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Direito Aduaneiro

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INTRODUÇÃO
Começamos agora a estudar a área do Direito Aduaneiro. Primeiro veremos que esse ramo do Direito se
destina à regulação do comércio exterior e ao controle das mercadorias que entram e saem do território
nacional. Aprenderemos também o porquê desse controle efetuado pelo país.
Muitas pessoas pensam que essa área é regulada pelo Direito Tributário. Por isso, estudaremos a autonomia
do Direito Aduaneiro, analisando semelhanças e diferenças que justi�cam a separação dessas duas áreas.
Por último, trataremos dos impostos especí�cos do Direito Aduaneiro. Veri�caremos o fato gerador (hipóteses
de incidência) e a base de cálculo do Imposto de Importação e de Exportação, as duas principais espécies de
tributos aduaneiros.
Todos esses temas são de grande importância para o curso que você escolheu, vamos aos estudos!
TEORIA GERAL DO DIREITO ADUANEIRO
O Direito Aduaneiro é o ramo jurídico dedicado à regulação do comércio exterior, disciplinando o controle
estatal da entrada e saída de produtos no território nacional. De acordo com Sehn (2021, p. 2):
O controle aduaneiro sempre esteve relacionado, em maior ou menor medida, com a
tributação do comércio internacional. Escritos cuneiformes da antiga Suméria, atual
Iraque, evidenciam a existência, já no Séc. XXV a.C., de um sistema impositivo sobre as
transações comerciais entre cidades-estados. No período Védico, na Índia Antiga, entre
1500 a.C. e 500 a.C., também foi identi�cado um regime de tributação do comércio
exterior. Na Síria, registros em tábua de argila com mais de 3000 anos fazem referência à
função estratégica e ao prestígio – só equiparável ao Rei local – daquele que hoje seria
uma espécie de inspetor de aduana, responsável pela cobrança de tributos sobre o
comércio de prata, ouro, cobre, grãos e lã.
Aula 1
FUNDAMENTOS DO DIREITO ADUANEIRO
Teoria Geral do Direito Aduaneiro. Distinção do Direito Tributário e sua autonomia. Tributos aduaneiros.
40 minutos
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No Brasil, a aduana teve origem em 1808, com a abertura dos portos às nações amigas e ao comércio
internacional, por meio da Carta Régia nº 32, de 28 de janeiro de 1808 (BRASIL, 1808). Essa Carta estabelecia
que os navios deveriam pagar uma taxa à Coroa. Pouco depois, em 1814, um Decreto datado de 18 de junho
permitiu a entrada de navios de qualquer nação, bem como a saída de embarcações nacionais para qualquer
porto de destino.
Em 1894, foi promulgada a Nova Consolidação das Leis Alfandegárias e Mesas de Rendas da República
(BRASIL, 1894). Seu art. 1º de�niu por alfândega as estações de arrecadação dos impostos de importação, de
navegação e de quaisquer outros que futuramente se estabelecessem e dependessem de lançamento.
Essa Consolidação vigorou até o ano de 1966, quando foi substituída pelo Decreto-Lei nº 37/1966, o qual é
regulamentado pelo Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, conhecido como Regulamento Aduaneiro.
O Regulamento Aduaneiro constitui um sistema de normas e princípios que disciplinam juridicamente
a política aduaneira, entendida como a intervenção do Estado no comércio internacional de mercadorias
e a sua limitação de acordo com as políticas públicas adotadas em determinado momento.
A matéria guarda assento constitucional no art. 237 da Constituição da República Federativa do Brasil, que
dispõe que “a �scalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses
fazendários nacionais, serão exercidos pelo Ministério da Fazenda” (BRASIL, 1988, [s. p.]). Inicialmente, o
regramento aduaneiro foi concebido apenas como uma fonte de receita, como acontece com qualquer
espécie de tributo. Contudo, de acordo com Sehn (2021, p. 3), no período de consolidação do poder político
dos Estados soberanos na Europa, o controle aduaneiro e a tributação do comércio exterior adquiriram maior
relevância. Nessa época, os economistas começaram a teorizar a importância extra�scal dos tributos
aduaneiros, destacando, portanto, sua função primordial de controle, e não mais de arrecadação, dando
início a uma fase de distinção entre a aduana e matérias eminentemente tributárias.
VIDEOAULA: TEORIA GERAL DO DIREITO ADUANEIRO
O vídeo dá ênfase à dinâmica do comércio exterior, detalhando a sistematização normativa prevista no
ordenamento jurídico brasileiro. Também faz um apanhado geral dos tópicos do Regulamento Aduaneiro,
instrumento de vital importância para os operadores do Comex.
DISTINÇÃO DO DIREITO TRIBUTÁRIO E SUA AUTONOMIA
De acordo com Testa e Batistute (2014, p. 97), “o Direito Tributário é o ramo do direito ligado às regras do
Direito Público que disciplina (normatiza) a arrecadação de valores por parte do Estado”.
Videoaula: Teoria geral do Direito Aduaneiro
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
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A arrecadação de tributos é uma forma pela qual os Estados obtêm receita. Como destaca Paulsen (2014, p.
22):
Vemos, portanto, que a tributação é a principal forma de arrecadação dos Estados, e já que essa
arrecadação se caracteriza como uma atividade �scal, esse assunto é normatizado pelo Direito Tributário.
Contudo, a tributação sempre gera outros efeitos nos agentes econômicos, acabando por in�uenciar suas
escolhas. Damos a isso o nome de extra�scalidade, que é o uso de instrumentos tributários para a obtenção
de �nalidades não arrecadatórias, mas estimulantes, indutoras ou coibidoras de comportamentos. Essa
tributação funciona como um mecanismo para controlar a atividade, impondo barreiras ou incentivando a
sua prática.
Diz a doutrina que um tributo tem �nalidade extra�scal quando os seus efeitos são não apenas uma
decorrência secundária da tributação, mas deliberadamente pretendidos pelo legislador que se utiliza do
tributo como instrumento para dissuadir ou estimular determinadas condutas (PAULSEN, 2014, p. 23). Assim,
com a modulação da carga tributária, é possível estimular ou desestimular a importação ou exportação de
determinado bem. Esse sistema de tributação é tratado por outra área do Direito, o Direito Aduaneiro.
O Direito Aduaneiro tem sua autonomia muito discutida na doutrina. Alguns autores defendem não se
tratar de um ramo autônomo do Direito, mas sim de um ramo do Direito Tributário, ou até do Direito
Administrativo ou Direito Financeiro. Todavia, são ramos distintos, apesar da homogeneidade de seus
preceitos elementares e estrutura normativa.
O principal ponto de distinção entre as duas disciplinas é justamente a sua �nalidade primordial. No Direito
Tributário, temos como �nalidade precípua a arrecadação como forma de receita. No Direito Aduaneiro,
apesar de haver arrecadação, esta ocorre com a �nalidade de controlar a atividade econômica, como
instrumento para realização de políticas públicas. A arrecadação de receita tem, portanto, �nalidade
secundária.
Ademais, a tributação aduaneira particulariza-se, como defende Sehn (2021, p. 5), ainda em razão do direito
indivisível de retenção assegurado ao Estado, que, em determinadas situações, pode condicionar a liberação
da mercadoria ao pagamento do crédito tributário exigível.
Por essas e outras razões, é indiscutível a validade da tese que defende a autonomia do Direito Aduaneiro em
relação a outros ramos do Direito (SEHN, 2021, p. 5).
[...] na quase totalidade dos Estadosmodernos, a tributação predomina como fonte de
receita, de modo que se pode falar num Estado Fiscal ou num Estado Tributário, assim
compreendido “o estado cujas necessidades �nanceiras são essencialmente cobertas por
impostos”.
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VIDEOAULA: DISTINÇÃO DO DIREITO TRIBUTÁRIO E SUA AUTONOMIA
No vídeo, abordamos a fundo as questões que individualizam o Direito Aduaneiro como disciplina autônoma.
TRIBUTOS ADUANEIROS
A de�nição de tributo é encontrada no art. 3º do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 25 de
outubro de 1966). Esse artigo diz que “tributo é a prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor
nela possa se exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 1966, [s. p.]).
Conforme dissemos anteriormente, os tributos aduaneiros, aqueles sobre o comércio exterior, têm caráter
extra�scal (econômico), e não caráter arrecadatório como as demais espécies do Direito Tributário
(Imposto de Renda e IPTU, por exemplo).
Podemos citar como tributos aduaneiros o Imposto de Importação e o Imposto de Exportação. Incidem
ainda nas atividades aduaneiras o Imposto sobre Produtos Industrializados, o PIS/PASEP-Importação, o
COFINS-Importação e a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico-Combustíveis.
Imposto de Importação
Importação é ato de trazer determinado bem para o território nacional.
O Imposto de Importação, de competência da União, nos termos do art. 153, inciso II, da Constituição
Federal (BRASIL, 1988), incide sobre a mercadoria adquirida no exterior. Ele é tratado nos arts. 69 a 211 do
Regulamento Aduaneiro (RA).
O fato gerador do Imposto de Importação, de acordo com o RA, é a entrada da mercadoria estrangeira no
território aduaneiro. Note que o RA diz território aduaneiro, e não território nacional.
Isso ocorre porque nem sempre o território aduaneiro coincide com os limites geográ�cos do território
nacional. Existe a possibilidade de a jurisdição aduaneira ser exercida em áreas de livre comércio ou de
controle integrado, como o Mercosul.
A base de cálculo do Imposto de Importação está prevista no art. 75 do RA:
Videoaula: Distinção do Direito Tributário e sua autonomia
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Imposto de Exportação
O Imposto de Exportação é tratado no Regulamento Aduaneiro nos arts. 212 a 236, e sua base legal é o
Decreto-Lei nº 1.578/1977.
Dispõe o art. 212 do RA que o Imposto de Exportação incide sobre a mercadoria nacional ou nacionalizada
destinada ao exterior. Pela redação do artigo, veja que são consideradas tanto as produções do país quanto
as nacionalizadas. Neste caso, a mercadoria foi produzida no exterior, mas passou a integrar o patrimônio
brasileiro, pois foi importada a título de�nitivo. Caso a mercadoria saia, ela é passível de tributação com o
Imposto de Exportação.
De acordo com o art. 214 do RA, a base de cálculo do imposto é o preço normal que o produto, ou seu
similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência no mercado
internacional, observadas as normas expedidas pela Câmara de Comércio Exterior (CAMEX).
É importante deixar registrado que nas exportações não incidem IPI, PIS/PASEP e COFINS.
 Saiba mais
Você sabia que 95% da balança comercial do Brasil (importação e exportação) é dependente do modal
marítimo, isto é, do transporte por navios? Esse modal é considerado um dos mais e�cientes do mundo,
principalmente para o transporte em longas distâncias, sobretudo entre continentes, ou até em países
de dimensões continentais, como o nosso. Leia o texto Exportação marítima: Porque ela é tão
importante?, de Leandro Sprenger (fazcomex) e saiba mais sobre o assunto.
VIDEOAULA: TRIBUTOS ADUANEIROS
No vídeo, falamos especi�camente dos tributos do Imposto sobre Produtos Industrializados, do PIS/PASEP-
Importação, do COFINS-Importação e da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico-Combustíveis,
complementando o tema de tributos aduaneiros.
I - quando a alíquota for ad valorem, o valor aduaneiro apurado segundo as normas do
Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT 1994; e
II - quando a alíquota for especí�ca, a quantidade de mercadoria expressa na unidade de
medida estabelecida.
Videoaula: Tributos aduaneiros
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https://www.fazcomex.com.br/blog/exportacao-maritima-porque-e-importante/
https://www.fazcomex.com.br/blog/exportacao-maritima-porque-e-importante/

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