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Fitotecnia: Arroz, Feijão e Trigo Aula 3 – Cultura do feijão: implantação, manejo e colheita Prof. Dra. Cristina Célia Krawulski • Unidade de Ensino: 3 • Competência da Unidade: Conhecer e compreender as características morfológicas, ecofisiológicas e de crescimento da planta do feijoeiro, bem como o manejo adequado da lavoura. • Resumo: Conhecer os principais aspectos, fatores e etapas que determinam e influenciam a produção e a produtividade de lavouras de feijão. • Palavras-chave: Phaseolus vulgaris.; fatores de produção; demanda nutricional. • Título da Teleaula: Cultura do feijão: implantação, manejo e colheita. • Teleaula nº: 3 Contextualização da teleaula • Conhecer as características da planta do feijoeiro. • Conhecer e compreender a ecofisiologia e as práticas agronômicas para condução de lavouras de feijão. • Fixação simbiótica do N, nutrição da lavoura. Introdução ao cultivo do feijoeiro Gênero Phaseolus • 55 espécies - apenas cinco são cultivadas: • Feijoeiro-comum (Phaseolus vulgaris, L.): a mais cultivada. • Feijão de lima (Phaseolus lunatus). • Feijão Ayocote (Phaseolus coccineus). • Feijão tepari ou terapy (Phaseolus acutifolius). • Feijão-ano (Phaseolus polyanthus). • Amplamente cultivado no mundo, em regiões tropicais e zonas temperadas dos hemisférios Norte e Sul. • Além dos grãos: adubo verde (associação com bactérias fixadoras de N e grande produção de biomassa verde). • Mais de 14 tipos de feijão-comum: • Carioca; preto; fradinho (macassar, caupi ou de corda); feijões tipo cores (branco, vermelho, roxo). • Dois centros de origem: América Central (altiplanos do México e da Guatemala); Ásia Tropical. • Maiores produtores de feijão-comum: Myanmar, Índia, Brasil, Estados Unidos, México e Tanzânia. • 59,4% dos 29,6 milhões de toneladas produzidas no mundo. • Maiores consumidores e produtores de feijão: países em desenvolvimento. • Exportação mundial pequena (baixa produção excedente). • Produção Brasil - safra 2020/2021: • 2,86 milhões t (252,3 milhões t = 1,13%) • Área cultivada: 3,23 milhões de hectares. • Mercado fortemente influenciado pelo tipo de grão comercializado, fatores agronômicos e sazonalidade. • Dependente do mercado interno. • Preço sofre grande influência das variações climáticas (regime hídrico). • Cultivo/produção em todas as regiões do Brasil; possibilidade de realizar até três safras no ano. • Devido à ampla adaptação das cultivares a diferentes condições de solo, clima e manejo, é uma excelente opção para pequenos e médios produtores. • Monocultivo: sensibilidade da planta a fatores bióticos (plantas daninhas). • Cultura do feijoeiro apresenta ciclo biológico curto, as plantas são muito sensíveis à competição, principalmente nos estádios fenológicos iniciais. • Identificação é fundamental para garantir um adequado plano de manejo. • 60% pertencem às famílias Poaceae e Asteraceae, principais espécies: • Bidens pilosa; Brachiaria plantaginea; Euphorbia heterophylla; Amaranthus spp.; Commelina benghalensis. Fonte: VIEIRA, Maicon Marinho; DONHA, Riviane Maria Albuquerque. Fitotecnia: Arroz, Feijão e Trigo. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. p. 104 Ecofisiologia do feijoeiro • Aspectos relativos à ação climática sobre o desenvolvimento da planta. • Temperatura, precipitação e radiação solar (fotoperíodo é indiferente). • 17˚C e 25˚C: faixa térmica mais adequada para o cultivo. • Temperatura: maior influência sobre o número de vagens. • >35˚C ou <12˚C: queda no florescimento e frutificação, resultando em redução no rendimento da planta. • Fase de crescimento vegetativo: calor excessivo acelera a fotorrespiração = redução da taxa de crescimento. • Temperaturas baixas durante o desenvolvimento vegetativo da planta: retardam seu crescimento e podem reduzir o número de grãos por vagem, se ocorrer durante a diferenciação reprodutiva. • Temperatura ideal: em torno de 29˚C. • Cultivares modernas: insensíveis ao comprimento do dia = adaptadas a diferentes latitudes. Consumo de água: • Fase vegetativa: 3 mm • Fase reprodutiva: 5 mm diários de água • Estimativa de consumo: 250 a 400 mm ao longo do ciclo. • Diminuição das precipitações após a maturidade fisiológica. • Ausência de chuva na colheita. Fonte: Embrapa. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/173690/1/CNPAF-2018- lvfeijoeiro.pdf. Acesso em: 5 out. 2021. • Planta exigente em fertilidade e qualidade do solo (ciclo curto e sistema radicular superficial e pouco desenvolvido). • Preparo do solo: aeração e umidade, para facilitar o desenvolvimento das raízes e potencializar a produção de grãos. • Sistemas de preparo do solo: plantio direto; cultivo mínimo; preparo convencional. • Matéria orgânica. Considerar: • Teor de umidade do solo: nem muito seco, nem muito úmido. • Presença de palhada e plantas invasoras na área. • Mobilização de solo: profundidade de solo a ser trabalhada. • Tempo disponível para preparo do solo: maximizar equipamentos. • Compactação do solo/densidade solo. • Irrigação. Zoneamento Agrícola de Risco Climático • Portarias por estado e por safra (1ª e 2ª safras). • Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. • Aplicativo móvel Zarc Plantio Certo. • Embrapa Informática Agropecuária (Campinas/SP). • Minimização dos efeitos deletérios da irregularidade na distribuição das chuvas. • Subsidiar a definição da data de semeadura. • Seguro agrícola. Fonte: https://www.gov.br/agricultura/pt- br/assuntos/riscos-seguro/programa- nacional-de-zoneamento-agricola-de- risco-climatico/portarias/safra- vigente/parana/word/PORTN61FEIJO1S AFRAPR.pdf. Acesso em: 4 out. 2021. Portaria nº 61 (20/04/2021) – Feijão 1ª safra (PR) Fonte: https://www.gov.br/agricultura/pt- br/assuntos/riscos-seguro/programa- nacional-de-zoneamento-agricola-de- risco-climatico/portarias/safra- vigente/parana/word/PORTN61FEIJO1S AFRAPR.pdf. Acesso em: 4 out. 2021. Fonte: https://www.gov.br/agricultura/pt- br/assuntos/riscos-seguro/programa- nacional-de-zoneamento-agricola-de- risco-climatico/portarias/safra- vigente/parana/word/PORTN61FEIJO1S AFRAPR.pdf. Acesso em: 4 out. 2021. Consultoria técnica: 1. Produção de feijão – Paraná (50 ha). 2. Iniciante na atividade. 3. Procedimentos para semeadura; práticas de controle fitossanitário; época correta de colheita. 4. Plano de manejo da cultura do feijão. • Área infestada por várias plantas daninhas. Correta identificação das plantas daninhas presentes na área; classificar as plantas potencialmente problemas à cultura; estratégias de manejo disponíveis. Plano de manejo: ciclo das plantas daninhas; fase da cultura em que cada planta pode causar mais interferência; resistência a herbicidas; sistema de cultivo. - Lavoura de feijão com alta população de mosca branca. - Segundo ano de cultivo de feijão na área. - Sintomas nas folhas mais novas: lesões de tamanho e formato variados, de coloração amarelo vivo, presentes em todo o limbo foliar, mas não interferem na coloração das nervuras, que apresentam coloração verde. - Em algumas plantas: deformações e encarquilhamento. - Maior parte das plantas com sintomas estão em R5, e foi notado o abortamento de algumas flores. • Sintomas nas folhas mais novas, mais altas na planta: indica doença associada a pragas; • Lesões irregulares (tamanho e formato) e coloração amarelo vivo, que contrastam com o verde das nervuras – características de sintomas de mosaico; • As lesões viróticas podem causar um hiperdesenvolvimento de células: deformação e encarquilhamento das folhas; • Alta incidência de mosca branca, importante vetor de doenças viróticas; • Condições de baixa UAR e temperaturas altas favorecem o desenvolvimento do vetor e facilitam a dispersão das viroses; • Cultivo contínuo de feijão favorece o estabelecimento e manutenção do vetor na área. • Conclusão: a doença em questão é o mosaico dourado. Cultivaresde feijão • Atender às necessidades específicas de cada região. • Principais atributos a observar: ciclo de desenvolvimento; altura; resistência ou tolerância às doenças; qualidade do produto final; produtividade. • Classificadas em três grupos de características homogêneas: • Grupo I (n <80 dias); • Grupo II (>80 dias <95 dias); • Grupo III (n> 95 dias). n = nº de dias da emergência à maturação fisiológica. Escolha da cultivar • Feijoeiro é mais susceptível à deficiência hídrica durante a floração e o estádio inicial de formação das vagens. • Período crítico: 15 dias antes da floração. • Quando a diminuição de água ocorre no período de floração: redução na estatura da planta, no tamanho das vagens, no número de vagens e de sementes por vagem, que afetam o rendimento da cultura. Fonte: http://www.idrparana.pr.gov.br/system/files/publico/negocios/folders/feijao/IP R-Gralha.pdf. Acesso em: 4 out. 2021. Fonte: http://www.idrparana.pr.gov.br/system/files/publico/negocios/folders/feijao/IP R-Urutau.pdf. Acesso em: 4 out. 2021. Fonte: http://www.idrparana.pr.gov.br/system/files/publico/negocios/folders/feijao/IPR- Sabia.pdf. Acesso em: 4 out. 2021. Nutrição da lavoura de feijão • Planta exigente em fertilidade e qualidade do solo. • Ciclo curto e sistema radicular superficial e pouco desenvolvido. • Nutrientes prontamente disponíveis às plantas, de acordo com a demanda durante o ciclo (estádio fenológico). • Fatores nutricionais que estimulam o crescimento inicial do sistema radicular: Fonte: Embrapa. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/173690/1/CNPAF-2018- lvfeijoeiro.pdf. Acesso em: 30 ago. 2021. Fonte: Embrapa. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/b itstream/item/173690/1/CNPAF-2018- lvfeijoeiro.pdf. Acesso em: 4 out. 2021. 1. Correção da acidez do solo antes da semeadura: neutralizar Al tóxico; fornecer Ca e Mg; aumentar o pH para a faixa que permita maior disponibilidade de nutrientes (5,8 a 6,2). Incorporação a 20 cm; Superfície: SPD (1,5 t/ha); 60 dias antes da semeadura. Saturação por bases desejada: 60% a 70%. PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total. 2. Aplicação de Ca, N, P e B na semeadura (*). 3. Evitar aplicação de fertilizante salino próximo à semente (KCl). • Análise de solo. 1) resultados da análise de solo, complementado pelo monitoramento do estado nutricional da cultura por meio da análise química de folhas; 2) exigência nutricional da cultura e das quantidades de nutrientes exportados na colheita; 3) histórico da área (culturas em rotação, calagem e adubações anteriores, dados de chuva, entre outros); 4) expectativa de produtividade; 5) sistema de manejo do solo (convencional, SPD); Planejamento adequado da adubação 6) comportamento dos nutrientes no solo e na planta; 7) comportamento dos fertilizantes no solo; 8) conhecimento da cultivar a ser plantada; 9) relação de troca (quantidade de produto colhido necessária para comprar uma tonelada de fertilizantes); 10) disponibilidade de capital do produtor para compra de fertilizantes; 11) risco climático. Fonte: Embrapa. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrap a.br/digital/bitstream/item/ 173690/1/CNPAF-2018- lvfeijoeiro.pdf. Acesso em: 4 out. 2021. Deficiências nutricionais Fonte: Embrapa. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrap a.br/digital/bitstream/item/ 173690/1/CNPAF-2018- lvfeijoeiro.pdf. Acesso em: 4 out. 2021. Deficiências nutricionais Fixação simbiótica de N • A partir do V3 a planta passa a depender diretamente dos nutrientes do solo. Início da formação dos nódulos (FBN). • V4: início da atividade de FBN. • R6: declínio da atividade de FBN. Fonte: Embrapa. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrap a.br/digital/bitstream/item/ 173690/1/CNPAF-2018- lvfeijoeiro.pdf. Acesso em: 4 out. 2021. • Bactéria específica - rizóbio. • No plantio, colocam-se as sementes em contato com a bactéria (inoculação). A bactéria aguarda a germinação e penetra nas raízes do feijoeiro, onde desenvolve nódulos e neles se aloja, vivendo os dois organismos em harmonia (simbiose). • A bactéria encontra o ambiente ideal para sua existência, alimentando-se a partir de substâncias fornecidas pelo vegetal hospedeiro, sem provocar danos, e realiza a fixação do nitrogênio, favorecendo a planta em seu desenvolvimento e produção. • Importância: Exemplo de benefícios da coinoculação no feijoeiro: • Duas doses/ha = R$ 40,00; 20% aumento de produtividade (2000 kg/ha) • 400 kg a mais = 6,7 sacas. Fonte: https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/19745575/beneficios- da-coinoculacao-na-cultura-do-feijoeiro. Acesso em: 4 out. 2021. Fonte: https://www.embrapa.br/en/busca-de- noticias/-/noticia/19745575/beneficios- da-coinoculacao-na-cultura-do-feijoeiro . Acesso em: 4 out. 2021. Consultoria técnica: - Plantio do feijoeiro (Unaí-MG). - Grande oscilação climática, com risco de escassez de chuva entre maio e junho (média mensal < 50 mm) e chuvas concentradas entre outubro a fevereiro (média mensal > 300 mm). - Temperatura entre 17˚C e 25 C, com as mínimas registradas nos meses de junho e julho e as máximas entre dezembro e janeiro. - Cultivar que atenda à demanda do mercado consumidor. - Como definir a data de semeadura? - Temperatura não será um fator limitante, mas deve-se priorizar o cultivo durante o período onde a temperatura está próxima a 25 °C. - Precipitação média < 50 mm nos meses de junho e julho: risco (déficit hídrico). - Durante os meses de temperatura mais alta, a média de precipitação é > 300 mm, indicando que durante os meses de dezembro e janeiro o risco climático é menor. - ZARC. Quais as vantagens da fixação simbiótica do N em lavouras de feijão? • Promoção de crescimento radicular da planta; • Melhor absorção de nutrientes do solo; • Redução do uso de fertilizantes (K e P); • Maior eficiência na absorção de água pela planta (estresse hídrico); • Redução dos custos de produção (substituição do fertilizante nitrogenado); • Incremento de produção de grãos. • Tecnologia ambientalmente sustentável. Recapitulando • Conhecer as características da planta do feijoeiro. • Conhecer e compreender a ecofisiologia e as práticas agronômicas para condução de lavouras de feijão. • Fixação simbiótica do N, nutrição da lavoura