÓGICO • Conhecimento e combinação de fonemas. • Produto com significado. • Capacidade de coordenar os movimento dos OFAs com a respiração e vocalização. TRANSTORNO DA FALA E FONOLÓGICO • Transtorno de fala: dificuldade persistente para produção da fala que interfere na inteligibilidade ou impede a comunicação verbal. Articulatório. (criança bota a língua para frente quando está falando). • Transtorno fonológico (troca letras): dificuldade com o aprendizado e a aplicação das regras fonológicas. Predominantemente nas consoantes, em indivíduos com audição normal, sem disfunção neurológica, com compreensão da fala apropriada para a idade, linguagem expressiva e habilidades intelectuais adequadas. As etiologias são: o Otites de repetição e infecção de vias aéreas superiores. o Fatores psicossociais: falta de estimulação e atraso de fala. o Histórico familiar. o Distúrbios do processamento auditivo. OBS: os distúrbios fonológicos não são uma produção aleatória de sons errados, mas sim uma organização própria, consistente e sistemática, mas que falha na correspondência com o de outras crianças da mesma idade. • Os 2 transtornos citados acima são tratados pelo fonoaudiólogo. TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO (TEA) • Definido pela presença de “Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, atualmente ou por história prévia”. • É um transtorno de desenvolvimento que geralmente aparece nos três primeiros anos de vida e compromete as habilidades de comunicação e interação social. • O TEA pode ser classificado em grau leve, moderado ou severo, dependendo do apoio necessário que a pessoa precisa para realizar as atividades do dia a dia. As pessoas com autismo não apresentam um aspecto físico diferente, percebemos as alterações através do seu comportamento. Por ser uma condição neurológica e não uma doença, não tem cura. MANIFESTAÇÕES INICIAIS - PROVA • Queixa dos pais que a criança perdeu habilidades já adquiridas. • Bebê não gosta do colo ou rejeita o aconchego, inclusive durante a amamentação. • Não apresenta sorriso social. • Baixo contato ocular e deficiência no olhar sustentado. • Demonstra maior interesse por objetos do que por pessoas. • Não se volta para sons, ruídos e vozes no ambiente. • Não segue objetos e pessoas próximos em movimento. • Incômodo incomum com sons altos. • Interesses não usuais, como fixação em estímulos sensório-viso- motores. • Imitação pobre. • Apresentar pouca ou nenhuma vocalização. • Podem aparecer estereotipias, movimentos repetitivos com as mãos ou com o corpo. • Problemas de alimentação, podendo se manifestar pela recusa a se alimentar ou gosto restrito. CARACTERÍSTICAS • As alterações comportamentais e habilidades de comunicação e socialização podem estar relacionados a déficits cognitivos ou não. • Existe dificuldade em relacionar-secom os outros. • Incapacidade de compartilhar sentimentos, gostos e emoções. • Dificuldade na discriminação entre diferentes pessoas. • Falta ou diminuição da capacidade de imitar, que é um dos pré-requisitos cruciais para o aprendizado. COMUNICAÇÃO • A comunicação ela pode existir ou não, varia da pessoa e do grau do autismo. o Comunicação verbal pode ser repetitiva, não comunicativa, ecolalia imediata ou ecolalia tardia. o Comunicação não verbal é limitada não conseguindo se expressar por gestos, expressões, linguagem corporal e ritmo. IMAGINAÇÃO • Rigidez e inflexibilidade: pensamento, linguagem e comportamento. • Comportamentos obsessivos e ritualísticos. • Falta de aceitação das mudanças. • Dificuldades em processos criativos. • Fixação em determinados assuntos. QUESTÕES SENSORIAIS • Indivíduos com TEA vivenciam dificuldades na percepção, integração e modulação de suas respostas a estímulos sensoriais diários, com impacto significativo nas atividades de vida diária e acadêmicas. • Baixa energia/fraqueza: não consegue carregar objetos pesados, tem preensão fraca. • Sensibilidade tátil/ao movimento: reage agressivamente ao toque, evita andar descalço, fica ansioso ou estressado quando os pés não tocam o chão e tem medo de altura ou movimento. • Sensibilidade gustativa/olfativa: come apenas alguns sabores e escolhe alimentos pela textura. • Sensibilidade auditiva/visual: não consegue realizar tarefas com barulho ao fundo, tampa os ouvidos com as mãos, fica incomodado com luzes brilhantes, cobre os olhos para protege-los da luz. • Procura sensorial/Distraibilidade: fica muito excitado durante atividades com movimento, pula de uma atividade para outra de maneira que interfere no brincar, tem dificuldade em prestar atenção e produz barulhos estranhos. • Hiporresponsividade: parece não notar quando o rosto e mãos estão sujos, não responde quando o nome é chamado, parece não ouvir o que lhe é dito, deixa a roupa embolada no corpo. INTERVENÇÃO – PROVA • O diagnóstico pode ser fechado com confiança aos 2 anos de idade. Porém, no Brasil, a média é com 6 anos. • O tratamento padrão-ouro para TEA é a intervenção precoce, que deve ser iniciada tão logo haja suspeita ou imediatamente após o diagnóstico por uma equipe interdisciplinar. • Consiste em um conjunto de modalidades terapêuticas que visam aumentar o potencial do desenvolvimento social e de comunicação da criança, proteger o funcionamento intelectual reduzindo danos, melhorar a qualidade de vida e dirigir competências para autonomia, além de diminuir as angústias da família e os gastos com terapias sem bases de evidência científicas. OBS: quem fecha o diagnóstico é o neurologista. • O conhecimento sobre a aquisição e o desenvolvimento da linguagem são primordiais para a avaliação e a identificação dos transtornos e atrasos de fala e linguagem. O pediatra apresenta papel fundamental na identificação precoce.
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