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FUNDAMENTOS DA 
LINGUAGEM VISUAL 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. André Luiz Pinto dos Santos 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, veremos as diferenças das linguagens bidimensionais e 
tridimensionais e de que maneira estão presentes no cotidiano. Para que se 
possa facilitar a compreensão, no Tema 1 será exposto o que se entende e quais 
são os elementos da forma bidimensional, já alinhando com o desenho 
tridimensional, que será apresentado no Tema 2. 
Quanto à aplicação prática dessas duas linguagens das artes visuais, no 
Tema 3 será apresentado o conceito de perspectiva cônica. Nesse momento 
também serão relembrados alguns conceitos vistos nas aulas anteriores. No 
Tema 4 veremos o trompe l’oeil, técnica que utiliza da perspectiva e de outros 
elementos da linguagem visual já vistos para criar uma ilusão tridimensional. 
Para finalizar a aula, o Tema 5 contextualizará o que seria a realidade 
virtual e a realidade aumentada, técnicas contemporâneas que surgiram com os 
avanços tecnológicos. Diferenciaremos cada uma delas e veremos como as 
artes visuais estão inseridas nesse contexto. 
TEMA 1 – FORMA BIDIMENSIONAL 
Conforme Wong (1998, p. 35), o bidimensional “possui aspectos de 
organização visual limitando o objeto numa área especifica sem profundidade, 
onde podem ser arrumadas marcas visíveis”. É importante relembrar que a forma 
bidimensional é constituída de elementos visuais básicos, como por pontos, 
linhas ou planos sobre uma superfície plana. Para Ostrower (2013), as 
dimensões de uma superfície não existem de forma solitária; trata-se, antes de 
tudo, de uma articulação com os demais elementos formais. 
A respeito da diferença entre forma e formato, Wong (1998) considera que 
os dois termos são usados como sinônimos, porém têm significados diferentes: 
formato seria uma área definida por um contorno, enquanto um formato ao qual 
se dê volume e espessura visto de diferentes ângulos se torna uma forma. Sobre 
esse mesmo aspecto, Gomes Filho (2008) identifica o formato como forma, e 
esta pode ser definida como os limites exteriores do material que compõe um 
objeto e que lhe confere um feitio, uma configuração. 
Nas artes visuais, geralmente os artistas que trabalham com arte 
bidimensional começam com uma superfície plana. É fundamental compreender 
que a forma bidimensional é aquela que apresenta apenas as dimensões de 
 
 
3 
altura e largura. As formas de artes bidimensionais podem ser representadas 
pelo desenho, pintura, gravura, fotografia, caligrafia, sendo formadas em uma 
superfície plana, sem profundidade tátil. 
O plano como elemento formal pode ser identificado de duas maneiras 
diferentes. A primeira acontece quando se identifica a figura do espaço do 
suporte que acomoda a linguagem visual. Por exemplo, o professor poderá 
explicar aos estudantes que o papel, a tela de pintura, a chapa de madeira etc. 
podem ser utilizados como suporte para um meio expressivo. Essa maneira de 
identificação é conhecida como plano original, segundo Kandinsky (2005). A 
segunda identificação ocorre quando é feita a percepção do conteúdo expresso 
por meio da linguagem visual; em outras palavras, quando o artista desenha, 
pinta, grava, fotografa, esculpe, entre outras possibilidades de ação expressiva, 
por vezes, utilizando-se de superfícies. 
Costa e dos Santos (2016) explicam também que em uma superfície 
bidimensional as formas planas possuem uma variedade de formatos, sendo 
classificados como: 
• planos geométricos, construídos matematicamente; 
• planos orgânicos, limitados por curvas livres, dando a noção de fluidez e 
crescimento; 
• planos retilíneos, em que a limitação é constituída por linhas retas, mas 
que não se relacionam uma com as outras matematicamente como no 
plano geométrico; 
• planos irregulares, com a limitação constituída por linhas retas e curvas 
que também não possuem relação matemática; 
• planos caligráficos, compostos por linhas orgânicas; e 
• planos acidentais, determinados ocasionalmente ou por efeito de 
processo especial. 
Além disso, as formas planas também podem ser organizadas de diversas 
maneiras, e, a partir dessa organização, se obtém diferentes efeitos espaciais, 
resultando em resultados diversos. Para Wong (1998, p. 49), as principais formas 
de relação entre as formas são: 
A. Separação – As duas formas permanecem separadas uma da 
outra. Efeito Espacial - Ambas as formas podem parecer equidistantes 
do olhar ou uma mais próxima e a outra mais distante, dependendo do 
tamanho ou da cor aplicada. 
 
 
4 
B. Contato – Se aproximarmos as duas formas, estas começam a 
se tocar. O espaço contínuo que as mantém separadas é então 
rompido. Efeito espacial – No contato, a situação espacial das duas 
formas também é flexível, como na separação. A cor desempenha um 
papel importante na determinação da situação espacial. 
C. Superposição – Se aproximarmos ainda mais as duas formas, 
uma cruza a outra e parece estar sobre ela, cobrindo uma porção da 
forma que parece estar por baixo. Efeito espacial – É evidente que 
neste caso, percebe-se que uma forma se encontra na frente ou sobre 
a outra. 
D. Interpenetração – O mesmo que na superposição, sendo que 
ambas as formas parecem transparentes. Efeito espacial – Neste caso, 
a situação espacial é um pouco vaga, porém, é possível colocar uma 
forma sobre a outra pela manipulação das cores. 
E. União – O mesmo que na Superposição, porém, as duas formas 
são unidas e se tornam uma forma nova. Ambas perdem uma parte de 
seus contornos quando estão em união. Efeito espacial – Na união, em 
geral as formas parecem equidistantes do olhar porque se tornam uma 
forma nova. 
F. Subtração – Quando uma forma invisível cruza uma visível, o 
resultado é a subtração. A porção da forma visível que coberta pela 
invisível também se torna invisível. A subtração pode ser considerada 
como a superposição de uma forma negativa em uma positiva. Efeito 
espacial – Na subtração, assim como na interpenetração, deparamos 
com uma nova forma. Nenhuma variação espacial se faz possível. 
G. Interseção – O mesmo que na interpenetração, mas somente a 
parte onde as duas formas se cruzam é visível. Uma forma menor 
emerge como resultado da interseção. Efeito espacial – A interseção 
pode não nos remeter as formas originais a partir das quais foi criada. 
H. Coincidência – Se aproximamos ainda mais as duas formas, elas 
coincidem, as duas formas tornam-se uma só. Efeito espacial – Na 
coincidência, percebemos somente uma forma, caso as duas formas 
sejam idênticas, se não forem idênticas poderá ocorrer os efeitos 
espaciais citados nos casos acima, como superposição, 
interpenetração, união etc. 
Dessa forma, é possível compreender que ao relacionar diferentes formas 
o resultado final pode ser uma arte figurativa, com a principal característica de 
representar por meio da arte dos elementos do “mundo real” como a forma 
humana, a natureza ou então até mesmo objetos criados pelo homem. Ou então, 
uma arte abstrata, na qual o que interessa são os elementos formais, ou seja, o 
ponto, a linha, o plano, a forma, a cor e a textura, sem a preocupação de se 
representar o mundo real. 
Para exemplificar, o desenho de um triângulo seria uma representação 
bidimensional, por apresentar apenas altura e largura, mas ao representar essa 
figura em forma de pirâmide, esse desenho para a ter uma estrutura 
tridimensional, apresentando altura, largura e noção de profundidade, mesmo 
sendo apresentadas em uma superfície bidimensional, como uma folha de papel. 
Além disso, as formas tridimensionais estão cada vez mais próximas e em vários 
universos virtuais, como nos cinemas e games, com a tecnologia 3D. A seguir 
será apresentado um pouco mais a respeito do desenho tridimensional. 
 
 
5 
TEMA 2 – DESENHO TRIDIMENSIONAL 
Como visto anteriormente, a principal diferença entre a linguagem 
bidimensional e a linguagemtridimensional é que as representações 
tridimensionais, além das dimensões de largura e altura, também possuem 
profundidade. No campo das artes visuais, temos como exemplos de 
representações tridimensionais a escultura, a arquitetura e até mesmo o 
desenho ou pintura, quando se utiliza técnicas para criar uma representação 
tridimensional. No cotidiano também é possível notar a perspectiva 
tridimensional. Wong (1998) afirma que o mundo é tridimensional, uma vez que 
o que se vê à frente não é somente uma imagem plana. A respeito do desenho, 
Derdyk (1989) considera que trata-se de uma linguagem com grande capacidade 
de expressão e comunicação. 
O desenho, como índice humano, pode manifestar-se, não só através 
das marcas gráficas depositadas no papel (ponto, linha, textura, 
mancha), mas também através de sinais como um risco no muro, uma 
impressão digital, a impressão da mão numa superfície mineral, a 
famosa pegada do homem na lua etc. (Derdyk, 1989, p. 20) 
Ao comparar o desenho bidimensional com o desenho tridimensional, 
Wong (1998) considera que o desenho tridimensional tende a ser mais 
complicado por conta de que a visão de diferentes ângulos de um objeto, por 
exemplo, deve ser considerada simultaneamente, e muitas das relações 
espaciais são complexas. Ao mesmo tempo, por lidar com formas e materiais 
tangíveis no mundo real, a representação tridimensional em uma superfície 
plana pode ser facilitada. 
Magalhães (2013) faz uma observação importante ao destacar os 
princípios e os elementos do desenho tridimensional, com foco na tradução do 
espaço tridimensional em bidimensional. Para exemplificar, a representação de 
um cubo (que apresenta altura, largura e profundidade) em uma superfície plana 
(com apenas altura e largura). 
Além disso, preocupa-se em fazê-lo de modo objetivo, preciso e 
sistemático, com o mínimo de ambiguidade. Por esses dois motivos, 
embora os fundamentos propostos por Wong representem uma boa 
base conceitual para análise e síntese da forma tridimensional, mostra-
se limitada quanto às diversas relações a se investigar no espaço 
tridimensional. Primeiro, por estar mais preocupado na tradução do 
espaço tridimensional em desenho do que nas relações nele 
existentes; e segundo porque se preocupa demasiadamente em 
amarrar conceitos precisos e não passíveis de interpretação. 
(Magalhães, 2013, p. 73) 
 
 
6 
Para compreender o desenho tridimensional, é imprescindível 
compreender as direções primárias e as três vistas básicas, o que veremos na 
sequência. 
2.1 As três direções primárias e três vistas básicas do desenho 
tridimensional 
 Partindo dos conceitos que Wong apresenta em seu livro a respeito do 
desenho tridimensional, existe uma diferença notável na atitude de um 
desenhista ao realizar uma representação bidimensional e outra tridimensional. 
Wong (1998, p. 239) explica que “para fazer representações tridimensionais, um 
desenhista deve ser capaz de visualizar mentalmente a forma toda e girá-la 
mentalmente em todas as direções”. 
Além disso, para conseguir realizar essa representação em três 
dimensões, é fundamental que se conheça as três direções primárias: vertical 
(para cima e para baixo), horizontal (para esquerda e para direita) e transversal 
(para frente e para trás), e cada uma dessas direções instituem um plano. Para 
construir a figura básica de um cubo, ao duplicar esses planos, o plano vertical 
se torna os planos de frente e de trás, o plano horizontal os planos superior e 
inferior, e o plano transversal os planos lateral esquerdo e lateral direito (Wong, 
1998). 
Figura 1 – Ilustração dos planos combinados 
 
Crédito: Attaphong/Shutterstock. 
Essa figura básica do cubo demonstra que “qualquer forma tridimensional 
pode ser colocada dentro de um cubo imaginário” (Wong, 1998, p. 240), 
estabelecendo assim as três vistas básicas. Wong (1998) explica que essas três 
vistas são: a vista em planta – que é como a forma é percebida de cima; a vista 
 
 
7 
frontal – que é como a forma é percebida de frente; e a vista lateral – que é como 
a forma é percebida de lado. Essas vistas em conjunto proporcionam uma breve 
descrição da forma tridimensional. 
Outro ponto fundamental de se conhecer a respeito do desenho 
tridimensional são seus elementos, divididos em conceituais, visuais, relacionais 
e construtivos. São elementos facilmente reconhecíveis que serão apresentados 
a seguir. 
2.2 Elementos do desenho tridimensional 
 Continuando com os conceitos apresentados por Wong (1998) e, como 
mencionado anteriormente, existe a divisão dos elementos do desenho 
tridimensional. Três conjuntos de elementos coincidem com os elementos do 
desenho bidimensional: os elementos conceituais (como o ponto, a linha, plano 
e volume), os visuais (formato, tamanho, cor e a textura) e os relacionais (a 
posição, a direção, o espaço e a gravidade). Já os elementos construtivos são 
encontrados no desenho tridimensional e são utilizados para indicar os 
componentes geométricos do desenho tridimensional. 
 Os elementos conceituais e visuais seguem o mesmo princípio que no 
desenho bidimensional. Já os elementos relacionais, segundo Wong (1998), são 
mais complicados nos tridimensionais, uma vez que a referência passa a ser um 
cubo imaginário, por exemplo, em que se estabelecem as relações, enquanto no 
desenho bidimensional a referência utilizada é a moldura. A respeito de cada um 
dos elementos relacionais do desenho tridimensional temos a seguinte definição: 
Posição – a posição precisa ser confirmada por mais do que uma das 
vistas básicas. Temos de saber como um ponto está relacionado aos 
planos da frente e de trás, aos planos superiores e aos planos laterais 
do cubo imaginário; 
Direção – a direção também deve ser vista de mais de um ângulo. Uma 
reta pode ser paralela aos planos da frente da trás, porém oblíqua a 
todos os demais planos do cubo imaginário; 
Espaço – o espaço aqui é, evidentemente, o espaço real e não ilusório. 
Pode ser visto como ocupado positivamente, não ocupado ou 
internamente oco; 
Gravidade – a gravidade é real e tem um efeito constante sobre a 
estabilidade do desenho. Não podemos ter formas suspensas no ar 
sem apoiar, pendurá-las ou ancorá-las de algum modo. Alguns 
materiais são pesados e outros são leves. O material usado determina 
o peso da forma assim como sua capacidade de suportar sobre si as 
cargas gravitacionais de outras formas. Todas as estruturas 
tridimensionais estão sujeitas às leis da gravidade, o que significa que 
determinadas disposições posicionamentos simplesmente não 
possíveis. (Wong, 1998, p. 244) 
 
 
8 
 Já os elementos construtivos, que indicam os componentes geométricos, 
são: 
• vértice – quando vários planos se encontram em um plano conceitual, 
podendo ser projetados para fora ou para dentro; 
• aresta – união de dois planos não paralelos por meio de uma reta; 
• face – superfícies externas de um volume. 
A perspectiva é outro elemento usado nas artes visuais para realizar uma 
representação da tridimensionalidade mesmo que em uma superfície plana, por 
meio da ilusão de profundidade. A seguir veremos dois tipos de perspectivas que 
podem ser utilizadas para esse fim. 
TEMA 3 – PERSPECTIVA CÔNICA PARALELA E PERSPECTIVA CÔNICA 
OBLÍQUA 
De acordo com Montenegro (2010), o conceito de perspectiva, nas artes 
visuais, pode ser definido como “ver através de”. Para exemplificar, a pessoa vê 
através de um anteparo, algo que está além de seus olhos. Dessa maneira, tem-
se o primeiro elemento da perspectiva, que é o observador, uma vez que a 
perspectiva representa objetos como se vê. 
O observador não consegue visualizar todos os detalhes de um espaço 
de seu campo visual simultaneamente. Isso pode ser justificado pelo fato de que 
o olhar não tem foco em toda sua amplitude. Dessa maneira, pode-se considerar 
a perspectiva cônica como uma forma de representação do mundo natural. 
No períododo Renascimento, Brunelleschi (1377-1446) aprimorou os 
conhecimentos da perspectiva cônica (Montenegro, 2010). Essa técnica de 
representação gráfica permitiu aos artistas do período do Renascimento criar um 
efeito virtual de profundidade em um plano de expressão. Esse efeito era 
conseguido devido à maneira como as linhas diagonais pareciam se encontrar 
em um ponto localizado na linha do horizonte, o ponto de fuga. 
Além disso, os conceitos básicos da perspectiva cônica são o ponto de 
vista, linha do horizonte, linhas convergentes e ponto de fuga. A linha do 
horizonte é o limite da visualização, que é dado por uma linha que tangencia o 
solo. Já o ponto de vista é perpendicular à linha do horizonte e está exatamente 
no cruzamento dessas duas linhas. O ponto de fuga também está relacionado 
com a linha do horizonte, sendo o mesmo ponto para onde as linhas paralelas 
 
 
9 
convergem. As linhas convergentes também podem ser chamadas de linhas de 
fuga, e são as linhas imaginárias que contribuem para o efeito da perspectiva 
(Duarte, 2016). O que diferencia os tipos de perspectiva cônica é o número de 
pontos de fuga. Enquanto a perspectiva cônica paralela tem um ponto de fuga 
(Figura 2), a oblíqua possui dois pontos de fuga (Figura 3). 
Figura 2 – Ilustração perspectiva cônica paralela: um ponto de fuga 
 
Crédito: Attaphong/Shutterstock. 
Figura 3 – Ilustração perspectiva cônica oblíqua: dois pontos de fuga 
Crédito: Attaphong/Shutterstock. 
Assim como no desenho tridimensional, a perspectiva cônica pode ser 
empregada na pintura. Na Figura 4 temos o quadro A Anunciação, pintado por 
Botticelli, uma pintura italiana da época do Renascentismo, em que é possível 
observar as características da perspectiva cônica paralela. 
 
 
 
10 
Figura 4 – A Anunciação de Boticelli 
 
Crédito: Everett Collection/Shutterstock. 
Esse quadro tem a característica da perspectiva cônica paralela por conta 
de apresentar apenas um ponto de fuga. Outra característica que se observa 
nesse tipo de perspectiva é que os objetos apresentam a face frontal paralela ao 
observador (Montenegro, 2010). 
Já na Figura 5 temos a aplicação da perspectiva cônica oblíqua em um 
desenho. Esse mesmo tipo de perspectiva pode ser encontrado nas pinturas, 
fotografias e desenhos arquitetônicos. O que se observa nessa imagem são os 
dois pontos de fuga e que, na perspectiva oblíqua, uma das arestas fica voltada 
para o observador. Além disso, nenhuma linha na estrutura é representada na 
horizontal: ou as linhas são verticais ou se deslocam para um dos pontos de 
fuga. Já a linha do horizonte na perspectiva oblíqua está centralizada entre os 
dois pontos de fuga. 
Figura 5 – Desenho em perspectiva cônica oblíqua 
 
Crédito: Hungry_Bear/Shutterstock. 
 
 
11 
 Além de todos os elementos aqui mencionados, existem também as 
técnicas de ilusão para representar a tridimensionalidade. Apesar de muitas 
vezes se aplicar essas técnicas ou elementos, o objetivo não é uma 
representação do mundo “real”, mas sim criar uma ilusão de tridimensionalidade. 
Uma dessas técnicas é o trompe l’oeil, que será explicado a seguir. 
TEMA 4 – TROMPE L’OEIL 
Outro exemplo de arte tridimensional é o estilo trompe l’oeil, expressão 
que deriva do francês e significa “enganar o olho” e que, conforme Rozisky 
(2017), remete também ao Ilusionismo praticado por artistas em diferentes 
épocas. Apesar de estar presente em vários momentos da história, foi durante o 
Renascentismo que essa técnica passou a ganhar mais força. 
Desde o classicismo da Antiguidade ao ecletismo do século XIX, 
variados artistas e artífices exploraram materiais e técnicas para 
simular a terceira dimensão em superfícies bidimensionais, praticando 
o ilusionismo ou trompe l’oeil em pinturas parietais ou de cavalete. A 
utilização de claros e escuros sugeriu volumes na iconografia 
empregada. Durante o Renascimento, inovações científicas e 
tecnológicas favoreceram esse procedimento, como: a utilização da 
perspectiva linear e aérea e o emprego da pintura a óleo sobre tela. 
(Rozisky, 2017) 
Um exemplo prático se pode ser notado nas pinturas de teto, as quais, por 
meio da técnica trompe l’oeil, representam um teto “aberto” ou uma cúpula até o 
céu, como se pode observar na Figura 6 a seguir. 
Figura 6 – Cúpula com a técnica trompe l’oeil 
 
Crédito: Zvonimir Atletic/Shutterstock. 
Atualmente esse tipo de técnica também está associado à arte de rua, em 
que, por meio do hiper-realismo e técnicas de perspectivas, os artistas 
conseguem simular objetos que não estão realmente ali. Na Figura 7 temos um 
 
 
12 
exemplo disso. Observe que as escadas, prédios e pessoas não estão realmente 
ali, mas a sensação que a imagem passa é de que tudo existe. Conforme Souza 
(2015, p. 75), “é um recurso de caráter ilusionista que consiste em enganar ou 
iludir a visão. A intenção do trompe-l’oeil é de fazer com que o espectador pense 
estar diante de um objeto real e não de uma imagem”. 
Figura 7 – Pintura realizada em 1987 por meio da técnica de trompe l’oeil – 
França 
 
Crédito: Pierre Jean Durieu/Shutterstock. 
 Gomes Filho (2008) também complementa que, para a aplicação da 
técnica do trompe l’oeil, é fundamental conhecer as relações e as leis da Gestalt, 
que são os fundamentos da percepção visual, vistos nas aulas anteriores. 
Uma das propriedades principais nessa técnica é a representação da 
forma como volume, que é feita por meio do desenho tridimensional, utilizando 
também elementos como luz, contraste, sombras e texturas, com o intuito de se 
ter a sensação de profundidade. Além disso, é possível observar mais uma vez 
a tridimensionalidade mesmo que em uma superfície plana (Regiani, 2008). 
 Outro ponto importante de se lembrar ao tratar das artes visuais por meio 
de uma representação tridimensional é que, com o avanço da tecnologia, essas 
representações também podem passar a acontecer com o uso da realidade 
virtual ou aumentada. Esses dois aspectos serão apresentados a seguir. 
TEMA 5 – REALIDADE VIRTUAL E REALIDADE AUMENTADA 
 Em um primeiro momento, os termos realidade virtual e realidade 
aumentada parecem ser similares, mas antes de entender como as artes visuais 
estão inseridas nesse contexto, é fundamental compreender a diferença entre 
os termos. 
 
 
13 
A realidade virtual se utiliza de uma tecnologia para criar um ambiente 
tridimensional mais próximo da realidade, em que seja possível haver interações 
dentro desse ambiente, por meio de efeitos visuais e sonoros, por exemplo. Já 
a realidade aumentada tem o objetivo de conectar um ambiente virtual com o 
ambiente real. Ou seja, de acordo com Tori (2018, p. 38), a realidade aumentada 
“mantém referências para o entorno real, transportando elementos virtuais para 
o espaço do usuário”. Essa diferenciação pode ser resumida como: 
Diferentemente da realidade virtual, que procura transportar o usuário 
para o ambiente virtual, a realidade aumentada mantém o usuário no 
seu ambiente físico e transporta o ambiente virtual para o espaço do 
usuário, por meio de algum dispositivo tecnológico. Assim, há interação 
do usuário com os elementos virtuais. (Tori, 2018, p. 16) 
 Na sequência será explicado como as artes visuais estão inseridas na 
realidade virtual e na realidade aumentada. 
5.1 Realidade virtual e as artes visuais 
 Como visto anteriormente, a realidade virtual é tida como a interação do 
usuário por meio de uma interface avançada, que permite essa interação com o 
uso de dispositivos multissensoriais em um ambiente virtual, criado por um 
computador. Para que acontecesse a realidade virtual, foram necessários 
avanços e inovações tecnológicas, e, nos dias de hoje, são inúmeras as suas 
aplicações (Chan, 2011). 
 Com o uso da realidade virtual nas artes visuais é possível interagir com 
as representações em todas suas dimensões, ou até mesmo observar obras em 
um museu sem necessitar estarrealmente no local. Ademais, 
A área de artes também pode receber um grande diferencial com RV. 
Pinturas em relevo, esculturas, museus virtuais com detalhes nas 
paredes e teto, além das próprias obras de arte, música com 
instrumentos virtuais, etc. são algumas das aplicações possíveis. Isto 
pode dar aos artistas e ao público em geral dimensões jamais vistas 
ou sentidas, através da eliminação ou alterações das restrições do 
mundo real ou da ampliação da imaginação. (Tori, 2018, p. 32) 
 Todavia, para que a experiência da realidade virtual aconteça, é 
necessário sempre de uma interface e de dispositivos não convencionais, como 
capacete de visualização, óculos, luvas, entre outros, como mostra a Figura 8. 
 
 
 
 
14 
Figura 8 – Utilização de óculos de realidade virtual 
 
Crédito: G-Stock Studio/Shutterstock. 
5.2 Realidade aumentada e as artes visuais 
A realidade aumentada é uma combinação de objetos virtuais com objetos 
reais em um espaço físico em tempo real, porém, assim como na realidade 
virtual, é necessária uma interface para que ocorra a interação (Chan, 2011). Um 
exemplo prático que se tem nos dias atuais é o jogo Pokémon GO, que 
revolucionou os games com a tecnologia de realidade aumentada, no qual, que 
por meio da câmera do celular, é possível visualizar os Pokémons como se 
estivessem no ambiente real. 
Esse mesmo tipo de tecnologia já está sendo utilizada nas artes visuais, 
como por museus que utilizam um QR code para que o observador aponte a 
câmera de seu smartphone e, na tela do celular, possam interagir com uma obra, 
pintura ou escultura que esteja ali representada. Conforme Azuma (1997), a 
realidade aumentada é um sistema que permite a combinação de elementos 
virtuais no ambiente real, uma interatividade também em tempo real e uma 
concepção tridimensional. 
Dessa forma, observa-se que tanto a realidade virtual como a realidade 
aumentada são ferramentas para que a linguagem tridimensional da arte 
aconteça. 
NA PRÁTICA 
 Que tal tentar representar sua casa a partir da representação da 
perspectiva linear cônica? Escolha um ângulo e, por meio da linguagem do 
desenho, faça o desenho de observação. Fique atento(a) para as proporções e 
reduções sofridas pelo objeto conforme ele se distancia do primeiro plano. 
 
 
15 
FINALIZANDO 
 Conforme visto nesta aula, as representações podem ser divididas em 
bidimensionais quando apresentam apenas duas dimensões, ou tridimensionais 
quando apresentam três dimensões. Como exemplos de artes visuais 
bidimensionais temos o desenho, pintura, gravura etc., enquanto nas artes 
visuais tridimensionais estão a escultura, arquitetura, instalações e até mesmo o 
desenho tridimensional. 
 Ao utilizar técnicas e elementos é possível representar objetos 
tridimensionais em uma superfície plana. Um dos meios para se realizar, como 
foi explicado, é por meio dos elementos do desenho tridimensional, a aplicação 
da perspectiva, entre outros. O uso dessas técnicas também pode criar ilusões 
tridimensionais, que foram explicadas no trompe l’oeil, em que a preocupação 
deixa de ser representar um objeto real, mas criar uma ilusão que engane os 
olhos de quem observa. 
 As dimensões das artes visuais, aliadas com os avanços tecnológicos, 
também podem ser exploradas tanto com o uso da realidade virtual como com a 
utilização da realidade aumentada. 
 
 
 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
AZUMA, R. Uma pesquisa de realidade aumentada. Presença: teleoperadores 
e ambientes virtuais, v .6, n. 4, 1997. 
CHAN, F. L. AR | RA: a arte na realidade aumentada. São Paulo: Universidade 
Estadual Paulista, Instituto De Artes, 2011. 
COSTA, F. M.; SANTOS, A. M. C. dos. Bidimensional & tridimensional: técnicas 
de desenho e suas contribuições para o design. Blucher Design Proceedings, 
v. 2, n. 9, p. 1293-1306, 2016. 
DERDYK, E. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo 
infantil. São Paulo: Scipione, 1989. 
DUARTE, H. C. A. A perspectiva linear e orgânica na concepção do desenho 
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2016. 
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