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02/05/2023 1 Incontinência urinária Disciplina: Fisioterapia Urogineco-funcional Profa. Dra. Martina E. B. Vieira Diagnóstico da IU (FREITAS et al., 2011) FATORES DE RISCO Predisponentes Desencadeantes Promotores Transitórios/reversíveis Avaliação • Anamnese • Exame físico • Propedêutica complementar Anamnese – Queixas urinárias • Levantamento das queixas da pcte • Todos os sintomas devem ser avaliados quanto à duração, intensidade e fatores desencadeantes – Perda urinária aos esforços (Tosse? Carregar peso? Correr? Volume da perda? Freq dos episódisos? Uso de protetores higiênicos? Evolução do sintoma ao longo do tempo?) – Urgência miccional (desespero para urinar?) – Urge-incontinência (perda involuntária de urina acompanhada ou precedida por urgência miccional?) – Polaciúria ou frequência (pcte relata urinar muitas vezes ao dia; noctúria?) – Enurese noturna – Sensação de esvaziamento vesical incompleto (sente a bexiga ainda cheia?) (PIATO, 2008) Anamnese – Antecedentes pessoais • Condições relevantes para o diagnóstico de IU: – DM (neuropatia periférica sensitiva e motora) – HAS (medicamentos, contra-indicação relativa a alguns ttos clínicos) – Obesidade (aumento da pressão intra-abdominal, limitação para ttos como algumas cirurgias) – Neuropatias centrais e periféricas (alteração do reflexo de micção, da sensibilidade vesical, da musculatura do assoalho pélvico, do esvaziamento vesical, etc.) – DPOC (aumento crônico da pressão abdominal, tosse crônica, pior resultado em cirurgias) (PIATO, 2008) 1 2 3 4 5 6 02/05/2023 2 Anamnese – Antecedentes pessoais • Condições relevantes para o diagnóstico de IU (cont.): – Constipação intestinal (aumento crônico da pressão intra- abdominal, retocele) – Incontinência anal (comum associação dos defeitos por lesão extensa do assoalho pélvico) – Prolapso genital (fatores etiológicos comuns) – Uso de medicamentos – Ingestão de substâncias irritantes vesicais (café, chá, refrigerantes tipo cola e álcool) – Tabagismo (PIATO, 2008) Anamnese – Antecedentes pessoais • Outros dados da história médica relevantes para a IU: – Antecedentes menstruais/menopausa – Antecedentes obstétricos (número de gestações e partos) – Histórico dos partos (normal/cesárea; lacerações, peso do RN) – Cirurgias prévias (PIATO, 2008) Exame físico • Avaliação física e ginecológica completa • Foco em: – Detectar e graduar prolapso genital concomitante – Detectar e graduar ruptura perineal associada – Avaliar trofismo urogenital – Avaliar força do assoalho pélvico (fechamento do intróito vaginal e contração percebida ao toque vaginal com 2 dedos) – Confirmar e caracterizar a perda urinária por meio do teste da perda – Avaliar a integridade neurológica (PIATO, 2008) Avaliação funcional da MAP Palpação bidigital (FREITAS et al., 2011) 7 8 9 10 11 12 02/05/2023 3 ESCALA OXFORD DescriçãoGrau Ausência de contração dos mm perineais0 Esboço de contração muscular não sustentada1 Presença de contração de pequena intensidade, mas que se sustenta (sem percepção de subida do AP) 2 Contração sentida com aumento da pressão intravaginal que comprime os dedos do examinador com pequena elevação da parede posterior vaginal 3 Contração satisfatória que aperta os dedos do examinador com elevação da parede posterior vaginal em direção à sínfise púbica (contra resistência por < 5 seg) 4 Contração forte, compressão firme dos dedos do examinador com movimento positivo em direção à sínfise púbica (contra resistência por > 5 seg) 5 MORENO. 2009 Teste da perda urinária 1. Repleção vesical 2. Pcte em pé com um dos MMII apoiado em um degrau e em posição ginecológica 3. Teste do esforço 4. Verificação da perda urinária 5. Checar controle da perda 6. Observar quantidade 7. Proceder também com a bexiga “vazia” (PIATO, 2008) Exame físico – teste da perda urinária • Perdas urinárias que ocorrem durante esforço são suspeitas de IUE • Perdas urinárias após o esforço, em maior quantidade e sem controle, que se assemelham a micção completa são suspeitas de hiperatividade do detrusor • Perda urinárias ao esforço mesmo com a bexiga vazia supeita-se de deficiência esfincteriana intríseca (próprios da uretra) (PIATO, 2008) Exame físico – Exame neurológico • Testes que avaliam o arco reflexo sacral e demostram a integridade do componente motor do n pudendo: 1. Reflexo bulbocavernoso – estimulação do clitóris provoca contração do m bulbocavernoso 2. Reflexo da tosse – durante a tosse há contração espontânea dos mm do assoalho pélvico 3. Reflexo anocutâneo – a estimulação da pele próxima ao ânus provoca contração do esfincter anal. (MORENO, 2009) Propedêutica complementar • Diário miccional – Anotação em tabela da ingestão de líquidos, das micções e das perdas urinárias – Geralmente, é realizado por 3 dias consecutivos – Inclui o horário da micção ou da perda urinária, assim como os sintomas associados (ex: urgência) – Registro do volume de cada micção (avalia a capacidade funcional máxima–volume total da bexiga) – Observar o maior intervalo entre as micções (PIATO, 2008) Propedêutica complementar • Estudo urodinâmico – Diagnóstico diferencial das perdas urinárias, reproduzindo as condições habituais dos sintomas da pcte – Podem-se avaliar outros sintomas urinários, como alterações de esvaziamento e complacência vesical – Antes da realização do exame – Excluir ITU por meio de cultura da urina (PIATO, 2008) 13 14 15 16 17 18 02/05/2023 4 Estudo urodinâmico • Indicações – Incontinência urinária recidivada – Planejamento cirúrgico – Persistência de sintomas após tratamento conservador – Distúrbios de esvaziamento • Exame em 3 etapas – fluxometria, cistometria e estudo miccional (PIATO, 2008) Estudo urodinâmico 1.Fluxometria – avalia o fluxo livre em ambiente privado após enchimento vesical espontâneo • Aspecto da curva, fluxos máx. e médio e volume urinado • Após a fluxometria é inserido 2 ou mais cateteres uretrais para infusão de soro e medida da pressão intra-vesical • Mede-se o volume residual pós-miccional (normal até 50 ml ou 20% do vol urinado) • Coloca-se um cateter intrarretal com balão na extremidade para medida indireta da pressão abdominal (PIATO, 2008) Fluxometria Apaciente utiliza, para urinar, uma cadeira acoplada ao urofluxômetro, que fornecerá várias medidas do fluxo urinário. Vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=Pr61zx4CJTU https://www.youtube.com/watch?v=Y8UzFDhOaS k Estudo urodinâmico 2.Cistometria – realizada a medida da pressão da perda, que define o diagnóstico e o tipo de IU • Avaliadas medidas da pressão vesical (Pves) e pressão abdominal (Pabd), durante o enchimento vesical • Pressão do detrusor (Pdet) é calculada como Pabd - Pves • Atividade do detrusor avaliada pela presença de contrações involuntárias • Avalia-se a sensibilidade vesical (1° desejo, desejo normal e forte desejo) • Mede-se a capacidade cistométrica (complacência) • Avalia-se PPE (pressão de perda ao esforço)(PIATO, 2008) (PIATO, 2008) Cistometria Material: - 2 sondas plásticas vesicais (6 a 8 Fr) - infusão de soro e medida da pressão intravesical - 1 sonda com balão de látex na extremidade (introduzida no reto, para medida da pressão intra- abdominal) - Gel anestésico A sonda retal e uma das vesicais são conectadas a transdutores que transmitirão as pressões para registro em computador. Estudo urodinâmico 3.Estudo miccional – Avaliados os parâmetros de fluxo versus pressão, ou seja, quanto o detrusor necessita contrair para esvaziar a bexiga e o fluxo urinário resultante • Etapa fundamental na investigação de queixas de esvaziamento ou se há resíduo pós- miccional aumentado (PIATO, 2008) 19 20 21 22 23 24 02/05/2023 5 (FREITAS et al., 2011) Normal (FREITAS et al., 2011) Anormal Propedêutica complementar • Uretrocistoscopia – Avaliação endoscópica do trato urinário inferior – Permite diagnosticar lesões sugestivas de câncer vesical e cistite intersticial – Na prática,esse exame é realizado nos casos de bexiga hiperativa refratária ao tratamento ou no diagnóstico lesão vesical intra-operatória • Exames de imagem do trato urinário – Suspeita de corpo estranho, fístulas, obstrução ou malformação, com infecção de repetição (PIATO, 2008) RESUMO: Critérios diagnósticos de IUE • Clínico: – História de perda urinária ao esforço (60% de sensibilidade para o diagnóstico se for a única queixa) – Teste de perda positivo, com perda simultânea de urina ao esforço físico • Urodinâmico: – Fluxometria inicial normal com resíduo pós-miccional inferior a 50ml – Detrusor estável, capacidade cistométrica entre 350 e 600 ml e pressão de perda ao esforço positiva (Ppe<60 cmH2O = def. esfincteriana intrínseca; Ppe<90 cmH2O = causa anatômica ou por hipermobilidade do colo vesical) (PIATO, 2008) RESUMO: Critérios diagnósticos de bexiga hiperativa • Clínico: – Referência à urgência, freq, noctúria e urge-continência na história ou anotados no diário miccional – Ausência de ITU • Urodinâmico: – Fluxometria normal por vezes com esvaziamento rápido e fluxo máx aumentado, resíduo pós-miccional normal – Cistometria com contrações involuntárias do detrusor e/ou sensação de urgência miccional durante o enchimento vesical, sem contração voluntária – Muitas vezes o exame tem que ser interrompido, pois a pcte não suporta a infusão máxima • Uretrocistoscopia e exames de imagem – descartar complicações (PIATO, 2008) Tratamento da IU 25 26 27 28 29 30 02/05/2023 6 Tratamento • Conservador: – Correção da hipotrofia urogenital com estrógenos tópicos (estriol, promestrieno) – Medidas gerais e mudança de hábitos – Reeducação da bexiga (seguir um horário para urinar) – Medicamento orais (efeitos colaterais desagradáveis) – Injeção de toxina botulínica no detrusor (bexiga hiperativa) • Reabilitação do assoalho pélvico – FISIOTERAPIA – Treinamento funcional do assoalho pélvico – Eletroestimulação – Biofeedback • Cirúrgico Exemplo: Cirurgia de Burch e Sling – correção da IUE anatômicas (PIATO, 2008) (FREITAS et al., 2011) FISIOTERAPIA Treinamento funcional do assoalho pélvico • Conscientização do assoalho pélvico (até grau 2 de força) • IUE: fortalecimento de fibras fásicas (tipo II), contrações rápidas e curtas com descanso mais longo (fadiga) • IUU: fortalecimento de fibras tônicas (tipo I), contrações sustentadas com descanso mais curto (resistente à fadiga) • IUU: Contrações do assoalho pélvico inibem reflexamente a contração do detrusor Treinamento funcional do assoalho pélvico • Repetições e séries depende da avaliação da força do assoalho pélvico e da evolução do paciente (PERFECT) • Utilização de recursos: • 2 a 3 vezes por semana por pelo menos 3 meses • Cones vaginais (contração sustentada) • Biofeedback • Exercícios respiratórios • Bolas e outros materiais • Ginástica hipopressiva • Associar com cinesioterapia global (contração em diferentes posturas) • Treinamento funcional (esforços diários, simulando situações de incontinência) • Pilates Terapia comportamental • Treinamento vesical – aumento da inibição cortical sobre as contrações detrusoras involuntárias (IUU) e melhora a modulação central dos impulsos aferentes – Aumentar o intervalo entre as micções – Diminuir os episódios de perda urinária e quantidade de urina Diário miccional (fundamental na IUU bexiga hiperativa) – Anotar em um período de 24h a 3 dias – Fornece: vol urinado, freq miccional, maior intervalo entre as micções, intervalo médio, maior vol urinado, número e episódios de IU 31 32 33 34 35 36 02/05/2023 7 Perda urinária (hora e o que promove) Sintoma de urgência (S/N) Tipo e quantidade de líquido ingerido Hora da ingestão de líquido Volume urinado (ml) Hora da micção Hora da vontade de urinar Paciente: ____________________________________ Data:___________ DIÁRIO MICCIONAL (24h) N° de micções: Volume ingerido: Volume urinado: Vol urinado/n° de micções: DIÁRIO MICCIONAL (24h) Padrões normais N° de micções: 4 a 7 diurnas Noctúria ausente Vol ingerido = vol urinado (aproximad.) Vol da bexiga = 500 ml - 200 a 250 ml por urina (Vol urinado/n° de micções) Intervalo entre micções: 3 a 4 horas Ingesta por dia: (2 a 2,5 litros em média/dia) Produção de urina: 1 ml/minuto Orientações: aproximar dos padrões de normalidade! ✔Mudanças de hábitos (melhorar a qualidade de ingesta/ 2l por dia) ✔Treinamento vesical (Ex.: “tentar ir ao banheiro em intervalos maiores”) ✔Não ingerir líquidos antes de deitar. Postura adequada para micção – inclinação pélvica favorece o relaxamento dos mm do assoalho pélvico e o aumento da pressão intra- abdominal durante a expiração e a contração dos mm abdominais favorece a eliminação de urina Terapia comportamental - educação Postura adequada para a evacuação com relaxamento dos mm do assoalho pélvico enquanto ocorre ação conjunta dos abdominais e diafragma Terapia comportamental - educação Exercem um efeito irritante na bexiga – promovendo sensação de bexiga cheia e desejo frequente de urinar Terapia comportamental - educação Substâncias irritativas Abacaxi, ameixa, laranja, limão, maçã, morango, tomate, uva Frutas ácidas Adoçantes, álcool, cigarro, café, chá preto, chocolate, especiarias, maionese, refrigerantes, vinagre Outros Eletroestimulação Raízes S2-S4 SNA parassimpático (n pélvico) • INIBIÇÃO • Baixa largura de pulso (<150 µs) • Alta frequência (>70 Hz) Raízes T10-L1 SNA simpático (n hipogástrico) • ESTIMULAÇÃO • Baixa largura de pulso (<150 µs) • Baixa frequência (<5 Hz) Eletroestimulação transcutânea das raízes (neuromodulação) 37 38 39 40 41 42 02/05/2023 8 Eletroestimulação Fibras tônicas (tipo I) Contração lenta • Alta largura de pulso (>250 µs) • Baixa frequência (< 20 Hz) • Tempo de repouso = Tempo de trabalho (R = T) – (T) ON = 5 a 10 s (avaliação!)* – (T) OFF = 1X *rise, on e decay Tempo de aplicação: 15 a 20 min Fibras fásicas (tipo II) Contração rápida • Alta largura de pulso (>250 µs) • Alta frequência (>70 Hz) • Tempo de repouso = 2x ou 3x Tempo de trabalho (R = 2T ou 3T) – (T) ON = 2 s (avaliação!)* – (T) OFF = 4 s ou 6 s *rise, on e decay Tempo de aplicação: 5 a 10 min Eletroestimulação dos músculos do assoalho pélvico (Sondas intracavitárias) Eletroestimulação no assoalho pélvico - contraindicações ❖Gravidez confirmada ou suspeita ❖ Lesões ou infecções urinárias ou vaginais ❖ Prolapsos acentuados (grau maior que II) ❖ Alteração neurológica ❖ Diminuição da função cognitiva ❖Queixa de retenção urinária ❖ Ca de colo uterino, reto ou geniturinário ❖ Período menstrual (relativo) ❖Marca-passo cardíaco ou implantes metálicos na região do quadril ou MMII Eletroestimulação • Inibição da atividade vesical pela despolarização das fibras aferentes somáticas sacrais e lombares, resultante de respostas motora e sensitiva ao estímulo na área do nervo tibial posterior. • Centralmente, esse nervo adentra a espinha dorsal sacra na mesma área onde se encontram as projeções nervosas para a bexiga. • Apesar de ter sido proposta há mais de 20 anos, os detalhes do mecanismo de atuação ainda não são totalmente conhecidos Eletroestimulação transcutânea do n tibial posterior Eletroestimulação • TENS • Largura de pulso = 200 a 250 µs • Freq = 10 Hz • Intensidade máxima tolerada • 2 a 3x/semana • 20 a 30 minutos • Par de eletrodos: um eletrodo acima do maléolo medial esquerdo e outro abaixo do mesmo, próximo ao arco plantar do pé esquerdo • Contrações rítmicas do hálux Eletroestimulação transcutânea do n tibial posterior Referências BARACHO, E. Fisioterapia aplicada à obstetrícia, uroginecologia e aspectos de mastologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. FREITAS, F.; MENKE, C. H.; RIVOIRE, W. A.; PASSOS, E. P. Rotinas em Ginecologia. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. PIATO, S. Ginecologia: diagnóstico e tratamento. Barueri: Manole, 2008. POLDEN, M.; MANTLE, J. Fisioterapia em ginecologia e obstetrícia. São Paulo: Santos, 2005.SILVEIRA, G. P. G. da. Ginecologia baseada em evidências. São Paulo: Atheneu, 2004. 43 44 45 46 47 48
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