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TCC MEDIAÇÃO COMO FORMA ALTERNATIVA DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS docx - Documentos Google

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/
MEDIAÇÃO FORMA ALTERNATIVA DE RESOLUÇÃO DE 
CONFLITOS 
 
 
 
Este trabalho possui como objetivo estudar os métodos alternativos de 
resolução de conflitos, dando ênfase à mediação. A mediação não pode ser 
confundida com outros métodos alternativos de solução de litígios. Com suas 
especificidades e particularidades, deve ser entendida como uma prática 
possível de promoção da emancipação dos sujeitos inseridos na sociedade. 
Diante da possibilidade de proporcionar maior liberdade, a mediação está 
intimamente atrelada ao princípio jurídico da Autonomia Privada. Imperioso se 
faz estudá-los conjuntamente para entender como de fato a mediação é um 
instrumento emancipador dos sujeitos. Para realização do presente trabalho, foi 
utilizada ampla pesquisa doutrinária, em livros, documentos e sites da internet. 
Ao final do estudo, constatou-se que as formas alternativas de resolução de 
conflitos são uma constante no mundo e, atualmente, estão cada vez mais 
presentes no Brasil, favorecendo assim a própria prestação jurisdicional, que 
passa a se ocupar de causas que verdadeiramente não podem ser 
transacionadas. 
Palavras-chave: Conflito. Mediação. Alternativa de Resolução de Conflitos. 
1 INTRODUÇÃO 
O presente trabalho tem como objetivo estudar os métodos alternativos de 
resolução de conflitos, dando ênfase à mediação, sistematização da teoria da 
mediação, que passou também a ser estudada em algumas instituições de 
ensino superior. O Projeto de Lei nº 4.827/98, que versa sobre a mediação de 
conflitos, dispõe, em seu art. 3º, que a mediação poderá ser judicial , sem, no 
entanto, esclarecer suficientemente o que seria o instituto da "mediação 
judicial". Diante da atualidade e necessidade de uma adequada 
/
regulamentação do tema, neste trabalho tentaremos Há muito se inscreveu a 
máxima “onde está o homem está o direito, de tal sorte que é inegável. A 
mediação é uma forma de solução consensual de conflitos, desenvolvida, tal 
como conhecemos hoje, na segunda metade do século XX, nos Estados 
Unidos. No Brasil, a partir da década de noventa, surgiram entidades voltadas 
para a prática e demarcar os contornos da mediação judicial e analisar sua 
viabilidade e necessidade no sistema processual brasileiro. O alcance dos 
objetivos deste trabalho passa pelo estudo do que vem a ser a mediação de 
conflitos, da atuação do mediador e das normas processuais positivadas. 
A necessidade do direito para o convívio social em harmonia” (SILVA, 2008, 
p.17). Nessa perspectiva, a doutrina tem se manifestado no sentido de que, 
seja dom dos deuses, seja criação dos homens, o direito tem como explicação 
e objetivo o equilíbrio, a harmonia social. 
A credibilidade da mediação no Brasil, como processo eficaz para solução de 
controvérsias, vincula-se diretamente ao respeito que os mediadores vieram a 
conquistar, por meio de um trabalho de alta qualidade técnica, embasado nos 
mais rígidos princípios éticos. 
A mediação transcende à solução da controvérsia, dispondo-se a transformar 
um contexto adversária em colaborativo. É um processo confidencial e 
voluntário, onde a responsabilidade das decisões cabe às partes envolvidas. 
Difere da negociação, da conciliação e da arbitragem, constituindo-se em uma 
alternativa ao litígio e também um meio para resolvê-lo. 
O mediador é um terceiro imparcial que, por meio de uma série de 
procedimentos próprios, auxilia as partes a identificar os seus conflitos e 
interesses, e a construir, em conjunto, alternativas de solução, visando o 
consenso e a realização do acordo. O mediador deve proceder, no 
desempenho de suas funções, preservando os princípios éticos. 
A prática da mediação requer conhecimento e treinamento específico de 
técnicas próprias, devendo o mediador qualificar-se e aperfeiçoar-se, 
melhorando continuamente suas atitudes e suas habilidades profissionais. 
/
Deve preservar a ética e a credibilidade do instituto da mediação por meio de 
sua conduta. Nas declarações públicas e atividades promocionais o mediador 
deve restringir-se a assuntos que esclareçam e informem o público por meio de 
mensagens de fácil entendimento. 
A mediação vem sendo debatida entre os operadores do direito, assim como 
no Congresso Nacional, como sendo uma das formas alternativas de solução 
de lide, onde vários Magistrados veem na medição a possibilidade de 
humanizar os conflitos, e também de oferecer às partes um espaço para 
construírem a solução ou dissolução de seu próprio litígio. 
Com a criação do Projeto de Lei nº 4.827/98, que dispõe sobre a mediação de 
conflitos, onde no artigo 3º, que menciona se a mediação poderá ser judicial, 
não esclarece suficientemente o que seria o instituto da "mediação judicial". 
Assim diante da atualidade e necessidade de uma regulamentação do tema, 
neste trabalho será questionada sua viabilidade e necessidade no sistema 
processual Brasileiro (BATISTA, 2011). 
Assim, defendendo a Constitucionalidade da mediação que deve sempre 
buscar efetivar os Princípios de solução pacífica de controvérsias, da equidade 
e boa-fé e ainda o Principio da Inafastabilidade do poder judiciário de maneira a 
manter sempre a soberania da Constitucionalidade. E partindo da premissa de 
que a mediação já se faz presente na Justiça Brasileira, havendo apenas a 
necessidade de abranger as áreas de atuação e a criação de uma disciplina 
especifica para o seu desenvolvimento, aperfeiçoando os projetos já existentes. 
Aprofundando o estudo da mediação e analisando os tipos existentes, a sua 
eficácia e a sua utilização nos casos concretos, se observará quando a 
mediação será necessária, ou seja, principalmente, quando as partes estão 
abertas a um acordo. Onde entre as principais vantagens da mediação, estão a 
celeridade, o sigilo e a confidencialidade, a redução de custos financeiros e 
desgastes emocionais e a diminuição do tempo de trâmite e da reincidência de 
litígios. 
Busca-se apresentar os métodos para a utilização da mediação, que reúnem 
/
recursos e técnicas para facilitar diálogos, onde um terceiro agente, o 
mediador, atua imparcialmente na coordenação de reuniões conjuntasou 
separadas com as partes, cujo procedimento visa gerar um diálogo cooperativo 
a fim de garantir o equilíbrio das falas e na interação de todos os evolvidos na 
demanda. O objetivo é obter, na medida do possível, acordos satisfatórios para 
todos. 
Assim a mediação poderá proporcionar qualidade, celeridade e rápida solução 
aos conflitos, de maneira a aliviar o judiciário ampliando o acesso a justiça que 
se encontra abarrotado de processos e auxiliar no desenvolvimento da 
sociedade brasileira, como um genuíno mecanismo de pacificação social. 
2 DOS PROCESSOS, METÁDOS OU MEIOS EM ESPÉCIES 
2.1 Negociação 
È a forma de solução de um litígio, em que as próprias partes resolvem-no sem 
a participação de um terceiro. Pode-se dizer que a mediação é uma 
negociação assistida. 
É importante frisar que as formas de solução de litígios não são umas melhores 
que as outras. Cada qual possui características que as tornam mais adequadas 
para este ou aquele tipo de conflito, como já foi explicitado anteriormente. De 
toda sorte, vale ressaltar que a mediação pode trazer como vantagens um 
baixo custo, informalíssimo, confidencialidade e maior compromisso das partes 
em cumprir os acordos e respeitar a solução encontrada, já que não lhes é 
imposta. 
2.2 MEDIAÇÃO JUDICIAL 
O Projeto de Lei nº 4.827/98, em seus arts. 3º e 4º, dispõe, in verbis : 
Art. 3º - A mediação é judicial ou extrajudicial, podendo versar sobre todo o 
conflito ou parte dele. 
Art. 4º - Em qualquer tempo ou grau de jurisdição, pode o juiz buscar 
convencer as partes da conveniência de se submeterem a mediação 
extrajudicial, ou, com a concordância delas, designar mediador, suspendendo o 
/
processo pelo prazo de até 3 (três) meses, prorrogável por igual período. 
Parágrafo único. O mediador judicial está sujeito a compromisso, mas pode 
escusar-se ou ser recusado por qualquer das partes, em cinco dias da 
designação. Aplicam-se lhe, no que caibam, as normas que regulam a 
responsabilidade e a remuneração dos peritos. 
Art. 5º - Omissis 
Art. 6º - Antes de instaurar o processo, o interessado pode requerer ao juiz 
que, sem antecipar-lhe os termos dos conflitos e de sua pretensão eventual, 
mande intimar a parte contrária para comparecer à audiência de tentativa de 
conciliação ou mediação. A distribuição do requerimento não previne o juízo, 
mas interrompe a prescrição e impede a decadência. 
Como se vê, a norma que poderá disciplinar a matéria permite a utilização da 
mediação pelo Judiciário. Façamos uma análise de suas disposições, 
verificando se são adequadas e sugerindo possíveis modificações, visando 
sempre a melhor utilização da atividade em comento. 
Parece que o termo mediação judicial designa, de acordo com o projeto de lei 
(art. 4º), a mediação realizada durante o processo, por intermédio de mediador 
indicado pelo Judiciário. Se for realizada durante o processo ou não, sem o 
intermédio do Judiciário, será mediação extrajudicial. O texto deixa explícita a 
possibilidade de as partes recusarem o mediador indicado, já que este deve 
necessariamente ser eleito por aquelas. As partes devem ter a liberdade de 
utilizarem ou não a mediação, pois esta orienta-se pelo princípio da liberdade e 
autonomia da vontade, não devendo ser imposta: 
No mundo todo, onde a mediação é praticada e se respeita a norma 
fundamental de deixar seu uso à exclusiva vontade das partes, são resolvidos 
mais de setenta e cinco por cento dos casos que de outra forma teriam ido 
diretamente ao Poder Judiciário. Foi assim que, com uma mudança de cultura, 
com um novo meio de resolver as disputas, conseguiu-se desafogar o Poder 
Judiciário. Nos lugares onde a mediação foi imposta, como na Argentina, a falta 
de preparo dos profissionais, os baixos honorários recebidos além da 
/
obrigatoriedade, produziu um movimento de rejeição pelo qual só resultou, até 
agora, num baixo índice de acordos. (Juan Carlos Vezzula, A mediação. O 
mediador. A Justiça e ouros conceitos, pág. 115) 
Poderia ser realizada pelo juiz? Acreditamos que não seria aconselhável 
atribuir mais essa função ao magistrado. Como já foi dito, a mediação requer 
preparo específico; ademais, alguns casos requerem várias reuniões, o que 
sobrecarregaria ainda mais os juízes. 
Os processos judiciais, via de regra, sujeitam-se ao princípio da publicidade; a 
mediação, por sua vez, deve ser sigilosa. Diante disso, como deve ser 
realizada a mediação judicial? Deve ser realizada em audiência submetendo-se 
à publicidade? Pensamos que a mediação, mesmo sendo judicial, continua a 
ser um método autônomo de solução de conflitos, com seus próprios princípios 
e objetivos. Um desses objetivos é fazer com que as partes conversem, 
descubram seus reais interesses ocultos; para isso, é preciso uma atmosfera 
propícia, que lhes inspire desvirtuaria a atividade e prejudicaria seus 
resultados. 
Assim, a mediação coordenada pelos mediadores judiciais deve ser realizada 
em um local destinado para isso, um setor de mediação, que, inclusive, pode 
ser organizado em conjunto com a Defensoria Pública, para facilitar sua 
operacionalização. 
O texto diz que a qualquer tempo ou grau de jurisdição o juiz poderá convencer 
as partes a utilizarem-se da mediação (art. 4º). Apesar de ser um tanto 
improvável que as partes ainda tenham condições de diálogo após todo o 
trâmite processual, que instiga seu antagonismo 7 , é importante que a lei 
permita a mediação em qualquer grau de jurisdição. Seria incoerente a lei 
restringir a realização da mediação judicial a uma determinada fase sob pena 
de preclusão, já que as partes podem, a qualquer tempo, pedir a desistência da 
ação ou do recurso, por terem resolvido seu conflito por meio de acordo; se 
quiserem obter esse acordo por meio da mediação, não há por que negar-lhes, 
seja qual for a fase em que se encontre o processo. 
De toda sorte, consideramos que a lei também deve prever um momento certo 
/
para as partes decidirem se querem ser mediadas. A nosso ver, nas fases 
atualmente reservadasà tentativa de conciliação pelo Código de Processo Civil 
e Lei dos Juizados Especiais, as partes devem ter a opção entre a mediação e 
a conciliação. Como alguns conflitos podem ser mais bem solucionados 
através da mediação, achamos que a lei deve prever não uma "tentativa 
obrigatória de conciliação", mas uma "tentativa de resolução consensual do 
conflito", cabendo às partes, a escolha do método. 
Quanto à suspensão do processo por até três meses (art. 4º, in fine ), 
prorrogável por igual período, durante a realização da mediação, concordamos 
que é adequada, já que há casos em que a mediação precisa ser realizada em 
diversas reuniões para alcançar um resultado satisfatório 8 . Assim, enquanto se 
estiver tentando outra forma de resolver a contenda, não há porque continuar a 
prática dos atos processuais, que podem até prejudicar a mediação por 
realçarem o antagonismo das partes, como já foi dito antes. 
O projeto de lei, porém, não prevê a suspensão da prescrição durante a 
suspensão do processo. Diante da possibilidade de uma das partes utilizar-se 
da mediação no intuito de protelar o feito, pensamos que a lei deve prever 
também a suspensão do prazo prescricional. 
O art. 6º do projeto atribui à distribuição do requerimento de intimação para a 
mediação realizada antes da instauração do processo (mediação prévia) o 
efeito de interromper a prescrição e impedir a decadência do direito. 
A lei costuma prever a interrupção da prescrição quando o autor pratica atos 
que demonstrem seu interesse na defesa do direito, como no caso vislumbrado 
no artigo em comento. Se a lei não previsse a interrupção - ou a suspensão - 
da prescrição, a parte ficaria pressionada a propor a ação apenas para não 
perder o prazo, mesmo estando interessada em primeiro tentar resolver a 
contenda amigavelmente. 
Por fim, quanto à decadência, a lei dispõe que será impedida pela distribuição 
do requerimento, ou seja, seu prazo nem sequer começará a correr . Ocorre 
que somente alguns casos sujeitos à decadência serão atingidos por esse 
efeito. A decadência é o prazo para o exercício de um direito, o que significa 
/
que começa a fluir com o nascimento do próprio direito. Assim, para que seja 
impedida pela distribuição do requerimento, é necessário que se queira fazer a 
mediação sobre um direito que ainda não surgiu. Essa situação é possível, por 
exemplo, no caso da anulação de cláusulas do estatuto de uma empresa por 
um dos sócios: antes mesmo da aprovação do estatuto – fato que dá início à 
decadência da ação de anulação - já se poderia fazer uma mediação para 
resolver as discordâncias entre os sócios. Porém, no caso do exercício do 
direito de anular casamento, a realização de uma mediação só tem sentido se 
o consorte já conhecer o motivo que enseja a anulação matrimônio; como o 
prazo decadencial da ação inicia-se do conhecimento do motivo, nesses casos 
a mediação sempre será realizada depois de iniciado o prazo decadencial. Em 
conclusão, melhor seria que a lei também atribuísse o efeito interruptivo ou 
suspensivo para decadência. 
2.3 CONCILIAÇÃO 
Na conciliação o que se busca é um acordo, é o fim da controvérsia em si 
mesma através de concessões mútuas; se não houver acordo, a conciliação é 
considerada fracassada. O conciliador pode sugerir às partes o que fazer, pode 
opinar sobre o caso, diferentemente do mediador, que visa a comunicação 
entre as partes, a facilitação de seu diálogo, sem sugerir a solução, para que 
possam sozinhas administrar seu conflito. Uma mediação pode ser bem 
sucedida mesmo sem culminar em um acordo, bastando que tenha facilitado o 
diálogo entre as partes e despertado sua capacidade de entenderem-se 
sozinhas. 
A conciliação deixa de ser mera letra vazia na legislação processual e passa a 
ser uma realidade, tanto no âmbito do processo quanto fora dele, que cada vez 
mais integra o quotidiano do profissional do Direito, o qual deve estar apto a 
lidar com tal realidade, desenvolvendo sua habilidade conciliatória, sempre 
atento à sua responsabilidade social como agente de formação e 
transformação da sociedade, cultivador da semente do diálogo e da 
conciliação, na construção de uma sociedade melhor, mais justa, harmônica, 
pacífica e feliz (SILVA, 2008). Conciliar significa harmonizar, pôr em acordo, o 
/
que constitui o objetivo de quem se dispõe a pacificar duas ou mais pessoas 
em conflito. 
A conciliação é, também, uma forma de resolução de controvérsias na relação 
de interesses, administrada por um conciliador, a quem compete aproximá-las, 
controlar as negociações, aparar as arestas, sugerir e formular propostas, 
apontar vantagens e desvantagens, objetivando sempre a composição do 
conflito pelas partes (SILVA, 2008). 
A conciliação tem suas próprias características onde, além da administração do 
conflito por um terceiro neutro e imparcial, este mesmo conciliador, 
diferentemente do mediador, tem a prerrogativa de poder sugerir um possível 
acordo, após uma criteriosa avaliação das vantagens e desvantagens que tal 
proposição traria às partes. 
Segundo Morais (2005, p.12) com o intuito de delimitar cada uma delas, a 
conciliação pode ser entendida como uma: “tentativa de chegar 
voluntariamente a um acordo neutro, na qual pode atuar um terceiro que 
intervém entre as partes de forma oficiosa e desestruturada, para dirigir a 
discussão sem ter papel ativo”. 
Na conciliação o acordo é buscado com a presença e o diálogo das partes, em 
princípio, num único momento. A conciliação tem recebido grande destaque no 
meio jurídico, sendo objeto de recente campanha do Conselho Nacional de 
Justiça sob o título Conciliar é Legal. 
Este movimento tem como objetivo promover, através da cultura da conciliação, 
a mudança de comportamento dos agentes da Justiça, de todos os seus 
usuários, dos operadores do Direito e da sociedade. 
Além disso, pretende-se mudar comportamentos e induzir na sociedade a 
cultura de que um entendimento entre as partes é sempre o melhor caminho 
para o encerramento de um conflito,trazendo inúmeros benefícios para todos 
os envolvidos, com uma maior satisfação das pessoas envolvidas e diminuição 
do tempo na solução dos conflitos. 
/
Também na conciliação, como já dito acima sobre a mediação, além da 
resolução do conflito, há uma melhora no relacionamento entre as partes 
envolvidas, o que acaba repercutindo na comunidade onde estão inseridas, 
levando a tão procurada paz social. 
A rapidez das soluções obtidas pela conciliação na composição de conflitos é 
incomparável. Algumas semanas, apenas, são necessárias para o alcance de 
um acordo. 
2.4 ARBITRAGEM 
Por fim, para melhor esclarecer o que vem a ser a mediação, resta diferenciá-la 
dos demais métodos consensuais de solução de conflitos: arbitragem, 
conciliação e negociação. 
A arbitragem , regulada pela Lei 9.307/96, é o método no qual as partes 
submetem a solução de seus litígios a um terceiro, que decidirá de acordo com 
a lei ou com a equidade. Essa decisão deverá ser acatada pelas partes, já que 
o laudo arbitral tem força de título executivo judicial e sujeita-se à apreciação 
pelo Judiciário apenas nos casos de nulidade previstos na lei. É mais 
adequada para aqueles conflitos que necessitam de conhecimentos 
extremamente técnicos para sua solução. 
O tema em estudo é a mediação de conflitos, porém entre arbitragem e 
mediação há pequenas diferenças básicas, isto é, a arbitragem envolve uma 
decisão de um terceiro que intervém no processo da parte neutra, depois de 
uma audiência probatória, enquanto a mediação não, daí o porquê do tópico 
arbitragem se estender um pouco mais dentro do contexto formas de resolução 
de conflitos. 
 
2.5 Evolução História de Arbitragem 
A arbitragem não se trata de uma novidade no contexto jurídico mundial. É, na 
verdade, um mecanismo, voltado para a solução de conflitos, muito tradicional, 
já tendo sido usada por hebreus, pelos romanos, na antiguidade e também na 
/
Europa. 
Antes que possamos falar no monopólio da função jurisdicional pelo Estado, a 
humanidade solucionava seus litígios, primitivamente, mediante o uso da força. 
Tal método não podia ser considerado prático ou efetivo, uma vez que não 
ensejava a paz, o fim do conflito (falava-se numa decisão puramente física) e 
impossibilitava que os indivíduos pudessem coexistir em harmonia. Cintra 
(2006, p.54) afirma que: “desde a mais remota antiguidade, a ausência de uma 
figura Estatal forte, capaz de resolver esses conflitos, foi responsável para o 
fomento da vingança privada, que evoluiu para a justiça privada”. 
A humanidade passou a recorrer a caminhos mais simples, fórmulas menos 
confusas e serpenteadas para encerrarem seus conflitos. Desde cedo, 
portanto, o homem passou a recorrer a soluções transacionais, resultante do 
acordo entre as partes, que confiavam ao terceiro a função de dirimir o conflito, 
por meio de uma análise imparcial do caso concreto. Foi como surgiu a figura 
do árbitro (FURTADO, 2010). 
A história foi confirmando o desenvolvimento do instituto, que acompanhou a 
evolução da humanidade. Na Grécia, mais precisamente no ano 445 a.C, já era 
presenciado o que hoje chamamos de cláusula compromissória, numa tentativa 
de solucionar pacificamente um conflito entre Esparta e Atenas. 
O Código de Hamurabi já previa que qualquer cidadão poderia recorrer ao rei 
no escopo de fazer reinar a justiça. No Direito Romano, a figura das chamadas 
legis actiones (instrumentos processuais exclusivos dos cidadãos romanos, a 
fim de proteger seus direitos subjetivos) era muito assemelhada às Cortes 
Arbitrais. 
A arbitragem na Idade Média era comum para solucionar os litígios entre 
nobres, cavaleiros, barões, donos de feudos e comerciantes (a própria Igreja 
Medieval valia-se desse instituto, além do poder disciplinar, para realizar seu 
poder jurisdicional). O Direito Talmúdico também aplicava a arbitragem, 
segundo os costumes do povo judaico, solucionando disputas entre a 
comunidade e as pessoas e, claro, entre as pessoas (FURTADO, 2010). 
/
No Brasil Colônia, a arbitragem era disciplinada nas Ordenações Filipinas, que 
vigorou até depois da Proclamação da República. A Constituição de 1824 
permitia às partes convencionarem a escolha de árbitros nas ações cíveis. O 
instituto também foi abrangido pela resolução de 26 de julho de 1831 e pela Lei 
nº 108, de 11 de outubro de 1837 (MUJALLI, 2009). 
A primeira legislação pátria a tratar especificamente do assunto foi o 
Regulamento nº 737, que inclusive tratava de alguns casos em que o uso da 
arbitragem deveria ser obrigatório. Pouco tempo depois do surgimento do 
referido regulamento, entrou em vigor o Código Comercial de 1850, que 
também enumerava alguns casos obrigatórios do uso da arbitragem. “Art. 245: 
Todas as questões que resultarem de contratos de locação mercantis serão 
decididas em juízo arbitral.” 
A despeito do instituto sempre lembrar um acordo entre as partes, uma forma 
de convenção, existia no país duas modalidades de arbitragem: a voluntária e a 
obrigatória. Em razão da contradição, ou seja, pelo fato da obrigatória ser 
contrária à natureza do instituto, que se baseia na autonomia da vontade, 
acabou sendo revogada pela lei 1350/1866 (MUJALLI, 2009, p.88). 
O Código Civil de 1916 também dispunha sobre o tema, prevendo o 
“compromisso arbitral” nos artigos 1037 e 1048. Também o fez o atual Código 
de Processo Civil, nos artigos 1078 e 1102, cabe ressalvar que tais artigos 
foram revogados pela lei 9307/1996. 
A arbitragem, entretanto, sempre foi tratada com peculiaridades, como, por 
exemplo, a obrigatoriedade da sentença arbitral ser homologada pelo juiz 
estatal, para lhe garantir força executiva, que retiravam suas características 
primordiais de livre iniciativa das partes e de confidencialidade. Além disso, 
enquanto o compromisso arbitral era fundamental para que se instaure o juízo 
arbitral, o mesmo não acontecia com o com a cláusula arbitral, que funcionava 
como uma simples promessa de contratar, o que evidencia ainda mais a fuga 
do nosso sistema pátrio das origens do instituto. 
Até o adventoda Lei nº 9307/96, que resgatou o acordo de vontade das partes 
/
por meio do qual estas se submetiam à decisão de árbitros para a decisão de 
seus conflitos, a arbitragem estava em desuso. Referida lei revitalizou seus 
aspectos tradicionais, consagrando-a como um meio rápido, de solução 
racional e paralelo ao Poder Judiciário, tornando a aplicação da justiça mais 
célere. À cláusula arbitral foram conferidos os mesmo efeitos do compromisso 
arbitral para a instauração do juízo de arbitragem, o que foi providencial para 
retirar a obrigatoriedade do Laudo Arbitral pelo Poder Judiciário. 
 
2.6 Contextualizando Arbitragem 
A arbitragem pode ser entendida como uma alternativa extrajudicial e 
voluntária, que as pessoas capazes de contratar, sejam físicas ou jurídicas, têm 
para solucionar conflitos. Não cabe tutela, portanto, do Poder Judiciário. As 
partes irão eleger um ou mais árbitros, também chamados juízes arbitrais, que 
são pessoas de confiança e que atuarão de forma neutra e imparcial para 
solucionar controvérsias. A decisão final é, portanto, proferida pelo árbitro e 
tem caráter definitivo, uma vez que não sabe recurso nesse sistema. 
Essas soluções, boas ou más, são caracterizadas pela extrema rapidez, o que 
não se evidencia no Poder Judiciário. Com a assinatura da cláusula 
compromissória ou do compromisso arbitral, o instituto assumirá caráter 
obrigatório, sua sentença terá força judicial, sendo proferida por esses 
especialistas, escolhidos convencionalmente pelas partes conflitantes, cuja lide 
necessariamente envolverá direitos patrimoniais disponíveis. 
A lei 9307/96 preceitua em seu art. 1º: 
Art.1º. As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para 
dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. 
Por sua vez, o art. 852 do Código civil de 2002, trata de vedações ao 
compromisso arbitral, estabelecendo seus limites: 
Art. 852. É vedado compromisso para solução de questões de estado, de 
direito pessoal de família e de outras que não tenham caráter estritamente 
/
patrimonial. 
Esses dispositivos estabelecem as chamadas restrições subjetiva e objetiva. É 
necessário, portanto, que as partes sejam capazes (restrição subjetiva). Além 
disso, tal procedimento nada mais é do que uma faculdade das partes, como 
se pode traduzir pela expressão “poderão” e só será instaurado quando o 
conflito versar sobre direitos patrimoniais disponíveis, excluindo de sua 
apreciação, por exemplo, os direitos da personalidade, esse é o âmbito da 
chamada restrição objetiva. 
Carmona (2008, p.76) conceitua arbitragem como: 
Uma técnica para solução de controvérsias através da intervenção de uma ou 
mais pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada, 
decidindo com base nesta convenção, sem intervenção do Estado, sendo a 
decisão destinada a assumir eficácia de sentença judicial. 
Dessa forma, a arbitragem é entendida como um instrumento altamente eficaz 
e flexível, que dinamiza a solução dos litígios, afastando o exagerado 
formalismo e processando-se com máxima celeridade, sem atentar contra a 
ordem jurídica vigente. 
A arbitragem veio para desafogar a jurisdição estatal e é largamente utilizada 
no âmbito do comércio internacional, que dela atualmente não poderia 
prescindir em sua modalidade contratual, à vista da inexistência de jurisdição 
que sobrepaire nas relações internacionais, experimentando-se 
desenvolvimento extraordinário do instituto no âmbito interno de cada país 
(CORREA, 2008). 
 
2.7 Papel do Árbitro 
Sua função principal é a jurisdicional, tendo a competência atribuída pela 
vontade das partes envolvidas e não por lei. Deve conduzir o processo arbitral, 
assim como ocorre num processo judicial, cuja condução é feita pelo juiz, mas 
na arbitragem ocorrerá de forma muito mais rápida, menos formal, com menor 
/
custo. É fundamental que esse árbitro seja pessoa especialista na matéria que 
é objeto da controvérsia, diferente do que ocorre no Poder Judiciário, onde o 
juiz, muitas vezes, necessita do auxílio de peritos especialistas. 
Ao zelar pelo andamento do processo, dentro de normas jurídicas aplicáveis, 
atuará sempre com imparcialidade, independência, competência diligência e 
discrição, nos termos do art.13 da Lei 9307/96 do CPC. Sua sentença é final e 
irrecorrível, e deverá ser cumprida pelas partes, seja automaticamente ou por 
meio de execução forçada. 
A imparcialidade está relacionada ao tratamento igualitário ao qual o árbitro 
submeterá às partes. Não pode haver nenhum tipo de privilégio. É uma 
característica possível de ser depreendido pelo fato do árbitro ser uma pessoa 
de confiança das partes em litígio, o que lhe impõe a imperatividade de agir de 
forma ética no cumprimento de seus deveres. 
A independência é outra condição essencial, relacionada ao fato do árbitro ser 
livre para formar seu convencimento de acordo com o que lhe foi apresentado 
no procedimento arbitral, sem que sua vontade esteja submetida a algum tipo 
de força externa ao processo. É uma característica que tem como base o 
princípio da persuasão racional, ou do livre convencimento. É necessário que 
apresente, também, uma clara motivação para sua decisão. 
Quanto à competência, seu teor deriva da própria lei, como a qualidade de 
possuir capacidade de apreciar e resolver determinado assunto. A diligência é 
a atribuição que o árbitro tem de zelar pelo correto exercício de suas funções, 
cumprindo-as com rapidez e eficiência, respeitando a lei. A discrição, por fim, é 
fundamental em decorrência do sigilo que deve nortear o procedimento. Nas 
palavras de Câmara (2007, p.45), o árbitro é “sem sombra de dúvida, o mais 
importante sujeito no processo arbitral”. 
Os arts.13 a 18 da Lei 9307/96 disciplinam papel do árbitro em todas as 
dimensões, sendo fundamental analisar que deverá se tratar de pessoa 
estranha ao conflito, que não tenha nenhum interesse no objeto litigioso. Além 
disso, tem que ser uma pessoa de confiança das partes, possuidora de 
/
capacidade de fato nos termos do Código Civil de 2002. Importante mencionar 
que, quanto à capacidade, a doutrinamajoritária entende ser necessária a 
capacidade absoluta, enquanto que pouco autores defendem poder ser o 
árbitro pessoa relativamente capaz, desde que as partes saibam dessa 
condição e, ainda assim, efetuem conscientemente a escolha do mesmo. 
Sua nomeação deve obedecer o procedimento que foi determinado pelas 
partes, na convenção de arbitragem, que pode reportar às regras de um órgão 
arbitral institucional ou entidade especializada. As partes podem, também, 
delegar ao próprio árbitro a regulação do procedimento. Fica evidente, 
portanto, que o instituto da arbitragem é altamente regulado pelo princípio da 
autonomia das vontades das partes envolvidas no conflito, princípio esse que 
delimita o contorno de todas as etapas do procedimento arbitral. 
Também é sua função a de decidir questões prejudiciais ao mérito da 
arbitragem e a de procurar conduzir o processo da melhor forma possível, o 
que lhe permite emitir Ordens Procedimentais. A não observância dos padrões 
comportamentais do árbitro poderá contribuir para seu impedimento ou 
suspeição, restando legalmente previsto tais sanções consoante o disposto no 
Código de Processo Civil em vigor, bem como conforme o disposto no art. 14 
da lei 9307/96. Além disso, de acordo com o art. 17 do mesmo diploma legal, 
os árbitros ficam equiparados aos funcionários públicos para efeitos penais, 
estando sujeito às mesmas sanções previstas nos arts. 312 a 327 do Código 
Penal. 
Após sua nomeação, qualquer uma das partes poderá recusá-lo em razão de 
algum fato posterior à mesma, bem como se o árbitro não tiver sido nomeado 
diretamente pela parte. O árbitro poderá, ainda, recusar tal nomeação, recusa 
essa que deverá ser arguida nos termos dos arts. 15 e 20 da lei 9307/96, por 
via de exceção ou suspeição, devendo apresentar as justificativas que motivam 
tal decisão. A lei veda, dessa forma, a apresentação de exceções infundadas e 
suas respectivas consequências jurídicas. Em caso das justificativas serem 
pertinentes, o artigo 16 da mesma lei dispõe sobre o procedimento para sua 
substituição. Inexistindo substituto indicado pelas partes, serão aplicadas as 
/
regras do órgão arbitral, exceto se se as partes forem contra tal substituição, o 
que ensejará a aplicação do art. 7º da lei, que irá buscar a prestação 
jurisdicional para resolver o conflito. 
Observado o art.18, Lei 9307/96: “o árbitro é juiz de fato e de direito, e a 
sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação judicial pelo 
Poder Judiciário.”, podemos afirmar que este é, de fato, o artigo mais polêmico 
da lei, pois grande parte da doutrina afirma que o juiz de direito é o juiz natural 
previsto na Constituição. No entendimento de Lacerda (2008) a lei seria mais 
feliz numa menção à equiparação das funções para com as de um juiz natural, 
como a de proferir sentença, de forma que o árbitro seria juiz de fato apenas 
em decorrência da nomeação das partes, cessando sua investidura no 
momento do término do procedimento arbitral. Fala-se em juiz de fato na 
medida em que examina os fatos à luz do direito, de acordo com seu livre 
convencimento, nos termos da Lei de Arbitragem. 
No tocante à validade da sentença arbitral, hoje a doutrina é pacificada no 
sentido de não questionar sua irrecorribilidade, bem como a falta de 
necessidade de homologação pelo judiciário. O art.31 da lei é claro ao 
estabelecer que a sentença arbitral tem os mesmo efeitos da judicial e só 
poderá ser questionada se houver descumprimento de algum requisito formal 
imprescindível. 
 
3 RESOLUÇÃO DE CONFLITOS 
3.1 NOÇÃO DE CONFLITO 
Desde os primórdios do tempo, que parte da humanidade se dedicava à 
criação de bens para viver enquanto os restantes se dedicavam à solução de 
conflitos. 
Costuma-se dizer que onde está o homem está o conflito, pois mesmo sozinho, 
tem seus conflitos interiores. Se um ser humano se aproxima de outro surge a 
possibilidade de conflito entre eles, o que muitas vezes acontece. 
/
Tal possibilidade acentua-se na sociedade contemporânea, pois, com o 
progresso pós-revolução industrial, os homens se aglomeraram em cidades, o 
que causou o aumento dos conflitos e, em consequência, a violência que deles 
nasce. Assim, o conflito é inerente ao ser humano, tanto como indivíduo quanto 
como ser social. 
É um processo de oposição e confronto que pode ocorrer entre indivíduos ou 
grupos nas organizações, quando as partes exercem poder na busca de metas 
ou objetivos valorizados e se obstruem entre si no progresso do cumprimento 
de uma ou mais metas. 
Por outro lado, o conflito pode ser definido como sendo toda opinião 
divergente, ou maneira diferente de ver ou interpretar algum acontecimento. 
Desde os conflitos próprios da infância, passamos pelos conflitos pessoais da 
adolescência, e hoje, visitados pela maturidade, continuamos a conviver com o 
conflito intrapessoal ou interpessoal. São exemplos de conflito interpessoal a 
briga de vizinhos, a separação familiar, a guerra e o desentendimento entre 
alunos. 
Conflitos sem solução transformam-se num verdadeiro tormento para as 
pessoas, gerando desesperança, falta de autoestima e uma verdadeira 
desconfiança em tudo e em todos, inclusive nos profissionais do Direito e nas 
instituições democráticas, como é o caso do Poder Judiciário. 
O conflito em si não é o problema. O problema é a forma de lidar com o 
conflito. De uma perspectiva negativa, o conflito é entendido como um mal que 
deve em si mesmo. 
Sob esse prisma, as pessoas que se encontram em conflito ficam relegadas ao 
último plano, pois o que realmente importa não são as pessoas, mas o fim do 
conflito, que deve ser alcançado a qualquer custo. O fazer justiça com as 
próprias mãos reflete, portanto, essa concepção negativa de lidar com o 
conflito. E sob o mesmo pensamento há séculos repetimos frases como pereça 
o mundo, mas faça-se o Direito. Ora, o Direito deve servir à humanidade e não 
existe sem ela. Perecendo o mundo, perece também o Direito (SILVA, 2008). 
/
Mas o conflitopode ser encarado de forma positiva, como oportunidade de 
crescimento e aprendizado: oportunidade de progresso, há muito defendido em 
nossa bandeira. 
Cabe-nos então procurar definir o que é um conflito. A definição de conflito é 
profusa e plural, não existindo grande consenso. Podemos definir de forma 
sucinta o conflito como: “um processo que se inicia quando um indivíduo ou 
grupo se sente negativamente afetado por outra pessoa ou grupo” (ROBBINS, 
2006, p.78). Existe ainda quem o defina como a “interação de pessoas 
interdependentes que percepcionam a existência de objetivos, desejos e 
valores opostos, e que encaram a outra parte como potencialmente capaz de 
interferir na realização desses desideratos” (COSTA, 2008, p.45). 
3.2 CONFLITOS: CAUSAS, ESTRATÉGIAS E TÁTICAS 
Os conflitos originam-se das mais variadas causas, podem ser ordem pessoal, 
quando os indivíduos adquirem conflitos que se relacionam com seu 
emocional, outra causa de conflito e talvez a mais conhecida possa ser os 
interpessoais, que são gerados por diferenças entre pensamentos de 
indivíduos em uma mesma questão. 
É muito comum estabelecer ou receber metas ou objetivos a serem atingidos, e 
que podem ser diferentes dos de outras pessoas e de outros departamentos, o 
que nos leva à geração de tensões em busca de seu alcance. 
Nas palavras de Warat (2010) os conflitos nunca desaparecem, se 
transformam; porque geralmente intervém-se sobre os conflitos e não sobre os 
sentimentos das pessoas. E recomenda o autor que na presença de um conflito 
pessoal, seja transformado internamente, consequentemente o conflito se 
dissolverá, pois os conflitos encontram-se no interior das pessoas, sendo 
necessário procurar acordos interiorizados. 
Diferenças em termos de informações e percepções, geralmente, tende-se a 
obter informações, e analisá-las à luz dos nossos conhecimentos e referências, 
sem levar em conta que isto ocorre também com o outro lado, com quem 
/
têm-se de conversar ou apresentar ideias, e que este outro lado pode ter uma 
forma diferente de ver as coisas. 
Segundo Laursen (2006), não existe um padrão único ou um estilo pessoal 
característico e invariável de resolução de conflitos, numa diversidade de 
relações, dado que os padrões e as dinâmicas que se encontram nos conflitos, 
variam em função das características específicas das relações em que 
emergem, ou seja, o processo pelo qual o conflito se manifesta e se dilui, 
depende das características particulares das relações em que ele ocorre, 
podendo esperar-se uma variação no estilo de resolução de conflitos, em 
função do contexto da relação. 
Esta forma de problematizar a dinâmica do conflito, evidencia a importância da 
contextualização da situação, na avaliação do impacto no funcionamento 
psicossocial dos indivíduos e por conseguinte na resolução do conflito. Na 
adolescência, por exemplo, o conflito é um acontecimento esperado mas as 
suas consequências desenvolvi mentais são diferentes consoante ele surja na 
relação com os pais ou na relação com os pares. 
Com os pares o conflito serve, fundamentalmente, para incrementar o 
desenvolvimento sócio cognitivo e as competências sociais, criando condições 
que favoreçam a negociação e promovam a capacidade de tomada de 
perspectiva, o que reforça a ideia da importância das relações com os pares 
nesta fase de desenvolvimento. Nestes termos, nota-se que os padrões de 
gestão de conflitos estão intimamente ligados aos princípios que regem as 
interações no interior das relações e o seu significado funcional em termos do 
desenvolvimento individual. 
Batista (2010, p.65) considera que: 
A cada tipo de relação corresponde a um script, ou seja um roteiro de conflito 
interpessoal que permite ao indivíduo reconhecer e implementar a estratégia de 
gestão de conflitos que mais se ajusta aos intervenientes e às circunstâncias 
da situação de conflito. 
Esses roteiros citados permitem antecipar as consequências de uma ou de 
/
outra estratégia e fazer uma escolha adequada já que a forma de gestão de 
conflitos, sendo preditiva da natureza e qualidade das interações subsequentes 
ao conflito em cada um dos subsistemas relacionais, tem implicações ao nível 
do futuro dessas relações. 
Segundo Costa (2008, p.205): 
As particularidades do contexto relacional que mais parecem influir na escolha 
da estratégia de gestão de conflitos, referem-se aos seguintes aspectos: Grau 
de poder; Grau de estabilidade ou abertura e Grau da proximidade da relação. 
Em relações assimétricas e verticais em que o poder não se encontra 
igualmente distribuído pelos dois elementos envolvidos, em que a pertença dos 
indivíduos é involuntária e irreversível, e que se caracterizam por serem 
fechadas, isto é, que não admitem a substituição de parceiros de interação por 
outros parceiros alternativos, a escolha recai, predominantemente, sobre 
formas coercivas de resolução de conflitos. 
Quando se reflete sobre a origem dos conflitos, logo se remete a insatisfação 
vivida pelos indivíduos, quando seus interesses divergem, e estes buscam 
simultaneamente satisfazer suas pretensões, não aceitando a perda. E desta 
insatisfação origina o conflito interpessoal. Em regra se aborda o conflito como 
um fenômeno negativo nas relações sociais que dispõe geralmente perdas 
para uma das partes envolvidas, considerado um disparate, devido a 
insatisfação que gera na parte vencida (SILVA, 2008). 
Em relações simétricas e horizontais, em que o poder é partilhado de forma 
mais ou menos homogênea, em que a pertença surge de forma voluntária e 
reversível, e em que as trocas se processam num sistema aberto no qual há 
competição entre parceiros alternativos de interação, há um predomínio de 
estratégias de mitigação. 
A mitigação refere-se justamente, a uma ação positiva de resolução do conflito 
cujo aspecto mais característico é o objetivo de minimizar ou atenuar as 
consequências (emocionais e relacionais) do conflito para as partes envolvidas. 
/
A proximidade, por sua vez, pode afetar de duas formas o comportamento dos 
indivíduos face ao conflito. Por um lado,quanto mais interdependentes se 
encontrarem dois indivíduos, maior a necessidade de coordenação dos 
objetivos pessoais de cada um e, portanto, maior a probabilidade de 
experimentarem situações de conflito durante as tentativas de conciliação 
desses objetivos. Por outro lado, a existência de um certo grau de proximidade 
corresponde a um investimento dos parceiros na relação, logo é de esperar 
que os indivíduos adotem estratégias que minimizem os efeitos destrutivos do 
conflito na relação, de modo a proteger esse investimento. 
Os efeitos potencialmente eruptivos do conflito em relações próximas podem 
ser moderados pela dimensão abertura, isto é, pela percepção da 
disponibilidade de relações alternativas e pela percepção da facilidade ou 
dificuldade com que a relação pode sofrer mudanças ou rupturas. 
Segundo Laursen (2006, p.55): “Quando um indivíduo depende do outro para 
alcançar certos resultados, ganhar um conflito imediato pode não ser tão 
importante como manter recompensas continuadas da relação”. Se uma 
relação é simultaneamente próxima e aberta, o conflito pode acarretar o risco 
de ruptura já que uma das partes pode escolher terminar a relação em troca de 
uma opção mais promissora. 
Em contrapartida, em relações que sejam próximas mas fechadas, o conflito 
pode ser intenso, desagradável porém, não será suficiente para pôr em perigo 
a manutenção da relação pois, a existência de contratos formais ou laços 
biológicos aumentam a resistência da relação à ruptura. 
A relação pais-filhos: pode ser classificada como assimétrica, muito próxima, 
fechada e estável, o que a torna terreno fértil à utilização de estratégias do tipo 
coercivo. 
A relação entrepares: possui, pelo contrário, os atributos de simetria, 
proximidade moderada e aberta, o que significa que face à ausência de uma 
imposição unilateral de regras e à consciência do perigo de ruptura se procurar 
negociar as questões em conflito de forma a produzir um mínimo de afetos 
/
negativos e consequências iguais em ambas as partes. Num estudo das 
dinâmicas do conflito com pares e pais verificou-se que os adolescentes 
usavam mais estratégias de coerção com os pais do que com os amigos junto 
de quem utilizavam mais estratégias de mitigação. Também os professores 
tendem a utilizar mais estratégias integrativas de evita mento ou acomodação 
na relação com os pares para garantir o máximo de cordialidade em relações 
que fazem parte do seu quotidiano. 
Relação professor-pai – os professores empregam mais estratégias de 
dominância (mantendo-se irredutíveis e inflexíveis na defesa da sua posição) 
quando intervém na situação de conflito com os pais dos alunos do que quando 
gerem conflitos na relação com os seus pares. Esta é uma relação não 
hierárquica, e para se tornar afetiva deve ter uma colaboração que requer 
capacidades, quer de professores quer dos pais, para negociar os seus pontos 
de vista em relação à realização escolar e a motivação do aluno para o 
processo de aprendizagem. A relação entre ambos será à partida pacífica e 
cordial. 
A relação professor-aluno é, no que se refere a certos aspectos, comparável à 
relação pais e filhos. É igualmente uma relação assimétrica em que, na maioria 
dos casos, o poder se encontra desigualmente distribuído pelo professor e 
pelos alunos. É também uma relação próxima no sentido da independência que 
pode encontrar-se entre a necessidade de aprendizagem dos alunos, 
fundamental à sua progressão no sistema escolar, e à realização pessoal do 
professor que decorre do sucesso acadêmico dos alunos. 
Um dos aspectos a ter em conta neste ponto é a adequação do momento em 
que as partes envolvidas no conflito devem se encontrar, devendo, entretanto 
haver disponibilidade e vontade para a resolução do conflito, o que obriga a 
que o problema seja exposto com clareza. 
As partes envolvidas no conflito devem se ouvir mutuamente, bem como 
devem estar aptas para compreender pontos de vista alheios. Neste ponto, os 
intervenientes do conflito devem estar livres de apresentar as suas sugestões 
/
para a resolução do conflito e estas devem ser analisadas cuidadosamente 
pela outra parte, o que exige de imediato que haja certo nível de ponderação 
em ambas as partes. É de salientar, entretanto que uma argumentação bem 
firme para que se chegue facilmente a um consenso. 
Após a apresentação de todas as possíveis soluções, deve ser escolhido a que 
melhor satisfaz os interesses das partes envolvidas e que a sua execução seja 
viável. Durante o processo de gestão de conflitos, podem se identificar certos 
graus, os quais podem ser classificados conforme a maneira sob a qual cada 
interveniente se posiciona para a resolução do conflito. Nestes termos 
podemos citar: assertividade e Cooperação. É muito importante ter em conta 
estes estágios e saber reconhecê-los no decorrer da negociação e procurar um 
posicionamento que possa levar a uma solução favorável para ambas as 
partes. Como podemos notar acima, um dos requisitos essenciais na gestão de 
conflitos é a capacidade de negociação. Nestes termos, torna-se imprescindível 
o conhecimento de algumas estratégias e técnicas de negociação. 
A estratégia é a maneira geral de conduzir os pensamentos ou ações para o 
alcance de um objetivo e também a organização do pensamento e das ações, 
para obter maior eficiência no que se deseja realizar. A táctica, por sua vez, é 
mais específica e de prazo mais curto que cada parte executa para evidenciar 
as estratégias. 
Podemos citar as seguintes estratégias para a negociação: obter um acordo 
final próximo do ponto de resistência do oponente; aumentar a amplitude 
positiva da negociação, induzindo o opositor a baixar o seu ponto de 
resistência; convencer o oponente de que um determinado resultado é o 
melhor que ele pode alcançar. 
Quanto às tácticas, podemos citar as seguintes: 
a) Persuadir o opositor – para tal, é necessário que o negociador seja credível 
e as informações sejam enquadradas de forma adequada aos interesses do 
alvo. 
b) Mostrar consideraçãopelo opositor – esta atitude poderá inibir a outra parte 
/
em adoptar uma posição agressiva que poderá impedir o alcance de uma 
solução favorável. 
4 FORMAS DE RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS 
O direito na grande maioria das situações se cumpre voluntariamente (contrato 
de compra e venda, contrato de trabalho, etc.). A presença do conflito é fator 
de instabilidade e insegurança. Há necessidade que esse conflito se resolva, 
se solucione. Aí vem a importância do direito como instrumento na resolução 
dos conflitos. 
De acordo com Silva (2008, p.44) existe a forma tradicional de resolução de 
conflitos, que é “uma ação judicial, através da qual as pessoas podem invocar 
o Poder Judiciário (o Estado) para que este decida a questão. Nada pode ser 
excluído da apreciação do Poder Judiciário, art. 5º, inciso XXXV, da 
Constituição Federal”. 
Nasce a obrigação do Estado de tutelar a resolução de conflitos em face do 
imperativo que proíbe o “fazer justiça com as próprias mãos”, forma vedada de 
resolução de conflitos também conhecida como “autodefesa” ou “vingança 
privada”. 
O Poder Judiciário sempre se preocupou com o aprimoramento da prestação 
jurisdicional. Entretanto, mesmo com todo esforço, seus órgãos tradicionais 
não são suficientes para atender à demanda por Justiça. A criação do Juizado 
Especial, Lei nº. 9.099/95 contribuiu para uma diminuição da desigualdade 
social no que diz respeito ao acesso à solução de conflitos, adotando um 
procedimento mais informal do que os demais (SILVA, 2008). 
Todavia, os mais humildes e sofridos, excluídos de qualquer amparo estatal, 
não tem condições sequer de acesso ao Juizado Especial, em razão de suas 
enormes carências e limitações. Muitas vezes não podem pagar nem uma 
passagem de ônibus para chegar ao Fórum. É comum ouvirmos as pessoas, 
principalmente do interior, dizerem que nunca entraram em um Fórum ou até 
mesmo temer por esta entrada, mesmo que quando para atuar como 
/
testemunhas nos casos requisitados pela Lei. Daí podemos avaliar a 
dificuldade que têm de se aproximarem do Judiciário. 
Assim, o processo judicial torna-se uma guerra, onde a decisão é imposta e, 
por conseguinte, não leva à paz e, na maioria das vezes, acaba por perpetuar o 
conflito. 
A adoção de meios alternativos de solução de litígios está associada a 
processos e movimentos de informalização e desjudicalização da justiça, a sua 
simplicidade e celeridade processual, através do recurso a meios informais 
para melhorar os procedimentos judiciais e à transferência de competências 
para instâncias não judiciais, o que não leva ao enfraquecimento do Poder 
Judiciário. Não temos em nosso país uma cultura na utilização de meios 
alternativos de resolução de conflitos, tais como arbitragem, negociação, 
mediação e conciliação, mas podemos observar uma grande tendência do 
crescimento destes institutos, com o incentivo à sua utilização, propositura de 
projetos de lei, iniciativa isolada de Tribunais e Juízes na divulgação e 
utilização e utilização desses institutos (SILVA, 2008). 
As formas alternativas, que surgem como opções lícitas para a resolução do 
conflito, ainda não são totalmente vistas com bons olhos em nosso meio. E isso 
porque nossa cultura, de herança positivista, é extremamente apegada ao 
formalismo. 
 
 
 
 
5 MEDIAÇÃO: MEIO ALTERNATIVO DE RESOLUÇÃO DE 
CONFLITOS 
A experiência no Direito Comparado, serve de exemplo para 
institucionalizarmos e aplicarmos como regra e não exceção na tentativa de 
/
solução dos litígios. 
Na Argentina a mediação vem sendo utilizada como forma de solução de 
conflitos desde de 1995, com a promulgação da Lei n.º 24.573 de 04 de 
outubro de 2005, a principal característica da lei é a obrigatoriedade que a 
parte ao ingressar com ação no Judiciário comprove que já tentou resolver a 
lide através da mediação. 
O anteprojeto de lei elaborado pelo Instituto Brasileiro de Direito Processual 
(IBDP) foi inspirado na legislação Argentina, que por meio da mediação 
segundo estudos no País os acordos são cumpridos espontaneamente e que 
apensa 51,6% dos casos submetidos a mediação tiveram os seus casos 
retomados a via judicial. 
Nos Estados Unidos, não há lei federal que institua a mediação, pois os 
estados da federação possuem competência para editar as leis que 
regulamentam os procedimentos judiciais e as demais formas de solução de 
conflitos. No estado da Flórida, chegou-se a extensão das garantias próprias 
dos juízes aos mediadores, como forma de fortalecer a noção de carreira e 
estimular a especialização nessa tão importante atividade. 
“Nos Estados Unidos, a mediação como uma das formas de resolução de 
disputa tem se mostrado uma experiência de sucesso, em grande parte devido 
ao alto grau de informação de que dispõem os usuários do sistema judicial, eis 
que o processo de integração da mediação e demais formas de resolução de 
disputa ao meio jurídico tem, no mínimo, cinquenta anos de evolução. Ainda 
assim, os estudiosos e profissionais mostram se preocupados com a 
possibilidade de engessamento do processo, que se desenvolve de forma 
espontânea e que é buscado voluntariamente pelas partes interessadas. Além 
disso, tem-se o receio de que o procedimento obrigatório não atenda aos 
interesses das partes, mas sim, única e exclusivamente, corresponda aos 
interesses dos tribunais em reduzir seu volume de trabalho 
Os conflitos intersubjetivos podem adquirir as mais variadas feições, 
dependendo do seu objeto, da capacidade de entendimento entre as partes 
etc. Não é difícil constatar que um conflito familiar possui características 
/
diferentes de um conflito entre empresas e que ambos requerem tratamentos 
diversos. Diante dessa realidade, faz-se necessário explicitar que para cada 
tipo de conflito é mais apropriado este ou aquele método de solução. 
Existem conflitos que demandam conhecimentos extremamente técnicos. Há 
conflitos em que não se vislumbra a menor possibilidade de acordo e que 
necessitam da força coercitiva do Estado para a sua resolução. Por sua vez, 
existem conflitos decorrentesde relações que as partes querem preservar e 
conflitos decorrentes de relações continuadas, como as relações familiares, 
que se perpetuam no tempo. Outros, mais simples, extinguem-se com um 
acordo celebrado entre as partes, sem se perpetuarem no tempo. 
Cada caso, cada situação, adequa-se mais ou menos aos vários métodos de 
resolução de conflitos, consensuais ou não. Os métodos consensuais mais 
utilizados serão conceituados a seguir, a começar pela mediação, por ser o 
objeto de estudo desse trabalho. 
Agora chegamos ao assunto/tema deste estudo, onde contextualizamos o 
instituto da mediação e sua importância como método alternativo de solução de 
conflitos. 
A rápida solução dos conflitos é, sem dúvida, o objetivo principal do processo 
de mediação. A interação entre as partes em litígio deve prezar por valores 
como a franqueza, honestidade e tranquilidade. Neste sentido, é fundamental 
que o papel do mediador, visto que este possibilita a livre e eficiente 
comunicação entre as partes, tornando mais eficiente todo o processo e mais 
palpável um possível acordo. 
Considera-se a mediação uma forma alternativa de solução de conflitos 
utilizada atualmente em nosso país, cuja solução tem natureza jurídica de um 
contrato, pois sempre baseada na manifestação da vontade das partes, 
criando, extinguindo ou modificando direitos, devendo constituir-se de objeto 
lícito e não defeso em lei, razão pela qual estão presentes os elementos 
formadores do contrato. São várias as conceituações de mediação entre os 
autores, confundindo-se por muito com os institutos da conciliação e 
/
negociação. 
Para Silva (2008, p.24) a mediação é: 
Uma forma pacífica, tendo em vista que a decisão nasce da vontade das 
pessoas que vivem o conflito, as quais encontram uma solução que melhor 
lhes agrada, mediante o diálogo e de forma harmônica, com o auxílio do 
mediador. 
Tal meio alternativo pode ser empregado na maioria dos conflitos. Porém, em 
determinados casos é necessário que seja enviado ao Poder Judiciário, para 
obter validade jurídica. 
Nas palavras de Braga Neto (2008, p.76): ”a mediação é parte de uma 
premissa de devolução às partes do poder de gerir e resolver ou transformar o 
conflito, no sentido de que são elas as mais indicadas para solucionar suas 
questões.” 
Nesse contexto entende-se que a mediação é uma forma mais sofisticada de 
se chegar ao acordo, pois nela pode haver a oitiva das partes separadamente e 
outras diligências prévias. As partes são conduzidas a realizar os seus 
acordos, sem que haja uma interferência real do conciliador, demonstrando que 
a solução da controvérsia será sempre das partes. 
Segundo Martínez (2007, p.89): 
O tema ganha importância ao se vislumbrar que, por vezes, o conflito 
intersubjetivo pressupõe a ocorrência de patologia social, enquanto choque 
desequilibrado de interesses opostos, de fundo psicológico, econômico e 
sociológico. Diante disso, dependendo do nível de realidade em que esses 
interesses forem compostos, vislumbra-se na mediação a resolução do conflito 
como terapêutica pacificadora. 
A mediação também é uma forma alternativa de resolução de conflito e uma 
forma auto compositiva na qual as próprias pessoas do conflito com o auxilio 
de um mediador buscam compreender o conflito e estabilizá-lo por meio do 
diálogo. 
/
 
 
Explica bem o que é mediação Sales (2009, p.102): 
A mediação configura um meio consensual de solução de conflitos no qual 
duas ou mais pessoas, com o auxilio de um mediador- terceiro imparcial e 
capacitado, facilitador do diálogo- discutem pacificamente, buscando alcançar 
uma solução satisfatória para o problema. As pessoas que vivenciam a 
controvérsia são responsáveis por sua administração e solução. O poder de 
decisão é das partes e não do mediador. 
Supondo-se que haja um conflito entre as partes. Tal conflito envolve 
conhecidos que claramente possuem uma disputa de interesses e não 
conseguem resolver o problema, não dialogam, não entram num consenso e 
acabam prejudicando a relação que tinham. Cabe ao mediador, quando 
procurado pelas partes, colaborar com a resolução do conflito. 
 
6 OBJETIVOS E BENEFÍCIOS DA MEDIAÇÃO 
Assim, o objetivo da mediação é de promover a resolução de conflitos entre as 
partes. A mediação preocupa-se com o problema a fim de garantir uma relação 
futura entre as partes, é um método informal de solução de litígios e realizado 
de forma rápida colaborando com economia de gastos econômicos ou de 
tempo das partes. 
A mediação possui importante papel no resgate à participação das pessoas na 
efetiva solução dos seus problemas, sempre por meio do diálogo. Inicia-se a 
busca pela comunicação e atuação concreta em prol do reconhecimento da 
responsabilidade de cada um por suas atitudes e consequentes mudanças de 
comportamento de forma consciente (SALES, 2009). 
A mediação, além de acordo, visa também à melhora da relação entre as 
partes envolvidas. Uma parte poderia, por exemplo, se sentir aliviada, satisfeita 
/
ou reconhecida, tanto pela sua condição, quanto pela condição da outra parte. 
Isso permitiria uma maior empatia e, consequentemente, maior facilidade na 
reconstrução das relações humanas. 
A mediação segundo Leite (2008, p.108) tem como objetivo “a 
responsabilização dos protagonistas, capazes de elaborar, eles mesmos, 
acordos duráveis. Um trunfo da mediação é a restauração do diálogo e da 
comunicação, alcançando sua pacificação duradoura”. A mediação não é 
instituto jurídico, mas simplesmente técnica de solução alternativa de conflitos. 
É uma modalidade do processo de conciliação, mas entendo que com esta não 
se confunde, embora se assemelhe por se tratar de um método para solução 
de controvérsias entre as partes, com a participação de um terceiro, o 
mediador. Ele aproxima as partes, procura identificar os pontos controvertidos e 
facilitar o acordo, sem fazer sugestões. É um ato privado que pode ter a 
participação dos advogados das partes. 
A mediação traduz-se na administração do conflito, de maneira a tentar tirar da 
situação estressante a melhor

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