INTRODUÇÃO E O PAPEL DAS AGENCIAS MARITIMAS - ECOSSISTEMA PORTUARIO

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INTRODUÇÃO E O PAPEL DAS
AGÊNCIAS MARÍTIMAS
134 minutos
Aula 1 - Ecossistema portuário
Aula 2 - Operações portuárias
Aula 3 - Agentes portuários
Aula 4 - Agências marítimas
Referências
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INTRODUÇÃO
Na atualidade, segundo Armen Mamigonian (2017, p. 13), “os portos são responsáveis pela movimentação de
95% dos manufaturados produzidos em todo o mundo. No Brasil, participa com mais de 90% no transporte do
seu comércio exterior, demonstrando, assim, a importância em analisar este modal no território nacional”.
Pelo papel essencial nas transações, o principal objetivo vem sendo melhorar o sistema operacional dos
portos.
Por serem importantes instalações na logística internacional e nacional, os portos são responsáveis por
milhões de toneladas anualmente. Diante da evolução tecnológica, os transportes aquaviários estão mais
ágeis e os portos, após reformas, foram reestruturados.
Com base nessa considerável relevância, nesta aula, veremos o histórico de portos no Brasil e no mundo, a
evolução no trabalho portuário e o sistema portuário brasileiro, e apresentamos os principais conceitos sobre
o sistema de transporte marítimo.
O SISTEMA PORTUÁRIO
O sistema portuário brasileiro, assim como em todo o mundo, é um dos mais tradicionais segmentos da
economia nacional. Teve sua origem no início da colonização do país, quando constituiu o sistema de
transporte aquaviário para comercializar todo tipo de mercadoria entre Portugal e a colônia.
Por décadas, os portos brasileiros eram restritos ao comércio com a Inglaterra, mas, em janeiro de 1808
(CARDOSO, 2008, p. 9), foram abertos por D. João VI para as nações amistosas. O intuito era a exportação e
comércio de madeira, ouro e especiarias para a nobreza, também facilitando o tráfego de escravos do
território Africano. Após a inauguração da ferrovia São Paulo Railway, em 1867 (METRÔ DE SÃO PAULO, 2012),
foi elaborada a primeira lei de concessão à exploração de portos por iniciativa privada, pelo governo imperial,
facilitando, assim, as exportações de café.
Figura 1 | Porto do Rio de Janeiro, 1893
Aula 1
ECOSSISTEMA PORTUÁRIO
Veremos o histórico de portos no Brasil e no mundo, a evolução no trabalho portuário e o sistema
portuário brasileiro.
28 minutos
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Fonte: iStock (2018).
A importância dos portos para expansão e desenvolvimento da economia do país já era reconhecida durante
o período monárquico e as décadas iniciais da República (BATISTELLI, 2008). A partir de 1934, com o início do
Estado Novo, e na década de 1960, com a chegada da Ditadura Militar, ocorreu o centralismo do Estado e os
portos passaram a ser controlados pela administração federal. A criação da Empresa de Portos do Brasil S/A -
PORTOBRAS, em 1975, consolidou a lentidão na modernização dos terminais portuários, tendo sua extinção
em 1990, após duras críticas.
A volta da iniciativa privada por meio de contratos ou arrendamentos ao setor ocorreu em 1993, com a Lei n°
8.630 de Modernização dos Portos. Desde então, o setor portuário vem mudando de forma positiva e
signi�cativa, re�etido na cadeia econômica. Em 2020, foram movimentados 1,151 bilhão de toneladas, um
crescimento de 4,2% em relação a 2019 (ANTAQ, 2021).
O trabalho portuário, desde o princípio, é relevante no cenário econômico mundial, possuindo e�ciência e alta
produtividade, trazendo também a importância da efetividade dos direitos trabalhistas de cada operário. A
atividade portuária foi bastante explorada através de concordâncias, pois, atuando como autoridade
portuária, as concessionárias eram responsáveis pelas normas de condutas. A atuação arbitrária das
concessionárias teve seu �m a partir de 1933, quando houve a criação das Delegacias do Trabalho Marítimo,
que passaram a �scalizar as atividades nos portos brasileiros, organizando matrículas dos trabalhadores;
orientando a escala de rodízio portuária, quanti�cando os trabalhadores avulsos, medindo os con�itos e, por
�m, penalizando com poder normatizador.
O Brasil possui um extenso litoral, representando uma grande vantagem ao segmento portuário brasileiro.
Esse sistema é composto por 37 Portos Públicos organizados (SINDAPORT, 2018). Nesta categoria, estão
incluídos nove Companhias Docas, sendo oito públicas e uma privada, e por quatro concessões estaduais,
tendo, ainda, mais quatro portos privados distribuídos por toda a extensão da costa brasileira. Esse sistema é
um importante responsável pelas trocas comerciais com outros países, os investimentos mundiais ajudam o
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setor a crescer fortemente e, no Brasil, não é diferente. O Governo Federal segue investindo em portos, por
meio de iniciativa intitulada Agenda Portos, que tem como objetivo modernizar o âmbito de investimentos e
levantar aspectos institucionais, operacionais e legais, comprometendo as atividades portuárias (MINISTÉRIO
DOS TRANSPORTES, 2022).
EVOLUÇÃO DOS PORTOS E DO TRABALHO PORTUÁRIO
Não há registros de quando as navegações se iniciaram, no entanto, o Porto de Alexandria é registrado como
um dos mais antigos do mundo, com suas primeiras instalações portuárias construídas em 1900 a.C., para
equipar a ilha de Pharos e recepcionar a navegação costeira. 
Os portos ao redor do mundo foram surgindo e se desenvolvendo para serem área de interação e comércio
entre os países, através do deslocamento aquaviário. O porto de Xangai, por exemplo, foi aberto para o
comércio internacional somente em 1842, o que inseriu positivamente a cidade no cenário mundial.
Atualmente, é o maior do mundo, atingindo, em 2020, a marca de 43,5 milhões de TEUs, contêiner de 20 pés
(FAZCOMEX, 2022).
Figura 2 | Porto de Xangai
Fonte: iStock (2019).
Na Europa, destaca-se o porto de Rotterdam (PORTOGENTE, 2016), que vem se desenvolvendo desde 1328.
Seu grande salto foi no século XIX, quando sua conexão foi aberta para o Mar do Norte, um canal de
comunicação importante com a vigorosa indústria alemã. Anualmente, são transportadas cerca de 300
milhões de toneladas de mercadorias; em média diária, 82 navios deixam o porto e 356 o têm como destino
(PORTOGENTE, 2016). Sua área é de, aproximadamente, 10.500 hectares, onde são manipulados produtos
químicos, aço, comida, metais, carbono e contêineres da Europa.
Ainda em 1943, surgiu o Decreto-lei nº 5.452, conhecido como CLT, para regularizar as relações de trabalho do
sistema portuário. A legislação portuária era uma grande confusão: com tantas inovações na lei, a situação
continuava árdua quanto às normas legais, como se observa: 
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Durante o período da ditadura militar, os trabalhadores conquistaram direitos trabalhistas, como férias (em
1966), o décimo terceiro salário (em 1968) e folga semanal remunerada (no ano de 1976), que antes eram
atribuídos somente para trabalhadores com tributo empregatício (SOARES, 2016). A Empresade Portos do
Brasil S/A (PORTOBRÁS), foi criada para explorar e administrar o setor portuário, conforme o Decreto-lei nº
200/67, que autorizava designar subsidiariamente as Companhias Docas por todos os portos nacionais.
Em fevereiro de 1993, foi decretada a Lei nº 8.630 (Lei de Modernização dos Portos), cedendo lugar para
privatizações mediante contratos ou arrendamentos do setor, buscando a exploração dos portos organizados
e das instalações portuárias brasileiras. Essa lei modi�cou as instalações portuárias em privadas e públicas; as
de uso privativo �caram em duas modalidades: exclusiva e mista (a exclusiva tratando apenas de cargas
próprias, enquanto a mista pode operar cargas de terceiros ou suas próprias cargas).
LEGISLAÇÃO NOS PORTOS BRASILEIROS
Os Portos Organizados são construídos e aparelhados para suprir as necessidades da navegação, da
movimentação e armazenagem de mercadorias. Com base na Lei nº 12.815/2013, os Portos Organizados são
conjuntos de bens públicos necessários à consecução das atividades portuárias dentro de um espaço
geográ�co, nomeado por “área do porto organizado”.
Exigindo que as áreas sejam delimitadas por ato do Poder Executivo, a citada lei estabelece que os limites
devem considerar os ganhos de e�ciência e competitividade, os acessos marítimos e terrestres e as
instalações portuárias já existentes.
Sendo assim, com tais de�nições, é possível dar maior segurança jurídica ao setor portuário, fazendo-se claros
os limites de competência e a ligação entre investimentos públicos e privados, impedindo, desse modo,
con�itos futuros na gestão.
Figura 3 | Trabalho Portuário no Porto de Navegantes, SC
[..] o legislador brasileiro, quanto aos trabalhadores da estiva e, de um modo geral, quanto
ao trabalho portuário, ainda não encontrou seu caminho. Leis, decreto-lei, decretos,
decisões do Ministério do Trabalho ou da Superintendência Nacional da Marinha Mercante
sucedem-se, confundem-se, revogam dispositivos que já haviam sido revogados, revogam
revogações e provocam uma confusão.
— (VIANNA; SÜSSEKIND; MARANHÃO, 1991, p. 944)
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Fonte: iStock (2017).
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ, 2015) integra a Administração Federal indireta e é
responsável pela �scalização, regularização e supervisão dos portos brasileiros. Foi criada pela Lei nº
10.233/2001 e instalada em fevereiro de 2002, com personalidade jurídica de direito público, autonomia
funcional e �nanceira, independência administrativa, vinculada ao Ministério da Infraestrutura.
A ANTAQ destina-se a tornar mais segura e econômica a movimentação de mercadorias e pessoas que
passam pelas vias aquaviárias brasileiras, cumprindo padrões de conforto, pontualidade, e�ciência, segurança
e regularidade em fretes e tarifas (PORTAL BRASILEIRO DE DADOS ABERTOS, 2022). Contribui em evitar ou
diminuir as imperfeições ou situações de infrações contra a ordem econômica, harmonizando os interesses
dos usuários com empresas e entidades do setor, preservando sempre o interesse público.
Com base nos dados da ANTAQ, existem 175 instalações portuárias de carga no Brasil, incluindo portos,
terminais marítimos e instalações aquaviárias (TRIBUNA, 2019). O uso das tecnologias fez com que a
produtividade e e�ciência aumentassem, trazendo mais segurança e con�abilidade para quem necessita
desse setor para os negócios. Tendo em vista a redução de custos e o uso estratégico de dados, a
conectividade tem sido aprimorada de forma e�ciente e saudável, podendo reduzir e potencializar os custos
de internet e automação.
Figura 4 | Porto de Santos, SP
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Fonte: iStock (2020).
A importância do Brasil no setor portuário é tal que o país abriga o porto mais importante da América Latina,
sendo um dos pilares da infraestrutura nacional, o Porto de Santos, que movimenta uma parcela signi�cativa
das exportações e importações brasileiras.
O primeiro porto brasileiro, o Porto do Brasil, foi inaugurado em 1913, na capital da Bahia, Salvador. Nos dias
atuais, os portos públicos brasileiros mais importantes em termos de movimentações são (ANTAQ, 2015):
• Porto de Santos / SP.
• Porto Paranaguá / PR.
• Porto Itapoá / SC.
• Porto de Navegantes / SC.
• Porto Chibatão / AM.
• Porto de Suape / PE.
• Porto de Itajaí / SC.
• Porto de Rio de Janeiro / RJ.
Em Santa Catarina, atualmente, já existe um projeto para a criação de um porto, que promete ser o maior já
construído na Região Sul do país.
VÍDEO RESUMO
O vídeo aborda temas importantes para o entendimento do sistema portuário nacional e internacional. O
primeiro tema traz registros históricos dos portos brasileiros e estrangeiros. No segundo, a evolução
trabalhista é assunto principal, referenciando leis que foram criadas para a regularização do trabalho
portuário. Com isso, o último tema informa sobre a �scalização desse sistema e os principais portos
brasileiros.
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