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FMF - Roteiro - Noções Iniciais

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Roteiro de Estudo: FUNDAMENTOS DE DIREITO DE EMPRESA - Prof. André Bessa - Página 1 
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Roteiro de Estudo: FUNDAMENTOS DE DIREITO DE EMPRESA - Prof. André Bessa - Página 1 
 
 
 
FACULDADE MARTHA FALCÃO / WYDEN - CURSO DE DIREITO 
 
Direito Empresarial / Roteiro de Estudo nº 01: 
 
 
 
FUNDAMENTOS DE 
DIREITO DE EMPRESA 
 
 
- Prof. ANDRÉ BESSA - 
 
 
I - INTRODUÇÃO 
 
Até a entrada em vigor do atual Código Civil - Lei nº 10.406, de 10/01/2002, 
identificava-se como DIREITO COMERCIAL o ramo da ciência jurídica dedicado à 
regulamentação do exercício da profissão de comerciante, relacionada, basicamente, às 
atividades envolvendo circulação de bens móveis e outras de natureza semelhante. 
Entretanto, os termos COMERCIAL, COMÉRCIO, COMERCIANTE, cederam lugar a 
expressões de sentido mais abrangente, como EMPRESARIAL, EMPRESA, EMPRESÁRIO. 
Nossa legislação anterior ao vigente Código Civil orientava-se a partir da divisão da 
atividade econômica profissional em COMERCIAL e CIVIL. Assim, eram duas as espécies de 
empresas, cada uma com um regime jurídico próprio. Somente os chamados comerciantes 
(cujas atividades envolviam basicamente revenda de mercadorias) sujeitavam-se à falência, 
tinham direito à extinta concordata - hoje substituída pelo instituto da recuperação de 
empresas previsto na Lei nº 11.101, de 09/02/2005 -, ao registro em Junta Comercial. Os 
denominados empresários civis (a exemplo dos prestadores de serviços e dos produtores), por 
outro lado, quando quebravam estavam sujeitos à insolvência civil, registravam-se em cartório 
e não faziam jus à concordata. O critério para se auferir a natureza da empresa, se comercial ou 
civil, partia, portanto, da análise de sua ATIVIDADE. 
O Código Civil atual, revogando a Parte Primeira do antigo Código Comercial, adotou 
um livro que inexistia na Parte Especial do Código Civil de 1916: “DO DIREITO DE 
EMPRESA” (Livro II). Concretizou-se, desta forma, uma antiga reivindicação de correntes 
doutrinárias defensoras de um regime empresarial único. 
Surgiu, porém, a seguinte dúvida: teria o Direito Comercial, ou de Empresa, perdido 
sua autonomia, para tornar-se parte do Direito Civil ? A resposta, definitivamente, é negativa. 
Roteiro de Estudo: FUNDAMENTOS DE DIREITO DE EMPRESA - Prof. André Bessa - Página 2 
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Roteiro de Estudo: FUNDAMENTOS DE DIREITO DE EMPRESA - Prof. André Bessa - Página 2 
 
A partir dos ensinamentos do jurista italiano Alfredo Rocco, podemos deduzir que um 
certo ramo da ciência jurídica há de reputar-se autônomo quando atende aos seguintes 
requisitos: 
a) um respectivo campo temático vasto e específico; 
b) a existência de uma doutrina homogênea, normas, conceitos e princípios próprios, 
que diferenciam, portanto, aquela matéria de outras; 
c) um método próprio, com o emprego de processos especiais de investigação do objeto 
daquele ramo do Direito. 
No tocante ao campo temático do Direito de Empresa, em primeiro lugar, é inequívoca 
sua amplitude, eis que envolve o empresário, as sociedades, a propriedade industrial, os títulos 
de crédito, etc., tudo inerente à atividade empresarial e disposto num complexo próprio de leis 
e normas sistematizadas (Lei de Falências, Lei das S.A.´s, legislação dos títulos de crédito, 
Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Lei do Registro de Empresas, etc.), 
sem exigir um Código ou mesmo uma Consolidação, como pensam alguns; do contrário, não se 
haveria de falar sequer em Direito Administrativo, ou Direito Internacional, por exemplo, que 
não dispõem de Códigos próprios. 
Revela-se, outrossim, a autonomia doutrinária do Direito de Empresa, pela existência de 
uma bibliografia própria, que inclui inúmeros tratados, manuais, monografias, dicionários. 
Constitui, inclusive, disciplina autônoma nas grades curriculares dos cursos de Direito, 
Economia, Contabilidade, entre outros, ensinada a partir de métodos específicos. Portanto, a 
inclusão de normas de Direito de Empresa no Código Civil foi tão somente uma opção do 
legislador, à vista da unificação do direito obrigacional, em nada interferindo, porém, na 
autonomia desse ramo do Direito. 
 
 
II - O EMPRESÁRIO 
 
2.1. DEFINIÇÃO 
Empresário, antes chamado de comerciante (quando a atividade se enquadrasse como 
ato de comércio) ou de empresário civil (quando a atividade não constituísse ato de comércio), 
é, de acordo com o art. 966 do CC, todo aquele que exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. 
Desse conceito podemos extrair, como requisitos (cumulativos) à caracterização do 
empresário: 
a) o PROFISSIONALISMO - o verdadeiro empresário tem sua atividade como 
profissão, vive do que faz. A habitualidade e a detenção das informações para o exercício da 
atividade (“know-how”) traduzem o profissionalismo a que se refere a definição. 
Roteiro de Estudo: FUNDAMENTOS DE DIREITO DE EMPRESA - Prof. André Bessa - Página 3 
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Roteiro de Estudo: FUNDAMENTOS DE DIREITO DE EMPRESA - Prof. André Bessa - Página 3 
 
 b) Atividade econômica como ATIVIDADE-FIM – a atividade-fim, o objetivo do 
empresário, é o exercício de uma atividade econômica, ou seja, em que se busca o lucro. E essa 
atividade deve consistir em produção ou circulação de bens ou de serviços, incluindo, 
portanto, a indústria, o comércio no varejo ou no atacado, a prestação de serviços (salvo 
serviços relacionados aos profissionais liberais ou às suas sociedades de trabalho, como será 
visto adiante). Note-se que a atividade econômica, para o empresário, é atividade-fim, ao 
contrário do que ocorre em relação a determinadas pessoas jurídicas com finalidades não-
econômicas (associações, fundações), que às vezes podem até exercer atividades econômicas, 
mas necessariamente como atividades-meio; 
c) ORGANIZAÇÃO da atividade – o que significa que a atividade econômica 
exercida deve ser suficientemente estruturada, reunindo os fatores produtivos básicos (capital, 
trabalho, insumos, tecnologia), para que possa atingir o resultado “produção ou circulação de 
bens ou de serviços”. Quando o resultado da atividade só pode ser atingido a partir da 
atuação pessoal e direta de seu titular, não se tem a figura do empresário. Empresa 
funciona por meio da estrutura aplicada, que normalmente envolve investimento (capital), 
empregados (mão de obra), matéria prima (insumos) e os bens de produção necessários para a 
atividade exercida (tecnologia). 
 
2.2. EXCLUÍDOS DA NOÇÃO DE EMPRESÁRIO 
 A falta de qualquer um dos elementos caracterizadores antes tratados, obviamente, é 
suficiente para afastar o conceito de empresário. 
Tal ideia é corroborada pelo parágrafo único do art. 966 do Código Civil, que 
expressamente exclui da qualificação de empresário quem exerce profissão intelectual, de 
natureza científica, literária ou artística, mesmo que trabalhe com o concurso de auxiliares 
ou colaboradores (o que não deixaria de revelar algumaforma de organização), salvo se o 
exercício da profissão constituir “elemento de empresa”, conceito de que trataremos adiante. 
Assim, por exemplo, não são empresários o advogado (profissão intelectual de natureza 
científica), o médico (também profissão intelectual de natureza científica), o escritor (profissão 
intelectual de natureza literária), o artesão (profissão intelectual de natureza artística), entre 
outros, titulares de profissões que requerem sobretudo conhecimentos originados do espírito, da 
inteligência. Nestas, os resultados não dependem essencialmente de uma estrutura organizada, 
mas do envolvimento pessoal e direto do próprio profissional, à vista da natureza da atividade, 
que não permite que seja diferente. 
Note-se, porém, que o exercício de profissão intelectual, conforme disposto na parte 
final do parágrafo único do art. 966, até pode constituir um elemento de empresa, ou seja, 
estar inserido num contexto empresarial, ao lado de outras atividades, diversificadas. Num 
grande hospital, por exemplo, há médicos realizando consultas (profissão intelectual), mas há 
também exames, internações, farmácia, lanchonete, locação de consultórios, etc., tudo 
formando um contexto de empresa, no qual a profissão intelectual insere-se apenas como um 
elemento. Sendo a atividade empresarial absorvente, se esta estiver presente entre muitas 
exercidas por determinada estrutura jurídica, autoriza-se a conclusão de que se trata de uma 
empresa, por mais que também existam, paralelamente, atividades não empresariais na mesma 
estrutura. 
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De um modo geral, pode-se afirmar que não são empresários os profissionais liberais e 
os autônomos, seja por exercerem aqueles profissões intelectuais - portanto, expressamente 
excluídas -, seja porque simplesmente o resultado de suas atividades não depende de uma 
estrutura organizada. Mesmo as sociedades de trabalho dos profissionais liberais (sociedades de 
advogados, de economistas, etc.) não são sociedades empresárias, classificando-se entre as 
denominadas sociedades simples. Nestas não se verifica qualquer diversificação da atividade 
do profissional liberal e, ademais, todos os sócios devem trabalhar na atividade, contribuindo 
pessoalmente e diretamente para os resultados. Por derradeiro, sociedades cooperativas 
também não são sociedades empresárias, mas simples, por expressa disposição legal (art. 982, 
parágrafo único, do CC). 
Os não empresários continuam regidos pelo regime civil comum, ou seja, não devem 
inscrever-se no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede (mas no Cartório 
do Registro Civil de Pessoas Jurídicas e/ou no Conselho profissional respectivo), não se 
sujeitam à falência e nem fazem jus à recuperação judicial ou extrajudicial. 
 
 
 
 
 
 
III - O EXERCÍCIO DE EMPRESA 
 
 
3.1. POSSÍVEIS FORMATOS JURÍDICOS PARA O EXERCÍCIO DE EMPRESA 
 
 
3.1.1. Empresário individual, sem personalidade jurídica 
Empresário individual é a pessoa física capaz que explora empresa em seu próprio 
nome, por sua própria conta e risco, ainda que eventualmente contando com a colaboração de 
outros agentes. 
Não detém personalidade jurídica, pois as pessoas jurídicas, como cediço, caracterizam-
se por ter existência distinta das pessoas que a compõem, e no caso do empresário comum essa 
existência se confunde. O nome empresarial, nesta hipótese, só pode ser uma firma constituída 
a partir do próprio nome civil do empresário, a qual se extingue com sua morte, embora o 
estabelecimento possa passar à titularidade de outra pessoa como um sucessor (a quem cabe, 
porém constituir sua própria firma para dar continuidade à exploração do negócio). 
 
Inclusive, para fins de garantia de débitos, não há separação entre o patrimônio 
particular do empresário e o patrimônio colocado à disposição do negócio. Na verdade, 
representam uma só massa patrimonial, ressalvando-se apenas a hipótese prevista no art. 978 
do Código Civil, que mitiga essa regra ao permitir ao empresário casado sob qualquer regime 
de bens, sem necessidade de outorga conjugal, alienar ou gravar de ônus real imóveis que 
integrem o acervo patrimonial formalmente a serviço da empresa (embora, repita-se, não se 
trate de uma massa patrimonial distinta, mas apenas de parte de um único patrimônio de 
titularidade da pessoa do empresário). 
 
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Aqueles que atribuem equivocadamente ao empresário individual uma personalidade 
jurídica confundem-se, sobretudo, em decorrência das determinações da legislação do Imposto 
de Renda: como à Fazenda Pública interessa saber o que o empresário individual auferiu em 
razão da sua atividade empresarial e o que teve de ganhos fora dessa atividade, determina-se-
lhe o preenchimento de duas declarações, sendo uma como pessoa física e a outra, na 
inexistência de um formulário próprio, como pessoa jurídica. Trata-se, porém, de mera 
EQUIPARAÇÃO, para FINS TRIBUTÁRIOS, o que não torna o empresário individual, 
todavia, uma pessoa jurídica por definição legal. Veja-se, a propósito, a legislação (os grifos 
não constam dos textos originais): 
Decreto-Lei nº 1.706/1979: 
“Art. 2º - As empresas individuais, para os efeitos da legislação 
do imposto de renda, são equiparadas às pessoas jurídicas.” 
 
============================================== 
Anexo ao Decreto nº 9.580/2018: 
“Art. 162. As empresas individuais são equiparadas às pessoas 
jurídicas (Decreto-Lei nº 1.706, de 23 de outubro de 1979, art. 
2º)”. 
 
 Pode-se afirmar com certa segurança que o empresário individual representa 
praticamente uma “espécie em extinção”, desde que surgiram no ordenamento jurídico outros 
formatos (EIRELI e SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL, tratados na sequência), que 
permitem empreender individualmente sem que o empreendedor necessite por em risco seu 
patrimônio pessoal. Viabiliza-se, pelas figuras jurídicas mais recentes, que o patrimônio 
pessoal seja segregado do patrimônio constituído para a atividade empresarial, e que a empresa 
tenha, portanto, uma “vida própria” sob todos os aspectos. 
 
 
 
3.1.2. Empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) 
 
 
 Criada pela Lei nº 12.441, de 11/07/2011, e regulada pelo art. 980-A do Código Civil, a 
Empresa Individual de Responsabilidade Limitada passou a constituir a primeira modalidade de 
pessoa jurídica integrada por uma única pessoa (natural ou jurídica). Consta, inclusive, do rol 
do art. 44 do Código Civil (inciso VI). 
A grande vantagem da EIRELI sobre o empresário individual é a possibilidade de ter 
vida própria e independente da de seu titular. Com a morte deste, pode transferir-se a 
herdeiro(s) sem solução de continuidade (mediante alvará judicial, sentença ou escritura 
pública de partilha de bens) e, portanto, patrimônio próprio, inconfundível com o do titular 
(ressalvados os casos de fraude comprovada), conforme § 7º do art. 980-A. 
 
Para que o único titular de uma empresa possa optar por exercer suas atividades soba 
modalidade de pessoa jurídica em destaque, impõe-se que o capital social seja equivalente a, no 
mínimo, 100 (cem) salários-mínimos (art. 980-A, caput, do CC), e seja necessariamente 
integralizado, em sua totalidade, no ato de constituição da empresa. O nome empresarial 
escolhido não necessita ter relação com o nome civil do titular; pode ser uma firma ou uma 
denominação qualquer, bastando que traga ao final a expressão “EIRELI”. 
Roteiro de Estudo: FUNDAMENTOS DE DIREITO DE EMPRESA - Prof. André Bessa - Página 6 
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 A EIRELI, diferentemente do empresário individual tratado no item anterior, por não ter 
sua existência vinculada à do seu único titular, pode não apenas ser transferida a herdeiros, mas 
também negociada por ato inter vivos. 
Por força do disposto no art. 980-A, § 6º do CC, a esse tipo de empresa aplicam-se, no 
que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas. Assim, por exemplo, é possível 
que uma EIRELI seja administrada por alguém que não seja o seu único titular. 
Constitui-se a EIRELI, de acordo com o Anexo III da Instrução Normativa nº 81/2020 
do Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI), mediante ato 
constitutivo especial, similar a um contrato social, contendo, basicamente, o mesmo conteúdo 
(cláusulas) obrigatório de uma sociedade limitada. Qualquer alteração nesse ato constitutivo 
deve ser promovida mediante novo ato, reduzido a termo, denominado “decisão do titular” 
(equivalente à alteração contratual da sociedade limitada). 
 Vale também destacar que a pessoa natural que constituir empresa individual de 
responsabilidade limitada somente pode figurar em uma única empresa dessa modalidade, nos 
termos do art. 980-A, § 2º, do CC. 
 
3.1.3. Sociedade limitada unipessoal 
 Trata-se de figura criada pela Medida Provisória nº 881, de 30/04/2019, posteriormente 
convertida na Lei nº 13.874, de 20/09/2019, conhecida como Lei da Liberdade Econômica. 
Tem previsão nos §§ 1º e 2º do art. 1.052 do CC. 
 A sociedade limitada unipessoal é de natureza peculiar, escapando, inclusive, do 
conceito de sociedade proposto pelo art. 981 do CC, o qual pressupõe pluralidade de pessoas. 
Diante dessa atecnia por ocasião de sua criação, tem merecido inclusive algumas críticas do 
mundo jurídico. 
 
 Assim como a EIRELI, a sociedade limitada unipessoal é pessoa jurídica integrada por 
uma única pessoa (natural ou jurídica), tem vida própria e patrimônio próprio. Tem, portanto, 
em sua essência, os mesmos propósitos da EIRELI, dela diferenciando-se basicamente sob os 
aspectos seguintes: 
 
 a) para a constituição de uma sociedade limitada unipessoal não há exigência de capital 
social mínimo e nem que seja totalmente integralizado no ato da constituição da empresa, como 
ocorre na EIRELI; 
 
 b) enquanto o titular pessoa natural de uma EIRELI somente pode figurar numa única 
empresa dessa modalidade, não há restrição nesse sentido para a sociedade limitada unipessoal. 
 
 Acredita-se que, apesar dos melhores propósitos do legislador com a criação da 
sociedade limitada unipessoal (abertura econômica, incentivo à livre iniciativa), se tivesse 
havido simplesmente uma alteração legislativa no sentido de suprimir da EIRELI as duas 
restrições antes mencionadas, a finalidade estaria devidamente atingida, sem que o conceito de 
sociedade do art. 981 precisasse ter sido violado. Até porque se ambas tem a mesma finalidade 
e a EIRELI impõe mais restrições, a tendência é que com o tempo torne-se a EIRELI letra 
morta. 
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 3.1.4. Sociedade empresária propriamente dita, com pluralidade de pessoas 
São duas ou mais pessoas reunidas com um mesmo objetivo, qual seja a exploração de 
atividade empresarial. 
Quando a sociedade empresária, embora reduzida a termo pelos sócios, não se registrar 
na Junta Comercial, será considerada apenas uma sociedade de fato (denominada pelo vigente 
CC “sociedade em comum”), não adquirindo personalidade jurídica. 
 
Em Unidade posterior, trataremos, de forma detalhada, das sociedades empresárias em 
espécie. 
 
 
 
 
3.2. CAPACIDADE PARA O EXERCÍCIO DE EMPRESA 
 
Para adquirirem validade, os atos relativos ao exercício de empresa devem ser 
praticados por pessoa que, na forma do art. 972 do novo CC, atenda aos seguintes requisitos: 
 
a) plena capacidade civil; 
b) ausência de impedimentos legais; 
 
 
 
3.2.1. A plena capacidade civil 
Se o indivíduo não contar com nenhuma outra razão de incapacidade a não ser a idade, 
aos 18 (dezoito) anos completos atinge a maioridade e, portanto, a possibilidade de exercer 
empresa. Existe, ademais, a possibilidade de antecipar os efeitos dessa maioridade civil, pela 
via da emancipação (vide causas no art. 5º, parágrafo único, do CC). 
 
É importante ressaltar, contudo, que a plena capacidade civil é exigida para o 
EXERCÍCIO da atividade empresarial, o que não se confunde com a possibilidade de SER 
SÓCIO de uma sociedade empresária. Nesta hipótese, aliás, a rigor, empresário não é o sócio, 
mas A PRÓPRIA SOCIEDADE (daí porque a atual denominação legal “sociedade 
empresária”). 
 
EXERCER a atividade é participar ativamente da mesma, administrá-la, comandá-la, 
estar presente no seu dia-a-dia. Nas sociedades há sócios, chamados de meramente quotistas 
(na sociedade limitada), meramente acionistas (nas sociedades por ações) ou comanditários (na 
sociedade em comandita simples), que não tomam parte na administração; apenas contribuem 
para o capital e, no encerramento de cada exercício social, participam dos resultados (lucros ou 
prejuízos). Para estes, a sociedade é um investimento e não uma atividade profissional, daí 
porque podemos qualificá-los de sócios investidores. Aqueles diretamente envolvidos na gestão 
societária, por outro lado, podem ser identificados como administradores ou gestores (repita-
se: rigorosamente falando, empresária é a sociedade). 
 
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De igual modo, admite a legislação que nas EIRELIs e nas sociedades limitadas 
unipessoais o integrante único haja feito o investimento, mas não participe ativamente da 
gestão, tendo atribuído tal incumbência a terceira pessoa (conforme art. 1.061 do Código Civil 
e Anexos III e IV da Instrução Normativa DREI nº 81/2020). Se for o caso, não se pode dizer 
que o titular da empresa “exerça” atividade empresarial. 
 
Logo, o incapaz certamente não poderá, de regra, ser EMPRESÁRIO INDIVIDUAL, e 
nem SÓCIO GESTOR DE SOCIEDADE. Porém, inclusive na forma na Instrução Normativa 
nº 81/2020 do DREI, pode ser titular de EIRELI com poderes degestão delegados a terceiros, 
titular de sociedade limitada unipessoal sob a mesma situação e, por fim, sócio meramente 
investidor de sociedade, neste último caso desde que atendidos os requisitos previstos no art. 
974, § 3º, do Código Civil, in verbis: 
 
“Art. 974. (...) 
§ 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas 
Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de 
sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma 
conjunta, os seguintes pressupostos: 
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; 
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; 
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente 
incapaz deve ser representado por seus representantes legais.” 
 
3.2.2. A possibilidade excepcional de continuação de empresa individual por incapaz 
Conforme antes tratado, a empresa individual não pode, via de regra, ter pessoa incapaz 
como seu único titular. É excepcionalmente possível, todavia, que uma empresa dessa natureza 
tenha sua continuidade sob titularidade de um incapaz , o que só pode ocorrer, porém, de 
conformidade com os arts. 974 e 975 do CC, mediante autorização judicial e nas hipóteses 
seguintes (art. 974): 
a) empresa de pessoa capaz a quem sobrevém incapacidade (ex: um acidente que 
incapacita mentalmente o empresário capaz); 
b) empresa antes exercida pelo pai ou mãe do incapaz; 
c) empresa antes exercida por qualquer pessoa que veio a falecer e que tinha o incapaz 
como herdeiro. 
É absolutamente vedado, portanto, que um incapaz inicie um novo empreendimento, 
apenas se permitindo que, eventualmente, ele dê continuidade a uma empresa, nas hipóteses 
retro, e ainda assim se o juiz se convencer que deve expedir a devida autorização para tanto, 
após avaliar as circunstâncias, os riscos da empresa e a conveniência em continuá-la. No 
primeiro caso (letra “a”, retro), a empresa continua inscrita em nome do titular original; nas 
situações seguintes (letras “b” e “c”, retro), deve-se inscrever a empresa sucessora em nome do 
incapaz, mediante alvará judicial. De qualquer forma, é importante observar que: 
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a) a autorização judicial é revogável pelo juiz, a qualquer momento, ouvidos os pais, 
tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos 
adquiridos por teceiros (art. 974, § 1º); 
b) os bens que o incapaz já possuía ao tempo da interdição ou da sucessão, estranhos ao 
acervo da empresa, não ficam sujeitos aos riscos desta (art. 974, § 2º); 
c) a empresa será efetivamente gerida pelo representante ou assistente legal do incapaz; 
se este, porém, tiver impedimentos legais para tanto, poderá, com autorização do 
juiz, nomear um ou mais gerentes. Estes também podem ser nomeados em outras 
situações, se o juiz entender que seja conveniente (art. 975). 
 
3.2.3. Os legalmente impedidos 
Há pessoas que, embora civilmente capazes, não podem, ainda assim, e por razões 
diversas, exercer atividade empresarial. 
Entre os impedidos, por lei, ao exercício de atividade empresarial, podemos destacar: 
a) os servidores públicos, civis e militares, de qualquer dos Poderes, da União, dos 
Estados e dos Municípios, conforme Estatutos respectivos; 
b) os falidos, enquanto não declaradas extintas as suas obrigações (arts. 102 da Lei nº 
11.101/2005); 
c) os condenados por qualquer dos crimes falimentares (art. 181, I, da Lei nº 
11.101/2005). 
Se apesar da proibição o legalmente impedido exercer empresa efetivamente, nem por 
isso deixará de assumir as responsabilidades previstas para os empresários, conforme preceitua 
o art. 973 do CC. 
Em regra os diversos impedimentos legais dizem respeito não à possibilidade de ser 
sócio investidor (quotista, acionista ou comanditário), ou ainda titular de EIRELI ou de 
sociedade limitada unipessoal, mas à qualidade de empresário efetivo, ou sócio gestor de 
empresa. Há casos, porém, em que o impedimento, por razões diversas, adquire maiores 
proporções, atingindo até mesmo a possibilidade de contratação ou a participação no capital de 
uma sociedade empresária. Destacamos, com esta característica, os seguintes exemplos, entre 
outros: 
a) os sócios de empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens, 
se pessoas físicas, devem ser brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 (dez) 
anos. Em se tratando, porém, de sócio pessoa jurídica, pode esta ser estrangeira, 
desde que não participe com mais de 30 % (trinta por cento) da empresa de 
comunicação, que tenha sido constituída pelas leis brasileiras e que tenha sede no 
Brasil, tudo nos termos do art. 222 da Constituição da República; 
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b) cônjuges entre si, ou mesmo o casal com terceiros, só podem contratar sociedade 
se o regime de casamento não for o da comunhão universal de bens ou o da 
separação total obrigatória (art. 977 do CC). Visou o legislador, com tais 
proibições, evitar fraudes contra credores ou ao Direito de Família. Se, entretanto, o 
regime de casamento for o da comunhão parcial (mais comum), da participação final 
nos aqüestos, ou mesmo da separação voluntária, não há qualquer impedimento; 
c) os leiloeiros, nos termos da Instrução Normativa do DREI - Departamento Nacional 
de Registro Empresarial e Integração nº 72/2019, art. 42, incisos V e VI, não podem 
exercer o comércio de qualquer espécie e sequer integrar sociedade. 
 
 
 
IV - O REGISTRO DE EMPRESAS 
 
 
4.1. OS ÓRGÃOS DE REGISTRO 
Às Juntas Comerciais, autarquias estaduais subordinadas administrativamente aos 
governos dos respectivos Estados e tecnicamente ao DREI - Departamento Nacional de 
Registro Empresarial e Integração, compete o arquivamento (registro) dos atos constitutivos, 
alterações e demais documentos previstos em lei, relativos aos empresários e às sociedades 
empresárias (art. 1.150 do CC). Constituem, ainda, atribuições das Juntas Comerciais, 
processar a habilitação e a nomeação dos tradutores públicos, expedir carteiras profissionais de 
empresários, entre outros atos previstos em legislação específica. 
Em se tratando de sociedade não-empresária (sociedade simples), esse registro deve 
ocorrer em Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Permite-se a tais sociedades, 
porém, adotar uma das formas previstas para as sociedades empresárias; caso alguma o faça, 
seu registro, embora não deva passar para a Junta Comercial, deverá obedecer às normas 
previstas para o registro das sociedades empresárias (quanto a prazos, publicações, 
competência, etc.). 
A composição e funcionamento das Juntas Comerciais, bem como os procedimentos de 
arquivamento, são regidos pela Lei nº 8.934/1994 (Lei do Registro Público de Empresas 
Mercantis e Atividades Afins), regulamentada, ao seu turno, pelo Decreto nº 1.800/1996. 
Além das Juntas Comerciais, tem relevante papel nas atividades pertinentes ao registro 
empresarial o já mencionado DREI - Departamento Nacionalde Registro Empresarial e 
Integração. Trata-se de um órgão federal, vinculado ao Ministério da Economia. O DREI não 
tem função executiva, ou seja, não realiza qualquer ato de registro, cabendo-lhe, porém, a tarefa 
de fixar diretrizes gerais para o registro por parte das Juntas Comerciais e fiscalizar a aplicação 
dessas diretrizes. 
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O Registro de Empresas é público; assim qualquer pessoa, sem necessidade de provar 
interesse, poderá consultar os assentamentos existentes nas Juntas Comerciais e obter certidões, 
pagando o preço devido (art. 29 da Lei nº 8.934/1994). 
 
4.2. A OBRIGATORIEDADE E A NATUREZA DO REGISTRO 
 Segundo o art. 967 do CC, a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas 
Mercantis da respectiva sede é obrigatória, antes do início de sua atividade, o que não significa, 
porém que não se possa considerar empresário quem não tem registro, eis que este não é 
constitutivo, mas meramente declaratório. Entretanto, por óbvio, a falta do registro acarreta, 
para o empresário ou sociedade, a irregularidade, cujos efeitos serão adiante tratados. 
 
4.3. ATOS, PROCEDIMENTOS E PRAZOS DE REGISTRO: NOÇÕES 
Os registros nas Juntas Comerciais devem ser requeridos, em regra, pelo próprios 
empresários, pelos administradores das sociedades empresárias, ou por procurador com poderes 
específicos; entretanto, em caso de omissão ou demora destes, permite o art. 1.151 do Código 
Civil que qualquer sócio, ou outra pessoa interessada, adote as providências cabíveis, sem 
prejuízo da responsabilização, por perdas e danos, daqueles a quem competiria fazê-lo. 
Caracteriza-se a omissão ou demora da pessoa obrigada por lei a providenciar o 
registro, quando se passaram mais de 30 (trinta) dias da lavratura do documento a ser 
registrado, sem que fosse dado ao mesmo o encaminhamento devido. Todo documento sujeito 
a arquivamento deve ser apresentado à Junta no prazo de até 30 (trinta) dias da sua lavratura 
(art. 1.151, § 1º do CC); uma vez concedido o arquivamento, seus efeitos retroagem à data do 
documento. A apresentação fora do prazo não impede o registro, mas neste caso o mesmo só 
produz efeitos a partir da data de sua efetiva concessão. 
Cabe à Junta Comercial verificar a regularidade dos documentos que lhe são 
apresentados, a observância às disposições legais vigentes. Eventuais vícios insanáveis devem 
acarretar o imediato indeferimento do pedido. Entretanto, se for constatada qualquer 
irregularidade sanável, ao requerente do registro deve ser concedido o prazo de 30 (trinta) dias 
para saná-la. Ultrapassado esse prazo, o documento só pode ser reapreciado mediante novo 
pedido de arquivamento, com pagamento das taxas correspondentes (art. 40 e parágrafos, da 
Lei nº 8.934/1994). 
Requer-se formulário próprio, denominado REQUERIMENTO DE EMPRESÁRIO – 
cujo conteúdo encontra-se especificado no art. 968 do CC –, para os seguintes atos relativos ao 
empresário individual: 
a) inscrição ; 
b) alteração; 
c) extinção; 
d) transferência de sede; 
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e) abertura, alteração e extinção de filial no Estado ou em outra unidade da Federação 
(conforme determinado pelo art. 969 do CC); 
f) proteção de nome empresarial; 
 
Além disso, deve o empresário individual arquivar e averbar na Junta Comercial seus 
pactos e declarações antenupciais, o título de doação, herança ou legado de bens clausulados de 
incomunicabilidade ou inalienabilidade (art. 979) e ainda a sentença que decretar ou homologar 
sua separação judicial e seu ato de reconciliação, se for o caso (art. 980). Tais exigências 
visam, certamente, facilitar o acesso dos credores a informações acerca da situação patrimonial 
do empresário, dada a publicidade do registro. 
O titular de EIRELI inscreve-se na Junta Comercial mediante ato constitutivo especial e 
promove alterações a partir de atos denominados “decisões do titular”. Quanto às sociedades 
empresárias, sua inscrição efetiva-se por meio de CONTRATO SOCIAL e os demais atos 
mediante o respectivo instrumento (alteração contratual, transformação, etc.), sempre 
acompanhado de requerimento, assinado por quem de direito. 
 Salvo disposição especial de lei, o ato sujeito a registro não pode ser oposto a terceiros 
antes de cumpridas as respectivas formalidades, inclusive quanto à sua eventual publicação, a 
menos que se tenha a prova de que o terceiro conhecia o ato (art. 1.154 do CC). 
 O empresário individual, a EIRELI ou a sociedade que, por 10 (dez) anos consecutivos, 
não proceder a qualquer arquivamento, deve comunicar à Junta Comercial que deseja 
permanecer em atividade, sob pena de seu registro sujeitar-se a cancelamento, conforme dispõe 
o art. 60 da Lei nº 8.934/94. 
 
4.4. EFEITOS DO REGISTRO 
 Já se afirmou que o registro da empresa, nos termos do art. 967 do CC, constitui 
obrigação de todo empresário, conferindo-lhe o reconhecimento jurídico de sua atividade, 
possibilitando-lhe, consequentemente, acesso à regularidade fiscal e administrativa, à carteira 
profissional, bem como ao tratamento favorecido e diferenciado, quando puder enquadrar-se 
como micro ou pequeno empresário. No caso da EIRELI e da sociedade empresária, além de 
todas as prerrogativas legais, o registro em Junta Comercial tem a principal função de conferir-
lhes a personalidade jurídica, ou seja, a existência própria, a qualidade de um “ser”, distinto de 
seus membros. 
 Sem o registro de atividade, o empresário, a EIRELI ou a sociedade, entre outras 
desvantagens decorrentes da irregularidade, não poderá: 
a) requerer falência de seus devedores; 
b) requerer recuperação judicial ou extrajudicial; 
c) ter seus livros autenticados, conforme art. 1.181 do CC (condição para sua eficácia 
probatória a favor do empresário em juízo, nos termos do art. 379 do CPC); 
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d) participar de licitações públicas; 
- etc. 
 
4.5. O TRATAMENTO DIFERENCIADO E FAVORECIDO AO EMPRESÁRIO 
 RURAL E AO “PEQUENO EMPRESÁRIO” QUANTO AO REGISTRO. 
 
 Segundo o art. 970 do CC, a lei deve assegurar, ao empresário rural e ao pequeno 
empresário, um tratamento favorecido, diferenciado e simplificado, quanto à inscrição e aos 
efeitos daí decorrentes. 
 No que se refere ao empresário rural, esse tratamento consiste na faculdade do registro, 
conforme art. 971 do CC. 
Quanto ao pequeno empresário, vem o Código tão somente corroborar o que já se 
encontra estabelecido em favor não apenas do pequeno mas igualmente do microempresário, 
por meio da Lei Complementar nº 123/2006 (Estatuto da Microempresa e da Empresa de 
Pequeno Porte). Esse tratamento especial consiste num regime diferenciado, sob os aspectos 
administrativo, tributário, trabalhista, previdenciário, creditício e de desenvolvimento 
empresarial às empresas – independentemente de sua natureza, individual ou coletiva 
(sociedade) – enquadradas como “micro” (com receita bruta anual não superior a R$ 
360.000,00) ou “pequena” (com receita bruta anual maior do que R$ 360.000,00, porém não 
superior a R$ 4.800.000,00). 
 
 
 
 
OBSERVAÇÕES 
 
 
O presente texto foi elaborado com fins exclusivamente didáticos e constitui trabalho sob proteção da Lei nº 9.610/98. 
Salvo expressa autorização de seu autor, é, portanto, vedada a sua reprodução ou divulgação: 
 
a) em curso ou disciplina que não tenha o próprio autor, pessoalmente, como professor; 
b) em tamanho ou formato diferente, ou com qualquer alteração em relação ao texto original; 
c) com fins lucrativos/especulativos (ressalvada o custo de reprografia autorizada, pelas tarifas correntes). 
 
Não há qualquer restrição à utilização deste como fonte de pesquisa, desde que, decorrendo da pesquisa algum tipo de 
trabalho, seja o presente texto devidamente mencionado, bem como sua autoria. Qualquer trecho do mesmo transcrito 
literalmente em outro texto requer, além da indicação da fonte, a aposição de aspas (“ “). 
 
 
 
Dúvidas / críticas / sugestões: andrebessa@globo.com

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