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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
Jeniffer de aquino barros dos santos
Laís Alvarenga
Maria Eduarda Leal
revolução às avessas:
Brasil de 1983 a 1985
Florianópolis
2018
Jeniffer de aquino barros dos santos
Laís Alvarenga
Maria Eduarda Leal
Revolução às avessas:
Brasil de 1983 a 1985
Projeto de Pesquisa apresentado ao Curso de Direito, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito para avaliação na unidade de aprendizagem Universidade e Ciência. 
Orientadora: Profª. Helena Iracy Cerquiz Santos Neto, Dra.
Florianópolis
2018
sumário
1	apresentação	3
2	problematica	5
2.1	hipóteses	5
2.2	Justificativa	5
3	objetivos	6
3.1	objetivo geral	6
3.2	objetivos específicos	6
4	referencial teórico	8
5	metodologia	13
5.1	Método hipotético dedutivo	13
6	cronograma da pesquisa	14
REFERÊNCIAS	15
1
apresentação
O presente projeto de pesquisa objetiva elaborar uma análise do Brasil de 1983 a 1985 em relação ao momento político-social francês do século XVIII (1789-1799). A priori, segundo Schwarcz e Starling (2015), a nação brasileira, na década de 1960, estava imersa em dúvidas sobre a possibilidade da ideologia comunista se instaurar no país. Logo, como alternativa para esse impasse político, houve um golpe civil-militar no ano de 1964, implantando um regime ditatorial, inicialmente representado por Castelo Branco, que perdurou aproximadamente vinte e um anos.
Em virtude da grave crise econômica que se propagou e a tortura e repressão sofrida pelos cidadãos, o modelo político vigente iniciou seu declínio na década de 1970, primeiramente no comando de Ernesto Beckmann Geisel e sucedido posteriormente por João Baptista de Oliveira Figueiredo. De modo que, nessa época, já era notória uma organização popular que, nos anos seguintes, culminou no movimento revolucionário “Diretas já”, cuja expressividade foi nacional. Tal revolução objetivava a reinstauração da democracia no Brasil e contou com o apoio de diferentes camadas sociais, sendo liderada por Ulysses Guimarães, o qual ficou conhecido como “senhor das diretas” (MONTEIRO, 2013).
Após a ilustração desse cenário histórico, torna-se exequível a comparação com um ato revolucionário que possui características semelhantes, como por exemplo, o papel da burguesia e a sua manipulação em massa, presente no Brasil do século XX e na Revolução Francesa, movimento marcado pela ampla adesão popular cujo principal propósito era a queda do Absolutismo. A princípio, a França iniciou seu regime absolutista no século XV com o monarca Luis XI, logo após o término da Guerra dos Cem anos contra a Inglaterra. A deterioração desse sistema se concretizou no governo de Luis XVI no ano de 1789. Os principais motivos de descontentamento populacional resumem-se, principalmente, nos privilégios abusivos da Corte e do clero, os quais compunham uma minoria numérica, e a falta de direitos do terceiro Estado, ou seja, todos aqueles que não faziam parte da nobreza e tampouco eram eclesiásticos da Igreja Católica (VOVELLE, 2007).
Com efeito, a revolta francesa foi fortemente influenciada por ideais iluministas, salientando a contribuição dos pensadores Jean-Jacques Rousseau, com “O contrato social” e “O discurso sobre as origens e os fundamentos da desigualdade entre os homens”, e François-Marie Arouet, mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire, com “Cartas iluministas” e “Tratado sobre a tolerância”. 
Diante desse contexto, emerge a necessidade de questionar o comportamento dessas sociedades, inerente aos movimentos sociais, e refletir a organização do Estado em ambas as conjunturas históricas, tendo em vista os interesses particulares da camada populacional que movimentou as revoluções visando à tomada de poder.
problematica
A insatisfação, no século XVIII, com o governo do monarca Luis XVI devido à falta de posicionamento do rei em relação aos gastos excessivos do clero e da Corte, aliado à falta de direitos e privilégios dos camponeses e da burguesia, fez surgir um anseio por mudanças na estrutura política-social da França. Por sua vez, no Brasil do século XX, em resposta à censura e à ausência de participação política da população na ditadura civil-militar, surgiu o movimento “Diretas já”, representando o ápice do descontentamento nacional e a aspiração por um regime democrático. Assim, o que há de Revolução Francesa nas Diretas já?
hipóteses
A cerca do tema tratado, é possível afirmar que os movimentos Revolução Francesa e “Diretas já” possuem semelhanças tanto no aspecto de denominação como em suas articulações, visto que ambos são considerados, teoricamente, movimentos populares. Entretanto, sofreram manipulação da burguesia e/ou classe média através de informações de alcance geral da nação.
Justificativa
A relevância desse projeto de pesquisa está na inovação analítica, comprovada através de pesquisa por teses e artigos científicos em bases de dados de acesso livre -RIUNI, Domínio Público, LivRe, OAIster, RepositoriUM, BDTD (Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações) e SciElo- que contemplassem a análise comparativa entre o movimento “Diretas já”, Brasil do século XX, e a Revolução Francesa, século XVIII. Além disso, é necessário salientar a importância desses momentos históricos para a legitimação de direito; no caso da revolta na França ocorreu através da idealização dos três poderes – legislativo, judiciário e executivo. Tempos depois, já na movimentação brasileira, houve, por intermédio da redemocratização, um fortalecimento dos poderes impedindo a sobreposição de um aos demais, possibilitando, assim, o exercício governamental harmônico e a efetivação da justiça.
objetivos
objetivo geral
· Comparar a Revolução Francesa com o movimento “Diretas já”.
objetivos específicos
· Verificar quais acontecimentos, de maior importância, antecederam a Revolução Francesa e o movimento “Diretas já”.
· Analisar a importância da filosofia de Volteire para a Revolução Francesa.
· Pesquisar em livros e bases de dados métodos de circulação de informações da França do século XVIII; apurar em revistas e jornais notícias publicadas no Brasil do século XX, acerca dos acontecimentos desse ínterim, e quais classes econômicas foram responsáveis pela circulação de tais informações em ambos os períodos, analisando de forma conjunta quais as semelhanças encontradas.
· Comparar a teoria da Revolução Francesa - proposta por burgueses e baseada em Thomas Hobbes - com o que ocorreu durante a efetivação do movimento, através do estudo das obras de Voltaire concomitantemente com análise bibliografia descritiva da consumação da revolução. De forma análoga, executar a con entre a proposta inicial do movimento “Diretas já” – idealizado por burgueses- e a sua efetiva materialização, por meio de investigação nos jornais brasileiros “Folha de São Paulo” e “Estadão” e nos jornais franceses “Gazette Nationale” e “Journal de la République Française” circulantes na época, a fim de demonstrar as conformidades encontradas entre os movimentos citados.
· Analisar qual o grau de conhecimento e ambições das populações francesa e brasileira, de acordo com seus respectivos períodos históricos, responsáveis por compor as classes mais baixas do Estado, com a exceção dos burgueses, em relação aos acontecimentos da França do século XVIII e Brasil do século XX.
· Esclarecer quais as ambições da burguesia da França do século XVIII e do Brasil do século XX, relacionando-as no que for similar.
· Exprimir a importância de Ulysses Guimarães para o movimento “Diretas já”.
· Evidenciar a importância da divulgação de informações, por intermédio de panfletagens e circulação de jornais, na França do século XVIII e no Brasil do século XX, respectivamente.
· Verificar quais as consequências dos movimentos revolucionários da França do século XVIII e do Brasil do século XX.
referencial teórico
O presente projeto de pesquisa se limita ao contexto histórico da França do século XVIII e do Brasil do século XX, responsáveis por desencadear a Revolução Francesa e o movimento“Diretas já”. A primeira, desenvolveu-se principalmente pela insatisfação dos indivíduos que compunham o Terceiro Estado. O segundo, originou-se primordialmente pelo descontentamento populacional em relação à ditadura civil-militar vigente. 
A priori, é necessária uma análise histórica antecessora ao movimento revolucionário francês, a fim de compreender as origens dos descontentamentos que findaram na revolução. De acordo com Michel Vovelle em sua obra A Revolução Francesa explicada à minha neta, em princípio, a Europa, após sofrer com a decadência do sistema feudal no século XIV, o qual não atendia mais as necessidades populacionais, iniciou um período de unificação de reinos e formação de Estados. Logo, concretizou-se, no século XV, a introdução ao modelo absolutista, cujas características principais são centralização do poder político, exercício de força coercitiva e existência de divisões sociais por meio de categorias econômicas com pouca ou quase nenhuma mobilidade. 
Voltando-se ao cenário da França, no qual o Absolutismo foi instituído pelo monarca Luis XI, o Estado era divido em três camadas socioeconômicas: o Primeiro Estado, composto pela nobreza, o Segundo Estado, formado pelo clero, e o Terceiro Estado, constituído por camponeses, escravos, estrangeiros e burgueses. Na última, é possível notar um maior contingente populacional, cerca de noventa e oito por cento da população total, e uma divisão interna, na qual a burguesia possuía maior poderio econômico e exercia dominância sob os demais. 
Além disso, no âmbito de direitos e deveres relacionados ao Estado, é notória a disparidade entre os grupos sociais. Por exemplo, dentro da Assembleia Nacional, primeiramente, só havia representação do Primeiro e Segundo Estado para pleitear questões políticas, posteriormente, foi permitida a representação do Terceiro Estado, mas sem possibilidade de voto, ou seja, na prática nenhuma mudança efetiva ocorreu. Assim, sem qualquer possibilidade de debate acerca das necessidades da classe desfavorecida, houve, de forma gradual, um descontentamento populacional devido ao excesso de privilégios daqueles em relação a estes
Outra questão francesa e de imprescindível destaque foi a construção do Palácio de Versalhes, na qual foi empregada dinheiro público obtido através de impostos que eram cobrados apenas do Terceiro Estado, e que serviu de moradia para toda a nobreza da França. Ou seja, enquanto a imensa maioria da população vivia de forma miserável por não possuir nenhum privilégio, uma pequena parcela era sustentada de forma luxuosa sem exercer nenhuma forma de trabalho. 
Desse modo, com patrocínio e apoio burguês, grandes pensadores produziram obras a respeito das formas de governo e de quais eram os meios ideais para solucionar os problemas causados pelos monarcas absolutistas. Assim, através das obras de Jean-Jacques Rousseau e François-Marie Arouet, mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire, os quais serviram como base para a Revolução Francesa, é possível identificar de forma clara quais eram os anseios do movimento e também qual grupo foi o responsável por sua articulação. Portanto, com relação a esta revolução, é indispensável a análise das obras “O Contrato Social” e “O discurso sobre as origens e os fundamentos da desigualdade entre os homens” do filósofo Rousseau. Como também, estudar “Cartas iluministas” e “Tratado sobre a tolerância” do pensador Voltaire.
Estas obras são de extrema importância para retratar o período que será analisado, pois em cada escrito, estão dispostos as opiniões e o parecer de cada autor acerca do tema tratado. Assim, é de suma importância a compreensão dos dizeres e das opiniões descritas nas obras desses filósofos. Sobre a teoria de Voltaire e Rousseau, fica nítida sua divergência, pois, apesar de terem vivido em uma mesma época, seguiram linhas de raciocínio contrárias, influenciando o sistema da revolução. Uma possível explicação para seus diferentes modos de pensar é o distanciamento de suas origens, sendo Voltaire da elite social e Rousseau de natividade humilde, o qual nunca conseguiu de fato se adaptar a este artificialismo social. 
Voltaire ficou conhecido por ostentar a imagem de um “déspota esclarecido”, que para opinião pública se trata de uma política agressiva. O autor era a todo tempo atraído pela negação e lutava contra todas as formas de dogmatismo, afirmava ainda que o povo devia ser dirigido e não instruído, pois o mesmo não era digno de sê-lo, e, principalmente, duvidava da capacidade de aprendizagem dos menos favorecidos, declarando que estes não serviam para tal função. Já Rousseau, preocupava-se em restaurar a liberdade dos homens, quando sua primeira proposta foi o Contrato Social, que seria uma solução política para reestabelecer a sociedade. Neste pacto, Rousseau formula uma proposta que seria baseada na vontade comum e não individual, a qual todos tivessem participação e compreendessem os acontecimentos vivenciados. Ao contrário de Voltaire, ele ainda valorizava todos homens de diferentes classes, partia do princípio que todos são igualitariamente relevantes, e defendia que a educação aos jovens é a única forma de compreender a filosofia da formação social, contribuindo para que, no futuro, todos tenham ampla e total compreensão dos acontecimentos, com capacidade de raciocinar sobre os fatos reais. 
Em contrapartida, há o movimento brasileiro, que ocorreu no século XX, e foi intitulado de “Diretas Já”, cujo principal anseio era a redemocratização pós ditadura civil-militar com o exercício do voto direto para presidente. A fim de um melhor entendimento a respeito do tema e posterior comparação com o movimento francês, é fundamental a apresentação do contexto histórico no qual a revolução brasileira estava inserida. 
Assim, de acordo com Lilia Schwarcz e Heloisa Starling em sua obra Brasil: uma biografia, a instituição da ditadura Civil-Militar brasileira foi, a princípio, uma alternativa para os conservadores diante da ameaça comunista, expressa pelo então presidente João Belchior Marques Goulart, amplamente conhecido por “Jango”, cujo principal anseio político era a implementação de reformas de base em âmbito nacional. Seu objetivo era a descentralização de capital como alternativa econômica para as dívidas herdadas dos governos de JK e Jânio Quadros.
 Por conta disso, Jango possuía vasto apoio populacional em seus projetos, porém ele era fortemente contrariado por grande parte dos parlamentares que compunham o Congresso Nacional devido a ligação dos ideais do presidente a movimentos esquerdistas em razão de sua presença em comícios organizados por estes. Assim, em resposta ao apoio de Goulart à política de esquerda, os setores da elite da sociedade organizaram, em São Paulo, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, cuja representação baseava-se na classe média e grupos religiosos, pela luta contra o comunismo. Isto fez com que a ideia de um governo militar ganhasse força entre a população que apoiava a deposição do presidente João Goulart. Logo, toda esta situação política e social brasileira produziu condições favoráveis para um golpe político, o qual detinha apoio do governo estadunidense em virtude do desdobramento da Guerra Fria. 
Ademais, por efeito de não haver plano de relutância, nem mesmo por parte do presidente, no dia trinta e um de março de 1964, as tropas do exército se dirigiram ao Rio de Janeiro e Jango se encaminhou para o Rio Grande do Sul. Finalmente, no dia dois de abril, no Congresso Nacional, foi formalizado o novo governo civil-militar, o qual iniciou de forma inconstitucional, tendo em vista o fato do presidente estar em território nacional sem sofrer um impeachment ou ter renunciado ao cargo.
Apesar de sua formalização contrária à lei, o comando militar buscou ter um fundamento legal para que pudessem se legitimar diante da opinião pública, principalmente daqueles que haviam apoiado a destituição de Jango. Segundo o argumento de esquerdistas, tal ato era um “golpe” – expressão utilizada até hoje pela historiografiapara retratar este período histórico brasileiro – movimentado pela elite, com amparo do exército, contra um presidente que havia sido eleito pelos cidadãos brasileiros como vice-presidente de Jânio Quadros. 
Sem embargo, mesmo não havendo notória resistência à formalização do regime militar, desde o primeiro dia já começaram as primeiras manifestações contrarias, ainda com a intenção de manter o governo de Jango. Foram proferidos discursos por parte de alguns deputados, como Rubens Paiva e por organizações como a União Nacional dos Estudantes (UNE), que convocavam a população para que organizassem uma greve geral, sendo esta uma manifestação contra a ameaça golpista. Porém, os deputados envolvidos foram cassados e as entidades foram ilegalizadas.
Por outro lado, a promessa do novo governo instituído era modernizar a economia objetivando a ordem no país contra a corrupção. Desse modo, ainda no mês de abril, foi elaborado o primeiro Ato Institucional que convocou o Congresso para eleger um novo presidente para o país, porém com poderes mais estendidos. Assim, foi eleito à presidência o general Humberto Castelo Branco, o qual deu início ao período ditatorial. A partir de então, foram cassados diversos mandatos de opositores, dentre eles o ex-presidente João Goulart, além disso, houve demissão de servidores públicos, numerosas prisões e também o início de torturas e assassinatos.
Durante o período ditatorial, foram escolhidos para presidente cinco homens, sendo eles Humberto Castelo Branco, o primeiro militar a governar, logo após o também militar, Arthur da Costa e Silva, responsável pelo temido Ato Institucional número cinco (AI-5). Com o fim de seu mandato, instaurou-se a Junta Governativa, sendo esta provisória, pois permaneceu apenas por dois meses, formada por Aurélio de Lira Tavares, Márcio de Souza e Melo e Augusto Rademaker, conhecidos por decretar o Ato Institucional número quatorze (AI-14), em que aprovava a pena de morte e a prisão perpétua para casos de revolta contra o regime militar. 
Após os dois meses, estabeleceu-se o governo de Emílio Garrastazu Médici, considerado o general do exército mais repressivo da ditadura, foi o responsável por criar o Destacamento de Operações e Informações e o Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), os quais eram encarregados do controle de interrogatórios, investigações e repressão contra pessoas opostas ao governo. Ernesto Geisel foi o quarto presidente do período, cujo governo concretizou vagarosos progressos para o Brasil rumo à redemocratização, dentre eles a concessão do fim do AI-5, como um de seus principais acontecimentos. E por fim, João Figueiredo, já pressionado pelo descontentamento popular, aprovou a Lei da Anistia, garantindo a volta dos exilados políticos ao Brasil, e também a norma que permitia a formação do pluripartidarismo.
Entretanto, foi a partir de 1966 que o corpo da resistência começou a tomar forma, por conta da tática econômica governamental que fazia aumentar a concentração de riqueza e o empobrecimento dos trabalhadores, além da repressão contra os manifestos e a militância pela redemocratização. Muitos estavam arrependidos pelo apoio ao golpe civil-militar, juntamente com tantos outros tons ideológicos que lutavam contra este regime repressor. Com o passar dos anos, variados setores da sociedade se uniram no campo da oposição, cansados da censura e da repressão, tendo como exemplo duas das principais organizações que romperam com o regime, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (SBPC). 
Já nos anos finais da regência, nasceu o movimento “Diretas já”, que veio a ser a principal manifestação contra a ditadura. Por volta de 1983 surgiu o movimento que foi um dos mais importante a favor da redemocratização brasileira, pois após quase vinte anos sendo governados pelos civis-militares, as camadas populacionais mais participativas e informadas politicamente, uniram-se em prol de um ideal democrático. O governo de Figueiredo já caminhava enfraquecido e a autoridade militar não tinha mais tanta força quando antes. Assim, o próprio nome do movimento “Diretas Já” explícita o anseio pela eleição direta para o cargo de presidente, além de tantas outras reivindicações, na qual a que nomeia o movimento possui maior importância.
Diante dos fatos em destaque e os esclarecimentos acerca dos ideais dos pensadores tratados, podemos analisar conjuntamente suas teorias e os momentos históricos abordados. A seleção de títulos foi feita considerando o embasamento e a profundidade dos autores em relação aos temas tratados. Dentre o vasto acervo bibliográfico relativo a ambos os períodos históricos, estas literaturas em destaque proporcionam foco na análise pretendida por esse projeto de pesquisa. Outro fator considerado para a compilação é a consagração de tais escritores no meio acadêmico e literário: Vovelle é um dos mais conhecidos historiadores franceses contemporâneos, Lilia Schwarcz é historiadora e doutora em antropologia social e Heloisa Starling recebeu indicações ao prêmio Jabuti de Livro Brasileiro Publicado no Exterior.
metodologia
O projeto de pesquisa exposto utilizará a ciência como instrumento para atender o propósito de comprovar a validade e a utilidade do conhecimento sobre os momentos históricos Revolução Francesa (1789-1799) e o movimento “Diretas Já” (1983-1985) no âmbito jurídico. Segundo Ferrari (1974); e Lakatos e Marconi (2007, p. 80), ciência é um conjunto de atitudes e atividades racionais, que além de ser uma sistematização de conhecimentos é um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar. Dessa forma, será aplicado o método de abordagem hipotético dedutivo para desenvolver as hipóteses propostas nesta investigação acadêmica.
Método hipotético dedutivo
O método hipotético dedutivo consiste na análise de um problema, formulação de hipóteses para sua resolução e posterior tentativa de falseamento. Assim, o problema tratado neste projeto de pesquisa incide sobre as semelhanças de comportamento das sociedades do Brasil do século XX e da França do século XVIII, em meio às revoluções, e as organizações do Estado em ambos os contextos históricos.
De acordo com esse tema, a hipótese formulada consiste no anseio pelo poder através de uma manipulação, presente nos dois movimentos revolucionários, exercida por intermédio da burguesia sobre uma maioria populacional desprovida visibilidade social e política, mas que também sofria as consequências do abuso de privilégios de uma minoria numérica. 
Desse modo, será executada uma análise dos períodos da Revolução Francesa e do movimento “Diretas já” empregando a metodologia de procedimento comparativa histórica bibliográfica que objetiva através de livros, periódicos e sites responder ao problema. Para tal, utilizar-se-á uma compilação de obras dos principais pensadores iluministas, visando o entendimento da influência destes sob o movimento francês e, posteriormente, de forma indireta, no movimento do Brasil do século XX. A priori, a análise deve ser feita com base nas obras Cartas Iluministas e Tratado Sobre a Intolerância do pensador conhecido pelo pseudônimo de Voltaire em contraponto aos enredos O Contrato Social e O Discurso Sobre as Origens e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens do filósofo Jean-Jacques Rousseau. 
Além disso, é necessária uma análise crítica acerca do livro Brasil: uma biografia, de Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Starling, que remonta o período de restauração da democracia brasileira, conhecido como movimento “Diretas já”; e também de A Revolução Francesa explicada à minha neta, de Michel Vovelle, que retrata do momento histórico francês de queda do Absolutismo.
cronograma da pesquisa
	Etapas da Pesquisa
	Ago.
	Set.
	Out.
	Nov.
	Levantamento bibliográfico sobre os filósofos iluministas
	X
	
	
	
	Pesquisa teórica sobre os antecedentes da Revolução Francesa e do movimento “Diretas já”
	X
	
	
	
	Análise do movimentorevolucionário francês
	
	X
	
	
	Análise do movimento “Diretas já”
	
	X
	
	
	Pesquisa por semelhanças entre os movimentos estudados
	
	
	X
	
	Comparação de dados
	
	
	X
	
	Análise e comparação das consequências
	
	
	
	X
	Compilação das informações encontradas e formatação da pesquisa de acordo com as normas da ABNT
	
	
	
	X
	Entrega e apresentação do resultado final
	
	
	
	X
REFERÊNCIAS
MONTEIRO, M. Ulysses Guimarães: Senhor das diretas. Disponível em: < http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/REPORTAGEM-ESPECIAL/517098-ULYSSES-GUIMARAES-SENHOR-DIRETAS-BLOCO-1.html>.
Acesso em: 26 mar. 2018.
SCHWARCZ, L.; STARLING, H.. Brasil: Uma Biografia. 1. Companhia das letras, 2015.
VOVELLE, M. A Revolução Francesa explicada à minha neta. 1. UNESP, 2007.
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