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Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental TRANSTORNO DISRUPTIVOS, DO CONTROLE DOS IMPULSOS DA CONDUTA 1. INTRODUÇÃO Incluem condições que envolvem problemas de autocontrole de emoções e de comportamentos (descontrole dos impulsos). Comportamentos que violam os direitos dos outros (ex. agressão, destruição de propriedade) e/ou colocam o indivíduo em conflito significativo com normas sociais ou figuras de autoridade 2. TRANSTORNO DE CONDUTA Refere-se ao agrupamento diagnóstico caracterizado por um padrão persistente de agressividade e comportamentos antissociais, por meio dos quais um indivíduo repetidamente rompe regras sociais básicas. Trata-se do quadro psiquiátrico de maior prevalência na infância e na adolescência em todo o mundo e a razão mais comum de encaminhamento de crianças e adolescentes a serviços de saúde mental em países ocidentais. Jovens com TC, em alta proporção, tomam-se adultos antissociais com estilos de vida empobrecidos e destrutivos, gerando sofrimento pessoal e imenso fardo para seus familiares e para a sociedade ● Obs.: o diagnóstico de transtorno de personalidade anti social só se faz depois dos 18 anos de idade (outros transtornos de personalidade podem e devem ser diagnosticados na infância e adolescência) ● Transtornos de personalidade não são diagnósticos fixos, o paciente pode deixar de ter o diagnóstico caso não apresente mais sintomas e não tenha impacto na vida diária Características: ● Graves comprometimentos da escolar e laboral ● Relacionamentos afetivos e sociais pobres ou problemáticos ● Frequente ocorrência de comorbidades psiquiátricas e médicas ● Maior risco de envolvimento em práticas criminosas → estudos epidemiológicos têm mostrado aumento expressivo de delitos cometidos por adolescentes nas últimas décadas. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Padrão de comportamento repetitivo e persistente no qual são violados direitos básicos de outras pessoas ou normas ou regras sociais relevantes e apropriadas para a idade, tal como manifestado pela presença de ao menos três dos 15 critérios seguintes, nos últimos 12 meses, de qualquer uma das categorias adiante, com ao menos um critério presente nos últimos seis meses: ● Agressão a pessoas ou animais ○ Frequentemente provoca, ameaça ou intimida outros. ○ Frequentemente inicia brigas físicas. ○ Usou alguma arma que pode causar danos físicos graves a outros (ex. bastão, tijolo, garrafa quebrada, faca, arma de fogo). A ○ Foi fisicamente cruel com pessoas. ○ Foi fisicamente cruel com animais. ○ Roubou durante o confronto com uma vítima (ex.. assalto, roubo de bolsa, extorsão, roubo à mão armada) ○ Forçou alguém a atividade sexual ● Destruição de propriedade ○ Envolveu-se deliberadamente na provocação de incêndios com a intenção de causar danos graves. ○ Destruiu deliberadamente propriedade de outras pessoas (excluindo provocação de incêndios). ● Falsidade ou furto ○ Invadiu a casa, o edifício ou o carro de outra pessoa. ○ Frequentemente mente para obter bens materiais ou favores ou para evitar obrigações ("trapaceia"). ○ Furtou itens de valores consideráveis sem confrontar a vítima (ex. furto em lojas, mas sem invadir ou forçar a entrada; falsificação) ● Violações graves de regras ○ Frequentemente fica fora de casa à noite, apesar da proibição dos pais, com início antes dos 13 anos de idade. ○ Fugiu de casa, passando a noite fora, pelo menos 2x enquanto morando com os pais ou em lar substituto, ou 1x sem retomar por um longo período. ○ Com frequência falta às aulas, com início antes dos 13 anos de idade. B A perturbação comportamental causa prejuízos clinicamente significativos no funcionamento social, acadêmico ou profissional. c Se o indivíduo tem 18 anos ou mais, os critérios para transtorno da personalidade antissocial não são preenchidos. Especificar: ● Início na infância: < 10 anos de idade → pior evolução ○ Sexo masculino; comum agressão física contra outras pessoas e relacionamentos conturbados; ○ Transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade ○ São mais propensos a ter TC persistente na vida adulta do que o tipo que iniciou na adolescência. ● Início na adolescência: depois dos 10 anos Com emoções pró-sociais licitadas ● Ausência de remorso ou culpa ● Insensível - falta de empatia ● Despreocupado com o desempenho ● Afeto superficial ou deficitente Prevalência: ● 2 a mais de 10%, com mediana de 4% (DSM 5) ● No Brasil, em estudo recentemente realizado no município de Taubate (Ité-SP prevalência geral de 7% de TC em uma população escolar de 7 a 14 anos) ● 3 meninos para cada 1 menina ● 2.1 % em escolas particulares ● 4,9% em escolas públicas no meio rural ● 8,0% em escolas públicas urbanas Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental Curso: ● Primeiros sintomas significativos costumam aparecer durante o período que vai desde a fase intermediária da infância até a fase intermediária da adolescência. ● O transtorno de oposição desafiante é um precursor comum do transtorno da conduta do tipo com início na infância. ● Na grande maioria das pessoas, há remissão na vida adulta ● Início precoce: preditor de pior prognóstico e de risco aumentado para comportamento criminal, transtorno da conduta e transtornos relacionados ao uso de substâncias na vida adulta ● Os primeiros comportamentos sintomáticos tendem a ser menos graves (ex. mentiras, furtos em lojas), ao passo que os problemas de conduta que surgem posteriormente tendem a ser mais graves (ex. estupro, roubo confrontando a vítima) Risco e prognóstico: ● Temperamentais ○ Temperamento infantil de difícil controle e inteligência abaixo da média principalmente no que diz respeito ao QI verbal ● Ambientais ○ Rejeição e negligência parental ○ Prática inconsistente para criar os filhos ○ Disciplina agressiva ○ Abuso físico ou sexual ○ Falta de supervisão ○ Institucionalização precoce ○ Família excessivamente grande ○ Criminalidade parental e determinados tipos de psicopatologia familiar (ex. transtornos relacionados ao uso de substâncias) ○ Rejeição pelos pares ○ Associação com grupos de pares delinquentes ○ Exposição a violência na vizinhança. Comorbidades: ● 40% dos pacientes comorbidades psiquiátricas apresentam: ○ TDAH em 40%→ pior prognóstico ○ Depressão unipolar e transtorno de ansiedade em até 50% → 5HT ○ Transtorno por uso substâncias aproximadamente 40% → risco de suicídio Prognóstico: ● Persistência mais provável em indivíduos com comportamentos que preenchem os critérios para o subtipo com início na infância e para o especificador "com emoções pró-sociais limitadas ● O risco de persistência do TC também aumenta com a comorbidade com o TDAH e com o abuso de substâncias. 3. TRANSTORNO DE OPOSITOR DESAFIADOR No TOD, os comportamentos disruptivos são menos complexos e graves em relação aos do TC. ● Apresentam forte componente de descontrole emocional. ● Cronologicamente, o TOD tende a ocorrer mais precocemente e, com frequência, evolui para um TC CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A Padrão de humor raivoso/irritável, de comportamento questionador/desafiante ou índole vingativa com duração de pelo menos 6 meses, como evidenciado por pelo menos 4 sintomas de qualquer das categorias seguintes e exibido na interação com pelo menos um indivíduo que não seja um irmão: ● Humor raivoso / irritável ○ Com frequência perde a calma. ○ Com frequência é sensível ou facilmente incomodado. ○ Com frequência é raivoso e ressentido ● Comportamento questionador / desafiante ○ Frequentemente questiona figuras de autoridade ou, no caso de crianças e adolescentes, adultos ○ Frequentemente desafia acintosamente ou se recusa a obedecer a regras ou pedidos de figuras de autoridade. ○ Frequentemente incomoda deliberadamente outras pessoas. ○ Frequentemente culpa outros por seus erros ou mau comportamento ● Índole vingativa ○ Foi malvado ou vingativo pelo menos duas vezes nos últimos seis meses Prevalência: ● 1 a 11%, com uma prevalência média estimada de 3,3% ● 1,4:1 (M:F) antes da adolescência; depois, sem diferença entre os sexosCurso: ● Início mais comum na pré-escola, menos comum na adolescência ● Início na infância, com frequência evolui para TC ○ Quanto mais precoce o início, maior risco de evolução para TC e transtorno de personalidade antissocial. ● Risco para transtornos de ansiedade e humor Risco e prognóstico: ● Temperamentais ○ Problemas de regulação emocional (ex. níveis elevados de reatividade emocional, baixa tolerância a frustrações) são preditivos ● Ambientais ○ Práticas agressivas, inconsistentes ou negligentes de criação dos filhos → principal situação. ○ Desempenham papel importante em muitas teorias causais do transtorno ● Genéticos e fisiológicos ○ Marcadores neurobiológicos (ex. menor reatividade da frequência cardíaca e da condutância da pele; reatividade do cortisol basal reduzida; anormalidades no córtex pré-frontal e na amígdala) 4. TRATAMENTO TOD E TC Comportamentos relacionados aos transtornos disruptivos tendem a causar mais desconforto a terceiros do que ao próprio indivíduo Os altos índices de abandono e a baixa adesão às orientações realizadas, ocasionada pela própria condição psicopatológica dos Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental pacientes, suas famílias e instituições responsáveis, são dificuldades habitualmente encontradas Melhores respostas quando envolve a atuação combinada de profissionais de psiquiatria, psicologia, pedagogia e serviço social (área jurídica, em alguns casos) Equipes treinadas para reconhecer e lidar com as especificidades dessa população são essenciais Deve-se identificar: ● Fatores a minimizar (constituição temperamental difícil, comorbidades). ● Fatores a abolir (práticas parentais abusivas ou inadequadas) ● Fatores a evitar (abuso de drogas, fracasso escolar) ● Os fatores protetores, por sua vez, como aptidões específicos, poderão ser reforçados É muito comum que os familiares tenham expectativas fantasiosas e irrealistas sobre o tratamento e esperem que este seja simples e rápido, o que raramente acontece. Além disso, frequentemente, os cuidadores ignoram a necessidade de assumir um papel ativo, o que é fundamental para que mudanças ocorram. Para assegurar melhor participação, é de grande valia a exposição das condições do tratamento, como assiduidade, comprometimento com as propostas oferecidas, aspectos legais envolvidos, etc. Quando os responsáveis não colaboram ou um relacionamento abusivo é detectado, pode ser necessário o contato com instâncias públicas Grupos de orientação e treinamento de habilidades parentais: ● Ajuda os pais a tomarem-se "modificadores de comportamentos" mais eficazes, que monitoram adequadamente os problemas na família, fazem planos para resolvê-los e os implementam ● O modelo mais bem estudado é a realização de grupos de famílias nos quais um ou mais terapeutas discutem e orientam as melhores maneiras de lidar com tais jovens e que tratam de temas como a colocação adequadas de limites, a promoção de atitudes positivas, o modo de lidar com questões escolares, etc Psicofarmacoterapia (não é a principal intervenção): ● Não existem medicações psiquiátricas de uso padrão ou de primeira escolha para os TC e TOD ● Psicofármacos estão mais claramente recomendado na presença das comorbidades. ● Alguns fármacos agem em determinados sintomas dos TC, constituindo, portanto, abordagem coadjuvante significativa, especialmente em pacientes com comportamentos impulsivo ou agressivo pronunciados ● As medicações parecem agir melhor em agressividade e fúria, enquanto sintomas mais complexos, como furtos e mentiras, não respondem tão bem Fármacos: ● Alguns antipsicóticos têm sido usados recentemente, com mais estudos positivos envolvendo o uso de risperidona, que podem auxiliar nos casos em que predominam impulsividade ou agressividade física pronunciada ● Eficácia do lítio, do valproato de sódio e da carbamazepina na redução de agressividade em populações com TC ● Clonidina e propranolol também tem mostrado eficácia na redução de agressividade em estudos com pequeno número de pacientes ● Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), assim como de bupropiona, tem mostrado resultados inconclusivos ou contraditórios
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