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Saúde e segurança nas organizações

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Saúde e segurança nas organizações
Primeiras palavras
Para a promoção da saúde dos trabalhadores e a prevenção de acidentes de trabalho, as empresas precisam desenvolver um sistema eficaz de segurança no trabalho. Ele deve ser aprimorado continuamente, levando em consideração as recomendações da OIT, assim como as legislações nacionais, a participação de equipes especializadas no assunto, a capacitação dos trabalhadores e a rede de informações.
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Atenção!
Das equipes especializadas que atuam na maior parte das empresas, duas serão abordadas neste módulo. No entanto, outras também são importantes e desempenham seu papel com o propósito de contribuir na promoção da saúde dos trabalhadores.
Essas equipes estão contempladas nas NR-4 e NR-5 que, conforme já apontamos, tratam respectivamente dos SESMT e da CIPA. Tendo isso em vista, destacaremos a seguir as características das principais normas da área da segurança do trabalho.
Normas regulamentadoras
Antes de prosseguirmos com o conteúdo, vamos relembrar o que são as NRs?
As NRs são disposições complementares ao capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), consistindo em obrigações, direitos e deveres a serem cumpridos por empregadores e trabalhadores com o objetivo de garantir trabalho seguro e sadio, prevenindo a ocorrência de doenças e acidentes de trabalho.
(BRASIL, 2020b)
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT)
Os SESMT foram criados para promover a saúde e proteger a integridade física e mental do trabalhador no local de trabalho. Sua equipe é composta por engenheiros de segurança do trabalho, técnicos de segurança do trabalho, médicos do trabalho, enfermeiros do trabalho e técnicos de enfermagem do trabalho.
O número de cada componente na equipe depende do contingente de funcionários da empresa e da gradação de risco da atividade principal do estabelecimento. Isso significa que o número de componentes dos SESMT varia de acordo com algumas características do negócio.
Você sabe como encontrar o grau de risco em que uma empresa se enquadra?
Podemos verificá-lo acessando o quadro I da NR-4. Visualizamos ali a relação da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) com o correspondente grau de risco do tipo de atividade principal da empresa.
Vejamos, a seguir, quais são as responsabilidades das equipes dos SESMT:
1. construction
Aplicar conhecimentos de engenharia de segurança e de medicina do trabalho ao ambiente laboral e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir e até eliminar os riscos existentes à saúde do trabalhador.
2. construction
Determinar – quando esgotados todos os meios conhecidos para a eliminação do risco e ele ainda persistir, mesmo que esteja reduzido – a utilização de EPI pelo trabalhador de acordo com as determinações da NR-6, desde que a concentração, a intensidade ou a característica do agente assim o exija.
3. construction
Responsabilizar-se tecnicamente pela orientação quanto ao cumprimento do disposto nas NRs aplicáveis às atividades executadas pela empresa e/ou a seus estabelecimentos.
4. construction
Manter permanente relacionamento com a CIPA, valendo-se ao máximo de suas observações, além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la segundo dispõe a NR-5.
5. construction
Promover, por meio de campanhas e programas de duração permanente, a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais.
6. construction
Esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção.
7. construction
Registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, doenças ocupacionais e agentes de insalubridade.
As empresas são responsáveis pela segurança dos trabalhadores; portanto, devem assegurar os meios para que as equipes dos SESMT possam trabalhar de forma eficaz, cumprindo todas as atribuições.
Sistema de inspeção de segurança no trabalho
A inspeção da segurança no trabalho é uma tarefa essencial na prevenção de acidentes e adoecimento dos trabalhadores. Um sistema de inspeção eficaz é fundamental para promover e monitorar se esse ambiente está em conformidade com a legislação de segurança.
Ao participarem da elaboração e manutenção de uma cultura de prevenção, os inspetores do trabalho se tornam parte do processo, sendo os facilitadores da mudança.
Entre os objetivos da inspeção do trabalho, destacam-se os seguintes:
· Aplicação de normas relacionadas às condições de trabalho e à proteção dos trabalhadores em seu ambiente de trabalho.
· Fornecimento de informações técnicas a empregadores e trabalhadores sobre os meios mais eficazes de cumprimento dos dispositivos legais.
· Identificação de outras situações não contempladas nas legislações que possam causar danos aos trabalhadores.
· Redução do número de mortes, lesões e doenças relacionadas ao trabalho, criando uma cultura de prevenção e promoção da saúde de acordo com o sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho.
Veja o que Scandelai e colaboradores falam sobre as inspeções de segurança:
As inspeções de segurança permitem aos componentes dos SESMT detectar riscos de acidentes existentes em empresas e, consequentemente, tomar providências em caráter preventivo.
(SCALDELAI et al., 2011)
O papel preventivo da equipe implica ações proativas, como a realização de visitas planejadas de inspeção para fins de educação, além da avaliação de planos para novos compartimentos, instalações, equipamentos e processos.
A equipe também deve conscientizar as empresas sobre a importância dos fatores psicossociais, uma vez que as condições “não físicas” são tão prejudiciais quanto as físicas e podem gerar acidentes de trabalho.
Situações como ritmo de trabalho acelerado, muita exigência das chefias, trabalho monótono, medo de demissão, violência física e/ou emocional e assédio moral e/ou sexual, além de todo tipo de discriminação, são exemplos de situações que podem gerar danos no trabalhador.
A inspeção do trabalho geralmente é realizada pela equipe de segurança, além de engenheiros e técnicos de segurança do trabalho. Por enfrentarem situações mais exigentes, esses profissionais precisam ter uma abordagem holística, mantendo simultaneamente suas habilidades em relação aos problemas mais específicos que emergem nos ambientes de trabalho.
A inspeção de segurança permite a detecção de riscos de acidentes, possibilitando a determinação de medidas preventivas. Para isso, as equipes precisam adotar um cronograma para a rotina de inspeção.
Deve ser feito um cronograma de aplicação de rotina de inspeção que envolva inspeções periódicas, efetuadas em intervalos regulares previamente programadas, visando a apontar riscos previstos, como desgastes, fadigas, superesforço, exposição a determinadas agressividades no ambiente a que são submetidas máquinas, ferramentas e instalações.
(SCALDELAI et al., 2011, p. 121)
A avaliação dos resultados de inspeção fica a cargo do pessoal responsável pelos SESMT.
Mais uma questão que merece sua atenção: não podemos confundir sistema de inspeção de segurança do trabalho, que é feito dentro das empresas pelos componentes dos SESMT, e inspeção do trabalho, que é realizada pelos auditores fiscais do trabalho.
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)
Composta por um grupo de funcionários, ela tem como finalidade contribuir na prevenção dos acidentes de trabalho e das doenças relacionadas ao trabalho por meio do cumprimento de normas de segurança nacionais e/ou internacionais adotadas pelas empresas. Com isso, o trabalho torna-se compatível com a preservação da vida.
A NR-5, que versa sobre a CIPA, teve sua última atualização em 2019.
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Atenção!
Empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados, devemimplementar uma CIPA.
Quem faz parte da CIPA? Quais são os critérios para a composição da equipe?
A CIPA é composta por representantes dos empregados e do empregador, obedecendo a critérios que permitam uma distribuição proporcional de “cipeiros” ao número de funcionários e ao grau de risco da empresa.
Outro critério a ser observado é o seguinte: enquanto os representantes dos empregadores (titulares e suplentes) são designados por eles, os dos empregados (titulares e suplentes) são eleitos pelo voto secreto.
Qualquer empregado interessado em participar da CIPA pode se candidatar. O mandato tem duração de um ano, sendo permitida apenas uma reeleição.
A empresa precisa oferecer aos novos componentes da CIPA um treinamento sobre diversos assuntos, como, por exemplo, o estudo do ambiente, as condições de trabalho, o processo produtivo, a metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do trabalho, além dos princípios gerais de higiene do trabalho e das medidas de controle dos riscos.
A CIPA tem algumas atribuições importantes:
1. filter_1
Identificar os riscos do processo de trabalho.
2. filter_2
Elaborar o mapa de riscos.
3. filter_3
Montar o plano de trabalho com ações preventivas relacionadas à segurança e à saúde no trabalho.
4. filter_4
Realizar periodicamente verificações nos ambientes e nas condições de trabalho.
5. filter_5
Identificar situações que tragam riscos para a saúde e segurança dos trabalhadores.
6. filter_6
Realizar reuniões para a avaliação das metas e o estabelecimento de outras.
7. filter_7
Discutir as situações de riscos com a equipe dos SESMT.
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Divulgar e promover o cumprimento das NRs.
9. filter_9
Promover anualmente, em conjunto com os SESMT, a semana interna de prevenção de acidentes de trabalho (SIPAT).
Você já participou de uma SIPAT?
Evento anual organizado pela CIPA em conjunto com o SESMT, a SIPAT tem o objetivo de conscientizar os empregados sobre a importância da saúde e da segurança nos ambientes de trabalho.
Com duração de uma semana, a SIPAT conta com diversas dinâmicas, palestras e minicursos para promover uma aproximação dos trabalhadores com assuntos importantes relacionados não só ao ambiente laboral, mas à própria saúde de uma forma geral.
Porém, para que tudo isso seja colocado em prática, cabe ao empregador proporcionar à equipe da CIPA os meios necessários para o desenvolvimento do trabalho.
E os outros empregados? Como eles podem contribuir com o trabalho da CIPA?
Todos os trabalhadores de um estabelecimento que mantenha a CIPA precisam colaborar com o trabalho das equipes.
Aos empregados, cabe:
Participar das eleições da CIPA.
Colaborar com a equipe.
Indiciar à equipe as situações de riscos e apresentar sugestões para a melhoria das condições de trabalho.
Observar e aplicar no ambiente de trabalho as recomendações quanto à segurança do ambiente.
Proteção contra incêndios
A proteção contra incêndios faz parte dos procedimentos de segurança. Quando ocorre um incêndio (ou há o “princípio” de um), é importante combatê-lo de forma eficiente, evitando os danos. Para cada situação, existem atuações e equipes de diferentes.
Essa proteção também está contemplada nas NRs. A NR-23 orienta que todos os empregadores devem adotar medidas de prevenção e elaborar um plano de emergência contra incêndios de acordo com a legislação estadual e demais normas técnicas.
Mas qual legislação estadual se deve seguir?
Sobre a legislação estadual, as orientações a serem seguidas estão nas normas técnicas do Corpo de Bombeiros de cada estado. Por outro lado, também é importante observar as orientações das seguintes normas brasileiras: NBR/ABNT 14276, 14277, 14608 e 15219.
Além de seguirem e aplicarem as normas, as empresas devem orientar os trabalhadores sobre a utilização dos equipamentos de combate ao incêndio, os procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com segurança e os dispositivos de alarme existentes.
Elas também precisam promover exercícios simulados, ou seja, exercícios práticos realizados periodicamente para manter a equipe brigadista e os outros trabalhadores em condições de enfrentar uma situação real de incêndio.
E a brigada de incêndios? Será que ela é obrigatória em todas as empresas?
Uma brigada de incêndios é formada por trabalhadores da própria empresa ou por bombeiros civis.
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Atenção!
Geralmente, não é obrigatório haver uma equipe de brigada de incêndios em empresas com menos de 20 funcionários, mas isso não constitui uma regra, já que essa realidade depende de outros fatores, como a atividade da empresa, os turnos de serviço ou a natureza do trabalho. Essas orientações constam nas instruções normativas do Corpo de Bombeiros de cada estado.
Para as empresas que não são obrigadas a manter uma brigada do tipo, recomenda-se contar com funcionários que saibam manusear os equipamentos de combate a incêndios, como, por exemplo, o extintor de incêndios.
E os integrantes? Será que tem algum pré-requisito para fazer parte da equipe da brigada de incêndios?
De acordo com a NBR 14276, os candidatos a brigadistas devem:
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Permanecer na edificação durante seu turno de trabalho.
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Contar com uma boa condição física e boa saúde.
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Possuir bom conhecimento das instalações.
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Ter responsabilidade legal.
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Ser alfabetizados.
Todo brigadista precisa passar por um treinamento na modalidade presencial. A empresa deve promover esses treinamentos periodicamente.
Por fim, temos a sinalização de segurança, que também faz parte das NRs. A NR-26 adverte que, em locais de trabalho, devem ser adotadas as cores para a segurança.
Elas são importantes para identificar equipamentos de segurança, delimitar áreas e identificar tubulações, entre outras funções, embora devam ser usadas com cautela a fim de não causar distração, confusão ou fadiga ao trabalhador. Outro detalhe: a utilização de cores não dispensa o emprego de outras formas de prevenção de acidentes.
Quanto aos rótulos dos produtos químicos, a NR-26 aponta a necessidade de se atender ao disposto nas normas técnicas oficiais.
A rotulagem preventiva se trata de um conjunto de elementos com informações escritas, impressas ou gráficas relativas a um produto químico. Ela deve ser afixada, impressa ou anexada à embalagem que contém o produto.
Essa rotulagem precisa conter os seguintes elementos:
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Identificação e composição do produto químico
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Pictograma(s) de perigo
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Palavra de advertência
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Frase(s) de perigo
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Frase(s) de precaução
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Informações suplementares
O produto químico não classificado como perigoso deve dispor de uma rotulagem preventiva simplificada que contenha, no mínimo, a indicação do nome, a informação de que se trata de produto não classificado como perigoso e as recomendações de precaução.
Caso o manuseio de produtos químicos faça parte do processo de trabalho, a empresa precisa fornecer um treinamento para os trabalhadores com os seguintes objetivos: compreender a rotulagem preventiva e a ficha com os dados de segurança desse produto, assim como entender, além dos procedimentos de atuação em situações de emergência que o envolvam, os perigos, os riscos e as medidas preventivas para o uso seguro dele.
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