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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA CURSO DE FISIOTERAPIA CRIOTERAPIA POR BANHO DE CONTRASTE BRASÍLIA 2002 RONARA MACHADO MANGARAVITE CRIOTERAPIA POR BANHO DE CONTRASTE Monografia apresentada à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, como requisito parcial à conclusão do Curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Brasília, Orientador: MsC.Gustavo A. Carvalho BRASÍLIA 2002 DEDICATÓRIA Aos meus pacientes, familiares e amigos. Estes foram a base de incentivo para que minha força de vontade colhesse frutos de dedicação e amor a minha profissão. Eles me compreenderam nos momentos de nervosismo e ansiedade ao fim deste trabalho. Feliz são os sábios, pois pouco precisam aprender e muito precisam passar. Também os calmos que pouco se cansam ou cedem ao stress e muito ouvem a sabedoria dos sábios. Mais ainda os fiéis que diante da crença nos sábios conseguem momentos de paz junto aos calmos. Porém acima de todos estão os vitoriosos que acreditam passar por vários obstáculos mesmo sem sabedoria, calma ou fé e quando alcançam seu ideal adquirem todas as virtudes em uma só: a vitória em um ideal. Esta em mãos foi uma das minhas vitórias. Ronara Machado Mangaravite AGRADECIMENTOS A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização e divulgação deste trabalho. Em especial a: Meu admirado professor orientador, Gustavo A. Carvalho, que me apoiou diante da escolha do meu tema, se dispondo a me orientar com muita boa vontade e dedicação. Ao meu grupo de estágio supervisionado pelo tempo que juntas nos dedicamos à prática profissional em 1 ano, cercando-me de companheirismo e aceitação. Ao professor Carlos Eduardo Panerai que, sem ter conhecimento, foi o passo primário na escolha do meu tema, pois por acreditar na terapia por Banho de Contraste sugeriu esta como forma de tratamento fisioterapêutico e eu por curiosidade acatei o desafio de tratar um paciente com linfedema congênito. Ao professor: Demóstenes Moreira por aceitar fazer parte de minha banca examinadora e por dedicação e companheirismo a mim cedidos. Ao Dr. e prof. Francisco Sérgio dos Santos por aceitar ser meu coorientador e por amizade e vontade de ajudar na realização desta. E principalmente a Deus por me dar determinação e crença no meu tema , que diante de dificuldades acreditei nele e com força de vontade me dediquei em estudar e expor como trabalho de conclusão de curso. RESUMO Analisa por meio desta, o efeito do tratamento fisioterapêutico com a terapia banho de contraste, por revisão de estudos bibliográficos, esta forma de tratamento é utilizada principalmente no paciente com edema de extremidades, por isso os mecanismos fisiológicos do edema são explicitados,assim como a técnica terapêutica banho de contraste. A anátomo-fisiopatologia linfática é descrita por ser o sistema linfático a principal via vascular de drenagem do líquido extravascular, resolvendo assim um quadro clínico de edema. A crioterapia e termoterapia, são explanadas separadamente para compreensão dos efeitos destas separadamente, ajudando na observação das duas alternadamente como ocorre na terapia por contraste. A revisão se baseia em resultados obtidos de estudos científicos. A terapia por contraste se faz eficaz na redução do edema de extremidades por meio do mecanismo de “bomba vascular” que a alternância de temperaturas promove, havendo vasodilatação e vasoconstrição alternadamente. O contraste tem sido muito utilizado e pouco tem se estudado sobre a técnica e forma de utilização, tempo e mecanismos fisiológicos, por isso ainda é considerada empírica por muitos autores. Por isso este estudo propõe avanço nas pesquisas no tratamento fisioterapêutico. vi SUMÁRIO DEDICATÓRIA...........................................................................................................ii EPÍGRAFE.................................................................................................................iii AGRADECIMENTOS................................................................................................i.v RESUMO....................................................................................................................v ABSTRACT................................................................................................................vi SUMÁRIO LISTA de FIGURAS 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................01 REVISÃO DE LITERATURA – CAPÍTULOS 2. CAPÍTULO I .................................................................................................04 2.1. Mecanismos Anátomo-fisiológicos do Sistema Vascular Linfático .......................................................................................04 3. CAPÍTULO II .................................................................................................07 3.1 Mecanismos Fisiopatológicos do Edema ou Linfedema ...................07 3.1.1 Aspectos Circulatórios e Inflamatórios do Edema ...............14 4. CAPÍTULO III.................................................................................................17 4.1 Crioterapia...............................................................................................17 4.1.1 Crioterapia x inflamação e edema ..........................................20 4.1.2 Crioterapia e imersão ..............................................................22 5. CAPÍTULO IV................................................................................................24 5.1 Termoterapia..........................................................................................24 vii 5..1.1 Termoterapia e inflamação ....................................................26 6. CAPÍTULO V.................................................................................................27 6.1 A Síntese: Terapia do Banho de Contraste ......................................27 7. OBJETIVOS..................................................................................................33 7.1 GERAIS...................................................................................................33 7.2 ESPECÍFICOS.........................................................................................33 8. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................34 9. DISCUSSÃO..................................................................................................35 10. CONCLUSÃO...............................................................................................38 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................................40. 1. INTRODUÇÃO Introdução Este estudo baseou-se em uma revisão de literatura, através de artigos científicos e literatura bibliográfica, a respeito de técnicas terapêuticas de uso muito comum principalmente na reabilitação desportiva. Os recursos utilizados nos estudos encontrados foram comprovados na sua eficácia para a resolução de edema O edema é um sinal patológico muito comum em lesões musculoesqueléticas, principalmente no atleta. Notavelmente, houve um avanço de tratamentos na reabilitação desportiva e o aumento de lesões ematletas tem contribuído para aumentar a incidência de edema de extremidades 21. Apesar de outros recursos terapêuticos comprovarem por meio de estudos serem melhores, no tratamento do edema, o processo de reabilitação é diversificado e pode ser observado que, em situações de imobilidade e dor, outra alternativa de escolha seria a terapia de banho de contraste 1, 20,28. O tratamento de reabilitação é compreendido de várias etapas e técnicas ou recursos terapêuticos, onde a meta é a integração funcional, social e familiar do paciente 29. A funcionalidade do paciente, no menor tempo possível e em perfeita condição física, é o grande objetivo dos profissionais fisioterapeutas. A terapia, com o banho de contraste pode ser atuante em alguma fase do tratamento para promover maior rapidez na recuperação do paciente 25. Dentre as várias modalidades fisioterapêuticas serão descritas: a crioterapia, que utiliza como recurso o frio; a termoterapia, que faz uso do calor e o banho de contraste que associa as duas técnicas anteriores, com imersões em água de temperaturas diferentes usadas alternadamente para tratar entre os sinais de lesão traumática o edema, principalmente de extremidades ou linfedema 12,,28,29. 2 Neste sentido, a proposta desta monografia, é revisar sobre o emprego do tratamento reabilitativo “banho de contraste”, no paciente portador de edema em extremidades ou linfedema, sendo mais um método terapêutico que pode vir acrescentar estudos na área desportiva principalmente. As extremidades contribuem com 56% na perda de calor total do corpo, durante a imersão, o que facilita o uso da crioterapia. A principal fonte de calor está nos músculos, a circulação sanguínea seria secundária a estes 06. O mecanismo fisiológico no qual o banho de contraste drena o edema está no efeito de “bomba vascular” que promove contração nos vasos linfáticos sendo estes os grandes responsáveis pela drenagem do líquido extracelular do linfedema. A alternância térmica empregada no banho de contraste estimula a circulação de líquido tecidual na musculatura edemaciada. A imobilidade do paciente, por estar lesado, propicia aumento do edema. Além disso, os efeitos da balneoterapia são obtidos em conjunto com o banho de contraste promovendo analgesia e bem estar durante o período de tratamento. Também existem os efeitos isolados das terapias crioterapia, termoterapia e hidroterapia a favor da redução do quadro clínico de edema 30. A revisão de literatura foi realizada através de pesquisas por banco de dados utilizados nas bibliotecas: da Universidade de Brasília, Universidade Católica de Brasília, Rede Sarah de Brasília, Ministério da Saúde e via internet. A terapia banho de contraste é utilizada por meio da balneoterapia e imersão em água fria, alternadamente, mais em extremidades elucidando os efeitos circulatórios desta em um quadro clínico de edema. Este é um tema de pouca explanação, compreensão e consenso, entre autores, na técnica de utilização, contudo, a prática de utilização é muito freqüente. Este tema é revisto com o objetivo de propor esta forma de tratamento como mais uma opção dentre as várias terapêuticas empregadas no tratamento reabilitativo do edema. Pretende-se, com a revisão de literatura, abordar conceitos anátomo-fisiológicos do sistema vascular de drenagem linfática do líquido no espaço intersticial, aspectos fisiológicos do edema, aspectos vasculares da crioterapia e da termoterapia, dissertar sobre o banho de contraste e descrever sobre a técnica de utilização deste como 3 recurso fisioterapêutico, principalmente utilizado na resolução de linfedema de extremidades. O presente estudo aborda além do capítulo introdutório, da conclusão, discussão, referências bibliográficas, também cinco capítulos de desenvolvimento. O primeiro capítulo explicitará informações ao leitor sobre o sistema linfático. O segundo capítulo aborda sobre a fisiopatologia do edema, pois a técnica banho de contraste é muito utilizada na redução de edema. O terceiro capítulo dá enfoque a crioterapia e seus efeitos circulatórios, o quarto descreve a termoterapia e seus efeitos circulatórios. Finalmente o quinto e último capítulo vem discorrer sobre a técnica terapêutica banho de contraste diante da síntese dos capítulos anteriores para referir como ocorre o mecanismo de ação da técnica utilizada principalmente no edema de extremidade ou linfedema. 4 2. CAPÍTULO I 2.1. Mecanismos Anátomo-fisiológicos do Sistema Vascular Linfático É de grande importância descrever sobre a anátomo-fisiologia do sistema linfático que é o principal responsável pela drenagem do líquido exsudativo acumulado no espaço extravascular. O fluxo linfático assume um papel vital dentro do corpo, pois, ele determina o retorno das proteínas à circulação sanguínea 10,22. A rede vascular linfática é acessória à rede vascular sangüínea, permitindo que a linfa acumulada no espaço intersticial possa fluir em direção ao sistema sanguíneo venosos mais facilmente. Os vasos linfáticos são capazes de transportar proteínas e partículas grandes o que não poderiam ocorrer nos capilares sangüíneos. A linfa tem uma particularidade de grande importância prática, ela não coagula como o sangue, o que faz com uma a lesão dos vasos coletores linfáticos maiores extravase líquido no indivíduo rapidamente 27. O linfedema é um dos sinais resolvíveis que o banho de contraste pode tratar, este ocorre por alguma alteração do sistema linfático, que impede a função de drenagem. Esta deficiência pode ter causa primária ou secundária: primária quando decorrente de alterações diretamente ligadas à rede linfática, por exemplo, um linfedema congênito; já as secundárias podem ser originadas, por exemplo, em dissecção anatômica dos vasos linfáticos em um processo cirúrgico, ou ainda, infecções, neoplasias, traumas extensos, etc 10,22. Nos capilares linfáticos as células endoteliais estão unidas indiretamente às células dos tecidos adjacentes, contudo não há conexões entre elas e sim uma sobreposição de umas sobre as outras. Esse arranjo celular permite a formação de válvulas pendentes, abertas na direção para o interior do capilar, de forma que qualquer refluxo que ocorra tende fechá-las, impedindo que a linfa retorne para fora dos capilares. O capilar linfático pode ser comparado com um tubo fenestrado, sempre aberto à entrada da linfa. O fluxo de linfa é impulsionado por vários fatores, um deles é a contração da musculatura lisa da parede dos vasos linfáticos, além disso, a linfa ainda é impulsionada pelos seguintes fatores: 5 a) contração de musculatura esquelética local; b) movimentos passivos do corpo; c) pulsações arteriais; d) compressão externa ou mecânica dos tecidos 22, 27. O capilar linfático não tem células musculares lisas, mas as células endoteliais deles, contêm fibras mioendoteliais que contraem o capilar linfático várias vezes por minuto, estas promovem o bombeamento. Durante seu trajeto, o sistema linfático apresenta comunicações, com o sistema venoso denominadas linfático-venosas que se fecham ao indivíduo nascer, mas podem ser recanalizadas, no caso de obstrução patológica ao fluxo de linfa 22 (Figura 1). Fig. 1- Estrutura do capilar linfático e permeabilidade. Fonte : MARX & CAMARGO, 1984 . 6 A contração através do vaso linfático se faz com um sistema de bombeamento, pois funciona da seguinte forma: enquanto uma primeira válvula, do vaso linfático, se abre para a entrada de linfa, as outras válvulas estão fechadas, conforme a linfa distende o capilar a válvula antes aberta se fecha e a posterior se abre e assim sucessivamente a linfa vai sendo conduzida pelo trajeto do sistema linfático. Este processo pode ser chamado de bomba linfática 22 (Figura 2). Fig – 2 Esquema dapropulsão da linfa. Dilatação das paredes. Válvula aberta, válvula fechada. Fluxo linfático Fonte : MARX & CAMARGO, 1984. O fluxo sanguíneo da pele varia conforme varia a temperatura, quando um membro é imerso em água a 42º C o fluxo sanguíneo e filtração capilar aumentam, isso favorece no aumento de um quadro de inflamação e edema, abaixando-se a temperatura o inverso ocorre. Logo esta alternância em aumento ou diminuição do fluxo no vaso linfático favorece o bombeamento de linfa 22. 7 3. CAPÍTULO II 3.1 Mecanismos Fisiopatológicos do Edema ou Linfedema A água corresponde a 60 % do peso corporal total de um indivíduo, em média, varia de 40 a 80 % deste peso. Essencialmente todas as reações metabólicas do organismo requerem a água, que está distribuída principalmente em dois compartimentos: espaço intracelular e espaço extracelular. O espaço extracelular é dividido ainda em plasmático, onde passa a porção fluída do sangue, e intersticial, onde fluído se encontra fora das células 25, 33. Segundo a teoria de Starling, em condições normais existiria um equilíbrio quase perfeito do deslocamento de líquido na membrana capilar onde a quantidade deslocada para fora do capilar deveria ser equivalente a quantidade que retorna a circulação venosa. As forças que deslocam o líquido para fora do capilar são: a pressão do capilar, e a pressão oncótica das proteínas, o desequilíbrio destas forças entre as membranas capilares faz com que o líquido se acumule no interstício 22 (Figura 3). Fig.3 - Alterações das pressões oncótica do plasma e do interstício na inflamação. Fonte : MARX & CAMARGO, 1984. 8 Edema é a expansão do volume de líquido no componente espaço extracelular intersticial, parte de um processo causado por aumento da pressão hidrostática capilar e diminuição da pressão oncótica capilar, obstrução do sistema linfático e/ou aumento da permeabilidade vascular 29, 31, 35, 38. O volume do líquido intersticial pode aumentar antes mesmo que o edema se torne clínico. Pode haver edema sem tumefação e dependendo da causa e curso, pode ser local ou generalizado, no linfedema os locais de ocorrência no corpo são as extremidades, quando generalizado é chamado de anasarca 21 (Figura 4). Fig.4 - Aspecto do interstício normal e no edema . Fonte : MARX & CAMARGO, 1984 Os capilares linfáticos em um processo inflamatório encontram-se dilatados e as válvulas linfáticas se encontram mais abertas permitindo a entrada de líquido intersticial, aumentando o edema, mesmo quando estas válvulas estão fechadas há entrada de proteína, restos celulares e detritos 22. 9 Fig 5 Aspecto de tubo fenestrado nos vasos linfáticos. Fonte : MARX & CAMARGO, 1984 Os vasos sanguíneos se vasodilatam em resposta a um processo inflamatório e aumentam a permeabilidade da parede capilar à água e o sistema linfático procura compensar isto, o fluxo é unidirecional e não há refluxo da linfa por existência de válvulas 22 (Figura 5). No exame físico do paciente, o aspecto mais observável é o de inchaço ou tumefação formado por hemorragia inicialmente e seguido de edema. A volumetria, assim como a circumetria, são formas de mensurar edema, sendo a primeira a melhor delas (Figura 7). Uma vez instalada a lesão na parede do vaso sanguíneo, o mecanismo de edema acontece, posterior a um processo hemorrágico se inicia por ficarem abertas as paredes dos vasos, a “hemorragia” é resolvida naturalmente pelo processo de coagulação fisiológica que é rápida, com isso, a parede vascular se fecha para proteger o tecido 21, 22 (Figura 6). 10 Fig- 6 edema inflamatório de perna. Fonte : MARX & CAMARGO, 1984. Fig –7 Volumetria em edema de membro superior Fonte : MARX & CAMARGO, 1984 11 O sistema vascular linfático drena normalmente de dois a três litros de linfa por dia e em situações anormais estes valores podem chegar até trinta litros por dia, porém o sistema linfático tem uma capacidade limite e acima desta o linfedema pode sobrevir. O linfedema pode acontecer após lesões teciduais locais que alteram a estrutura ou funcionamento dos vasos linfáticos 22. O líquido intersticial está situado entre o sistema circulatório e o tecido, no espaço extracelular, passando então pelo tecido e sendo absorvido, em situações normais, em dois terços pela rede capilar venosa e um terço através do sistema linfático. A existência de um movimento retrógrado de líquido do capilar faz este se acumular no tecido, logo, ocorre a formação do edema por desequilíbrio na dinâmica de forças do líquido. As moléculas de água migram em direção aos capilares. A diferença de pressão formada dentro do vaso e fora deste é a pressão transcapilar sendo esta a soma de resultantes formadas no mecanismo de Frank Starling 20, 38 (Figura 8). Fig-8 Formação da linfa A= filtração, B= absorção venosa,C= absorção linfática. Fonte : MARX & CAMARGO, 1984. 12 A pressão de filtração capilar (PFC) é igual a (PHC +POT) – (POC + PHT + PFE), onde: PHC é a pressão hidrostática capilar, POT é a pressão oncótica tecidual e a PFE é a pressão de força externa, a PHT é a pressão hidrostática do tecido e a POC é a pressão oncótica capilar 20, 38. O edema é o resultado do desequilíbrio entre filtração e reabsorção de plasma na rede microvascular. O aumento da pressão capilar ou hidrostática capilar promove maior filtração de líquido para o interstício e aumento do volume dos membros inferiores principalmente, mas assim que a ação da gravidade é eliminada, com elevação, por exemplo, o líquido é absorvido pelos capilares venosos e os capilares linfáticos absorvem o líquido com proteínas 02,04,22, 31. A PHC força o líquido para fora do capilar e a PHT força o líquido para dentro do capilar. A POT é a pressão do líquido com proteína que faz o líquido do capilar ir para o tecido. A POC segura o líquido, com proteínas, no capilar e a PFE resulta dos mecanismos externos no tecido que resulta da aplicação da compressão mecânica externa, que remove o líquido do tecido 20. A teoria de Starling afirma que em condições normais existe um equilíbrio quase perfeito ocorrido na membrana capilar, ou seja, a quantidade de fluido deslocada para fora do capilar arterial é igual à quantidade que retorna à circulação venosa. O mecanismo de forças de Starling que faz com que haja o deslocamento de líquidos com a pressão do capilar (PC) e pressão oncótica do plasma (POP). A POP estaria em torno de 29 mmHg e as somas das pressões dão um total de 29.3 mmHg. A resultante de força que estaria para fora do vaso é de 0.3 mmHg e por isso há maior filtração para o tecido, pela força pequena para fora do vaso 20,21. O mecanismo de força de Frank Starling discorre o percurso do líquido no edema. A PFC média tende a ser positiva se a PHC for maior que a pressão de reabsorção no capilar, pois o líquido que ficou no tecido edemaciado tende a ser reabsorvido ou filtrado pelo sistema linfático. Com a lesão a POC diminuiu e aumenta a PFC, logo vai líquido com proteína para o tecido. As proteínas são decorrentes da degradação de tecido morto pelos macrófagos, que migraram para região lesada para fazer fagocitose, as proteínas livres saem do vaso junto ao líquido por aumento de permeabilidade da membrana 20. 13 A linfa se exterioriza dos capilares mais do que é reabsorvida pelos capilares venosos e sistema linfático e com isso o resultado é o edema. O edema quando crônico ocorre porque o mecanismo de defesa, pelos macrófagos geralmente demora um pouco e os detritos deixados vão se acumulando na região. Logo o edema se inicia na hora da lesão e permanece um certo tempo ainda após 20. O edema ocorre por desequilíbrio de forças que regulam a troca vásculo- tissular de líquido, onde a filtração arterial predomina sobre a reabsorção venosa. Umterço de água corporal está no espaço extracelular e 25 % da água está no espaço intersticial, as forças de Starling regulam este líquido atuando na microcirculação e o equilíbrio depende dos gradientes de pressão através do endotélio capilar e da permeabilidade da membrana capilar às proteínas 21 (Figura 9 ). Fig. 9 - Desequilíbrio na filtração e absorção Fonte : MARX & CAMARGO, 1984. 14 A maior parte do líquido que é reabsorvido no edema, se faz no sistema venoso e os gradientes de pressão hidrostática e oncótica determinam a filtração de 20 litros/dia para o espaço intersticial e a reabsorção de 18 litros/dias é para o espaço intravascular 21. Os 2 litros, junto com proteínas, vão ser filtrados pelo sistema linfático. Caso haja uma tendência do líquido acumular no interstício, o sistema linfático fica mais ativo. Há um aumento da filtração arterial, que gera diminuição por diminuição da reabsorção venular ou bloqueio na drenagem linfática 21. Com a lesão tecidual, por exemplo, no edema traumático, ocorre a hipóxia secundária à lesão onde as células locais têm o aporte deficiente de oxigênio e o edema advém desta hipóxia e pode aumentá-la. O acúmulo de líquido no tecido aumenta e o aporte de oxigênio fica dificultado. A circulação também fica diminuída pela compressão que o edema causa nos vasos sanguíneos 20. Qualquer um que seja o agente causador do edema, a resposta inflamatória vai ocorrer, e a primeira resposta ao agente agressor é uma vasodilatação, seguida da migração de leucócitos locais que provoca um aumento da permeabilidade da parede vascular e liberação de proteínas plasmáticas ao espaço extracelular, caracterizando o edema. Apesar do sistema sanguíneo ser muito importante no processo inflamatório, é o sistema linfático que será o responsável pela remoção do líquido exsudativo no interstício. Este líquido é rico em proteínas e em linfócitos que fagocitarão as bactérias e as conduzirão ao fluxo linfático 22, 33. 3.1.1 Aspectos Circulatórios e Inflamatórios do Edema Inflamação é a resposta corporal a agentes agressores. 38 As células lesadas no trauma liberam enzimas que são responsáveis pela resposta inflamatória na área agredida. Há liberação de histamina, esta é uma substância vasodilatadora e aumenta a permeabilidade do vaso, de modo que os vasos rompidos aumentam a hemorragia e os não lesados aumentam a permeabilidade. Com isso ocorre o extravasamento de plasma, proteínas e colóides que puxa os fluídos para fora do vaso, resultando em aumento de volume e edema 38. O edema inflamatório é uma defesa do organismo a um agente agressor, irritativo, vascular ou exsudativos e qualquer causa capaz de 15 irritar as células mesenquimais pode ser flogógena. O edema resulta de um processo inflamatório, os principais sintomas de inflamação são: dor, hiperemia e aumento da temperatura local. Os mediadores químicos liberados interferem com as forças de Starling, pois provocam vasodilatação e aumentam a pressão hidrostática capilar. Estes promovem aumento da permeabilidade capilar e aumentam a pressão oncótica intersticial logo, sobrepõe-se o líquido exsudativo. Os principais mediadores químicos em resposta aos agentes flogógenos são: a histamina, cininas, serotonina e prostaglandinas 02, 21. A pressão oncótica capilar diminuída faz com que as proteínas não se sustentem no interior do vaso, extravasando. Ocorre então uma hipóxia secundária e há quebra de tecido morto pelos macrófagos que se acumula no líquido intersticial 38. Os capilares venosos são os responsáveis pela absorção da linfa, mas as proteínas não são absorvidas e a concentração de proteínas em um local tende a se acumular no espaço intersticial. A pressão oncótica, do plasma e do interstício está praticamente nula, pois o extravasamento de plasma para o interstício é muito aumentado junto às proteínas, é praticamente igual à quantidade de proteína do plasma e do líquido intersticial. A absorção de líquido pelos capilares venosos fica diminuída e o líquido acumulado no interstício, isto caracteriza o edema 22. No edema a reabsorção intersticial fica prejudicada e a reabsorção de proteínas pelos capilares linfáticos também. O acúmulo de proteínas faz o edema ser de aspecto duro, acompanhado de espessamento, fibrose e hipertrofia da pele e tecido do celular subcutâneo. A cronicidade é caracterizada por uma compressão intermitente no vaso 02. Há acentuação de sulcos e dobras na região da pele que podem, em casos graves, ficarem verrucosos ou papilomatosos 21. O linfedema traumático é secundário a injúria direta nos vasos linfáticos ou linfonodos. A localização comum do linfedema é os membros inferiores, dorso dos pés e dos artelhos eletivamente. É duro e cede com dificuldade a pressão digital, sem cacifo, e o tratamento de redução nestes casos se faz mais difícil 21. 16 Fig-10 Aspecto clínico de linfedema grave. Fonte: MARX & CAMARGO, 1984. O edema clinicamente pode se apresentar com cacifo ou sem cacifo, com cacifo há uma depressão digital com a pressão do dedo no local, isto ocorre porque o líquido intercelular desloca-se para regiões vizinhas e cessa à pressão o após alguns minutos retorna o local anterior. No edema sem cacifo não é observada a depressão digital, pois não há deslocamento do líquido com a pressão dos dedos no local, este tipo é mais grave e também chamado de fibredema 22. 17 4. CAPÍTULO III 4.1 Crioterapia Crioterapia, “terapia com frio”, qualquer forma de uso do gelo ou do frio para fins terapêuticos, ou ainda a aplicação terapêutica de remoção do calor corporal para que a temperatura do tecido seja diminuída 8,20, 33. A sensação de resfriamento na pele é dada por falta de sangue local. Existem inúmeras técnicas de aplicação e modalidades 30. Por ser esta, prática tão comum e benéfica no tratamento de lesões agudas desportivas principalmente, resta saber se as modalidades utilizadas são de conhecimento de todos que as usam, pois a fisiologia da crioterapia abrange uma série de questões e muitas chegam a ser polêmicas 8, 14, 20, 25. A crioterapia é um método terapêutico utilizado há mais de cem anos para o tratamento das diversas patologias. Atualmente é usado pela maioria dos fisioterapeutas variando nas modalidades de aplicação 04, 12, 25. A grande questão vascular da crioterapia está na Teoria da Vasodilatação Reflexa, induzida pelo frio (VIF), se esta ocorre ou não. A crioterapia e o mecanismo vascular são defendidos de diferentes formas por autores diversos. O frio gera vasoconstrição e isto parece ser consenso entre os estudiosos do assunto, sendo esta reação inicial local importante por diminuir o metabolismo local e com isso diminuir a tendência na formação do edema 01, 04, 14, 28, 20, 38, 25, 33. A teoria da VIF foi um termo criado por um estudioso chamado LEWIS apud KNIGHT (2000), e alguns acreditam que realmente isto ocorra, mas não conseguem explicar fisiologicamente. Acreditar na VIF complicaria o tratamento de resolução do edema, pois este raciocínio leva a acreditar que haveria um tempo limite para se preconizar a vasoconstrição na crioterapia e assim logo em seguida haveria uma vasodilatação reflexa, e esta seria prejudicial em um quadro de edema e inflamação. 20. 18 Acreditou-se que quando a temperatura local é diminuída na crioterapia consideravelmente por 30 minutos, ocorrem períodos intermitentes de vasodilatação induzidas pelo frio (VIF) acontecem durante 4 a 6 minutos e em seguida a vasoconstrição retorna a acontecer por um ciclo de 15 a 30 minutos seguindo novamente uma vasodilatação, esse fenômeno foi chamado de “resposta de caça” e acreditou-se que isto seria uma defesa para prevenir uma lesão tecidual que poderia ser causada pelo frio 28. A “resposta de caça” foi aceita durante anos, porém estudos mostraram queao invés de mudança estrutural na via circulatória o que ocorria era uma mudança na temperatura, e não aumento do calibre vascular, e mesmo que esta VIF ocorresse seria em um tempo desprezível 28. Segundo KNIGHT (2000), “o que ocorre após a vasoconstrição é apenas um retorno ao estado do repouso do calibre do vaso e não um aumento deste, o que justificaria uma vasodilatação ou a VIF”. Seria necessário haver um aumento do fluxo sanguíneo, com a VIF, após a utilização da crioterapia e estudos mostram que isto não ocorre 20. A vasoconstrição causada pelo frio permanece por um período relativamente longo após a retirada do estímulo, esta resposta não confirma a crença na VIF, e sim uma redução parcial da vasoconstrição após a terapia, pois o calibre do vaso não ultrapassa seu diâmetro inicial 14, 33, 35. Segundo KNIGHT (2000), um estudo foi feito a respeito do fluxo sanguíneo durante a aplicação do frio com exercício, ou criocinética, mas a literatura não tem comprovado de maneira muito eficaz a fisiologia na terapêutica com frio, calor e exercício. O fluxo sanguíneo na crioterapia foi medido por 55 min e a modalidade da crioterapia, pacote de gelo, aplicada imediatamente após o esporte sendo a medição feita com um pletismógrafo. Houve três grupos no estudo, com o exercício: um de aplicação do pacote de gelo (7ºC), um de bolsa quente (33.5ºC) e o grupo controle com apenas exercício 17. Os resultados mostraram que o fluxo sanguíneo diminuiu no grupo controle, aumentou no grupo de termoterapia e diminuiu do fluxo sanguíneo após remover a 19 bolsa quente. No grupo pacote de gelo o fluxo sanguíneo diminuiu e permaneceu diminuído após 20 minutos de retirada deste. Se no grupo controle houve diminuição não há o que comprove que a diminuição do grupo gelo foi pela crioterapia 17. Notou-se que durante todo o tempo de tratamento grupos: controle exercício e crioterapia, um total de 45 min, houve um aumento do fluxo total no grupo crioterapia mais que no grupo controle exercício, o fluxo sanguíneo foi maior na aplicação exercício do que o do calor. A questão que a criocinética causa vasodilatação não foi comprovada com o estudo, pois não havendo vasodilatação durante o exercício com gelo, logo não há vasodilatação reflexa 17. Isso inviabiliza a teoria da VIF, mas estes dados são complexos e envolvem diferentes partes do corpo e o estudo foi com a articulação do tornozelo 17. CLARK et al apud KNIGHT (2000), estudaram os efeitos da imersão em água fria a 1º, 6 º e 10º C, por 45 minutos. Não houve alteração do fluxo nos primeiros momentos da aplicação, em 1 e 6 º C o fluxo sanguíneo diminuiu e a imersão foi um melhor método de diminuição do metabolismo, mais que no pacote de gelo, só que a partir de 15º C não houve diferença no fluxo sanguíneo 17. Os efeitos no fluxo sanguíneo na termoterapia ou crioterapia não se misturam aos efeitos dos exercícios 7. Um tem o efeito tão bom quanto o outro separadamente. Procurou-se demonstrar em estudos que não havia a VIF na aplicação da criocinética e sim que esta era resultado do exercício isoladamente 3, 17,32. Estudos metabólicos mostram o aumento de várias substâncias no sangue após uma exposição ao frio, mas isto devido a um estímulo maior que ocorre no vaso para serem reativadas substâncias celulares 18, 33. Logo, os efeitos são celulares e não estruturais que poderiam alterar o calibre do vaso. Com isso, a crioterapia atua no aumento do aporte celular do vaso local, após a ação do frio e isto não altera na quantidade de fluxo sanguíneo para o local e sim promove maior aporte celular ao tecido resfriado, como um mecanismo de defesa a “agressão” causada pelo frio. O hematócrito aumenta após a utilização do resfriamento no tecido que induz uma hemoconcentração. Este mecanismo de defesa ocorre, no tecido resfriado, para haver a homeostase posterior ou recuperar o tecido 18. 20 O sangue arterial ajuda a reaquecer os tecidos do membro resfriado após a crioterapia, com isso, atua como fonte de calor e isto justifica a sensação de queimação e “esquentamento” como uso do gelo 06. São contra-indicações da utilização da crioterapia por imersão em água fria: doença de Raynaud’s, crioglobulinemia, doenças circulatórias, inflamação renal, ferimentos abertos, alterações de sensibilidade e hipersensibilidade ao frio 14,19, 25. 4.1.1 Crioterapia x inflamação e edema A crioterapia atua no processo inflamatório reduzindo o edema a inflamação, impedindo que estes se acentuem, a crioterapia torna o sangue mais viscoso e diminui a permeabilidade capilar. Observa-se que uma das principais funções da crioterapia é prevenir a formação do edema e da hipóxia secundária, já que os danos primários ocorridos após uma lesão não podem ser alterados 09, 33, 35. Melhores resultados são obtidos no edema quando tratado na fase aguda, pois evita que a lesão se complique e permite a movimentação acelerada do paciente, reabilitando e dando funcionalidade 05, 09, 14, 33, 35, 38. O efeito antiflogístico é muito eficiente após longos períodos de aplicação de crioterapia. Em períodos curtos isto não acontece, não cessa a inflamação. Foram feitos estudos onde foi comprovado que a aplicação do frio por uma hora tem melhor efeito do que por 30 minutos 09, 26, 33. O frio diminui a atividade metabólica e diminui a circulação local de qualquer área viva e modera, em parte, a atividade celular, detém o crescimento e atividade de bactérias, contendo a supuração. Os sintomas ruins, na inflamação, são amenizados, com o uso da crioterapia, os nervos dessensibilizam e com isso não há sensação de dor. A ação secundária é a volta das cores e restabelecimento do tecido e a nutrição celular aumenta 19, 33, 36. A crioterapia reduz o edema, dor e resposta inflamatória e circulatória, há diminuição da pressão oncótica e da permeabilidade da membrana, por vasoconstrição isto leva a redução do edema 05, 09, 12, 14, 33. 21 A aplicação do frio dificulta o extravasamento de grande quantidade de líquido com proteína, diminuindo o metabolismo e conseqüentemente impede o acúmulo do líquido extracelular 04, 14, 19, 28, 38, 33. Faz-se necessário uma temperatura abaixo de 15º C para diminuir a permeabilidade vascular com a crioterapia 03,31. A crioterapia pode diminuir favorecer o sistema de drenagem de líquido para o capilar linfático 04, 09, 14, 31, 33,38. A crioterapia sozinha não reduz o edema, a crioterapia diminui a pressão hidrostática e a drenagem linfática é favorecida com a elevação ou compressão externa no membro afetado. No contraste com o turbilhão de água esta ação mecânica externa é alcançada, facilitando a redução do edema por compressão da água em jatos no membro imerso 38, 26, 33. O resfriamento local produz a diminuição do metabolismo celular, isto proporciona a célula uma atividade celular em baixo consumo de oxigênio. Uma vez que a lesão a hipóxia secundária ocorre, as células sobrevivem por um período maior de isquemia ou de diminuição parcial da circulação. Isto evita a hipóxia secundária à lesão, esta se torna menos extensa e há diminuição das proteínas livres e pressão oncótica tecidual logo, reduz o edema 12, 14, 33. A vasoconstrição tem o intuito de diminuir o extravasamento de líquido e diminui com isto o edema, por meio da diminuição do calibre arteriolar 04, 09, 12, 14, 19, 33. A crioterapia restaura o balanço entre filtração e reabsorção de líquido preferencialmente no retorno venoso da musculatura esquelética, com reabsorção do líquido extracelular pelo sistema venoso. Isto ocorre por aumento da atividade de receptores vasculares com a crioterapia e este estímulo aumenta a atividade dos receptores responsáveis pela vasoconstrição 31. A crioterapia não altera o sistema arterial, mas o venoso sim, já as lesões musculares alteram o sistema arterial e o venoso não.Existem poucos estudos que falam sobre o mecanismo vascular na contusão muscular assim como a crioterapia nestas 31. 22 4.1.2 Crioterapia e imersão A modalidade de crioterapia usada no “banho de contraste” é a imersão, em água fria e morna. A imersão na água fria é uma modalidade da crioterapia de grandes resultados, pois nesta é possível resfriar toda a extremidade com um balde com água e pedras de gelo ou no próprio turbilhão. A temperatura típica da água está entre 13 a 18º C, e é um método ideal para tratar edema de extremidades, além disto a imersão possibilita a movimentação do membro afetado durante a terapia 01. A imersão em água fria causa até 70% de perda de calor, onde esta perda no músculo é mais considerável que no sistema circulatório. A temperatura entre o sangue e o tecido é a fonte principal de perda de calor para o ambiente. Porém é importante diferenciar as extremidades superiores das inferiores, pois as primeiras se resfriam mais rapidamente por ter menor massa muscular do tecido 06. Os adeptos do uso da imersão em água fria com fins terapêuticos defendem que essa técnica tem uma enorme vantagem sobre aplicação de outras modalidades de frio, pela possibilidade do paciente poder fazer exercícios durante o tratamento 15, 39. Para atletas que não podem ser prejudicados pelo movimento excessivo, esta técnica é de grande valia, mas para aqueles, onde a dor é o indicativo de limite, esta seria contra-indicada 01. Uma complicação da modalidade de imersão seria a intolerância inicial do paciente à exposição em uma temperatura muito baixa, o que pode ajudar nisto é em vez de pedras de gelo na água colocar o gelo picado 16. Uma cobertura de neoprene nos dedos pode ser usada também para aumentar a tolerância do paciente ao gelo, uma vez que a região de dedos possui muitos receptores que podem causar a sensação dolorosa. É importante lembrar que esta intolerância deve ser superada pelo paciente, mas em casos onde a terapia estiver causando dor intensa e não seja possível suportar a esta modalidade não deve ser usada. No banho de contraste isto parece ser difícil de acontecer, pois os minutos de frio são muito curtos 20, 40. A imersão em água fria é indicada principalmente em estágios agudos e subagudos de edema 5, 15, 39. A água deve chegar a 10 º a 15 º C para produzir os 23 efeitos desejados 28, 19. A imersão em água fria induz a um reaquecimento orgânico que chegaria a ultrapassar o aquecimento produzido só pela termoterapia 16.,40. Myrer et al (1997), fizeram um estudo comparativo da modalidade pacote de gelo versos imersão em água gelada e a conclusão foi que para um resfriamento imediato o pacote de gelo produzia um melhor resultado, pois resfriava o tecido em menor tempo que a imersão, porém a manutenção do resfriamento após o tratamento era maior na imersão do que no pacote de gelo. Na imersão, portanto, o reaquecimento do tecido se faz em um tempo mais prolongado. Isto para um atleta é de grande valor, pois mantém o tecido resfriado por mais tempo, impedindo nova lesão imediata e prevenindo a hipóxia secundária 04, 24,20, 33. 24 5. CAPÍTULO IV 5.1 Termoterapia Aplicação do calor é muito utilizada por fisioterapeutas e alguns efeitos desta são únicos chegando até mesmo a não serem reproduzidos por drogas 37. A sensação do calor é dada por excesso de sangue local que ocorre pela vasodilatação 34. O momento de termoterapia, da água quente, no contraste se faz muito mais presente ou em maior tempo do que o frio. A termoterapia pode ser dita como a terapia da produção de calor e usada após a crioterapia, corresponderia a reaquecer o tecido antes resfriado ou produzir calor neste 20. A pele é dotada de irrigação sanguínea e linfática, os capilares sanguíneos com a vasodilatação fazem uma distensão, com isso, podem conter de metade a 2/3 do sangue do corpo, o calor de uma área aquecida é dissipado para áreas adjacentes. Quando o calor é moderado os vasos estimulados são os superficiais, ocorre melhor nutrição celular, pois aumenta o numero de leucócitos e conseqüentemente a cicatrização e reparo. Um calor úmido é transmitido por condutibilidade entre o meio e a pele, por meio de uma camada de vapor aquecido que é formada e o calor chega assim mais rápido a pele 36. O principal efeito vascular na termoterapia é o de vasodilatação. Sendo assim, há aumento do metabolismo e do fluxo sanguíneo local. Em uma região edemaciada o calor deve ser evitado, pois isto aumentaria o extravasamento de líquido, agravando o edema e processo inflamatório. Por isso que o calor não é preconizado em quadros inflamatórios agudos, pois a exposição a este lesaria mais células 36, 11. A termoterapia pode produzir um calor superficial ou profundo sendo que na imersão em água morna ou quente, o aquecimento é superficial e faz com que o atleta recém lesado, por exemplo, possa reiniciar logo suas atividades após um período de imobilização. Pois, o calor também reduz a rigidez articular e promove o relaxamento muscular 01, 11. 25 A temperatura ideal na termoterapia de imersão, geralmente é de 36,5º a 40º C e o segmento submerso pode ser movimentado dentro do recipiente, ganhando em amplitude de movimento 01. No edema a imersão quente sozinha não deve ser usada, principalmente no turbilhão, pois isto promoveria uma vasodilatação favorecendo a saída do líquido intravascular para o espaço extracelular e o membro em repouso durante o tratamento ainda teria a agravante da gravidade que dificultaria o retorno venoso. É notável a importância da alternância de temperaturas no contraste para reduzir o edema e também a movimentação do membro durante o tratamento 01. O calor provoca uma vasodilatação, elevando o fluxo sanguíneo local. Antigamente o calor predominava como forma de tratamento, mas posteriormente a termoterapia deixou de ser tão utilizada e o frio se tornou modalidade de escolha na reabilitação 20. O calor pode ser utilizado em condições subagudas ou crônicas, pois, dilata os vasos promovendo abertura dos capilares e aumento da circulação. As anastomoses retêm por mais tempo sangue, pois, se dilatam fazendo com que a quantidade de sangue fique acumulada, isto aumenta em quase o dobro de fluxo sanguíneo. O aumento do fluxo promove aumento da oxigenação, migram células de defesa ao tecido inflamado e as áreas mais distantes podem também ser atingidas com os efeitos benéficos da termoterapia com a vasodilatação consensual 28. Nas fases iniciais do tratamento o calor promove um aumento da permeabilidade no vaso o que pode piorar um acúmulo de edema. Até que seja observada a causa do edema o calor sozinho não deve ser utilizado e a crioterapia é mais interessante nestes casos 28. A meta principal da termoterapia é promover aumento do fluxo sanguíneo e da temperatura muscular para estimular a analgesia, aumentar a nutrição para as células danificadas, reduzir o edema e remover metabólitos e produtos do processo inflamatório 28. 26 5.1.1 Termoterapia e inflamação As exarcebações agudas quando ocorrem, produzem uma hipertermia de longa duração; contudo não há dúvida que o aumento de temperatura no tecido sempre produz um efeito antiflogístico que pode ter resultados positivos em processos inflamatórios subagudos e crônicos. Estudos foram feitos para elucidar os efeitos da hipertermia na inflamação e mostram que esta pode ser inibida ou diminuída 37. Os efeitos do aumento da temperatura no tecido lesado variam conforme for a causa e patogênese da inflamação. Foi feito um estudo com ratos, onde o edema foi induzido nas patas destes, as patas foram imersas em água a uma temperatura de 40º C. O grupo controle foi tratado com uma temperatura de 35º C. Após o tratamento com a termoterapia foi feita uma mensuração do volume da pata coma volumetria. A temperatura em uma hora foi elevada por meio da balneoterapia. Uma hipertermia severa não foi produzida. O edema do grupo controle aumentou e do grupo experimental, onde foi induzido o processo inflamatório, diminui 37. 27 6. CAPÍTULO V 6.1 A Síntese: Terapia do Banho de Contraste A técnica do banho de contraste é definida como sendo uma alternância da termoterapia com a crioterapia, comum de uso em processos subagudos e crônicos de lesões musculares 23. É uma modalidade de crioterapia pois é o uso do frio, quando o quente ainda estiver produzindo seus efeitos fisiológicos. 30 A terapia com contraste é há muito tempo usada na medicina desportiva na redução de edema e as ações produzidas são as das terapias separadamente, ou seja, vasoconstrição e vasodilatação 01,13, 20, 28. O banho de contraste é uma forma de terapêutica onde a crioterapia cessa os momentos de calor, as imersões são alternadas e de melhor forma podem ser aplicadas nas extremidades. Inicialmente a extremidade é submersa na água quente e depois no frio, formando os ciclos de alternância 01. O banho de contraste é usado para tratar tumefação subaguda e crônica com o uso alternado na imersão, onde as temperaturas não são constantes. Geralmente o quente é usado entre 36º a 46 º C e o frio a 10º a 15º C. O principal efeito que justifica a redução do edema é o bombeamento vascular que ocorre, mas não existem estudos que comprovem que este ocorre realmente. Sabe-se que o mecanismo de redução da tumefação ocorre e somente superficialmente e os vasos profundos não seriam atingidos 28, 30. São necessários protocolos definidos para a terapia do contraste para realmente chegar a estudos conclusivos sobre as alterações produzidas com os efeitos fisiológicos 23. Por isso a terapia por contraste carece de muitos estudos como este. A seqüência de tempo usada geralmente é de cinco minutos iniciais de imersão em água morna/quente seguindo decrescentemente com intervalos de 1 minuto de imersão em água com gelo e assim sucessivamente. Porém, não foi estabelecido com 28 precisão um consenso deste tempo de alternância das temperaturas a cada ciclo. Isto mostra que o contraste tem pouco efeito na mudança de temperatura do músculo 23. O contraste é usado em doenças vasculares periféricas e Myrer et al (1997), avaliaram em estudos a utilização da técnica sob a temperatura do músculo. Foram usados 5 minutos de água morna a 40.6º C para 1 minuto de água fria a 15.6 º C inicialmente. Posteriormente o tempo de termoterapia foi reduzido gradativamente, o início foi de 5:1, 4:1, 3:1, 2:1 até chegar a 1: 1, totalizando de 4 ciclos ou 20 minutos 23. Os materiais necessários para sua realização são dois recipientes, turbilhão ou baldes, (Figura 11), de tamanho suficiente, para o paciente conseguir mover a extremidade em seu interior, máquina de gelo, toalhas e cadeira. O conforto do paciente deve sempre ser preconizado. O tempo total de tratamento é pelo menos 20 minutos e se o efeito desejado é superficial pode variar de 10 a 15 minutos 28, 30. As sensações do frio e do calor com os pacotes de gelo e bolsa de água quente, ao invés de água de imersão, alternadamente produzem um “pumping mechanism” efeito de bombeamento de líquido do tecido edemaciado, isso reduz o edema por vasodilatação e vasoconstrição concomitantes e com isso remove o líquido com proteínas do espaço extracelular por compressão vascular. Isto é acompanhado do sistema de drenagem passiva linfática que depende da gravidade e compressão externa no fluxo linfático 09, 13, 20, 23. Para que o efeito de compressão possa ser empregado junto a terapia do contraste, e possa reduzir o edema, compressões externas devem agir na extremidade imersa , isto com turbilhonamento de água do turbilhão pode ser conseguido 30. Existe atualmente no mercado um turbilhão que consegue promover a alternância de temperaturas para a realização da terapia por contraste, este seria o melhor recurso de utilização da técnica. O membro do paciente seria confortavelmente imerso, porém do custo deste aparelho é muito elevado e nem todo lugar teria acesso e principalmente o paciente (Figura 12). 29 Fig. 11- Crioterm para banho de contraste de membros inferiores. Fonte: Encarte da empresa CLIF – O Melhor em equipamento de Fisioterapia, 1995. 30 Fig. 12 – Crioterm para membros superiores. Fonte: Encarte da empresa CLIF – O Melhor em equipamento de Fisioterapia, 1995. O efeito do contraste está na flutuação da temperatura produzida no tecido intramuscular e é preciso mais estudos reconsiderando esta modalidade de tratamento para comprovar sua real eficácia 01, 23, 28. A alternância entre vasodilatação e vasoconstrição eleva o bombeamento sanguíneo e conseqüentemente o fluxo, aumentando a quantidade de nutrientes para reparo do tecido, diminuindo o edema. É preciso retirar proteínas do local, via sistema linfático para reduzir o edema, a aplicação do banho de contraste conseguiria de forma mais lenta o que e a criocinética consegue rapidamente, um maior número de bombeamentos linfático por minuto 12. Estudos mostram que a filtração capilar dobrava quando a temperatura do membro é aumentada de 14 para 45º C, era preciso ultrapassar 45 º C para obter um aumento considerável do fluxo linfático. Primeiro há uma vasodilatação das arteríolas 31 na temperatura alta e conseqüentemente aumento da pressão capilar arterial elevando o fluxo sanguíneo e filtração capilar, com isso aumenta o quadro clínico de edema. Como o calor o frio também altera os fluxos sanguíneo e linfático, diminuindo estes, há diminuição da permeabilidade capilar e com isso reduz a filtração capilar e o edema. Após um período de tempo as temperaturas, após a retirada do estímulo térmico, voltam ao seu valor normal, porém com o frio o fluxo linfático volta maior que no início da aplicação 22. O ciclo de imersões geralmente começa com o quente e pode terminar com este ou com o frio. O tempo de aplicação ainda não foi determinado em consenso pelos estudiosos no assunto, mas sabe-se que a maior parte do tempo se faz na termoterapia e a crioterapia é de curto período. Deve, para bons resultados, ser usado de 2 a 3 vezes por dia. A terapia de contraste tem sido muito usada no tratamento desportivo em ocasiões, mas só onde o atleta está em repouso, pois não é o mais rápido tratamento de redução de edema. O efeito do contraste é oculto sabe-se que causa mudança considerável no edema. A quem acredite que o efeito não é conseguido pelas alternâncias das temperaturas e sim pelo aumento global de temperatura no tecido, 1 min de frio não seria suficiente par alterar a temperatura da termoterapia nos intervalos, mas é preciso relevar os efeitos desta terapia como parte de um processo de reabilitação 09, 13, 33. Mudanças de temperatura na exposição frio/calor em estudos mostram que, só na temperatura quente com o contraste houve alterações e em exposições agudas e nada foi observado com o frio, a temperatura inicial foi mantida durante a fase de frio, mas foi menor que na temperatura morna, mas a mudança de temperatura no contraste foi mais lenta que na exposição apenas com o frio. A resposta aguda na mudança de temperatura aumentou durante 1 hora em todos os grupos. Estudos confirmam que a temperatura no quente promove algumas diferenças de resposta metabólica na exposição aguda ao frio, na técnica contraste, que nas técnicas separadamente. A resposta ao contraste foi melhor na produção de calor quando comparada as técnicas de imersão no calor e com maior diminuição de calor se comparada com o frio separadamente 18. 32 Visto que a posição da extremidade imersa no banho de contraste está a favor da gravidade é preciso analisar o membro em questão para saberse o edema não foi aumentado ao invés de reduzido 28. Ë importante citar que os efeitos de bombeamento do banho de contraste não são tão significativos quanto os do exercício e principalmente da criocinética 01, 20. A teoria que confirma que a criocinética se faz melhor que o banho de contraste é a seguinte, enquanto o banho de contraste faz um bombeamento por ciclo de alternância ou 8 a 15 bombeamentos / hora, a criocinética promove um bombeamento a cada contração muscular, de 30 a 40 bombeamentos/minuto. Além disto para reduzir o edema é preciso remover as proteínas livres no espaço intersticial e quem promove isto é o sistema linfático e não apenas o sanguíneo. Desta forma os banhos de contrastes ficariam sem uma explicação lógica, apesar dos diferentes resultados obtidos na prática clínica 20. As contra-indicações da crioterapia são as mesmas para a termoterapia e crioterapia separadamente, uma vez que a técnica é uma alternância destas. 33 7. OBJETIVOS 7.1 GERAIS Realizar uma revisão bibliográfica sobre a modalidade de crioterapia por banho de contraste para tratamento dos casos de edemas subagudos ou crônicos de extremidades em situações específicas. 7.2 ESPECÍFICOS Dissertar sobre a anátomo-fisiologia do sistema linfático e a fisiopatologia do edema ou linfedema; Descrever os mecanismos circulatórios e fisiologia da crioterapia, assim como da termoterapia ; Justificar a eficácia do banho de contraste como opção de escolha no tratamento reabilitativo coadjuvante de edema em estágios subagudos ou crônicos de extremidades em situações específicas. 34 8. MATERIAIS E MÉTODOS Foi realizada uma revisão bibliográfica baseada em pesquisas no Comut das Universidades: Católica de Brasília, Federal de Brasília e nos seguintes bancos de dados: Medline, Bireme, Liliacs, também na Biblioteca do Ministério da Saúde e Internet. Além disso, o tema gera muitas controvérsias e ainda é tido como empírico, pois são poucos estudos na tentativa de se comprovar sua eficácia. As publicações foram delimitadas entre os anos de 1975-2002, sendo apenas a minoria da década de 70 e a maioria tratando de artigos recentes. Foram levantados dados de 48 bibliografias. As palavras chave que utilizadas para a pesquisa foram: Crioterapia, Termoterapia, Contraste, “Banho Contraste”, “Imersão Água Fria e Quente”, “Contrast Therapy”, “Immersions water hot and cold”, “heat and cold”, Cryotherapy, edema e linfedema. Incluem-se 40 bibliografias sendo 29 artigos científicos e 11 bibliografias literárias e excluir 8 artigos por não serem úteis o suficiente para dissertar sobre o banho de contraste. O método de fichamento foi feito da seguinte forma: uma vez selecionado o tema do artigo ou capítulo, este era lido na íntegra e a idéia principal era retirada de cada um. Foram formadas, fichas com cada artigo lido e dadas umas referências numéricas para cada um. Em seguida esta referência era incluída diretamente na monografia. Ao dissertar sobre cada capítulo, cada artigo era selecionado segundo a sua abordagem para justificar o assunto do capítulo em questão. Por se tratar de um assunto com poucas pesquisas diretas à técnica tentou-se também formular pontos de vistas relacionados à terapias: crioterapia e termoterapia separadamente que comprovassem a ação conjunta destas no banho de contraste. Além da introdução, conclusão e discussão, foram definidos 5 capítulos de desenvolvimento do estudo, tratando sobre: de sistema linfático, edema, crioterapia, termoterapia e banho de contraste. O último se relaciona diretamente ao tema, pois se trata da síntese dos anteriores. 35 9. DISCUSSÃO A terapia por contraste é um assunto de pouca explanação em estudos e talvez isto tenha dificultado um pouco a pesquisa de revisão bibliográfica, porém esta questão da carência de estudos foi o grande impulso para a escolha do tema. Segundo ANDREWS (2000) “o banho de contraste é uma modalidade da crioterapia onde o uso da crioterapia é aplicado nos momentos de termoterapia”. Porém, o contrário também poderia ser verdadeiro, ou seja, modalidade da termoterapia, se o início fosse com a crioterapia. A crioterapia é uma técnica fisioterapêutica onde o uso do frio é preconizado de forma terapêutica. O mecanismo vascular que ocorre é o de vasoconstrição. Acredita- se que, após um período de tempo ocorreria uma vasodilatação, chamada teoria da vasodilatação reflexa que é motivo de discussão entre os estudiosos do assunto. Segundo PRENTICE (2002) “a temperatura local da pele, na crioterapia, é diminuída após o resfriamento e após alguns minutos ocorreria um período de vasodilatação como uma resposta de defesa do organismo, diante da agressão que o estímulo frio estaria produzindo no tecido”. Segundo KNIGHT (2000) “a vasodilatação reflexa ao estímulo do resfriamento não ocorre. O que ocorreria na verdade seria um retorno do calibre normal do vaso, e não aumento deste após o período de vasoconstricção induzida pelo frio. Seria necessário haver um aumento do fluxo sanguíneo, com a VIF, após a utilização da crioterapia e estudos mostram que isto não ocorre”. Tem sido consenso que a vasoconstrição é um fenômeno característico na exposição ao frio. Porém, para KNIGHT (2000) “estudos comprovam a teoria da vasodilatação reflexa seria ultrapassada”. 36 Acreditar na teoria na vasodilatação reflexa ao frio seria para a terapia de contraste de pouca valia, uma vez que, se esta vasodilatação ocorre isto ocorreria após 30 minutos em média. Como no banho de contraste os momentos de crioterapia são apenas de 1 minuto a cada ciclo, isto não seria suficiente para haver vasodilatação. Uma das principais utilizações do banho de contraste é o da redução de edema de extremidades 23. Para KNIGHT (2000), o deslocamento de linfa com proteínas, ,característico no edema, só ocorreria se junto aos gradientes de pressões de Starling houvesse também a ação de uma atividade física, onde houvesse contração voluntária da musculatura esquelética. Segundo MARX (1984), o deslocamento de linfa através dos vasos linfáticos pode ser produzido com movimentação passiva, além da contração voluntária da musculatura esquelética. No banho de contraste o paciente não necessitaria movimentar voluntariamente o segmento no momento da terapia , pois, a força externa pode ser conseguida tanto por meio de jatos de água no turbilhão como por meio de compressão com pacotes de gelo e bolsa de água quente, este seriam outra alternativa para o contraste. Para KNIGHT (2000), a terapia por contraste estaria condenada como forma de reduzir edema, pois, a criocinética seria uma alternativa muito mais eficaz. Enquanto o contraste promoveria de 8 a 15 bombeamentos por hora a criocinética faria de 30 a 40 por minuto, logo não seria boa alternativa usar o contraste. No entanto, em situações de imobilidade, dor, impossibilidade de execução de exercício ou intolerância ao frio, o banho de contraste parece ser uma melhor opção de tratamento no edema, em oposição a criocinética. A terapia por contraste pode ser considerada uma modalidade válida no tratamento reabilitativo do edema de extremidades, porém, não empregada isoladamente e sim como coadjuvante dentre outros recursos fisioterapêuticos. 37 Também pode ser forma de tratamento caseiro onde o paciente estando instruído não teria custo ou dificuldade de realizar em casa. O tempo, nos ciclos de alternância, não foi definido em consenso entre autores, porém, observa-se que o início se faz na termoterapia e pode terminar nesta ou na crioterapia e seriam necessários de 15 a 20 minutos de tratamento 23. A terapia por contraste ainda é considerada empírica, se faz necessário que estudos comprovem qual o verdadeiro mecanismo fisiológicoda redução do edema para que realmente tenha valor científico como modalidade de redução do edema. Um protocolo definido de técnica de utilização do banho de contraste parece ainda não existir por falta de consenso e estudos mais aprofundados no assunto. Torna-se necessário despertar interesse na pesquisa científica do contraste, pois esta terapia é muito utilizada e prescrita, porém, sem comprovação científica e muitas vezes sem conhecimento por parte dos profissionais. 38 10. CONCLUSÃO Conclui-se por meio desta que: a. apesar de pouco elucidada e poucos estudos conseguirem comprovar a eficácia da técnica banho de contraste pode ser mais uma opção de tratamento do edema em fase subaguda ou crônica de lesões de sistema músculo- esquelético. b. pode ser usada a terapia por contraste como tratamento coadjuvante ou em situações onde o paciente não possa se movimentar devido algum tipo de limitação e por qualquer indivíduo com edema de extremidades, como tratamento caseiro, por se tratar de uma técnica simples. c. é uma forma de tratamento muito indicada por médicos ortopedistas, fisioterapeutas ou terapeutas em geral pois, é de fácil realização e não requer custos e obtém resultados bons na redução de tumefação, crônica ou subaguda, de extremidades superiores ou inferiores seja qual for a causa, principalmente em membros inferiores, pois nesta região o retorno venoso é mais dificultado e o edema mais comum do que nos membros superiores. d. na terapia por contraste, apesar de não existir muito consenso entre autores, estudos mostram que o tempo de maior predominância foi um total de 15 a 20 minutos de aplicação, em quatro ciclos, onde terminar no quente ou frio irá variar dependendo do objetivo da aplicação; se for para produzir maior retorno venoso após o término, terminar no quente seria de melhor opção, mas se o objetivo é manter mais tempo a analgesia do frio, terminar com o frio seria melhor opção. e. o momento de imersão no frio sempre será menor que no quente, durante os ciclos, e o tempo de início observado na maioria dos estudos foi de 5 minutos de quente para 1 de frio, seguido 4 de quente para 1 de frio, 3 de quente para 1 de frio , ainda 2 de quente para 1 de frio, finalizando 1 de quente para 1 de frio. A temperatura de 36º C de termoterapia, em média, para 10º de crioterapia. O mecanismo pelo qual o edema pode ser reduzido na terapia por contraste é o de bombeamento vascular causado pela alternância entre o frio e quente, pois 39 ocorre no vaso a vasoconstrição e vasodilatação sucessivas. Este efeito provoca a contração vascular, bobeando o líquido do espaço extracelular no tecido tumefacto, através do sistema vascular linfático para ser reabsorvido pelo sistema vascular venoso. f. a teoria da VIF não pode ter credibilidade, pois se ocorresse a vasodilatação com aplicação do frio, o banho de contraste não seria um contraste, pois a vasoconstrição convertida em vasodilatação daria um resultado final apenas de vasodilatação. Se olharmos friamente, isto aumentaria a tumefação uma vez que aumentaria o metabolismo e lesão celular no processo inflamatório do edema. g. o recipiente mais comumente utilizado é o balde, este deve englobar toda extremidade e possibilitar a movimentação dentro do recipiente, o conforto do paciente deve ser preconizado. O turbilhão é outra forma de tratar que parece ser mais eficaz que a imersão em balde com água, pois, o fator mecânico do turbilhonamento da água no membro, estimularia maior drenagem e redução do edema. Existem turbilhões próprios para o contraste que proporcionam a mudança térmica, esta seria a melhor escolha para a terapia, porém o custo destes equipamentos é elevado, e muito dificilmente encontrado em clínicas. h. estudos mostram que a criocinética seria uma alternativa melhor que o contraste para reduzir o edema de extremidades superiores ou inferiores, isto porque o bombeamento produzido na aplicação do frio com o exercício seria muito maior e mais rápido do que o do contraste. Porém não se descarta que o contraste também produza o bombeamento, logo este pode ser utilizado em casos onde o paciente não consiga fazer o exercício ou não consiga fazer o tratamento sem orientação de um fisioterapeuta, ou seja, em casa, por exemplo. 40 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ANDREWS; HARRELSON & WILK. Uso das modalidades na reabilitação. In: _____ Reabilitação das lesões desportivas. 2. ed. Rio de Janeiro-RJ: Guanabara, 2000. p. 61-90. 2. ARMSTRONG, DAVID; NGUYEN, HIENVU. 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