Buscar

2 UNIDADE - Direito civil e responsabilidade civil

Prévia do material em texto

DIREITO CIVIL E RESPONSABILIDADE CIVIL – UND 2
Personalidade e capacidade; pessoas e bens – aula 1
Os sujeitos são fundamentais para o sistema jurídico, estabelecendo relações legais. Obrigações e contratos garantem segurança nos negócios, enquanto a responsabilidade civil trata de atos ilícitos e suas compensações.
Sujeitos de direitos, pessoa e personalidade
Será sujeito do direito o ser humano 
Os "sujeitos de direitos" são indivíduos ou entidades capazes de exercer direitos e obrigações perante a lei, incluindo pessoas físicas e jurídicas. A "pessoa" é o ser humano enquanto indivíduo, com capacidade para ser titular de direitos e obrigações, enquanto a "personalidade" refere-se à capacidade de ser sujeito de direitos e obrigações na esfera jurídica, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas.
Dimensão social - é a representação dessa humanidade em planos coletivos no curso da vida em sociedade.
Personalidade: é aquilo que se é notado pela pessoa no direito e deveres em esfera jurídica, é ela que dar ao ser humano. 
As esferas: 
1. Corpo físico
2. Patrimônio 
3. Alma (além do corpo material)
4. Tempo (econômico e jurídico) 
5. Vida virtual 
Existência natural, física ou concreta: Forma de ser humano
Existência ideal, abstrata, jurídica ou ficcional: Criação já existente.
· Futuros - Aqueles que ainda não existem no momento do contrato, mas têm sua existência previsível. Exemplo: um animal ainda em gestação.
· Estimáveis- Aqueles cujo valor pode ser estimado. Exemplo: uma escultura que se encontra em comércio.
· Inestimáveis - Aqueles cujo valor não pode ser estimado. Exemplo: a escultura O Pensador, de Rodin.
· Bens no comércio - Aqueles que podem ser objeto de apropriação pelas pessoas e consequentemente de negócios jurídicos entre elas. Exemplo: um livro.
· Fora de comércio - Aqueles que não podem ser objeto de apropriação pelas pessoas e consequentemente de negócios jurídicos entre elas. Exemplo: órgãos humanos.
· Públicos - Aqueles que ainda não existem no momento do contrato, mas têm sua existência previsível. Exemplo: as praias.
· Privados - Aqueles que pertencem a indivíduos particulares. Exemplo: um terreno particular artificial Exemplo: empresas, bares e bancos
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
· as associações;
· as sociedades;
· as fundações;
· as organizações religiosas;
· os partidos políticos;
· as empresas individuais de responsabilidade limitada.
1º São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.
2º As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do
3º Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.
Coisa e bens 
Coisa, tudo aquilo que não for pessoa, existem para ser apropriadas e bens é tudo aquilo que não for pessoa, mas tem valor econômico
Tipologia e classificação dos bens 
a) Bens Móveis - São aqueles que se podem transportar de um ponto a outro sem que percam as suas características físicas. Exemplo: uma cadeira.
b) Imóveis - São aqueles que não se podem transportar de um ponto a outro sem que percam as suas características físicas. Exemplo: uma casa
c) Semoventes - São aqueles que se movem de um ponto a outro por seus próprios meios ou forças. Exemplo: um cão.
d) Fungíveis - São aqueles que se podem substituir por outros de igual quantidade, qualidade e forma. Exemplo: dinheiro.
e) Infungíveis - São aqueles que não se podem substituir por outros de igual quantidade, qualidade e forma. Exemplo: uma pintura de determinado autor.
f) Materiais, corpóreos ou concretos - São os que possuem esfera concreta, física. Exemplo: um automóvel.
g) Imateriais, incorpóreos ou abstratos - São os que não possuem esfera concreta, física. Exemplo: o software.
h) Presentes - Aqueles que já existem no momento do contrato. Exemplo: um animal
Um bem imóvel por sua natureza pode se tornar móvel e vice-versa
Início e fim da personalidade
A pessoa física possui delimitação, inicia-se no momento do nascimento e se finaliza ao morrer. Esse é um domínio da ciência médica não cabendo ao direito definir. 
O Código Civil estabelece que a personalidade civil começa no nascimento com vida, mas os direitos do nascituro são protegidos desde a concepção. A existência da pessoa natural termina com a morte, presumida nos casos de ausência quando a lei permite a abertura de sucessão definitiva. Nascituros, fetos e cadáveres não são considerados pessoas, mas sim coisas, de acordo com o código.
O tratamento diferenciado ao nascituro reconhece sua expectativa de direito à vida, permitindo-lhe receber heranças e doações sob a condição de nascer com vida. O cadáver não pode ser objeto de negócios jurídicos, sendo o desrespeito a ele considerado um ilícito penal.
A pessoa jurídica de direito privado tem início com a inscrição do ato constitutivo no registro correspondente, conforme determinado pelo Art. 45 do Código Civil. O prazo para anular a constituição das pessoas jurídicas é de três anos após a publicação da inscrição, de acordo com o Parágrafo único do mesmo artigo.
Em caso de dissolução, a pessoa jurídica continua existindo para fins de liquidação, conforme previsto no Art. 51. Após a conclusão da liquidação, o registro da pessoa jurídica é cancelado, conforme o 3º do mesmo artigo. Além disso, as disposições para a liquidação das sociedades são aplicáveis, na medida do possível, às demais pessoas jurídicas de direito privado, como estabelecido no 2º do Art. 51.
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Capacidade
Consiste em poder por si só e sem participação de terceiros, gerir sua vida, seus bens e praticar atos de vida. 
Código Civil:
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
a) os menores de dezesseis anos;
b) os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
c) os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
· os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
· os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
· os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
· os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
Sendo assim, existem representações: impõe atos civis a seu representante assistencial que determina que o incapaz tem que ter assistência por alguém capaz que supra sua incapacidade relativa. 
Menores recebem cuidados legais de tutores, enquanto enfermos ou deficientes mentais são assistidos por curadores. Os tutores zelam pelos interesses das crianças, enquanto os curadores representam os enfermos ou deficientes, garantindo seus direitos e cuidados necessários.
A interdição judicial de uma pessoa com incapacidade mental é um processo legal para oficialmente reconhecer sua incapacidade civil, restringindo-a de realizar certos atos da vida civil. Requer uma ação judicial acompanhada de laudo médico. Um curador é designado para representar todos os seus atos, gerenciando seus bens e finanças. Não implica privação total da capacidade jurídica e pode ser revertida com melhora na condição mental. Visa proteger os direitos da pessoa interditada contra abusos e exploração.
Domicílio
Basicamente sua residência, ou onde ele exerce atos jurídicos. 
No cod civil 
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único.Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Existe também domicílio de eleição que é o local onde deverão ser feitas questão jurídicas, no cód civil 
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
· da União, o Distrito Federal;
· dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
· do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
· das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
Obrigações e contrato – aula 2
A intenção econômica é realizada através da apropriação de bens, que são formalizados por meio de negócios jurídicos. O direito obrigacional surgiu como resposta a uma necessidade econômica e social, coincidindo com mudanças políticas nas antigas Metrópoles
Requisitos de estabelecimento do direito obrigacional
No Direito das obrigações, o primeiro requisito para sua aplicação é a relevância econômica dos negócios envolvidos. Isso significa que os negócios jurídicos geralmente têm um componente econômico associado, mesmo que esse valor seja difícil de quantificar. Por exemplo, contratos como compra e venda, que envolvem elementos como coisa, partes e preço, são considerados relevantes. Doações, embora não envolvam preço, também entram nessa categoria. As obrigações, estabelecidas por meio de contratos, disposições legais ou atos ilícitos, são fundamentais nas relações entre as pessoas no contexto jurídico.
No Direito Privado, toda ação legal normalmente está ligada a interesses econômicos. Isso significa que quem realiza um negócio jurídico o faz principalmente por razões financeiras, já que o objetivo principal do Direito Privado é regular a circulação de riquezas na sociedade.
Formação e cumprimento dos contratos
Formação de Contratos: As partes decidem sobre o destino econômico de um bem, respeitando critérios legais como licitude e capacidade das partes.
Tipos de Contratos:
· Típicos: regulamentados por lei.
· Atípicos: resultantes de acordos livres.
Coerção Patrimonial:Bens do inadimplente podem ser executados pelo Estado para garantir o cumprimento do contrato.
Direito Obrigacional: Existe apenas entre pessoas, não entre pessoas e bem.
Forma do Contrato: 
· Não requer necessariamente forma escrita.
· Estabelecido pela convergência de vontades sobre o negócio jurídico e suas consequências.
Repercussões patrimoniais das obrigações e contratos 
Ao fechar um contrato, além da obrigação de cumprir o acordo, também pode haver a necessidade de indenização em caso de descumprimento ou prejuízo. O Estado intervém para administrar a justiça e garantir o cumprimento das obrigações, utilizando o poder policial de maneira legítima e socialmente aceitável.
O Poder de Polícia é um mecanismo que a Administração Pública utiliza para evitar abusos dos direitos individuais. Sua finalidade principal é proteger o interesse público. 
O Estado tem autoridade para determinar a transferência do bem objeto de um contrato de compra e venda, caso o vendedor descumpra suas obrigações. Além disso, pode usar a força, se necessário, para efetuar essa transferência. As partes envolvidas não têm o direito de substituir o Estado por meios próprios, exceto em situações de legítima defesa ou estado de necessidade.
Tipologia das obrigações em nosso sistema de direito
· Obrigações de Dar: Envolvem a entrega de um bem específico, como na compra e venda ou doação, onde o preço pode não estar especificado.
· Obrigações de Fazer: Requerem a realização de ações ou serviços específicos, como na prestação de serviços profissionais ou execução de uma obra.
· Obrigações de Não Fazer: Exigem a abstenção de certos atos prejudiciais, como não divulgar informações confidenciais ou não competir com uma empresa por um período determinado.
Contratos e obrigações e as relações de consumo 
Contrato preestabelecidos dão a opção de o consumidor assinar ou não apenas, sendo chamados de contrato de adesão, pois o consumidor não participou da elaboração de seu conteúdo. O sistema de direito relativizou a liberdade se chamou dirigismo estatal e autonomia, com alguns princípios: 
· interpretação em benefício do consumidor dos contratos de adesão;
· a nulidade ou anulação das cláusulas abusivas destes instrumentos em seu desfavor;
· a consideração de sua deficiência em termos processuais quando de ação judicial em face de fornecedores, fabricantes e vendedores (a denominada hipossuficiência) com a consequente inversão do ônus da prova em seu favor.
! objeto dos contratos apenas poderá ser limitado pela possibilidade jurídica e a licitude
Responsabilidade civil – aula 3
São fontes de obrigações dos atos ilícitos e abusivos de direito
· Ilícito: todo ato que não é proibido por lei, porém possui limite ao respeito a quem utiliza a licitude. Basta que tenha agido com negligência, imprudência ou imperícia
· Licitude: atos vedados por ordem jurídica, porém mesmo não sendo um ato criminoso pode ser culpável, com base no direito quando ultrapassa a licitude. 
Com isto se dar a responsabilidade civil, que é a integração dos elementos essenciais: 
Ato ilícito praticado pelo autor	> dano sofrido pelo patrimônio da vítima > hipótese de incidência da obrigação de reparar os prejuízos patrimoniais = responsabilidade civil
Os elementos essenciais estruturantes da responsabilidade civil: ato ilícito ou abusivo de direito praticado pelo agente, que é o vínculo, o liame entre o ato ilícito e o dano, fundamental para a criação da hipótese de incidência da obrigação de indenizar.
A responsabilidade civil impõe o estabelecimento da obrigação de indenizar; é o caso clássico de obrigação decorrente de uma decisão judicial, posto que necessariamente decorre de uma sentença.
Esferas da reparabilidade na responsabilidade civil 
É a obrigação de indenizar ou restaurar os danos, que no direito chama status quo ante significa simplesmente substituir a lanterna quebrada por outra de mesmas especificações. Serão factíveis tantas indenizações ou reparações quantas forem as esferas da personalidade, indenizações ou reparações cumulativamente, independentemente de quantidade, qualidade e valor, numa mesma ação e num só procedimento, já que mesmo sua personalidade sendo una, é fato que as suas esferas são individualizadas.
A culpa na responsabilidade civil 
Tem dois sistemas de responsabilidade civil: aquele que independe da verificação da culpa na atuação do agente e o que dela depende para a configuração dahipótese de obrigação de indenizar.
Responsabilidade civil objetiva ou legal: nasce da lei ou qualquer ação de a gente que cause dano a vitima independente de culpa ou dolo. 
Conceito de culpa, ato cometido com imprudência, negligência ou imperícia pelo agente, que cause danos a outrem.
A motivação do agente também importará para a apreciação da incidência ou não da obrigação de indenizar e para o estabelecimento do montante que comporá o seu objeto também denominado quantum indenizatório.
Abrangência e natureza da responsabilidade civil
É de natureza privada e abrange a reparação ou indenização dos canos causados a vítima que esteja compreendido na espera do direito, independente de modalidade. 
Responsabilidade civil do estado 
Estado também poderá ser sujeito de incidência da obrigação de indenizar na esfera da responsabilidade civil, pois sendo uma pessoa jurídica, a responsabilidade decorre da lei ou dos atos que seu preposto pratica. 
image1.png

Continue navegando