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Todo o procedimento pulpar busca preservação da vitalidade ou tratamento do tecido pulpar necrosado, sendo esse na maioria das vezes decorrente de lesões de cárie ou traumatismos. Objetiva-se manter os dentes decíduos em suas funções biológicas até a época mais favorável da esfoliação. procedimentos que tenham manipulação direta de tecido pulpar interferem no ciclo vital do dente decíduo acelerando (na maioria das vezes) ou retardando a esfoliação desse dente. capeamento pulpar direto, pulpotomia, pulpectomia. quanto mais complexo o procedimento, mais acelera o processo. terá perda de espaço prematuramente (necessidade de uso de mantenedor de espaço ou de um recuperador no futuro). comum em casos de pulpectomia ou pulpotomia. aumenta o tempo para esfoliação e às vezes, ela não ocorre. época prevista para iniciar (odontogênese) e para terminar (esfoliação do dente decíduo). o ciclo biológico do dente permanente se encerra na morte do indivíduo (é o que se espera). a polpa do dente decíduo também apresenta um ciclo biológico com início, meio e fim 3 fases. ESSAS FASES IRÃO INTERFERIR DIRETAMENTE NA ESCOLHA DA TERAPIA PULPAR: Pulpogênese primeira fase do ciclo biológico com início da formação do tecido pulpar até o fechamento da raiz. atividade celular intensa células estão extremamente ativas, voltadas para a formação da polpa. Podemos esperar boa resposta pulpar aos tratamentos pulpares conservadores caminha para o reparo. Maturação pulpar fase intermediária do ciclo biológico, curto período. ocorre desde o fechamento do ápice radicular até o início da rizólise. estabilidade da atividade celular, ou seja, não há atividade celular intensa chamamos de , em que as células podem voltar a trabalhar mais ativamente diante de um estímulo. Também é um momento favorável para procedimentos pulpares conservadores. Regressão pulpar última fase do ciclo biológico há uma atividade celular intensa, voltada para regressão pulpar (para que o dente possa esfoliar sem tecido pulpar quando 2/3 da raiz já estão formados). assim, procedimentos pulpares que exigem uma resposta pulpar não são adequados nesse momento. No momento de escolha de um procedimento de terapia pulpar devemos entender em que fase o dente se encontra e em que período de formação esse tecido pulpar está, avaliar se haverá uma resposta adequada ao procedimento escolhido ou se será necessário um procedimento mais invasivo, menos conservador, que não exija uma resposta pulpar tão intensa. Externas molares decíduos superiores: apresentam raízes bem divergentes, bem espaçadas abriga o germe do sucessor para proteger ao contrário dos molares decíduos inferiores que, apesar de apresentarem raízes bem afastadas, possuem uma certa convergência na porção apical. os incisivos decíduos também apresentam características anatômicas diferentes dos permanentes possuem uma intensa curvatura para vestibular na porção apical da raiz (germe do permanente) esses dentes apresentam esse tipo de morfologia radicular para alojar e proteger os dentes sucessores permanentes que estão em formação. são nesses locais entre as raízes e atrás dessa curvatura que se aloja o sucessor permanente. isso é importante, pois um erro na terapia pulpar (principalmente pulpectomia) pode causar um dano/lesão no germe do sucessor permanente em formação (ex.: alteração coronária estética na superfície vestibular ou interrupção da formação desse dente). Internas os dentes decíduos apresentam a câmara pulpar proporcionalmente mais ampla do que a dos dentes permanentes, consequentemente, maior risco de exposição ou comprometimento pulpar. Região de furca: onde se localiza o germe do permanente e apresenta grande rede de canais laterais e acessórios + foraminas na porção radicular principalmente na região de furca (considerada semipermeável) Terapia pulpar em dentes decíduos Contaminação na região de furca é muito mais fácil e rápida, devido à maior proximidade com o sucessor permanente e região mais nobre dos dentes decíduos, pois é o local que aloja o sucessor permanente. Além da presença de inúmeros canais acessórios. Uma lesão ali é indicativo da condição pulpar. Altera a morfologia de todas as paredes da porção radicular, reabsorção maior na porção interna da raiz e na palatina ou lingual dos posteriores. História médica condição de saúde paciente comprometimento da saúde geral, problema sistêmico, período de infecções frequentes (ex.: amigdalite de repetição) procedimentos conservadores podem não trazer a resposta esperada. Interfere mais na decisão de tratamento do que no diagnóstico. História clínica dor espontânea (irreversível) ou provocada (caso de vitalidade pulpar). normalmente a criança não vai ter um relato objetivo sobre isso (ex.: pode ser induzida a responder se tem dor ou não, não sabe responder quando, não lembra) coletar o máximo de informações possíveis em relação a dor Quando dói? Quando mastiga (bom sinal); quando está parado olhando TV mal sinal; à noite quando deita para ir dormir péssimo sinal. Muitas vezes o dente vai ser assintomático (passa por todo o processo de vitalidade-necrose sem dor) e a criança/pais não percebem isso ocorrer. Exame clínico observar as alterações que o dente apresenta e se elas são capazes de causar o tipo de dor relatada (intensa). às vezes, a lesão apresentada não é compatível com a dor relatada (os responsáveis podem induzir para a criança que aquilo incomoda e ela associa à dor; pode ser gengival, carie). coloração do tecido gengival (presença ou não de alteração de cor). presença de abscesso. mobilidade mais acentuada comum em dentes com necrose pulpar devido ao comprometimento dos tecidos periodontais de suporte (principalmente molares decíduos) Presença de fístula ou cicatriz da fístula sinal patognomônico de necrose pulpar alivia a dor e indica logo. são muito frequentes em associação a dentes decíduos tecido ósseo mais poroso (favorecendo a formação de fístula e não de uma lesão periapical) ápice radicular é mais aberto devido à rizólise nos dentes decíduos é difícil estar fora do lugar, normalmente está próxima ao dente com a lesão. dificilmente são vistas lesões periapicais em molares decíduos exodontia indicada em rompimento da cripta (decíduo sem proteger o permanente) e 2/3 das raízes reabsorvidas; mobilidade. mantenedor: dentes permanentes em estágio anterior ao estágio 8 de Nolla. contraindicados em Odontopediatria. respostas não confiáveis. se a criança sentir dor, não conseguimos fazer mais nada depois (perdemos a cooperação dela). extremamente útil. define diagnóstico área radiolúcida na porção apical indica o grau de reabsorção da raiz, movimento da cripta, reabsorções internas, rizólise, estagio de nolla, trabeculado ósseo (preservado ou não). POSSIBILIDADE DE RESTAURAÇÃO E VALOR ESTRATÉGICO DO DENTE. quadro reversível (tratamentos pulpares conservadores) ou irreversível (pulpectomia ou exodontia) valor estratégico do dente vale a pena submeter a criança a um tratamento endodôntico? opinião do responsável (pode preferir a exodontia). possibilidade de restauração (direta ou indireta) se não for possível restaurar posteriormente, a extração está indicada. terapia mais conservadora. remoção seletiva de tecido cariado. objetivo: manutenção da vitalidade do tecido pulpar, removendo somente aquele tecido pulpar desorganizado. aquele tecido pulpar sofreu uma agressão por cárie e esperamos que ele se recupere simplesmente removendo aquele tecido cariado mais amolecido, mais desorganizado. alguns dizem que para todas das lesões deve ser feitaremoção seletiva; outros dizem que a remoção seletiva só deve ser feita se a lesão for profunda. Não existe um consenso de quando realizar, apenas sobre ser obrigatória em lesões profundas sem sinais de necrose pulpar. se houver exposição pulpar acidental realizar pulpotomia. não é indicado realizar capeamento pulpar direto, pois não há exposição pulpar acidental com remoção seletiva (não realizamos o capeamento pulpar direto por ser um dente decíduo). Quando fazemos remoção seletiva de tecido cariado, o melhor material de proteção é o próprio tecido dentinário. não é necessário nenhum material de forramento não utiliza cimento hidróxido de cálcio em dentes decíduos para formar aquela ponte de dentina. o cimento de hidróxido de cálcio em uma dentina afetada não terá uma difusão até estimular aquele tecido pulpar Atualmente não é recomendado, pois a resposta do tecido pulpar ao hidróxido de cálcio promove uma necrose de contato superficial e a partir daí levará a formação de dentina terciária que irá fechar a exposição pulpar. Visto isso, se o paciente estiver naquela fase do ciclo de regressão pulpar, teremos como resposta a degeneração. Portanto, o prognóstico do capeamento pulpar indireto não é bom. GUIDELINE ON PULP THERAPY FOR PRIMARY AND IMMATURE PERMANENT TEETH “O tratamento pulpar indireto é um procedimento realizado em um dente com lesão cariosa profunda que se aproxima da polpa, mas sem sinais ou sintomas de degeneração pulpar. A cárie ao redor da polpa é deixada no local para evitar a exposição pulpar e é coberta com um material biocompatível." MANAGING CARIOUS LESIONS: CONSENSUS RECOMMENDATIONS ON CARIOUS TISSUE REMOVAL “Em lesões profundas (radiograficamente estendendo-se para o terço pulpar ou quarto da dentina) em dentes decíduos e permanentes, a remoção seletiva para dentina mole deve ser realizada (forte recomendação).” INDIRECT PULP TREATMENT: IN VIVO OUTCOMES OF NA ADHESIVE RESIN SYSTEM VS CALCIUM HYDROXIDE FOR PROTECTION OF THE DENTIN-PULP COMPLEX A evolução de 2 anos de molares decíduos submetidos a tratamento pulpar direto e restaurados com resina composta foi semelhante quando a proteção do complexo dentinário pulpar foi realizada com uma camada de hidróxido de cálcio ou apenas com um sistema de resina adesiva. A causa mais frequente de insucesso do tratamento pulpar indireto neste estudo foi o desenvolvimento de lesões interradiculares e/ou periapicais que indicavam a presença de inflamação pulpar irreversível ou necrose. Neste ensaio clínico prospectivo e randomizado, a taxa geral de sucesso do tratamento pulpar indireto foi de aproximadamente 90% após 2 anos. não é incluso como conduta operatória regular, por ter indicações limitadas e prognóstico desfavorável. contraindicado em dentes decíduos. A ocorrência de exposições pulpares diminuiu (frequência) porque a abordagem de escolha é a remoção seletiva. Além disso, índices de sucesso são bem inferiores a pulpotomia/ pulpectomia (% de falha é muito grande). exposição pulpar lavagem com soro/ água dical HIDRÓXIDO DE CÁLCIO PA atua causando necrose superficial para posterior formação de dentina terciária/ pontes de dentina. exige uma resposta pulpar e estimula as células para degeneração pulpar. reabsorção pulpar interna; reabsorção pulpar externa; reabsorção radicular. cimento de hidróxido de cálcio sistema restaurador. em casos de exposição pulpar acidental. em paciente sem nenhum sintoma de dor (polpa saudável). exposição menor que 1mm de diâmetro. Rizólise não pode ter iniciado (paciente muito jovem, normalmente em casos de trauma). Caso o capeamento pulpar for feito, é necessário acompanhamento rigoroso; avaliar presença de reabsorção radicular patológica, radiolucidez apical ou na furca, calcificações. DIRECT PULP CAPPING OF CARIOUS PRIMARY MOLARS. A SPECIALTY PRACTICE BASED STUDY O capeamento pulpar direto de exposições de cárie em dentes decíduos, entretanto, não é recomendado pelas diretrizes clínicas das Academias Americana e Britânica de Odontopediatria. A pulpotomia vital e o tratamento pulpar indireto (IPT) são as estratégias recomendadas para dentes decíduos cariados profundos com polpa saudável ou com pulpite reversível e, no caso de exposição cariosa, a escolha recomendada é a pulpotomia vital. O capeamento pulpar direto pode ser usado apenas no caso de um dente assintomático com uma pequena exposição pulpar traumática (não cariosa): mesmo assim, o prognóstico geralmente é ruim. Terapia pulpar em dentes decíduos e permanentes jovens o capeamento pulpar direto, em função de uma exposição pulpar por cárie (ou seja, durante a remoção de tecido cariado) não está indicado para ambas as dentições. considerando a falta de evidência científica para a remoção completa de tecido cariado, durante um preparo cavitário em lesão profunda. atualmente, a possibilidade de ocorrência de exposições desta natureza é inexistente. Pulpotomia e capeamento pulpar direto são consideradas iatrogênias remoção seletiva é o usado atualmente. é a remoção da polpa coronária e manutenção da polpa radicular com vitalidade. procedimento pulpar realizado em dentes vitais, principalmente quando ocorre exposição pulpar acidental ou de traumatismos de dentes anteriores tecido com exposição pulpar e que tenha se passado 24h ou menos do trauma. dificilmente agendamos uma pulpotomia, ela cada vez menos tem sido usada, visto da remoção seletiva do tecido cariado. visa manter o dente o maior tempo possível até a esfoliação prevista, para que o processo de risólize aconteça no tempo esperado em dentes com vitalidade pulpar: exposição pulpar acidental, dor provocada mas sem dor espontânea é preciso haver reabsorção radicular menor que 2/3 da raiz, pois caso contrário, o dente irá esfoliar logo. ausência de sinais radiográficos: sem reabsorção interna ou externa, ausência de lesões na região de furca ou no periápice. restauração possível. Exceção para “pulpotomia com hora marcada”: dente decíduos que sofreu um trauma com exposição. Mesmo assim é difícil, pois fratura de esmalte/ dentina não é comum (traumas mais comuns avulsão, intrusão e luxação lateral). dentes com necrose pulpar. reabsorção radicular maior que 2/3 da raiz presença de sinais radiográficos: região de furca duvidosa, reabsorção radicular a restauração não é possível Aumentamos o tempo da esfoliação; portanto, se fizermos na fase de formação pulpar atrasamos a esfoliação e se fizermos na maturação ou regressão, aceleramos a esfoliação. Técnica A a E. Sequência da técnica da polpotomia. Em D, o penso de algodão esterilizado para provocar a hemostasia. Em E, a pasta Guedes-Pinto sobre os canais radiculares, a base e a restauração. diagnóstico anestesia isolamento absoluto abertura e acesso a câmara pulpar: feito da mesma maneira que nos dentes permanentes (anatomia dos canais ou quais os canais que existem nos dentes decíduos são os mesmos que os dos dentes permanentes equivalentes) cuidar proximidade entre teto e assoalho dente vital: continuar com o procedimento de pulpotomia; dente com sangramento abundante (mas passível de ser controlado), cor da polpa vermelho vivo rutilante (tecido ainda não está liquefeito), tecido resistente ao toque. As características do tecido pulpar no momento da realização da técnica é que irão nos dizer se continuamos ou partimos para um procedimento mais invasivo. com brocas esféricas BR de aço, colheres ou curetas de dentina afiadas e não contaminadas. não pode ser a mesma que a utilizada para a remoção do tecido cariado. A diferença de utilizarmos uma broca e uma cureta afiada, é que o corte com a cureta é mais regular. Portanto, normalmente conseguimos cortar melhor a polpa coronáriae com isso facilitar a próxima etapa da técnica, que é a hemostasia. Cuidar pois a broca de aço pode se encostar em uma parte do tecido pulpar, o qual acaba se rasgando e, com isso temos dificuldade de conter o sangramento. com bolinhas de algodão, soro fisiológico ou clorexidina não usa hipoclorito Câmara pulpar isenta de sangramento, com tecido bem avermelhado e levemente sangrante na entrada dos canais. Se muito sangrante pode ser sinal de necrose pulpar. formocresol, glutaraldeído, sulfato férrico, MTA sem superioridade entre eles, não usa hidróxido de cálcio. FORMOCRESOL: técnica bastante simples inicialmente se utilizava uma solução de formocresol puro, mas há muito tempo, a solução de formocresol vem sendo diluída. formocresol diluído em 1/5 (uma parte de formocresol e 5 partes de água destilada). evita a difusão desse produto pelo tecido pulpar e que alcance o periápice; primo do tricresol composto por formaldeído + cresol e, contém uma maior quantidade de glicerina e principalmente de água destilada propriedades: fixação do tecido pulpar da camada superficial pela interação química do agente (formaldeído) com as proteínas celulares (a principal e que desejamos na pulpotomia); ação bacteriana; efeito anti-séptico (cresol). APLICAÇÃO DO FORMOCRESOL: feita com bolinha de algodão, mantida na cavidade por 5 minutos não deve ser encharcada e sim umedecido e retirado o excesso em uma gaze. 5 min de contato do algodão com o tecido pulpar é capaz de causar a fixação do tecido (em sua camada mais superficial), que será seguida logo abaixo de uma camada de atrofia celular, camada de tecido com processo inflamatório, seguido do tecido pulpar normal. essas 4 camadas que se sucedem após o formocresol irão garantir que parte do tecido pulpar radicular se mantenha vital e permita que a risólize desse dente se processe da forma mais próxima a de um dente completamente vital. quando removemos o algodão, veremos o aspecto do tecido pulpar bem escurecido/enegrecido. Embora tenhamos uma camada de tecido fixado, o material que colocarmos sobre esse tecido não pode sofrer difusão por essa camada e atingir a porção de polpa radicular vital. óxido de zinco e eugenol (quando houver sucesso no uso do formocresol) ou CIV não o IRM (reforçado por partículas de polímero que são irritantes ao tecido pulpar). Escolha: depende do número de sessões que demorou para realizar a pulpotomia quanto maior o tempo, maior as chances de falha. SANGRAMENTO E NÃO CONTENÇÃO DA HEMORRAGIA: revisar se o corte do tecido pulpar foi exatamente na entrada dos canais as vezes deixa um remanescente de tecido pulpar na câmara pulpar manejo: corta mais um pouco do tecido pulpar no interior dos canais e insere a bolinha de algodão por mais 5 min. se continuar o sangramento, há algo errado. nesses casos, o dente irá para uma pulpectomia; Não é recomendado o uso do ionômero de vidro para essa base, pois o mesmo apresenta um pH muito baixo em sua presa inicial o que, consequentemente, pode ser um irritante pulpar. Também não usa um sistema adesivo diretamente pois sempre haverá monômeros residuais não polimerizados que se difundem por essa camada causando irritação. AO FAZERMOS UMA SUB-BASE COM ÓXIDO DE ZINCO E EUGENOL TE-SE DUAS POSSIBILIDADES: única sessão: colocar uma bolinha de algodão úmida sobre o óxido de zinco e eugenol, acelerar o seu endurecimento pois haverá interferência do eugenol com a resina composta, assim é preciso uma base de gutapercha, ionômero de vidro ou outro material que isole esse óxido de zinco e eugenol do material restaurador resinoso. Duas sessões (muito comum): faz uma restauração provisória com óxido de zinco e eugenol; retorno em 15 dias; rebaixa a restauração provisória e realiza a restauração definitiva. Acompanhamento clínico e radiográfico: fundamental para verificar que não haja o aparecimento de quaisquer alterações que possam indicar o fracasso do procedimento (reabsorções internas e externas, necrose pulpar, aparecimento de fistulas, rarefação na região de furca de molares). O acompanhamento clínico e radiográfico da pulpotomia deve acontecer até a erupção do sucessor permanente. Importante acompanhar, pois eventualmente os materiais utilizados podem interferir na formação do permanente (se for um dente permanente em formação bem jovem, podemos causar alteração de esmalte ou alterações mais severas). Sequência clínica de pulpotomia do dente 54. 1) Radiografia periapical inicial. 2) Aspecto inicial da lesão de cárie. 3) Remoção de tecido cariado. 4) Exposição pulpar durante a remoção de tecido cariado. 5) Irrigação da câmara pulpar com soro fisiológico e aspiração simultânea. 6) Aplicação da medicação. Neste caso, optou-se pelo formocresol. 7) Aspecto final após aplicação da medicação, mostrando a hemostasia. 8) Restauração provisória com cimento de óxido de zinco e eugenol. 9) Radiografia periapical final. mais comum pois normalmente o paciente procura para a atendimento quando a polpa já está em uma condição (por cárie) irreversível. tratamento mais radical, ou seja, iremos eliminar todo o tecido pulpar remoção da polpa coronária e radicular. dentes com necrose pulpar (fistula, mobilidade acentuada), ou que apresente algum sinal de vitalidade (dói quando o paciente se alimenta ou toma alguma bebida gelada), porém a situação clínica ou radiográfica indica uma situação irreversível. quando a restauração for possível sinais radiográficos adequados: cripta do sucessor permanente preservada e 2/3 da raiz ainda presente. reabsorção radicular maior que 2/3 rompimento da cripta do dente permanente (isso porque queremos preservar o permanente, logo, se houver rompimento da cripta, se não tivermos aquela lâmina óssea protegendo o sucessor permanente, não devemos fazer a pulpectomia, ou seja, devemos partir para a exodontia). impossibilidade de restauração. reabsorção interna ou externa bastante comprometedoras da raiz. Pulpectomia em dentes decíduos difere da em dentes permanentes nas etapas de odontometria, instrumentação e obturação. Temos essas diferenças, em função da anatomia, mas principalmente pela rizólise. Quando o dente decíduo inicia a rizólise, ele terá diferenças na espessura das paredes dos canais. A rizólise altera a configuração morfológica da raiz, inicialmente na região do ápice e depois na região interna, logo, teremos diferenças na odontometria. Em função disso, não podemos obturar com cone de guta percha, pois esse cone não será reabsorvido. Técnica 1) Dente apresentando pulpite irreversível ou necrose pulpar. 2) Remoção de todo o tecido cariado, acesso à câmara e forma de conveniência com brocas montadas em alta ou baixa rotação. 3) Irrigação inicial com soro fisiológico com aspiração simultânea. 4) Instrumentação com limas manuais de tamanhos sucessivos a partir da primeira que melhor se adapte ao diâmetro apical inicial (ou com sistemas de instrumentação mecanizada). 5) Irrigação com hipoclorito de sódio a 2,5% e aspiração simultânea a cada troca de lima. Após a instrumentação, irrigação com ácido cítrico a 6% durante 1 minuto e irrigação final com soro fisiológico com aspiração simultânea. 6) Secagem de cada conduto com cones de papel absorvente. 7) Preenchimento dos canais radiculares com espiral lentulo acionada em sentido anti-horário. 8) Cobertura da pasta com material isolante, como: segmento de fita teflon estéril dobrado em tamanho compatível com a câmara pulpar, utilizando um calcador. 9) Restauração final com resina composta. Diagnóstico: da radiografia prévia, a qual deve ser perfeita! Pode ser periapical ou oclusal modificada nos dentes anteriores (a mais feita em crianças). apenas na radiografia prévia: pelo comportamento da criança,pois teremos de nos deslocar para realizar o exame, consequentemente, corremos risco de o paciente morder aquela lima e, passarmos o comprimento do canal, lesando a cripta do sucessor permanente aquém: não chegamos até o final do canal radicular, pois aquele dente provavelmente já tem algum grau de reabsorção (inicia no ápice, depois reabsorve internamente as raízes) sempre iremos recuar pelo menos 1-2 mm do ápice do dente ou da cripta do sucessor permanente. Lembrar que se esse dente já tem sinais de reabsorção radicular, essa reabsorção nem sempre é homogênea, principalmente em incisivos decíduos, podemos ter uma imagem radiográfica de raiz quase completa, mas com reabsorção total da porção lingual ou palatina. Anestesia: nem sempre o processo de necrose é total, logo, sempre anestesiar, e também pelo uso do grampo. Isolamento absoluto: sempre teremos de fazer, devido à possibilidade de vazar hipoclorito ou contaminarmos o campo. Isolar antes da abertura coronária. Remoção de todo o tecido cariado. Abertura e acesso à câmara pulpar: de forma a conseguirmos observar os canais de forma aparente; fazer um ponto primeiro na entrada do canal e terminar a abertura com um instrumento sem ponta ativa. CUIDAR pois as paredes dos decíduos são mais delgadas, logo, é muito fácil desgastar demais uma parede e romper a integridade dessa raiz. apenas raspa as paredes, mas não com o intuito de fazer uma conformação ou de preparar os canais. Lima serve para limpar e não desgastar: modelagem e preparo apical não são necessários. 3 lima: a primeira que entrar mais justa e as próximas duas limas da sequência sempre com irrigação abundante. para a pulpectomia, pode ser com hipoclorito 1% ou com solução de clorexidina gel 2% intercalada com solução salina, com soro fisiológico. Se tivermos receio que ocorra o extravasamento do hipoclorito devido a conformação do canal, da reabsorção da raiz, podemos usar soro fisiológico para a irrigação (adentrar apenas na abertura), porém em uma quantidade muito maior. Contudo, o hipoclorito é a solução padrão. se começar a sangrar na instrumentação, foi porque rompeu a parede de dentina; frente a isso, recua mais 1mm e segue com a instrumentação. Irrigação abundante. Secagem dos canais: dobrar os cones de papel para a secagem máxima dos canais. DIFERENÇAS ENTRE DECIDUOS E PERMANENTES: muda o material permanentes: objetiva-se uma obturação hermética, um material que não seja reabsorvido, não se dissolva e não seja sensível a umidade usa guta-percha e cimento, e quanto mais guta melhor, pois o cimento com o tempo irá apresentar algum grau de solubilidade. permanentes busca-se o travamento do cone principal no ápice, já no dente decíduo não, ou seja, não deseja-se nem chegar perto do ápice. Em dentes decíduos deseja-se apenas preencher os canais radiculares com uma pasta obturadora que tenha de preferência ação medicamentosa, uma vez que não desgasta-se as paredes dos canais, não usa EDTA e nem substâncias químicas fortes com ação bactericida. Espera-se que o controle da contaminação ocorra com a pasta obturadora. CARACTERÍSTICAS DESEJADAS DA PASTA OBTURADORA: ser reabsorvível: se tiver todas as características abaixo e não for reabsorvível, não poderemos usar. idealmente, essa pasta deve reabsorver na mesma velocidade ou muito próxima a velocidade de reabsorção radicular, ou seja, a medida que reabsorver a raiz, a paste será reabsorvida. não pode provocar dano aos tecidos periapicais e ao germe do permanente. propriedades antimicrobianas, pois não desgasta as paredes dos canais. preenchimento adequado e aderência. radiopacidade para que possa haver o acompanhamento radiográfico. não provocar alteração de cor Não existe uma pasta que preencha todos os requisitos desejáveis. Estudos mostram que nenhuma das pastas apresenta superioridade. A base de iodofórmio, a base de hidróxido de cálcio (sem efeito antimicrobiano grande), de óxido de zinco e eugenol (puro, não pode ser o reforçado), misturando hidróxido de cálcio e iodofórmio (quando não se instrumenta os canais; tem tetraciclina), MTA. Escolhemos de acordo com nossa preferência ou com a pasta que estamos mais habituados. PASTA GUEDES-PINTO: Original: é a base de iodofórmio (pó amarelo), paramonoclorofenol canforado (líquido, solução) e rifocort (pomada de cor bem alaranjada com propriedades antibióticas rifamicina e prednisolona). usavam a mistura de uma porção de pó, uma de líquido e uma da pasta. a pasta precisa chegar na consistência de pasta de dente. Modificada: é a base de iodofórmio, paramonoclorofenol canforado e nebacetin. atualmente, usamos essa pasta modificada, pois o rifocort saiu do mercado. Foram feitos alguns estudos na tentativa de descobrir algum produto para substituir o rifocort e o produto que mais se aproximou em termos de ação antimicrobiana e não interferência de condições citotóxicas foi o nebacetin. apesar de não possuir o rifocort, essa pasta ao final também é de coloração bem amarelada. reabsorvível não interfere nos tecidos periapicais tem uma taxa de reabsorção bem próxima a do dente decíduo efeito negativo: provoca alteração de cor do dente decíduo (fica amarelo e ao longo do tempo escuro) em função do iodofórmio nem sempre o dente ficará amarelo, mas irá ficar quando nós não fizermos a limpeza adequada antes da restauração. Antes da restauração temos que limpar a câmara pulpar. Essa pasta não toma presa e o paramono evapora, logo, não deixar os 3 componentes na placa. Inserimos a pasta no interior dos canais com a última lima utilizada. Em pacientes colaboradores podemos usar lentulo ou ainda usar pontas de seringa para inserção. Só paramos de inserir a pasta quando não conseguirmos mais colocar pasta. Normalmente colocamos com a lima, giramos em sentido anti- horário, pressionamos com a bolinha de algodão para excessos penetrarem no interior do canal. Limpeza da câmara pulpar. base de guta-percha para obturações (de coloração branca ou rosa) É o material mais usado quando utilizamos a pasta Guedes Pinto modificada, pois essa pasta fica mole, logo, é mais difícil usarmos um cimento. Aquecer uma lâmina de gutapercha, vedando a entrada dos câmara pulpar. Todo o assoalho da câmara pulpar ficará preenchido por gutapercha. Limpeza do dente Restauração definitiva: idealmente na mesma sessão para reduzir as chances de insucesso. Radiografia final: para acompanhamento e manutenção. a pasta de hidróxido de cálcio + propilenoglicol necessita um pouco de pó de óxido de zinco para radiopacidade. O acompanhamento clínico e radiográfico é feito de forma imediata com a radiografia, após 30 dia, até a esfoliação e erupção do permanente e nenhuma alteração do mesmo. o paciente pode chegar com edema facial, com abscesso, logo, nesses casos antes da pulpectomia, prescrever antibiótico ou analgésico e o paciente pode voltar após dois ou três dias para iniciar a terapia. Prescrição pós pulpectomia: apenas analgésico. Sequência clínica de pulpectomia do dente 61. 1) Radiografia periapical inicial. 2) Acesso à câmara pulpar. 3) Estabelecimento da forma de contorno com broca tronco-cônica de ponta inativa. 4) Irrigação com 10 mL de NaOCl a 2,5% e aspiração simultânea. 5) Instrumentação manual com limas tipo Kerr, irrigação com 10 mL de NaOCl a 2,5% com aspiração simultânea, seguida de irrigação com ácido cítrico a 6% e final com soro fisiológico. 6) Secagem do canal com cones de papel estéreis. 7) Obturação do canal radicular com pasta à base de hidróxido de cálcio espessada com óxido de zinco. Por se tratar de um dente anterior, optou-se pela obturação com seringa do tipo Centrix. 8) Restauração provisória com cimento de ionômero de vidro convencional. 9)Radiografia periapical final. Odontopediatria: bases teóricas para uma prática clínica de excelência / Angela Scarparo (Org.) - 1. ed. - Barueri [SP]: Manole, 2021. Cap. 27 Odontopediatria / Antonio Carlos Guedes-Pinto, Anna Carolina Volpi Mello-Moura. - [Reimpr.]. - 9. ed. - Rio de Janeiro: Santos, 2017. Cap. 31
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