Buscar

Teoria Geral dos Recursos

Prévia do material em texto

DIREITO PROCESSUAL CIVIL III | RECURSOS | PROF. OZIAS COSTA 
TEORIA GERAL DOS RECURSOS 
 
Conceito: Recurso é instrumento processual para provocar impugnação e reexame de 
decisão judicial/pronunciamento judicial, objetivando obter, na mesma relação processual, 
a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração do conteúdo julgado. 
É etapa do procedimento, seja ele comum ou especial. Não é novo processo. 
 
CARACTERÍSTICAS: 
 
1. Interposição na mesma relação processual 
2. Aptidão para retardar ou impedir a preclusão ou a coisa julgada 
3. Correção de erros de forma ou de conteúdo 
4. Impossibilidade, em regra, de inovação (trazer novidades ao processo) 
5. Sistema de interposição (atenção às alterações da Lei 13.256 de 04.02.2016) 
6. Decisão do juízo ad quem em regra substitui a do a quo 
7. Não conhecimento de recurso e o trânsito em julgado 
 
 REQUISITOS: 
 Taxatividade – somente aqueles previstos no CPC/2015 
 Legitimidade e interesse de recorrer – requisito essencial 
 Prazo – de acordo com cada um dos recursos 
 Voluntariedade – é facultado à parte prejudicada recorrer ou não 
 Fundamentação – deve conter razões recursais 
 
JUÍZO A QUO (O QUAL) – O PROLATOR DA DECISÃO RECORRIDA 
JUÍZO AD QUEM (PARA QUEM, PARA O QUAL) – AQUELE QUE JULGA O RECURSO 
 
 Atenção aos termos técnicos: 
 Recurso não se “dá entrada” – recurso se interpõe ou se opõe (para embargos de 
declaração) 
 Não se paga custas de recurso – se prepara o recurso, se recolhe o preparo 
 Recurso sem preparo não é recurso sem custas – é recurso deserto 
 Pena de deserção – não conhecimento do recurso por falta de preparo 
 Recurso não possui contestação – recurso possui contrarrazões 
 
 Classificação: 
 
Quanto à extensão da matéria impugnada – Podem reformar o todo ou parte da decisão 
recorrida 
Quanto à autonomia do recurso – Pode ser principal ou adesivo 
 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III | RECURSOS | PROF. OZIAS COSTA 
Quanto à natureza da matéria apreciada – Pode buscar atender apenas anseio da parte 
em ver a decisão reformada (recurso comum) ou pode se destinar à análise de matéria 
Constitucional (recursos especiais). 
Preparo – recolhimento de custas, despesas de processamento, porte de remesse e de 
retorno. Art. 1.007, CPC/2015. Sob pena de deserção (falta de pagamento) 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO RECURSAL CÍVEL 
1. Princípio da taxatividade 
2. Princípio do duplo grau de jurisdição 
3. Princípio da singularidade 
4. Princípio da fungibilidade dos recursos 
5. Princípio da proibição da reformatio in pejus 
 
1. Princípio da taxatividade 
 
Rol de recursos no CPC/2015 é taxativo, numerus clausus, previsto no Art. 994, CPC. 
Alguns procedimentos costumam ser confundidos com recursos, não o sendo, como é o 
caso da remessa necessária e da ação rescisória, não são recursos pelo princípio da 
taxatividade. 
 
Espécies no Código de Processo Civil de 2015 (Art. 994, NCPC): 
 
1. Apelação 
2. Agravo de Instrumento 
3. Agravo Interno 
4. Embargos de Declaração 
5. Recurso Ordinário 
6. Recurso Especial 
7. Recurso Extraordinário 
8. Agravo em recurso especial ou extraordinário 
9. Embargos de Divergência 
 
2. Princípio do duplo grau de jurisdição 
 
Haverá possibilidade da parte recorrer a grau superior de jurisdição para fins de 
reapreciação de sua demanda quando não estiver conformada com a decisão. 
 
Exceção: 
Nos recursos especiais e extraordinários não tem duplo grau de jurisdição, só atacam 
questões específicas, não há uma revisão ampla da decisão. 
 
 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III | RECURSOS | PROF. OZIAS COSTA 
3. Princípio da singularidade 
 
Para cada ato judicial, cabe um único tipo de recurso. (unirrecorribilidade) 
Exceções: 
3.1. Apelação com preliminares de impugnação de decisões interlocutórias não sujeitas à 
preclusão 
3.2. Embargos de declaração sem prejuízo de outros recursos 
3.3. Recurso especial e Recurso extraordinário contra mesmo acórdão. 
 
4. Princípio da fungibilidade dos recursos 
Possibilidade de recebimento de um recurso por outro, quando houver dúvida objetiva 
quanto ao recurso adequado e quando não houver erro grosseiro. 
Dúvida Objetiva: controvérsia na doutrina ou jurisprudência sobre qual recurso seria 
cabível. 
 
6. Princípio da proibição da reformatio in pejus 
 
 O sucumbente somente recorre para que a decisão lhe seja mais favorável. 
 O juízo ad quem se limitará a julgar o que está impugnado. 
 A situação do recorrente somente poderá ser "piorada" se houver recurso da outra 
parte, quando houver sucumbência recíproca. 
 Atenção às questões de ordem pública, estas podem ser reconhecidas pelo juízo 
ad quem e a situação do recorrente por sim, neste, caso, piorar. 
 
EFEITOS DOS RECURSOS 
 
1. Efeito suspensivo 
2. Efeito devolutivo (translativo) 
3. Efeito obstativo 
4. Efeito de retratação 
5. Efeito expansivo 
 
1. Efeito suspensivo 
 
 Ficam suspensos os efeitos da decisão recorrida, até o julgamento do recurso. 
Todos os recursos pela regra processual civil brasileira, PODEM ter efeito suspensivo. 
Alguns recursos possuem efeito suspensivo automático, como é o caso da Apelação e 
do Recurso Especial ou Extraordinário interposto contra decisão que julga incidente de 
resolução de demandas repetitivas. (Didier, 2016) 
Arts. 1.012 e 987, §1º CPC/2015 
A regra é de que o efeito suspensivo NÃO SEJA AUTOMÁTICO, devendo o recorrente 
EXPRESSAMENTE requerer este efeito ao relator, que, após analisar os pressupostos 
recursais, decidirá se recebe o recurso com ou sem efeito suspensivo. 
Arts. 995, CPC/2015 
 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III | RECURSOS | PROF. OZIAS COSTA 
 
2. Efeito devolutivo 
 
Juízo ad quem apreciará o conhecimento da matéria impugnada. 
Todos os recursos possuem efeito devolutivo, pois, o reexame da decisão com a qual 
não se concorda, é a razão de existir do recurso. 
 
Efeito de transferência da matéria ou de renovação do julgamento para outro ou para o 
mesmo julgador. (Didier, 2016) 
Extensão do efeito devolutivo delimita o que se submeterá à reapreciação pelo órgão ad 
quem. 
Efeito translativo - até onde o recurso é capaz de modificar a decisão, de mudar a 
decisão de lugar (deriva de translado, aquele que muda). 
 
3. Efeito obstativo 
Impede, obsta a preclusão e o transito em julgado. 
 
4. Efeito de retratação 
Autoriza ao prolator da sentença se retratar 
 
5. Efeito expansivo 
Quando o recurso atinge não apenas o recorrente, como ocorre no litisconsórcio. (Art. 
1.005, CPC/2015) 
 
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE 
 
Conceito: Verificação formal da possibilidade de um procedimento recursal ter seu mérito 
analisado. Verificação formal = análise da presença dos requisitos recursais. 
 
 JUIZO DE ADMISSIBILIDADE 
 POSITIVO – CONHECE O RECURSO 
 NEGATIVO – NÃO CONHECE O RECURSO 
 PROVISÓRIO – ÓRGÃO AD QUEM (exceto embargos de declaração que são opostos 
ante o prolator da decisão embargada) CONHECE PROVISORIAMENTE 
 DEFINITIVO – ÓRGÃO AD QUEM CONHECE OU NÃO EM DEFINITIVO 
 
Princípio da fungibilidade dos recursos – dúvida objetiva é entendida como dúvida 
razoavelmente aceita (Didier, 2016, v.2, p.109), a partir dos elementos objetivos, como 
equivocidade de texto da lei, divergências doutrinárias ou jurisprudenciais, quando houver 
controvérsia sobre o cabimento do recurso interposto. Em suma, o erro não pode ser 
“grosseiro”. 
Poderá o tribunal receber um recurso pelo outro, pela aplicação do princípio da 
instrumentalidade das formas, da boa-fé processual e da primazia da decisão. 
 
 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III | RECURSOS | PROF. OZIAS COSTA 
REQUISITOS INTRÍNSECOS 
 
 
CABIMENTO 
São cabíveis os seguintes recursos: 
I - apelação; 
II - agravo de instrumento; 
III - agravo interno;IV - embargos de declaração; 
V - recurso ordinário; 
VI - recurso especial; 
VII - recurso extraordinário; 
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; 
IX - embargos de divergência. 
 
INTERESSE 
A PARTE QUE SE SENTIU PREJUDICADO COM A DECISÃO. FICOU INCONFORMADO 
E DESEJA QUE A DECISÃO SEJA ANULADA OU REFORMADA. 
 
LEGITIMIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III | RECURSOS | PROF. OZIAS COSTA 
REQUISITOS EXTRÍNSECOS 
 
 
JUIZO DE ADMISSIBILIDADE 
Não conhecimento de recurso e o trânsito em julgado – o não conhecimento recursal, 
quando não sanável e quando a parte não interpõe algum outro recurso cabível, ocasiona 
com o decurso do prazo, o trânsito em julgado da sentença. 
 
No momento da decisão sobre a admissibilidade recursal, o julgador determina os efeitos 
que atribuirá ao recurso conhecido e o envia para análise do mérito. 
O recurso pode ser conhecido com efeitos suspensivo e devolutivo ou conhecido somente 
com efeito devolutivo. 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III | RECURSOS | PROF. OZIAS COSTA 
 
JUIZO DE MÉRITO 
 
Conceito: É o julgamento das razões recursais e do que pretende a parte ver reformada 
na decisão contra a qual se insurgiu pela via recursal. 
É o julgamento da causa de pedir recursal e de seus pedidos. 
O Juízo de mérito somente será analisado se o recurso tiver sido recepcionado com efeito 
devolutivo, pela via lógica, vez que, o efeito recursal da devolução gera exatamente o 
reenvio dos pontos com os quais a parte discorda, para nova análise do julgador (que pode 
ser o mesmo – embargos de declaração – ou o ad quem – demais recursos) 
 
DAR PROVIMENTO – RECURSO PROVIDO - em análise do juízo de mérito, o julgador 
acolhe as razões da parte e determina a reforma ou invalidação da decisão vergastada. 
 
NÃO DAR PROVIMENTO – RECURSO NÃO PROVIDO - em análise do juízo de mérito, o 
julgador não acolhe as razões da parte e determina a manutenção na íntegra do texto da 
decisão guerreada. 
 
DAR PARCIAL PROVIMENTO – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO - em análise do 
juízo de mérito, o julgador acolhe apenas parte das razões da parte e determina alteração 
em parte do texto da decisão recorrida. 
 
OBSERVAÇÃO: 
Quando o julgamento recursal reconhece erro de procedimento – anula a decisão 
recorrida 
Quando o julgamento recursal reconhece erro de julgamento – reforma a decisão 
recorrida

Continue navegando