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DESIGUALDADES SOCIOAMBIENTAIS

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3/26/24, 1:58 PM wlldd_231_u1_res_soc_amb
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=natalileitesilveira%40gmail.com&usuarioNome=NATALI+DE+OLIVEIRA+LEITE+SILVEIRA&disciplinaDescricao=&atividadeId=3923017&ati… 14/30
empresas e países nas emissões dos gases de efeito estufa. Por esse cálculo podemos conhecer e identi�car
quanto cada ação ou como o nosso modo de vida impacta na emissão de gases de efeito estufa. Por evidente,
reduzir a pegada de carbono é uma medida essencial para todos – governos, setor corporativo e sociedade
civil.
Em qualquer das perspectivas enumeradas, de governos a cada um de nós, será preciso não só a tomada de
consciência mas também o compromisso político e ético com as estratégias para a redução das
vulnerabilidades no contexto climático.
VÍDEO RESUMO
No vídeo, conheceremos e compreenderemos os principais conceitos e o regime jurídico internacional e
nacional sobre a mudança do clima. Trata-se de um dos temas centrais para as empresas, que terão que se
adaptar aos efeitos da mudança do clima. Da mesma forma, governos e sociedade civil deverão adotar
estratégias no novo contexto climático. Essas são discussões da videoaula!
 Saiba mais
Com a mudança do clima, um dos desa�os imediatos para as nossas atividades econômicas e sociais será
se adaptar a uma nova economia, de baixo carbono, ou seja, de redução das emissões de gases
antropogênicos. Nesse sentido, será que você sabe qual a sua pegada de carbono? Ou de sua empresa?
Para auxiliar a compreender essa dinâmica, temos duas calculadoras disponíveis na internet: Iniciativa
Verde – Calculadora de CO e Moss – Calcule as suas emissões. Ao �nal, você saberá sua pegada de
carbono referente ao Brasil e ao mundo.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
2
INTRODUÇÃO
Aula 3
DESIGUALDADES SOCIOAMBIENTAIS
Hoje, organismos, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, manifestam preocupação
com o avanço da desigualdade em nível global.
32 minutos
https://www.iniciativaverde.org.br/calculadora
https://www.iniciativaverde.org.br/calculadora
https://www.iniciativaverde.org.br/calculadora
https://www.iniciativaverde.org.br/calculadora
https://calculator.moss.earth/
3/26/24, 1:58 PM wlldd_231_u1_res_soc_amb
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=natalileitesilveira%40gmail.com&usuarioNome=NATALI+DE+OLIVEIRA+LEITE+SILVEIRA&disciplinaDescricao=&atividadeId=3923017&ati… 15/30
Estudante, nesta aula, estudaremos a questão da desigualdade em nossas sociedades, em especial, a
ambiental.
Hoje, organismos, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, manifestam preocupação com o
avanço da desigualdade em nível global. Isso porque ela tem impactos imediatos na competitividade
econômica e na estabilidade social. 
Além disso, a desigualdade tem uma dimensão ambiental, que revela as disparidades de consumo entre
países ricos e pobres e demonstra que os efeitos negativos da poluição e dos danos ambientais afetam mais
desfavoravelmente os grupos e as populações vulneráveis. Por isso, o estudo da desigualdade ambiental
implica conhecer e reconhecer os padrões de Justiça Ambiental, ou seja, o contexto, as pessoas e as dinâmicas
de decisão sobre os projetos e as iniciativas que impactam o ambiente.
Venha conosco conhecer os principais fundamentos dessa discussão e se preparar para o exercício ético e
responsável de suas atividades pro�ssionais em respeito aos processos democráticos de proteção ao meio
ambiente.
O CONTEXTO DAS DESIGUALDADES
Nos últimos anos, a desigualdade tornou-se uma temática prioritária em qualquer discussão de instituições
governamentais em nível global ou nacional. Isso porque estamos acompanhando a escalada da desigualdade
em todo o planeta e, como tal, reduzi-la é um pressuposto fundamental para mitigar os impactos deletérios
que ela causa em nossas sociedades. Esse é um objetivo compartilhado por governos e por organismos
multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Mas, como compreender a
desigualdade e as suas variações?
Com efeito, a desigualdade se estabelece a partir dos processos estruturais em sociedade, em que ela “[...]
condiciona, limita ou prejudica o status e a classe social de uma pessoa ou um grupo e, consequentemente,
interfere em requisitos primários para a qualidade de vida” (OXFAM, 2021, [s. p.]). A desigualdade é
multidimensional, mas vamos nos concentrar em duas delas: a econômica e a social. A desigualdade
econômica se dá por meio da concentração de renda em um número reduzido de pessoas em uma sociedade,
ou seja, a maior parte da riqueza produzida e acumulada encontra-se nas mãos de poucos. A desigualdade
social, por sua vez, está diretamente ligada à estrati�cação de pessoas em uma sociedade por critérios, como
gênero, raça, origem social, entre outras variantes, identi�cando-se, geralmente, com os grupos mais
vulneráveis de uma sociedade. Tanto a desigualdade econômica quanto a social caminham associadas. Esse é
caso do Brasil, com suas desigualdades múltiplas, colocando o país como um dos mais desiguais do mundo e
o 84º no índice de desenvolvimento humano global entre 189 países (ONU, 2020).
Apesar da relevância e do compromisso dos atores com a redução da desigualdade, os estudos e as
estatísticas sinalizam em sentido contrário, tanto na concentração de renda quanto no aumento da pobreza.
Segundo o relatório da OXFAM, a questão da concentração de renda é um problema mundial. A plutocracia, o
segmento que inclui o 1% mais rico, detém a riqueza dos outros 99% da população mundial; apenas oito
bilionários possuem a riqueza da metade mais pobre do planeta (OXFAM, 2017a). Mesmo com a pandemia da
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Covid-19, a desigualdade não deixou de aumentar. Um nível alto de desigualdade reduz a competitividade e
afeta a economia de um país, por gerar uma estagnação na dinâmica social. Os resultados desses dados são
preocupantes, porque a desigualdade “[...] aumenta a criminalidade e a insegurança e gera mais pessoas
vivendo com medo do que com esperança” (OXFAM BRASIL, 2017a, [s. p.]).
Com os níveis de concentração de renda, temos o efeito imediato do aumento da pobreza, agora agravada
pelas implicações da Covid-19 em nível global. No caso do Brasil, em especial, após ter saído do Mapa da
Fome em 2014, os índices de pobreza cresceram nos últimos anos (OXFAM, 2017b). Trata-se do retorno de
uma questão estrutural da sociedade brasileira aos debates políticos e econômicos. E não podemos nos
esquecer de que o compromisso de não retroceder no combate à fome não é somente político, mas um
objetivo expresso no art. 3º, III, da Constituição Federal de 1988, de “[...] erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais” (BRASIL, 1988, [s. p.]).
É por meio do combate e da superação dos altos índices de desigualdade, em qualquer de seus enfoques, que
podemos traçar um compromisso efetivo para a construção de uma sociedade igualitária e democrática,
requisito fundamental para o enfrentamento das crises contemporâneas.
AS DESIGUALDADES E OS EFEITOS SOBRE A PROTEÇÃO AMBIENTAL
De imediato, uma pergunta fundamental: qual a relação entre a desigualdade – econômica e social – com as
questões ambientais? A resposta é: são faces de um mesmo problema. Isso porque, como alertou o �lósofo
francês François Ost (1997, p. 390), “a injustiça das relações sociais gera a injustiça das relações com a
natureza”. Nessa perspectiva, a desigualdade econômica e a social resultam na desigualdade ambiental que,
por sua vez, pode se manifestar em duas dimensões: no acesso e no uso privilegiado dos recursos naturais, a
partir de um padrão de consumo privilegiado para poucos; na ausênciade participação e proteção ambiental
para os grupos mais vulneráveis, que sofrem com a distribuição desigual dos efeitos deletérios no meio em
que vivem e estão inseridos.
Em primeiro lugar, a compreensão sobre os processos de apropriação dos recursos naturais, notadamente
nas disparidades de consumo entre ricos e pobres – interpretados nos contrastes entre países e classes
sociais. Ricardo Abramovay (2012) confere um dado signi�cativo em um mundo com mais de 7 bilhões de
pessoas: metade das emissões globais de gases de efeito estufa provém dos 500 milhões de habitantes mais
ricos do planeta. Percebe-se que as populações dos países do norte global, ricos, possuem padrões de
consumo insustentáveis e, como tal, é fato de que estão pressionando os limites de sustentação planetária,
não os pobres do mundo (MATTEI; NADER, 2013). Esses dados mostram que, se de um lado os países ricos
conseguiram atingir os benefícios do crescimento econômico, de outro lado, a maioria dos países em
desenvolvimento não conseguiu os padrões mínimos de uma existência digna. E isso é uma questão
particularmente sensível, porque reciprocamente será necessário frear a “pegada ecológica” nos países
centrais, do norte global, e ao mesmo tempo possibilitar condições de vida com dignidade para pessoas de
outras regiões do planeta. Dito de forma direta: não é possível enfrentar os desa�os impostos pela dinâmica
da mudança do clima e os riscos sobre a disponibilidade dos recursos naturais sem questionar a pressão que
o atual modelo de produção, comercialização e consumo impõe em nossas sociedades. Do contrário, serão
mantidas as disparidades no acesso e uso dos recursos naturais e, por evidente, a desigualdade econômica e
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social em nível global. E para esse cenário, temos o alerta do economista Tim Jackson (2013, p. 17) de que “[...]
a prosperidade para poucos, baseada na destruição ecológica e na persistente injustiça social, não é um pilar
para uma sociedade civilizada”. O que se tem nessa perspectiva são sociedades disfuncionais, em que os
con�itos e confrontos serão cada vez mais intensos, retroalimentando a insustentabilidade ambiental.
Uma outra dimensão da desigualdade ambiental é que as políticas e os problemas ecológicos não são
democráticos. Os projetos e as iniciativas dos processos produtivos são decididos e alocados em países e/ou
em territórios de grupos vulneráveis que, além de não participarem dos efeitos positivos desses
investimentos, estão mais sujeitos aos efeitos nocivos da poluição e dos danos ambientais. Como exemplo,
temos a situação dos povos originários e tradicionais, que são expulsos ou têm os seus territórios diretamente
afetados pela implementação de grandes projetos de infraestrutura – barragens, mineração etc. –, sem terem
benefícios diretos e arcando com o passivo dessas iniciativas. Esses projetos, na maioria das vezes apoiados
pelo Poder Público, são geradores de externalidades negativas, tanto nos efeitos sobre os grupos afetados
quanto no meio ambiente comum, ou seja, prejudicam outras atividades econômicas existentes. No mesmo
sentido, nas cidades, essas populações vivem em áreas frágeis ambientalmente (morros, encostas, beiras de
rios etc.) ou próximas de lixões e terrenos poluídos e sofrem as mazelas da segregação socioespacial, isto é, a
ausência de políticas públicas que conjuguem uma existência digna.
É preciso pontuar que o problema de alocação dos passivos ambientais ultrapassa, por vezes, os limites
territoriais de um país. Esse é o caso das tentativas dos países ricos de exportarem lixo para os países em
desenvolvimento. No que se refere ao Brasil, a União Europeia tentou exportar pneus usados, cujos rejeitos
�cariam em nosso país. O caso foi parar no Supremo Tribunal Federal, que, no julgamento da Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 101, em 2009, proibiu essa espécie de importação,
assentando que ela afrontaria os preceitos constitucionais de saúde e do meio ambiente ecologicamente
equilibrado (BRASIL, 2009).
Além das dimensões principais, há uma nova faceta da desigualdade ambiental, que se constitui pela
intensi�cação dos efeitos adversos do clima, em que milhões de pessoas deverão deixar seus lares e países e
se mudarem para outros lugares, con�gurando o que tem sido denominado de deslocados ambientais ou,
como tem sido utilizado por alguns, de refugiados ambientais. O relatório World Disaster Report, do ano de
2018, elaborado pela Cruz Vermelha Internacional (2018), consignou que, entre os anos de 2006-2016, mais de
771 mil mortes foram atribuídas a desastres, com quase dois bilhões de pessoas afetadas por eventos dessa
natureza, das quais cerca de 95% delas em ocorrências por questões climáticas. Ainda que as questões sobre
clima sejam produzidas pelos setores mais ricos da sociedade, os seus efeitos são sentidos, sobretudo, pelos
povos mais vulneráveis no mundo. A�nal, como expõe Sergio Margulis (2020, p. 120), são as pessoas de baixa
renda as mais afetadas pela mudança do clima, porque “[...] tendem a viver e trabalhar em locais mais
expostos a riscos climáticos, sem infraestrutura que os reduzam, em casas e bairros que enfrentam os
maiores problemas quando impactados [...]”.
Por essa conjugação de variantes da desigualdade ambiental, é possível constatar a imbricada e
correspondente relação entre desigualdade e o futuro da vida no planeta. A�nal, a persistência da
desigualdade ambiental é um fator desagregador de toda a construção moderna de Estado e sociedade. Lutar
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por uma maior igualdade, ao reverso, pode nos ajudar a um compromisso comum dos problemas que
ameaçam a todos nós (PICKETT; WILKINSON, 2015).
A JUSTIÇA AMBIENTAL
Diante do contexto da desigualdade ambiental, uma das principais proposições para o enfrentamento em
sentido crítico é o movimento de Justiça Ambiental. Trata-se de um movimento que surgiu originalmente nos
Estados Unidos na década de 1980 e procura demonstrar que os efeitos prejudiciais recaem, sobretudo, em
grupos mais vulneráveis da sociedade, em demonstração do racismo ambiental naquele país. As pautas e os
princípios norteadores do movimento de Justiça Ambiental daquele país se espalharam pelo mundo e
chegaram ao Brasil no �nal da década de 1990, conjugando as especi�cidades das lutas e pautas ambientais
em nosso país.
Segundo Acselrad, Mello e Bezerra (2009), o movimento de Justiça Ambiental articula suas proposições em
duas dimensões de atuação: (i) a discussão sobre os processos decisórios de participação na formulação das
políticas ambientais, em especial por parte das populações afetadas; (ii) os efeitos sobre a distribuição dos
benefícios e encargos das intervenções sobre o ambiente.
Em primeiro lugar, os processos decisórios são invariavelmente estabelecidos numa relação de verticalização
imposta por empresas e governos, de cima para baixo, sem os protocolos de consulta, ou quando ocorrem
são realizados com mecanismos de pressão sobre as comunidades e os grupos do entorno, impedindo a livre
manifestação pelo peso de retaliações econômicas, sociais, físicas e políticas no âmbito local. Isso é
particularmente sensível pela conjugação de fatores ou justi�cativas de que a falta de empregos e
investimentos em um local justi�caria a aceitação de projetos e empreendimentos que causam danos
ambientais e sanitários, prejudicando a qualidade de vida das populações para um objetivo imediato que, na
maioria das vezes, tem uma proposição exclusivamente econômica, ou seja, o lucroimediato para as
empresas.
Esses processos decisórios estão em uma dinâmica dissonante aos mais elementares princípios estruturantes
do Direito Ambiental. Isso porque os documentos internacionais de proteção ao meio ambiente destacam a
necessidade de participação comunitária na formulação e execução de políticas ambientais. A Declaração do
Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1992, consigna, em seu art. 10, que “[...] o melhor
modo de tratar as questões ambientais é com a participação de todos os cidadãos interessados [...]” (ONU,
1992, [s. p.]). E continua deixando claro que o acesso adequado à informação sobre o meio ambiente “[...]
inclui a informação sobre os materiais e as atividades que oferecem perigo a suas comunidades, assim como a
oportunidade de participar dos processos de adoção de decisões” (ONU, 1992, [s. p.]). No mesmo sentido,
fundamentado no Princípio 10 ora delineado, recentemente foi aprovado no âmbito das Nações Unidas o
Acordo Regional sobre Acesso à Informação, Participação Pública e Acesso à Justiça em Assuntos Ambientais
na América Latina e no Caribe, conhecido como Acordo de Escazú (ONU, 2018), que garante os “direitos de
acesso”, compreendendo o direito à informação, à participação pública nos processos de tomada de decisões
em questões ambientais e o direito de acesso à justiça. A legislação brasileira, no mesmo sentido, estabelece a
participação em vários diplomas legais, prevendo a audiência pública no licenciamento ambiental de
atividades efetiva ou potencialmente causadoras de signi�cativa degradação ambiental (CONAMA, 1986; 1987;
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2020). Por esses elementos, evidencia-se que as políticas públicas que afetam pessoas, populações, cidades e
regiões devem ser fruto de uma construção dialógica entre os atores envolvidos, e não a sobreposição de uma
única interpretação.
Como decorrência dos obstáculos dos direitos de acesso aos processos decisórios, temos a segunda
dimensão da Justiça Ambiental, acerca da distribuição dos encargos das intervenções sobre o meio ambiente,
que recairão justamente nas populações, nos grupos e nas pessoas mais vulneráveis em sociedades desiguais
– como é o caso do Brasil. Portanto, são esses grupos que, ora são privados do acesso aos recursos naturais
para viverem, ora “são expulsos de seus locais de moradia para a instalação de grandes projetos hidroviários,
agropecuários ou de exploração madeireira ou mineral” (ACSELRAD; MELLO; BEZERRA, 2009, p. 42). Esse é o
caso, por exemplo, dos projetos de desenvolvimento que são impostos e implicam a expulsão de grupos e
populações. Dois são os exemplos. O primeiro são expulsões ligadas ao mercado global de terras, com
aquisição de grandes áreas produtivas por corporações para a produção de biocombustíveis ou para o
extrativismo, forçando milhares de agricultores a venderem ou deixarem suas terras, inclusive, por
contaminações, porque o nosso país é o campeão mundial no uso de agrotóxicos. O segundo exemplo são os
projetos de infraestrutura, como o caso da Usina de Belo Monte, no Pará, em que milhares de pessoas foram
expulsas de suas casas com o alagamento de amplas faixas de terras, com a perda dos laços sociais e de
pertencimento ancestrais, além dos impactos ambientais, em que o mais evidente foi a perda da
biodiversidade da região. Na mesma perspectiva, pessoas e grupos são atingidos pela implantação de
projetos de hidrelétricas, um dos pontos mais críticos na agenda ambiental brasileira, com movimentos em
todo o país em questionamento ao modelo de implementação dessas iniciativas.
Nessa conjugação, nota-se que o movimento de Justiça Ambiental é fundamentalmente uma rede que
estabelece um contraponto e uma resistência aos mecanismos de imposição e verticalização dos processos
decisórios que saem prontos de gabinetes governamentais, sem interface ou diálogo com a realidade dos
territórios e lugares. O que está em pautas nessas reivindicações é, sobretudo, o compromisso com a
participação comunitária em uma sociedade democrática e dialógica, princípio e condição fundamental para
um combate efetivo ao crescimento da desigualdade ambiental e suas consequências.
VÍDEO RESUMO
O vídeo discute e re�ete sobre um tema que está na pauta dos governos e atores econômicos: a
desigualdade. Em conjunto com os aspectos econômico e social, a desigualdade tem uma dimensão
ambiental. É esse o foco dessa videoaula, para que você conheça e re�ita sobre as facetas da desigualdade
ambiental e as proposições para uma Justiça Ambiental. 
Vamos juntos? Estou te aguardando! 
 Saiba mais
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

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