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Segurança no Trabalho

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Segurança do Trabalho
Descrição
Apresentação da relação do ambiente de trabalho e dos acidentes sofridos pelos trabalhadores, bem como os tipos de acidentes de trabalho, a responsabilidade das empresas na prevenção e a promoção da saúde dos trabalhadores.
Propósito
Compreender a estruturação pelas empresas de ambientes seguros na prevenção aos acidentes de trabalho, bem como a atuação dos profissionais e das equipes de segurança na prevenção de acidentes e na promoção de um ambiente de trabalho saudável.
A segurança no trabalho é vital para os trabalhadores, suas famílias e a sociedade. Quando o ambiente profissional não oferece isso, ocorrem tanto doenças quanto acidentes relacionados à função que eles ocupam.
Pessoas morrem todos os dias por conta de acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que são 2,78 milhões de mortes por ano.
Dados internacionais apontam que, em 2017, foram registrados 374 milhões de acidentes de trabalho no mundo, porém esses dados podem ser ainda maiores, já que muitos deles sequer são notificados.
No Brasil, registrou-se, em 2018, o seguinte número no mercado de trabalho formal: 623.786 acidentes. No ranking mundial, nosso país já ocupa o quarto lugar relativo aos que são fatais.
Estratégias de segurança nas organizações
Todas as atividades laborais desenvolvidas possuem pelo menos um risco ocupacional associado a elas, ou seja, todo trabalhador está exposto a algum tipo de risco ocupacional e aos agentes associados a ele. Isso não quer dizer que a pessoa irá adoecer ou se acidentar devido a essa exposição.
É necessário avaliar se o trabalhador está exposto a um agente de risco sem a devida proteção, seja ela proveniente de:
Ambiente
Proteção individual
Com isso, um programa de segurança do trabalho bem estruturado reduz os acidentes e as suas consequências.
Vamos relembrar quais são os riscos ocupacionais?
Fatores de riscos de acidente ou mecânicos
Fatores de riscos de acidente ou mecânicos são aqueles que coloquem em perigo o trabalhador ou potencialmente afetem sua integridade física, moral e emocional.
Esses elementos de risco são representados por:
· arranjo físico deficiente;
· máquinas e equipamentos sem proteção;
· ferramentas inadequadas ou obsoletas;
· incêndio ou explosão;
· animais peçonhentos;
· armazenamento inadequado; e
· improvisos nos ambientes de trabalho.
Associados a esses fatores, os psicossociais também contribuem para os acidentes de trabalho, como ocorre, por exemplo, nestes casos:
· jornadas de trabalho extensas;
· horas extras em excesso;
· ritmo acelerado das tarefas;
· ausência de pausas ao longo da jornada;
· movimentos repetitivos;
· violências no ambiente de trabalho; e
· assédio e discriminação.
Além disso, existe ainda uma falta de treinamento dos trabalhadores para o manuseio dos maquinários.
Acidente de trabalho
Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados [...], provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
(LEI Nº 8.213/ 1991, art. 19)
Para o Ministério da Saúde, por sua vez, esse acidente é “[...] um evento súbito ou agudo ocorrido no exercício de atividade laboral, que pode ter como consequência a perda de tempo, o dano material e/ou lesões ao trabalhador. Pode acarretar danos à saúde, potencial ou imediato, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, que causa direta ou indiretamente a morte, a perda ou a redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho” (BRASIL, 2006).
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Atenção!
Não é necessário haver um vínculo empregatício formal para que um evento seja caracterizado como acidente de trabalho, já que ele pode ocorrer com qualquer trabalhador, independentemente de vínculo ou inserção nesse mercado.
Para os trabalhadores com vínculo empregatício formal, ou seja, carteira de trabalho assinada, a referência legal é a Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991, pois ela dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social. Será a partir dela que desenvolveremos este conteúdo.
Acidente de trabalho típico X trajeto
Classificar um acidente de trabalho como típico ou trajeto auxilia na adoção de estratégias de proteção aos trabalhadores e na prevenção dos acidentes.
Os acidentes típicos são os que ocorrem durante o exercício da própria atividade laboral no ambiente de trabalho. Vejamos este exemplo: um trabalhador fica gravemente ferido após cair de um andaime na obra em que trabalha.
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Já os acidentes de trajeto são aqueles que ocorrem no percurso, feito por qualquer meio de locomoção, da residência para o local de trabalho (ou vice-versa). Estão incluídos nele tanto os de transporte quanto outros acidentes e violências interpessoais.
Veja o seguinte exemplo: às 6h30 de uma terça-feira, após ser fechado por um carro de passeio, o motorista de ônibus perde a direção e bate em um muro de proteção na Avenida Brasil. Há registro de passageiros feridos.
Se houver no local trabalhadores que estivessem a caminho do trabalho ou de casa (ou seja, saindo do serviço), poderemos registrar o acidente deles como um de trabalho de trajeto.
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Atenção!
Nem sempre o trajeto de um trabalhador se dá pelo binômio casa-trabalho ou trabalho-casa. Quando existe a necessidade de diariamente ter de fazer outro percurso, como levar as crianças para a escola e depois seguir até o trabalho, ele será o trajeto realmente considerado. Mas fique atento a dois detalhes: além de o percurso feito precisar ser o mesmo todos os dias, a empresa deve conhecê-lo.
Diversas situações podem acarretar um acidente. Muitas outras, por sua vez, são consideradas acidentes de trabalho.
De acordo com a Lei nº 8.213/1991: “Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho”.
Portanto, caso haja um acidente nessas condições, ele é considerado um acidente de trabalho.
Ainda segundo a lei federal de 1991, equipara-se a um acidente do tipo o sofrido pelo trabalhador segurado no local e horário do trabalho em consequência dos seguintes fatos:
· Ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho.
· Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho.
· Ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho.
· Ato de pessoa privada do uso da razão.
· Desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior.
· Doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade.
Todo trabalhador segurado que sofra um acidente de trabalho, com afastamento profissional ou não, precisa registrá-lo. Os acidentes são registrados na Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).
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Relembrando
Você se lembra da CAT? Então vamos relembrar: ela é um documento emitido pela empresa para o reconhecimento de um acidente de trabalho (típico ou trajeto), bem como uma doença ocupacional.
Quem preenche a CAT? Até quando ela pode ser preenchida?
A empresa é obrigada a informar à Previdência Social todos os acidentes de trabalho até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência, mas, em caso de morte, a comunicação deve ser imediata, ou seja, no mesmo dia. Todos os acidentes precisam ser registrados, mesmo aqueles em que não houve a necessidade de afastamento das atividades.
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Atenção!
Caso não faça essa comunicação dentro do prazo estipulado pela lei, a empresa está sujeita à aplicação de multa.
Na ausência do registro, que deveria ser feito por ela, pode efetivá-lo, a qualquer tempo, o próprio trabalhador, a entidade sindical, o médico ou a autoridade pública. Mas isso não exclui a possibilidade da aplicação da multa à empresa.
Mas isso não exclui a possibilidade da aplicaçãoda multa à empresa.
Causas dos acidentes
Na avaliação das causas dos acidentes de trabalho, existem dois fatores principais, dentre todos os fatores: ato inseguro e condição insegura.
É importante que os profissionais de segurança do trabalho estejam atentos aos fatores de risco que contribuam para os acidentes, assim como aos próprios trabalhadores, pois alguns deles não utilizam os equipamentos de proteção de forma correta nem seguem as normas de segurança, colocando a própria vida e a dos colegas em risco.
Veja, a seguir, a diferença entre ato inseguro e condições inseguras:
Ato inseguro
Em um acidente avaliado como ato inseguro, deve-se investigar se o trabalhador conhecia os riscos, se teve treinamento adequado, se possuía aptidão para a tarefa, se usou de excesso de confiança e se houve distração.
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Condições inseguras
Quanto àquele provocado por condições inseguras, é preciso avaliar, entre outras irregularidades, as falhas no projeto, os erros de instalações, a falha ou deficiência nas manutenções (como máquinas e ferramentas), a falta de ordem ou disposição de materiais, as instalações elétricas inadequadas, os defeitos em escadas ou plataformas e a iluminação inadequada.
Consequências dos acidentes
Em um acidente de trabalho, todos sofrem as consequências, mas os mais prejudicados são os trabalhadores, assim como, muitas vezes, suas famílias. Dependendo da caracterização do ocorrido, os acidentados poderão usufruir dos seguintes benefícios previdenciários:
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Auxílio-doença: benefício por incapacidade devido ao segurado do INSS que comprove, em perícia médica, estar temporariamente incapaz para o trabalho em decorrência de doença ou acidente.
Auxílio-acidente: benefício de natureza indenizatória pago ao segurado social quando, em decorrência de acidente, ele apresenta uma sequela permanente que reduz sua capacidade para o trabalho. Essa situação é avaliada pela perícia médica do INSS. Como se trata de uma indenização, ela não impede o cidadão de continuar trabalhando.
No caso de morte, a família fará jus à pensão por morte.
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Atenção!
Em um acidente de trabalho cujo trabalhador fique afastado por mais de 15 dias e faça jus ao auxílio-doença previdenciário, a empresa é obrigada a continuar depositando seu FGTS até que ele tenha alta médica e possa retornar ao trabalho.
O trabalhador também tem direito à estabilidade provisória de emprego por 12 meses, ou seja, não pode ser demitido. Neste caso, a demissão só pode ocorrer por justa causa.
Agora que já falamos brevemente sobre os acidentes de trabalho e como eles se configuram, vamos entender como as empresas podem trabalhar para evitá-los?
Ao contrário do que algumas pessoas acreditam, a segurança dos trabalhadores não começa com a implantação de uma equipe de segurança do trabalho nem com o treinamento deles sobre riscos laborais e equipamentos de proteção.
Ela, na verdade, já começa quando uma empresa é criada. Um dos pilares de uma organização deve ser a compreensão da responsabilidade e o compromisso dela com a saúde e segurança dos seus funcionários. A partir daí, ela poderá adotar as estratégias de segurança obrigatórias e outras opcionais que correspondam mais a seu perfil.
Dentro das estratégias obrigatórias, será necessário, dependendo da atividade da empresa, implementar tanto normas regulamentadoras (NRs) promulgadas pelo Ministério do Trabalho – extinto em 2019 – quanto outras estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Principais normas regulamentadoras voltadas para a segurança dos trabalhadores
Algumas normas regulamentadoras (NRs) são comuns a todas as empresas, enquanto outras se aplicam de forma específica em determinados segmentos de trabalho. As indicadas a seguir são as principais a serem adotadas:
Aposentadoria por invalidez: benefício devido ao trabalhador permanentemente incapaz de exercer qualquer atividade laborativa e que também, de acordo com a avaliação da perícia médica do INSS, não possa ser reabilitado em outra.
Outros serviços e garantias, como SESMT, CIPA, proteção contra incêndios e sinalização de segurança, serão abordados de forma mais detalhada no próximo módulo.
Na NR-6, fica claro que a empresa é obrigada a fornecer gratuitamente ao empregado um EPI adequado ao risco e em perfeito estado de conservação, devendo trocá-lo sempre que houver a necessidade. Além disso, ela precisa fornecer treinamento adequado quanto ao uso dos dispositivos e exigir o emprego dos equipamentos pelos trabalhadores. Aos trabalhadores, cabe usar os equipamentos fornecidos para a finalidade a que eles se destinam, zelar por sua conservação e comunicar ao empregador quaisquer alterações que tornem os equipamentos impróprios para o uso.
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
Ela é talvez a associação mais conhecida entre os universitários: quem nunca ouviu falar que “o trabalho deverá ser feito nas normas da ABNT”? Porém, além das regras para a elaboração de trabalhos acadêmicos, a ABNT, que é uma entidade privada e sem fins lucrativos, fornece uma série de normas para diversos segmentos da sociedade.
Norma é o documento estabelecido e aprovado por um organismo conhecido que fornece diretrizes para atividades ou resultados. Muitas normas são de uso voluntário, ou seja, não há uma obrigatoriedade estipulada em lei para sua adoção.
[...] a ABNT é membro fundador da International Organization for Standardization (Organização Internacional de Normalização — ISO), da Comissão Panamericana de Normas Técnicas (Comissão Pan-americana de Normas Técnicas — Copant) e da Associación Mercosur de Normalización (Associação Mercosul de Normalização — AMN). Desde sua fundação, em 1940, é membro da International Electrotechnical Commission (Comissão Eletrotécnica Internacional — IEC).
(ABNT, 2022, n. p.)
Além da publicação de normas, a ABNT atua na área de certificação, possuindo, atualmente, mais de 400 programas de certificação em diversos segmentos. Ela é o organismo de certificação de produtos (OCP) com maior escopo de acreditação no Inmetro.
O que é uma certificação?
Trata-se de um processo no qual uma entidade independente avalia se determinado produto atende às normas técnicas. Essa avaliação se baseia em auditorias no processo produtivo, na coleta e em ensaios de amostras. O resultado satisfatório dessas atividades leva à concessão da certificação e ao direito ao uso da marca (ABNT).
Um dos principais benefícios de uma certificação é o comprometimento com a qualidade não só de produtos e serviços fornecidos para os consumidores, mas também, de certa forma, com a saúde e segurança dos funcionários, pois é necessário haver um ambiente salubre e seguro para que todos possam produzir com qualidade.
Normas de segurança internacionais
Aos países membro da OIT, cabe adotar as recomendações e aplicá-las internamente. Como o Brasil é um deles, muitas de suas legislações e normas relacionadas ao trabalho foram adotadas de acordo com as recomendações e algumas convenções do órgão.
Boa parte das recomendações da OIT são voltadas para a segurança dos trabalhadores nos estabelecimentos. Apesar de esse tópico ser uma preocupação muito antiga, infelizmente ainda há muitos registros de acidentes de trabalho.
Adotar as recomendações e implantá-las no país até pode parecer fácil, mas, em um território como o Brasil, não é bem assim. A adoção de medidas de segurança precisa começar com a conscientização do empregador e dos empregados.
Ter um ambiente seguro significa muito mais do que cumprir regras: é preciso compreender vários fenômenos, como a natureza social e organizacional das atitudes e dos comportamentos de segurança dos indivíduos.
International Organization for Standardization (ISO)
Mais conhecida como ISO, a Organização Internacional de Normalização é uma entidade não governamental composta por 164 membros. Seus especialistas se reúnem a fim de compartilhar conhecimentos e desenvolver normas internacionais voluntárias que sejam relevantes para o mercado, que apoiem a inovação e queforneçam soluções para os desafios globais.
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Comentário
A própria organização chama a atenção para uma curiosidade: como a International Organization for Standardization teria siglas diferentes em diferentes idiomas, seus fundadores decidiram adotar o formato abreviado de ISO, pois ele deriva do grego isos, que significa igual.
A ISO, hoje em dia, tem mais de 23.249 normas internacionais, mas destacaremos neste material somente três: ISO 9001:2015 (sistemas de gestão da qualidade), ISO 14001:2015 (sistemas de gestão ambiental) e ISO 45001:2018 (sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional).
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