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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ESTHER SILVA QUEIROZ PAIVA IDENTIFICANDO ESPÉCIES DE CORAIS ADEQUADAS PARA A RESTAURAÇÃO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL RECIFES DE CORAIS - RN NATAL 2023 2 ESTHER SILVA QUEIROZ PAIVA IDENTIFICANDO ESPÉCIES DE CORAIS ADEQUADAS PARA A RESTAURAÇÃO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL RECIFES DE CORAIS - RN Monografia apresentada ao curso de graduação em Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas. Orientador: Prof. Dr. Guilherme Ortigara Longo. Coorientadora: Ma. Jessica Bleuel. NATAL 2023 Esta obra está licenciada com uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. Permite que outros distribuam, remixem, adaptem e desenvolvam seu trabalho, mesmo comercialmente, desde que creditem a você pela criação original. Link dessa licença: creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode 3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - Centro de Biociências - CB Paiva, Esther Silva Queiroz. Identificando espécies de corais adequadas para a restauração da área de proteção ambiental recifes de corais - RN / Esther Silva Queiroz Paiva. - 2023. 59 f.: il. Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Curso de Ciências Biológicas. Natal, RN, 2023. Orientação: Prof. Dr. Guilherme Ortigara Longo. Coorientação: Ma. Jéssica Bleuel. 1. Restauração ecológica - Monografia. 2. Abordagem histórica - Monografia. 3. Abundância - Monografia. 4. Recifes de corais - Monografia. 5. Maracajaú - Monografia. 6. Rio do Fogo - Monografia. I. Longo, Guilherme Ortigara. II. Bleuel, Jessica. III. Título. RN/UF/BSCB CDU 574.5 Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351 4 ESTHER SILVA QUEIROZ PAIVA IDENTIFICANDO ESPÉCIES DE CORAIS ADEQUADAS PARA A RESTAURAÇÃO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL RECIFES DE CORAIS - RN Monografia apresentada ao curso de graduação em Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas. Aprovada em: 15/12/2023 BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Guilherme Ortigara Longo Orientador UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Ma. Jessica Bleuel Coorientadora UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE MSc. Ana Carolina Grillo Monteiro Membro interno UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Dra. Carine de Oliveira Fogliarini Membro externo UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA 5 Aos meus pais Geraldo Queiroz de Assis Paiva e Gilda Aparecida Silva Queiroz. Ao meu namorado Gabriel Richard Barros Silva. Às minhas amigas Ana Luiza Frossard Givisiez, Francielly Eduarda Mendes Pereira e Jady Abranches Fernandes. Aos meus mentores Dr. Guilherme Ortigara Longo e Ma. Jessica Bleuel. Destino e dedico 6 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus com humildade e júbilo, reconhecendo sua presença constante em minha jornada de formação, desde os momentos mais felizes até os meus mais difíceis desafios, sendo o meu amparo e a minha fortaleza. Agradeço aos meus pais, Gilda e Geraldo, que sempre estiveram ao meu lado, oferecendo apoio inabalável e orientação em cada passo da minha jornada. Suas palavras de sabedoria, amor incondicional, suas preces e noites sem dormir para tornar o meu sonho realidade foram fundamentais para eu chegar até aqui. Agradeço ao meu namorado, Gabriel, por todas as noites em claro, as ligações de madrugada e o amor à distância, sendo o meu refúgio em meio às tempestades e a luz que iluminou os momentos mais sombrios. Você foi uma das peças-chave para que chegasse até aqui, me apoiando de maneira incondicional e me mostrando o quanto eu era capaz em meio as dúvidas que me aflingiam. Agradeço a minha gata, minha filha, Mia, por toda companhia oferecida nesses anos que eu estava longe de casa, sendo meu maior motivo de alegria em Natal. Com você eu aprendi um amor puro e verdadeiro, aprendi o que é cuidar e zelar. Você me ensinou a valorizar cada segundo e cada pequeno momento e por você eu movo montanhas. Agradeço as minhas melhores amigas de Minas Gerais, Jady, Francielly e Luiza, por todo apoio e incentivo mesmo que a distância. Vocês sempre acreditaram no meu potencial e vibraram com todas as minhas conquistas. O nosso quarteto é mais do que fantástico. Agradeço ao meu orientador, Dr. Guilherme Ortigara Longo, por todos os ensinamentos, confiança e paciência durante os anos que tive o prazer de ser estagiária em seu laboratório. Foi a realização de um sonho ter tido a oportunidade de trabalhar ao seu lado e aprender pelo menos um pouco do vasto conhecimento que você carrega. Entrei no LECOM portando uma grande admiração por você e estou saindo com essa admiração ainda maior. Agradeço também ao Instituto Serrapilheira pela concessão da bolsa para o desenvolvimento deste trabalho. Agradeço à minha coorientadora, Ma. Jessica Bleuel, por todo suporte e paciência oferecidos. Ser sua coorientanda foi muito prazeroso e me trouxe uma enorme sensação de segurança para a realização do trabalho, pois você é uma cientista incrível, que soube me instruir, juntamente com Guilherme, do início ao fim 7 e que me atendeu prontamente sempre que eu a solicitei. Eu verdadeiramente me inspiro em você e aprendi muito com você nesses anos em que eu tive o privilégio de fazer parte do LECOM. Agradeço a toda família do Laboratório de Ecologia Marinha (LECOM), pelo acolhimento que tiveram comigo desde os primeiros dias, pelos ensinamentos passados, pela confiança e pela paciência. Trabalhar com vocês foi uma experiência leve e muito divertida, não existem memórias ruins, somente momentos de muita alegria e diversão. Vocês foram como uma família para mim e lembrarei de todos com muito carinho e afeto. Por fim, agradeço a todos os amigos que fiz em Natal, vocês também foram como uma família para mim, especialmente Nicolas e Damila. Nicolas foi meu melhor amigo, meu alívio cômico em meio ao caos e os momentos que passamos juntos estarão para sempre registrados na memória. Damila foi o meu ponto de equilíbrio, quem me fazia pensar com razão, quando os sentimentos queriam me dominar e quem me acolheu em sua casa quando eu precisei. Sendo as duas pessoas que eu mais compartilhei momentos e histórias. O apoio de vocês foi fundamental para que eu chegasse até aqui e partir para longe de vocês não será uma tarefa fácil, mas garanto a vocês que nos veremos em breve no próximo capítulo de nossas vidas. 8 “Tenho esperança de que um maior conhecimento do mar, que há milênios dá sabedoria ao homem, inspire mais uma vez os pensamentos e as ações daqueles que preservarão o equilíbrio da natureza e permitirão a conservação da própria vida.” Jacques Cousteau, oceanógrafo 9 RESUMO Abordagens históricas são fundamentais na compreensão das mudanças nos ecossistemas, proporcionando um referencial para comparações e avaliações futuras. Essa perspectiva histórica se torna uma ferramenta essencial em estratégias de conservação e restauração, onde abordagens que incluem múltiplas espécies têm mais chances de preservar as funções ecossistêmicas. O objetivo do estudo foi investigar possíveis declínios na abundância e riqueza das espécies de corais na Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC) ao longo de 6 décadas, afim de direcionar esforços de restauração de múltiplas espécies de corais baseados em ecologia. Por meio de uma revisão sistemática registramos 13 espécies de corais e hidrocorais na região, cujas abundâncias atuais foram comparadas ao registro mais antigo da área de estudo, feito por Laborel em 1970. Uma matriz de distância funcional foi construída com base em variáveis mistas de atributos para escolher conjuntos mínimos de espécies que suportem ao máximo as funçõesecossistêmicas considerando “persistência ecológica”, “persistência ecológica e atributos” e “persistência ecológica, atributos e restauração”. Identificamos reduções na abundância de Millepora alcicornis e Mussismilia harttii desde a década de 70, porém não houve mudança na dominância de Siderastrea stellata. Nos três conjuntos propostos para restauração, com quatro, cinco e seis espécies, S. stellata, Mi. alcicornis, Favia gravida e Porites astreoides foram selecionadas em todos os critérios. Além dessas quatro espécies, o conjunto com cinco espécies variou entre a adição de Agaricia humilis (persistência ecológica), ou Mussismilia hispida (persistência ecológica, atributos e restauração). Com seis espécies variou entre a adição de A. humilis e Agaricia fragilis (persistência ecológica) ou Mu. hispida e Montastraea cavernosa (persistência ecológica, atributos e restauração). Os conjuntos de persistência ecológica com cinco e seis espécies foram as melhores opções, pois abrigam três tipos de corais construtores (construtor, cimentador e preenchedor), mesmo que com um menor volume funcional, pois mantém o padrão histórico dos recifes, recupera a abundância perdida por algumas espécies e conserva grande parte das funções ecossistêmicas. Palavras-Chave: Abordagem histórica; restauração ecológica; abundância; recifes de corais; Maracajaú; Rio do fogo. 10 ABSTRACT Historical approaches are fundamental in understanding changes in ecosystems, providing a reference for future comparisons and assessments. This historical perspective becomes an essential tool in conservation and restoration strategies, where approaches that include multiple species are more likely to preserve ecosystem functions. The objective of the study was to investigate possible declines in the abundance and richness of coral species in the Coral Reef Environmental Protection Area (APARC) over 6 decades in order to target ecology-based multi-species coral restoration efforts. Through a systematic review, we recorded 13 species of corals and hydrocorals in the region, whose current abundances were compared to the oldest record in the study area, made by Laborel in 1970. A functional distance matrix was constructed based on mixed attribute variables to choose minimum sets of species that maximally support ecosystem functions considering “ecological persistence”, “ecological persistence and attributes'' and “ecological persistence, attributes and restoration”. We identified reductions in the abundance of Millepora alcicornis and Mussismilia harttii since the 1970s, but there was no change in the dominance of Siderastrea stellata. In the three sets proposed for restoration, with four, five and six species, S. stellata,Mi. alcicornis, Favia gravida and Porites astreoides were selected using all criteria. In addition to these four species, the set of five species varied between the addition of Agaricia humilis (ecological persistence), or Mussismilia hispida (ecological persistence, attributes and restoration). With six species it varied between the addition of A. humilis and Agaricia fragilis (ecological persistence) or Mu. hispida and Montastraea cavernosa (ecological persistence, attributes and restoration). The ecological persistence sets with five and six species were the best options, as they house three types of construction corals (builder, cementer and filler), even with a smaller functional volume, as they maintain the historical pattern of the reefs and recover lost abundance by some species and preserves a large part of the ecosystem functions. Keywords: Historical approach; ecological restoration; abundance; Coral reefs; Maracajaú; Rio do Fogo. 11 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Localização da APARC (Fonte: Felix, 2023).............................................. 20 Figura 2. Esquema cronológico das etapas da revisão sistemática..........................21 Figura 3. Esquema dos atributos para cada espécie de coral.................................. 26 Figura 4. Resultados dos trabalhos encontrados por etapas de busca da revisão sistemática..................................................................................................................29 Figura 5. Mudanças na abundância de corais na APARC.........................................32 Figura 6. Escolha das espécies e espaço funcional total dos recifes de Rio do Fogo e Maracajaú................................................................................................................33 Figura 7. Escolha das espécies e espaços de atributos operados por 4 espécies... 34 Figura 8. Escolha das espécies e espaços de atributos operados por 5 espécies... 35 Figura 9. Escolha das espécies e espaços de atributos operados por 6 espécies... 36 12 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1. Abundância de espécies na APARC por número de registros................. 30 Gráfico 2. Cobertura relativa média dos corais na APARC....................................... 31 13 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Palavras chaves usadas nas buscas......................................................... 46 Tabela 2. Artigos selecionados na triagem da revisão sistemática............................46 Tabela 3. Pesos para a realização do segundo método da média atual................... 47 Tabela 4. Atributos baseados no estudo de Bleuel et al., (em revisão)..................... 47 Tabela 5. Características ecológicas e potencial de restauração das espécies de corais..........................................................................................................................47 Tabela 6. Resultados dos registros das espécies por pesquisas selecionadas na revisão sistemática.....................................................................................................48 Tabela 7. Valores de CRC registrados e/ou convertidos........................................... 58 14 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APARC Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais. IDEMA Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente. ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior. UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte. UFPB Universidade Federal da Paraíba. UFC Universidade Federal do Ceará. UFPE Universidade Federal de Pernambuco. UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco. CT Cobertura Total CRC Cobertura Relativa de Corais Col. Colônias PCoA Análise de Coordenadas Principais RFM Rio do Fogo e Maracajaú 15 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 16 1.1. Objetivos........................................................................................................ 18 1.1.1. Objetivo geral..............................................................................................18 1.1.2. Objetivos específicos.................................................................................. 18 1.2. Hipóteses de pesquisa...................................................................................18 2. METODOLOGIA.................................................................................................... 19 2.1. Área de estudo...............................................................................................19 2.2. Revisão sistemática....................................................................................... 20 2.3. Restauração de corais................................................................................... 24 3. RESULTADOS....................................................................................................... 28 3.1. Revisão sistemática....................................................................................... 28 3.2. Restauração de corais................................................................................... 32 4. DISCUSSÃO..........................................................................................................37 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................40 6.REFERÊNCIAS.......................................................................................................42 7. MATERIAL SUPLEMENTAR................................................................................. 46 16 1. INTRODUÇÃO Abordagens históricas em ecologia são usadas para entender mudanças nos ecossistemas ao longo do tempo, sendo uma ótima ferramenta para a conservação (McClenachan et al., 2015). Em um estudo recente, foram investigadas mudanças nas percepções dos pescadores em relação a espécies superexploradas e novas espécies-alvo na pesca artesanal em Arraial do Cabo (RJ), revelando que múltiplas fontes de informação combinadas podem estabelecer linhas de base históricas que melhoram a detecção de alterações nos ecossistemas marinhos (Fogliarini et al., 2021). Em outro estudo de Fogliarini et al. (2022) utiliza a comparação de cartas náuticas, uma de 160 anos atrás com as modernas, para quantificar perdas na extensão espacial dos recifes costeiros no Banco de Abrolhos, Brasil. Este trabalho identificou reduções de até 50% na extensão de alguns recifes da região, documentando grandes perdas. Logo, informações históricas também podem permitir a identificação de variações na cobertura de corais ao longo do tempo (McClenachan et al., 2017; Fogliarini et al., 2022), estabelecendo metas tangíveis para a restauração. Os corais são suscetíveis a diversas perturbações locais e globais, como eventos de escoamento superficial (e.g. efluentes domésticos e fertilizantes), derramamento de petróleo, poluição, ciclones e mudanças climáticas (Bellwood et al., 2019; Turner e Renegar, 2017). As mudanças climáticas, por exemplo, incluem alterações nos padrões de temperatura causadas principalmente por atividades antropogênicas. Como consequência, a temperatura média dos oceanos aumenta, assim como eventos extremos de ondas de calor, que podem afetar negativamente os corais e as microalgas que vivem associadas a eles numa relação simbiótica. Temperaturas muito altas causam um estresse térmico nos corais, de maneira que as microalgas zooxantelas passam a produzir mais espécies radicais de oxigênio, moléculas instáveis que podem danificar as células dos simbiontes e/ou seus hospedeiros quando produzidos em excesso. Em casos graves, esses danos podem levar à expulsão das zooxantelas pelos corais, desencadeando em seu branqueamento (Lesser, 1996; 2006) uma das principais causas do declínio da cobertura de corais (Baker, Glynn e Riegl, 2008). Um exemplo de branqueamento em massa no Brasil ocorreu em 2010, no 17 nordeste brasileiro, atingindo a Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC), no Rio Grande do Norte. Durante esse evento, a temperatura do recife de Maracajaú aumentou 5ºC em relação a temperatura usual (29ºC), resultando em 80% dos corais parcialmente ou totalmente branqueados (ONG Oceânica, 2010a). O nordeste brasileiro também enfrentou uma nova onda de branqueamento em 2020, sendo a maior onda de calor desde 1985, afetando grandes extensões coralíneas e recifes como os da APACC (Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais), em Pernambuco (Pereira et al., 2022), causando perda na cobertura de algumas espécies de corais dos recifes e a APARC no Rio Grande do Norte (Nascimento, 2023) A redução da cobertura de corais pode desencadear na perda de funções ecossistêmicas.Funções ecossistêmicas são definidas como possíveis usos de nossos recursos naturais e biofísicos para o ecossistema, e os serviços ecossistêmicos que elas geram são definidos como possibilidades ou potenciais para serem usados pelos humanos para qualquer fim (Hueting et al., 1998). Essas funções e serviços ecossistêmicos estão diretamente relacionados com a diversidade de atributos funcionais presentes num ecossistema (Fialho et al., 2021). Por exemplo, o hidrocoral Millepora alcicornis (Linnaeus, 1758) possui o formato ramificado que confere tridimensionalidade ao recife, gera microhabitats para crustáceos e abrigo para juvenis de peixes (Garcia, Matthews-Cascon e Franklin-Junior, 2009) e consequentemente gera serviço de provisão, como o pescado. Deste modo é perceptível a importância de manter a cobertura recifal e para reverter essa perda de cobertura, o uso de medidas de restauração pode ser uma ótima opção. O objetivo da restauração de ecossistemas é recuperar um ecossistema degradado, tanto quanto possível, para algum estado anterior. A maioria das medidas de restauração que vêm sendo realizadas em nível global consistem no uso de corais ramificados, cujo crescimento é acelerado e por isso se estabelecem com facilidade (Boström-Einarsson et al., 2020). Geralmente as ações de restauração vêm sendo realizadas com uma única espécie, como por exemplo, o uso da Acropora cervicornis nos recifes de Flórida Keys (Ladd, Burkepile e Shantz, 2019). Entretanto, a restauração/estabelecimento de uma única espécie pode não manter todas as funções de um ecossistema (Madin et al., 2023). 18 O uso de múltiplas espécies numa medida de restauração aumenta as chances de haver um retorno do ecossistema para um estado menos impactado/mais próximo do prístino. Essa abordagem foi empregada por Madin et al. (2023), na qual buscou-se um conjunto mínimo de espécies baseado em atributos ecológicos e fenotípicos que assegurem ao máximo as funções ecossistêmicas de uma área sem usar um elevado capital. No presente estudo, resgatamos a abundância de corais nas últimas seis décadas e comparamos com dados atuais. Além disso, avaliamos o conjunto de espécies de corais e hidrocorais mais adequadas para a restauração da Área de Proteção Ambiental Recifes de Corais (APARC) no Rio Grande do Norte. A compreensão do estado atual e histórico das populações de corais na APARC tem importância para o desenvolvimento de estratégias de conservação e medidas de restauração, visando conservar a biodiversidade marinha e garantir a resiliência dos ecossistemas recifais. 1.1. Objetivos 1.1.1. Objetivo geral O objetivo deste estudo foi investigar mudanças na abundância e riqueza das espécies de corais na APARC, que será a base para direcionar esforços de restauração e identificar espécies indicadas para restauração que otimizem a conservação de funções ecossistêmicas. 1.1.2. Objetivos específicos ● Descrever a cobertura relativa dos corais da APARC ao longo do tempo, desde o estudo pioneiro de Laborel (1970) até estudos mais atuais e comparar a cobertura relativa de corais entre os dois momentos temporais. ● Selecionar espécies de corais para restauração com base em atributos funcionais, visando identificar um conjunto mínimo de espécies que suporte o máximo de funções ecossistêmicas. 1.2. Hipóteses de pesquisa Hipotetizamos que (I) houve um declínio histórico na diversidade de espécies e cobertura de corais nos recifes rasos da APARC; e (II) espécies que tendem a 19 ocupar um maior volume no espaço funcional apropriadas para a restauração são as mesmas que apresentam dominância e abundância histórica na região. 2. METODOLOGIA 2.1. Área de estudo A Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC), criada em 2001, contempla a região costeira dos municípios de Touros, Rio do Fogo e Maxaranguape, no estado do Rio Grande do Norte, em uma área total de 1.363,44 km² (coordenadas UTM SAD 69: N - 9.433.000 m; S - 9.394.000 L - 266.000 m; O - 224.000 m), conforme Decreto Estadual N°. 15.476/2001 (ONG Oceânica, 2010b), onde estão localizados os recifes rasos de Rio do Fogo e Maracajaú, foco deste estudo (Figura 1), regionalmente conhecidos por parrachos, se localizam mais longe da costa. Os Parrachos de Maracajaú encontram-se a aproximadamente 7 km da Praia de Maracajaú no município de Maxaranguape (RN) e os Parrachos de Rio do Fogo estão cerca de 4 km da Praia de Rio do Fogo, município de Rio do Fogo (RN), com cerca de 12 km deextensão e 3 km de largura de largura. Apresentam formato ovalado e possuem formações em pináculos, cuja construção é predominante de algas calcárias, vermetídeos e corais (Laborel-Deguen et al., 2019). Os recifes possuem uma dominância de algas folhosa e filamentosa e uma cobertura considerável de corais (Souza, 2015), onde o coral Siderastrea stellata (Verrill, 1868) é o coral mais abundante (Maida e Ferreira. 1997). Além desses dois recifes, a APARC também contempla os recifes de Cioba e a Risca do Zumbi. Logo, a escolha da utilização dos recifes rasos de Rio do Fogo e Maracajaú ocorreu devido a semelhança geológica dos recifes (Santos et al., 2007). 20 Figura 1. Localização da APARC (Fonte: Felix, 2023) 2.2. Revisão sistemática Utilizamos uma revisão sistemática para sintetizar o conhecimento sobre a abundância e diversidade de corais nos recifes de corais da APARC. Para isso, buscamos artigos e trabalhos acadêmicos que apontavam a cobertura recifal direta ou indiretamente. Dividimos a revisão sistemática em quatro etapas: 1ª - Busca em repositórios universitários; 2ª - Busca em instituições ou projetos ligados à proteção ambiental (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente - IDEMA, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio e Projeto Coral Vivo); 3ª - Busca no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES); 4ª - Busca em Currículo Lattes (Figura 2). 21 Figura 2. Esquema cronológico das etapas da revisão sistemática. A primeira etapa foi feita através da busca em repositórios de cinco universidades federais geograficamente próximas a área do estudo, sendo elas, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). A busca foi conduzida por meio do uso de palavras-chaves para cada repositório (Tabela 1), visando otimizar os resultados das pesquisas. A segunda etapa correspondeu à busca de publicações feitas por instituições ou projetos do âmbito ambiental, sendo as escolhidas: IDEMA, ICMBio e Projeto Coral Vivo. O IDEMA foi escolhido para essa revisão pois é o órgão competente pela APARC, criada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte , sendo a instituição 22 responsável pelo Plano de Manejo da área, enquanto o ICMBio é o órgão federal para a conservação da biodiversidade. O Projeto Coral Vivo foi escolhido como fonte dada sua ampla rede de pesquisas. Na terceira etapa, foi efetuada uma busca no Portal de Periódicos da CAPES. A busca foi feita utilizando palavras-chaves, otimizando e filtrando a demanda de artigos encontrados seguida da exclusão de pesquisas que apareceram nas etapas anteriores. Por fim, a última etapa consistiu na busca na plataforma Lattes, no intuito de encontrar trabalhos acadêmicos que poderiam se enquadrar nos objetivos da pesquisa. Assim como na etapa anterior, tivemos a exclusão de pesquisas que apareceram nas demais etapas. Sendo utilizados os trabalhos acadêmicos encontrados nas categorias: artigos completos publicados em periódicos, livros publicados/organizados ou edições e orientações e supervisões concluídas. Após a revisão sistemática e a triagem dos artigos que possuíam as informações necessárias para o presente estudo, foram realizados os registros das espécies com o intuito de mensurar a abundância e riqueza de corais e hidrocorais ao longo do tempo. Um registro corresponde a cada vez que uma espécie foi citada e/ou quantificada dentro de um determinado artigo. A abundância foi exposta em três níveis: Cobertura Total - CT, Cobertura relativa dos corais - CRC e Colônias - Col.. Quando uma espécie foi registrada com CT refere-se à sua abundância dentro de abundância dentro da cobertura de corais, e quando foi registrada como Col. indica o número de colônias avistadas dentro de uma determinada área ou quando tratavam a espécie em nível de colônia, mesmo sem quantificar. Para realizar o cálculo de abundância por número de registros, primeiro identificamos os registros históricos feitos por Laborel (1970) e os separamos do cálculo. Segundo, unimos os registros de Agaricia agaricites (Linnaeus, 1758) aos registros de Agaricia fragilis (Dana, 1846), tornando-as uma única espécie devido a inconsistência taxonômica, na qual alguns pesquisadores chamam de A. agaricites e outros de A. fragilis. Similarmente, juntamos Favia gravida (Verrill, 1868) e Favia sp., pois no Brasil só ocorre essa espécie. Terceiro, excluímos do cálculo os registros de espécies que foram encontradas mortas, pois é um fator oposto à abundância. Após todos os ajustes, foi feita a contagem de registros por espécie, seguida da conversão do número de registro em porcentagem. 23 Mediante aos registros e seus respectivos valores quantitativos empregados pelos autores dos artigos selecionados na revisão sistemática, determinamos uma média atual da cobertura relativa geral dos corais dos recifes de Maracajaú e Rio do Fogo. Para calcular essa média através da cobertura relativa, foram utilizados todos os valores que correspondem a “cobertura relativa de corais” (CRC) e “cobertura total” (CT), excluindo os registros de Laborel (1970) e os que não apresentaram valores quantitativos, e os registrados como “colônias” (Col.), pois não foi possível identificar o valor desses registros em cobertura relativa. Para chegar a uma porcentagem única foi necessário fazer a conversão dos registros de CT para CRC. Para realizar essa conversão foram usados dois métodos, o primeiro foi destinado aos registros que apresentavam uma porcentagem individual de cobertura para cada espécie, logo foram feitas as somas das porcentagens de cada espécie, em seguida, os dados obtidos foram divididos pelo número de registro de cada espécie, chegando numa média de CT para cada espécie. A posteriori essas médias foram somadas e o resultado dessa soma foi categorizado como 100%, logo, para chegar nas médias de CRC foi realizado uma regra de três para cada média de CT obtida. No segundo método da conversão de CT para CRC foi necessário atribuir pesos para cada espécie, uma vez que, os registros desse método só apresentaram um subconjunto das espécies de corais. Para chegarmos às porcentagens individuais esses pesos foram distribuídos de acordo com os dados da revisão sistemática, incluindo registros sem valores quantitativos e registros quantitativos em CRC das espécies, onde espécies mais citadas e/ou quantificadas foram atribuídas com os maiores pesos (Tabela 3). Após a determinação do peso de cada espécie foi realizada uma média aritmética com o valor da porcentagem de CT para chegarmos às porcentagens de CT individuais. Após isso, foram realizadas a exclusão de 2 espécies (Palythoa caribaeorum (Duchassaing e Michelotti, 1860) e Zoanthus sociatus (Ellis, 1768)), pois elas estavam incluídas na porcentagem em conjunto mas não são alvo do presente estudo, por serem zoantídeos, cnidários sem esqueleto calcário. Prosseguindo, essas porcentagens foram somadas e o valor de seu resultado foi categorizado como 100% e assim como no método anterior para chegar nas porcentagens de CRC foi realizado uma regra de três para cada porcentagem de CT obtida. 24 Após essa conversão todos os registros quantitativos se tornaram CRC, facilitando a resolução de uma média geral, que foi feita colocando todas as espécies registradas em uma coluna do Excel e na coluna ao lado todos os valores de CRC registrados e convertidos. Com isso foi possível fazer as somas das porcentagens de cada espécie e posteriormente fazer a sua média aritmética. Por fim, algumas espécies não tiveram nenhum registro quantitativo, mas foram mantidas na média, sem atribuir o valor de 0, uma vez que são registradas como presentes na região. Para mensurar a abundância ao longo do tempo as espécies foram categorizadasem “comum”, “pouco comum”, “raro” e “extremamente raro” e para enquadrar cada espécie dentro dessas categorias utilizamos os dados documentados por Laborel (1970) em comparação com os dados obtidos pela “Abundância atual por número de registros” e pela “ Média atual da cobertura relativa geral de coral”. Segundo o banco de dados do estudo foram registradas 13 espécies de corais e hidrocorais: S. stellata, F. gravida (Verrill, 1868), Porites astreoides (Lamarck, 1816), Millepora alcicornis (Linnaeus, 1758), Agaricia humilis (Verrill, 1901), A. fragilis (Dana, 1846), Mussismilia harttii (Verrill, 1868), Mussismilia hispida (Verrill, 1901), Porites branneri (Rathbun, 1887), Madracis decactis (Lyman, 1859), Millepora braziliensis (Verrill, 1868), Montastraea cavernosa (Linnaeus, 1767), Meandrina brasiliensis (Milne Edwards e Haime, 1848). Dessas espécies, Laborel registrou apenas quatro, logo as outras nove foram classificadas como raras em 1970, uma vez que, durante a sua pesquisa Laborel não registrou nenhuma colônia dessas espécies e quantificou a abundância de apenas uma espécie, portanto não foi possível quantificar as mudanças, mas obtivemos dados qualitativos. 2.3. Restauração de corais Utilizamos nove atributos baseados no estudo de Bleuel et al. (em revisão) (Tabela 4), sendo três categóricos, cinco quantitativos e um ordinal relacionados à dispersão, persistência e papel ecológico dos corais, representando as principais funções ecológicas dos corais nos sistemas recifais para realizar a amostragem dos espaços de atributos. Utilizamos três atributos reprodutivos relacionados à capacidade de dispersão e à entrada de novos corais na população: sistema sexual, modo de desenvolvimento e período reprodutivo (Baird, James e Bette, 2009). 25 Outros três atributos estão associados ao crescimento de corais: altura da colônia, taxa de crescimento e diâmetro máximo. Os últimos atributos estão relacionados à alimentação, distribuição vertical das espécies de corais e resistência do coral ao branqueamento, sendo eles: largura máxima do coralito, limite de profundidade e diversidade de clados endossimbiontes, respectivamente. Na alimentação, a largura máxima do coralito atua como um marcador para o tamanho da boca do coral para indicar a alimentação heterotrófica (Porter, 1976; Muscatine et al., 1989). Para hidrocorais que não possuem coralitos, usamos a largura do gastróporo para realizar a mesma aproximação. Enquanto que na diversidade de clados endossimbiontes há uma indicação de diferentes associações registradas entre o hospedeiro coral e o simbionte e por isso podem indicar maior resistência do holobionte ao branqueamento de corais (Thomas et al., 2019). Além disso, foi proposto minimizar a perda dos serviços ecossistêmicos maximizando a variação fenotípica, utilizando os mesmos atributos propostos por Madin e colaboradores (2023) para a melhor escolha das espécies na restauração. Onde a diversidade fenotípica está resumida a três atributos fenotípicos: construtores de recifes, estratégias de história de vida e diversidade filogenética. O atributo, construtores de recifes, pode ser categorizado de três maneiras distintas de acordo com Goreau (1963): cimentadores, construtores e preenchedores. Os cimentadores são os corais definidos como incrustantes e/ou laminares, os construtores são os definidos como maciços, submaciços e/ou colunares, já os preenchedores são os corais ramificados ou aqueles cuja a forma se assemelha com um prato. As estratégias de vida também são categorizadas em: pioneiros, competidores, tolerantes ao estresse e generalistas de acordo com Darling e colaboradores (2012). Os pioneiros são pequenos corais com reprodução por incubação, taxas de crescimento rápido e alta rotatividade populacional, os competidores possuem crescimento rápido, são eficientes no uso de recursos e podem dominar comunidades em ambientes produtivos, além de serem sensíveis às mudanças ambientais, enquanto os tolerantes ao estresse possuem crescimento lento, desova livre, morfologia predominantemente em cúpula, coralitos grandes e alta fecundidade. E os generalistas são a sobreposição com os históricos de vida competitivos, pioneiros e tolerantes ao estresse. Por fim, o último atributo é a 26 diversidade filogenética, que se resume ao número de famílias Veron's (2000) (Figura 3). Figura 3. Esquema dos atributos para cada espécie de coral. Então de acordo com a metodologia utilizada por Bleuel et al.(em revisão), uma matriz de distância funcional foi construída com base nessas variáveis mistas de atributos das espécies de corais (categóricas, ordinais e quantitativas) usando a distância de Gower (função dist.ktab; Gower e Legendre 1986), a qual permite trabalhar com diferentes tipos de variáveis ao calcular distâncias e atribui pesos iguais aos atributos. Com base nesta matriz de distância, uma Análise de Coordenadas Principais (PCoA) foi utilizada para organizar as espécies em um 27 espaço funcional (Villéger et al., 2008) e os três primeiros eixos foram selecionados de acordo com o Qual.FRic máximo para construir o espaço de traços funcionais multidimensionais. Para determinar o volume do espaço funcional de cada cenário de escolha das espécies e seus critérios utilizados, houve uma mensuração do volume ocupado pelo espaço de traços total dos corais dos recifes da APARC, que a posteriori foi dividido pelo casco convexo de cada cenário. Utilizando a função convhulln do pacote "geometry" no R (Barber et al., 2015; R Core Team 2018). Um processo em etapas proposto por Madin e colaboradores (2023) foi empregado para escolher um conjunto mínimo de espécies para restauração que suporte ao máximo as funções ecossistêmicas considerando características ecológicas, fenotípicas e a distribuição das espécies em um espaço funcional. Primeiramente, foi efetuada a remoção das espécies utilizando uma combinação de três metodologias, a distância de vizinhança, a área das células de Voronoi e a contribuição de cada espécie para o volume total. De acordo com o critério de distância de vizinhança, as espécies mais próximas umas das outras foram removidas, usando a função nndist do pacote spatstat (Baddeley, Rubak e Turner, 2015). Em seguida, as espécies foram removidas de acordo com a menor área das células de Voronoi no espaço bi-dimensional definido pelos eixos da PCoA1 e PCoA2, usando a função voronoi.mosaic do pacote tripack (Renka et al., 2020). Por último, a contribuição de cada espécie para o volume total foi quantificada usando a função kernel.contribution (Mammola e Cardoso 2020) do pacote hypervolume (Blonder et al., 2022). Em seguida, conjuntos de quatro a seis espécies foram selecionados com foco na persistência ecológica, que inclui a abundância local, extensão geográfica de cada espécie e resistência ao branqueamento. A abundância ecológica foi categorizada em “comum”, “pouco comum”, “raro” e “extremamente raro” adaptado das categorias do Veron (2000) normalizada para “1”, “0,5”, “0,25” e “0,125” respectivamente. Para estimar a extensão geográfica de cada espécie, a latitude máxima foi subtraída da latitude mínima, a qual foi normalizada pela extensão máxima, variando de 0 a 1. E a resistência ao branqueamento foi avaliada através da vulnerabilidade das espécies, uma vez que resistência e vulnerabilidade são medidas inversamente proporcionais, neste caso atribuímos valores entre 0 e 1 a vulnerabilidade ao branqueamento para cada espécie, os quais foram inversamente 28 proporcionais para a resistência ao branqueamento. Exemplo, Mi. alcicornis tem vulnerabilidade 0,8 e resistência 0,2. (Tabela 5 - Material Suplementar). Logo, a seleção das espécies consistiu em três cenários, o primeiro considerando apenas a persistência ecológica, o segundo considerando a persistência ecológica e os atributos das espécies no espaço funcional, e o terceiro considerando a persistência ecológica, os atributos e facilidadede restaurar a espécie com base em características morfológicas. 3. RESULTADOS 3.1. Revisão sistemática Após o uso dos filtros de pesquisas, escolhas de repositórios e portais foram encontrados diferentes artigos nas etapas expostas anteriormente (Figura 2). Nos repositórios universitários da UFRN, UFPB, UFC, UFPE e UFRPE foram encontrados 16, 1, 0, 2 e 0 trabalhos acadêmicos, respectivamente. Totalizando 19 artigos nessa primeira etapa, dos quais 11 foram selecionados para o estudo, pois possuíam dados sobre a porcentagem de cobertura de corais ou registros das principais espécies encontradas na região do estudo. Na busca em instituições ou projetos ligados à proteção ambiental (IDEMA, ICMBio e Coral Vivo) foram encontradas 47 pesquisas, mas somente três atenderam aos critérios de seleção. Nas duas últimas etapas de busca algumas pesquisas estavam sem acesso e outras foram excluídas por já terem aparecido nas etapas de busca anteriores e somente três artigos foram selecionados nessas duas etapas (Figura 4). Com isso, dos 127 artigos e livros encontrados, apenas 17 artigos corresponderam ao interesse da pesquisa (Tabela 2 - Material Suplementar), enquanto 15 estavam sem acesso liberado e 95 não preenchiam os requisitos da pesquisa. 29 Figura 4. Resultados dos trabalhos encontrados por etapas de busca da revisão sistemática. Encontramos um total de 119 registros de corais, hidrocorais e zoantídeos (Tabela 6 - Material Suplementar) de 21 espécies diferentes: S. stellata (22), F. gravida (16), Pa. caribaeorum (14), Po. astreoides (14), Mi. alcicornis (11), A. humilis (6), Zoanthus sp. (6), Mu. harttii (5), Z. sociatus. (5) A. agaricites (3), Po. branneri (3), A. fragilis (2), Ma. decactis (2), Mi. braziliensis (2), Mo. cavernosa (2), Mu. hispida (2), Epizoanthus sp. (1), Favia sp. (1), Me. brasiliensis (1), Palythoa sp. (1) e Pa. 30 variabilis (Duerden, 1898) (1). Dentre os tipos de abundância em CT foram realizados 73 registros, no CRC foram 41, e apenas cinco foram realizados em Col. Dentre os corais, S. stellata (18%) teve o maior número de registros, seguido por F. gravida (14%) e Po. astreoides (11%). Os corais Ma. decactis (2%), Mo. cavernosa (2%), Mu. hispida (2%) e Me. brasiliensis (0,89%), e o hidrocoral Mi. braziliensis (2%), foram as espécies menos registradas. Enquanto isso, dentre todas o conjunto de espécies registradas, Pa. caribaeorum é o zoantídeo mais abundante (11,4%) (Gráfico 1). Gráfico 1. Abundância de espécies na APARC por número de registros. Legenda: O gráfico mostra a porcentagem de registros de cada cnidário. Ao calcularmos a média atual da cobertura relativa geral continuamos a observar o destaque para o coral S. stellata que corresponde a aproximadamente 71% da cobertura de corais seguido por F. gravida (9%), Po. astreoides (8%), Mi. alcicornis (7%), A. fragilis (0,52%) e A. humilis (0,37%). As outras seis espécies (Ma. decactis, Me. brasiliensis, Mi. braziliensis, Mo. cavernosa, Mu. harttii, Mu. hispida e Po. branneri) possuem poucos registros e não apresentam dados quantitativos, mas 31 ainda assim estão presentes no ambiente mesmo que de maneira rara (Gráfico 2; Tabela 7 - Material Suplementar). Gráfico 2. Cobertura relativa média dos corais na APARC. Legenda: O gráfico mostra a porcentagem média da cobertura relativa de corais e hidrocorais atual e o seu respectivo erro padrão. Em 1970, as 13 espécies foram distribuídas dentro de duas categorias de abundância dentre as quatro estabelecidas, sendo elas: “comum” e "raro”. Dentro da categoria “comum” estão as espécies Po. astreoides, Si. stellata e Mi. alcicornis e na “raro” as espécies, F. gravida, A. fragilis, A. humilis, Po. branneri, Mu. harttii, Mo. cavernosa, Mu. hispida, Ma. decactis, Me. braziliensis e Mi. braziliensis. Enquanto no cenário atual, ocorreram algumas trocas, o coral Favia gravida entrou para a categoria “comum”, o hidrocoral Mi. alcicornis para a “pouco comum” e as espécies Mu. harttii, Mo. cavernosa, Mu. hispida, Ma. decactis, Me. braziliensis e Mi. braziliensis para a “extremamente raro” (Figura 5). 32 Figura 5. Mudanças na abundância de corais na APARC Legenda: Categorias de abundância das espécies de corais da APARC (comum, pouco comum, raro e extremamente raro) do primeiro registro realizado por Laborel (1970) e do levantamento mais atual. 3.2. Restauração de corais A análise de coordenadas principais (PCoA) explicou 64,88% da variação em duas dimensões (eixos), 35,58% explicado pelo eixo PCoA1 e 29,3% pelo eixo PCoA2. O volume de atributos ocupado pelas espécies que ocorrem na área de estudo é de 95% (Figura 6). 33 Figura 6. Escolha das espécies e espaço funcional total dos recifes de Rio do Fogo e Maracajaú. Legenda: A) Pontuação das espécies para seleção de restauração. B) Espaço total de atributos dos recifes de Rio do Fogo e Maracajaú. Na escolha de quatro espécies, no primeiro cenário correspondente a persistência ecológica, as quatro espécies selecionadas foram, S. stellata (0,84), F. gravida (0,75) Po. astreoides (0,74) e Mi. alcicornis (0,42) (Figura 7A), juntas ocupando 2% do volume do espaço funcional de RFM (Figura 7C). Nos outros dois cenários (“Persistência e atributos” e “Persistência, atributos e restauração") as espécies e o volume não se alteraram (Figura 7D e 7E). 34 Figura 7. Escolha das espécies e espaços de atributos operados por 4 espécies. Legenda: A) Pontuação das espécies para seleção de restauração. B) Sobreposição dos critérios no espaço funcional. C) Espaço funcional das quatro melhores espécies em relação à persistência ecológica. D) Espaço funcional das quatro melhores espécies em relação à persistência ecológica e atributos. E) Espaço funcional das quatro melhores espécies em relação à persistência ecológica, atributos e restauração. Na escolha de cinco espécies, no primeiro cenário as espécies escolhidas foram, S. stellata (0,83), Mi. alcicornis (0,42), F. gravida (0,75), Po. astreoides (0,74) e A. humilis (0,19) (Figura 8A), juntas ocupando um volume de 3% do espaço funcional de RFM (Figura 8C). Enquanto nos outros dois cenários ocorreu uma troca na escolha das espécies, onde as quatro primeiras espécies citadas permaneceram 35 e a última foi trocada por Mu. hispida. Nessa mudança de espécies o volume aumentou para 26% do volume de RFM (Figura 8D e 8E). Figura 8. Escolha das espécies e espaços de atributos operados por 5 espécies. Legenda: A) Pontuação das espécies para seleção de restauração. B) Sobreposição dos critérios no espaço funcional. C) Espaço funcional das quatro melhores espécies em relação à persistência ecológica. D) Espaço funcional das quatro melhores espécies em relação à persistência ecológica e atributos. E) Espaço funcional das quatro melhores espécies em relação à persistência ecológica, atributos e restauração. Por fim, na escolha de seis espécies, no primeiro cenário as espécies escolhidas foram S. stellata (0,83), Mi. alcicornis (0,42), F. gravida (0,75), Po. astreoides (0,74), A. humilis (0,19) e A. fragilis (0,19) (Figura 9A), juntas ocupando um volume de 5% do espaço funcional de RFM (Figura 9C). Nessa amostragem, 36 houve também uma troca de espécies nos dois últimos cenários, onde as quatro primeiras espécies citadas também permaneceram e as duas últimas foram trocadas por Mu. hispida e Mo. cavernosa. Deste modo, o volume aumentou para 71% do volume de RFM (Figura 9D e 9E). Figura 9. Escolha das espécies e espaços de atributos operados por 6 espécies. Legenda: A) Pontuação das espécies para seleção de restauração. B) Sobreposição dos critérios no espaço funcional. C) Espaço funcional das quatro melhores espécies em relação à persistência ecológica. D) Espaço funcional das quatro melhores espécies em relação à persistência ecológica e atributos. E) Espaço funcional das quatro melhores espécies em relação à persistência ecológica, atributos e restauração. 37 4. DISCUSSÃO Este é o primeiro estudo areconstruir o histórico da abundância de corais na APARC no RN e das 13 espécies registradas , apenas Po. astreoides, S. stellata e Mi. alcicornis foram quantificadas por Laborel (1970) e aqui consideradas como de abundância “comum”. As demais espécies foram classificadas como “raras”, uma vez que não foram encontradas pelo esforço amostral de Laborel em 1970, sugerindo sua baixa abundância na época. No cenário atual, ocorreram algumas trocas onde o coral F. gravida passou de “raro” para “comum”, o hidrocoral Mi. alcicornis de “comum” declinou para “pouco comum”, e as espécies Mu. harttii, Mo. cavernosa, Mu. hispida, Ma. decactis, Me. brasiliensis e Mi. braziliensis de “raro” para “extremamente raro”. Na escolha das espécies para a restauração, em um cenário com quatro espécies, S. stellata, Mi. alcicornis, F. gravida e Po. astreoides foram selecionadas, as quais também se mantiveram em todas as combinações de cenários com cinco ou seis espécies, ocupando um volume de 2% do espaço funcional total. Além dessas quatro espécies, o conjunto com cinco espécies variou entre a adição de A. humilis (persistência ecológica) ou M. hispida (persistência ecológica, atributos e restauração), e com seis espécies entre a adição de A. humilis e A. fragilis (persistência ecológica) ou Mu. hispida e Mo. cavernosa (persistência ecológica, atributos e restauração). A inclusão das espécies citadas nos conjuntos de cinco e seis espécies alterou o volume de atributos de 3% para 26% e de 5% para 71%, respectivamente. Detectamos que S. stellata permaneceu a mais abundante e que houve um declínio de Mi. alcicornis, ambas presentes em todos os cenários para a escolha das espécies, esses resultados podem ajudar a orientar esforços de restauração. Em 1970 foram feitos registros de quatro espécies de corais e hidrocorais, S. stellata, Po. astreoides, Mi. alcicornis e Mu. harttii e uma espécie de zoantídeo Pa. caribaeorum. Afirmando que a região possuía um número baixo de espécies, onde S. stellata ocupava 80% da cobertura relativa de corais e que foram encontrados apenas esqueletos de Mu. harttii (Laborel, 1970). Desse cenário manteve-se a predominância de S. stellata e Po. astreoides, a presença do zoantídeo Pa. caribaeorum e a raridade de algumas espécies como Mu. harttii. Em relação às trocas de categorias das espécies no cenário atual, existe uma tendência para uma falsa ausência de F. gravida empregada por Laborel, visto que as condições do mar 38 estavam ruins com baixa visibilidade da água (menos de 1m), que o impediu de explorar diversas áreas do recife (Laborel, 1970; Laborel-Deguen et al., 2019). Além disso, é uma espécie de tamanho pequeno dificultando seu encontro. A queda na abundância do hidrocoral Mi. alcicornis pode estar relacionada com suas características morfológicas, visto que seu formato é ramificado, possuindo uma superfície maior que o seu volume deixando-o mais suscetível ao branqueamento do que as espécies massivas (ex.: S. stellata) (Ferreira et al., 2021). Entretanto, esses corais têm facilidade de se recuperar devido ao seu crescimento acelerado e por isso ainda se mantém como “pouco comum". O fato de não conseguir voltar para a categoria de “comum”, após as perturbações pode estar relacionado à competição por espaço. Como foi citado anteriormente, Laborel registrou a presença do zoantídeo Pa. caribaeorum, que também é presente atualmente, chegando a 37% da cobertura total em um dos sítios de manejo da APARC (ONG Oceânica, 2010b). Esse zoantídeo é um competidor eficiente capaz de tolerar alta variabilidade ambiental, além de possuir uma alta taxa de crescimento dentre os antozoários, a substituição potencial de Mi. alcicornis por esse zoantídeo reduz a complexidade estrutural e a diversidade dos recifes. Além disso, o contato físico entre Mi. alcicornis e Pa. caribaeorum em um cenário de aquecimento aumenta a suscetibilidade de Mi. alcicornis e reduz seu potencial de recuperação (Lonzetti et al. (2022). Isso é preocupante pois eventos de onda de calor estão cada vez mais frequentes, intensos e duradouros (Hughes et al., 2018) podendo aumentar a competição, não só com a Mi. alcicornis mas também com as demais espécies de corais, dando vantagem para a Pa. caribaeorum e consequentemente ocasionar a perda da cobertura de corais. Para contornar a potencial perda da cobertura de corais sugerida pelos nossos resultados, a intervenção através da restauração pode ser uma opção, considerando um conjunto mínimo de espécies baseado em atributos que assegurem ao máximo as funções ecossistêmicas sem gerar um custo muito alto. Nos três conjuntos propostos no estudo, S. stellata, Mi. alcicornis, F. gravida e Po. astreoides são as espécies mais abundantes e foram selecionadas em todos os critérios indicando que são espécies-chaves devido às suas características e funções ecossistêmicas. S. stellata e Po. astreoides são corais construtores 39 responsáveis pela produção de carbonato de cálcio e são consideradas tolerantes ao estresse térmico e consequentemente ao branqueamento, possuem crescimento lento, são incubadoras, possuem coralitos pequenos e alta fecundidade (Goreau, 1963; Darling et al., 2012). Enquanto Mi. alcicornis e F. gravida são preenchedores, ou seja crescem em áreas onde há pouco espaço entre corais maiores ou fendas nas rochas, tornando os recifes mais resistentes à erosão (Goreau, 1963). Eles divergem quanto às estratégias de vida, competidor e pioneiro, respectivamente. Competidores possuem crescimento rápido, são eficientes no uso de recursos, além de serem sensíveis às mudanças ambientais, enquanto, os pioneiros são pequenos com fecundação interna e liberação de larvas, taxas de crescimento rápido e alta rotatividade populacional. Também divergem quanto à resistência ao branqueamento, sendo Mi. alcicornis o mais sensível, visto que, ele é um hidrocoral ramificado (Darling et al., 2012). Esses corais geram a ocupação de um volume de 2% na escolha de quatro espécies. Além dessas quatro espécies, o conjunto com cinco espécies variou entre a adição de A. humilis (persistência ecológica) ou Mu. hispida (persistência ecológica, atributos e restauração), a primeira espécie sendo categorizada como rara e a segunda como extremamente rara. Mu. hispida está inserida nas mesmas categorias que S. stellata e Po. astreoides (construtor e tolerante). Quando selecionada contribui para uma ocupação de 26% do volume de RFM. Enquanto a A. humilis é um coral cimentador, que incrusta e consolida a estrutura do recife (Goreau, 1963), pioneiro e vulnerável ao branqueamento. Quando selecionada contribui para uma ocupação de 3% do volume do espaço funcional de RFM. Com seis espécies, a escolha variou entre a adição de A. humilis e A. fragilis (persistência ecológica) ou Mu. hispida e Mo. cavernosa (persistência ecológica, atributos e restauração), na primeira opção de conjuntos temos duas espécies raras e na segunda opção duas espécies extremamente raras. A. humilis e A. fragilis são corais cimentadores, pioneiros e vulneráveis ao branqueamento contribuindo para uma ocupação de 5% do volume total, enquanto Mu. hispida e Mo. cavernosa partilham com S. stellata e Po. astreoides as características de serem construtores, e tolerantes ao branqueamento contribuindo para uma ocupação de 71% do volume total de RFM. 40 O estudo passou por limitações como a insuficiência de dados para calcular a cobertura de coral em relação à cobertura bentônica total, visto que grande parte dos registros não quantificaram as espécies, somente citavam a sua presença. Podemos atribuir isso ao fato de que a maioria dos estudos que registraram as espécies de corais, não os tinham como objeto central do estudo. Evidenciando o déficit de informações que temos sobre os corais da APARC ao longo dos anos e em decorrência do cenário global atual, com o aumento significativo da temperatura, se faz necessário priorizar o monitoramento dessas espéciesde corais e hidrocorais. Todos os conjuntos de espécies são otimizados de acordo com os critérios que os regem, então a resposta de melhor cenário vai depender do ponto de referência de cada estudo de restauração. No presente estudo visando a abundância histórica os conjuntos de persistência ecológica com cinco e seis espécies são as melhores opções, pois teremos os três tipos de construtores (construtor, cimentador e preenchedor), mesmo que com um menor volume funcional. No qual o conjunto de cinco espécies corresponde a S. stellata, F. gravida, Po. astreoides, Mi. alcicornis, e A. humilis, enquanto que no conjunto de seis espécies aconteceu a adição de A. fragilis, tornando-as as espécies alvo de restauração para os recifes da APARC. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A diversidade de espécies se manteve a mesma, porém as abundâncias sofreram alterações. Espécies como Millepora alcicornis e Mussismilia harttii indicaram queda de abundância ao longo do tempo, mas somente a primeira delas apresentou potencial de importância para a restauração, visto que a última apresenta uma raridade histórica na APARC, ou seja, existe baixa variabilidade genética, e características desfavoráveis a restauração (sensível ao estresse térmico e formato facelóide), logo, não é viável a restauração de uma espécies tão restrita e que tem poucas chances de sobreviver. Portanto, sabendo das espécies que ocupam o ambiente desde 1970 e suas respectivas características foi possibilitado escolher as melhores espécies para a restauração, sendo elas a S. stellata, F. gravida, Po. astreoides, Mi. alcicornis, A. humilis e A. fragilis. Os corais S. stellata e Po. astreoides além de serem escolhidos devido a sua abundância histórica, são corais construtores e resistentes ao branqueamento. O 41 coral F. gravida também apresenta uma das maiores abundâncias no cenário atual e provavelmente não foi um dos mais abundantes em 1970 devido a uma falsa ausência. Além disso, F. gravida é um coral preenchedor, pioneiro e resistente ao branqueamento, ou seja crescem em áreas onde há pouco espaço, tem taxas de crescimento rápido e alta rotatividade populacional. O hidrocoral Mi. alcicornis apresenta um declínio histórico na abundância, indicando a sua vulnerabilidade ao branqueamento e necessidade da sua restauração, além de apresentar características favoráveis à sua escolha como: crescimento rápido, confere tridimensionalidade ao recife, gera microhabitats para crustáceos e abrigo para juvenis de peixes (Garcia, Matthews-Cascon e Franklin-Junior, 2009). E quanto a A. fragilis e A. humilis, apesar da raridade histórica e vulnerabilidade ao branqueamento, apresentam uma função importante como construtoras do recife, sendo corais cimentadores que incrustam e consolidam a estrutura do recife. Com essas escolhas o recife mantém o seu padrão histórico, recupera a abundância perdida por algumas espécies e conserva grande parte das funções ecossistêmicas. 42 6.REFERÊNCIAS ARAÚJO, Paulo Victor do Nascimento. 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Dissertação (Mestrado em Ecologia) - Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2023. ONG OCEÂNICA. Análises das causas de mortes de peixes no litoral do Rio Grande do Norte: parecer técnico. Natal/RN: IDEMA, p. 46, 2010a. ONG OCEÂNICA. Plano de manejo: Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais. Natal/RN: IDEMA, v. 1, p. 583, 2010b. PEREIRA, Pedro HC et al. Unprecedented coral mortality on Southwestern atlantic coral reefs following major thermal stress. Frontiers in Marine Science, v. 9, p. 725778, 2022. PINHEIRO, Aline Camila Medeiros. Distribuição, recrutamento e sobrevivência do coral pétreo Siderastrea stellata (Verrill, 1868) em um recife arenítico do Atlântico Sul. 2016. Dissertação de Mestrado. Brasil. PORTER, James W. Autotrophy, heterotrophy, and resource partitioning in Caribbean reef-building corals. The American Naturalist 110, n. 975, p. 731-742, 1976. 45 RENKA, R. 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Monografia (Graduação em Ecologia) - Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2016. TURNER, Nicholas R.; RENEGAR, D. Abigail. Petroleum hydrocarbon toxicity to corals: A review. Marine Pollution Bulletin, v. 119, n. 2, p. 1-16, 2017. VERON, J. Corals of the world. Australian Institute of Marine Science and CCR Qld Pty Ltd, 2000. VILLÉGER, S.; MASON, N. W. H.; MOUILLOT, D. 2008.. New multidimensional functional diversity indices for a multifaceted framework in func-tional ecology. Ecology, 89, p. 2290 – 2301, 2008. 46 7. MATERIAL SUPLEMENTAR Tabela 1. Palavras chaves usadas nas buscas. Repositórios Palavras-chave UFRN coral; recifes; cobertura; APARC; abundância; monitoramento; área de proteção ambiental; maracajau; rio do fogo; maxaranguape. UFPB coral; recifes; cobertura; abundância; monitoramento; área de proteção ambiental; rio grande do norte; maracajau; rio do fogo. UFC coral; recifes; abundância; rio grande do norte; maxaranguape. UFPE coral; recifes; cobertura; abundância; área de proteção ambiental; rio grande do norte; maracajau; rio do fogo; aparc. UFRPE coral; recifes; abundância; rio grande do norte; maxaranguape. ICMBio coral; recife; monitoramento; cobertura; aparc. CAPES Qualquer campo é (exato) coral reef E Qualquer campo contém maracajau OU Qualquer campo contém rio do fogo (rn) OU Qualquer campo contém maxaranguape E Qualquer campo é (exato) cover E Qualquer campo contém abundance monitoring. Tabela 2. Artigos selecionados na triagem da revisão sistemática Data do documento Título Autores 3-mar.-2008 Distribuição e abundância da malacofauna epibentônica no Parracho de Maracajaú, RN, Brasil Martinez, Aline Sbizera 9-jul.-2011 Projeto raia de fogo: aspectos populacionais da raia de fogo (Dasyatis marianae Gomes, Rosa & Gadig, 2000) e pesca de elasmobrânquios no complexo recifal do Parracho de Maracajaú Costa, Tiego Luiz de Araújo 18-jun.-2012 Avaliação da cobertura e monitoramento do branqueamento de corais nos recifes de Maracajaú/RN Souza, Izabel Maria Matos de 30-mai.-2014 Análise geoambiental da plataforma continental Rasa Equatorial, por meio de sensoriamento remoto e dados sedimentológicos: parrachos de Rio do Fogo-RN, Brasil Araújo, Paulo Victor do Nascimento 3-jul.-2015 Distribuição e uso de habitat por peixes recifais em um gradiente ambiental: estudo de caso em recifes areníticos Souza, Thaisa Accioly de 11-dez.-2015 Impactos do turismo na ictiofauna de recifes do nordeste brasileiro Silva, Isabela Guimarães Leitão da 9-jun.-2016 Influência do turismo na comunidade de corais em recifes do Nordeste do Brasil Torres, Daniel Rovira Pereira 23-fev.-2017 Mapeamento de bancos de algas e fanerógamas na área de proteção ambiental dos recifes de corais: RN utilizando geotecnologias Silva, Gabriella Cynara Minora da 2022 Desenvolvimento de pesquisas na Unidade de Conservação Estadual Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (RN) Santos, Ariston Pereira dos 27-jul.-2012 Uso do habitat e atividade de forrageio de duas espécies de Sparisoma (Labridae: Scarinae), na Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais, Maracajaú-RN Moreira, Ana Luisa Pires 30-mai.-2017 Avaliação do estado de conservação do coral endêmicoMussismilia harttii (Verrill, 1868) (Cnidaria: Anthozoa) no Brasil Lima, Gislaine Vanessa de 2010 Plano de Manejo Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais ONG Oceânica 2006 Monitoramento dos Recifes de Coral do Brasil: Ferreira, Beatrice Padovani; Maida, Mauro https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/12479 https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/12479 https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/12496 https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/12496 https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/12496 https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/19493 https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/19493 https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/19493 https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/20504 https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/20504 https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/43371 https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/43348 https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/43348 https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/24520 https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/24520 https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/4122 https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/4122 https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/4122 https://repositorio.ufpb.br/jspui/browse?type=author&value=Moreira%2C+Ana+Luisa+Pires https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/25918 https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/25918 https://repositorio.ufpe.br/browse?type=author&value=LIMA%2C+Gislaine+Vanessa+de https://repositorio.icmbio.gov.br/handle/cecav/1504 47 2019 RECIFES BRASILEIROS: O LEGADO DE LABOREL “Les Peuplements de Madréporaires des Côtes Tropicales du Brésil” Jacques Laborel, 1970 (traduzido e comentado) Laborel-Deguen, Francoise et al. 2007 Mapeamento de recifes submersos na costa do Rio Grande do Norte, NE Brasil: Macau a Maracajau Santos, Claude Luis Aguilar et al. 2009 Hydrology, plankton, and corals of the Maracajaú reefs (Northeastern Brazil): an ecosystem under severe thermal stress Mayal, Elga Miranda et al. Tabela 3. Pesos para a realização do segundo método da média atual Pesos espécie 2 S. stellata/ Pa. caribaeorum 1,5 Z. sociatus 0,67 Po. astreoides 0,4 F. gravida 0,25 Mi. alcicornis 0,15 A. fragilis 0,1 A. humilis Tabela 4. Atributos baseados no estudo de Bleuel et al., (em revisão) Species Sexual_system Larval_devel opment Reprod_pe riod Growth_rat e_Max Colony_ hight simbiodinium _diversity Depth_lim it Max_dia meter Coralit_wi dth_max Agaricia_fragilis gonochoric brooding seasonal 6,5 a 3 102 300 5 Agaricia_humilis hermaphrodite brooding seasonal 6,5 a 3 75 150 5,5 Favia_gravida hermaphrodite brooding monthly 7,4 b 6 30 100 5,8 Madracis_decactis hermaphrodite brooding seasonal 6,3 b 3 125 300 2,2 Meandrina_brasiliensis hermaphrodite spawning seasonal 1,6 c 3 100 230 13,3 Millepora_alcicornis gonochoric spawning seasonal 19,8 e 5 50 188 0,14 Millepora_braziliensis gonochoric spawning seasonal 10,4 d 2 30 190 0,1 Montastraea_cavernosa gonochoric spawning annual 6,8 c 1 180 2500 10 Mussismilia_harttii hermaphrodite spawning annual 2,1 d 4 50 1000 20 Mussismilia_hispida hermaphrodite spawning annual 5,29 c 4 92 500 20,5 Porites_astreoides hermaphrodite brooding seasonal 8,75 b 2 70 500 1,6 Porites_branneri hermaphrodite brooding seasonal 8,5 b 2 60 150 1,8 Siderastrea_spp gonochoric brooding seasonal 8 d 4 90 300 3 Tabela 5. Características ecológicas e potencial de restauração das espécies de corais Espécies Abundância ecológica Extensão geográfica Branqueamento Restauração Vulnerabilidade Resistência Agaricia fragilis 0,25 0,747112559 0,6 0,4 0.5 48 Agaricia humilis 0,25 0,747112559 0,6 0,4 0,66667 Favia gravida 1 0,747112559 0,2 0,8 0,66667 Madracis decactis 0 1 0,6 0,4 0,33333 Meandrina brasiliensis 0,125 0,747112559 0,6 0,4 0,33333 Millepora alcicornis 0,5 0,831118292 0,8 0,2 1 Millepora braziliensis 0,125 0,356285444 0,8 0,2 0,83333 Montastraea cavernosa 0,125 0,747112559 0,2 0,8 0,66667 Mussismilia harttii 0,125 0,626679202 0,6 0,4 0,33333 Mussismilia hispida 0,125 0,880868163 0,2 0,8 0,66667 Porites astreoides 1 0,73949145 0,2 0,8 0,66667 Porites branneri 0,25 0,73949145 0,6 0,4 0,33333 Siderastrea spp. 1 0,831118292 0,2 0,8 0,66667 Tabela 6. Resultados dos registros das espécies por pesquisas selecionadas na revisão sistemática N° de registro Artigo Ano da pesquisa Ano da publicação Área de estudo Método Abundância Espécies citadas Quantidade % ou n° Observações 1 Martinez, Aline Sbizera 2006/2007 03/2008 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Análise PCA Cobertura relativa de coral Favia sp. - Em baixa 2 Martinez, Aline Sbizera 2006/2007 03/2008 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Análise PCA Cobertura total Pa. caribaeoru m - Em alta 3 Costa, Tiego Luiz de Araújo 2009 06/2010 Parracho de Maracajaú (recifes emersos) - Maxaranguape/R N - Cobertura total Palythoa sp. - - 4 Costa, Tiego Luiz de Araújo 2009 06/2010 Parracho de Maracajaú (recifes emersos) - Maxaranguape/R N - Cobertura relativa de coral S. stellata - - 5 Costa, Tiego Luiz de Araújo 2009 06/2010 Parracho de Maracajaú (recifes emersos) - Maxaranguape/R N - Cobertura relativa de coral F. gravida - - 6 Costa, Tiego Luiz de Araújo 2009 06/2010 Parracho de Maracajaú (recifes emersos) - Cobertura relativa de coral Mu. hispida - - 49 - Maxaranguape/R N 7 Souza, Izabel Maria Matos de 2010/2011 12/2012 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Transecção de pontos Cobertura total A. humilis 0 Foram encontradas mas não foram expressivas na %8 Souza, Izabel Maria Matos de 2010/2011 12/2012 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Quadrantes Cobertura total A. humilis 0 9 Souza, Izabel Maria Matos de 2010/2011 12/2012 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Transecção de pontos Cobertura total F. gravida 4 - 10 Souza, Izabel Maria Matos de 2010/2011 12/2012 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Transecção de pontos Cobertura total Ma. decactis 0 Foram encontradas mas não foram expressivas na %11 Souza, Izabel Maria Matos de 2010/2011 12/2012 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Quadrantes Cobertura total Ma. decactis 0 12 Souza, Izabel Maria Matos de 2010/2011 12/2012 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Transecção de pontos Cobertura total P. astreoides 3 - 13 Souza, Izabel Maria Matos de 2010/2011 12/2012 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Quadrantes Cobertura total Po. astreoides 2 - 14 Souza, Izabel Maria Matos de 2010/2011 12/2012 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Transecção de pontos Cobertura total S. stellata 14 - 15 Souza, Izabel Maria Matos de 2010/2011 12/2012 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Quadrantes Cobertura total S. stellata 7 - 16 Souza, Izabel Maria Matos de 2010/2011 12/2012 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Transecção de pontos Cobertura total Mi. alcicornis 3 - 17 Souza, Izabel Maria Matos de 2010/2011 12/2012 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Quadrantes Cobertura total Mi. alcicornis 5 - 18 Souza, Izabel Maria Matos de 2010/2011 12/2012 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Transecção de pontos Cobertura total Pa. caribaeoru m 7 - 50 19 Souza, Izabel Maria Matos de 2010/2011 12/2012 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Quadrantes Cobertura total Pa. caribaeoru m 6 - 20 Souza, Izabel Maria Matos de 2010/2011 12/2012 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Transecção de pontos Cobertura total Z. sociatus 1 - 21 Souza, Izabel Maria Matos de 2010/2011 12/2012 Parracho de Maracajaú - Maxaranguape/R N Quadrantes Cobertura total Z. sociatus 0 - 22 Araújo, Paulo Victor do Nascimento 2006 05/2014 Parracho de Rio do Fogo - Rio do Fogo/RN - Cobertura relativa de coral S. stellata 80 Segundo Santos (2006) 23 Araújo, Paulo Victor do Nascimento 2004 05/2014 Parracho de Rio do Fogo - Rio
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