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Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental Dr. Daniel Cury Ogata PRINCÍPIOS DA ONCOLOGIA (PARTE 02) 1. EFEITO WARBURG O efeito Warburg ou glicólise aeróbica é o fenômeno em que células tumorais convertem a glicose a ácido lático mesmo na presença de oxigênio, diferentemente das células normais do organismo que realizam o ciclo de Krebs e a fosforilação oxidativa ● Lembrando que as células saudáveis usam apenas a glicólise em condições anaeróbicas. Mesmo com aporte suficiente de O2 → glicose → lactose → glicólise anaeróbica (gera matéria prima) Por quê é vantajosa para célula cancerígena? ● Fermentação anaeróbica gera 2 moléculas de ATP por molécula de glicose ● Fosforilação oxidativa gera 36 moléculas de ATP por molécula de glicose Células tumorais de divisão rápida geram substratos intermediários (síntese de componentes celulares) 18F-fluorodeoxiglicose: derivado não metabólico da glicose, que é captado por células tumorais “Nas células cancerígenas a exigência biossintética é rígida, pois todos componentes celulares (DNA, RNA, proteínas e lipídios) devem ser duplicados, antes que elas comecem a se dividir.” Robbins, 2016 Em células normais com necessidade de duplicação, o que ocorre? ● Uma mistura de fosforilação oxidativa e glicólise anaeróbica E como acontece essa reprogramação metabólica? ● Por meio de mecanismos genéticos (oncogenes e genes supressores de tumor) Importante frisar: ● Mitocôndrias em células que não necessitam de reprogramação metabólica têm a função de gerar ATPs ● Mitocôndrias em células que necessitam de reprogramação metabólica têm a função de gerar substratos Sinalização de PI3K / AKT ● Regula a atividade de transportadores de glicose ● Regula a atividade de diversas enzimas glicolíticas ● Promove desvio de intermediários para biossíntese lipídica e proteica Atividade de tirosina quinase receptora ● Transmite sinais de crescimento para o núcleo ● Sintetiza a isoforma M2 de piruvato quinase → catalisa o último passo da via glicolítica MYC: ● Gene que ativa fator de transcrição ● Expressão gênica que suportam o metabolismo anabólico e crescimento celular ● Regulam positivamente várias enzimas glicolíticas ● Regulam a produção de glutamina, utilizada pelas mitocôndrias Autofagia: ● Estado grave de deficiência de nutrientes celulares ● Células interrompem seu crescimento ● Praticam canibalismo 2. EVASÃO DA MORTE CELULAR PROGRAMADA Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental Mutações nos genes que regulam apoptose; célula com lesão genômica irreparável DEVE morrer Vias bioquímicas que levam a apoptose ● Intrínseca → mitocondrial ○ Via mais frequentemente desativada no câncer ○ BCL-2 → anti-apoptótico → impede a saída de citocromo C e outras enzimas mitocondriais ○ BAX→ pró-apoptótico ○ A ligação BCL-2 – BAX torna membrana mitocondrial permeável ○ Mutação (transtorno na função de determinada proteína) do BCL-2 → 85% dos linfomas foliculares ■ Translocação (14;18) (q32q21) ■ 14q32 maioria dos linfomas de Burkitt ● Extrínseca → receptor de membrana (CD95 – Fas) Gene p53 → mais importante de preservação genômica; hierarquicamente tem muito poder dentro do dna; ● Conserto de DNA não é simples, se a lesão for pequena e pegar única fita, consegue fazer reconstrução por meio de enzimas que fazem colocação das bases nucleotídeos. ● Se ocorrem nas duas fitas, lesão é mais significativa, faz recombinação homóloga do DNA, pega DNA de célula vazia, desmonta, usa como molde e por meio disso reconstrói lesão das duas fitas. Se os reparadores não conseguirem reparar, essa célula falha continuará a passar essa informação para frente; Se o DNA não consegue ser consertado, o p53 pega genes reparadores da apoptose e pede para eliminar essa célula → ativa a apoptose → célula morre. 3. ANGIOGÊNESE “Mesmo que o tumor sólido possua todas anomalias genéticas que sejam necessárias para transformação maligna, ela não consegue aumentar mais do que 1-2 mm de diâmetro, a menos que tenha capacidade de angiogênese.” Angiogênese é a capacidade de um tumor gerar vasos sanguíneos; O2 só consegue se difundir em diâmetro de 1-2 mm Dois efeitos da NEOangiogênese: ● 1. Aporte de nutrientes e O2 ● 2. Células endoteliais neoformadas estimulam crescimento de células tumorais (fatores de crescimento derivados da insulina – IGFs e PDGFs) Vasos formados na angiogênese NÃO são normais → são permeáveis e dilatados, tem conexões aleatórias, contribuem para metástases; Como os tumores em crescimento desenvolvem um suprimento sanguíneo? ● “O paradigma atual é que a angiogênese seja controlada por uma ação entre promotores e inibidores de angiogênese; em tumores angiogênicos, esse equilíbrio se mostra inclinado em favor dos promotores . ” Neoplasia maligna no início do desenvolvimento → sem angiogênese; permanecem in situ ou pequenos por anos ou até décadas ↑ fatores angiogênicos ou ↓ inibidores angiogênicos Células tumorais, inflamatórias e/ou estromais do tumor Proteases – liberam fatores de crescimento fibroblástico próangiogênico (bFGF), que são armazenados na MEC Aumento da demanda de O2 pelo tumor gera hipóxia e a hipóxia estabiliza o HIF1⍺ (fator de transcrição sensível ao O2 ), o qual ativa a transcrição de citocinas pró-angiogênicas (VEGF e bFGF) Estímulo ao gradiente angiogênico Proliferação endotelial e condução em direção ao tumor Existem drogas atualmente que inibem a angiogênese tumoral: Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental 4. INVASÃO E METÁSTASES “A invasão e a metástase são resultados de interações complexas entre as células cancerígenas e o estroma normal e são as principais causas de morbidade e mortalidade relacionadas ao câncer.” Milhões de células “jogadas” na circulação a cada dia e poucas metástases são produzidas → exemplo: podem ser detectadas células tumorais circulantes de pacientes com câncer de mama que não tem e nem desenvolverão metástases evidentes O processo metastático é ineficiente; existem pré-requisitos para doenças metastática ● Expansão clonal, crescimento, diversificação e angiogênese ● Subclone metastático ● Adesão e invasão da membrana basal ● Intravasamento ● Passagem através da MEC ● Interação com células linfóides ● Embolo tumoral ● Extravasamento ● Depósito metastático ● Angiogênese e crescimento 5. INVASÃO DA MATRIZ EXTRACELULAR Interação entre células e a MEC; existem 2 tipos de MEC → membrana basal e tecido conjuntivo intersticial. Formados por colágeno, glicoproteínas e proteoglicanos Passos da invasão da MEC ● Relaxamento da interação células-MEC ● Degradação da MEC ● Ligação a novos componentes da MEC ● Migração e invasão das células tumorais “A dissociação das células uma das outras são frequentemente o resultado das alterações nas moléculas de adesão intercelulares e é o primeiro passo da invasão.” ● Interações células-células; glicoproteínas (e-caderina) ● Perda da e-caderina – reduz capacidade de adesão e o tumor se desprende com mais facilidade, facilitando a invasão. Em marrom 1ª imagem: moléculas de adesão; “A degradação da membrana basal e do tecido conjuntivo intersticial é o segundo passo da invasão.” Secreção de enzimas proteolíticas ● Metaloproteinases (MMP): degrada proteínas da matriz extracelular ● Catepsina D ● Ativador de plasminogênio urocinase “O terceiro passo na invasão envolve as alterações na ligação das células tumorais a proteínas da MEC.” ● Células epiteliais normais possuem receptores (integrinas), para laminina da membrana basal, os quais ajudam a manter as células em estado quiescente ● Perda da adesão leva à apoptose em células normais ● Células cancerígenas evadem apoptose; “A locomoção é a última etapa da invasão, impulsionando as células tumorais através da membrana basal degradada e das zonas de proteólise da matriz.” ● Envolvem proteínas do citoesqueleto de actina ● Movimentos celulares estimulados por citocinas derivadas do tumor ● Células do estroma também possuem efetores parácrinos de motilidade celular 6. DISSEMINAÇÃO VASCULAR E INSTALAÇÃODE CÉLULAS TUMORAIS O ingresso de células neoplásicas na circulação pode: ● Formar agregados homotípicos (células tumorais-células tumorais) ● Formar agregados heterotípicos (células-tumorais-plaquetas) → maior sobrevida das células cancerígenas ● Ativar fatores de coagulação, formando êmbolos ● Ligação a moléculas de adesão como o CD4, presente em linfócitos T ● CD4 tem afinidade pelo ácido hialurônico do endotélio venular “O local em que as células tumorais circulantes deixam os capilares para formar depósitos secundários está relacionado à localização anatômica e à drenagem vascular do tumor primário, além do tropismo do tumor para sítios específicos.” ● Adenocarcinomas prostáticos têm preferência pelos ossos ● Carcinomas broncogênicos têm preferência pela adrenal e cérebro ● Neuroblastomas têm preferência pelo fígado Por que? ● Células tumorais podem ter moléculas de adesão expressas em endotélio de órgãos alvo ● Quimiocinas são determinantes nas metástases para tecidos alvo ● Tecido alvo pode ser solo infértil. Exemplos: músculos esqueléticos e baço 7. GENÉTICA MOLECULAR DO DESENVOLVIMENTO DAS METÁSTASES Por que somente alguns tumores formam metástases? ● Expansão clonal e geração de subclones Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental ● Assinatura metastática (observada em alguns tipos de câncer de mama) ● Combinação das duas situações acima ● Conceito que existem fatores intrínsecos à célula neoplásica e ao microambiente tumoral
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