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Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental PRINCÍPIOS DA ONCOLOGIA (PARTE 03) 1. BASES MOLECULARES DA CARCINOGÊNESE EM ETAPAS Marcas registradas do câncer; tumores malignos passam por longa sequência de eventos Cânceres que surgem sem exposição aos carcinógenos (ex: leucemia, em torno de dez mutações) Cânceres que surgem com exposição aos carcinógenos: uma única mutação não é suficiente para produzir o câncer!!! (é fundamental, mas não é possível que apenas uma mude tudo) Quantas mutações são precisas para estabelecer tumor totalmente maligno? ● Ativação do RAS (mais comum): RAS (é como se fosse um interruptor de luz, se tiver um curto nele, a luz fica sempre ligada; mutação nele manda estímulo constantemente para o núcleo) ● Inativação gene RB: regula a divisão celular, por isso está na categoria supressor de tumor; célula se divide, e se não precisar mais, o RB fala pra parar; se inativar o RB perde comunicação de parada. ● Inativação gene p53: ajuda a parar divisão celular se necessário, chama outros genes de reparo do DNA para conserto, se não puder consertar, chama outro grupo de genes (reguladores da apoptose) para eliminar a célula. ● Inativação gene PP2A: proteína fosfatase que quebra o fosfato; quando tem ativação de genes importantes esse gene consegue quando as funções estão cumpridas produzir fosfatase que quebra o fosfato e para esses genes; ● Expressão constitutiva da telomerase: telômero é a ponta do cromossomo, ele define quanto tempo a célula vive; quando fica sem telômero, romeu, ativa vias de apoptose; telomerase reconstitui o telômero Essas transformações acontecem todas de uma só vez? Não! Ex: ● Sequência adenoma-carcinoma colorretal: ○ Hiperplasia de mucosa ○ Foco de criptas aberrantes ○ Adenoma (>100 criptas alteradas) ○ Adenocarcinoma 2. AGENTES CARCINOGÊNICOS E INTERAÇÕES CELULARES Sir Percival Pott (Há mais de 200 anos atrás) → viu que existe incidência de câncer na pele do escroto causada por fuligem das chaminés e definiu a fuligem era carcinogênico; Associação Dinamarquesa de limpadores de chaminés – trabalhadores deveriam tomar banhos diários Ação bem sucedida no combate a esse câncer 3. ETAPAS ENVOLVIDAS NA CARCINOGÊNESE QUÍMICA A carcinogênese tem múltiplas etapas; ● Iniciação: isoladamente não é suficiente para formar um tumor ○ Dano permanente ao DNA (mutações) ○ É rápida, irreversível e tem memória ● Promoção: podem induzir tumores somente após iniciação ○ Não afetam o DNA diretamente ○ São reversíveis ○ Não há explicação de como a promoção acontece, pode ser exógeno, pode ser algo externo Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental Todos carcinógenos químicos são eletrófilos (liberam elétrons altamente reativos com regiões nucleofílicas, que é rico em elétrons) → lesão direta em DNA, RNA e proteínas 4. CARCINÓGENOS E AÇÃO Ação direta: ● Não requerem transformação metabólica (não produzem intermediários), a maioria deles são de baixo potencial ● Alguns são importantes por serem quimioterápicos ● Risco de indução de câncer é baixo ● Exemplos: vírus, radiação, produtos químicos ● Ex: síndrome mielodisplásica secundária a quimioterapia, podem se transformar em leucemia mieloide aguda (carcinógeno agiu direto no DNA) Ação indireta: ● Requerem conversão metabólica para se tornar ativo ● Um dos mais importantes: hidrocarbonetos policíclicos ○ Presentes em combustíveis fósseis ○ Formados a partir de gordura animal grelhada ou assada ○ Presentes em alimentos defumados ● Outro importante carcinógeno de ação indireta: Benzopireno (formado na combustão em alta temperatura do cigarro) A maioria dos carcinógenos requer ativação metabólica ● Quem pode inativar os pró-carcinógenos e seus derivados? ○ Mono-oxigenase derivado do citocromo P-450 ○ Quebra intermediário e reduz risco de causas lesões significativas ● Importante: essas enzimas são codificadas por vários genes, portanto, existe o papel do POLIMORFISMO genético, ou seja, a capacidade de gerar um câncer é algo extremamente individual ○ Quem codifica enzimas que leva produção e síntese de mono-oxigenase são vários genes; se tiver um indivíduo com vários genes que fazem essa codificação, em tese é mais resistente a esse carcinógeno ○ Pode ter outro indivíduo com menor quantidade de genes → risco maior. ○ 10% da população branca tem forma induzível de uma mono-oxigenase derivada do citocromo P-450 chamada CYP1A1. Para essa parcela da população, mesmo com baixa carga tabágica, o risco para câncer de pulmão aumenta 7x. Alvos moleculares dos carcinógenos químicos: ● Carcinógenos químicos → iniciação preferencialmente no DNA ● Mutações NÃO são aleatórias, existem “portas de acesso” no DNA ● Exemplos: ○ Aflatoxina – produzida por Aspergillus sp. e encontrada em grãos ○ Comuns no Leste Asiático e África ○ Aumento na incidência do carcinoma hepatocelular (mutação específica TP53) 5. PROMOÇÃO DA CARCINOGÊNESE QUÍMICA Lembrando: promotores NÃO são mutagênicos, eles estimulam proliferação celular CARCINOGÊNESE POR RADIAÇÃO: Radiações – raios UV, radiação ionizante eletromagnética Luz UV – cânceres de pele Radiação ionizante – ocupacional, médica ou acidentes nucleares Raios ultravioletas: ● Especialmente em indivíduos de pele clara ● Aumento de carcinoma de células escamosas, carcinomas basocelulares e melanomas (alguns melanomas estão relacionados ao dano acumulativo, outros LSD - low sun demeage, baixa exposição, aparece em áreas cobertas) ● Risco depende do tempo de exposição, intensidade e quantidade de melanina (escudo protetor) Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental Cânceres de pele não melanoma – exposição cumulativa ao sol Melanomas – exposição intermitente ao sol Espectro solar dividido em 3 faixas (comprimento da onda): ● UVA – 320-400 nm ● UVB – 280-320 nm ○ Formação de dímeros de pirimidina do DNA ○ Distorce a fita da dupla hélice do DNA ○ Impede o pareamento adequado com a fita oposta ● UVC – 200-280 nm RADIAÇÃO IONIZANTE: Raios X e gama (eletromagnéticos), raios alfa e beta, prótons e nêutrons (particulados) Acidentes nucleares; exposição médica e ocupacional CARCINOGÊNESE MICROBIANA: Muitos vírus de RNA e DNA são oncogênicos → são parasitas intracelulares Bactérias como H. pylori → induzem lesão inflamatória e reparo Vírus oncogênico de RNA: ● HTLV-1 (vírus da leucemia de células T humanas) ● É um retrovírus ● Endêmico no Caribe, Japão, América do Sul e África ● Possui tropismo por células T CD4+ (semelhante ao HIV) ● Transmissão: sexual, sangue e amamentação ● Leucemia se desenvolve em 3-5% após 40-60 anos de latência Outros vírus oncogênicos de DNA: ● Papiloma vírus humano (HPV) → câncer genital, anal e cabeça e pescoço ● Epstein Barr vírus (EBV) → linfoma de Burket ● Herpes vírus do tipo 8 (HHV-8) → sarcoma de Kaposi ● Vírus da hepatite B (HBV) → carcinoma hepatocelular ● Poliomavírus → carcinoma de células de Merkel HPV: ● Pelo menos 70 tipos distintos ● Causam verrugas ou papilomas (benignos) ● Podem causar câncer cervical, anal e cabeça e pescoço ● HPVs de baixo risco (6 e 11) – DNA do HPV mantido na forma epissomal ● HPVs de alto risco (16 e 18) – DNA do HPV integrado com o DNA hospedeiro ○ Integração ao DNA hospedeiro é aleatória, mas gera instabilidade genômica e leva a superexpressão das proteínas E6 e E7 ■ Oncoproteína E6: expressão TERT (subunidade catalítica da telomerase) e inibição do p53 ■ Oncoproteína E7: inibição do RB ■ Isso inativa supressores tumorais, aumentam proliferação celular e inibem a apoptose. Vírus Epstein Barr: ● Também família do herpes vírus ● Infecta linfócitos B e células da orofaringe ● Células infectadas pelo EBV ganham imortalidade ● EBV na maioria dos indivíduos causa infecção limitada (Mononucleose infecciosa) ● Paciente propensos têm evasão do sistema imune (Linfoma de Burkitt ou carcinoma da orofaringe) Vírus das hepatites B e C: ● 70-85% dos casos de carcinoma hepatocelular ● HBV e HCV se integram ao genoma hospedeiro ● NÃO codificam nenhuma oncoproteína ● Carcinogênese induzidapor inflamação crônica e reparo/regeneração Helicobacter pylori: ● Primeira bactéria classificada como oncogênica ● Implicada nos adenocarcinomas e linfomas MALT do estômago ● Genotoxidade por inflamação crônica e reparo ● Genótipos VacA e CagA ● Linfócitos B da placa de Peyer ○ H. pylori estimula proliferação de linfócitos T ○ Linfócito T estimula proliferação de linfócito B ○ Papel de polimorfismos que regulam essa proliferação 1ª imagem: adenocarcinoma; 2ª imagem: linfoma MALT Mensagens finais: ● Carcinógenos diretos NÃO precisam de conversão metabólica, têm potencial menor de carcinogênese ● Carcinógenos indiretos tem MAIOR relevância clínica, polimorfismos estão envolvidos na conversão metabólica ● Agentes iniciadores SÃO fundamentais para carcinogênese ● Agentes promotores NÃO SÃO mutagênicos, mas importantes na proliferação celular Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental
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