Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Dislipidemias 1 Dislipidemias A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial relacionada ao acúmulo de LDL oxidado na região subendotelial e fagocitado por macrófagos, dando origem às células espumosas, que são o principal componente das estrias gordurosas (fase inicial da aterosclerose). Com a evolução do processo, podem ser formadas placas estáveis ou instáveis. A ruptura/erosão da cápsula expõe material lipídico altamente trombogênico, levando à formação de um trombo sobrejacente (aterotrombose). As diretrizes nacionais orientam o rastreamento do perfil lipídico a partir de 35 anos para homens e 45 anos para mulheres. Pacientes com hipercolesterolemia familiar são sempre de alto risco → tratamento precoce. Classificação: Hipercolesterolemia isolada: aumento isolado do LDL 160mg/dL. Hipertrigliceridemia isolada: aumento isolado do TG 150mg/dL ou 175mg/dL, se ausência de jejum). Hiperlipidemia mista: aumento do LDL e do TG. HDL baixo: redução do HDL 40mg/dL para homens ou 50mg/dL para mulheres. Estratificação do RCV É necessária para definir o tratamento. Utilizar ferramentas de estratificação, como o Escore de Risco Global e ASCVD Risk. 💡 A calculadora da Sociedade Brasileira de Cardiologia já aponta o risco, as metas e a terapia que deve ser utilizada. Fatores de risco maiores e mutáveis: DM, HAS, tabagismo, dislipidemias. http://departamentos.cardiol.br/sbc-da/2015/CALCULADORAER2017/etapa1.html Dislipidemias 2 Fatores de risco maiores e imutáveis: idade, gênero masculino, existência de DCV prévia ou na família. Fatores de risco menores e mutáveis: obesidade, sedentarismo, fatores psicossociais, hiper-homocisteinemia, hiperfibrinogenemia, aumento da lipoproteína a e de proteína C reativa. Classificação: Muito alto risco: Doença aterosclerótica significativa: coronária, cerebrovascular, vascular periférica, obstrução 50% em qualquer território arterial. Alto risco: ERG 20% para homens e 10% para mulheres; Doença aterosclerótica subclínica: USG de carótidas com presença de placa, índice tornozelo braquial 0,9, escore de cálcio arterial coronariano 100, presença de placas ateroscleróticas na angioTC de coronárias, aneurisma de aorta abdominal, DRC, LDL 190mg/dL, DM I ou II. Risco intermediário: ERG entre 5% e 20% para homens e entre 5% e 10% para mulheres. DM sem critérios de doença aterosclerótica subclínica. Baixo risco: ERG 5%. Metas Terapêuticas LDL RISCO META Baixo 130 Intermediário 100 Alto 70 Muito Alto 50 Não HDL Dislipidemias 3 RISCO META Baixo 160 Intermediário 130 Alto 100 Muito Alto 80 Tratamento Em primeiro lugar, deve-se recomendar o tratamento não farmacológico com MEV para todos os pacientes. O exercício físico tem pouco efeito no LDL, mas grande impacto no TG. Quanto ao tratamento farmacológico, temos que: � Quanto ao risco: a� Muito alto risco/Alto risco: iniciar com medicação MEV. b� Risco Intermerdiário/Risco baixo: iniciar com MEV e reavaliar em 3 a 6 meses. Após esse período, se necessário, associar medicamentos. � Quanto à dislipidemia: a� Hipercolesterolemia isolada: estatinas (associadas ou não ao ezetimibe), inibidores da PCSK9, colestiramina, fibratos ou ácido nicotínico — conforme indicação. b� Hipertrigliceridemia isolada: fibratos. Como segunda linha, pode-se usar o ácido nicotínico ou associar ao fibrato, além de ômega-3. Se TG > 500 (risco de pancreatite aguda), iniciar tratamento farmacológico imediato com fibrato MEV. c� Hiperlipidemia mista com TG 500 iniciar com fibrato e, se necessário, associar ácido nicotínico e/ou ômega 3. Após reavaliação, se necessário, associar estatina. d� Hiperlipidemia mista com TG 500 iniciar com estatina e, se necessário, associar ezetimibe. Classes farmacológicas: Estatinas: inibem a HMGCoA redutase e a síntese hepática de colesterol. A redução do LDL depende do tipo e da dose da estatina. Reduzem significantemente o TG e aumentam levemente o HDL. Usar à Dislipidemias 4 noite para obter efeito máximo (a produção do colesterol pelo fígado è maior à noite). Efeitos colaterais: podem causar dores musculares. Avaliar CPK no início do tratamento. Suspender por 4 a 6 semanas se sintomas intoleráveis ou CPK 7x o limite superior. Depois, reiniciar com dose mais baixa. Se o paciente não atingir a meta com a dose máxima tolerada, associar ezetimibe. Doses de acordo com a redução esperada de LDL Redução baixa: sinvastatina 10mg, pitavastatina 1mg. Redução moderada: sinvastatina 2040mg, pitavastatina 24mg, atorvastatina 1020mg, rosuvastatina 510mg. Redução alta: atorvastatina 4080mg, rosuvastatina 2040mg, sinvastatina 40mg + ezetimibe 10mg. Uso não recomendado para pacientes com IC classe IIIV. Ezetimibe: inibe a absorção do colesterol. Reduz o LDL de 10 a 25%. Pode ser utilizada em qualquer momento do dia. Inibidores de PCSK9 anticorpos monoclonais que inibem a enzima responsável pela degradação do receptor de LDL. Reduz intensamente o LDL. Recomendado para pacientes com risco elevado, em tratamento otimizado com estatina, e que não alcançam a meta. Custo elevado. Alirocumabe, evolocumabe — ambos SC. Fibratos: aumentam a atividade da enzima responsável pelo catabolismo das lipoproteínas ricas em TG. Utilizar em horário afastado das estatinas. Ciprofibrato, fenofibrato. Não associar genfibrozila com estatina — risco de rabdomiólise!
Compartilhar