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AO JUÍZO DE DIREITO DA ___ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SOROCABA - SP SILVA & CAMPOS CONSTRUÇÃO E INCORPORAÇÃO Ltda, pessoa jurídica de direito privado, inscrita sob o CNPJ nº ..., com sede ..., por seus advogados ao fim assinados (procuração em anexo), com endereço profissional ..., local onde recebem as comunicações judiciais de praxe e estilo, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICO / TRIBUTÁRIO C/C ANULAÇÃO DE DÉBITO FISCAL Contra Município de Sorocaba – SP, pessoa jurídica de direito público interno, inscrito sob o CNPJ nº ..., com sede ..., representado por seu Procurador Geral Municipal, o(a) S.r.(a) ..., nacionalidade..., estado civil ..., inscrito sob o CPF nº ..., residente e domiciliado ..., pelos fatos e fundamentos de direito a seguir expostos. Tempestividade O prazo prescricional para ajuizamento da presente Ação Declaratória de Inexistência da Relação Jurídica Tributária, no caso tratado , é quinquenal, nos termos do art. 1º do Decreto 20.910/32, contado a partir da notificação fiscal do ato administrativo do lançamento. O caso em tela se amolda perfeitamente no supracitado Decreto. Legitimidade A legitimidade ativa se dá a Silva e Campos Construção e Incorporação Ltda, visto que decorre do fato de que, como titular de direitos, você tem direito a uma defesa plena, contraditória e benéfica do que se está requerendo com base no artigo 75 do CPC. Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: III - o Município, por seu prefeito ou procurador; VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por seus diretores; Já a legitimidade passiva é do Município de Sorocaba, é justificada pelo fato de estar de cobrança do autor ilegalmente a incidência do ISSQN, violando assim o direito líquido e certo da parte autora. Fatos A Autora é empresa do ramo da construção civil, atuando nos nichos de construção de imóveis para a venda, incorporação imobiliária e locação de imóveis próprios. Na esteira de suas atividades habituais, a Autora construiu o Edifício Millenia, sobre o imóvel de sua própria titularidade, registrado sob a matrícula 110.303, do 2° Ofício de Registro de imóveis desta cidade, conforme demonstram os documentos em anexo. Cumpre ressaltar que toda a edificação, incorporação e instituição do condomínio, sobre imóvel próprio, foram realizados com recursos exclusivamente da Autora. Apesar disso, o município Réu lavrou o auto de infração n° 000-000469/2018, cobrando o montante de R$ 409.345,24 (quatrocentos e nove mil, trezentos e quarenta e cinco reais e vinte e quatro centavos), referentes a suposta incidência de ISSQN sobre as operações já mencionadas. Ocorre que a jurisprudência local é pacífica no sentido de que não incide ISSQN quando a construtora incorporadora, sendo proprietária também do terreno, realiza a contratação direta com os adquirentes das unidades autônomas, não caracterizando-se a prestação de serviços, e, portanto, não havendo incidência do respectivo tributo. Inconformada, a Autora apresentou impugnação ao Auto de infração. Após toda a tramitação do processo administrativo n° 2015/003356-1, a municipalidade decidiu pela manutenção do questionado lançamento tributário, apesar de ser absolutamente ilegal e contrário ao posicionamento jurisprudencial sobre a matéria. Nessa trilha, o município Réu inscreveu a Autora em dívida ativa, e ainda realizou o protesto da respectiva CDA, trazendo graves prejuízos à Autora, decorrentes de uma cobrança tributária manifestamente indevida. Posto isso, diante da evidente ilegalidade do lançamento tributário, sendo indevida a cobrança do ISSQN no presente caso, e em razão dos prejuízos iminentes resultantes da inscrição da Autora em dívida ativa, bem como do protesto da respectiva CDA, não restou a Autora outra alternativa senão buscar a tutela jurisdicional. Do cabimento A medida judicial mostra-se adequada ante a inexistência de lançamento tributário, nos termos do art. 19, I, do CPC, autorizando a utilização da medida visando o afastamento da existência de relação jurídico-tributária entre Silva e Campos Construção e Incorporação Ltda e o Município de Sorocaba. Do direito Da incorporação imobiliária direta A incorporação imobiliária é um negócio jurídico que, nos termos previstos no parágrafo único do art. 28 da Lei 4.591/64, tem por finalidade promover e realizar a construção, para alienação total ou parcial, de edificações compostas de unidades autônomas. Art. 28. As incorporações imobiliárias, em todo o território nacional, reger-se-ão pela presente Lei. Parágrafo único. Para efeito desta Lei, considera-se incorporação imobiliária a atividade exercida com o intuito de promover e realizar a construção, para alienação total ou parcial, de edificações ou conjunto de edificações compostas de unidades autônomas Consoante disciplina o art. 48 da Lei 4.591/64, a incorporação poderá adotar um dos seguintes regimes de construção: (a) por empreitada, a preço fixo, ou reajustável por índices previamente determinados (Lei 4.591/64, art. 55); (b) por administração ou "a preço de custo" (Lei 4.591/64, art. 58); ou (c) diretamente, por contratação direta entre os adquirentes e o construtor (Lei 4.591/64, art. 41). Art. 41. Quando as unidades imobiliárias forem contratadas pelo incorporador por preço global compreendendo quota de terreno e construção, inclusive com parte de pagamento após a entrega da unidade, discriminar-se-ão, no contrato, o preço da quota de terreno e o da construção. Na incorporação direta, por sua vez, o incorporador constroi em terreno próprio, por sua conta e risco, realizando a venda das unidades autônomas por 'preço global', compreensivo da cota de terreno e construção. Ele assume o risco da construção, obrigando-se a entregá-la pronta e averbada no Registro de Imóveis. Já o adquirente tem em vista a aquisição da propriedade de unidade imobiliária, devidamente individualizada, e, para isso, paga o preço acordado em parcelas. Exatamente nos moldes do caso em tela, na qual autora atua no ramo de construção civil de imóveis destinados à venda, incorporação e locação de bens de raiz próprios, utilizou terreno próprio, com área de 1.473,25 m² , para a construção e incorporação do empreendimento denominado “EDIFÍCIO MILLENIA”, composto por 1 bloco, 28 salas comerciais e 112 vagas de garagem, além das áreas comuns. Tudo dentro dos ditames legais. Sobre o tema, colaciono os seguintes julgados: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA. ISSQN. INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA . REGIME DA CONSTRUÇÃO DIRETA. TERRENO PRÓPRIO. NÃO INCIDÊNCIA DE ISS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. NÃO VERIFICADA. O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN possui previsão a nível federal na Lei Complementar n° 116/2003, segundo a qual se trata de imposto que tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador (artigo 1°). A construção civil pelo regime da contratação direta entre incorporador e adquirente das unidades autônomas não constitui fato gerador de Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza. Ainda, não é possível equiparar a atividade de empreitada com a de incorporação, conforme entendimento exarado pelo Superior Tribunal de Justiça EREsp n° 884.778/MT. O contexto probatório revela que a parte demandante edificou empreendimento em terreno próprio, atuando como incorporadora de empreendimentos imobiliários. Ou seja, inexiste prestação de serviços no caso concreto a incidir ISSQN. Honorários majorados na forma do art. 85, § 11, do Código de Processo Civil. APELAÇÃO DESPROVIDA. UNÂNIME. (Apelação Cível, N° 70083681643, Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Iris Helena Medeiros Nogueira, Julgado em: 11-03-2020. Acesso em XXXXX-05-2020)."EMENTA: TRIBUTÁRIO. INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. IMÓVEIS CONSTRUÍDOS SOBRE TERRENO PRÓPRIO E POR CONTA PRÓPRIA DO INCORPORADOR. ISS. INEXISTÊNCIA DE FATO GERADOR. O incorporador imobiliário, tal como definido no art. 29 da Lei 4-591/65, não pode, logicamente, figurar como contribuinte do ISSQN relativamente aos serviços de construção da obra incorporada. Com efeito, se a construção é realizada por terceiro, o incorporador não presta serviço algum, já que figura como tomador. Contribuinte, nesse caso, é o construtor. E se a construção é realizada pelo próprio incorporador, não há prestação de serviços a terceiros, mas a si próprio, o que descaracteriza o fato gerador. É que os adquirentes das unidades imobiliárias incorporadas não celebram, com o incorporador, um contrato de prestação de serviços de construção, mas sim um contrato de compra e venda do imóvel, a ser entregue construído. Precedentes.2. Recurso improvido" (Resp n° 922956/RN, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de XXXXX-07-2010, Julgamento em 22/06/2010). Como a sua finalidade é a venda de unidades imobiliárias futuras, concluídas, conforme previamente acertado no contrato de promessa de compra e venda, a construção é simples meio para atingir-se o objetivo final da incorporação direta; o incorporador não presta serviço de 'construção civil' ao adquirente, mas para si próprio. Note que, Vossa Excelência, o próprio ente público admite que para verificar se o efetivo recolhimento é compatível com o porte da obra, é necessário estimar o ISS com base na Tabela CUB, fornecida pelo SINDUSCON, que serve de alicerce para o ramo da construção civil no Estado de São Paulo. O Município tomou por verdadeira uma base de cálculo fictícia apurada em tabela do Sinduscon, presumindo deslize ou quiçá a má-fé da contribuinte, o que é inadmissível. Sendo comprovado com as provas em anexo que, o valor utilizado pela construtora como mão de obra própria foi deduzido do valor da obra na formação da base de cálculo, servindo de redutor do ISSQN lançado. No entanto, é bem verdade que, a contratação de serviços terceirizados não descaracteriza a incorporação direta. Importante ressaltar que, a construção de unidades autônomas é serviço-meio para alcançar-se o escopo final da incorporação: comercialização das salas comerciais. Desse modo, há incorporação direta e não incide o imposto sobre serviços. Logo, não cabe a incidência de ISSQN na incorporação direta, já que o alvo desse imposto é atividade humana prestada em favor de terceiros como fim ou objeto; tributa-se o serviço-fim, nunca o serviço-meio, realizado para alcançar determinada finalidade. As etapas intermediárias são realizadas em benefício do próprio prestador, para que atinja o objetivo final, não podendo, assim, serem tidas como fatos geradores da exação. Portanto, Vossa Excelência, não há o que prosperar o lançamento de incidência do ISS pelo ente público. DA ANULAÇÃO DO ATO DE INFRAÇÃO Diante de todo exposto acima, é devida a anulação do ato de infração n° 000-000469/2018, pela incidência do ocorrimento da incidência direta. Verificamos que na lei na lei n. 4.591/64 temos e rês espécies distintas de incorporação, são elas: (i) por empreitada (artigo 55); (ii) por administração (artigo 58); e (iii) por contratação direta (artigo 41). Desde já, é informado que das 3 citadas acima, apenas duas sofrem a incidência do ISS, sendo elas as duas primeiras, no entanto a última opção citada acima não acarreta a incidência de fato gerador do imposto municipal, que é motivado por haver prestação de serviços. No tocante ao assunto, depois de muito ser discutido, surgiu o precedente jurisprudencial que entende pela não incidência de ISS na incorporação direta. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. ISS. CONSTRUÇÃO SOB O REGIME DE CONTRATAÇÃO DIRETA ENTRE OS ADQUIRENTES DAS UNIDADES AUTÔNOMAS E O CONSTRUTOR/INCORPORADOR (PROPRIETÁRIO DO TERRENO). ATIVIDADE QUE NÃO SE CARACTERIZA COMO PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. 1. Na construção pelo regime de contratação direta, há um contrato de promessa de compra e venda firmado entre o construtor/incorporador (que é o proprietário do terreno) e o adquirente de cada unidade autônoma. Nessa modalidade, não há prestação de serviço, pois o que se contrata é “a entrega da unidade a prazo e preços certos, determinados ou determináveis” (art. 43 da Lei 4.591/64). Assim, descaracterizada a prestação de serviço, não há falar em incidência de ISS. 2. Ademais, a lista de serviços sujeitos ao ISS é taxativa, não obstante admita interpretação extensiva. Além disso, é vedada a exigência de tributo não previsto em lei através do emprego da analogia (art. 108, parágrafo único, do CTN). Desse modo, se a previsão legal é apenas em relação à execução de obra de engenharia por administração, por empreitada ou subempreitada, não é possível equiparar a empreitada à incorporação por contratação direta, para fins de incidência do ISS, como entendeu o acórdão embargado. 3. Embargos de divergência providos.” STJ, 1ª Seção – EREsp 884778 /MT, Min. Rel. Mauro Campbell Marques, DJe de 05/10/2010) Com isso no tocante a incorporação direta por contratação direta e seguindo as seguintes regras: 1. Construção feita em terreno próprio, 2. Executada pela própria incorporadora, sem contratar empreitada, 3. Obra realizada por conta e risco da incorporadora, sendo as unidades vendidas diretamente para os adquirentes após concluída a construção, não há que se falar em incidência de ISS. Portanto, por esses motivos se pede a anulação do ato de infração n° 000-000469/2018. MEDIDA LIMINAR Em análise à exposição dos fatos, restou claro que o autor preenche os requisitos para pleitear a judicial em questão, a medida liminar, no caso dos autos fica claro a ilegalidade da cobrança pleiteado pela a parte requerida, pois a parte autora construiu em terreno próprio, por sua conta e risco, para mais tarde vender as unidades, sem prestar serviço de construção/empreitada a terceiros. Além do mais, restando claro indevida a inscrição da autora em dívida ativa e do protesto da Certidão de Dívida Ativa (CDA), sendo inadmissível a restrição do nome da autora em tal restrição, pois, o perigo de dano encontra-se presente no momento da inscrição indevida. Razão pela qual, há de ser imposta por Vossa Excelência, a retirada, ainda que de forma provisória, do nome do autor dos cadastros de protesto da Certidão de Dívida Ativa (CDA). Tomando-se por base essa definição, o requisito “periculum in mora” também se mostra presente “in casu”, haja vista que a autora é empresa do ramo da construção civil onde a demora de tal ação pode prejudicar a sua atuação. Portanto, com fulcro nos artigos 300 e 297 do Novo Código de Processo Civil, e estando a autora alicerçada pelos requisitos servidores de base ao deferimento da medida, quais sejam, a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo e possibilidade de reversibilidade, a fim de evitar graves e irreparáveis prejuízos a pessoa da autora, requer pelo deferimento do pedido LIMINAR. Pedidos Diante do exposto, requer-se respeitosamente a vossa Excelência: a) Que seja concedida com urgência ordem liminar “inaudita altera pars” pelos fundamentos acima citados, suspendendo a exigibilidade do crédito tributário relativo ao ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza), objeto do auto de infração n° 000-000469/2018, com base na ilegalidade e inconstitucionalidade da cobrança, pleiteando a suspensão imediata da inscrição da Autora em dívida ativa e do protesto da Certidão de Dívida Ativa (CDA), tendo em vista a manifesta ilegalidade da cobrança. b) Pleitear a concessão de justiça gratuita à Autora, tendo em vista a sua condição de impossibilidade de arcar com as despesas processuais sem prejuízo de seu sustento, conforme previsto no art. 98 do CPC. c) Declarar a inexistência de relação jurídico-tributáriaentre a Autora e o Município de Sorocaba quanto ao ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza), e a nulidade do auto de infração e do respectivo lançamento tributário referente ao ISSQN. d) Requer a restituição ou compensação dos valores eventualmente pagos indevidamente a título de ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza). e) Na hipótese de que não seja possível a concessão da liminar, requer a aplicação de tutela específica para os fins de suspender imediatamente a exigibilidade do crédito tributário. f) Condenar o Município ao pagamento das custas processuais e honorários de sucumbências na ordem de 20% (vinte por cento), em virtude da manifesta ilegalidade da cobrança e da necessidade de defesa judicial da Autora. Atribui à causa o valor de R$ 1.412,00 ( MIL QUATROCENTOS E DOZE REAIS) Neste termos, Pede e espera deferimento, na urgência que o caso requer. Loca…data… Advogado/OAB Equipe B Ana Marcia Madeira Pereira- 003199 Carlos Alexandre Cunha Arantes- 004600 Debora Marielly Moraes dos Santos - 005400 Elivelton Rego Almeida - 005907 José Ribamar Piedade Neto - 009121 Karoliny Costa Carvalho - 009659 Kleandia Freitas Costa - 009882 Nathália da Silva Santos - 012996
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