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Terapia pulpar em dentes decíduos

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Todo o procedimento pulpar busca preservação da vitalidade ou 
tratamento do tecido pulpar necrosado, sendo esse na maioria 
das vezes decorrente de lesões de cárie ou traumatismos. 
Objetiva-se manter os dentes decíduos em suas funções 
biológicas até a época mais favorável da esfoliação. 
 
 procedimentos que tenham manipulação direta de tecido 
pulpar interferem no ciclo vital do dente decíduo acelerando (na 
maioria das vezes) ou retardando a esfoliação desse dente.  
capeamento pulpar direto, pulpotomia, pulpectomia. 
 
 quanto mais complexo o procedimento, mais acelera o 
processo. 
 terá perda de espaço prematuramente (necessidade de 
uso de mantenedor de espaço ou de um recuperador no 
futuro). 
 
 comum em casos de pulpectomia ou pulpotomia. 
 aumenta o tempo para esfoliação e às vezes, ela não 
ocorre. 
 
 
 época prevista para iniciar (odontogênese) e para terminar 
(esfoliação do dente decíduo). 
 o ciclo biológico do dente permanente se encerra na 
morte do indivíduo (é o que se espera). 
 a polpa do dente decíduo também apresenta um ciclo 
biológico com início, meio e fim  3 fases. 
 
ESSAS FASES IRÃO INTERFERIR DIRETAMENTE NA ESCOLHA DA 
TERAPIA PULPAR: 
 
Pulpogênese 
 primeira fase do ciclo biológico com início da formação do 
tecido pulpar até o fechamento da raiz. 
 atividade celular intensa  células estão extremamente 
ativas, voltadas para a formação da polpa. 
 
Podemos esperar boa resposta pulpar aos tratamentos pulpares 
conservadores  caminha para o reparo. 
 
Maturação pulpar 
 fase intermediária do ciclo biológico, curto período. 
 ocorre desde o fechamento do ápice radicular até o início 
da rizólise. 
 estabilidade da atividade celular, ou seja, não há atividade 
celular intensa  chamamos de , 
em que as células podem voltar a trabalhar mais ativamente 
diante de um estímulo. 
 
Também é um momento favorável para procedimentos 
pulpares conservadores. 
 
Regressão pulpar 
 última fase do ciclo biológico 
 há uma atividade celular intensa, voltada para regressão 
pulpar (para que o dente possa esfoliar sem tecido pulpar 
quando 2/3 da raiz já estão formados).  assim, 
procedimentos pulpares que exigem uma resposta pulpar 
não são adequados nesse momento. 
 
No momento de escolha de um procedimento de terapia pulpar 
devemos entender em que fase o dente se encontra e em que 
período de formação esse tecido pulpar está, avaliar se haverá 
uma resposta adequada ao procedimento escolhido ou se será 
necessário um procedimento mais invasivo, menos conservador, 
que não exija uma resposta pulpar tão intensa. 
 
 
Externas 
 molares decíduos superiores: apresentam raízes bem 
divergentes, bem espaçadas  abriga o germe do 
sucessor para proteger 
 ao contrário dos molares decíduos inferiores que, apesar 
de apresentarem raízes bem afastadas, possuem uma 
certa convergência na porção apical. 
 os incisivos decíduos também apresentam características 
anatômicas diferentes dos permanentes  possuem uma 
intensa curvatura para vestibular na porção apical da raiz 
(germe do permanente) 
 esses dentes apresentam esse tipo de morfologia radicular 
para alojar e proteger os dentes sucessores permanentes 
que estão em formação. 
 são nesses locais entre as raízes e atrás dessa curvatura 
que se aloja o sucessor permanente.  isso é importante, 
pois um erro na terapia pulpar (principalmente pulpectomia) 
pode causar um dano/lesão no germe do sucessor 
permanente em formação (ex.: alteração coronária estética 
na superfície vestibular ou interrupção da formação desse 
dente). 
 
Internas 
 os dentes decíduos apresentam a câmara pulpar 
proporcionalmente mais ampla do que a dos dentes 
permanentes, consequentemente, maior risco de 
exposição ou comprometimento pulpar. 
 Região de furca: onde se localiza o germe do permanente 
e apresenta grande rede de canais laterais e acessórios + 
foraminas na porção radicular  principalmente na região 
de furca (considerada semipermeável) 
 
 
Terapia pulpar em dentes decíduos 
 
 
Contaminação na região de furca é muito mais fácil e rápida, 
devido à maior proximidade com o sucessor permanente e 
região mais nobre dos dentes decíduos, pois é o local que aloja 
o sucessor permanente. Além da presença de inúmeros canais 
acessórios. Uma lesão ali é indicativo da condição pulpar. 
 
 Altera a morfologia de todas as paredes da porção radicular, 
reabsorção maior na porção interna da raiz e na palatina ou 
lingual dos posteriores. 
 
 
História médica 
 condição de saúde 
 paciente comprometimento da saúde geral, problema 
sistêmico, período de infecções frequentes (ex.: amigdalite 
de repetição)  procedimentos conservadores podem 
não trazer a resposta esperada. 
 
Interfere mais na decisão de tratamento do que no diagnóstico. 
 
História clínica 
 dor espontânea (irreversível) ou provocada (caso de 
vitalidade pulpar). 
 normalmente a criança não vai ter um relato objetivo sobre 
isso (ex.: pode ser induzida a responder se tem dor ou não, 
não sabe responder quando, não lembra) 
 coletar o máximo de informações possíveis em relação a 
dor 
 
 Quando dói? Quando mastiga  (bom sinal); quando está 
parado olhando TV  mal sinal; à noite quando deita para ir 
dormir  péssimo sinal. 
 
Muitas vezes o dente vai ser assintomático (passa por todo o 
processo de vitalidade-necrose sem dor) e a criança/pais não 
percebem isso ocorrer. 
 
Exame clínico 
 observar as alterações que o dente apresenta e se elas 
são capazes de causar o tipo de dor relatada (intensa). 
 às vezes, a lesão apresentada não é compatível com a dor 
relatada (os responsáveis podem induzir para a criança que 
aquilo incomoda e ela associa à dor; pode ser gengival, 
carie). 
 
 coloração do tecido gengival (presença ou não de 
alteração de cor). 
 presença de abscesso. 
 mobilidade mais acentuada  comum em dentes com 
necrose pulpar devido ao comprometimento dos tecidos 
periodontais de suporte (principalmente molares decíduos) 
 
Presença de fístula ou cicatriz da fístula sinal patognomônico de 
necrose pulpar  alivia a dor e indica logo. 
 
 são muito frequentes em associação a dentes decíduos 
 tecido ósseo mais poroso (favorecendo a formação de 
fístula e não de uma lesão periapical) 
 ápice radicular é mais aberto devido à rizólise 
 nos dentes decíduos é difícil estar fora do lugar, 
normalmente está próxima ao dente com a lesão. 
 dificilmente são vistas lesões periapicais em molares 
decíduos 
 
 exodontia indicada em rompimento da cripta (decíduo sem 
proteger o permanente) e 2/3 das raízes reabsorvidas; 
mobilidade. 
 
 mantenedor: dentes permanentes em estágio anterior ao 
estágio 8 de Nolla. 
 
 contraindicados em Odontopediatria. 
 respostas não confiáveis. 
 se a criança sentir dor, não conseguimos fazer mais nada 
depois (perdemos a cooperação dela). 
 extremamente útil. 
 define diagnóstico 
 área radiolúcida na porção apical 
 indica o grau de reabsorção da raiz, movimento da cripta, 
reabsorções internas, rizólise, estagio de nolla, trabeculado 
ósseo (preservado ou não). 
 
 
POSSIBILIDADE DE RESTAURAÇÃO E VALOR ESTRATÉGICO DO 
DENTE. 
 quadro reversível (tratamentos pulpares conservadores) ou 
irreversível (pulpectomia ou exodontia) 
 valor estratégico do dente  vale a pena submeter a 
criança a um tratamento endodôntico? 
 opinião do responsável (pode preferir a exodontia). 
 possibilidade de restauração (direta ou indireta)  se não 
for possível restaurar posteriormente, a extração está 
indicada. 
 
 
 
 
 terapia mais conservadora. 
 remoção seletiva de tecido cariado. 
 objetivo: manutenção da vitalidade do tecido pulpar, 
removendo somente aquele tecido pulpar desorganizado. 
 
 aquele tecido pulpar sofreu uma agressão por cárie e 
esperamos que ele se recupere simplesmente removendo 
aquele tecido cariado mais amolecido, mais desorganizado. 
 
 alguns dizem que para todas das lesões deve 
ser feitaremoção seletiva; outros dizem que a remoção seletiva 
só deve ser feita se a lesão for profunda. 
 
Não existe um consenso de quando realizar, apenas sobre ser 
obrigatória em lesões profundas sem sinais de necrose pulpar. 
 
 se houver exposição pulpar acidental  realizar pulpotomia. 
 não é indicado realizar capeamento pulpar direto, pois não 
há exposição pulpar acidental com remoção seletiva (não 
realizamos o capeamento pulpar direto por ser um dente 
decíduo). 
 
Quando fazemos remoção seletiva de tecido cariado, o melhor 
material de proteção é o próprio tecido dentinário. 
 
 não é necessário nenhum material de forramento  não 
utiliza cimento hidróxido de cálcio em dentes decíduos para 
formar aquela ponte de dentina. 
 o cimento de hidróxido de cálcio em uma dentina afetada 
não terá uma difusão até estimular aquele tecido pulpar 
 
Atualmente não é recomendado, pois a resposta do tecido 
pulpar ao hidróxido de cálcio promove uma necrose de contato 
superficial e a partir daí levará a formação de dentina terciária 
que irá fechar a exposição pulpar. Visto isso, se o paciente 
estiver naquela fase do ciclo de regressão pulpar, teremos como 
resposta a degeneração. Portanto, o prognóstico do capeamento 
pulpar indireto não é bom. 
 
 GUIDELINE ON PULP THERAPY FOR PRIMARY AND IMMATURE 
PERMANENT TEETH 
“O tratamento pulpar indireto é um procedimento realizado em 
um dente com lesão cariosa profunda que se aproxima da polpa, 
mas sem sinais ou sintomas de degeneração pulpar. A cárie ao 
redor da polpa é deixada no local para evitar a exposição pulpar 
e é coberta com um material biocompatível." 
 
 MANAGING CARIOUS LESIONS: CONSENSUS RECOMMENDATIONS 
ON CARIOUS TISSUE REMOVAL 
“Em lesões profundas (radiograficamente estendendo-se para o 
terço pulpar ou quarto da dentina) em dentes decíduos e 
permanentes, a remoção seletiva para dentina mole deve ser 
realizada (forte recomendação).” 
 
 INDIRECT PULP TREATMENT: IN VIVO OUTCOMES OF NA 
ADHESIVE RESIN SYSTEM VS CALCIUM HYDROXIDE FOR 
PROTECTION OF THE DENTIN-PULP COMPLEX 
A evolução de 2 anos de molares decíduos submetidos a 
tratamento pulpar direto e restaurados com resina composta foi 
semelhante quando a proteção do complexo dentinário pulpar 
foi realizada com uma camada de hidróxido de cálcio ou apenas 
com um sistema de resina adesiva. A causa mais frequente de 
insucesso do tratamento pulpar indireto neste estudo foi o 
desenvolvimento de lesões interradiculares e/ou periapicais que 
indicavam a presença de inflamação pulpar irreversível ou 
necrose. Neste ensaio clínico prospectivo e randomizado, a taxa 
geral de sucesso do tratamento pulpar indireto foi de 
aproximadamente 90% após 2 anos. 
 
 
 não é incluso como conduta operatória regular, por ter 
indicações limitadas e prognóstico desfavorável. 
 contraindicado em dentes decíduos. 
 
A ocorrência de exposições pulpares diminuiu (frequência) 
porque a abordagem de escolha é a remoção seletiva. Além 
disso, índices de sucesso são bem inferiores a pulpotomia/ 
pulpectomia (% de falha é muito grande). 
 
 exposição pulpar 
 lavagem com soro/ água dical 
 HIDRÓXIDO DE CÁLCIO PA 
 atua causando necrose superficial para posterior formação 
de dentina terciária/ pontes de dentina. 
 exige uma resposta pulpar e estimula as células para 
degeneração pulpar. 
 reabsorção pulpar interna; reabsorção pulpar externa; 
reabsorção radicular. 
 
 cimento de hidróxido de cálcio 
 sistema restaurador. 
 
 em casos de exposição pulpar acidental. 
 em paciente sem nenhum sintoma de dor (polpa saudável). 
 exposição menor que 1mm de diâmetro. 
 Rizólise não pode ter iniciado (paciente muito jovem, 
normalmente em casos de trauma). 
 
Caso o capeamento pulpar for feito, é necessário 
acompanhamento rigoroso; avaliar presença de reabsorção 
radicular patológica, radiolucidez apical ou na furca, calcificações. 
 
DIRECT PULP CAPPING OF CARIOUS PRIMARY MOLARS. A 
SPECIALTY PRACTICE BASED STUDY 
O capeamento pulpar direto de exposições de cárie em dentes 
decíduos, entretanto, não é recomendado pelas diretrizes clínicas 
das Academias Americana e Britânica de Odontopediatria. A 
pulpotomia vital e o tratamento pulpar indireto (IPT) são as 
estratégias recomendadas para dentes decíduos cariados 
profundos com polpa saudável ou com pulpite reversível e, no 
caso de exposição cariosa, a escolha recomendada é a 
pulpotomia vital. O capeamento pulpar direto pode ser usado 
apenas no caso de um dente assintomático com uma pequena 
exposição pulpar traumática (não cariosa): mesmo assim, o 
prognóstico geralmente é ruim. 
 
Terapia pulpar em dentes decíduos e 
permanentes jovens 
 o capeamento pulpar direto, em função de uma exposição 
pulpar por cárie (ou seja, durante a remoção de tecido 
cariado) não está indicado para ambas as dentições. 
 considerando a falta de evidência científica para a remoção 
completa de tecido cariado, durante um preparo cavitário 
em lesão profunda. 
 atualmente, a possibilidade de ocorrência de exposições 
desta natureza é inexistente. 
 
 
Pulpotomia e capeamento pulpar direto são consideradas 
iatrogênias  remoção seletiva é o usado atualmente. 
 
 
 é a remoção da polpa coronária e manutenção da polpa 
radicular com vitalidade. 
 procedimento pulpar realizado em dentes vitais, 
principalmente quando ocorre exposição pulpar acidental ou 
de traumatismos de dentes anteriores  tecido com 
exposição pulpar e que tenha se passado 24h ou menos 
do trauma. 
 dificilmente agendamos uma pulpotomia, ela cada vez 
menos tem sido usada, visto da remoção seletiva do tecido 
cariado. 
 visa manter o dente o maior tempo possível até a 
esfoliação prevista, para que o processo de risólize 
aconteça no tempo esperado 
 
 em dentes com vitalidade pulpar: exposição pulpar 
acidental, dor provocada mas sem dor espontânea 
 é preciso haver reabsorção radicular menor que 2/3 da 
raiz, pois caso contrário, o dente irá esfoliar logo. 
 ausência de sinais radiográficos: sem reabsorção interna ou 
externa, ausência de lesões na região de furca ou no 
periápice. 
 restauração possível. 
 
Exceção para “pulpotomia com hora marcada”: dente decíduos que sofreu um 
trauma com exposição. Mesmo assim é difícil, pois fratura de esmalte/ dentina 
não é comum (traumas mais comuns avulsão, intrusão e luxação lateral). 
 
 dentes com necrose pulpar. 
 reabsorção radicular maior que 2/3 da raiz 
 presença de sinais radiográficos: região de furca duvidosa, 
reabsorção radicular 
 a restauração não é possível 
 
Aumentamos o tempo da esfoliação; portanto, se fizermos na 
fase de formação pulpar atrasamos a esfoliação e se fizermos 
na maturação ou regressão, aceleramos a esfoliação. 
 
Técnica 
 
A a E. Sequência da técnica da polpotomia. Em D, o penso de algodão esterilizado para 
provocar a hemostasia. Em E, a pasta Guedes-Pinto sobre os canais radiculares, a base e 
a restauração. 
 diagnóstico 
 anestesia 
 isolamento absoluto 
 abertura e acesso a câmara pulpar: feito da mesma 
maneira que nos dentes permanentes (anatomia dos canais 
ou quais os canais que existem nos dentes decíduos são os 
mesmos que os dos dentes permanentes equivalentes)  
cuidar proximidade entre teto e assoalho 
 
 
 dente vital: continuar com o procedimento de pulpotomia; 
dente com sangramento abundante (mas passível de ser 
controlado), cor da polpa vermelho vivo rutilante (tecido ainda 
não está liquefeito), tecido resistente ao toque. 
 
As características do tecido pulpar no momento da realização da 
técnica é que irão nos dizer se continuamos ou partimos para 
um procedimento mais invasivo. 
 
 
 com brocas esféricas BR de aço, colheres ou 
curetas de dentina afiadas e não contaminadas.  não 
pode ser a mesma que a utilizada para a remoção do 
tecido cariado. 
 A diferença de utilizarmos uma broca e uma cureta afiada, é 
que o corte com a cureta é mais regular. Portanto, normalmente 
conseguimos cortar melhor a polpa coronáriae com isso facilitar 
a próxima etapa da técnica, que é a hemostasia. Cuidar pois a 
broca de aço pode se encostar em uma parte do tecido pulpar, 
o qual acaba se rasgando e, com isso temos dificuldade de 
conter o sangramento. 
 
 com bolinhas de algodão, soro fisiológico ou 
clorexidina  não usa hipoclorito 
 
Câmara pulpar isenta de sangramento, com tecido bem 
avermelhado e levemente sangrante na entrada dos canais. Se 
muito sangrante pode ser sinal de necrose pulpar. 
 
 formocresol, glutaraldeído, sulfato férrico, MTA 
 sem superioridade entre eles, não usa hidróxido de 
cálcio. 
 
FORMOCRESOL: 
 técnica bastante simples 
 inicialmente se utilizava uma solução de formocresol puro, 
mas há muito tempo, a solução de formocresol vem sendo 
diluída. 
 formocresol diluído em 1/5 (uma parte de formocresol e 5 
partes de água destilada).  evita a difusão desse produto 
pelo tecido pulpar e que alcance o periápice; 
 primo do tricresol  composto por formaldeído + cresol 
e, contém uma maior quantidade de glicerina e 
principalmente de água destilada 
 propriedades: fixação do tecido pulpar da camada superficial 
pela interação química do agente (formaldeído) com as 
proteínas celulares (a principal e que desejamos na 
pulpotomia); ação bacteriana; efeito anti-séptico (cresol). 
 
 
APLICAÇÃO DO FORMOCRESOL: 
 feita com bolinha de algodão, mantida na cavidade por 5 
minutos  não deve ser encharcada e sim umedecido e 
retirado o excesso em uma gaze. 
 5 min de contato do algodão com o tecido pulpar é capaz 
de causar a fixação do tecido (em sua camada mais 
superficial), que será seguida logo abaixo de uma camada 
de atrofia celular, camada de tecido com processo 
inflamatório, seguido do tecido pulpar normal. 
 essas 4 camadas que se sucedem após o formocresol irão 
garantir que parte do tecido pulpar radicular se mantenha 
vital e permita que a risólize desse dente se processe da 
forma mais próxima a de um dente completamente vital. 
 quando removemos o algodão, veremos o aspecto do 
tecido pulpar bem escurecido/enegrecido. 
 
Embora tenhamos uma camada de tecido fixado, o material que 
colocarmos sobre esse tecido não pode sofrer difusão por essa 
camada e atingir a porção de polpa radicular vital. 
 
 
 
 óxido de zinco e eugenol (quando houver 
sucesso no uso do formocresol) ou CIV não o IRM 
(reforçado por partículas de polímero que são irritantes ao 
tecido pulpar). 
 
Escolha: depende do número de sessões que demorou para 
realizar a pulpotomia  quanto maior o tempo, maior as 
chances de falha. 
 
SANGRAMENTO E NÃO CONTENÇÃO DA HEMORRAGIA: 
 revisar se o corte do tecido pulpar foi exatamente na 
entrada dos canais 
 as vezes deixa um remanescente de tecido pulpar na 
câmara pulpar 
 manejo: corta mais um pouco do tecido pulpar no interior 
dos canais e insere a bolinha de algodão por mais 5 min. 
 se continuar o sangramento, há algo errado.  nesses 
casos, o dente irá para uma pulpectomia; 
 
 Não é recomendado o uso do ionômero de vidro para essa 
base, pois o mesmo apresenta um pH muito baixo em sua presa 
inicial o que, consequentemente, pode ser um irritante pulpar. 
Também não usa um sistema adesivo diretamente pois sempre 
haverá monômeros residuais não polimerizados que se difundem 
por essa camada causando irritação. 
 
 
AO FAZERMOS UMA SUB-BASE COM ÓXIDO DE ZINCO E 
EUGENOL TE-SE DUAS POSSIBILIDADES: 
 única sessão: colocar uma bolinha de algodão úmida sobre 
o óxido de zinco e eugenol, acelerar o seu endurecimento 
pois haverá interferência do eugenol com a resina 
composta, assim é preciso uma base de gutapercha, 
ionômero de vidro ou outro material que isole esse óxido 
de zinco e eugenol do material restaurador resinoso. 
 Duas sessões (muito comum): faz uma restauração 
provisória com óxido de zinco e eugenol; retorno em 15 
dias; rebaixa a restauração provisória e realiza a 
restauração definitiva. 
 
 Acompanhamento clínico e radiográfico: fundamental para 
verificar que não haja o aparecimento de quaisquer 
alterações que possam indicar o fracasso do procedimento 
(reabsorções internas e externas, necrose pulpar, 
aparecimento de fistulas, rarefação na região de furca de 
molares). 
 
O acompanhamento clínico e radiográfico da pulpotomia deve acontecer até a 
erupção do sucessor permanente. Importante acompanhar, pois eventualmente 
os materiais utilizados podem interferir na formação do permanente (se for um 
dente permanente em formação bem jovem, podemos causar alteração de 
esmalte ou alterações mais severas). 
 
 
Sequência clínica de pulpotomia do dente 54. 1) Radiografia periapical inicial. 2) Aspecto 
inicial da lesão de cárie. 3) Remoção de tecido cariado. 4) Exposição pulpar durante a 
remoção de tecido cariado. 5) Irrigação da câmara pulpar com soro fisiológico e aspiração 
simultânea. 6) Aplicação da medicação. Neste caso, optou-se pelo formocresol. 7) 
Aspecto final após aplicação da medicação, mostrando a hemostasia. 8) Restauração 
provisória com cimento de óxido de zinco e eugenol. 9) Radiografia periapical final. 
 
 
 mais comum pois normalmente o paciente procura para a 
atendimento quando a polpa já está em uma condição (por 
cárie) irreversível. 
 tratamento mais radical, ou seja, iremos eliminar todo o 
tecido pulpar  remoção da polpa coronária e radicular. 
 
 dentes com necrose pulpar (fistula, mobilidade acentuada), 
ou que apresente algum sinal de vitalidade (dói quando o 
paciente se alimenta ou toma alguma bebida gelada), porém 
a situação clínica ou radiográfica indica uma situação 
irreversível. 
 quando a restauração for possível 
 sinais radiográficos adequados: cripta do sucessor 
permanente preservada e 2/3 da raiz ainda presente. 
 
 reabsorção radicular maior que 2/3 
 rompimento da cripta do dente permanente (isso porque 
queremos preservar o permanente, logo, se houver 
 
rompimento da cripta, se não tivermos aquela lâmina óssea 
protegendo o sucessor permanente, não devemos fazer a 
pulpectomia, ou seja, devemos partir para a exodontia). 
 impossibilidade de restauração. 
 reabsorção interna ou externa bastante comprometedoras 
da raiz. 
 
Pulpectomia em dentes decíduos difere da em dentes 
permanentes nas etapas de odontometria, instrumentação e 
obturação. Temos essas diferenças, em função da anatomia, 
mas principalmente pela rizólise. Quando o dente decíduo inicia a 
rizólise, ele terá diferenças na espessura das paredes dos canais. 
A rizólise altera a configuração morfológica da raiz, inicialmente 
na região do ápice e depois na região interna, logo, teremos 
diferenças na odontometria. Em função disso, não podemos 
obturar com cone de guta percha, pois esse cone não será 
reabsorvido. 
 
Técnica 
 
1) Dente apresentando pulpite irreversível ou necrose pulpar. 2) Remoção de todo o 
tecido cariado, acesso à câmara e forma de conveniência com brocas montadas em alta 
ou baixa rotação. 3) Irrigação inicial com soro fisiológico com aspiração simultânea. 4) 
Instrumentação com limas manuais de tamanhos sucessivos a partir da primeira que 
melhor se adapte ao diâmetro apical inicial (ou com sistemas de instrumentação 
mecanizada). 5) Irrigação com hipoclorito de sódio a 2,5% e aspiração simultânea a cada 
troca de lima. Após a instrumentação, irrigação com ácido cítrico a 6% durante 1 minuto 
e irrigação final com soro fisiológico com aspiração simultânea. 6) Secagem de cada 
conduto com cones de papel absorvente. 7) Preenchimento dos canais radiculares com 
espiral lentulo acionada em sentido anti-horário. 8) Cobertura da pasta com material 
isolante, como: segmento de fita teflon estéril dobrado em tamanho compatível com a 
câmara pulpar, utilizando um calcador. 9) Restauração final com resina composta. 
 
 Diagnóstico: da radiografia prévia, a qual deve ser perfeita! 
Pode ser periapical ou oclusal modificada nos dentes 
anteriores (a mais feita em crianças). 
 
 
 apenas na radiografia prévia: pelo comportamento da 
criança,pois teremos de nos deslocar para realizar o 
exame, consequentemente, corremos risco de o paciente 
morder aquela lima e, passarmos o comprimento do canal, 
lesando a cripta do sucessor permanente 
 aquém: não chegamos até o final do canal radicular, pois 
aquele dente provavelmente já tem algum grau de 
reabsorção (inicia no ápice, depois reabsorve internamente 
as raízes) 
 sempre iremos recuar pelo menos 1-2 mm do ápice do 
dente ou da cripta do sucessor permanente. 
 
Lembrar que se esse dente já tem sinais de reabsorção 
radicular, essa reabsorção nem sempre é homogênea, 
principalmente em incisivos decíduos, podemos ter uma imagem 
radiográfica de raiz quase completa, mas com reabsorção total 
da porção lingual ou palatina. 
 
 
 Anestesia: nem sempre o processo de necrose é total, 
logo, sempre anestesiar, e também pelo uso do grampo. 
 Isolamento absoluto: sempre teremos de fazer, devido à 
possibilidade de vazar hipoclorito ou contaminarmos o 
campo. Isolar antes da abertura coronária. 
 Remoção de todo o tecido cariado. 
 Abertura e acesso à câmara pulpar: de forma a 
conseguirmos observar os canais de forma aparente; fazer 
um ponto primeiro na entrada do canal e terminar a 
abertura com um instrumento sem ponta ativa. 
 
 
 CUIDAR pois as paredes dos decíduos são mais delgadas, 
logo, é muito fácil desgastar demais uma parede e romper 
a integridade dessa raiz. 
 apenas raspa as paredes, mas não com o intuito de fazer 
uma conformação ou de preparar os canais. 
 
Lima serve para limpar e não desgastar: modelagem e preparo 
apical não são necessários. 
 
 3 lima: a primeira que entrar mais justa e as próximas duas 
limas da sequência  sempre com irrigação abundante. 
 para a pulpectomia, pode ser com hipoclorito 1% ou com 
solução de clorexidina gel 2% intercalada com solução 
salina, com soro fisiológico. 
 
Se tivermos receio que ocorra o extravasamento do hipoclorito 
devido a conformação do canal, da reabsorção da raiz, podemos 
usar soro fisiológico para a irrigação (adentrar apenas na 
abertura), porém em uma quantidade muito maior. Contudo, o 
hipoclorito é a solução padrão. 
 
 se começar a sangrar na instrumentação, foi porque rompeu 
a parede de dentina; frente a isso, recua mais 1mm e segue com 
a instrumentação. 
 
 Irrigação abundante. 
 Secagem dos canais: dobrar os cones de papel para a 
secagem máxima dos canais. 
 
 
DIFERENÇAS ENTRE DECIDUOS E PERMANENTES: 
 muda o material 
 permanentes: objetiva-se uma obturação hermética, um 
material que não seja reabsorvido, não se dissolva e não 
seja sensível a umidade  usa guta-percha e cimento, e 
quanto mais guta melhor, pois o cimento com o tempo irá 
apresentar algum grau de solubilidade. 
 permanentes busca-se o travamento do cone principal no 
ápice, já no dente decíduo não, ou seja, não deseja-se 
nem chegar perto do ápice. 
 
Em dentes decíduos deseja-se apenas preencher os canais 
radiculares com uma pasta obturadora que tenha de preferência 
ação medicamentosa, uma vez que não desgasta-se as paredes 
dos canais, não usa EDTA e nem substâncias químicas fortes 
com ação bactericida. Espera-se que o controle da 
contaminação ocorra com a pasta obturadora. 
 
CARACTERÍSTICAS DESEJADAS DA PASTA OBTURADORA: 
 ser reabsorvível: se tiver todas as características abaixo e 
não for reabsorvível, não poderemos usar. 
 
 idealmente, essa pasta deve reabsorver na mesma velocidade 
ou muito próxima a velocidade de reabsorção radicular, ou seja, 
a medida que reabsorver a raiz, a paste será reabsorvida. 
 
 não pode provocar dano aos tecidos periapicais e ao 
germe do permanente. 
 propriedades antimicrobianas, pois não desgasta as paredes 
dos canais. 
 preenchimento adequado e aderência. 
 radiopacidade para que possa haver o acompanhamento 
radiográfico. 
 não provocar alteração de cor 
 
Não existe uma pasta que preencha todos os requisitos 
desejáveis. Estudos mostram que nenhuma das pastas apresenta 
superioridade. 
 
 A base de iodofórmio, a base de hidróxido de cálcio (sem 
efeito antimicrobiano grande), de óxido de zinco e eugenol (puro, 
não pode ser o reforçado), misturando hidróxido de cálcio e 
iodofórmio (quando não se instrumenta os canais; tem 
tetraciclina), MTA. 
 
Escolhemos de acordo com nossa preferência ou com a pasta 
que estamos mais habituados. 
 
PASTA GUEDES-PINTO: 
Original: 
 é a base de iodofórmio (pó amarelo), paramonoclorofenol 
canforado (líquido, solução) e rifocort (pomada de cor bem 
alaranjada com propriedades antibióticas  rifamicina e 
prednisolona). 
 usavam a mistura de uma porção de pó, uma de líquido e 
uma da pasta. 
 a pasta precisa chegar na consistência de pasta de dente. 
 
Modificada: 
 é a base de iodofórmio, paramonoclorofenol canforado e 
nebacetin. 
 atualmente, usamos essa pasta modificada, pois o rifocort 
saiu do mercado. 
 
Foram feitos alguns estudos na tentativa de descobrir algum 
produto para substituir o rifocort e o produto que mais se 
aproximou em termos de ação antimicrobiana e não 
interferência de condições citotóxicas foi o nebacetin.  apesar 
de não possuir o rifocort, essa pasta ao final também é de 
coloração bem amarelada. 
 
 reabsorvível 
 não interfere nos tecidos periapicais 
 tem uma taxa de reabsorção bem próxima a do dente 
decíduo 
 efeito negativo: provoca alteração de cor do dente decíduo 
(fica amarelo e ao longo do tempo escuro) em função do 
iodofórmio  nem sempre o dente ficará amarelo, mas irá 
ficar quando nós não fizermos a limpeza adequada antes da 
restauração. 
 
Antes da restauração temos que limpar a câmara pulpar. Essa 
pasta não toma presa e o paramono evapora, logo, não deixar 
os 3 componentes na placa. 
 
 Inserimos a pasta no interior dos canais com a última lima 
utilizada. Em pacientes colaboradores podemos usar lentulo ou 
ainda usar pontas de seringa para inserção. Só paramos de 
inserir a pasta quando não conseguirmos mais colocar pasta. 
Normalmente colocamos com a lima, giramos em sentido anti-
horário, pressionamos com a bolinha de algodão para excessos 
penetrarem no interior do canal. 
 
 Limpeza da câmara pulpar. 
 base de guta-percha para obturações (de 
coloração branca ou rosa) 
 
 É o material mais usado quando utilizamos a pasta Guedes 
Pinto modificada, pois essa pasta fica mole, logo, é mais difícil 
usarmos um cimento. Aquecer uma lâmina de gutapercha, 
vedando a entrada dos câmara pulpar. Todo o assoalho da 
câmara pulpar ficará preenchido por gutapercha. 
 
 Limpeza do dente 
 Restauração definitiva: idealmente na mesma sessão para 
reduzir as chances de insucesso. 
 Radiografia final: para acompanhamento e manutenção. 
 
 a pasta de hidróxido de cálcio + propilenoglicol necessita um 
pouco de pó de óxido de zinco para radiopacidade. O 
acompanhamento clínico e radiográfico é feito de forma imediata 
com a radiografia, após 30 dia, até a esfoliação e erupção do 
permanente e nenhuma alteração do mesmo. 
 o paciente pode chegar com edema facial, com abscesso, 
logo, nesses casos antes da pulpectomia, prescrever antibiótico 
ou analgésico e o paciente pode voltar após dois ou três dias 
para iniciar a terapia. Prescrição pós pulpectomia: apenas 
analgésico. 
 
 
Sequência clínica de pulpectomia do dente 61. 1) Radiografia periapical inicial. 2) Acesso à 
câmara pulpar. 3) Estabelecimento da forma de contorno com broca tronco-cônica de 
ponta inativa. 4) Irrigação com 10 mL de NaOCl a 2,5% e aspiração simultânea. 5) 
Instrumentação manual com limas tipo Kerr, irrigação com 10 mL de NaOCl a 2,5% com 
aspiração simultânea, seguida de irrigação com ácido cítrico a 6% e final com soro 
fisiológico. 6) Secagem do canal com cones de papel estéreis. 7) Obturação do canal 
radicular com pasta à base de hidróxido de cálcio espessada com óxido de zinco. Por se 
tratar de um dente anterior, optou-se pela obturação com seringa do tipo Centrix. 8) 
Restauração provisória com cimento de ionômero de vidro convencional. 9)Radiografia 
periapical final. 
 
 
Odontopediatria: bases teóricas para uma prática clínica de 
excelência / Angela Scarparo (Org.) - 1. ed. - Barueri [SP]: Manole, 
2021. Cap. 27 
 
Odontopediatria / Antonio Carlos Guedes-Pinto, Anna Carolina 
Volpi Mello-Moura. - [Reimpr.]. - 9. ed. - Rio de Janeiro: Santos, 
2017. Cap. 31

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