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Capital Empreendedor e Investidores


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Estudos Estratégicos
Capital empreendedor
d) Os governos devem colocar em contato programas públicos, como os 
referentes a incubadoras de tecnologia, com redes de business angels.
 Os investidores denominados business angels representam uma fonte im-
portante de capital de risco. De acordo com o relatório da OCDE (2004), 
informações disponíveis indicam que o total de financiamento destinado 
a empresas em estágios iniciais de desenvolvimento oriundo desses in-
vestidores é da mesma ordem de grandeza – e em alguns países é muito 
superior – que o capital fornecido por fundos de venture capital. Entre-
tanto, business angels preferem investir localmente em projetos selecio-
nados por meio de canais confiáveis e de conexões informais. O fluxo de 
informações entre investidores e potenciais empreendedores é limitado 
ou inexistente em muitos países da OCDE. Em anos recentes, muitas 
redes públicas e comerciais foram criadas para organizar o mercado no 
qual atuam os business angels de forma a suplantar essas dificuldades 
relativas à informação. A maior parte das redes de business angels forne-
ce serviços para o estabelecimento de contatos entre empreendedores e 
investidores “anjos” por meio de bases de dados na internet, enquanto 
outros oferecem serviços de assessoramento e demais auxílios.
 As redes de business angels são mais desenvolvidas no Reino Unido e nos 
Estados Unidos, onde redes públicas e privadas têm evoluído ao longo 
do tempo em conjunto com o mercado de venture capital. Redes locais, 
projetadas de acordo com as características econômicas de uma comuni-
dade, tendem a apresentar um desempenho superior ao obtido a partir de 
esforços nacionais nos países maiores, como é o caso do Canadá e de seu 
Canadian Community Investment Plan (CCIP). Um certo número de re-
des, entretanto, atua simplesmente como serviços de elaboração de listas, 
sendo incapazes de manter um fluxo contínuo de boa informação. Essas 
redes necessitam ser atreladas a outros programas regionais e a redes em 
nível nacional para minimizar a duplicação de esforços. Mercados mais 
reduzidos, como é o caso da Suécia, Dinamarca e Noruega, deveriam 
atrelar suas redes de business angels com outras iniciativas como as do 
Nordic Venture Network (NVN).
 Algumas redes, em particular as patrocinadas pelo governo, podem so-
frer com a falta de investidores de qualidade que detenham a expertise 
necessária relacionada a investimentos nessa modalidade (angels 
investments). Para contrabalançar essa característica, o governo de Is-
rael buscou business angels estrangeiros por meio do oferecimento de 
incentivos tributários e do lançamento de programas para conectar pe-
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quenas empresas e fundos de venture capital com instituições e em-
presas multinacionais sediadas no exterior, bem como com indivíduos 
estrangeiros. Adicionalmente, alguns fundos de venture capital israe-
lenses estabeleceram filiais nos Estados Unidos e na Europa de forma 
a estarem a par das mais recentes novidades tecnológicas e da evolu-
ção do mercado. O estabelecimento de tal estratégia de relações com 
business angels no exterior pode aumentar a visibilidade do portfólio de 
firmas aptas a receberem investimentos e parcerias, o que pode repre-
sentar novas oportunidades de negócios.
 Ao contrário dos fundos de venture capital, os business angels investem 
recursos por si próprios e podem ser desproporcionalmente afetados por 
períodos de retração do mercado. Em anos recentes, novas parcerias en-
tre business angels e outros fundos de venture capital auxiliaram a mi-
norar os efeitos dos períodos de diminuição de liquidez e a administrar 
melhor os riscos. Grupos estruturados de business angels e sindicatos de 
angels têm sido formados em alguns países, realizando investimentos de 
maneira compartilhada (na forma de pool) ou como um tipo de fundo 
em empresas maiores de venture capital. Os governos podem patrocinar 
feiras do setor (venture fairs), workshops e seminários sobre mercados de 
private equity, de forma a encorajar a formação de pools e o fortalecimen-
to de sinergias entre provedores formais e informais de capital de risco. 
As redes de angels e associações de venture capital podem também ser 
conectadas a outros grupos empresariais de forma a estabelecer contatos 
entre os lados da demanda e oferta do mercado. O fluxo de negócios 
por meio das redes de business angels pode ser aprimorado se atrelados a 
programas públicos de venture capital e a iniciativas voltadas às start-ups, 
como incubadoras de tecnologia. Os governos também podem expandir 
o pool de start-ups e empreendedores por meio de iniciativas comple-
mentares, como programas de aptidão para investimentos voltados a pe-
quenas empresas e fomento ao empreendedorismo para profissionais que 
atuam em universidades e órgãos públicos de pesquisa. 
e) Os governos podem encorajar a fusão de mercados secundários de 
ações de forma a obter maiores economias de escala. A existência 
de mecanismos adequados de saída dos investimentos realizados é es-
sencial para um mercado ativo de venture capital. Com efeito, a saída 
dos investimentos fornece um importante benchmark quanto à renta-
bilidade dos investimentos efetuados por meio de venture capital em 
relação às outras modalidades de aplicações existentes. Em particular,

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