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Comparar as formas de solução de conflitos

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CONCEITOS
Os métodos alternativos de resolução de conflitos estão presentes em diversos países. São formas de desafogar o judiciário e agilizar a resolução de desavenças. As legislações vigentes ainda são recentes. Também existem acordos internacionais sobre tais procedimentos, pois são comuns em contratos internacionais.
Saiba mais
Nos Estados Unidos, desde a década de 1980, o Congresso iniciou a elaboração de legislações incentivando o uso de tais métodos. Na União Europeia, há mais de uma década existe diretiva neste sentido. No Brasil, a Lei de Arbitragem é da década de 1990.
AUTOTUTELA
Esse método de resolução de conflitos é popularmente conhecido como fazer justiça com as próprias mãos. Em outras palavras, é resolver sem o auxílio de outras pessoas.
A imposição da vontade de uma das partes em detrimento da outra é exceção, pois representa um perigo à paz social. A sua permissão está relacionada à defesa de direitos que estejam sendo violados, por exemplo, a legítima defesa e a paralisação coletiva do trabalho.
No ambiente de trabalho, os conflitos devem ser levados aos responsáveis pela resolução, ao superior hierárquico que poderá organizar a melhor estratégia para evitar um desgaste nas relações interpessoais na empresa.
AUTOCOMPOSIÇÃO
Esse método consiste nos próprios envolvidos no conflito chegarem a uma solução. Não há envolvimento de terceiros. O fim do problema acontece quando:
· uma das partes desiste da disputa;
· a outra parte aceita a desistência (submissão);
· ambas as partes fazem concessões recíprocas (transação);
· as partes colaboram na resolução do problema.
Em determinadas ocasiões não haverá certo ou errado, apenas divergências de pontos de vista que podem levar ao aparecimento de conflitos. Em algumas situações é preciso saber recuar e entender que a multiculturalidade do ambiente de trabalho requer prudência e ponderação nas expressões individuais.
Exemplo
Numa situação na qual uma pessoa leva frutas para o ambiente de trabalho, por exemplo, jaca ou mexericas, fazendo com que o ambiente fique marcado pelo cheiro das frutas, aparentemente não há ilicitude ou infração a regras. Porém, se um colega avisa, com assertividade, que não é uma conduta indicada, por uma questão de boa convivência, para evitar conflitos seria recomendado não levar tais frutas. O funcionário pode escolher maçã, pera etc., deixando as frutas com cheiro forte para outros ambientes
Nesse exemplo, os colegas de trabalho resolvem um conflito sem precisar levar a situação ao chefe.
HETEROCOMPOSIÇÃO
A heterocomposição é um gênero de métodos de resolução alternativas de conflitos. Sempre que houver um terceiro que não faz parte da relação conflituosa será uma heterocomposição. Portanto, mediação, conciliação e arbitragem são espécies de heterocomposição extrajudicial.
No ambiente de trabalho, vamos aproveitar o exemplo das frutas. Caso o funcionário continue a levar mexericas, porque é sua fruta preferida, ou porque ganhou um saco delas, ou, ainda, porque tem um pé de mexericas no quintal, o incomodo aos colegas permanece. Os colegas já conversaram com a pessoa, mas isso não resolveu a questão.
Eles, então, resolvem falar com o chefe de departamento, que pede ao funcionário que pare com o comportamento. O chefe aproveita para estipular uma regra, que comidas com cheiro forte não serão mais permitidas no local de trabalho.
Nesse exemplo, a contribuição de uma terceira pessoa que não faz parte diretamente do conflito traz o caráter de heterocomposição, diferenciando da autocomposição, na qual as partes envolvidas chegaram a um acordo sem a necessidade de envolver outra pessoa.
MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO
A mediação é um processo interativo iniciado na Grécia antiga, aprimorado pela lei romana, no qual um terceiro imparcial auxilia as partes em conflito na resolução por meio do uso de técnicas especializadas de comunicação e negociação.
Todos os participantes da mediação são encorajados a participar ativamente do processo, pois a mediação é um processo "centrado nas partes", principalmente nas necessidades, direitos e interesses delas.
O mediador utiliza várias técnicas para direcionar o processo construtivamente auxiliando as partes a encontrar sua solução ideal. Um mediador gerencia a interação entre as partes, facilitando a comunicação aberta. A mediação também é avaliativa, na medida em que o mediador analisa questões e normas relevantes. O mediador não fornece conselhos prescritivos às partes.
APONTAMOS COMO PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DA MEDIAÇÃO
· custo menor que o de um processo judicial;
· confidencialidade;
· maior controle das partes na resolução do conflito;
· compliance (ou seja, agir de acordo com a norma e regulamento);
· compromisso mútuo das partes;
· o suporte do mediador.
· A mediação difere da conciliação, pois na conciliação, muitas vezes, as partes precisam restaurar uma relação, seja pessoal, seja profissional.
· A conciliação também é um método alternativo de resolução de conflitos. As partes em conflito utilizam um conciliador, que se reúne com cada uma delas tanto separadamente, como juntas, na tentativa de resolver suas diferenças.
· O objetivo é diminuir as tensões, melhorando as comunicações, interpretando questões, encorajando as partes a explorar soluções potenciais e as ajudando a encontrar um resultado aceito mutuamente.
· Há um método de "conciliação" muito similar à negociação. O conciliador auxilia cada uma das partes a desenvolver independentemente uma lista de todos os resultados que desejam obter da conciliação, do mais ao menos importante.
· O conciliador reúne-se com as partes, encorajando-as a ponderar os objetivos, um de cada vez, começando pelo menos importante e trabalhando para o mais importante para cada parte, por sua vez. As partes raramente colocam as mesmas prioridades em todos os objetivos, e geralmente têm alguns objetivos que não são listados pela outra parte. Assim, após rodadas negociando os objetivos, o conciliador constrói uma sequência de sucessos através das cessões que cada um faz, ajudando as partes a criar uma atmosfera de confiança.
· Tanto a conciliação como a mediação são procedimentos que também podem acontecer a qualquer momento no decurso de um processo judicial. A seção V e o capítulo V do Código de Processo Civil Brasileiro - CPC (Lei n° 13.105/2015) estipulam as regras.
· MEDIAÇÃO NO TRABALHO
· Uma grande variedade de disputas ocorre no ambiente de trabalho, incluindo disputas entre membros da equipe, alegações de assédio, disputas contratuais e pedidos de indenização aos trabalhadores.
· 
· Em geral, as disputas no local de trabalho acontecem entre pessoas que têm uma relação de trabalho contínua, indicando que a mediação ou uma investigação no local de trabalho seria apropriada como processo de resolução de conflitos. Entretanto, a complexidade das relações, envolvendo segurança, hierarquia e competitividade, pode dificultar a mediação.
· Uma empresa, seus departamentos, possuem pessoas com as mais diversas personalidades e culturas, portanto é natural que existam alguns conflitos e adaptações necessárias. Geralmente o superior imediato e os gestores do departamento pessoal possuem o papel de mediador nas situações conflituosas.
· ARBITRAGEM
· A arbitragem também é um método alternativo de resolução de conflitos que inicialmente não envolve o Poder Judiciário. Inclusive, se houver convenção de arbitragem o juiz não poderá decidir sobre o conflito (artigo 485, VII do CPC). A decisão de usar arbitragem é contratual, o objeto da disputa deve ser direito patrimonial disponível, e possui regras específicas na Lei de Arbitragem, nº 9.307/1996, e no Código de Processo Civil Brasileiro.
· As partes envolvidas no conflito elegem uma câmara ou tribunal arbitral e apresentam seu desacordo a um árbitro ou a um grupo de árbitros privados, independentes e qualificados. No Brasil existem tribunais arbitrais e diversas câmaras arbitrais. A arbitragem é semelhante ao processo judicial e seu principal benefício é a agilidade no processo, pois existem prazos parasua finalização. Outro benefício é a possibilidade de escolha de mais de um árbitro especialista sobre o assunto discutido.
· Sua principal diferença para os outros métodos é a autoridade do árbitro neutro para decidir a divergência. A decisão é definitiva, poderá ser executada no judiciário e só pode ser recorrida por motivos muito restritos.
· É muito comum convenções de arbitragem em contratos de franquia, importação e exportação. Assim, antes que haja alguma disputa ou quebra contratual, as partes já acordam os termos do processo arbitral caso seja necessária sua instauração.
· Devemos lembrar que as convenções arbitrais devem seguir as indicações da Lei de Arbitragem para que quando houver o conflito as regras já estejam estipuladas. Isso evita demora e também que haja conflitos processuais a serem resolvidos antes de ser decidido o motivo da disputa.
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