Prévia do material em texto
Experimentação Agrícola Delineamento em blocos casualizado, experimentos fatoriais e em parcelas subdivididas Msc. Flávia Luciane Bidóia • Unidade de Ensino: 3 • Competência da Unidade: Compreender o delineamento em blocos casualizado, experimentos fatoriais e parcelas subdivididas. • Resumo: Analisar experimentos • Palavras-chave: delineamento, variância, hipóteses. • Título da Teleaula: Delineamento em blocos casualizado, experimentos fatoriais e parcelas subdivididas • Teleaula nº: 03 Introdução Abordar: delineamento em blocos casualizados e os experimentos fatoriais e em parcelas subdivididas Analisar experimentos que utilizam desses métodos: estudos de adubações, defensivos agrícolas, desenvolvimento de novas cultivares, avaliação de animais, outros Essas metodologias contêm pelo menos um fator (controle local) a mais do que o delineamento inteiramente ao acaso DBC: indicações para o uso, as vantagens e desvantagens, e finalizaremos com a análise e a interpretação de um experimento. Com esses conhecimentos você poderá analisar, interpretar e tomar decisões sobre os tratamentos que serão testados. Dessa forma, estará apto para avaliar quais os melhores materiais, metodologias ou tecnologias para a sua realidade. Delineamento em blocos casualizados Delineamento em blocos casualizados - DBC Delineamento mais utilizado em pesquisa agropecuária, simples e de fácil instalação Controle local, possível separar efeito ambiental, e com isso, estimar os efeitos de tratamentos 1 2 3 4 5 6 DBC - realiza-se o controle local com restrições na casualização dos tratamentos. Tal fato ocorre devido à grande dificuldade de encontrar áreas homogêneas, especialmente no campo. Cada bloco deve ser o mais uniforme possível. Dessa maneira, o delineamento torna-se mais eficiente e divide uma área heterogênea em blocos homogêneos Delineamento em blocos casualizados - DBC Delineamento em blocos casualizados - DBC Vantagens: Controle local usado reduz grande parte da variação que iria para o erro, melhorando a precisão Como há restrições nos blocos, isso permite que haja diferenças entre eles, tornando a sua instalação mais flexível. Apresenta simplicidade na análise de variância. Delineamento em blocos casualizados - DBC Desvantagens: Em caso de perda de parcela, a análise torna-se mais difícil quando comparado ao delineamento inteiramente ao acaso Encontrar uma área grande e homogênea para cada bloco, quando se trabalha com muitos tratamentos. Ao utilizar o princípio de controle local, há redução do número de graus de liberdade do erro Modelo de análise de variância para delineamento de blocos ao acaso, com as fontes de variação, graus de liberdade, soma de quadrados, quadrados médios e teste F Exemplificando Os dados apresentados foram extraídos de um experimento de milho com delineamento em blocos ao acaso, com 7 tratamentos e 3 repetições, referentes às alturas de plantas (m) Verifique se há diferenças estatísticas entre os híbridos. Caso haja, qual híbrido é maior? 7 8 9 10 11 12 Posteriormente, deve-se verificar se o valor de F é ou não significativo. O valor de Ftabelado com GLtratamento= 6 GLerro= 12 a 1% de probabilidade é 4,82, sendo menor que o calculado (34,78), portanto, é significativo. Assim, pode-se afirmar que há variabilidade em pelo menos um dos tratamentos com relação aos demais. Após verificarmos que há variabilidade entre os híbridos, podemos verificar qual obtém a maior altura Assim, utilizaremos o teste Tukey, cujo valor de “ q ” com 12 graus de liberdade e 7 tratamentos ao nível de 5% de probabilidade é de 4,95 13 14 15 16 17 18 Tabela com os valores médios de cada híbrido, na ordem decrescente Comparar o valor de cada contraste com o valor da DMS. Exemplo: C1 (0,02) < DMS (0,09), portanto, não existe diferença significativa entre o híbrido 1 e 2, permanecendo a mesma letra “a”. Entretanto, C3 (0,17) ≥ DMS(0,09), portanto, é significativo, ou seja, o híbrido 2 é diferente do híbrido 3, então colocamos a letra “b” Observação: médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Experimentos fatoriais Experimentos fatoriais Planejar experimentos altamente eficientes a fim de obter respostas a várias hipóteses em um experimento só. Ou seja, você terá a possibilidade de resolver várias questões agronômicas com o uso de fatoriais em um experimento. 19 20 21 22 23 24 O esquema fatorial, por definição, contempla o estudo de dois ou mais tratamentos sobre um tratamento previamente definido Sendo assim, nesse esquema nós determinamos como os fatores influenciam simultaneamente uma determinada variável Cada subdivisão de um fator é denominada nível de fator Exemplificando Um trabalho de pesquisa com quatro princípios ativos de fungicidas para o controle de mancha amarela na cultura do trigo Esses quatro princípios ativos serão testados, com aplicação iniciada no estádio de afilhamento, e a outra aplicação será iniciada mais tarde, no estádio de emborrachamento. Temos aqui um exemplo de um fatorial com quatro níveis e dois níveis de fatores. Esse esquema pode ser representado em: esquema fatorial: 42 ou, ainda, esquema fatorial 4 x 2. Resultará em oito tratamentos: T1 – fungicida 1 - afilhamento T2 – fungicida 1 - emborrachamento T3 – fungicida 2 - afilhamento T4 – fungicida 2 - emborrachamento T5 – fungicida 3 - afilhamento T6 – fungicida 3 - emborrachamento T7 – fungicida 4 - afilhamento T8 – fungicida 4 - emborrachamento O objetivo é que, nesse experimento, respondamos se os efeitos dos fungicidas sobre o controle da mancha amarela do trigo dependem ou independem do estádio fenológico da aplicação. Vantagens: com um experimento é possível obter os resultados dos efeitos simples e principais dos fatores, além das interações entre eles. Todas as parcelas são utilizadas para a verificação nos efeitos principais de cada fator e das interações. O efeito é a diminuição do efeito do erro experimental Desvantagens: o número de tratamentos pode ser alto, a área precisa ser homogênea, para alocação dos blocos, análise estatística mais trabalhosa, devido ao número de fatores. Eficiência dos fungicidas no controle da mancha amarela do trigo, nos experimentos em delineamento em blocos casualizados (quatro blocos), em esquema fatorial 4x2, com quatro níveis de fungicidas (F1, F2, F3 e F4) e dois níveis de estádio de aplicação dos fungicidas, afilhamento (E1) e emborrachamento (E2). 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 Hipóteses Fungicidas: H0 : os quatro fungicidas apresentaram efeitos similares sobre a severidade (%) de mancha amarela na cultura do trigo. Estádios fenológicos da cultura: H0 : os dois estádios de aplicação apresentaram efeitos similares sobre a severidade (%) de mancha amarela na cultura na cultura do trigo. Hipóteses Interação fungicidas x estádios fenológicos da cultura H0: os fatores fungicidas e estádios fenológicos da cultura agem de modo independente sobre a severidade (%) de mancha amarela na cultura do trigo. Nesse caso, podemos notar que houve diferença significativa, ou seja, devemos rejeitar todas as hipóteses de nulidade. Delineamento de blocos casualizados Situação-problema 1 1. Foi instalado, na área experimental da empresa para avaliar os novos genótipos de soja. Esse experimento foi constituído por 81 genótipos e 3 blocos. O experimento foi conduzido e os dados foram coletados e analisados. Após a análise dos dados, fez-se a análise de variância. Avalie a análise de variância e responda: os dados são confiáveis? Considerações: Ao analisar verifica-se que o valor de F para blocos foi significativo a 5% de probabilidade, indicando que os blocos são diferentes. Outro ponto importante que foi observado é o alto valor do coeficiente de variação, sendo maior do que 33%. Classificação: muito alto o coeficientede variação superior a 30% 37 38 39 40 41 42 Diante dessa problemática, recomenda-se repetir o experimento tomando algumas providências, como: fazer um acompanhamento criterioso, manter a mesma população em todas as parcelas e aumentar o número de blocos ou o número de repetições dentro do bloco Esquema fatorial Situação-problema 2 2. Uma indústria realiza exportação de carne suína para mais de 10 países, com alto nível de qualidade e uma alta produção. Para isso, conta com a criação de suínos, os quais geram uma alta quantidade de resíduos líquidos, conhecidos como Água Residuária de Suinocultura (ARS). Esse resíduo, por conter altos teores de nutrientes, como nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), pode ser utilizado como fertilizante orgânico para as culturas, como soja, milho, feijão e trigo. No entanto, alguns elementos como cobre (Cu) e zinco (Zn) são utilizados em grandes quantidades nas rações, com a finalidade de prevenir doenças, melhorar a digestão e promover o crescimento dos suínos. Esse “excesso” de elementos pode causar efeitos deletérios às culturas. Sua missão agora é determinar uma dose economicamente viável e, o mais importante, que seja ambientalmente correta, por meio de um experimento de campo. Será instalado um delineamento de blocos casualizados com quatro doses de ARS (0, 25; 50 e 75m³ ha.-1). No entanto, alguns nutrientes da adubação orgânica não ficam 100% disponíveis às culturas logo no primeiro cultivo. Sendo assim, você irá desenvolver um experimento para analisar os efeitos dessas doses na cultura da soja, na presença e na ausência de adubação mineral. Questionamentos: Qual a melhor maneira para casualizar esse esquema fatorial? Quais os pontos positivos e quais os pontos negativos da implementação desse esquema no delineamento experimental de blocos casualizados? Haverá interferência nos dados que serão coletados/observados? Em caso de significância, qual a correta interpretação dos resultados? 43 44 45 46 47 48 Considerações: Gleba não possui homogeneidade de fatores edafoclimáticos, deve-se utilizar DBC Testar a influência de apenas duas formulações de fertilizantes minerais. Experimento em esquema fatorial serão necessários apenas oito tratamentos, com os quais será possível conhecer a influência dos tratamentos testados e de suas possíveis interações. Considerações: Questionamento Questionamento Os delineamentos em blocos ao acaso são vantajosos porque o controle local usado nesse delineamento experimental reduz grande parte da variação que iria para o erro, melhorando a precisão. ( ) Certo ( ) Errado Experimentos fatoriais Experimentos fatoriais Agora que conhecemos que os fungicidas possuem eficiências diferentes para controle da mancha amarela do trigo, e que essas eficiências de controle dependem, ainda, do estádio fenológico da cultura para aplicação, vamos realizar o desdobramento da interação fungicidas x estádios de aplicação, para estudarmos o comportamento dos fungicidas dentro de cada estádio fenológico de aplicação da cultura. 49 50 51 52 53 54 Agora, vamos realizar o desdobramento da Interação fungicidas x estádios de aplicação para estudar o comportamento dos estádios de aplicação dentro de fungicida. 55 56 57 58 59 60 Os fungicidas F1, F2 e F3, apresentaram menores severidades (%) para mancha amarela do trigo, com aplicação no afilhamento. Entre os fungicidas F1, F2 e F3, o fazendeiro poderá optar pelo fungicida de menor custo, sem perder em eficiência no controle da doença. O fungicida F4, mesmo ao ser aplicado no estádio de afilhamento, apresentou média de severidade superior à média dos demais tratamentos. Experimentos em parcelas subdivididas Experimentos em parcelas subdivididas O esquema em parcelas subdivididas também é conhecido como split-plot e possui a sua particularidade, que é realizar a divisão da parcela principal em partes menores, a qual chama-se de subparcela Para fins da análise matemática, existem dois tipos de comparação: os tratamentos principais, que contemplarão as parcelas, e os tratamentos secundários, os quais contemplarão as subparcelas. Vantagem: comparar os tratamentos secundários com maior precisão e a instalação a campo mais fácil, quando comparado com o esquema fatorial Desvantagem: a precisão, tanto dos tratamentos principais, como dos tratamentos secundários, é menor. Exemplificando A tabela apresenta um modelo de análise de variância para delineamento de blocos ao acaso, em esquema de parcelas subdivididas, com as fontes de variação, graus de liberdade, soma de quadrados, quadrados médios e teste F. 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 Com o fim da tabela de análise de variância, podemos notar que a hipótese H0 foi rejeitada, sendo que a interação entre os fatores, cultivares e redutores de crescimento foi significativa. Com essa resposta, é possível afirmar que esses efeitos encontrados nesse exemplo, para altura de plantas, atuam de forma dependente. Sendo assim, o efeito da variável altura de plantas depende da aplicação do redutor de crescimento. Experimentos em faixas Os experimentos em faixas são uma derivação do esquema de parcelas subdivididas, o qual também é conhecido como split-block design A principal indicação para o uso desse esquema é a necessidade de parcelas grandes, ou quando a casualização e instalação do esquema fatorial ou de parcelas subdivididas é dificultado. Por exemplo, experimentos onde há necessidade de colheita mecânica ou quando houver necessidade de aplicar produtos químicos e biológicos em áreas naturalmente infestadas por nematoides. Esse tipo de esquema tem como principal vantagem a facilidade em sua instalação e condução. Além disso, o modelo matemático contempla uma maior precisão na interação entre o fator principal e o fator secundário Desvantagem desse esquema de experimentos em faixas é que a precisão dos efeitos dos fatores principais é deixada em segundo plano, ou seja, é menor quando comparada com os outros esquemas. Experimento em esquema fatorial Situação-problema 3 3. Você foi contratado para ser o coordenador de pesquisa e desenvolvimento de uma empresa produtora de sementes de espécies que visam ciclagem de nutrientes e rotação de culturas, como Crotalaria spectabilis, Pennisetum glaucum (mlilheto), Urochloa ruziziensis (brachiaria), Avena sativa (aveia), entre outras. 73 74 75 76 77 78 A sua responsabilidade é verificar, para o caso de um consórcio de Brachiaria (Urochloa ruziziensis) com Crotalaria spectabilis, quantos quilos de Crotalária poderão ser utilizados sem que prejudique o desenvolvimento da Brachiaria. Sua avaliação será em relação à massa seca remanescente e aos teores de nutrientes exportados via matéria seca. Considerações: O experimento deverá seguir o delineamento de blocos casualizados. Para que o experimento seja representativo e adequado metodologicamente, optar por trabalhar com os seguintes exemplos: 10 e 15.kg ha-1 de Brachiaria, em consórcio com 10 e 15.kg ha-1 de Crotalaria spectabilis, perfazendo um experimento em esquema fatorial, 2 x 2. Esquema em faixas Situação-problema 4 4. Como alocar um experimento para realizar calagem em duas doses, sob Sistema de Plantio Direto (SPD), escarificação e incorporação do calcário com gradagem. Nesse projeto serão avaliadas as seguintes características: produtividade da cultura do feijão, alturas de plantas, massa de 1000 grãos, pH do solo e saturação de cálcio na camada de 0,20 a 0,40 m. Considerações: Há necessidade de conduzirmos grandes parcelas, e, da mesma forma, que não será uma tarefa fácil e ágil, casualizar os tratamentos. Como queremos uma precisão maior dos tratamentos secundários, ou seja, dos manejos aplicados à calagem, poderemos sugerir ao aluno que utilize um DBC, em esquema de experimento em faixas. Considerações: Quanto à casualização do experimento,o bloco 1 ficará da seguinte forma: 79 80 81 82 83 84 Sempre que houver necessidade de evidenciar os efeitos de dois ou mais fatores, além da necessidade de verificação da interação entre esses fatores, a recomendação é a utilização dos experimentos fatoriais. ( ) Certo ( ) Errado 85 86