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Imprimir INTRODUÇÃO A cultura organizacional apresenta uma ligação direta com a capacidade da empresa de desenvolver, implementar e gerenciar planos estratégicos. A estratégia não pode estar restrita aos níveis hierárquicos superiores nem é responsabilidade apenas dos diretores da empresa. Os objetivos estratégicos de longo prazo são alcançados a partir das ações e atividades realizadas pelos colaboradores, no dia a dia da empresa, em cada atendimento e cada negociação que realiza com seus clientes. Por isso, a construção de uma cultura organizacional forte, que engaje, motive e oriente os colaboradores, desempenha um papel fundamental no sucesso da empresa. Nesta aula, vamos discutir como a cultura organizacional e a estratégia estão relacionadas. Vamos aprender juntos? Boa aula! O PAPEL DA CULTURA ORGANIZACIONAL NA IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA Aula 1 A ESTRUTURA E A CULTURA ORGANIZACIONAL NA IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA Os objetivos estratégicos de longo prazo são alcançados a partir das ações e atividades realizadas pelos colaboradores, no dia a dia da empresa, em cada atendimento e cada negociação que realiza com seus clientes. 27 minutos IMPLEMENTAÇÃO E CONTROLE DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Aula 1 - A Estrutura e a Cultura Organizacional na implementação da estratégia Aula 2 - Plano de Ação e Comunicação Aula 3 - Balanced Scorecard Aula 4 - Mapa estratégico Referências 102 minutos A cultura organizacional pode ser entendida como os valores, comportamentos e regras sociais que orientam as relações pessoais entre os membros de uma empresa, e desta com o ambiente externo, e que orientam as decisões e ações da empresa na realização de suas atividades. É a forma de agir que é aceita e incentivada pela organização. A cultura é transmitida aos novos membros da equipe e é constantemente fortalecida pelas posturas, atitudes e comportamentos dos líderes da empresa. Para Gomes et al. (2017), a cultura representa os comportamentos que são aceitos e os que são reprovados, o que está expresso nas normas, manuais de trabalho e regulamentos de conduta da organização. A cultura organizacional está intimamente relacionada à estratégia, pois tem como base o posicionamento estratégico da empresa, ou seja, sua missão, visão e valores. Essa forma de agir também deve ser aprendida pelos novos membros, para que sejam aceitos pelo grupo. Segundo Fleury e Fischer (1991), alguns aspectos e características podem ser usados para entender a cultura de uma empresa, como a história de sua fundação e crescimento; a história do fundador, que muitas vezes é considerado um líder visionário e inspirador; os incidentes críticos, que são os momentos de mudança, expansão e os marcos históricos que ajudaram a construir a empresa; os processos de socialização de novos membros; as políticas de recursos humanos, que são usadas para premiar, punir ou reconhecer os comportamentos válidos; os processos de comunicação, tanto a o�cial quanto a comunicação cotidiana entre os membros da equipe; e os processos de trabalho, organização e liderança. Em algumas empresas, a informação acerca das estratégias e objetivos de longo prazo está restrita aos níveis hierárquicos superiores, o que di�culta a criação de uma cultura organizacional que incentiva o pensamento e a ação estratégica. Segundo Del Prá Netto Machado et al. (2013), empresas mais antigas, com culturas organizacionais já estabelecidas e cristalizadas têm mais di�culdade de criar uma cultura na qual a visão estratégica seja disseminada pelos diversos níveis hierárquicos, o que pode di�cultar o surgimento de ideias e inovações. Para Bateman e Snell (2007), a estrutura hierárquica precisa ser �exível para acomodar as mudanças e inovações que são necessárias para que a empresa possa alterar suas estratégias, como resposta às alterações do ambiente externo. O conceito de inovação organizacional se refere a essa capacidade de a empresa repensar seus processos e estruturas, de forma a adequar suas estratégias e manter sua capacidade competitiva. Stock, Six e Zacharias (2013) apontam que a empresa deve investir no desenvolvimento das competências em seus colaboradores para criar uma cultura que incentive a inovação e o pensamento estratégico. A estratégia não é uma responsabilidade apenas dos líderes. Todos os colaboradores devem estar cientes da estratégia e engajados nas ações que buscam colocar o planejamento estratégico em prática. Como destacam Naranjo-Valencia, Jiménez-Jiménez e Sanz-Valle (2011), a cultura exerce forte in�uência sobre as de�nições e ações estratégicas das empresas. A RELAÇÃO ENTRE A CULTURA ORGANIZACIONAL E A ESTRATÉGIA A cultura organizacional é o modo como a empresa realiza suas atividades, como estabelece relações com seus clientes e empregados, como soluciona os problemas que surgem e como realiza as atividades. Os valores que orientam as relações e atitudes da empresa precisam ser reforçados e ensinados aos novos membros que passam a fazer parte da equipe. Empresas sólidas e que se destacam em seus mercados geralmente têm culturas organizacionais fortes e bem estabelecidas. No Brasil, empresas como Pão de Açúcar, Ambev e Magazine Luiza são exemplos de culturas organizacionais fortes, que podem ser observadas por uma série de características, como a forma de se vestir, os comportamentos e as atitudes dos colaboradores. Podemos usar o exemplo do Magazine Luiza para identi�car diversas características da cultura organização. O histórico da organização e a história de seu fundador são extremamente valorizados na empresa. A principal executiva do grupo, Luiza Trajano, personi�ca os valores da empresa, como a valorização das pessoas, que são tratadas como membros da família, e o incentivo ao trabalho e à dedicação. Um dos incidentes críticos que direcionaram o crescimento da empresa ocorreu no ano de 2008. Tradicionalmente uma rede de lojas com atuação em pequenas e médias cidades do interior, neste ano a empresa inaugurou, em um só dia, cinquenta lojas na cidade de São Paulo, maior mercado consumidor do país. As políticas de recursos humanos também são desenvolvidas para reforçar a cultura da empresa. Os processos de socialização de novos membros são extremamente organizados e valorizados. Tanto a socialização formal, realizada pelas equipes de recursos humanos, quanto a socialização informal, realizada pelos chefes e parceiros de trabalho, reforçam os valores da cultura organizacional. No ano de 2020, a empresa desenvolveu um processo de recrutamento e seleção, buscando novos colaboradores, direcionado para candidatos negros. Com esta ação, a empresa buscou reforçar os aspectos de inclusão social e igualdade, que fazem parte de seus valores, por meio de uma política de recursos humanos efetiva. A comunicação usada pela empresa com seus colaboradores também reforça a cultura familiar e o bom relacionamento com os colaboradores. Um exemplo é o café da manhã que a executiva realiza regularmente com as equipes, para ouvir suas opiniões e ideias. Apesar de ser uma grande empresa, com uma complexa hierarquia, os líderes se mantêm abertos ao relacionamento com os colaboradores operacionais e constantemente estão nas lojas, vivenciando o cotidiano da empresa. Os processos de avaliação de desempenho também reforçam a cultura de pertencimento e engajamento. Desde o ano de 1993, a empresa conta com programas de boni�cação para os funcionários. A empresa constantemente é premiada em rankings das melhores empresas para se trabalhar. No ano de 2020 foi premiada como a quinta melhor empresa para os colaboradores em toda a América Latina. O DESENVOLVIMENTO DA CULTURA ORGANIZACIONAL Em nossas aulas, estamos acompanhando o processo de planejamento estratégico de duas diferentes empresas. Uma indústria de produtos alimentícios, que já existe há alguns anos, e um restaurante em processo de criação. Por estarem em momentos diferentes de seu desenvolvimento, podemos também identi�cardiferentes estágio do estabelecimento da cultura organizacional. Como a indústria já tem uma história estabelecida, já podem ser identi�cadas diversas características de sua cultura, como a história de seu desenvolvimento e a de seu criador, políticas de recursos humanos estabelecidas, processos de socialização de novos colaboradores, incidentes críticos e um processo de comunicação entre os diversos níveis hierárquicos já estabelecido. Caso a cultura organizacional não seja voltada para a estratégia e as decisões estejam centradas nos níveis hierárquicos superiores, provavelmente a empresa encontrará di�culdades para comunicar os planos estratégicos e gerar motivação e engajamento dos colaboradores. Como o planejamento estratégico que a empresa pretende implementar nos próximos anos está ligado à inovação e ao desenvolvimento de novos mercados, tendo como estratégia genérica a diferenciação e foco estratégico, além da diversi�cação, a empresa precisa incentivar que a cultura organizacional seja mais aberta. Pode ser necessário adotar políticas e ações para que a empresa passe por um processo de mudança cultural. Mesmo que a cultura já esteja estabelecida, é possível mudar os comportamentos, hábitos e valores, tornando-a mais aberta e voltada para a estratégia. Porém, em empresas já estabelecidas, o processo de mudança cultural é complexo e demorado, pois envolve posturas e relações já estabelecidas. Qualquer mudança pode ser vista, por alguns colaboradores, como um risco à sua posição e seu status no grupo social formado pelos funcionários da empresa. A mudança cultural depende do envolvimento direto dos líderes e um trabalho intenso da área de recursos humanos. Já o empreendedor que pretende abrir um restaurante tem a oportunidade de estabelecer, desde o início da história da empresa, uma cultura inclusiva e que motive a participação dos colaboradores nos processos de planejamento estratégico. O empreendedor também pode estabelecer uma cultura organizacional que incentive o pensamento inovador, na qual as ideias, opiniões, conhecimentos e competências dos colaboradores sejam valorizadas e utilizadas para direcionar a atuação da empresa no mercado. A construção desta cultura pode iniciar com o recrutamento, seleção e contratação de colaboradores que contem com competências que podem ser usadas no desenvolvimento do planejamento estratégico da empresa. É comum que, no início da formação de uma empresa, a cultura organizacional re�ita diretamente os valores, comportamentos, posturas e formas de agir do empreendedor, pois as decisões, sejam elas estratégicas ou operacionais, estão concentradas em suas mãos. Porém, se o empreendedor adota uma postura de abertura às opiniões dos colaboradores e consegue estabelecer uma relação de con�ança e respeito, tem a chance única de construir uma cultura organizacional realmente diferenciada, que ajudará a empresa a construir, no futuro, vantagens competitivas sustentáveis. VIDEOAULA A cultura organizacional envolve valores, comportamentos e atitudes, fatores que são subjetivos e intangíveis. Por isso, os conceitos teóricos nem sempre conseguem traduzir plenamente o signi�cado da cultura de uma empresa. Porém, basta passar algumas horas em uma empresa para identi�car características de sua cultura, que está presente na forma como as pessoas se comportam, se relacionam, se vestem e falam. Neste vídeo, vamos discutir a relação da cultura organizacional com a estratégia. Vamos aprender juntos? Saiba mais Videoaula Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. Em um ambiente concorrencial cada vez mais acirrado e um mundo que passa por constantes transformações, a construção de uma cultura organizacional é um fato importante para o sucesso das empresas. Neste contexto, a liderança da organização tem o papel de criar e incentivar o fortalecimento da cultura da empresa, tema que é abordado nesta obra. SCHEIN, E. H. Cultura Organizacional e Liderança. São Paulo: Grupo GEN, 2009. E-book. ISBN 9788597019827. INTRODUÇÃO Para que se sintam engajados e motivados a colocar os planos estratégicos, táticos e operacionais, e para que a empresa possa atingir seus objetivos, é fundamental que os colaboradores conheçam as direções, o posicionamento estratégico e a relação entre suas atividades, responsabilidades e metas individuais com os objetivos estratégicos da organização. Por isso, a comunicação entre os diversos níveis hierárquicos deve ser clara e constante. Nesta aula, vamos discutir o desdobramento dos planos estratégicos pelas áreas funcionais e a importância dos processos de comunicação. O conteúdo é de fundamental importância para você, que pretende atuar, no futuro, na formulação, implementação e gestão das estratégias empresariais. Vamos aprender juntos? A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NA IMPLANTAÇÃO DOS PLANOS DE AÇÃO O plano estratégico de�ne os objetivos de longo prazo e as prioridades estabelecidas pela empresa em relação ao uso de seus recursos, tendo como diretriz o posicionamento estratégico da organização. Assim, segundo Kaplan e Norton (2017), o plano orienta as decisões que são tomadas pelos gestores no cotidiano das operações da empresa, além de garantir os esforços dos colaboradores das diversas áreas funcionais e níveis hierárquicos da empresa. O plano estratégico envolve as decisões tomadas no nível de direção, ou nível corporativo. Para que seja colocado em prática, o plano estratégico deve ser desdobrado em planos de ação que de�nem as metas especí�cas de cada um dos níveis da hierarquia. No nível de negócios, ou nível tático, os planos de ação têm o papel de de�nir as atividades necessárias para colocar em prática as estratégias. Segundo Rojo (2010), incluem a de�nição dos mercados e clientes a serem atendidos, portfólio de produtos a serem comercializados e serviços prestados, bem como a construção das vantagens competitivas que a empresa pretende estabelecer diante de seus concorrentes em cada segmento ou área de negócio. Aula 2 PLANO DE AÇÃO E COMUNICAÇÃO Nesta aula, vamos discutir o desdobramento dos planos estratégicos pelas áreas funcionais e a importância dos processos de comunicação. 23 minutos https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597019827/ No nível operacional, os planos de ação são detalhados em atividades, processos e ações que precisam ser realizadas pelos colaboradores no cotidiano de suas atividades. Apesar de terem funções diversas e serem usados nos diferentes níveis hierárquicos, os planos estratégicos, táticos e operacionais precisam ser alinhados para garantir que as estratégias sejam colocadas em prática. Os planos de ação táticos e operacionais podem ser entendidos como uma forma de organizar o uso dos recursos e os esforços da empresa, com a de�nição de responsáveis pelos processos, prazos e orçamentos, para que a empresa atinja seus resultados de forma e�ciente e e�caz. Um elemento fundamental para o sucesso da implementação estratégica é a correta comunicação dos objetivos, planos, responsáveis, metas e atividades a serem realizadas pelos colaboradores. Quesado e Costa (2017), após realizarem um estudo com diversas empresas que adotam a metodologia BSC como ferramenta de gestão da implementação estratégica, constataram que uma das principais razões de insucesso são falhas na comunicação entre os diversos níveis organizacionais. Segundo as autoras, a falta de sistemas de informação que garantam que todos os colaboradores entendam claramente suas atividades e a relação de suas metas individuais com os objetivos estratégicos, além da falta de atualização dos dados e informações referentes à evolução dos indicadores de desempenho, di�culta a manutenção do foco e da motivação das equipes. Mesmo que os colaboradores estejam cientes das estratégias gerais da empresa e de seus objetivos de longo prazo, Tiburcio e Santana (2014) apontam que a comunicação entre os níveis hierárquicos e entre as diversas áreasfuncionais exerce um papel fundamental no alinhamento das ações que são tomadas no cotidiano da organização. Quando os indicadores de desempenho apresentam resultados desalinhados com os planos, é necessário que os gestores façam alterações nos planos de ação, para corrigir o rumo da empresa. Se estas alterações não forem devidamente comunicadas às demais áreas da organização, os planos de ação de cada área funcional podem �car desalinhados, fazendo com que recursos e esforços sejam desperdiçados, o que di�culta o sucesso das estratégias da empresa. DESDOBRAMENTO DOS PLANOS ESTRATÉGICOS Apesar de ser o documento fundamental para a de�nição das estratégias organizacionais no longo prazo, o plano estratégico aborda apenas os objetivos gerais e o posicionamento estratégico a ser adotado pela empresa. Para que seja colocado em prática, o plano estratégico precisa ser adequadamente desdobrado em planos táticos, para cada uma das áreas funcionais da empresa, e planos operacionais, que vão orientar as atividades de cada um dos colaboradores da empresa. Vamos tomar como exemplo uma empresa que de�ne como objetivo estratégico conseguir, nos próximos cinco anos, obter a certi�cação ISO 14001, relacionada ao sistema de gestão ambiental, que garante que a empresa não apenas segue todos os regulamentos e normas de proteção do meio ambiente, como também está preparada para responder de forma sustentável às mudanças ambientais. Para que este objetivo estratégico seja alcançado, diversas áreas da empresa precisam estar envolvidas. A área de compras precisará veri�car se os fornecedores atuais cumprem as normas e requisitos ambientais na produção das matérias-primas. A área de desenvolvimento de produtos precisará avaliar cada um dos produtos e serviços da empresa, para garantir que nenhuma atividade está em desacordo com as normas. Da mesma forma, a área de produção precisa analisar os processos produtivos, os equipamentos utilizados nas linhas de produção, bem como as condições de armazenamento e movimentação de produtos. A logística precisa analisar os canais de distribuição e as atividades de transporte, com o objetivo de diminuir os impactos ambientais dos processos de entrega das mercadorias. A área de marketing precisa identi�car, nos clientes, como suas demandas, desejos e necessidades serão afetados pelas mudanças nas características dos produtos que precisarem ser adaptadas para cumprir as regulamentações. A área �nanceira desenvolverá orçamentos e buscará fontes de �nanciamento para que as mudanças e melhorias necessárias sejam implantadas. A área de recursos humanos precisará realizar um levantamento dos conhecimentos e competências existentes na equipe, comparando-as com competências necessárias para adotar os processos adequados a �m de que a empresa cumpra os parâmetros de�nidos pela certi�cação. Esses planos táticos de cada uma das áreas precisam estar alinhados. Uma mudança no fornecimento de matérias-primas pode levar a uma necessidade de adaptação do processo produtivo, assim como a adoção de uma nova forma de produção pode exigir o desenvolvimento de novas matérias-primas. Para implantar novos processos de trabalho na linha de produção ou na logística, é necessário que os colaboradores recebam treinamentos e aprendam novas competências. Os planos táticos devem ser desdobrados em um plano de ação operacional para cada cargo, com as atividades, recursos, metas e indicadores de desempenho que serão usados para medir os resultados de cada colaborador, que precisa saber exatamente o que se espera de seu trabalho e que resultados deve alcançar para que os planos da empresa sejam colocados em prática. ESTABELECENDO CANAIS DE COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA A falta de processos e canais de comunicação claramente estabelecidos e organizados são um dos principais problemas encontrados nas organizações. Muitos planos e estratégias, mesmo que bem desenhados, não são implementados adequadamente por erros na comunicação entre as diversas áreas e níveis hierárquicos da organização. Mesmo empresas com culturas estabelecidas e estruturas de�nidas podem sofrer com os problemas relacionados a falhas de comunicação, pois a grande quantidade de informações e conhecimentos gerados no cotidiano da empresa pode não �uir adequadamente pelos canais de comunicação. No caso das duas empresas que estamos acompanhando em nossas aulas, o estabelecimento de canais de comunicação e�cientes representa um passo importante para o sucesso dos planos estratégicos. A indústria alimentícia, que produz refeições pré-prontas, pretende implantar uma estratégia de desenvolvimento de novos produtos que, para ser bem-sucedida, dependerá da criação de novos conhecimentos, processos de trabalho e de produção, nas mais diversas áreas da empresa. A estratégia de�nida no planejamento apresenta uma série de riscos, já que a empresa não conhece profundamente o mercado e as características das demandas, desejos e necessidades dos consumidores desta nova linha de produtos. Da mesma forma, precisará procurar novos fornecedores, buscar tecnologias e criar processos de produção. As informações coletadas pelas diversas áreas da empresa precisam ser comunicadas rápida e corretamente às demais áreas funcionais envolvidas. Por exemplo, uma demanda dos consumidores, captada pela equipe comercial, precisa ser rapidamente compartilhada com a área de desenvolvimento de produtos, para que estas características sejam incorporadas ao projeto. Da mesma forma, dados e informações acerca da disponibilidade de matérias-primas e inovações que possam ser incorporadas aos produtos precisam ser repassadas para a área de marketing, que precisa avaliar se essas características serão reconhecidas e podem ser incorporadas no valor percebido pelo consumidor. Tanto os planos e objetivos estratégicos quanto os planos táticos e operacionais, metas, indicadores de desempenho, recursos, atividades e responsabilidade de cada colaborador precisam ser comunicadas com clareza, para garantir que cada um saiba seu papel no plano estratégico da empresa. À medida que os resultados dos planos e atividades forem registrados, estas informações devem ser compartilhadas com as diversas áreas e níveis hierárquicos, para garantir o engajamento e a motivação. No caso do restaurante que está em processo de desenvolvimento, não é possível a�rmar que existam processos e canais de comunicação estabelecidos, pois a empresa ainda não conta com colaboradores. Porém, o empreendedor precisa coletar, organizar e analisar uma série de informações, tanto de fornecedores, concorrentes, futuros colaboradores, instituições e organizações de apoio ao empreendedorismo quanto dos potenciais clientes da empresa. A partir dessas informações o empreendedor desenvolverá os conhecimentos e competências necessárias para desenvolver o plano estratégico da empresa. VIDEOAULA O engajamento dos colaboradores com as estratégias da empresa é fator-chave para o sucesso da organização. A comunicação aberta, constante e clara, em relação aos objetivos, tendências e resultados obtidos fortalece tanto o engajamento e a motivação quanto a cultura organizacional. Neste vídeo, vamos abordar a importância da comunicação na implantação dos planos estratégicos. Vamos aprender na prática? Saiba mais A importância da comunicação na construção da cultura empresarial e sua relação com os valores e os propósitos da organização são os temas abordados nesta obra, que apresenta de forma simples e direta os conceitos. GOMES, E. C. Propósito organizacional e estratégias de comunicação interna. São Paulo: Saraiva, 2021. E-book. ISBN 9786589881704. Videoaula Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. Aula 3 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786589881704/ INTRODUÇÃO A implementação e a gestão dos planos estratégicos, táticos e operacionais representam um desa�o para as empresas. As metas individuais, atividades e responsabilidadesde cada um dos colaboradores estão relacionadas e se in�uenciam. Assim, quando um colaborador ou área não atinge suas metas, pode haver impacto em outras áreas da organização, impossibilitando que a empresa atinja seus objetivos de longo prazo. Por isso, as metodologias de gestão estratégica são ferramentas essenciais para colocar em prática os planos estratégicos. Nesta aula, vamos abordar a mais conhecida destas metodologias, o Balanced Scorecard. Os conceitos e teorias discutidas são muito importantes para que você possa atuar na gestão em empresas que adotam a metodologia. Por isso, preste bastante atenção ao conteúdo. Bons estudos! BALANCED SCORECARD NA GESTÃO ESTRATÉGICA Acompanhar a implantação dos planos de ação que são desenhados para que o planejamento estratégico seja colocado em prática, a �m de que a empresa atinja seus objetivos de longo prazo, representa um grande desa�o para os gestores de uma organização. Os planos de ação de cada uma das áreas envolvem uma série de metas, processos e atividades que precisam ser realizadas no prazo correto, usando adequadamente os recursos da organização e seguindo as diretrizes de�nidas. Estes planos estão interconectados, pois as ações realizadas em uma área funcional impactam os planos e as metas de outras áreas funcionais. Os planos de ação também precisam levar em consideração aspectos externos, como mudanças nas condições do ambiente concorrencial e na sociedade. Assim, as empresas buscam desenvolver ferramentas e metodologias que auxiliem o processo de gestão estratégica. Dentre estas metodologias, destaca-se o Balanced Scorecard (BSC), ou Indicadores Balanceados de Desempenho. Desenvolvida por Robert S. Kaplan e David Norton, o BSC tem o objetivo de gerenciar as relações de causa e efeito nas ações estratégicas da empresa a partir de quatro pilares ou perspectivas do BSC: �nanceiro, mercado, processos internos e aprendizado (KAPLAN; NORTON, 2017). O BSC mede e acompanha os indicadores-chave de performance de cada um destes pilares por meio de painéis ou dashboards, o que possibilita, segundo Junger, Ferreira e Pinto (2018) que os gestores adotem medidas corretivas quando identi�cam um desalinhamento entre o plano estratégico e as atividades e resultados obtidos. A �gura a seguir mostra um exemplo de como um objetivo estratégico é desdobrado nas diversas perspectivas. Figura 1 | Balanced Scorecard BALANCED SCORECARD Nesta aula, vamos abordar a mais conhecida destas metodologias, o Balanced Scorecard. Os conceitos e teorias discutidas são muito importantes para que você possa atuar na gestão em empresas que adotam a metodologia. 23 minutos Fonte: adaptado de Kaplan e Norton (2017, p. 9). Como mostra o quadro, o BSC é um sistema de gestão que acompanha e avalia os resultados, gerando feedbacks que orientam os gestores na tomada de decisão estratégica. Os objetivos são desdobrados nas quatro perspectivas. Segundo Galdino, Chaves e Oliveira (2019), na perspectiva �nanceira são medidos indicadores relacionados aos resultados obtidos em relação aos investimentos realizados. São acompanhados indicadores como receita, custos, lucro, rentabilidade, ponto de equilíbrio, evolução do faturamento, liquidez �nanceira, estoques e resultados �nanceiros. Já na perspectiva do mercado são acompanhados indicadores como novos clientes, manutenção de clientes, perda de clientes, participação da empresa no mercado. Segundo Sgarbossa e Muraro (2020), também são medidos indicadores de presença digital da marca, como a quantidade de seguidores e de interações dos clientes. Na perspectiva dos processos internos, segundo Silva (2017), são acompanhados indicadores relacionados aos produtos e aos processos internos da empresa. Por �m, na perspectiva do aprendizado, Fernandes et al. (2017) apontam que o BSC acompanha indicadores de desenvolvimento dos colaboradores e o processo de gestão do conhecimento gerado na organização. O BSC possibilita transformar estratégias abstratas, como a usada no exemplo da Figura 1 , em metas especí�cas para cada uma das áreas da organização. Por isso, é um instrumento importante na gestão estratégica da organização, pois permite identi�car tanto os resultados atuais da empresa como projetar tendências, para que os gestores possam antecipar a tomada de decisão estratégica. O USO DO BSC NAS EMPRESAS BRASILEIRAS A implementação da metodologia Balanced Scorecard, apesar de trazer signi�cativos benefícios para o sucesso da implementação da estratégia das empresas, representa um desa�o, pois todas as áreas e os colaboradores dos diversos níveis hierárquicos precisam estar preparados para usar os indicadores e https://conteudo.colaboraread.com.br/202301/WHITE_LABEL/PLANEJAMENTO_ESTRATEGICO/LIVRO/U4/assets/img/fig_u4_a15_01.png dashboards de gestão, e motivados para se engajar nos planos e ações que precisam ser implantadas. Saheli (2002) aponta que, dentre algumas empresas brasileiras, a Companhia Suzano de Papéis, ainda no início da década de 2000, identi�cou uma série de desa�os à implementação da metodologia, como: a pouca experiência dos executivos em processos de planejamento estratégico; a resistência dos executivos em adotar uma metodologia baseada na divulgação das ações e resultados estratégicos da empresa para os colaboradores dos mais diversos níveis; a falta de compreensão dos gerentes em relação aos processos, recursos e metas das outras áreas da organização; a descon�ança do mercado em relação à de�nição de objetivos de longo prazo, em um ambiente concorrencial em constante transformação; a di�culdade em de�nir indicadores realmente relacionados aos objetivos de longo prazo. Apesar dessas questões, a empresa obteve resultados signi�cativos a partir da implantação do Balanced Scorecard. É importante salientar que a empresa adotou a metodologia há mais de duas décadas, quando o BSC ainda estava em processo de desenvolvimento por seus criadores. Atualmente, com o desenvolvimento de tecnologias, programas, softwares e aplicativos que acompanham em tempo real os resultados dos indicadores, apresentando-os em dashboards automatizados, o processo de gestão do Balanced Scorecard se tornou mais simples, possibilitando que cada vez mais empresas passassem a adotar a metodologia. Pinto et al. (2020) realizaram um estudo de caso com empresas brasileiras que adotam a metodologia, e apontam alguns fatores que colaboram com o sucesso da implantação do BSC, como o comprometimento da alta direção da empresa, a motivação e o engajamento dos colaboradores, a clareza da comunicação de objetivos, estratégia, metas e indicadores a serem acompanhados, e a adoção de um sistema de gestão e�ciente. Por outro lado, apontam alguns riscos que podem di�cultar o processo de implantação ou a continuidade do uso da metodologia no longo prazo. Dentre esses riscos, listam a pouca �exibilidade da metodologia em relação a prazos e orçamentos que devem ser realizados; a falta de entendimento da relação entre as atividades cotidianas e metas individuais com os objetivos estratégicos de cada uma das perspectivas do Balanced Scorecard; a falta de integração entre os planos de ação e planos táticos de cada uma das áreas; e a pouca clareza na de�nição dos responsáveis pelas atividades e metas. Mesmo com esses desa�os e riscos, a metodologia Balanced Scorecard representa uma ferramenta importante para as empresas que buscam colocar em prática seus planos estratégicos, pois oferece a possibilidade de gerenciar os esforços e o uso dos recursos da empresa, e os resultados obtidos no curto, médio e longo prazos. DEFININDO OS OBJETIVOS NAS PERSPECTIVAS BSC A metodologia de gestão estratégica Balanced Scorecard pode ser uma ferramenta importante para que a indústria de produtos alimentícios, que estamos acompanhando em nossas aulas, aumente a chance de sucesso de sua estratégia de desenvolver uma linha de produtos saudáveis e ambientalmente sustentáveis. A empresa de�niu como objetivoestratégico para o período de cinco anos lançar uma linha composta por dez diferentes produtos e alcançar um volume de vendas de 60 mil unidades vendidas por ano. A área comercial desenvolveu um planejamento estratégico com as vendas projetadas ano a ano, apresentado na Aula 8 da Unidade 2 desta disciplina. O Balanced Scorecard é composto por quatro perspectivas: clientes, processos internos, aprendizado e �nanceira. Na perspectiva dos clientes, a empresa pode estabelecer como objetivos a serem alcançados o reconhecimento da marca da nova linha de produtos como uma marca que oferece uma oferta diferenciada de produtos de qualidade, que leva a preocupação com a saúde e o meio ambiente a sério. Como forma de medir essa percepção, a empresa pode desenvolver pesquisas de satisfação a serem realizadas regularmente com os clientes. Pode também de�nir o objetivo de conquistar 20% do mercado de produtos saudáveis, usando como indicador os dados de institutos de pesquisa que meçam o market share das marcas. Na perspectiva de processos internos, a empresa pode de�nir como objetivo a introdução dos produtos, de acordo com o planejamento apresentado na tabela a seguir: Quadro 1 | Cronograma de lançamento de produtos Produtos a serem lançados Volume de vendas Ano 1 3 10.000 Ano 2 6 15.000 Ano 3 8 30.000 Ano 4 10 45.000 Ano 5 10 60.000 Fonte: elaborada pelo autor. Outro objetivo que pode ser de�nido nesta perspectiva é a certi�cação dos produtos da empresa por instituições externas, que oferecem selos de qualidade con�rmando que os produtos são orgânicos e sustentáveis. Na perspectiva de aprendizado, a empresa pode de�nir como objetivo organizar o conhecimento gerado durante o processo de desenvolvimento de cada um dos produtos, tanto pelos colaboradores internos da empresa quanto pelas parcerias desenvolvidas com empresas e instituições que fazem parte das redes de inovação usadas no processo de criação dos produtos. Já na perspectiva �nanceira, a empresa pode de�nir objetivos relacionados ao crescimento do faturamento, aos custos unitários de produção dos produtos, aos custos �xos da empresa, e a metas de margem bruta e lucratividade. O Balanced Scorecard pode não ser a ferramenta de gestão estratégica mais adequada para o restaurante que será inaugurado pelo pequeno empreendedor devido à complexidade de sua utilização e ao fato de que o empreendedor precisará dedicar grande parte de seu tempo à gestão dos processos operacionais da empresa nos primeiros anos de sua existência. Porém, caso considere que tem capacidade de implantar a metodologia, o empreendedor dará um importante passo para garantir o sucesso de seu negócio. Mesmo em uma empresa nascente, as quatro perspectivas do Balanced Scorecard estão presentes, e a metodologia pode ser utilizada com sucesso. VIDEOAULA Apesar de parecer, em um primeiro momento, uma metodologia complexa, adequada apenas para grandes empresas, os conceitos centrais da metodologia BSC podem ser usados em empresas de portes diferentes, em momentos diversos de seu desenvolvimento estratégico. Neste vídeo vamos discutir a importância do BSC e seu uso pelas empresas. Vamos aprender juntos? Saiba mais Escrito pelos criadores da metodologia Balanced Scorecard, o livro é um verdadeiro manual de implementação da metodologia, trazendo exemplos práticos de uso da ferramenta de gestão. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Alinhamento – Utilizando o Balanced Scorecard para criar sinergias corporativas. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017. E-book. ISBN 9786555205152. Videoaula Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. INTRODUÇÃO Os indicadores de desempenho, utilizados para acompanhar o uso dos recursos, a realização das ações e os resultados obtidos, são ferramentas fundamentais no processo de gestão do plano estratégico. Os KPIs – ou key performance indicators – são bastante utilizados pelas empresas, pela facilidade com que podem ser medidos ou acompanhados. Porém, outras metodologias podem ser usadas, como os OKR – objectives and key results –, que apresentam uma série de benefícios em relação aos KPIs, como o incentivo ao trabalho em equipe e a construção do espírito de equipe. Vamos conhecer essas ferramentas, para você as use adequadamente quando for o responsável pela gestão estratégica de uma empresa. Boa aula! OS MAPAS ESTRATÉGICOS COMO FERRAMENTA DE GESTÃO O mapa estratégico é uma ferramenta utilizada em conjunto com o Balanced Scorecard para descrever as relações de causa e efeito das ações estratégicas que são desdobradas nas perspectivas do BSC. É usado para deixar explícitas as medidas, ações e atividades que precisam ser realizadas para que o objetivo estratégico seja alcançado. Também de�ne os indicadores de desempenho que serão usados para acompanhar o uso dos recursos, as atividades e os resultados obtidos. Aula 4 MAPA ESTRATÉGICO Os KPIs – ou key performance indicators – são bastante utilizados pelas empresas, pela facilidade com que podem ser medidos ou acompanhados. 24 minutos https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555205152/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555205152/ Os mapas estratégicos facilitam o acompanhamento da aplicação do plano estratégico, pois oferecem uma visão grá�ca simpli�cada que, segundo Kaplan e Norton (2017), mostram a relação entre as ações realizadas e os efeitos delas sobre os resultados estratégicos. Dalfovo (2004) destaca que os mapas estratégicos mostram a relação entre a estratégia e processos de trabalho e processos gerenciais da empresa, o que traz clareza e objetividade às decisões tomadas pelos gestores. Na metodologia BSC, a de�nição dos indicadores de desempenho exerce um papel fundamental no sucesso da implementação da estratégia. Os indicadores devem ser de�nidos de forma a re�etir a estratégia, pois eles mostram como os recursos são usados, que atividades devem ser realizadas, que prazos devem ser cumpridos e quais os resultados esperados. Devido à importância dos indicadores de desempenho na implementação das estratégias, diversas metodologias de de�nição e acompanhamento podem ser usadas pelas empresas. O conceito dos OKR (objectives and key results) possibilita que os objetivos e os resultados-chave que levam até ele sejam comunicados de forma clara e simpli�cada a todos os envolvidos. Para cada objetivo são de�nidos os resultados-chave como se fossem passos ou etapas a serem cumpridas. Os OKR facilitam o trabalho em equipe e incentivam que os colaboradores unam seus esforços na direção dos objetivos estratégicos. Doerr (2019) aponta quatro características da metodologia OKR. A primeira delas é o foco. Os OKR ajudam a empresa a de�nir quais devem ser seus focos, priorizando as ações a serem executadas. A clara de�nição do foco estratégico permite que os recursos organizacionais sejam usados de forma mais e�ciente. O autor sugere que a empresa deve de�nir no máximo seis objetivos estratégicos, desdobrados em cinco resultados- chave a serem atingidos para cada objetivo. A segunda característica é o alinhamento dos esforços da equipe. Todos os colaboradores envolvidos devem ter clareza de quais são os resultados-chave a serem alcançados. Assim, segundo Jaca et al. (2013), os planos de ação, as metas e as atividades podem ser realizadas de forma alinhada. A próxima característica é o monitoramento e a responsabilidade: o uso da metodologia permite que os resultados-chave sejam constantemente monitorados, e os gestores podem ter uma visão das tendências de atingimento de cada objetivo, podendo de�nir ações para correção de rumos ou replanejamento dos objetivos. A última característica é a superação, ou seja, as metas e objetivos devem ser ambiciosos e desa�adores. Porém, é importante que eles sejam atingíveis, para que os colaboradores não se sintam desmotivados. Zhou e He (2018) explicam que os indicadores-chave de desempenho – KPI – e os OKR apresentam o mesmo objetivo, que é direcionaros esforços e o uso de recursos, e medir a progressão em direção aos objetivos estratégicos. Porém, as metodologias apresentam algumas diferenças. O KPI é usado para quanti�car e acompanhar o desempenho dos colaboradores, e em geral está relacionado a prêmios, bônus ou alguma forma de reconhecimento dos resultados. Por isso, pode incentivar uma postura individualista. Normalmente, os KPI são de�nidos pelos gestores e informados aos colaboradores, o que pode levar a um sentimento de distanciamento em relação aos objetivos. Já os OKR são mais relacionados às etapas e ao caminho que se percorre para atingir a meta. Em geral, são de�nidos em conjunto pelos gestores e pelos colaboradores, o que aumenta o engajamento e a motivação. Outra característica é que, como medem os resultados-chave alcançados pela empresa, os OKR incentivam o trabalho em equipe e o espírito de colaboração. INDICADORES DE DESEMPENHO E OKRS Apesar de ter sido desenvolvida na década de 1970, foi a partir de sua adoção por empresas de tecnologia, como Google, Amazon, LinkedIn, Adobe e Microsoft, que a metodologia objectives and key results, ou OKR, passou a ser mais conhecida. No Brasil, tanto empresas ligadas a tecnologias da informação, como o Nubank e a Locaweb, como empresas que atuam em mercados tradicionais, como o Grupo Cogna, da área de educação, adotam os OKR como ferramenta para direcionar suas ações e alinhar os esforços dos colaboradores. Para de�nir os OKR, a empresa precisa estabelecer, em seu planejamento, quais os objetivos estratégicos a serem atingidos. As metas especí�cas de cada uma das áreas podem ser usadas para de�nir os OKRs da equipe. O objetivo diz onde se deseja chegar ou qual posição ou resultado a empresa deseja obter. Já os resultados-chave mostram as etapas que levam até o objetivo, que podem ser usadas como indicadores para veri�car se a empresa está no caminho certo. Como exemplo, o gestor fabril de uma empresa de�niu como meta aumentar a quantidade produzida de um determinado produto em 50% nos próximos seis meses. Essa meta está alinhada com o objetivo estratégico da empresa, que é aumentar sua participação de mercado em 10% por ano nos próximos cinco anos. O gestor sabe que para alcançar a meta de aumento de produção precisa aumentar a compra de matérias- primas, além de contratar mais uma equipe, composta por três pessoas, para operar um novo equipamento que deverá ser adquirido pela empresa. Com base nessas informações, o gestor pode de�nir o seguinte OKR: Objetivo: aumentar a produção do produto A em 50% em seis meses. Resultados-chave: Adquirir um novo equipamento de produção. Contratar três funcionários. Treinar os funcionários para operar o equipamento. Aumentar o volume de compras de matérias-primas para criar um estoque que atenda ao aumento da produção. Já a área �nanceira recebeu da direção o objetivo estratégico de longo prazo de diminuir a dependência de capital de terceiros no �uxo de caixa da empresa. Como uma das ações táticas para alcançar esse objetivo, o gestor de�niu como meta diminuir a inadimplência dos clientes da empresa, do valor atual de 3% sobre o faturamento da empresa, para 1% do faturamento, em um ano. O gestor identi�cou que não conta com um funcionário especi�camente dedicado à gestão dos clientes inadimplentes, e que diversas vendas realizadas pela equipe comercial são realizadas sem que se faça uma análise do crédito dos clientes. O cadastro de clientes também apresenta problemas, pois muitos contatos e números de telefone dos clientes estão desatualizados. A partir dessas informações o gestor �nanceiro de�ne o seguinte OKR: Objetivo: reduzir a taxa de inadimplência de 3% sobre o faturamento para 1% do faturamento, em 12 meses. Resultados-chave: Atualizar o cadastro dos clientes, incluindo dados atualizados. Desenvolver um processo de atualização constante do cadastro de clientes. Implantar a análise de crédito dos clientes em cada venda realizada pela equipe comercial. De�nir um colaborador responsável pelo indicador de inadimplência. Treinar o colaborador em competências de negociação e gestão de con�itos. Como mostram os exemplos, a metodologia OKR é simples de ser usada e possibilita o relacionamento direto entre o uso de recursos, os esforços, atividades e resultados a serem obtidos. IMPLANTANDO OKRS NA EMPRESA Durante nossas aulas, acompanhamos o processo de desenvolvimento do planejamento estratégico de duas diferentes empresas: uma indústria de produtos alimentícios, que produz refeições pré-prontas, e um pequeno restaurante que ainda está em processo de implantação. Essas empresas foram criadas a intenção de mostrar que as diversas etapas do planejamento estratégico podem ser implantadas por empresas de vários portes, em momentos diversos de seu ciclo de vida, que enfrentam desa�os estratégicos totalmente diferentes. A partir dessas empresas apresentamos os processos de análise do ambiente externo e interno, as análises SWOT, o desenvolvimento de cenário futuros, a de�nição do posicionamento estratégico e dos objetivos de longo prazo. Apresentamos o processo de de�nição das estratégias genéricas a serem adotadas pelas empresas, bem como a escolha do foco estratégico mais adequado para cada uma delas. Acompanhamos o desdobramento dos planos estratégicos em planos táticos e operacionais, e a de�nição das metas e atividades de cada uma das áreas funcionais. Abordamos os conceitos de inovação e sua relação com a estratégia empresarial e a busca pela vantagem competitiva, fundamental em um mundo que passa por profundas transformações tecnológicas, ambientais, sociais, econômicas e políticas. Também discutimos a importância da cultura organizacional, dos processos de comunicação e da gestão dos conhecimentos para que a empresa implemente com sucesso seus planos estratégicos. Da mesma forma que nas etapas anteriores, a de�nição dos indicadores de desempenho que serão usados para acompanhar a implementação dos planos táticos e operacionais também pode ser exempli�cada pelas duas empresas. A indústria alimentícia, por ter uma estrutura já estabelecida, provavelmente já utiliza indicadores de desempenho – ou KPIs – para acompanhar o resultados das ações de cada colaborador. A decisão de utilizar a metodologia OKR, no contexto da mudança estratégica representada pelo desenvolvimento de novas linhas de produtos, pode ser uma importante decisão, pois os OKR apresentam algumas vantagens em relação aos KPI. Por serem de�nidos com a participação dos colaboradores e levarem em consideração os resultados-chave obtidos pela equipe, os OKR levam a um maior engajamento e motivação dos colaboradores. Os OKR também deixam mais clara a relação entre as atividades, os resultados-chave e os objetivos estratégicos da organização, o que pode ajudar a empresa a direcionar mais claramente as ações que precisam ser tomadas para diminuir os riscos de uma estratégia de lançamento de novos produtos. Para o empreendedor que está desenvolvendo o primeiro plano estratégico de sua empresa, que ainda não nasceu, a adoção da metodologia OKR pode ajudar no estabelecimento de uma cultura organizacional aberta à inovação e ao pensamento estratégico. O envolvimento dos primeiros colaboradores no processo de planejamento será fundamental para o estabelecimento desta cultura empresarial, que será reforçada e consolidada à medida que a empresa cresça. Ao acompanhar os casos dessas empresas, tivemos como objetivo apresentar para você, de maneira didática e simples, a aplicação dos diversos conceitos discutidos nas aulas. Esperamos que você tenha conseguido aprender os conceitos discutidos, e que possa aplicar essas competências na sua carreira. VIDEOAULA Indicadores de desempenho são ferramentas importantes para a gestão dos planos estratégicos, táticos e operacionais. Seja KPIs ou OKRs, os indicadores são usados para acompanhar, em tempo real, os resultados obtidos pelos colaboradores e pelas áreas funcionaisda empresa. Neste vídeo, vamos aprofundar nosso conhecimento a respeito destas importantes ferramentas. Saiba mais O livro indicado a seguir apresenta uma centena de indicadores de desempenho que podem ser usados na gestão estratégica das empresas, com exemplos práticos de como escolher os indicadores mais adequados e implementar os processos medição e acompanhamento. CALDEIRA, J. 100 Indicadores da Gestão – Key Performance Indicators. Coimbra: Grupo Almedina (Portugal), 2012. E-book. ISBN 9789896940379. Videoaula Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. Aula 1 BATEMAN, T. S.; SNELL, S. A. Administração: liderança e colaboração no mundo competitivo. São Paulo: McGraw Hill, 2007. DEL PRÁ NETTO MACHADO, D. et al. Cultura de inovação: elementos da cultura que facilitam a criação de um ambiente inovador. RAI: Revista de Administração e Inovação, v. 10, n. 4, p. 164-182, out./dez. 2013. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/973/97329365008.pdf. Acesso em: 10 nov. 2022. FLEURY, M. T. L.; FISCHER, R. M. Cultura e poder nas organizações. Rio de Janeiro: Atlas, 1991. 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