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Riscos ocupacionais

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Riscos ocupacionais
Os riscos ocupacionais existem nos ambientes de trabalho e, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. São divididos em cinco grupos:
Risco químico, risco físico, risco biológico, risco de acidente e risco ergonômico e psicossocial 
Por que conhecer os riscos ocupacionais?
Conhecer os riscos ocupacionais é fundamental para que as empresas possam manter os ambientes seguros mediante a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o controle da ocorrência dos fatores/agentes de riscos, levando em consideração a proteção do meio ambiente.
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) exige ambientes de trabalho seguros, tornando obrigatórias, para as empresas, a adoção de medidas de segurança e a observação de suas regras, tais como:
Respeito às normas
Cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho.
Instrução de funcionários
Instruir os empregados, por meio de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar para prevenir acidentes ou doenças ocupacionais.
Adoção de medidas
Adotar as medidas determinadas pelo órgão regional competente.
É direito do trabalhador exercer atividades laborais em um ambiente seguro, cujos riscos ocupacionais não o prejudiquem. Cabe ao empregador cuidar dos agentes de riscos, embora o trabalhador também deva fazer a sua parte, como veremos adiante.
Entre as obrigações do empregador, estão:
Identificar os fatores de risco no ambiente de trabalho e procurar eliminá-los ou minimizá-los.
Adotar medidas de controle e efetuar constante monitoramento desses riscos, evitando que causem danos aos trabalhadores.
Cuidar dos reflexos desses riscos na saúde dos trabalhadores por meio de acompanhamento dos exames periódicos e das consultas médicas.
Caso seja necessário, adotar medidas corretivas se os agentes de riscos estiverem muito além do permitido por Lei.
O monitoramento dos agentes não pode parar, deve ser constante, por isso as empresas precisam contratar profissionais capacitados para acompanhar esse ciclo.
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Atenção!
Alguns ambientes podem ser considerados insalubres por não garantirem o cumprimento das normas de segurança. Nesse caso, se realmente ficar comprovado que o ambiente não oferece a segurança devida aos trabalhadores, o empregador será obrigado a pagar um adicional de insalubridade. Esse adicional assegura ao trabalhador um valor acrescentado ao seu salário, incidente sobre o salário mínimo da região equivalente a 40% para insalubridade de grau máximo; 20% para insalubridade de grau médio; e 10% para insalubridade de grau mínimo.
A eliminação ou a neutralização da insalubridade no ambiente de trabalho determinará a cessação do pagamento do adicional. Em geral, decorre da adoção de medidas que conservam o ambiente de trabalho nos limites de tolerância e com a utilização de equipamento de proteção individual (EPI).
Mapas de riscos ambientais/ocupacionais
Conhecer os riscos ocupacionais é imprescindível para que a equipe da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) possa elaborar o mapa de riscos ambientais/ocupacionais. Esse mapa é uma representação gráfica fiel da planta (layout) dos setores de uma empresa/organização. Com base nele, os trabalhadores podem identificar quais os riscos presentes nos setores da empresa e, com isso, saberão da necessidade de vestimentas especiais ou equipamentos de proteção para acessar tais setores. Aliás, o mapa é uma das formas de garantir ao trabalhador o acesso às informações sobre os riscos presentes no trabalho e sobre suas condições de saúde. É direito do trabalhador ter todas as informações relacionadas ao seu processo de trabalho.
Veja, a seguir, um exemplo de Mapa de Riscos:
Mapa de riscos de um centro cirúrgico.
Para a elaboração do mapa, a Cipa deve ter a assessoria da equipe do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt).
Ainda sobre a classificação dos riscos ocupacionais, é preciso lembrar que eles muitas vezes afetarão a saúde do trabalhador por meio do que chamamos de fatores de risco, tais como: ruído, poeira, calor, bactéria, produto químico, entre outros. Há ainda os fatores relacionados à organização do trabalho, que podem causar doenças osteomusculares e transtornos mentais.
No ambiente de trabalho, é possível que o trabalhador esteja exposto a mais de um agente.
Em outras palavras, podemos encontrar alguns fatores de risco de grupos de risco diferentes em um mesmo ambiente de trabalho.
Exemplo
Na indústria têxtil, pode ocorrer: maquinário com ruído (agente de risco físico), poeira da matéria-prima (agente de risco químico) e postura inadequada para manuseio da máquina (agente de risco ergonômico).
Há ainda um agravante: dependendo do fator de risco, as doenças só se manifestarão anos após a exposição, muitas vezes após o término de um contrato de trabalho.
Agentes de risco ocupacional X Adoecimento dos trabalhadores
Para compreender a relação entre o trabalho e o processo de adoecimento, diversos países (incluindo o Brasil) adotaram a classificação elaborada em 1984 por Richard Schilling. O professor de medicina inglês agrupou as doenças segundo a contribuição ou o “papel causal” desempenhado pelo trabalho no adoecimento.
A classificação de Schilling orienta os profissionais da saúde sobre a possível relação do adoecimento com a exposição a riscos presentes no trabalho:
Grupo I
Doenças em que o trabalho é a causa necessária.
Exemplo: silicose.
Grupo II
Doenças em que o trabalho pode ser um fator contributivo, mas não necessário, ou seja, o trabalho pode ou não estar favorecendo a condição do trabalhador.
Exemplo: hipertensão.
Grupo III
Doenças em que o trabalho é um agravador de um distúrbio latente.
Exemplo: depressão.
Essa classificação facilita o trabalho do médico quando é preciso relacionar o diagnóstico (doença) com o ambiente de trabalho (causa) e estabelecer o nexo ocupacional, mais conhecido como nexo causal.
Vejamos um exemplo de nexo ocupacional:
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Exemplo
JPS trabalha há 10 anos exposto à poeira de sílica. Após esse período, começou a apresentar diminuição da capacidade respiratória, fraqueza, tosse intensa, dores no peito e perda de peso. Foi ao médico e após a anamnese (perguntas que o médico faz ao paciente) e alguns exames, foi diagnosticado com silicose, uma doença proveniente da exposição ao pó de sílica. Ao comprovar que o trabalhador desenvolveu a doença por causa do trabalho, teremos um nexo de causalidade — causa (ambiente/pó de sílica) e efeito (doença).
Agora que já falamos sobre as formas de adoecer e a sua relação com o trabalho, vejamos o que acontecerá com o trabalhador adoecido ou em processo de adoecimento.
O trabalhador adoecido
Para entendermos o que pode acontecer aos trabalhadores quando adoecem, é interessante lembrar de alguns conceitos/termos chave:
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Adoecimento ocupacional
Qualquer alteração biológica ou funcional (física ou mental) que ocorre com uma pessoa em decorrência do trabalho.
2. task_alt
Empregador (com ou sem CNPJ)
Empresa, individual ou coletiva, que assume os riscos da atividade econômica: admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
3. task_alt
Empregado
Pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a um empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Pode ser: empregado do setor privado (com ou sem carteira de trabalho assinada); empregado do setor público (com ou sem carteira de trabalho assinada, militar, servidor público estatuário); e empregado rural.
4. task_alt
Trabalhador doméstico
Pessoa física que presta serviço em domicílio, com ou sem carteira de trabalho assinada.
5. task_alt
Empregado contratado em regime CLT
Pessoa física que trabalha sob o regime da Consolidação da Leis do Trabalho (CLT), ou seja, tem carteira de trabalho assinada pelo empregador. Neste caso, há alguns direitos garantidos (caso tenha necessidade, pode receber benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social, INSS).
Qual é a responsabilidade do médicoque atende um trabalhador em processo de adoecimento?
Como vimos, o médico precisa atender o trabalhador com atenção, coletar informações sobre sua vida pessoal e profissional, solicitar exames complementares (se for preciso) e formular um diagnóstico. Nem sempre o médico faz o diagnóstico imediatamente, às vezes precisa de tempo para investigar o que está acontecendo com o trabalhador. O médico também poderá prescrever o tratamento e/ou encaminhar o trabalhador para outros profissionais, como psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, entre outros.
Uma vez constatado que o trabalhador não tem condições de retornar ao trabalho, o médico deverá fornecer um atestado com os dias necessários de afastamento. Às vezes o trabalhador está adoecendo e isso não tem nenhuma relação com o trabalho, porém, mesmo assim, o trabalhador precisará ser afastado para se tratar. Caso não haja necessidade de afastamento, o médico deverá entregar ao trabalhador uma declaração de comparecimento à consulta, com a data e o tempo que ficou no consultório em atendimento.
Se o médico que atendeu o trabalhador não é médico do trabalho e não tem acesso à Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), mas diagnosticou uma doença ocupacional, então deverá emitir apenas um laudo sobre as condições de saúde do trabalhador, para que este o entregue na empresa e o laudo seja anexado à CAT.
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