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Amostragem por conglomerados Conceitos básicos da amostragem por conglomerados e os aspectos sobre sua seleção em um, dois e múltiplos estágios; Variáveis de interesse, como a média e o total; Coeficiente de correlação entre os conglomerados; Um caso particular da amostragem por conglomerados, a amostragem sistemática. Prof. Leandro Vitral Andraos 1. Itens iniciais Propósito Compreender as características da técnica de amostragem conglomerada para estimação das quantidades de interesse em uma pesquisa. Apresentar as expressões utilizadas para realizar essa estimação e o coeficiente de correlação intraclasse. Apresentar também um caso particular da amostra conglomerada, no caso, a amostragem sistemática. Preparação Antes de iniciar o conteúdo deste tema, certifique-se de ter papel e lápis por perto para acompanhar os exemplos e demonstrações. Objetivo Aplicar o conceito da amostragem por conglomerados em um ou mais estágios, comparando diferentes planos amostrais na seleção de unidades da amostra. Aplicar as expressões estatísticas na estimação das quantidades de interesse de acordo com a amostragem por conglomerado, incluindo o coeficiente de correlação intraclasse. Descrever a amostragem sistemática para seleções e estimações amostrais. • • • 1. Amostragem por conglomerados em um ou mais estágios Introdução Em muitas pesquisas, o custo de se coletar unidades da população pode ser muito elevado. Por mais que se tenha algumas informações a respeito dessa população, pode ser muito difícil conseguir coletar todas as unidades amostrais. Para tentar minimizar esses impactos e contornar esse problema, pode-se usar a amostragem por conglomerado. Este módulo analisará os tipos de seleção na amostragem por conglomerado. Veremos quais as vantagens em fazer uma conglomeração na população e como realizá-la. Além disso, estudaremos a seleção por amostragem em conglomerado em mais de um nível. Começaremos em um nível e depois veremos a seleção em múltiplos estágios. Você vai perceber como pode ser útil criar grupos na amostra antes de se realizar uma amostragem. Motivações da amostragem por conglomerado O custo de uma pesquisa é uma variável extremamente importante no momento de se definir as etapas do planejamento. Provavelmente a pessoa que contrata uma pesquisa não conhece nada sobre plano amostral, métodos de seleção, estimação ou margem de erro. Mas uma coisa ela quer, e quer muito: economizar. Dica Esse é um desafio enorme na prática, pois convencer alguém de fazer enquanto é muito mais barato pode ser muito complicado. Por isso, é sempre importante explicar e deixar na mão do cliente a escolha dentre os diversos cenários de amostragem. Ao fazer essas opções de amostra, utilize diferentes níveis de confiança ( ) e de valores de erros também ( ). Explique os impactos que os resultados podem causar utilizando um cenário ou outro. Para ajudar a resolver problemas dessa complexidade, a amostragem por conglomerado (AC) pode ser muito útil. Algumas vezes estão disponíveis cadastros atualizados das unidades de análise, entretanto a investigação das unidades dessa população pode ser difícil devido às mesmas se encontrarem dispersas na vida real, acarretando custos elevados de coleta e demora na obtenção dos dados. Dependendo do caso, mesmo que o cadastro dessa população esteja bem definido, bem organizado e bem atualizado, pode ser muito custoso selecionar amostras por ele através da amostragem aleatória simples (AAS) ou da amostragem estratificada (AE). É nesse ponto que entra a amostragem por conglomerados. Imagine dividir a sua população em grupos, porém sem que seja necessário selecionar amostras de cada um desses grupos como na AE e, além disso, você também não fica completamente dependente da aleatoriedade da distância de cada unidade, como na AAS. Você primeiro seleciona aleatoriamente alguns grupos e somente depois disso obtém sua amostra. Dessa forma, nos modelos de amostragem por conglomerado, deve-se fazer a investigação das unidades agrupadas em conglomerados, ao invés de se investigar, isoladamente, cada unidade simples, como ocorre nos modelos da aleatória simples e de amostragem estratificada. Comparação da amostragem estratificada e amostragem por conglomerados A ideia do plano amostral por conglomerados lembra, de certa maneira, a amostragem estratificada. Nos dois casos, temos inicialmente que dividir a população em grupos. Até essa parte os passos são os mesmos, porém, a partir daí, as diferenças começam a aparecer. AAS Na AAS, você seleciona sua amostra a partir de uma lista de forma completamente aleatória podendo ser feito com ou sem reposição. Assim, qualquer unidade pode fazer parte da sua amostra e o problema aumenta se um único elemento bem distante dos outros for selecionado. Ter um custo muito alto de deslocamento para conseguir um único questionário pode não valer a pena. Essa é uma característica bastante indesejável na amostragem aleatória simples. AE Já na AE você precisa construir os estratos naturais e/ou estatísticos, porém, para cada estrato construído, você precisa selecionar uma amostra dentro dele. Então, se houver 1000 estratos, teremos que selecionar amostra em cada um dos 1000 estratos. Se você não tiver muitas limitações de tempo ou recursos orçamentários, tudo bem, mas se isso acontecer, qual alternativa teríamos? Dizemos, então, que quanto maior a heterogeneidade dentro dos conglomerados, maior é a eficiência do procedimento amostral. E isso é exatamente o oposto exigido na amostragem estratificada. De acordo com Bolfarine (2005), quanto mais parecidos forem os elementos dentro de um conglomerado, menos eficiente é o procedimento. Tal resultado é esperado, pois, para o conglomerado ser um bom representante do universo, ele deve ser uma microrrepresentação do mesmo, ou seja, ter todo tipo de participante e não apenas de um mesmo tipo. Por isso, dizemos que é o oposto do que se espera na AE. Apesar de ambos os métodos dividirem a população em grupos (sejam estratos ou conglomerados), as técnicas são completamente diferentes. Conceitos sobre amostragem por conglomerado Nesse tipo de amostragem, as unidades populacionais são agrupadas em conglomerados, também chamados de clusters. Em tais situações, é possível definir grupos entre as unidades de análise que estejam próximas entre si. A utilização de tais agrupamentos como unidades de amostragem possibilita aumentar a rapidez da coleta e reduzir os custos de investigação sem grande perda de eficiência. Comentário Quando não estão disponíveis os cadastros das unidades de análise (pessoas, domicílios, operários numa indústria, estabelecimentos comerciais etc.), a obtenção e atualização desses cadastros torna-se um problema no que diz respeito ao custo. É possível que o tempo necessário para a atualização deles seja demasiado longo comprometendo alguns levantamentos. Dispondo-se "de cadastros" nos quais essas unidades estão agrupadas, como, por exemplo: Setores censitários demográficos, setores censitários dos censos econômicos, cadastros de indústria etc. os custos de atualização dessas unidades aglomeradas é bem menor, facilitando a realização de levantamentos estatísticos por amostragem. Estratificação A estratificação é mais indicada quando os grupos que foram formados são internamente mais homogêneos entre si. Assim, na teoria, a variabilidade dentro dos estratos vai ser muito pequena, o que faz com que a variabilidade entre os estratos seja grande (se a variabilidade é pequena dentro, ela deverá ser grande fora). Sem falar que, no caso da AE, temos que garantir fazer uma seleção de amostras em cada um dos estratos, não importa quantos estratos haja. Conglomeração Já na conglomeração, a premissa é que esses grupos formados a partir da população sejam de certa maneira semelhantes entre si, por isso não haveria tanta diferença em selecionar um grupo ou outro. A ideia é de que os elementos amostrais estejam bem distribuídos nos grupos e não haja indivíduoscom características muito particulares em apenas algum grupo. Espera-se que os conglomerados selecionados consigam representar bem toda a população. Figura 2 : Exemplo de conglomerados. Na Figura 2, temos um exemplo de uma população que foi dividida em 6 grupos, ou seja, em 6 conglomerados (poderiam ser 6 bairros, por exemplo) e cada unidade dentro desses conglomerados é uma unidade da população. Nesse caso, a unidade amostral deixa de ser cada elemento e passa a ser o conglomerado como um todo (por exemplo: Regiões, estados, municípios, domicílios, famílias, escolas etc.). Dessa forma, cada conglomerado contém mais de um elemento populacional. De acordo com Bolfarine (2005), o que caracteriza bem o planejamento amostral de conglomerados é que a unidade amostral contenha mais de um elemento populacional. Etapa 1 A primeira etapa na utilização desse plano amostral é definir os conglomerados. Deve-se encontrar alguma característica que permita separar essa população em grupos mutuamente exclusivos (distintos) e exaustivos (todos os indivíduos têm que ser colocados em algum grupo), de modo que não exista nenhuma diferença não aleatória entre os grupos. Etapa 2 Uma vez definidos esses agrupamentos, iremos selecionar alguns deles para nossa amostra. No momento de construção dos clusters pode-se aproveitar e utilizar os próprios grupos geográficos. É uma facilidade grande aproveitar a construção natural das regiões na definição dos conglomerados. Etapa 3 Por exemplo, se quisermos estudar quanto tempo o brasileiro destina ao lazer, podemos dividir nossa população em várias microrregiões e depois selecionar algumas para estudo. Isso representaria uma boa economia em custos de viagem e deslocamento. Vantagens e desvantagens da amostragem por conglomerado Podemos dizer que a maior vantagem desse método de seleção é em relação à parte operacional, o que implica consequentemente na diminuição dos gastos. Selecionar um conglomerado e investigar a população ali dentro é mais barato que fazer outros métodos de amostragem que discutimos acima. Exemplo Uma pesquisa eleitoral, por exemplo, em um país como o nosso de dimensão continental pode ser algo muito complicado. A AC pode ser, então, extremamente vantajosa, pois imagine fazer uma seleção em todo país. A melhor coisa seria separar a população em grupos e dali selecionar alguns para estudo. Além disso, a utilização desses clusters geográficos pode diminuir muito os gastos da pesquisa. A maior desvantagem desse tipo de seleção é dos conglomerados serem muito homogêneos internamente. Isso seria muito ruim para a pesquisa, pois se os elementos dentro dos cluster forem muito parecidos, o plano amostral resultará em problemas no momento das análises estatísticas, pois irá apresentar maior variância. Dentro de um mesmo conglomerado as unidades tendem a ter valores semelhantes (alta correlação) no que diz respeito as variáveis da pesquisa. Esse fenômeno tende a fazer com que planos amostrais deste tipo sejam menos eficientes. Amostragem por conglomerados em estágios Até agora, você aprendeu a importância da criação dos conglomerados para a utilização desse plano amostral. Porém, a AC não se limita somente a isso, ela permite que se possam fazer vários estágios posteriores de seleção. Veremos agora como isso pode ser feito na prática. Amostragem por conglomerados em um estágio Esse é o tipo mais simples da AC. Primeiro, definimos os conglomerados e depois selecionamos uma amostra deles de acordo com algum plano amostral (amostra aleatória simples, por exemplo). Assim, primeiro organizamos os grupos e depois os selecionamos por AAS, a qual passa a ser chamada de amostragem por conglomerado simples (ACS). Para os conglomerados selecionados, todos os elementos pertencentes a esses conglomerados farão parte da amostra. Nesse caso, não definimos o tamanho da amostra, e sim a quantidade de clusters, pois a partir da seleção desses conglomerados, todos os indivíduos lá dentro serão entrevistados. Figura 3: Seleção de alguns conglomerados. Na Figura 3, temos a população dividida em 6 grupos, na qual 3 grupos foram aleatoriamente selecionados (pintados de amarelo). A partir do momento que isso foi realizado, a AC em 1 estágio diz que todos os indivíduos lá dentro serão selecionados, não importa quantos existam. Teoria na prática Imagine uma pesquisa que queira estimar a renda familiar média de alunos de uma determinada cidade. Considerando a amostragem por conglomerados em um estágio, quais as etapas utilizadas a fim de realizar essa pesquisa? Resolução Primeiro, pode-se dividir o município em distritos escolares. Ou seja, cada distrito será um conglomerado. Feito isso, devemos selecionar alguns conglomerados e então perguntar a renda familiar de cada um dos alunos. Dessa forma, uma amostra de unidades é obtida, selecionando uma amostra de conglomerados e incluindo todas as unidades nos conglomerados selecionados (amostragem conglomerada em 1 estágio ou ACS1). Amostragem por conglomerados em dois estágios Talvez você tenha pensado: Por que temos que selecionar todos os indivíduos? Por que não selecionar apenas alguns? Se você pensou isso, pensou exatamente na AC em 2 estágios. Nesse caso, após selecionar os conglomerados, devemos também selecionar indivíduos dentro de cada cluster. Logo, não ficamos à "mercê" do tamanho de cada conglomerado, podendo controlar melhor o custo da coleta da pesquisa. A Figura 4 mostra uma AC em dois estágios, em que primeiramente foram selecionados alguns conglomerados (2, 3 e 4) e depois apenas algumas unidades foram aleatoriamente selecionadas por AAS. Chamamos esse caso de amostragem por conglomerados em dois estágios, ou simplesmente ACS2. Figura 4: Seleção de elementos dentro dos conglomerados selecionados Amostragem por conglomerados em múltiplos estágios Uma terminologia bastante utilizada na seleção de dados diz respeito à unidade de amostragem. Os primeiros itens que são utilizados na amostragem são chamados de unidade primária de amostragem (UPA), os segundos grupos são chamados de unidade secundária de amostragem (USA), o terceiro nível chamado de unidade terciária de amostragem (UTA), e assim, sucessivamente. A amostragem em múltiplos estágios nada mais é que o desdobramento de mais unidades de seleção dos níveis anteriores. Imagine uma pesquisa escolar em um município. Primeiramente, cada escola é definida como um conglomerado em que algumas serão selecionadas. A partir desse sorteio, selecionam-se algumas turmas de cada escola e, por fim, selecionam-se alunos por turma, como pode ser visto na Figura 5. Figura 5: Representação de uma amostragem por conglomerado em vários estágios. Na Figura 5, primeiro selecionamos as escolas que farão parte da pesquisa (1 e 3), depois as turmas dessas escolas (turma 2 na escola 1 e turma 25 na escola 3). Por fim, fazemos uma seleção de alunos dentro de cada turma. Logo, temos: Unidade primária de amostragem (UPA): Escola. Unidade secundária de amostragem (USA): Turma. Unidade terciária de amostragem (UTA): Alunos. De forma resumida, temos essa amostragem por conglomerado em 3 estágios: Etapa 1 Amostra de UPAs selecionadas. Etapa 2 Seleção de uma amostra de USAs em cada uma das UPAs selecionadas na primeira etapa. Etapa 3 Amostra de unidades elementares selecionadas de cada uma das USAS selecionadas. Alguns autores utilizam o termo unidade elementar para o último nível de amostragem. Então, nesse caso, os alunos seriam chamados de UTAs ou de unidades elementares. Nesse exemplo vimos 3 estágios, porém isso poderia ser tão grande quanto os grupos formados. Poderíamos selecionar Estados do Brasil, depois cidades nesses estados, bairros nessas cidades, domicílios nesses bairros e indivíduos nesses domicílios. Teríamos uma amostragem por conglomerado em 5 estágios, sendo os Estados as UPAs e os indivíduos as unidades elementares. O que são e para que servem os conglomerados. Para entender mais o assunto, assista ao vídeo a seguir.Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. • • • Verificando o aprendizado Questão 1 (Adaptado de Marinha ‒ CP ‒ 2012) A amostragem por conglomerados é um método bastante utilizado de seleção amostral. Com relação à amostragem por conglomerados, é correto afirmar que: A Espera-se que unidades dentro do mesmo conglomerado tenham valores parecidos em relação às variáveis que estão sendo pesquisadas. Esta característica torna a amostra por conglomerados mais eficiente. B Em uma amostra de mesmo tamanho por amostragem aleatória simples ou de conglomerados, esta última tende a ter custo por elemento maior. C Para que o conglomerado seja um "bom" representante do universo, ele deve ser uma "microrrepresentação" do mesmo, ou seja, ter todo tipo de participante. D Comparando-se a amostragem de conglomerados com outros planos amostrais, ele tende sempre a ter menor variância. A alternativa C está correta. Na amostragem aleatória por conglomerados, esperamos grupos de elementos heterogêneos dentro dos conglomerados, a fim de obtermos representatividade da população. Dessa forma, para termos essa representação, precisamos de todo tipo de elemento da população na amostra. Questão 2 (Adaptado de Marinha ‒ CP ‒ 2012). Considerando-se a teoria da amostragem, analise as afirmativas abaixo. I - Na amostragem estratificada simples, a população é dividida em estratos (por exemplo: Sexo, renda etc.) e amostragem aleatória simples é utilizada na seleção de uma amostra de cada estrato. II - A amostragem por conglomerados é, em geral, menos eficiente que a amostragem aleatória simples e a amostragem estratificada, mas, por outro lado, é mais econômica. III - Na amostragem aleatória simples, seleciona-se sequencialmente cada unidade amostral com igual probabilidade, de tal forma que cada amostra tenha a mesma chance de ser escolhida. A seleção pode ser feita com ou sem reposição. Assinale a opção correta. A As afirmativas I, II e III são verdadeiras. B Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras. C Apenas a afirmativa III é verdadeira. D Apenas a afirmativa I é verdadeira. A alternativa A está correta. As três alternativas estão corretas. Na amostragem estratificada simples, a população é dividida em estratos e a AAS é utilizada na seleção de uma amostra de cada estrato. Na amostragem por conglomerados, a população é dividida em subpopulações (conglomerados) distintas. Alguns dos conglomerados são selecionados segundo a AAS e todos os indivíduos nos conglomerados selecionados são observados. Em geral, é menos eficiente que a AAS ou AE, mas, por outro lado, é bem mais econômica. Já na amostra aleatória simples seleciona-se sequencialmente cada unidade amostral com igual probabilidade; cada amostra tem a mesma chance de ser escolhida. A seleção pode ser feita com ou sem reposição. 2. Expressões estatísticas Introdução No módulo anterior, vimos todos os conceitos relacionados com a amostragem por conglomerados, suas vantagens e desvantagens e algumas comparações entre os planos amostrais. A partir deste módulo, vamos aprender como fazer estimações de quantidades de interesse a partir do plano amostral conglomerado. Primeiro, veremos as notações e definições básicas e, logo em seguida, utilizaremos todas as expressões matemáticas para fazer as estimações na teoria da amostragem. Por fim, veremos o conceito de correlação interclasse e como isso afeta a eficiência do plano amostral por conglomerados. Notação básica e estimação A amostragem por conglomerados utiliza-se de uma notação bastante específica no processo de estimação. Lembre-se de que desejamos conhecer nossa população, mas dificilmente trabalharemos com ela toda. Essas variáveis populacionais que temos interesse em estudar, porém não são conhecidas, são chamadas de parâmetros. Nosso objetivo a partir de uma amostra é conseguir estimar esses parâmetros populacionais. Por exemplo, a média de alguma variável de interesse da população é um parâmetro, entretanto dificilmente conseguiremos obter seu valor populacional, logo, fazemos uma amostra para estimar essa média. Saiba mais A teoria da estimação da AC em múltiplos estágios muda conforme o número de unidades de amostragem aumenta, porém, a parte básica é a mesma. Veremos a estimação da amostragem por conglomerado em 1 estágio. A notação utilizada é dada por:- Um identificador para representar o conglomerado a que pertence.- Um identificador para representar a variável a que se refere.- O valor de alguma variável da pesquisa chamamos de , ou seja, estamos nos referindo ao valor amostral de uma variável do conglomerado .- O tamanho populacional de um conglomerado é definido como , já o tamanho amostral de um conglomerado é dado por . Cada elemento dentro de um conglomerado é identificado por . Assim, para encontrar o tamanho da população, basta somar todas as unidades de todos os conglomerados. Dessa forma: No caso da amostra, a quantidade total de indivíduos é feita somando os indivíduos dos conglomerados selecionados, logo: Repare que o total geral é dado por maiúsculo na população e minúsculo na amostra . Na notação da AC, os parâmetros da população têm letras maiúsculas e as estimativas feitas pela amostra têm letras minúsculas. Parâmetros Populacionais Total no conglomerado i Média no conglomerado i Total populacional Média por conglomerado Média por unidade A partir da população, selecionamos uma amostra de conglomerados por AAS, dentre os N existentes. Com isso, utilizaremos os dados amostrais para fazer as estimações da seguinte forma: Total no conglomerado da amostra, Onde é o valor amostral da variável pesquisada para unidade do conglomerado . Média no conglomerado da amostra, Total amostral Média por conglomerado Média por unidade Probabilidade de inclusão dos conglomerados Probabilidade de inclusão das unidades Como na ACS1 selecionamos os conglomerados por AAS e depois pesquisamos todas as unidades, é natural que a probabilidade de inclusão dos conglomerados e a probabilidade de inclusão das unidades sejam iguais. De posse desses valores amostrais, podemos finalmente fazer nossas estimações, incluindo medidas de variância: Estimação da média É essa expressão então que usaremos para fazer a estimação da média de uma dada variável na AC. Em termos de variabilidade, temos as seguintes expressões para variância: Variância populacional do estimador da média Agora, usaremos o ^ para fazer a estimação com os dados amostrais. Estimador da variância do estimador da média Onde Além disso, o erro padrão do estimador da variância da média é dado por: Da mesma forma que fizemos para a média, podemos estimar o total populacional. Logo: Estimação do total populacional Onde são os pesos individuais, ou seja, é o inverso da probabilidade de seleção . Variância populacional do estimador do total Agora, usaremos o ^ para fazer a estimação com os dados amostrais. Estimador da variância do estimador do total Onde Além disso, o erro padrão do estimador da variância do total é dado por: Agora que você já conheceu as expressões utilizadas para fazer a estimação na AC, veremos um exemplo prático de sua utilização. Exemplo prático de fixação Você deseja estimar o número de unidades alugadas em um condomínio de empresas. O condomínio é formado por 270 áreas (blocos ou quadras, por exemplo). Você seleciona uma amostra aleatória simples de 20 destas áreas e determina, por meio de entrevistas em todas as unidades, o número de unidades alugadas dentro da área da amostra, para . Você calcula e encontra os seguintes valores: Etapa 1 Para encontrarmos a estimativa de Y, fazemos: Portanto, temos cerca de 4496 unidades alugadas nesse condomínio de empresas. Etapa 2 Para obtermos a estimativa da variância, temos que primeiro encontrar . Logo, como foi dado o valor de temos: Etapa 3 Agora, conseguimos estimar a variância do total, logo: O erro padrão estimado é de unidades alugadas. Coeficientesde correlação intraclasse Como já discutimos no módulo anterior, a eficiência de um conglomerado vai depender do grau de semelhança de seus elementos. Quanto mais similares forem os elementos dentro de um conglomerado, menos eficientes serão seus resultados. Assim, quanto maior a variabilidade intraconglomerados, maior a eficiência do plano amostral. Por outro lado, quanto menor a variabilidade dentro de um conglomerado, menos eficiente será aquele plano amostral. Atenção Dada essa importância aos indivíduos de um cluster, é muito importante utilizar alguma medida que indique o grau de similaridade dos elementos dentro dos conglomerados. Uma das medidas mais usuais é o coeficiente de correlação intraclasse (ICC - intraclass correlation coefficient). O ICC fornece, então, uma medida da homogeneidade ou heterogeneidade dentro de um conglomerado. Se os tamanhos dos conglomerados forem aproximadamente iguais, podemos calcular o ICC da seguinte forma: Porém, na prática, não precisamos calcular essa fórmula, pois o valor é aproximado por uma razão entre a variância dentro dos clusters e a variância total. Logo, usaremos a seguinte expressão para o ICC: Onde é a variância calculada dentro do conglomerado e é a variância total. Essa variância total é dada pela soma da variância entre os conglomerados ( ) e a variância dentro dos conglomerados , assim . Quanto mais próximo de 1 for o valor do ICC, mais correlacionadas estão aquelas unidades amostrais, logo, menos eficiente é o plano amostral por conglomerado. Essa expressão nos diz então que, se a variância dentro dos conglomerados for tão grande que , então . Ou seja, se a variância dentro dos clusters for máxima, a variância entre eles será aproximadamente zero e o ICC será próximo de zero também. Isso torna essa AC mais eficiente. Já se os conglomerados apresentarem pouca variabilidade interna, o valor de é pequeno, assim ICC fica mais próximo de 1 e menos eficiente é o uso da amostragem por conglomerados nesse caso. A estimação por conglomerados Para entender mais o assunto, assista ao vídeo a seguir. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 (Adaptado ‒ EBSERH ‒ 2014) O diretor de uma escola quer estimar a média das notas dos alunos que vivem em uma república. Em vez de obter uma lista de todos os estudantes na república e conduzir uma amostra aleatória simples, ele notou que a república consistia de 100 dormitórios (conglomerados), cada um com 4 estudantes. Ele escolheu aleatoriamente 5 desses dormitórios e verificou, para cada pessoa, sua média na grade curricular. Os resultados são os que seguem: As estimativas do total populacional e da média populacional são, respectivamente: A 900,37 e 4,28 B 900,37 e 12,20 C 1130,40 e 2,82 D 1130,40 e 11,34 A alternativa C está correta. Pela questão, temos que encontrar primeiramente a estimativa do total populacional. Logo, fazemos: Para encontrarmos a estimativa da média populacional, fazemos: Como representa o total de unidade dentre os conglomerados , e pelo enunciado temos 100 conglomerados e 4 indivíduos dentro, o valor de é . Portanto, a estimativa da média é dada por: A alternativa correta é letra c) com a estimativa do total igual a 1130,40 e a da média das notas igual a 2,82. Questão 2 Uma forma de medir a eficiência do plano amostral por conglomerado é através do coeficiente de correlação intraclasse (ou intraconglomerado). Foram obtidos os seguintes valores de variância intraconglomerado, e variância total, . A respeito dessas variâncias, calcule o ICC a marque a afirmativa correta. A O ICC calculado foi de aproximadamente 0.14. Além disso, na AC esperamos grupos de elementos homogêneos dentro dos conglomerados, a fim de obtermos representatividade da população. B O ICC calculado foi de 0.14 e quanto mais próximo de 1, mais homogêneo é um conglomerado e menos eficiente é o uso da amostragem por conglomerados. C O ICC calculado é de 1.16, logo a eficiência foi máxima já que o resultado foi acima de 1. D O coeficiente de correlação intraclasse mede o quanto os elementos dentro dos conglomerados são similares. Como o valor obtido foi 0.14, podemos dizer que esse plano não é nada eficiente. A alternativa B está correta. Na amostragem aleatória por conglomerados, esperamos grupos de elementos heterogêneos dentro dos conglomerados, a fim de obtermos representatividade da população. Uma medida de homogeneidade é dada pelo coeficiente de correlação intraclasse ICC. Ao calcularmos o ICC, temos: Quanto mais o ICC estiver próximo de 1, mais homogêneo é um conglomerado e menos eficiente é o uso da amostragem por conglomerados. 3. Amostragem sistemática para seleções e estimações amostrais Introdução No módulo anterior, vimos todos os conceitos relacionados com a estimação das quantidades de interesse em uma pesquisa, totais e médias, por exemplo, no caso da amostragem por conglomerado. Além disso, vimos como estimar a variância e o erro padrão para essas estimativas. Em seguida, entendemos como funciona o coeficiente de correlação intraclasse e como ele é útil para conhecer a variabilidade das observações e, consequentemente, a eficiência do plano conglomerado. Veremos agora neste módulo um caso particular da amostragem por conglomerado, que é a amostragem sistemática. Essa metodologia de seleção amostral, além de simples, é bastante utilizada na prática. Além disso, veremos também como fazer estimações para esse desenho amostral. Conceitos sobre amostragem sistemática A amostragem sistemática (AS) é um método de seleção amostral bastante simples, prático e muito utilizado. Se você pesquisar a palavra 'sistemático' no dicionário, vai encontrar algo como: Ordenado, regrado, que se comporta sempre de acordo com um método. É exatamente isso que ocorre nesse tipo de plano amostral. Como o próprio nome já diz, a AS é algo que depende de uma sistematização, de algo que sempre ocorre do mesmo jeito. Comentário Esse método de amostragem é bastante utilizado na prática, mas deve ser aplicado com cuidado. Suponha que os elementos de uma população estejam organizados em fila. Não se deve selecionar somente os primeiros, ou somente os últimos, ou ainda, somente os do meio da fila. O correto é percorrer toda a fila e fazer uma seleção que seja completamente aleatória. Mas como garantir que toda a lista seja percorrida? Vamos ver um exemplo para começar a entender como isso pode ser realizado. Teoria na prática Imagine que você tenha sido contratado para fazer uma pesquisa na fila de um show super famoso e lotado. Seu objetivo é descobrir algumas informações básicas sobre aquelas pessoas, como: De onde vieram, quanto tempo vão ficar, quanto pretendem gastar dentro do evento etc. Você não tem cadastro, não tem como criar estratos, não tem como criar cluster de estudo. Então, como você poderia fazer uma pesquisa assim? Resolução Talvez você tenha pensado em algo do tipo: Podíamos entrevistar algumas pessoas dessa fila de tempos em tempos. Parabéns! Você intuitivamente pensou na amostragem sistemática. Nesse módulo de seleção, precisamos iniciar em algum ponto e depois disso somente ir pesquisando de acordo com algum intervalo preestabelecido. Você pode começar entrevistando o 1° da fila, depois de 10 entrarem você entrevista de novo, espera mais 10 entrarem e entrevista mais 10, e assim, sucessivamente. A AS consiste em selecionar uma unidade a cada unidades, começando de uma partida inicial completamente aleatória, um ponto de início que deve ser sorteado. De acordo com Kalton (1983), temos que considerar os elementos da população reunidos em grupos definidos por um intervalo de amplitude e sortear um elemento de cada grupo para compor a amostra. Além disso, as unidades são selecionadas sem reposição. Até porque não faz sentido nenhum entrevistar alguém que já foi entrevistado (nesse caso) e até mesmo já saiu da fila. Além disso, as unidades têm a mesma chance de serem selecionadas,assim: Probabilidade de uma unidade ser selecionada: Portanto, a probabilidade de uma unidade fazer parte da amostra vai depender somente desse fator . Etapas da seleção amostral Ao realizar a amostragem sistemática, temos de seguir alguns passos. Etapa 1 Consideremos uma população de N unidades, ordenada de 1 a N. O primeiro passo é a ordenação da listagem. Etapa 2 Divida o tamanho da população pelo tamanho da amostra ( ), obtendo o intervalo de retirada e o resto da divisão , logo: Etapa 3 Selecione um número inteiro r aleatório entre 1 e , isto é, , com probabilidades iguais a para todos os inteiros do intervalo. Esse número pode ser selecionado por AAS. Etapa 4 Por fim, selecione a amostra usando a seguinte regra: Lembre-se de que, ao listar todas as possíveis amostras que podem ser retiradas , encontramos o espaço amostral (conjunto de todas as amostras possíveis de serem obtidas) desse plano. Além disso, temos que: Assim, se o resto for menor que o inteiro , o tamanho da amostra vale , porém, se o resto for maior, o tamanho amostral vai ser . Por isso, dizemos que o tamanho da amostra não é fixo. Em suma, vamos encontrar um ponto inicial de amostragem e, então, a partir de um valor fixo, vamos selecionar as próximas amostras. Parece complicado, mas não é não. Vejamos alguns exemplos práticos para entender melhor esta metodologia. Exemplo de fixação 1 Em uma turma de 20 alunos, deseja-se entrevistar 4 indivíduos para responder a uma pesquisa. Como isso poderia ser feito sob a amostragem sistemática? Etapa 1 Se a população é , então, primeiro, vamos encontrar nosso intervalo de retirada , fazendo: Nesse caso, o resto é igual a zero. Assim, temos e . Agora, temos que selecionar nosso ponto de partida , e como , o pode ser ou , pois é sempre menor ou igual a . Etapa 2 Suponha que a seleção por AAS do tenha sido realizada e encontrado o valor 1, e como temos , então . Dessa forma, teremos , e como , então pode variar de 1 a 4. Assim, teremos: . Com isso, o primeiro elemento entrevistado será o 1 e depois os próximos serão coletados de em . Para o segundo elemento, temos , e assim, sucessivamente: Etapa 3 Se tivéssemos , teríamos . Para , temos . Para , temos . Para , temos . Ao encontrar as sequências temos todas as opções de AS para essa pesquisa. Mas e se tivéssemos ao invés de 20 indivíduos? Como faríamos? Vamos ver o exemplo 2. Exemplo de fixação 2 Se tivéssemos , faríamos: . Ou seja, com resto 3 Etapa 1 Assim, daria e o resto é igual a 3. E o tamanho de amostra seria variável, pois para e temos , o que faz com que a amostra seja , ou seja, . Etapa 2 Temos, então, para , Para Para Para , o valor de passa a ser maior do que , o que faz com que Logo, Etapa 3 Para esse último caso, temos o tamanho de amostra menor, pois se somarmos 4 ao ultimo elemento (16) dará 20, porém não temos esse elemento na população. Por isso que dependendo do e do o tamanho amostral pode variar. Vantagens da AS Facilidade de execução A AS é um método simples e básico de seleção amostral. Devido à sua simplicidade, é muitas vezes comparada à própria AAS. E acaba sendo na verdade até mais fácil de selecionar que a AAS, pois a partir do momento que se tem o ponto inicial, basta obter as outras amostras de forma regular (com o intervalo de retirada k). Espalhamento da amostra Outro aspecto positivo da AS é que esse método espalha a amostra mais uniformemente sobre a população. Como o plano sistemático seleciona elementos de acordo com o intervalo k de seleção, ele permite que a amostra se distribua de forma totalmente regular sobre a população. Isso faz com que nenhuma parte da população seja privilegiada em detrimento das demais. Desvantagens da AS Apesar de ser um método bastante utilizado na prática, a AS apresenta alguns aspectos negativos também. Custo O primeiro deles é o custo elevado para pesquisar pessoas (amostra espalhada). Como a amostra é bem distribuída na população, pode ser que se tenha um custo elevado para selecionar a amostra, principalmente se ela for muito grande. Estimativas tendenciosas Outro ponto importante a se considerar é que a periodicidade no cadastro pode resultar em estimativas ineficientes, a menos que as unidades sejam reordenadas. Imagine uma lista de empresas na qual as mesmas sejam selecionadas na AS dado que o intervalo de retirada e o ponto de partida sejam sempre os mesmos. Essa informação depois de um tempo pode apresentar estimativas tendenciosas, então deve-se reorganizar o cadastro para evitar esse tipo de problema. Complicações para estimar precisão Por fim, um problema real na AS ocorre na estimação de medidas de precisão. É realmente complicado estimar a variância para esse tipo de amostragem. De acordo com Bolfarine (2005), no caso em que a população está em ordem aleatória, não existem muitos problemas em se estimar a variância do estimador obtido através da amostra sistemática pela estimativa do estimador da AAS. Esse é um resultado importante, pois mesmo com recursos computacionais, pode ser difícil encontrar essa variância. Assim, o que é feito na prática é aproximar essa estimação pelas fórmulas de estimação da variância por AAS. Estimação sob AS As estimativas sob o plano da amostragem sistemática são feitas a partir de expressões bastante simples. O problema surge quando se pretende fazer a estimação da variância. Para os casos em que a amostra não apresente nenhum tipo de tendência, usaremos as expressões de variância aproximadas pela AAS sem reposição. Temos as seguintes expressões, então: Estimador da média Estimador do total Estimador da proporção populacional (Proporção amostral) Estimador da variância do estimador da média Estimador da variância do do estimador total Estimador da variância do estimador da proporção Além disso, o Erro padrão de todos os estimadores acima é dado por: Agora que você já entendeu as expressões utilizadas para fazer a estimação na AS, vejamos um exemplo prático de sua utilização: Um museu interativo pretende investigar a avaliação do público sobre seu acervo. Por isso, ao final do percurso das obras em exposição, pretende-se entrevistar alguns indivíduos. Como não se deseja criar nenhum tipo de tendência nos dados, e sim espalhar bem a pesquisa, pensou-se em fazer uma amostragem sistemática. Em geral, passam cerca de 210 pessoas pelo museu e para não cansar os frequentadores, fizeram uma amostra com 20 indivíduos. Primeiramente, calculamos o intervalo de retirada obtendo com resto . Como , temos de selecionar nosso inteiro entre 1 e 10. Ao realizar uma AAS, vamos supor que tenha saído . Ou seja, o primeiro indivíduo a ser entrevistado será o 5 e depois de 10 em 10. Como , temos que . Dessa forma, vamos ter que entrevistar 21 indivíduos. As respostas obtidas foram: Indivíduo Posição na fila Gostou do museu Tempo dentro do museu (min.) Dinheiro gasto com souvenir (R$) 1 5 1 30 20 2 15 1 60 0 3 25 1 40 40 4 35 0 20 10 5 45 1 40 5 6 55 1 60 30 7 65 0 40 0 8 75 1 50 20 9 85 1 20 30 10 95 1 30 0 11 105 1 45 0 12 115 0 25 0 13 125 1 60 50 14 135 0 30 10 15 145 0 20 20 16 155 1 90 20 17 165 1 80 50 18 175 1 100 80 19 185 1 90 70 20 195 1 40 20 21 205 1 50 50 Soma - 16 1020 525 Tabela 1: Resultados de uma pesquisa por amostragem sistemática. Fonte: O Autor, 2020. Vamos fazer estimativas para o tempo médio dentro do museu, o total gasto com souvenir na loja de conveniência e se a pessoa gostou do museu (1 ‒ gostou e 0 ‒ não gostou). Além disso, encontraremos as estimativas de variância e seu erro padrão. Estimativa do tempo médio dentro do museu: Lembrando que o tempo deve estar na mesma unidade de medida, ou tudo em minutos ou tudo em horas. Assim, a estimativa média de tempo que as pessoas ficam dentro do museu é de 48,5 minutos. A estimativa do total é dada por: . Dessa forma, a estimativa de vendas da loja de conveniência do museu é de cerca de R\$5250 por dia.A estimativa da proporção de pessoas que gostaram do museu é de . Temos então que cerca de das pessoas avaliaram positivamente o acervo do museu. A estimativa da variância da média é dada por: . Precisamos encontrar . Logo, . Assim, . Logo, o erro padrão é dado por . Dessa forma, o erro padrão decorrente da estimativa do tempo médio de permanência dentro do museu é de cerca de 5 minutos. Esse valor logicamente varia de pessoa para pessoa, mas, em média, esse erro de medição foi de 5 minutos. Para a estimativa da variância do total, temos: . Logo, o erro padrão é dado por . Dessa forma, podemos dizer que o erro da estimativa do total gasto pelos clientes na loja de conveniência para essa amostra foi de cerca de . Por fim, encontraremos a estimativa da variância da proporção populacional. Fazemos então . Logo, o erro padrão é dado por . Dizemos, então, que o erro devido à estimativa das pessoas que disseram gostar da exposição é de cerca de . Relação com a amostragem por conglomerados Agora que você já conheceu toda a amostragem sistemática, pode estar se perguntando: Mas qual a relação entre a AC e a AS? Talvez você já tenha "decifrado a charada", se não, vamos ver o exemplo da tabela 2 para entendermos juntos. 1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 minutos. 2 7 12 17 22 27 32 37 42 47 3 8 13 18 23 28 33 38 43 48 4 9 14 19 24 29 34 39 44 49 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Tabela 2: Exemplo de conglomerados formados dentro da amostragem sistemática. Fonte: O Autor, 2020. Exemplo Suponha uma população de pessoas e que se deseja fazer uma pesquisa com 10 indivíduos. Nesse caso, nosso kseria igual a 5 . Se você reparar bem na Tabela 2, estamos fazendo uma amostragem sistemática a cada 5 individuos a partir do elemento 4 selecionado por AAS. Mas olhe que interessante, você pode pensar que cada um desses grupos de 5 pessoas é um conglomerado, ou seja, cada grupo de 5 pode ser considerado um cluster. Dessa forma, podemos considerar a AS como um caso particular da AC quando os conglomerados têm esses tamanhos fixos. De acordo com Bolfarine (2005), a seleção de uma amostra sistemática pode ser vista como a seleção de uma amostra por conglomerados, na qual o número de conglomerados é , e destes conglomerados, algum elemento é selecionado para ser observado. A amostragem sistemática Para entender mais o assunto, assista ao vídeo a seguir. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 (Adaptado ‒ CESPE ‒ 2020) O dono de um restaurante pretende selecionar 50 de seus clientes fidelizados para a degustação de uma nova receita que deseja incluir no cardápio. Ele possui um cadastro no qual cada cliente fidelizado está numerado sequencialmente de 1 a 1980. Para realizar a seleção, ele decidiu utilizar a técnica de amostragem sistemática. Nessa situação, caso o intervalo de seleção da amostra seja igual a 39 e a primeira unidade populacional selecionada seja a 12ª, então a terceira unidade populacional selecionada será a: A 117ª B 36ª C 90ª D 3ª A alternativa C está correta. Pela questão, temos que e . Portanto, podemos encontrar o intervalo de retirada , fazendo e resto . 0 ponto de partida da amostragem foi dado e vale 12. Dessa forma, o primeiro indivíduo a ser entrevisto é o , depois o . Por fim, a terceira unidade populacional selecionada será \(51+k=51+39=90a. Questão 2 Uma população é composta por 2960 elementos que estão ordenados em fila. Uma pesquisa pretende fazer um levantamento de dados com a retirada de uma amostra sistemática de 20 elementos dessa população. Quais seriam as posições dos três primeiros e dos três últimos elementos selecionados? Além disso, considere o primeiro elemento a ser selecionado como o de posição 44. A Os três primeiros são: 44, 192 e 340. Os três últimos são: 2412, 2560 e 2856. B Os três primeiros são: 44, 64 e 84. Os três últimos são: 2412, 2560 e 2856. C Os três primeiros são: 44, 192 e 340. Os três últimos são: 2116, 2560 e 2856. D Os três primeiros são: 44, 200 e 348. Os três últimos são: 2412, 2560 e 2960. A alternativa A está correta. Para encontrarmos as amostras, precisamos encontrar inicialmente nosso intervalo de seleção, assim e resto . Partindo do ponto inicial 44 da fila, teremos as três primeiras amostras compostas por . Logo, teremos 44, 192 e 340. Como nossa amostra tem tamanho 20, podemos encontrar os três últimos elementos da seguinte forma: , e 2856 . Multiplicamos por 16, 17 e 18 ao invés de 18,19 e 20 porque o primeiro valor de é usado somente no segundo elemento. 4. Conclusão Considerações finais Ao longo dos módulos, foi possível entender mais sobre o método de amostragem por conglomerado em um, dois e múltiplos estágios, além da amostragem sistemática. Vimos também as comparações entre alguns planos amostrais e a importância do coeficiente de correlação intraconglomerados. Inicialmente, discutimos os conceitos fundamentais da amostragem por conglomerados, a criação dos clusters e a importância da heterogeneidade dentro dos grupos. Além disso, aprendemos as diferenças da conglomeração em um, dois e múltiplos estágios. No segundo módulo, apresentamos as ferramentas estatísticas de estimação das quantidades de interesse. Aprendemos como estimar um total e uma média a partir de uma amostra conglomerada e também as estimativas de variância dessas medidas. Vimos que existe uma medida muito utilizada para trabalhar a questão da eficiência da AC, no caso, o coeficiente de correlação intraclasse (ICC). Quanto mais próximo de 0 estiver o ICC, menos correlacionadas estarão as unidades amostrais, o que torna o plano mais eficiente. Por fim, investigamos também a amostragem sistemática, que é um caso particular da amostragem por conglomerados. Vimos seus aspectos metodológicos e como selecionar as amostras por esse método. Ao final, utilizamos expressões da AS para fazer estimação de algumas variáveis de interesse na pesquisa. Assim, temos certeza de que, ao chegar ao fim deste tema, você entendeu a importância da amostragem por conglomerados e da sistemática, e como fazer estimativas das variáveis de interesse para cada plano amostral. Podcast Para encerrar, ouça o áudio sobre amostragem por conglomerados. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para ouvir o áudio. Explore+ Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia: Amostragem Sistemática (AS), Universidade Federal do Paraná. Formas de Amostragem, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas UNESP. • • Noções de Amostragem, Universidade Estadual de Santa Cruz. Principais Aspectos de Amostragem das Pesquisas Domiciliares do IBGE ‒ Revisão 2015, Biblioteca do IBGE. Referências BOLFARINE, H.; BUSSAB, W. O. Elementos de Amostragem. São Paulo: Blucher, 2005. BONAFINI, C. F. Probabilidade e Estatística. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. COCHRAN, W. G. Sampling Techniques. Third edition. New York: John Wiley & Sons, 1977. FERREIRA, V. A. M. Análise Estatística. Rio de Janeiro: Estácio, 2015. JESSEN, R. J. Statistical Survey Techniques. New York: Wiley, 1978. KALTON, G. Introduction to Survey Sampling. In: SAGE University Paper Series on Quantitative Applications in the Social Sciences, series no. 07-035. Beverly Hills and London: SAGE Publications, Inc., 1983. LARSON, R.; FABER, B. Estatística Aplicada. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2009. LOHR, S. Sampling: Design and Analysis, 2nd. edition. 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Amostragem por conglomerados em um ou mais estágios Introdução Motivações da amostragem por conglomerado Dica Comparação da amostragem estratificada e amostragem por conglomerados Conceitos sobre amostragem por conglomerado Comentário Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Vantagens e desvantagens da amostragem por conglomerado Exemplo Amostragem por conglomerados em estágios Amostragem por conglomerados em um estágio Teoria na prática Resolução Amostragem por conglomerados em dois estágios Amostragem por conglomerados em múltiplos estágios Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 O que são e para que servem os conglomerados. Conteúdo interativo Verificando o aprendizado (Adaptado de Marinha ‒ CP ‒ 2012) A amostragem por conglomerados é um método bastante utilizado de seleção amostral. Com relação à amostragem por conglomerados, é correto afirmar que: (Adaptado de Marinha ‒ CP ‒ 2012). Considerando-se a teoria da amostragem, analise as afirmativas abaixo.I - Na amostragem estratificada simples, a população é dividida em estratos (por exemplo: Sexo, renda etc.) e amostragem aleatória simples é utilizada na seleção de uma amostra de cada estrato.II - A amostragem por conglomerados é, em geral, menos eficiente que a amostragem aleatória simples e a amostragem estratificada, mas, por outro lado, é mais econômica.III - Na amostragem aleatória simples, seleciona-se sequencialmente cada unidade amostral com igual probabilidade, de tal forma que cada amostra tenha a mesma chance de ser escolhida. A seleção pode ser feita com ou sem reposição.Assinale a opção correta. 2. Expressões estatísticas Introdução Notação básica e estimação Saiba mais Parâmetros Populacionais Total no conglomerado i Média no conglomerado i Total populacional Média por conglomerado Média por unidade Total no conglomerado da amostra, Média no conglomerado da amostra, Total amostral Média por conglomerado Média por unidade Probabilidade de inclusão dos conglomerados Probabilidade de inclusão das unidades Estimação da média Variância populacional do estimador da média Estimador da variância do estimador da média Estimação do total populacional Variância populacional do estimador do total Estimador da variância do estimador do total Exemplo prático de fixação Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Coeficientes de correlação intraclasse Atenção A estimação por conglomerados Conteúdo interativo Verificando o aprendizado Questão 1 As estimativas do total populacional e da média populacional são, respectivamente: 3. Amostragem sistemática para seleções e estimações amostrais Introdução Conceitos sobre amostragem sistemática Comentário Teoria na prática Resolução Etapas da seleção amostral Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 Exemplo de fixação 1 Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Exemplo de fixação 2 Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Vantagens da AS Desvantagens da AS Estimação sob AS Estimador da média Estimador do total Estimador da proporção populacional (Proporção amostral) Estimador da variância do estimador da média Estimador da variância do do estimador total Estimador da variância do estimador da proporção Relação com a amostragem por conglomerados Exemplo A amostragem sistemática Conteúdo interativo Verificando o aprendizado (Adaptado ‒ CESPE ‒ 2020) O dono de um restaurante pretende selecionar 50 de seus clientes fidelizados para a degustação de uma nova receita que deseja incluir no cardápio. Ele possui um cadastro no qual cada cliente fidelizado está numerado sequencialmente de 1 a 1980. Para realizar a seleção, ele decidiu utilizar a técnica de amostragem sistemática. Nessa situação, caso o intervalo de seleção da amostra seja igual a 39 e a primeira unidade populacional selecionada seja a 12ª, então a terceira unidade populacional selecionada será a: Uma população é composta por 2960 elementos que estão ordenados em fila. Uma pesquisa pretende fazer um levantamento de dados com a retirada de uma amostra sistemática de 20 elementos dessa população. Quais seriam as posições dos três primeiros e dos três últimos elementos selecionados? Além disso, considere o primeiro elemento a ser selecionado como o de posição 44. 4. Conclusão Considerações finais Podcast Conteúdo interativo Explore+ Referências