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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS HANNAH DA SILVA VIEIRA FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES (FMA) COLONIZANDO FOLHAS DA SERAPILHEIRA DE MATA ATLÂNTICA NATAL 2023 HANNAH DA SILVA VIEIRA FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES (FMA) COLONIZANDO FOLHAS DA SERAPILHEIRA DE MATA ATLÂNTICA Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade de Artigo apresentado ao curso de graduação em Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas. Orientador: Prof. Dr. Bruno Tomio Goto Coorientadora: M.Sc. Juliana Luiza Rocha de Lima NATAL 2023 Esta obra está licenciada com uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. Permite que outros distribuam, remixem, adaptem e desenvolvam seu trabalho, mesmo comercialmente, desde que creditem a você pela criação original. Link dessa licença: creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - Centro de Biociências - CB Vieira, Hannah da Silva. Fungos micorrízicos arbusculares (FMA) colonizando folhas da serapilheira de Mata Atlântica / Hannah da Silva Vieira. - 2023. 29 f.: il. Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Curso de Ciências Biológicas. Natal,RN, 2023. Orientação: Prof. Dr. Bruno Tomio Goto. Coorientação: Ma. Juliana Luiza Rocha de Lima. 1. Colonização - Monografia. 2. Decomposição - Monografia. 3. Glomeromycota - Monografia. I. Goto, Bruno Tomio. II. Lima, Juliana Luiza Rocha de. III. Título. RN/UF/BSCB CDU 574.1 Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351 HANNAH DA SILVA VIEIRA FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES (FMA) COLONIZANDO FOLHAS DA SERAPILHEIRA DE MATA ATLÂNTICA Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade de Artigo apresentado ao curso de graduação em Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas. Aprovada em: 01/12/2023 BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Bruno Tomio Goto Orientador UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Profa. Dra. Patricia Oliveira Fiuza Membro interno UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE M.Sc. Mery Ingrid Guimarães de Alencar Membro externo UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE RESUMO Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMA) são conhecidos por estabelecer simbiose obrigatória com a maioria das raízes vegetais, aumentando a absorção de nutrientes para seus hospedeiros. Dessa forma, os FMA são entendidos como dependentes das raízes para completar seu ciclo de vida. Entretanto, estudos têm demonstrado a ocorrência desses fungos na serapilheira. Ainda não se sabe quais os mecanismos que esses fungos desempenham na serapilheira e também não são conhecidas as espécies de FMA que habitam esse ambiente. Dessa forma, objetivou-se investigar a ocorrência e colonização de FMA na serapilheira em uma área de Mata Atlântica do Rio Grande do Norte, Brasil. Para isso, 30 folhas de quatro espécies, Anacardium occidentale, Ziziphus joazeiro,Trichilia hirta e Hirtella sp., foram colocadas em litter bags na APA Bonfim-Guaraíra, RN, Brasil. As folhas se decomporam por até três meses. Em laboratório, foram montadas lâminas para microscopia e identificadas estruturas típicas de FMA colonizando o tecido vegetal. Hirtella sp. apresentou o maior percentual de colonização, enquanto A. occidentale apresentou o menor percentual. O período de decomposição influenciou significativamente a taxa de colonização da serapilheira por FMA, sendo o período de três meses com maior influência na colonização por FMAo (60%). Esporos semelhantes a Rhizoglomus foram identificados colonizando Hirtella sp. Esta pesquisa é o primeiro estudo a identificar o gênero Rhizoglomus colonizando a serapilheira no Brasil. Esses resultados ampliam os registros da colonização de FMA na serapilheira, sendo este o primeiro estudo nacional a caracterizar a colonização da serapilheira por FMA. Palavras-chave: colonização; decomposição; Glomeromycota. RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA Arbuscular mycorrhizal fungi (AMF) are known for establishing obligate symbiosis with most plant roots, increasing nutrient uptake for their hosts. Therefore, AMF are understood to be dependent on roots to complete their life cycle. However, studies have shown the occurrence of these fungi in litter. It is still not known what mechanisms these fungi play in litter and the species that inhabit this environment are also not known. Therefore, the objective was to investigate the occurrence and colonization of AMF in the litter of a tropical rainforest area in Rio Grande do Norte, Brazil.For this, 30 leaves of four species, Anacardium occidentale, Ziziphus joazeiro, Trichilia hirta, and Hirtella sp., were placed in litter bags in the Bonfim-Guaraíra APA, RN, Brazil. The leaves decomposed for up to three months. In the laboratory, slides were mounted for microscopy. Typical AMF structures colonizing the plant tissue were identified. Hirtella sp. showed the highest percentage of colonization, while A. occidentale showed the lowest percentage of colonization. The decomposition period significantly influenced the colonization rate of litter by AMF, with the three-month period having the greatest influence on detritus colonization (60%). Spores resembling Rhizoglomus were identified colonizing Hirtella sp. This research is the first study to identify the genus Rhizoglomus colonizing litter in Brazil. These results expand the records of AMF colonization in litter, being the first study in Brazil to characterize the colonization of litter by AMF. Keywords: colonization; decomposition; Glomeromycota. INTRODUÇÃO A Mata Atlântica ocupa a porção leste do país e parte significativa da bacia do Paraná (Pereira, 2009) com 90% de sua extensão no território brasileiro, também ocorrendo no Paraguai e Argentina (Muylaert et al., 2018). Ao longo dos anos, o bioma vem sofrendo constantes ameaças devido às ações antrópicas, principalmente pela exploração de madeira que ocorre desde a colonização do Brasil e também pelo avanço da urbanização (Pereira, 2009). Atualmente, estima-se que o bioma ocupa uma área de 1.018.241 km² (Muylaert et al., 2018). É uma floresta tropical com clima quente e úmido, alta umidade relativa do ar, precipitação abundante e alta luminosidade, com capacidade de formar densas camadas de serapilheira acima do solo a partir da queda dos substratos vegetais (Pereira, 2009). Possui uma grande biodiversidade, com alto nível de endemismo, e devido ao seu status de ameaçada, é considerada pela International Conservation um dos 36 hotspots globais, tornando-se prioridade máxima para esforços de conservação (Myers et al., 2000; Pinto, 2006). Entre a grande diversidade vegetal da Mata Atlântica da Mata Atlântica, os Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMA) podem ser encontrados associando-se a maioria das espécies, ajudando na manutenção do bioma (Bonfim et al., 2013). Os FMA são organismos classificados dentro do filo Glomeromycota descrito por Schüβler et al. (2001). Esses fungos formam uma associação simbiótica com mais de 80% das famílias de plantas terrestres e também são encontrados colonizando raízes de macrófitas aquáticas em ambientes alagados (Berbara, Souza, Fonseca, 2006; Marins & Carrenho, 2017; Queiroz et al. 2022). Nesta associação, o fungo aumenta a absorção das raízes com nutrientes minerais do solo, principalmente fósforo (P) e nitrogênio (N), e em troca, as plantas fornecem fotoassimilados para o fungo, como açúcares no formato de hexoses (Wang et al., 2017). Essa simbiose destaca-se em 50% da massa microbiana dos solos de ambientes tropicais (Cavalcante et al., 2008). Historicamente os FMA foram entendidoscomo totalmente dependentes das plantas, principalmente por estarem associados a uma raiz para completar seu ciclo de vida, seja com uma planta que forma associação micorrízica facultativa ou obrigatória (Koide & Mosse, 2004). No entanto, alguns estudos detectaram estruturas típicas de FMA, como hifas, vesículas e esporos, colonizando a serapilheira em decomposição (Rivera & Guerrero, 1998; Aristizábal et al., 2004; Posada et al., 2012; Bahnmann et al., 2018; Bunn et al., 2019; Díaz-Ariza et al., 2021; Crescio et al., 2023). Esses trabalhos promovem discussões sobre um possível potencial sapróbio inexplorado em Glomeromycota. Conforme essa nova linha de pesquisa se firma, Singh et al. (2022) sequenciou o genoma de uma espécie de FMA e encontrou grande quantidade de enzimas responsáveis pela decomposição da matéria orgânica vegetal. Além disso, a ocorrência de FMA na serapilheira abre a possibilidade para estratificação de nicho ecológico que também é inexplorado para o grupo (Bunn et al., 2019). As explorações da serapilheira em busca de FMA tiveram um destaque importante no final dos anos 1960, quando Went & Stark (1968) propuseram a hipótese da "ciclagem direta de minerais", descrevendo a presença de hifas endotróficas colonizando folhas em decomposição em ambientes da Amazônia brasileira e peruana. Neste trabalho foi hipotetizado que fungos endotróficos ajudam na ciclagem de nutrientes dos solos florestais, disponibilizando nutrientes estocados na matéria orgânica em decomposição da serapilheira para os solos e, consequentemente, captados pelas plantas. Apenas 30 anos depois os FMA foram incluídos nas discussões sobre possíveis participantes das ciclagem direta de minerais devido aos registros de ocorrência na serapilheira e matéria orgânica. Isso começou quando Rivera & Guerrero (1998), encontraram estruturas de FMA colonizando folhas de Myrica pubescens Humb. & Bonp. ex Willd na serapilheira de um ambiente tropical na Colômbia. Existem poucos estudos conduzidos com FMA nesta condição, tendo sido apenas reportados colonizando a serapilheira em apenas oito países (Figura 1). A maioria dessas pesquisas apenas documenta a ocorrência de micorrizas arbusculares na serapilheira, sem necessariamente caracterizar o padrão de colonização e as espécies de FMA que estão colonizando. Dessa forma, existe uma lacuna de conhecimento quanto a ecologia, taxonomia, bioquímica e evolução dos FMA na serapilheira. Além disso, estudar esses fungos na serapilheira é de fundamental importância para compreender o processo de ciclagem de nutrientes em ambientes florestais, cuja simbiose micorrízica arbuscular com as plantas pode estar sendo complementada com o acesso aos minerais disponibilizados ou translocados pelo fungo a partir da decomposição da matéria orgânica na superfície do solo. Figura 1 – Distribuição dos estudos reportando a ocorrência de Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMA) na serapilheira em decomposição ao redor do mundo. Fonte: Autoria própria (2023). O trabalho de Hodge et al. (2001) demonstrou que a presença de micorrizas arbusculares em microcosmos aumentava a transferência de nitrogênio armazenado em folhas em decomposição para o solo, consequentemente aumentando suas taxas de decomposição. Outros experimentos utilizando a mesma abordagem de microcosmos chegaram à mesma conclusão demonstrando a translocação de nutrientes da serapilheira diretamente para as plantas através das hifas dos FMA, sendo possível visualizar a transferência de nutrientes pelo micélio do fungo a partir do método de espectrofotometria de massa (Nuccio et al., 2013). A partir dos estudos conduzidos nos últimos anos, já é conhecido que os FMA são capazes de colonizar a serapilheira em decomposição (Bunn et al., 2019; Díaz-Ariza et al., 2021). No entanto, os fatores que podem estimular ou inibir esse fenômeno ainda permanecem desconhecidos, juntamente com quais espécies os FMA podem promover essa colonização. Compreender esses fatores é essencial para conhecer mais sobre o processo de ciclagem de nutrientes, fertilização do solo, relação fungo-planta-serapilheira, distribuição geográfica do fenômeno, potencialbiotecnológico das folhas colonizadas, diferenciação da colonização de FMA em diferentes substratos orgânicos e quais os mecanismos que o fungo desempenha para colonizar detrito orgânico em decomposição. Dessa forma, este estudo tem como objetivo (i) investigar a ocorrência de colonização por FMA em folhas de quatro espécies vegetais em decomposição na serapilheira de um fragmento de Mata Atlântica; (ii) caracterizar a colonização por FMA na serapilheira à nível de estimativa da taxa de colonização por FMA e (iii) comparar as taxas de colonização entre as diferentes espécies de plantas e respectivos períodos de decomposição. MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo As coletas foram realizadas na Fazenda Sapé (-6º 7' 28.261" S, -35º 13' 15.662" O), localizada na Área de Proteção Ambiental Bonfim-Guaraíra, que corresponde a um fragmento de Mata Atlântica no município de Nísia Floresta, estado do Rio Grande do Norte, Brasil (Figura 2). A Fazenda Sapé é uma área com fitofisionomia de floresta semidecídua, com grande potencial para estudos de biodiversidade. A área abriga famílias de plantas, incluindo Anacardiaceae, Arecaceae, Bignoniaceae, Fabaceae, Meliaceae, Rhamnaceae, Chrysobalanaceae , entre outras. Figura 2 – Área preservada de Mata Atlântica, Fazenda Sapé, em Nísia Floresta, Rio Grande do Norte, Brasil. Fonte: Barbosa, K. D. (2023). Além de sua alta abundância na área de estudo, essas espécies possuem ampla distribuição em outras áreas de Mata Atlântica (Carvalho, 2007; Paiva et al., 2007; Franke et al., 2005), e até outros biomas, como Amazônia, Cerrado e Caatinga. Além disso, Z. joazeiro (nome popular juazeiro) e A. occidentale (nome popular cajueiro) fornecem alguns serviços ecossistêmicos, pois são importantes para a economia local e para a cultura devido aos seus frutos, caju e juá, usados na gastronomia e na alimentação animal, respectivamente (Carvalho, 2007; Paiva et al., 2007). Coleta e amostragem As coletas ocorreram nos anos de 2021 e 2022 na estação chuvosa. Espécimes de Z. joazeiro e A. occidentale foram coletadas em 2021, enquanto T. hirta e Hirtella sp. em 2022. As folhas foram coletadas usando coletores suspensos aos galhos das árvores, de modo que naturalmente caíssem dentro dos coletores, evitando que entrassem em contato com a serapilheira antes de serem inseridas nos litter bags (Figura 3A). Após uma semana, o local foi revisitado, e 30 folhas de cada espécie vegetal foram retiradas dos coletores e colocadas em litter bags de malha fina (15 x 15 cm). Segundo Clark et al. (2001), a partir de um período de 15 dias a decomposição de detritos já é iniciada, porém as folhas permaneceram nos coletores por sete dias, permitindo que a decomposição das folhas só tenha ocorrido nos litter bags em campo. Para cada espécie de planta, cinco folhas da mesma espécie foram inseridas em litter bags e distribuídas na superfície da serapilheira (Figura 3B). Seis litter bags com cinco folhas cada, foram inseridos ao longo de dois transectos de três metros cada na base da espécie vegetal escolhida. Em cada transecto da árvore, três litter bags foram colocados a uma distância de um metro entre si (Figura 3C). Após dois meses, metade dos litter bags (de cada espécie vegetal) foram removidos e levados ao laboratório para análise. A outra metade foi removida após mais um mês, completando três meses de decomposição. Esses períodos de tempo foram selecionados por equivaler ao tempo lábil de decomposição de detritos em ambientes tropicais. Foram coletadas 30 folhas de cada espécie (6 litter bags com 5 folhas cada), metade das quais permaneceu na serapilheira por dois meses e a outra metade por três meses. No total, foram coletadas 120 folhas para as quatro espécies de plantas. Após essa etapa do experimento, asfolhas foram levadas ao laboratório e imediatamente clarificadas. Figura 3 – Disposição dos litter bags na serapilheira. Fonte: Autoria própria (2023). Legenda: A: Coletores de folhas pendurados em galhos de Ziziphus joazeiro. B: Litter bag (15 x 15 cm) com cinco folhas de A. occidentale. C: Transecto de 3 metros de litter bags. Clarificação das folhas e cálculo da taxa de colonização Em laboratório, as folhas foram cortadas em pedaços retangulares e clarificadas em KOH a 15% por aproximadamente 24 horas. Após isso, elas foram submersas em placas de petri com H2O2 a 35% por aproximadamente 48 horas. Quando alcançaram translucidez, foram coradas com azul de tripano + lactoglicerol à 0,05%, adaptando o método utilizado por Bunn et al. (2019) (Figura 4). O tempo de coloração variou entre as quatro espécies de plantas, algumas atingindo a coloração pigmentada em 1 hora e outras em até 24 horas. Após isso, os fragmentos de folhas foram montados em lâminas e seladas com lamínulas e glicerol para visualização sob microscópio óptico. A identificação se deu a partir do reconhecimento morfológico das estruturas típicas de FMA crescendo no interior do tecido vegetal, como esporos e hifas asseptadas ou irregularmente septadas. A partir disso, para estimar a colonização, adaptou-se o método de linhas e grades desenvolvido por Tennant (1975), em que a lâmina de folha foi dividida em oito quadrantes ou intersecções iguais, em que cada quadrante colonizado por esporos e/ou hifas de FMA recebia um valor percentual de 12,5%, totalizando 100% de colonização quando todos os quadrantes estavam colonizados. Devido ao baixo número de estudos descrevendo a colonização da serapilheira por FMA, não existe uma padronização na literatura para os métodos de quantificação desse grupo de fungos nos detritos vegetais. Figura 4 – Clarificação das folhas, tingimento e montagem das lâminas para a visualização das estruturas dos Fungos Micorrízicos Arbusculares. Fonte: Autoria própria (2023). Análise Estatística Foi realizada uma Análise de Variância Multivariada por Permutação (PERMANOVA) usando o índice de Bray-Curtis para verificar se há influência do tempo de decomposição das folhas na colonização da serapilheira por FMA. Além disso, uma Análise de Porcentagem de Similaridades (SIMPER), foi realizada para verificar qual tempo de decomposição (dois e três meses) apresentou maior influência na taxa de colonização de FMA. As análises foram realizadas pelo software PAST versão 4.13. RESULTADOS Todas as espécies de plantas analisadas apresentaram diferentes percentuais de colonização total por FMA e também entre os diferentes períodos de decomposição das folhas (Tabela 1). Entre as espécies analisadas, A. occidentale não apresentou colonização em suas folhas com três meses de decomposição. Em contrapartida, Hirtella sp. apresentou o maior percentual de colonização por FMA, sendo o período de três meses em decomposição com o maior percentual (Tabela 1). As taxas de colonização das quatro espécies demonstraram variar dependendo do período de decomposição (dois e três meses). O tempo de decomposição das folhas influenciou significativamente a colonização da serapilheira por FMA (F= 6,0; p=0,01), no qual o período de três meses de decomposição teve mais influência na colonização da serapilheira por FMA (60%) em detrimento das folhas que ficaram dois meses em decomposição (40%). Tabela 1 – Percentual de colonização por Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMA) em folhas das espécies Anacardium occidentale, Ziziphus joazeiro, Trichilia hirta e Hirtella sp., após dois e três meses de decomposição em um fragmento de Mata Atlântica. Espéci e vegeta l Tempo de decomposição Colonizaçã o total (%) Hifas (%) Espor os (%) Anacardium occidentale 2 meses 16,7 % 12,5% 12,6% 3 meses 0% 0% 0% Ziziphus joazeiro 2 meses 27,8 % 16,7% 25% 3 meses 27,2 % 17,5% 22,5% Trichilia hirta 2 meses 15,6 % 12,5% 18,7% 3 meses 15,6 % 12,5% 18,7% Hirtella sp. 2 meses 25,4 % 12,5% 27,7% 3 meses 53,6 % 48% 51% Fonte: Autoria própria (2023). Foram identificadas estruturas de FMA como hifas extrarradiculares e esporos semelhantes ao do gênero Rhizoglomus colonizando o interior do tecido vegetal das folhas de Hirtella sp. (Figura 5). Figura 5 – Estruturas de Fungos Micorrízicos Arbusculares colonizando folhas de Hirtella sp. com três meses de decomposição. Fonte: Autoria própria (2023). Legenda: A: Hifas e esporos extrarradiculares de FMA (50 μm). B: Hifa e esporo com desenvolvimento semelhante a Rhizoglomus sp. (5 μm). C e D: Esporo com desenvolvimento semelhante a Rhizoglomus sp. (5 μm). E: Hifas extrarradiculares e esporos de FMA (5 μm). F: Hifas extrarradiculares de FMA (50 μm). DISCUSSÃO As taxas de colonização por FMA variaram de acordo com as espécies vegetais e os períodos de decomposição de A. occidentale e Hirtella sp., porém em Z. joazeiro e T. hirta não houve variação em suas taxas de colonização por FMA entre os períodos de dois e três meses, sugerindo que a diferença temporal de decomposição na serapilheira não provocou mudanças no acesso por FMA. Em contraste, A. occidentale apresentou um dos menores percentuais de colonização em suas folhas no período de dois meses e nenhuma colonização por FMA em três meses. Isso pode sugerir que o tempo de decomposição ligado a características específicas da folha pode variar de acordo com a espécie e isso acaba refletindo na taxa de colonização por FMA. Essas diferenças de colonização sugerem que os percentuais de colonização da serapilheira por FMA podem sofrer influência de acordo com as diferentes espécies vegetais, bem como o tempo de decomposição de cada planta, qualidade da serapilheira, dentre outros fatores que podem levar a uma diferença no potencial de colonização por FMA para cada espécie de planta hospedeira. Estudar a colonização da serapilheira por FMA torna-se complexo porque existem diferentes fatores ainda inexplorados que podem influenciar esse fenômeno. Um dos fatores apontados pela literatura é a qualidade da serapilheira (Leifheit & Rillig, 2016; Gui et al., 2017). O clima também é uma condição que pode influenciar a colonização de FMA na serapilheira. Um exemplo disso pode ser visto em Voříšková & Baldrian (2011), que analisaram a sucessão de diferentes grupos de fungos decompositores de folhas em um ambiente temperado na Europa. O genoma de Glomeromycota foi detectado na serapilheira em uma baixa porcentagem (1,8%). No entanto, outros grupos de fungos como Ascomycota (71%) e Basidiomycota (26%) foram mais abundantes, tendo em vista que são fungos decompositores. Apesar de já ser esperado que na serapilheira os FMA sejam encontrados em menor proporção que outros grupos de fungos, estudos com FMA em ambientes de clima temperado (em solo ou serapilheira) podem ser menos representativos para a ocorrência desses organismos em comparação com os estudos em ambientes de clima tropical, tendo em vista que a associação micorrízica representa 50% da massa microbiana dos solos de ambientes tropicais (Cavalcante et al, 2008). Além disso, é provável que a baixa proporção de FMA nos achados de Voříšková & Baldrian (2011) tenha sido menor em relação aos outros grupos porque os FMA não são fungos decompositores (Davison et al., 2015). Outra informação deste estudo é que em climas temperados a colonização por FMA provavelmente começa após vários meses de decomposição, uma vez que o processo de decomposição em ambientes temperados é mais lento do que em ambientes tropicais (Giweta, 2020). Em contraste, Bunn et al. (2019), em uma floresta temperada nos EUA, demonstrou o oposto, que os FMA colonizam a serapilheira apenas nas fases iniciais de decomposição, por um um período limite de até três meses. Dessa forma, devido ao número escasso de estudos com FMA na serapilheira, ainda não é possível chegar a uma conclusão clara sobre o padrão de colonização desses organismosna serapilheira, bem como quais são os fatores que influenciam esse fenômeno e quais são as espécies de FMA presentes neste ambiente. Em regiões tropicais, as folhas da serapilheira se decompõem em um intervalo de tempo menor que folhas em regiões de clima temperado. Isso pode representar que os decompositores conseguem acessar os nutrientes da folha de forma mais rápida (Gui et al., 2017). Fatores como clima, ambiente, microbiota, tempo de decomposição das folhas, biomassa foliar e qualidade da serapilheira precisam ser investigados, tendo em vista que podem modular o acesso de FMA à serapilheira (Hou et al., 2005). Provavelmente, as folhas de três meses de decomposição apresentaram taxas de colonização mais altas devido à disponibilização mais expressiva dos nutrientes pelos organismos decompositores, ou até mesmo pelo substrato estar mais acessível à medida que ocorre a lixiviação do substrato (Tennakoon et al., 2021). Recentemente, alguns estudos começaram a especular sobre um possível potencial sapróbio em FMA (Bunn et al., 2019; Posada et al., 2012). Singh et al., (2022) analisaram o genoma de uma espécie de FMA, Rhizoglomus proliferus (Dalpé & Declerck) Sieverd., G.A. Silva & Oehl, e encontraram concentrações de esterases de carboidratos (CE), um grupo de enzimas da classe das hidrolases, relacionados à degradação de matéria orgânica, sendo um complexo enzimático presente em fungos sapróbios. Dessa forma, ao contrário do que é conhecido para o filo, é possível que algumas espécies estejam constantemente evoluindo e adquirindo alguma habilidade saprofítica, sendo necessárias investigações. O que é conhecido é que, em experimentos controlados em microcosmos, os FMA têm demonstrado ser capazes de influenciar as taxas de decomposição da matéria orgânica, acelerando ou retardando (Hodge et al., 2001; Atul-Nayar et al., 2009; Herman et al., 2012). O trabalho recente realizado por Crescio et al. (2023) caracteriza a ocorrência de hifas e esporos de FMA colonizando folhas em decomposição em uma floresta tropical na Argentina. Essa pesquisa demonstrou que os esporos de Rhizoglomus intraradices (N.C. Schenck & G.S. Sm.) Sieverd., G.A. Silva & Oehl foram capazes de colonizar folhas de Fraxinus pennsylvanica Marshall. Em concordância com nossos dados, esporos com desenvolvimento e padrão de colonização semelhante ao do gênero Rhizoglomus também foram identificados colonizando folhas de Hirtella sp.. Com base em evidências moleculares que sugerem um potencial sapróbio em Rhizoglomus proliferus (Singh et al., 2022) e na ocorrência comprovada de espécies deste gênero colonizando folhas em decomposição, é possível hipotetizar que algumas espécies de FMA podem participar da decomposição de substrato orgânico, principalmente algumas espécies do gênero Rhizoglomus. Todavia, devido a baixa qualidade de visualização decorrente da camada do tecido vegetal (podendo ser fino ou grosso), somado ao uso da técnica de clarificação das folhas que causa a perda de características secundárias de identificação, como a coloração do esporo, torna-se difícil fechar um diagnóstico preciso a nível de espécie de FMA a partir da identificação morfológica,sendo possível algumas vezes apenas reconhecer os táxons a nível de gênero. Por essa razão, foram identificados apenas esporos semelhantes a Rhizoglomus sp. nas folhas de Hirtella sp., enquanto outros esporos permanecem como Glomeromycota sp. nas folhas de T. hirta, A. occidentale e Z. joazeiro. Sabe-se que o gênero Rhizoglomus faz parte da ordem mais representativa (Glomerales) do filo Glomeromycota (Wijayawardene et al., 2022), o que pode estar relacionado com sua ocorrência na maioria dos estudos de diversidade. Além disso, este gênero está inserido na família Glomeraceae, que possui representantes capazes de realizar esporulação rápida como forma de desenvolvimento, produzindo esporos e hifas abundantes em um curto intervalo de tempo (Sieverding et al., 2015). É um gênero de fungos com alta adaptabilidade, tendo em vista que podem ser encontrados tanto em ambientes terrestres (solo e serapilheira) e ambientes aquáticos (Zhang et al., 2020; Gomes et al., 2022). Além disso, representantes de Rhizoglomus, como R. intraradices foram reportados produzindo esporos de forma assimbiótica, ou seja, na ausência de raízes de plantas, em co-culturas com bactérias, demonstrando uma capacidade de esporulação independente da simbiose com as raízes (Hildebrandt et al., 2006). Com base nisso, é possível hipotetizar o porquê deste gênero está associado à colonização de material orgânico e ser relatado com maior frequência nos estudos, especialmente devido à sua rápida esporulação, abundância e alta adaptabilidade a diferentes condições. Discute-se que os FMA crescem sob material orgânico da camada de serapilheira, especialmente quando o solo é pobre em nutrientes, obtendo assim uma fonte alternativa de nutrientes, folhas mortas, capazes de liberar nutrientes à medida que a decomposição avança (Rivera & Guerrero, 1998). Segundo essa teoria, os FMA podem remover diretamente esses nutrientes das folhas por meio de suas hifas, os quais são disponibilizados do material orgânico por outros organismos decompositores e transferidos via micélio para as raízes das plantas hospedeiras, estabelecendo a simbiose (Bunn et al., 2019; Posada et al., 2012). Uma hipótese é de que esse fenômeno pode ser estimulado quando o solo é infértil, mas ainda permite que as micorrizas arbusculares transloquem nutrientes minerais para as plantas e concretizem a simbiose FMA e raiz vegetal. A disponibilidade de nutrientes para os FMA também pode ocorrer indiretamente por meio do estímulo e competição com organismos saprófitos (Xu et al., 2018; Gui et al., 2017). Verbruggen et al. (2015) sugerem que os FMA afetam a ciclagem do carbono no solo por meio do priming microbiano, onde eles aumentam a atividade de organismos sapróbios e, consequentemente, aceleram a decomposição da matéria orgânica do solo. Também existem evidências de que as micorrizas arbusculares podem recrutar outros grupos de fungos decompositores, como leveduras, outros basidiomicetos e bactérias, que já foram encontrados intimamente associados às hifas e aos esporos de FMA, para estimular a degradação de substratos orgânicos (Alonso et al., 2008; Botha, 2011). De acordo com Jansa et al. (2013), os FMA podem competir com esses outros microrganismos e capturar esses nutrientes disponibilizados por eles ou usar o excedente liberado. Estudos com FMA na serapilheira também podem ser importantes para estudar a evolução do filo, tendo em vista que o registro fóssil demonstra esses fungos associados ao talo de plantas primitivas fósseis do Devoniano, há aproximadamente 416 milhões de anos (Dotlzer et al., 2008), reforçando que a biologia dos FMA não está restrita apenas às raízes vegetais como se havia pensado. Entretanto, ainda não foi encontrado nenhum registro fóssil de estruturas de FMA em folhas de plantas fósseis. Além disso, estudar FMA na serapilheira é importante para a restauração de áreas degradadas, podendo a serapilheira funcionar como um inóculo de FMA, considerados fungos biofertilizantes (Medeiros et al., 2021). Apesar da ocorrência de FMA na serapilheira já ser comprovada em ambientes tropicais e temperados (Rivera & Guerrero, 1998; Aristizábal et al., 2004; Posada et al. 2012; Bahnmann et al. 2018; Bunn et al. 2019; Díaz-Ariza et al., 2021, Crescio et al., 2023; Lima et al., 2023), nossos resultados trazem novas ocorrências desse fenômeno em um fragmento de Mata Atlântica pouco estudado. Além disso, nenhum trabalho caracterizando a colonização de FMA na serapilheira foi realizado no Brasil até o momento, apenas estudos documentando sua ocorrência na superfície de folhas em decomposição (Lima et al., 2023). Assim, este estudo caracteriza-se como o primeiro no país mostrando o padrão de colonização desses fungos na serapilheira. CONSIDERAÇÕESFINAIS Os dados desta pesquisa apresenta registros adicionais de FMA colonizando a serapilheira da Mata Atlântica brasileira e regiões de clima tropical do mundo. Além disso, este trabalho configura-se como o primeiro a identificar o gênero Rhizoglomus colonizando a serapilheira no Brasil. Também, deixa a reflexão de serem desenvolvidas novas técnicas que aprimorem a identificação desses fungos a partir do tecido vegetal. Além disso, pesquisas adicionais são necessárias para investigar o aparato enzimático desses fungos quando estão na serapilheira visando identificar algum papel dos FMA na decomposição da matéria orgânica vegetal. REFERÊNCIAS ALONSO, L.; KLEINER, D. & ORTEGA, E. Spores of the mycorrhizal fungus Glomus mosseae host yeasts that solubilize phosphate and accumulate polyphosphates. Mycorrhiza, 18, p. 197-204, 2008. ARISTIZÁBAL, C.; RIVERA, E. L. JANOS, D. P. Arbuscular mycorrhizal fungi colonize decomposing leaves of Myrica parvifolia, M. pubescens and Paepalanthus sp. Mycorrhiza, 14, p. 221-228, 2004. ATUL-NAYAR, A.; HAMEL, C.; HANSON, K.; GERMIDA, J. The arbuscular mycorrhizal symbiosis links N mineralization to plant demand. 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O agradecimento mais especial começa aos meus pais, Robson e Andréa, que quando eu estava apenas começando a aprender a ler e a escrever me diziam o quanto seria importante para mim estudar. Eles diziam que eu só ia alcançar os meus sonhos se eu fizesse tudo diferente de todos e me deram oportunidades que eles mesmos nunca tiveram: batalharam por suas vidas para que eu tivesse a chance de ter uma educação de qualidade. E sem nenhuma obrigação, transformei isso em um prazer. Eu só cheguei até aqui devido principalmente a eles. Gratidão também à toda a minha família, em especial à minha avó Olinda, minha segunda mãe, e à minha tia Paula, minha terceira mãe. Eu amo muito todos vocês com todo meu coração. Agradeço imensamente à minha orientadora Juliana Lima, que me apresentou à sua própria linha de pesquisa e me ensinou tudo o que era necessário para que esta minha própria pesquisa surgisse, sempre se disponibilizando para corrigir e auxiliar nos meus projetos e me permitindo evoluir academicamente com amizade e ensinamentos importantes. Você é uma ótima orientadora e sei que um dia se tornará um grande exemplo de professora. Com muita gratidão, também agradeço ao meu orientador Bruno Goto, que abriu as portas do seu laboratório para uma jovem aluna quando a própria UFRN estava muito distante de mim devido à pandemia. À sabedoria, trocas acadêmicas, conselhos e compreensão, sou muito grata. Aos companheiros de laboratório, que hoje posso chamar de amigos, muito obrigada por iluminar meus dias com risadas, piadas e ajudas mais do que necessárias. Aos mais antigos e aos mais novos, muito obrigada por estarem lá. Todos vocês possuem uma parte de contribuição a essa pesquisa de alguma forma, então agradeço em especial a Juliana Felix pela amizade e parceria durante esses dois anos de pesquisa, a Heloysa, Naasson e Patrícia por sempre estarem dispostos a tirar alguma dúvida acadêmica e por partilharem seus próprios conhecimentos comigo, também a Kairo por se disponibilizar gentilmente a fazer mais um de seus belos mapas para a minha pesquisa e a me ajudar nos últimos segundos na escrita deste trabalho, a Juliana Leroy por ter participado de algumas coletas comigo, assim como Alessandra. A Amanda, André, Elaine, Elias, Hanna, José, Kássia e Mariana, vocês me ajudaram de alguma forma a chegar neste resultado também. Muito obrigada a todos que permitiram que todas as condições necessárias ocorressem para que isso tudo fosse alcançado e por toda alegria que vivi com vocês. Agradeço também ao CNPq e à UFRN, instituições de fomento de pesquisa que permitem que muitos estudantes se desenvolvam dentro das universidades e que permitem à ciência criar raízes.
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