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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA JOÃO VICTOR FERNANDES ROCHA IMPACTO DA DIETA E HÁBITOS ALIMENTARES NA CONDIÇÃO BUCAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA NATAL 2023 JOÃO VICTOR FERNANDES ROCHA IMPACTO DA DIETA E HÁBITOS ALIMENTARES NA CONDIÇÃO BUCAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade de Artigo apresentado ao curso de graduação em odontologia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em odontologia Orientadora: Profa. Dra. Isabelita Duarte Azevedo NATAL 2023 Esta obra está licenciada com uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. Permite que outros distribuam, remixem, adaptem e desenvolvam seu trabalho, mesmo comercialmente, desde que creditem a você pela criação original. Link dessa licença: creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira Campos - Departamento de Odontologia – DOD Rocha, João Victor Fernandes. Impacto da dieta e condições bucais de crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista: uma revisão sistemática / João Victor Fernandes Rocha. - Natal, 2023. 33 f. Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Curso de Graduação em Odontologia. Orientação: Profa. Dra. Isabelita Duarte Azevedo. 1. Transtorno do Espectro Autista - TCC. 2. Dieta - TCC. 3. Saúde Bucal - TCC. 4. Crianças - TCC. 5. Adolescentes - TCC. I. Azevedo, Isabelita Duarte. II. Título. RN/UF/BSO BLACK D27 Elaborado por MONICA KARINA SANTOS REIS - CRB-15/393 JOÃO VICTOR FERNANDES ROCHA IMPACTO DA DIETA E HÁBITOS ALIMENTARES NA CONDIÇÃO BUCAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade de Artigo apresentado ao curso de graduação em odontologia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em odontologia. Aprovada em: 14/11/2023 BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Isabelita Duarte Azevedo Orientadora UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Profa. Dra. Patrícia Bittencourt Dutra dos Santos Membro interno UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Profa. Dra. Renata Saraiva Guedes Membro interno UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 3 Revisão Sistemática João Victor Fernandes Rocha 1, Ítalo Gustavo Martins Chimbinha 2*, Isabelita Duarte Azevedo 3, Renata Saraiva Guedes 4 1 Departamento de Odontologia/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. 2 Programa de Pós-Graduação em Odontologia/ Universidade Federal de Brasília- UNB, Brasília, Distrito Federal, Brasil. 3 Departamento de Odontologia/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. 4 Departamento de Odontologia/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. ... *Autor Correspondente: João Victor Fernandes Rocha, Departamento de Odontologia/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. 55 (84) 99802-3693, joaovicttor97@hotmail.com mailto:joaovicttor97@hotmail.com 4 IMPACTO DA DIETA E HÁBITOS ALIMENTARES NA CONDIÇÃO BUCAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA IMPACT OF DIET AND EATING HABITS ON THE ORAL CONDITION OF CHILDREN AND ADOLESCENTS WITH AUTISM SPECTRUM DISORDER: A SYSTEMATIC REVIEW João Victor Fernandes Rocha1 Ítalo Gustavo Martins Chimbinha2 Isabelita Duarte Azevedo3 Renata Saraiva Guedes4 RESUMO Objetivo: avaliar a influência da dieta e dos hábitos alimentares na condição bucal em crianças e adolescentes com transtorno espectro autista (TEA). Métodos: Uma revisão sistemática foi conduzida de acordo com checklist PRISMA (nº PROSPERO: ID 476966). A estratégia de busca utilizou a combinação de palavras: autismo, dieta, hábitos alimentares, condição bucal, crianças e adolescentes, e foi aplicada nas bases de dados eletrônicas Medline (PubMed), Embase, Scopus, Web of Sciences, Lilacs e Scielo. Os critérios de elegibilidade incluíram crianças e adolescentes com transtorno espectro autista entre 0 e 12 anos. Enquanto, revisões de literatura foram excluídas. Não houve restrição de idioma e ano de publicação. A coleta de dados foi realizada por três examinadores independentes e ocorreu com práticas sistematizadas. A avaliação da qualidade dos estudos foi o Joanna Briggs Institute critical appraisal checklist SIGN (JBI) e averiguada a aderência do artigo ao Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta Analyses (PRISMA). Resultados: Foram identificados 461 artigos nas bases de dados. Entretanto restaram 12 estudos transversais, 2 estudos de coorte, 3 estudos autodenominados caso-controle, 1 série de casos, 1 qualitativo e 1 revisão sistemática para leitura completa. Os artigos incluídos concentram-se na língua inglesa, entre 2007 e 2022, e apenas 1 estudo foi considerado de alta ou moderada qualidade. Conclusão: Esta revisão sistemática encontrou apenas estudos que associam consumo de açúcar e doenças bucais. Não existe estudos sobre hábitos alimentares e condição bucal em crianças com transtorno 1 Departamento de Odontologia/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. 2 Programa de Pós-Graduação em Odontologia/ Universidade Federal de Brasília- UNB, Brasília, Distrito Federal, Brasil. 3 Departamento de Odontologia/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. 4 Departamento de Odontologia/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. *Autor Correspondente: João Victor Fernandes Rocha, Departamento de Odontologia/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. 55 (84) 99802-3693, joaovicttor97@hotmail.com mailto:joaovicttor97@hotmail.com 5 de espectro autista. Observou-se que apenas um estudo apresentou alta qualidade metodológica e sua conclusão foi que não existe diferença de exposição de açúcar e ocorrência de cárie entre crianças atípicas e típicas. Palavras-chave: transtorno espectro autista; condição bucal; dieta; crianças; adolescentes. ABSTRACT Objective: to evaluate the influence of diet and eating habits on the oral condition of children and adolescents with autism spectrum disorder (ASD). Methods: A systematic review was conducted according to the PRISMA checklist (PROSPERO no.: ID 476966). The search strategy used the combination of words: autism, diet, eating habits, oral condition, children and adolescents, and was applied to the electronic databases Medline (PubMed), Embase, Scopus, Web of Sciences, Lilacs and Scielo. Eligibility criteria included children and adolescents with autism spectrum disorder between 0 and 12 years old. Meanwhile, literature reviews have been restored. There wereno restrictions on language or year of publication. Data collection was carried out by three independent examiners and occurred using systematized practices. The quality of the studies was assessed using the Joanna Briggs Institute Critical Appraisal Checklist SIGN (JBI) and the article's adherence to the Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta Analyzes (PRISMA) was checked. Results: 461 articles were identified in the databases. However, 12 cross-sectional studies, 2 cohort studies, 3 self-styled case-control studies, 1 case series, 1 qualitative and 1 systematic review remained for complete reading. The articles included were concentrated in the English language, between 2007 and 2022, and only 01 study was considered of high or moderate quality. Conclusion: This systematic review only found studies that associate sugar consumption and oral diseases. There are no studies on eating habits and oral condition in children with autism spectrum disorder. It should be noted that only one study presented high methodological quality and its conclusion was that there is no difference in sugar exposure and the occurrence of cavities between atypical and typical children. Keywords: autism spectrum disorder; oral condition; diet; children; adolescents. 1 INTRODUÇÃO O Transtorno do Espectro Autista (TEA) trata-se de um neurodesenvolvimento atípico que pode comprometer a deficiência intelectual e linguagem funcional (OMS, 2023). Indivíduos com TEA podem ter prejuízos na interação social, comunicação e repetição de estereótipos comportamentais (Kholood et al., 2020; Amonkar et al., 2021; Bougeard et al., 2021). Crianças e adolescentes com TEA podem apresentar comportamentos restritivos, ritualísticos e com seletividade sensorial, que afetam diretamente sua dieta e seus hábitos alimentares (Page et al., 2022; Peretti et al., 2019). A seletividade alimentar e/ou sensibilidade sensorial pode ser baseada na cor, apresentação, cheiro, temperatura e textura da comida (Nimbley et al., 2022; Chaware et al., 2021; Rodrigues et al., 2023; Page et al., 2022). Estudos mostram que crianças com TEA 6 apresentam maior sel0etividade alimentar quando comparadas às crianças típicas e que esse comportamento pode ter associação ao estado nutricional (Bandini et al., 2019; Marí-bauset et al., 2014; Chistol et al., 2018). Outro fator importante, descrito na literatura, relata que a textura e a consistência dos alimentos são a razão principal para a ocorrência de recusa alimentar (Nimbley et al., 2022; Rodrigues et al., 2023; Page et al., 2022). Em alguns casos, a dieta pode ser restrita e excluir todos os vegetais e frutas (Chistol et al., 2018). Pesquisas demonstram que crianças menores de 6 anos têm preferência de consumo de leite e derivados, frango frito, refrigerante e suco adoçado. Enquanto crianças maiores de 6 anos preferem doces, salgados e guloseimas, óleos e gorduras e cereais e tubérculos, além de carne bovina (Rodrigues et al., 2023). Além disso, observa-se a importância do cumprimento de rituais com utensílios ou sequência para o consumo dos alimentos (Peretti et al., 2018). Outros estudos sugerem a importância da restrição alimentar com a exclusão de proteínas possivelmente alergênicas, como o glúten e a caseína, devido aos problemas gastrointestinais e má absorção (Kittana et al., 2023). Essas limitações e dificuldades na alimentação como a sensibilidade sensorial, rejeição ao novo e alteração da rotina alimentar podem influenciar a saúde bucal (Bottan et al., 2020). Lanches frequentes e o consumo de bebidas açucaradas ao longo do dia podem aumentar o risco de cárie dentária, alimentos cítricos podem causar erosão dentária e o desgaste dentário pode ocorrer devido hábitos como bruxismo e roer objetos. (Jaber, 2011). Crianças e adolescentes com TEA podem apresentar maior risco de cárie, alteração do estado periodontal, alterações da microbiota oral e maior risco de lesões traumáticas (Corridore et al., 2020. Ferrazzano et al., 2020; Onol et al., 2018; Silva, 2017). Nesse contexto, o cuidado odontológico para pacientes com TEA requer sensibilidade, paciência e adaptação para garantir a atenção e o tratamento adequados promovendo uma experiência positiva e contribuindo para a saúde bucal a longo prazo. O cirurgião-dentista deve conhecer as características relacionadas ao comportamento, a dieta, hábitos alimentares e a condição bucal dos pacientes para orientar criança/adolescente/responsáveis, compreender melhor o nível de suporte e adaptar a abordagem de acordo com as necessidades individuais do paciente, levando em conta possíveis sensibilidades sensoriais, restrições alimentares ou dificuldades de comunicação (Zerman, 2022). Além disso, pretende-se colaborar com informações que subsidiem a tomada de decisões para o planejamento e execução de políticas públicas e ações multiprofissionais. Evitando assim, que o dentista reduza o paciente TEA a uma lista de sinais e sintomas. Por isso, o objetivo dessa revisão sistemática é avaliar a influência da dieta e dos hábitos alimentares na condição bucal em crianças e adolescentes com transtorno espectro autista. 2 MATERIAL E MÉTODOS A metodologia do trabalho foi dividida nas seguintes fases: delineamento, critérios de seleção, fontes de informação, protocolo de busca e estratégia de busca, seleção dos estudos (com a calibração dos avaliadores e extração dos dados) e, análise qualidade. 7 2.1 Delineamento O estudo trata-se de uma revisão sistemática, conduzida em conformidade com o checklist PRISMA. Encontra-se registrado em uma base pública de registro de protocolos de revisões sistemáticas no PROSPERO (nº: ID 476966). 2.2 Critérios de seleção Para a condução desta pesquisa foi estabelecido como critérios de inclusão: artigos sem restrição de ano de publicação e linguagem, que abordem a correlação entre os preditores: dieta e hábitos alimentares, e desfecho: condição bucal, em pacientes com transtorno espectro autista, de ambos os sexos, crianças e adolescentes entre 0 a 12 anos de idade. Idade estabelecida conforme padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS, 1994) para levantamento epidemiológico. Enquanto, revisões de literatura e literatura cinzenta foram excluídas. 2.3 Fontes de informação, protocolo de busca e estratégia de busca A busca incluiu seis bases de dados: Medline (PubMed), Embase, Scopus, Web of Sciences, Lilacs e Scielo. A estratégia de busca envolveu a identificação de palavras-chave, que foram usadas nas bases de dados eletrônicas, no propósito de identificar todos os estudos com as palavras chave: condição bucal, dieta e hábitos alimentares, crianças e TEA. A estratégia de busca adotada para o Medline (via PubMed) foi: (((((Oral) OR ("Oral health")) OR ("mouth disorder")) AND (((((diet) OR (feeding)) OR ("behavioral feeding ")) OR (food)) OR ("food-drug interaction"))) AND (((autism) OR ("autism spectrum disorder")) OR ("autistic disorder"))) AND (((child*) OR (infant)) OR (baby)) Sendo essa estratégia, adaptada para as diferentes bases de dados, em conformidade com seus algoritmos. Foram incluídos estudos publicados até setembro de 2023 2.4 Seleção dos estudos e calibração dos avaliadores O processo de seleção dos estudos seguiu as diretrizes PRISMA. Os resultados obtidos a partir da busca realizada nas bases de dados consultadas (Medline (PubMed), Embase, Scopus, Web of Sciences, Lilacs e Scielo) foram exportados para o software, gerenciador de referências, Endnote Web. Um banco de dados foi criado para facilitar o gerenciamento e a verificação de artigos em duplicata. Três revisores independentes: JVF, IGM e RSG, foram previamente treinados e calibrados através de cuidadoso treinamento com sessões de discussão acerca dos critérios de inclusão/exclusão para a análise dos estudos, por meio de uma rodada piloto deinclusão/exclusão, analisando título e resumo dos artigos obtidos na busca do PubMed (Medline). Caso o título e resumo, de determinado estudo, não fornecesse informação suficiente, este era lido integralmente. Garantida a calibração dos revisores, foi realizada a fase I da extração de dados, com base no título e resumo dos artigos. Nesse processo, houve um Kappa e consenso de 100% entre os avaliadores. 8 2.5 Seleção dos estudos e extração de dados Os revisores identificaram potenciais referências, de forma independente, com base nos critérios previamente estabelecidos e eliminaram estudos irrelevantes e literatura cinza. A lista de referências dos artigos incluídos foi verificada por todos os revisores, manualmente, para assegurar a inclusão de possíveis trabalhos relevantes a esse estudo. A extração dos dados e composição da tabela de características dos estudos inclui: título do artigo, autor, ano de publicação, periódico, especialidade da revista, tipo de estudo, número amostral, cidade, idade da amostra e resultados. Qualquer fonte de conflito, durante todo o processo, foi discutida até obtenção de um consenso. Cabe ressaltar que, todos os artigos incluídos foram encontrados e lidos pelos revisores. 2.6 Análise de qualidade Os artigos incluídos foram avaliados independentemente por três examinadores através do critério Joanna Briggs Institute. Cada estudo utilizou o checklist específico conforme o seu delineamento: transversal, série de casos ou relato de caso, caso controle, coorte, revisão sistemática e qualitativos (ANEXO II). Para todas as ferramentas há quatro possibilidades de respostas para cada pergunta: “sim”, “não”, “incerto”, “não aplicável”. Para avaliação foi observado a quantidade de respostas “sim” (+) para o estudo. O estudo foi considerado de baixa qualidade se obteve apenas três ou quatro respostas sim para os itens avaliados. Caso o estudo tenha obtido todas as respostas sim (+) foi considerado de alta qualidade. 3 RESULTADOS A estratégia de busca recuperou 461 artigos relacionando desfecho e preditor com crianças e adolescentes que apresentavam transtorno do espectro autista, sendo 51 duplicatas. Os três avaliadores independentes tiveram 100% de concordância e fizeram a extração dos dados de 12 estudos transversais, 1 série de casos, 2 estudos de coorte, 3 estudos autodenominados caso-controle, 1 qualitativo e 1 revisão sistemática como mostra o fluxograma. 9 Figura 1 - Fluxograma da busca na literatura e processo de seleção, adaptado das diretrizes PRISMA Fonte: Elaborado pelo autor (2023). A tabela 1 mostra as características dos artigos incluídos na revisão sistemática. Todos os estudos estão na língua inglesa, entre os anos de publicação 2007 e 2022. A maior parte dos estudos têm como desfecho primário cárie dentária e higiene bucal associada à saúde gengival. Os estudos possuem faixa etária mínima de 1 ano de idade e máxima de 25 anos de idade. Apenas 1 estudo não relata a idade dos participantes. Dos estudos que descrevem a faixa etária, observa-se que 8 estudos incluem bebês até 3 anos de idade, apenas 1 estudo não inclui escolares de 6 a 8 anos de idade e 16 estudos incluem adolescentes. Total de artigos identificados nas bases de dados (n =461) Pubmed (n =154) Embase (n=173) Scopus (n=126) Web of science (n=4) Lilacs (n=2) Scielo (n=2) Artigos removidos antes da avaliação: Artigos em duplicata (n =51) Artigos avaliados (n =410) Artigos excluídos com base em título e resumo (n =343) Artigos elegíveis para o estudo (n = 67) Artigos não obtidos (n =0) Reports avaliados para inclusão (n =67) Artigos excluídos: Não relacionados com a autismo, hábitos alimentares e dieta (n = 43) Fora da idade estabelecida (n = 4) Total de artigos inclusos na revisão (n =20) Transversais (n=12), Série de Casos (n=1) Coorte (n=2), Autodenominados caso-controle (n= 3) Qualitativo (n= 1) Revisão sistemática (n=1) Identificação de novos estudos através das bases de dados Id e n ti fi c a ç ã o A v a li a ç ã o In c lu s o s 10 3.1 Condição bucal A condição bucal mais frequente foi cárie dentária, seguida de saúde gengival ou doença periodontal, má oclusão, halitose, bruxismo e PH salivar. 3.1.1 Cárie dentária A prevalência de cárie foi maior em crianças autistas quando comparado com crianças típicas (Samat et al., 2021; Morales-chavez et al., 2017; Marshall et al., 2010; Alkhabuli et al., 2019; Hasan et al. 2020), entretanto, não foi consenso entre os estudos incluídos nesta revisão sistemática. 3.1.2 Doença periodontal Doença periodontal também apresentou maior ocorrência em crianças com TEA (Morales-chavez et al., 2017; Hasan et al., 2020; Alkhabuli et al., 2019) e halitose (Qiao et al., 2020). A maior parte dos estudos considerou o relato da higiene bucal dos participantes e observou-se que a má higiene bucal está diretamente relacionada com a frequência de escovação (Marshall et al., 2010) e falta de acesso odontológico especializado (Hasan et al., 2020; Onol et al., 2018; Qiao et al., 2020). 3.1.3 Halitose Apenas 1 estudo observou a relação entre halitose e pacientes com transtorno de espectro autista (Qiao et al., 2020). Halitose, maus hábitos de saúde, pior higiene bucal foram mais prevalentes em crianças autistas quando comparado com crianças neurotípicas. 3.1.4 Oclusão dentária e bruxismo dentário A maior prevalência de má oclusão também foi observada em crianças com TEA (Sahan et al., 2020; Leiva-Garcia et al., 2019). A revisão sistemática incluída demonstrou que crianças com TEA apresentaram maior prevalência de bruxismo quando comparado ao grupo controle e possuíam menor Ph salivar (Lam et al., 2020). 3.2 Impacto da dieta e hábitos alimentares nas condições bucais A dieta, hábitos alimentares e condição bucal, observou-se que não existe diferença de exposição de açúcar e ocorrência de cárie entre crianças atípicas e típicas (Moorthy et al., 2021). Entretanto, crianças com TEA apresentam mais problemas alimentares como seletividade alimentar e hábitos bucais persistentes (Samat et al., 2021; Leiva-garcia et al., 2019). 3.3 Avaliação de qualidade A avaliação de qualidade dos estudos pode ser observada nas tabelas 2, 3, 4 e 5 conforme o tipo de delineamento metodológico: transversal, coorte, revisão 11 sistemática e qualitativo. Apenas um estudo teve alta qualidade metodológica. A maior parte dos artigos foram considerados de baixa ou criticamente baixa qualidade. 12 Tabela 1 - Características dos estudos incluídos na revisão sistemática (n=20) Estudo Autor País Ano Revista Especialidade Tipo de estudo Amostral (n) Idade amostral (mín-máx) Desfecho primário Preditores Resultados e/ou Conclusões 1. Evaluation of oral health status and influential factors in children with autism Onol S et al Turqui a 2018 Niger J Clin Pract Odontopediat ria Transversal 237 6- 14 anos Condição bucal Determinadas escolas e idade, status socioeconômico, histórico médico, histórico odontológico, hábitos alimentares, maus hábitos e métodos de tratamento preferidos pelos pais das crianças Verifica-se que o estado oral das crianças com autismo é afetado negativamente por muitos fatores. Assim, os pais, os educadores, e os dentistas devem estar cientes deste fatos e encorajados a melhorar tal higiene oral das crianças e fornecer os cuidados dentários que necessitam. 2. Oral health status of chinese children with autism spectrum disorders Qiao Y et al China 2020 Front Psychiatry Psicologia Transversal 372 3- 16 anos Condição bucal (Halitose ehigiene bucal) Respiração bucal (p < 0.001) e morder objetos Halitose, maus hábitos de saúde, pior higiene bucal foram mais prevalentes em crianças autistas. E crianças autistas tem maior dificuldade no acesso à saúde. 3. Dietary sugar exposure and oral health stauts in children with autism spectrum disorder: a case- control study Moorthy L et al Índia 2021 J Autism Dev Disord. Odontopediat ria Transversal 136 5– 12 anos Condição Bucal (cárie dentária e higiene bucal) Práticas e comportamentos de higiene, comportamento relacionado à dieta, hábitos orais e odontológicos Não existe diferença quanto a exposição de açúcar e cárie dentária entre crianças típicas e atípicas. Entretanto, a prática de higiene bucal foi melhor em crianças autista, mas sua higiene bucal foi pior e apresentavam bruxismo. 4. Oral health characteristics of Sarnat H et al Israel 2016 J Clin Pediatr Dent. Odontopediat ria Transversal 47 3– 8 anos Condição bucal Informações sociodemográficas, estado Crianças autistas mostraram mais problemas alimentares e 13 preschool children with autistic syndrome disorder (cárie dentária e higiene bucal) de saúde geral, informações odontológicas (visita prévia ao dentista, hábitos alimentares, comportamento de higiene bucal, hábitos bucais e Escalas Comportamentais Adaptativas de Vinland (VABS). hábitos orais mais persistentes, mas nenhuma correlação com a saúde dental. A experiência de cárie das crianças autistas foi menor do que no grupo controle, mas sua saúde gengival mostrou-se boa. 5. Association Between Feeding Problems and Oral Health Status in Children with Autism Spectrum Disorder. Leiva- Garcia B et al Espanh a 2019 J Autism Dev Disord. Odontopediat ria Transversal 144 6– 18 anos mal oclusão Transtorno do espectro do autismo, comportamento nas refeições, odontopediatria, seletividade alimentar Crianças com TEA apresentaram maiores distúrbios comportamentais nas refeições, seletividade alimentar e maior prevalência de mal oclusões do que crianças com típicas 6. Oral Health Assessment of a Group of Children with Autism Disorder Morales- Chávez MC. Venez uela 2017 J Clin Pediatr Dent. Odontopediat ria Transversal 96 2– 16 anos Condição bucal (cárie dentária, higiene bucal e doença periodontal) Autismo, índice de cárie, índice simplificado de higiene bucal Crianças com TEA apresentam maior prevalência de cárie em dentes decíduos do que em permanentes, higiene precária e grande presença de cálculos. Os indicies de cárie não são maiores quando comparados ao grupo controle 7. Salivary antioxidants and oral health in children with autism. Rai K et al Índia 2012 Arch Oral Biol Odontopediat ria Transversal 151 6– 12 anos Condição bucal (cárie e higiene bucal) Autismo, antioxidantes salivares, saúde bucal Estado semelhante de cárie dentária foi observado em crianças com TEA e seus irmãos saudáveis, higiene oral deficiente e concentração 14 antioxidante salivar total reduzido 8. A Comparative Analysis of Chewing Function and Feeding Behaviors in Children with Autism. Sahan AK et al Turqui a 2020 Springer Nature Odontopediat ria Coorte 37 4– 12 anos mastigação/ má oclusão Sistema de Preparação de Cavidade Cinética (KCPS), Escala de Avaliação Alimentar Pediátrica Comportamental (BPFAS) Crianças com TEA tinham pior função na mastigação 9. Oral health and dental caries experience among students aged 7-15 years old with autism spectrum disorders in Tehran, Iran. Piraneh H et al Irã 2022 BMC Pediatr Odontopediat ria Transversal 217 7– 15 anos Higiene bucal Saúde bucal, transtorno autista, cárie dentária, higiene bucal O melhor estado de higiene oral está associado a maior frequência de escovação e menor consumo de doces. 10. Oral health status of children and adolescents with autism spectrum disorder: A systematic review of case-control studies and meta-analysis. Lam PP et al Hong Kong 2020 Autism. Odontopediat ria Revisão Sistemática 2691 1– 19 anos Condição bucal (bruxismo e Ph salivar) Transtorno do espectro do autismo, crianças e adolescentes, saúde bucal Maior prevalência de bruxismo e menor pH salival em indivíduos com TEA 11. Exploring Eating Challenges and Food Selectivity for Latinx Children with and without Autism Spectrum Disorder Floríndez Li et al Estado s Unidos 2021 Int J Environ Res Public Health Odontopediat ria Qualitativo 18 6– 12 anos Hábitos alimentares e condição bucal Transtorno do espectro do autismo, crianças, famílias, disparidades de saúde, latinxs, nutrição, higiene bucal, obtenção de fotos, qualitativo As descobertas do estudo indicam que o processo de tirar fotos ajudou os cuidadores Latinx a situar melhor as barreiras e comportamentos que influenciam as rotinas 15 Using Qualitative Visual Methodology: Implications for Oral Health. alimentares diárias dos seus filhos no contexto de sua saúde bucal geral 12. Caries-risk assessment and caries status of children with autism. Marshall J et al Estado s Unidos 2010 Pediatr Dent Odontopediat ria Transversal 99 2– 19 anos cárie dentária e higiene bucal Odontopediatria, cárie, autismo, avaliação de risco de cárie O autismo tem uma tendência ao aumento do risco de cárie, e menor higienização bucal. 13. Functional assessment and behavioural intervention for eating difficulties in children with autism: a study conducted in the natural environment using parents and ABA tutors as therapists. C.M. Gale et al Estado s Unidos 2011 J Autism Dev Disord Odontopediat ria Série de casos ou transversal 3 2– 5 anos higiene bucal Apresentação de alimentos Para todos os participantes, a aceitação de alimentos e higiene bucal melhoraram. 14. Do autistic children have higher levels of caries? A cross- sectional study in Namal N et al Turqui a 2007 J Indian Soc Pedod Prev Dent Odontopediat ria Transversal 363 6– 12 anos cárie dentária Autismo, cárie dentária, fatores de risco Crianças com TEA apresentaram indicie CPOD menor do que pacientes sem TEA, devido ao maior controle dos pais ao consumo de doces 15. Knowledge, attitude, and practice on oral Chaitanya Shree P, et al. Índia 2018 Drug invention today Odontopediat ria Transversal 65 Não especificado higiene bucal Autismo, cárie, atendimento odontológico, gengivite, Leo Kanner, o estilo de vida da criança com TEA está comumente associado a má higiene bucal 16 hygiene status in autistic children neuropsiquiátrico, higiene bucal 16. Oral hygiene practice and dental status of autistic children Hasan G.S, et al. Bangla desh 2020 Bangladesh Med Research Odontopediat ria Transversal 312 2– 13 anos Higiene bucal e situação odontológica Crianças autistas, estado de higiene oral, gengivite, má coordenação da língua O teste qui-quadrado mostrou associações significativas com o consumo dos participantes de ter mais alimentos moles, presença de sangramento papilar e presença de dentes cariados com seu estado de higiene bucal. 17. Oral heath status and treatment needs for children with special needs: A cross- sectional study Alkhabuli J.O.S, et al. Emirad os Árabes Unidos 2019 Pesq Bras Odontope Clín Int Odontopediat ria Transversal 59 3- 17 anos cárie e doença periodontal Cárie dentária, crianças deficientes, serviços de saúde para pessoas com deficiência Alta prevalência de cáriee doença periodontal 18. Oral Health Previntive Program in Patients with Autism Spectrum Disorder Carli E, et al. Itália 2022 Children (MDPI) Odontopediat ria Transversal 100 7- 16 anos higiene bucal Autismo, prevenção saúde bucal Os resultados mostraram que é possível levar a população pediátrica com TEA a um melhor estado de saúde oral com um programa específico de prevenção de saúde oral 19. Associations between diet, dietary and oral hygiene habits with caries occurrence and severity in children with autism at dammam city, Saudi Arabia Kotha S.B, , et al. Arábia Saudita 2018 Oppen Acess Macedonian Jounal of Medical Sciences Odontopediat ria Transversal Não relatado Idade média entre 5- 6 anos cárie dentária e higiene bucal TEA, autismo, dieta, hábitos alimentares, hábitos de higiene O consumo de açucares entre as refeições e o aumento da quantidade de açúcar por dia aumentaram a cárie dentária com resultados altamente significativos no estudo. Os hábitos de higiene também fizeram diferença na ocorrência 17 de cárie, porém, não significativamente. 20. Evaluation of the efficacy of a dental plaque control progam in autistic patients Dias G.G, et al Brasil 2010 J. of Autism and Developmental Disorders Periodontia Coorte 38 6- 25 anos doença periodontal e higiene bucal Autismo, OHI-S, higiene bucal, saúde bucal, placa dentária Houve melhoria estatisticamente significativa na higiene oral de pacientes com TEA, melhoria ainda maior em pacientes colaborativos Fonte: Elaborado pelo autor (2023). 18 Tabela 2 - Análise de qualidade dos estudos transversais segundo Joanna Briggs Institute Número do Estudo 1 2 3 4 5 6 7 8 Qualidade do estudo 1 + + + + - + + + ? 2 + + + + + - + + - 3 + + + + + + + + + 4 - - + + - - + + - 5 + + + + - - + + - 6 + + + + - - + + - 7 + + + + + - + + ? 9 + + + + - - + + - 12 - - + + - + + + - 13 + + + + - + + + ? 14 - + + - - + + + - 15 - - - - - + + - - 16 + + + - - + + + - 17 + + + + - + + + ? 18 + + + + - + + + ? 19 - - + + - + + + - Fonte: Elaborado pelo autor (2023). Legenda: Legenda para a qualidade do estudo: +: alta qualidade / -: criticamente baixa qualidade / ?: qualidade incerta (baixa ou moderada) Tabela 3 - Análise de qualidade dos estudos coorte segundo Joanna Briggs Intitute Número do estudo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Qualidade do estudo 8 + + + + - - + + + + + - 20 + + - - + + + + + + + - Fonte: Elaborado pelo autor (2023). Legenda: Legenda para a qualidade do estudo: + : alta qualidade / -: criticamente baixa qualidade / ?: qualidade incerta (baixa ou moderada) Tabela 4: Análise de qualidade da Revisão Sistemática segundo Joanna Briggs Intitute Número do estudo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Qualidade do estudo 10 + - + + + + + + + + + ? Fonte: Elaborado pelo autor (2023). Legenda: Legenda para a qualidade do estudo: + : alta qualidade / -: criticamente baixa qualidade / ?: qualidade incerta (baixa ou moderada) 19 Tabela 5 - Análise de qualidade do estudo Qualitativo segundo Joanna Briggs Intitute: Número do estudo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Qualidade do estudo 11 + - - + - + + + - + + ? Fonte: Elaborado pelo autor (2023). Legenda: Legenda para a qualidade do estudo: + : alta qualidade / -: criticamente baixa qualidade / ?: qualidade incerta (baixa ou moderada) 4 DISCUSSÃO Observa-se pouca literatura científica sobre o tema e a maior parte dos estudos são observacionais. Entretanto, é importante analisar o rigor metodológico das evidências científicas disponíveis, para auxiliar as tomadas de decisões e gerar dados importantes para a implementação de estratégias e programas de saúde focados nesta população vulnerável. Essa revisão sistemática foi conduzida com o intuito de avaliar a influência da dieta e dos hábitos alimentares na condição bucal em crianças e adolescentes com transtorno espectro autista. Observou-se que apenas um estudo apresentou alta qualidade metodológica e sua conclusão foi que não existe diferença de exposição de açúcar e ocorrência de cárie entre crianças atípicas e típicas (Moorthy et al., 2021). Isso talvez possa ser explicado pelo consumo de açúcar presente no cotidiano e enraizado na sociedade, principalmente nos hábitos alimentares dentro de um contexto urbano; A facilidade de encontrar produtos industrializados tem um valor simbólico agregado à publicidade que o produto in natura não possui. Alimentos e bebidas açucarados e ultra processados são reflexos da globalização na cultura alimentar e se tornou hábito social e status financeiro. Além disso, o gosto é “mais atrativo”, independentemente, da condição aquisitiva da criança. Mas cabe ressaltar que faltam estudos que avaliem a relação da seletividade alimentar e dos estereótipos e hábitos alimentares com a condição bucal de crianças e adolescentes com TEA. (Santos, 2019). Esta revisão sistemática encontrou apenas estudos que associam consumo de açúcar e doenças bucais. Mas um dado importante é que a frequência do consumo de açúcar provoca pior condição bucal, independente da faixa etária. Talvez, isso possa ser explicado pela exposição precoce do indivíduo ao consumo de açúcar. Alimentos açucarados são mais atrativos e muitas vezes de fácil acesso (Elamin et al., 2021). O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI) mostrou que a frequência de exposição ao açúcar chega a 87% em crianças de 2 aos 5 anos, expondo que a sobrecarga de açúcar na dieta desde cedo tem relação com aspectos culturais e está diretamente ligada à educação nutricional dos pais e responsáveis das crianças. Ainda, é sabido que cárie dentária é uma doença cumulativa e causada por uma dieta rica em açúcar que favorece uma disbiose da microbiota (Angarita-diaz et al., 2022). Faz-se interessante também citar a relação entre a condição bucal de crianças e adolescentes com TEA quando comparados com grupos controle. Foi observada maior ocorrência de cárie em crianças autistas quando comparado com crianças típicas (Sarnat et al., 2016; Morales-chavez et al., 2017; Marshall et al., 2010; Alkhabuli 20 et al., 2019), entretanto, alguns estudos não encontraram diferenças entre diferentes grupos populacionais (Namal et al., 2007; Rai et al., 2012) e outro observou menor prevalência da doença (Sarnat et al., 2016). Isso pode ser explicado pois os estudos sugerem que as crianças com TEA podem ter dificuldades em manter uma boa higiene bucal devido a problemas sensoriais e bucais, porém tanto crianças atípicas como típicas podem ter uma maior prevalência de cárie se não forem incentivadas e orientadas pelos pais ou responsáveis sobre a manutenção da higiene bucal, uma dieta equilibrada e visitas regulares ao profissional dentista. A mesma dificuldade de higienização pode explicar os achados sobre doença periodontal nesta revisão sistemática. A maior parte dos estudos considerou o relato da higiene bucal dos participantes e observou-se que a má higiene bucal está diretamente relacionada com a frequência de escovação e doença periodontal (Marshall et al., 2010; Alkhabuli et al., 2019; Hasan et al., 2020; Onol et al., 2018; Qiao et al., 2020). Mas é importante lembrar que o autorrelato sobre higienização pode causar um viés de memória ou viés de resposta nos estudos incluídos, com isso, esses dados devem ser analisados com cuidado. A prevalência de má oclusão também foi observada em crianças e adolescentes com TEA (Sahan et al., 2020; Leiva-garcia et al., 2019). Assim como a ocorrência de bruxismo e o menor PH salivar (Lam et al., 2020). Isso, pode ser explicado pela complexidade do diagnóstico e tratamento do bruxismo em pessoas neuroatípicas, principalmente em crianças, que possuem mais dificuldadeem realizar tratamentos odontológicos. Além disso, crianças com autismo podem apresentar dificuldades nas interações sociais e comunicação, provocando problemas de sono e ansiedade, e assim, consequentemente favorecendo o surgimento do bruxismo (Hanna Lmo et al. 2022). Outro fator importante é que crianças com TEA apresentam menor PH salivar (Lam et al., 2020). Sugere-se que essas crianças podem ter uma resposta salivar reduzida, o que levaria a um menos PH salivar, no entanto, as causas exatas dessas alterações ainda não são completamente compreendidas devido a limitação da coleta salivar (Jankasova et al., 2021). Cabe ressaltar que dos 20 artigos, 7 artigos apresentaram qualidade incerta (moderada ou baixa) (Onol et al., 2018; Rai et al., 2012; Lam et al., 2020; Sahan et al., 2020; Gale et al., 2011; Alkhabuli et al., 2019; Carli et al., 2022) e 12 estudos demonstraram qualidade criticamente baixa (Floríndez et al., 2021; Qiao et al., 2020; Sarnat et al., 2016; Leiva-garcia et al., 2019; Morales-chávez, 2017; Piraneh et al., 2022; Marshall et al., 2010; Namal et al., 2007; Chaitanya Shree et al., 2018; Hasan et al., 2020; Kotha et al., 2018; Dias et al., 2010), segundo o checklist Joanna Briggs Institute conforme cada delineamento do estudo. O JBI foi o instrumento utilizado no presente estudo, com o objetivo de qualificar criticamente os estudos. A ferramenta tem robusto e adequado método de avaliação para diferentes desenhos metodológicos e foi preterida ao NOS (Cochrane risk-of-bias tool), que foca seus critérios de análise, em estudos transversais e casos controles apenas. Além disso, foi observada uma tendência na adoção do JBI como ferramenta de avaliação de qualidade metodológica em outros estudos publicados na área médica e odontológica. Dentre os 20 estudos, apreciados neste trabalho, foram encontradas diferentes metodologias, o que dificulta a análise dos dados e interpretação dos resultados. A variável desfecho apresentou diferentes métodos de observação e avaliação, diferença do tamanho amostral e a localidade onde os estudos foram 21 realizados provocando uma heterogeneidade das evidências e na metodologia proposta pelos estudos. Além disso, cabe ressaltar não padronização da idade das crianças para a coleta de dados dos estudos. A diferença entre as idades amostrais pode inferir na análise como um efeito confundidor, porque a idade é um fator importante na determinação do efeito da dieta e hábitos alimentares em crianças de diferentes faixas etárias. Além disso, a única Revisão Sistemática (Lam et al., 2020) incluída nesta pesquisa, não avaliou dieta e hábitos bucais associados à condição bucal de crianças TEA. Mas observou a prevalência de bruxismo e menor pH salivar em indivíduos com TEA. Outra limitação é a que esta revisão sistemática não avaliou a literatura cinzenta. Isso, pode gerar uma limitação, pois sé sabido que estudos com resultados estatisticamente significativos têm mais probabilidade de serem publicados, enquanto estudos com resultados negativos podem não ser relatados, introduzindo viés. Entretanto, os estudos não publicados na literatura podem conferir problemas metodológicos, o que os excluiria da análise. Além disso, outra limitação do nosso trabalho se refere a heterogeneidade entre os estudos incluídos, que dificultou a combinação dos resultados de forma significativa, não conseguindo fazer a metanálise. Por outro lado, é importante ressaltar que essa é a primeira revisão sistemática que avalia a influência da dieta e dos hábitos alimentares na condição bucal de crianças e adolescentes com TEA. Neste contexto, os achados podem auxiliar os cirurgiões dentistas na orientação da dieta e hábitos alimentares, assim como orientar sobre a condição bucal da criança/adolescente com TEA, facilitando a abordagem de acordo com as necessidades individuais do paciente. Além disso, esses dados são importantes para direcionar novas pesquisas relacionadas ao tema e orientar a elaboração de estratégias de promoção de saúde e políticas públicas destinadas a essa população vulnerável. Assim como a criação de guidelines sobre prevenção e promoção de saúde. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta revisão sistemática verificou que não há diferença entre frequência de ingestão de açúcar e cárie dentária em crianças e adolescentes com TEA quando comparados com indivíduos típicos. Entretanto, crianças com TEA apresentam maior seletividade alimentar e hábitos bucais. A condição bucal demonstra necessidade de um atendimento especializado, para diminuir a prevalência de cárie, doença periodontal, má oclusão e bruxismo. Entretanto, é importante a realização de estudos longitudinais e ensaios clínicos para estabelecer causalidade e obter dados robustos sobre o tema. 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Use fonte Times New Roman de 12 pontos. Numere todas as páginas consecutivamente, a partir da página de título. Inclua números de linha para facilitar a referência durante o processo de revisão. 2. Página de Título: A página de rosto deve conter o tipo de artigo, o título do manuscrito, a lista de todos os autores com suas afiliações e os dados de contato do autor correspondente (endereço de e-mail e telefone). Forneça um título curto de menos de 50 caracteres. Exemplo: Tipo de artigo Título do manuscrito por Nome do Autor1, Nome do Autor2*, Nome do Autor3, Nome do Autor4, Nome do Autor5, ... 1Departamento/Instituição/Universidade, Cidade, Estado, País. 2Departamento/Instituição/Universidade, Cidade, Estado, País. 3Departamento/Instituição/Universidade, Cidade, Estado, País. 4Departamento/Instituição/Universidade, Cidade, Estado, País. 5Departamento/Instituição/Universidade, Cidade, Estado, País. ... *Autor Correspondente: Nome Completo, Departamento/Instituição/Universidade, Cidade, Estado, País. Telefone & E-mail. 3. Resumo e Palavras-chave: https://www.gavinpublishers.com/journals/authorsguidelines/archives-of-pediatrics-issn-2575-825x https://www.springer.com/journal/431/submission-guidelines27 Inclua um resumo informativo de no máximo 250 palavras que resuma os principais objetivos, métodos, resultados e conclusões do estudo. Forneça uma lista de 4 a 6 palavras-chave que melhor representam o conteúdo do manuscrito. 4. Introdução: Indique claramente os objetivos da pesquisa e o problema que está sendo abordado. Fornecer uma breve visão geral da literatura relevante na área. 5. Materiais e Métodos: Descreva detalhadamente o desenho do estudo, os procedimentos de coleta de dados e os métodos experimentais. Incluir informações suficientes para permitir a reprodutibilidade do estudo. Se o seu artigo for Relato de Caso Apresentação do caso: A apresentação do caso deve incluir informações demográficas do paciente, história clínica, sintomas de apresentação e achados do exame físico. Quaisquer resultados relevantes de exames laboratoriais, radiográficos ou outros testes de diagnóstico também devem ser incluídos. 6. Resultados: Apresente os resultados em uma sequência lógica usando tabelas e figuras quando apropriado. Evite duplicar informações já apresentadas nas tabelas ou figuras do texto principal. 7. Discussão: Interpretar os achados e relacioná-los com o conhecimento existente na área. Discuta as implicações e o significado dos resultados. Destacar limitações e sugerir direções de pesquisas futuras. 8. Conclusão: Resuma os principais achados de forma concisa e forneça uma conclusão clara. 9. Agradecimentos: Reconhecer indivíduos ou organizações que contribuíram para a pesquisa, mas não atendem aos critérios de autoria. 10. Considerações éticas: Se aplicável, fornecer declarações sobre aprovação ética e consentimento informado para estudos envolvendo seres humanos ou animais. 11. Conflito de Interesses: Divulgar quaisquer potenciais conflitos de interesse que possam influenciar os resultados ou interpretações do manuscrito. 12. Referências: Cite todas as fontes com precisão e liste-as em ordem alfabética usando o estilo de citação preferido (por exemplo, APA, MLA, Harvard). Certifique-se de que todas as referências mencionadas no texto sejam incluídas na lista de referências. 13. Submissão de Manuscritos: Submeta o manuscrito através de nosso sistema de submissão on-line ou via e-mail, conforme instruções em nosso site. 14. Processo de Revisão e Publicação: Todos os manuscritos submetidos passam por rigorosa revisão por pares por especialistas na área. Os autores serão notificados sobre a decisão de aceitação, rejeição ou revisão com base no feedback dos revisores. https://www.gavinpublishers.com/journals/submitmanuscriptform/archives-of-pediatrics-issn-2575-825x https://www.gavinpublishers.com/journals/peerreviewprocess/archives-of-pediatrics-issn-2575-825x 28 Ao seguir essas diretrizes, você nos ajudará a agilizar o processo de revisão e melhorar a qualidade de nossas publicações. Agradecemos sua adesão a essas instruções e esperamos receber sua valiosa contribuição. 29 ANEXO II – Check List Joanna Briggs Institute Estudo Transversal e Série de casos Estudo Caso Controle 30 Estudo Coorte 31 Revisão Sistemática 32 Qualitativo 33 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus familiares que me proporcionaram sempre o melhor possível, e contribuíram, orgulhosamente, com a formação dos meus valores ao longo desses anos. Especialmente a minha amada mãe, Rosilene Gondim, que com completo amor, dedicação, incentivo, confiança e investimento me fez concluir a minha graduação em odontologia. À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por proporcionar uma experiência de evolução pessoal e profissional, através de toda organização e estrutura de excelência presente na Instituição durante a graduação. Ao Departamento de Odontologia que junto a Universidade, através de grande competência e precisão, foram capazes de me capacitar quanto a habilidades técnicas, críticas e humanas que um profissional da área da Saúde precisa. Á minha orientadora, profa. Dra. Isabelita Duarte Azevedo pela disponibilidade e dedicação, tanto nas disciplinas que ministrou durante a graduação, quanto na pesquisa acadêmica, mesmo em uma rotina bastante atarefada, sendo sempre solícita e presente durante a minha formação, como uma referência da Odontopediatria, nas disciplinas de Clínica Infantil, como no encerramento desse ciclo de graduação com o Trabalho de Conclusão de Curso. Aos co-orientadores (as), profa. Dra. Renata Saraiva Guedes, pelo total apoio, dedicação e ajuda para realização desse trabalho, estando comigo também juntamente desde as disciplinas de Clínica Infantil da graduação, sempre com um sorriso no rosto e palavras de motivação que me ajudaram a chegar até aqui, sou muito grato em tê-la conhecido nesse caminho e há tenho referência de grande pessoa, docente e pesquisadora. Ao co-orientador e colega de elaboração do trabalho Ítalo Gustavo, que sempre muito dedicado, prestativo e solicito ao longo do trabalho, enriqueceu esse estudo com detalhes e informações esclarecedoras, mostrando-se academicamente exemplar e diferenciado. À integrante da minha banca de avaliação, profa. Dra. Patrícia Bittencourt pela disponibilidade e atenção em contribuir para melhoria desse trabalho, também fazendo parte da minha formação e sendo exemplo de profissional de excelência que me espelho em seguir. Aos meus colegas de curso em especial a minha dupla, Arthur Araújo, pelo companheirismo, entendimento e completa parceria durante a graduação. Á minha namorada, Hislannia Praça, por toda paciência, demonstração de amor e acolhimento durante essa jornada. Por fim, agradeço a todos os meus amigos e familiares que de alguma forma contribuíram para minha formação e fizeram com que esse momento fosse possível. O auxílio e contribuição de vocês fez com que eu pudesse concluir esse ciclo tão sonhado e importante da minha vida.
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