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Acaoneuroprotetoraayahuasca_Batista_2023


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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO 
NORTE 
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS 
DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA 
PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ESTRUTURAL 
E FUNCIONAL 
 
 
 
LÍLIAN ANDRADE CARLOS DE MENDONÇA 
 
 
 
AÇÃO NEUROPROTETORA DA AYAHUASCA NO CÓRTEX PRÉ-FRONTAL 
DE SAGUIS (Callithrix jacchus) INDUZIDOS A UM ESTADO DEPRESSIVO 
 
 
 
 
 
Dissertação de mestrado apresentada à Pós-
Graduação em Biologia Estrutural e 
Funcional da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte como pré-requisito para 
obtenção do título de Mestre. 
 
 
 
 
NATAL 
2023 
LÍLIAN ANDRADE CARLOS DE MENDONÇA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AÇÃO NEUROPROTETORA DA AYAHUASCA NO CÓRTEX PRÉ-FRONTAL 
DE SAGUIS (Callithrix jacchus) INDUZIDOS A UM ESTADO DEPRESSIVO 
 
 
 
 
 
Dissertação de mestrado apresentada à Pós-
Graduação em Biologia Estrutural e 
Funcional da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte como pré-requisito para 
obtenção do título de Mestre. 
 
 
 
 
ORIENTADOR: PROF. DR. FERNANDO VAGNER LOBO LADD 
CO-ORIENTADORA: PROFª. DRª. NICOLE LEITE GALVÃO-COELHO 
 
 
 
 
NATAL 
2023 
 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - ­Centro de Biociências - CB 
 
 Mendonça, Lílian Andrade Carlos de. 
 Ação neuroprotetora da ayahuasca no córtex pré-frontal de saguis 
(Callithrix jacchus) induzidos a um estado depressivo / Lílian Andrade 
Carlos de Mendonça. - 2023. 
 61 f.: il. 
 
 Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, Centro de Biociências, Programa de Pós-graduação em Biologia 
Estrutural e Funcional. Natal, RN, 2023. 
 Orientação: Prof. Dr. Fernando Vagner Lobo Ladd. 
 Coorientação: Profa. Dra. Nicole Leite Galvão-Coelho. 
 
 
 1. Transtorno depressivo maior - Dissertação. 2. Sagui - 
Dissertação. 3. Córtex pré-frontal - Dissertação. 4. Ayahuasca - 
Dissertação. 5. Estereologia - Dissertação. I. Ladd, Fernando Vagner 
Lobo. II. Galvão-Coelho, Nicole Leite. III. Título. 
 
RN/UF/BSCB CDU 616.895.4 
 
 
 
 
 
Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho ao meu avô e “pai”, in 
memoriam, o Sr. Paulino Luiz da Silva, que 
é o meu maior exemplo de integridade e de 
humanidade. 
AGRADECIMENTOS 
 
 Nesse momento uma frase fica muito forte em minha mente: “E ao olhar pra trás, 
tudo que passou, venho agradecer quem comigo estava, ergo minhas mãos pra reconhecer, 
e hoje sou quem sou.”. Ergo as mãos em agradecimento ao meu Senhor, Jeová Rafah, que 
me fortaleceu em cada momento do desenvolvimento dessa pesquisa. Agradeço ao meu 
grande amor, meu esposo Reginaldo, um homem forte e batalhador, que com todas as 
suas limitações, quando falávamos de estudo, ele sempre esteve junto, apoiando e nunca 
deixando o nome “desistência” vir à minha cabeça; aos meus filhos amados, Ane 
Gabriele, Isabel e Guilherme, que foram meus grandes apoiadores, meus grandes 
incentivadores, suportando a ausência e a ansiedade que me acompanharam em alguns 
momentos. 
 Agradeço à minha mamãe, Dona Josete, a mulher mais guerreira que já conheci na 
vida, que me ensinou o valor do estudo e o quanto através dele podemos alcançar todos 
os nossos sonhos, e por quem entrei nessa linha de pesquisa. Assim como, pessoas 
importantes para mim, familiares que testemunharam e vibraram a cada conquista, minha 
tia Judite, minhas irmãs, Luciana e Viviane, meus cunhados, Adriano e Gustavo, vocês 
fizerem toda a diferença nessa caminhada. Agradeço também à minha família cristã, Pr. 
Jackson, Pra. Kelly, Lidiany, Betinho, Elenice e Júlio, não temos o sangue para nos 
aproximar, mas temos o amor em Cristo Jesus, e esse amor foi a energia que precisava 
nessa caminhada. 
 Agradeço ao meu querido Prof. Fernando, que me aceitou como aluna, que me deu 
todo amparo que precisava, foram dias bem difíceis, uma pandemia no meio do caminho, 
recursos reduzidos, mas ele nunca “deixou a peteca cair”, sempre elevando minha 
capacidade e sempre me deixando tranquila de que tudo iria dar certo; à minha Profª. 
Nicole, que também me aceitou como aluna, mesmo estando em outro programa, a todo 
tempo me encheu de conhecimento, incentivou-me a seguir em frente, com uma mente 
futurista incrível, infelizmente a redução dos recursos nos limitou, mas nos mantivemos 
firmes. 
 No caminho, diversas pessoas incríveis o cruzaram, fizeram toda a diferença, seja 
estando juntos na pesquisa, ou apenas fortalecendo com suas amizades. A biomédica Ana 
Cláudia, hoje distribuindo seus conhecimentos em outro país, foi uma pessoa essencial 
durante toda a pesquisa, meu braço direito, esquerdo... enfim, agradeço demais quem 
começou como apoio e terminou como uma grande amiga. Todos do laboratório ELISA, 
Raíssa, Cecília, Ana Cecília, Mariana, Lara, Geovan e Érick, só posso agradecer, foram 
incentivadores, apoiadores, além disso, presentearam-me com sua amizade, todos sem 
exceção, seja torcendo, ajudando em conhecimento, compartilhando informações, 
ajudando na estatística, ou seja, uma verdadeira equipe. A todos do LABNEURO, Prof. 
Expedito, Prof. Ruthnaldo, Prof. Judney, Profª. Miriam, Regina (hoje aposentada), todos 
muito solícitos em me passar conhecimento, tirando dúvidas sobre as técnicas 
empregadas, dando sugestões para melhorar o trabalho, fui inundada de apoio neste 
laboratório. 
 Agradeço imensamente a Profª. Christina, atual coordenadora do PPGBioEF, por 
ter me amparado durante esses últimos anos, logo no período da pandemia, onde tudo 
parecia que ia dar errado, ela veio com sua mão forte, fazendo-me acreditar que tudo daria 
certo. Aos colaboradores do Núcleo de Primatologia da UFRN, Hugo, Laura e o 
veterinário Prof. Danilo, que fizeram muito mais do que cumprir seu papel, foram 
essenciais nos momentos iniciais da pesquisa; principalmente a Laura que já era minha 
colega de faculdade e se tornou uma grande amiga, mesmo antes de fazer a prova para 
entrar no programa, foi minha incentivadora e ainda me encheu de material para estudar, 
uma pessoa extremamente altruísta. 
 Agradeço aos colaboradores do Instituto Internacional Santos Dumont, Prof. Dr. 
Felipe Fiuza, Diego, até o recepcionista, sempre fui muito bem recebida e orientada muito 
bem no uso dos equipamentos. A colaboradora do ICE (Instituto do Cérebro), Juliana, 
que além de ser uma pessoa incrível, foi extremamente colaborativa no uso do 
equipamento para estereologia, sua doçura e humildade foram acalentadores durante uma 
fase bem difícil desse trajeto. A pessoa que se tornou mais que colega de trabalho e de 
profissão, Prof. Dr. Bruno, que me ensinou muito, foi um verdadeiro orientador em 
estatística, além de um grande amigo. Por fim, não menos importante, agradeço aos meus 
colegas de programa, Anne, Erick, Heloísa, Ivana, Rafael e Sóstenes, juntos nos apoiamos 
nos dias mais difíceis de nossas vidas, contudo nos mantivemos firmes e chegamos ao 
êxito. 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
RESUMO.......................................................................................................................... 8 
ABSTRACT.................................................................................................................... 10 
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 12 
2. REVISÃO TEÓRICA ................................................................................................. 12 
2.1 – Neurobiologia da Depressão ............................................................................. 12 
2.2 – Neuroanatomia do córtex pré-frontal (CPF)...................................................... 15 
2.3 – Modelo animal experimental..............................................................................16 
2.4 – Ação biológica da Ayahuasca............................................................................ 17 
2.5 – Importância do delineamento estereológico....................................................... 19 
3. OBJETIVOS............................................................................................................... 22 
3.1. Gerais................................................................................................................... 22 
3.2. Específicos........................................................................................................... 22 
4. MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................ 23 
4.1. Animais............................................................................................................... 23 
4.2. Desenho Experimental......................................................................................... 23 
4.3. Tratamento – Ayahuasca...................................................................................... 25 
4.4. Registro Comportamental.................................................................................... 25 
4.5 - Parâmetro fisiológico do estado depressivo........................................................ 27 
4.6. Delineamento estereológico................................................................................ 27 
4.6.1. Amostragem e Técnica Histológica............................................................. 27 
 4.6.2. Volume Referência das subáreas do Córtex Pré-frontal Total (VCPF)......... 30 
 4.6.3. Número Total de Neurônios nas diferentes subáreas do Córtex Pré-frontal 
(NCPF).............................................................................................................................. 30 
 4.6.4. Volume Médio Neuronal (NVCPF)............................................................... 32 
4.7. Análise Estatística................................................................................................ 33 
5. RESULTADOS........................................................................................................... 34 
5.1. Dados da caracterização do estado depressivo..................................................... 34 
5.1.1. Dados comportamentais............................................................................ 34 
5.1.2. Dados fisiológicos..................................................................................... 35 
5.2. Dados morfoquantitativos.................................................................................... 35 
 5.2.1. Dados do Volume total (VCPF)...................................................................... 35 
 5.2.2. Número Total de Neurônios (NCPF).............................................................. 36 
 5.2.3. Volume Médio Neuronal (NVCPF)................................................................ 39 
5.3. Análise Multivariada Discriminante.................................................................... 41 
6. DISCUSSÃO............................................................................................................... 43 
7. CONCLUSÕES........................................................................................................... 49 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 50 
9. Anexo I........................................................................................................................ 60 
10. Anexo II..................................................................................................................... 61 
 
9 
 
RESUMO 
O Transtorno depressivo maior pode se apresentar em episódio único ou recorrente, 
podendo durar dias, sendo os sintomas diversos que influenciam nas relações do 
cotidiano. Uma das principais causas para esse transtorno é o estresse crônico, e a resposta 
biológica a esses estressores que pode ocasionar uma desregulação na fisiologia humana. 
Nosso grupo objetiva identificar a competência neuroprotetora da Ayahuasca nos 
aspectos comportamentais e morfoquantitativos no córtex pré-frontal de saguis 
(Callithrix jacchus) submetidos a um protocolo de estresse crônico induzido. Foram 
utilizados 4 machos e 4 fêmeas, alocados em 3 grupos, sendo 02 no grupo família (GF), 
02 no grupo isolado (GI) e 04 no grupo tratado (GT), todos selecionados de forma 
aleatória. Selecionamos espécimes com idade entre 7 e 9 meses de vida. O registro 
comportamental foi colhido pelo método de amostragem focal contínua, coletando 
frequência e/ou duração de comportamentos. Uma fração (1/6) das seções obtidas, a partir 
da microtomia do encéfalo, foram submetidas a coloração histológica com técnicas de 
Nissl. Para a estimativa dos parâmetros morfoquantitativos foi utilizada a estereologia, 
técnica de quantificação histológica tridimensional. Dentre os comportamentos, não 
constatamos diferenças significativas entre os grupos na fase experimental, exceto na 
ingestão de alimento (H(2) = 6,00, p = 0,050). Quanto ao volume total do córtex pré-
frontal (CPF), não foi encontrada diferença significante entre grupos (H(2) = 3,00, p = 
0,223). No que diz respeito a densidade neuronal, visualmente apresentava ser mais 
intensa no GF e GT em comparação ao GI nas três áreas do córtex pré-frontal 
selecionadas. Com relação ao volume médio neuronal do córtex pré-frontal medial (VN-
mCPF), encontramos diferença significativa entre grupos (H(2) = 5,37, p = 0,057); no 
volume médio neuronal do córtex pré-frontal dorsolateral (VN-dlCPF), não encontramos 
diferença significante entre grupos (H(2) = 3,81, p = 0,098); no volume médio neuronal 
do córtex pré-frontal ventral (VN-vCPF), foi encontrada diferença significativa entre 
grupos (H(2) = 7,75, p = 0,029). Nesse estudo observamos uma redução sutil no volume 
do córtex pré-frontal do sagui quando comparamos o GF com o GI, o que pode ser 
corroborado por alguns comportamentos, dependentes do comando social, que também 
apresentaram redução. No mCPF e no dlCPF observamos uma redução de em média 25% 
na densidade neuronal quando comparamos o GF com o GI. Quando comparado o GF 
com o GT observamos similaridade nas quantidades. A atrofia de neurônios do córtex 
pré-frontal é associado a transtornos depressivos e ansiedade, esta característica foi 
identificada em saguis do GI das três regiões do CPF (medial, dorsolateral e ventral), 
10 
 
sugerindo ser um marcador do estado depressivo. Avaliamos que no GT o volume 
neuronal é similar ao GF, dados encontrados nas três regiões do CPF. Estes resultados 
apontam que a Ayahuasca apresenta ação neuroprotetora na manutenção do número de 
neurônios e no volume neuronal impedindo a atrofia característica no contexto da 
depressão. Por fim, o tratamento profilático da Ayahuasca pode ajudar na proteção do 
córtex pré-frontal e isso é um ganho para a população mundial que sofre cada vez mais 
com essa doença. 
 
Palavras-chave: Transtorno depressivo maior, Sagui, Córtex pré-frontal, Ayahuasca, 
Estereologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
ABSTRACT 
Major depressive disorder can present as a single or recurrent episode, lasting days, with 
different symptoms influencing everyday relationships. One of the main causes of this 
disorder is chronic stress, and the biological response to these stressors can cause 
dysregulation in human physiology. Our group aims to identify the neuroprotective 
competence of Ayahuasca in behavioral and morphoquantitative aspects in the prefrontal 
cortex of marmosets (Callithrix jacchus) subjected to an induced chronic stress protocol. 
4 males and 4 females were used, allocated into 3 groups, 02 in the family group (GF), 
02 in the isolated group (GI) and 04 in the treated group (GT), all selected randomly. We 
selectedspecimens aged between 7 and 9 months of age. The behavioral record was 
collected using the continuous focal sampling method, collecting frequency and/or 
duration of behaviors. A fraction (1/6) of the sections obtained from the brain microtomy 
were subjected to histological staining using Nissl techniques. To estimate the 
morphoquantitative parameters, stereology, a three-dimensional histological 
quantification technique, was used. Among the behaviors, we did not find significant 
differences between the groups in the experimental phase, except in food intake (H(2) = 
6.00, p = 0.050). Regarding the total volume of the prefrontal cortex (PFC), no significant 
difference was found between groups (H(2) = 3.00, p = 0.223). With regard to neuronal 
density, it visually appeared to be more intense in GF and GT compared to GI in the three 
selected areas of the prefrontal cortex. Regarding the mean neuronal volume of the medial 
prefrontal cortex (VN-mCPF), we found a significant difference between groups (H(2) = 
5.37, p = 0.057); in the mean neuronal volume of the dorsolateral prefrontal cortex (VN-
dlCPF), we found no significant difference between groups (H(2) = 3.81, p = 0.098); in 
the mean neuronal volume of the ventral prefrontal cortex (VN-vCPF), a significant 
difference was found between groups (H(2) = 7.75, p = 0.029). In this study, we observed 
a subtle reduction in the volume of the marmoset's prefrontal cortex when comparing the 
GF with the GI, which can be corroborated by some behaviors, dependent on social 
command, which also showed a reduction. In the mCPF and dlCPF we observed an 
average reduction of 25% in neuronal density when comparing the GF with the GI. When 
comparing GF with GT we observed similarity in quantities. The atrophy of neurons in 
the prefrontal cortex is associated with depressive and anxiety disorders. This 
characteristic was identified in marmosets from the GI region of the three regions of the 
PFC (medial, dorsolateral and ventral), suggesting that it is a marker of the depressive 
state. We assessed that in GT the neuronal volume is similar to GF, data found in the three 
12 
 
regions of the PFC. These results indicate that Ayahuasca has a neuroprotective action in 
maintaining the number of neurons and neuronal volume, preventing the atrophy 
characteristic in the context of depression. Finally, prophylactic Ayahuasca treatment can 
help protect the prefrontal cortex and this is a benefit for the world population that is 
increasingly suffering from this disease. 
 
Key words: Major depressive disorder, Marmoset common, Prefrontal cortex, 
Ayahuasca, Stereology. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
1. INTRODUÇÃO 
O transtorno depressivo maior (TDM) é uma doença mental comum, e qualquer pessoa 
pode ser acometida por essa enfermidade (WHO, 2023). Calcula-se que cerca de 3,8% da 
população mundial sofra de depressão, sendo jovens e mulheres os mais atingidos (WHO, 
2023). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) no primeiro ano da 
pandemia houve um aumento de 25% de prevalência global de ansiedade e depressão 
(2022). 
Esta é uma das consequências do COVID-19, onde vários países instalaram, como 
medidas de prevenção, o distanciamento social, levando diversas pessoas a viverem por 
meses sem relacionamentos interpessoais, e crianças, adolescentes e jovens tiveram que 
se afastar do convívio escolar (OMS, 2022). Estes fatores sociais, combinados a 
alterações psicológicas e biológicas levaram ao aumento do número de pessoas que 
apresentaram esse transtorno, entre outros (WHO, 2023). O Brasil ocupa o segundo lugar 
em número de pessoas diagnosticadas com transtorno depressivo nas Américas, com 
5,8% da população acometida com a doença (OPAS, 2020). 
O TDM pode se apresentar em episódio único ou recorrente, podendo durar dias, sendo 
os sintomas diversos que influenciam nas relações do cotidiano (JESULOLA et al., 2018; 
WHO, 2023). Pessoas que sofrem traumas causados por adversidades na vida têm maior 
probabilidade de desenvolver a depressão, sendo mais comum em mulheres, cerca de 50% 
a mais que em homens (WHO, 2023). Os jovens apresentam maior incidência de 
comportamentos suicidas e de automutilação, sendo o quarto principal motivo de morte 
de 15 a 29 anos, por suicídio (MORGAN et al., 2013; WHO, 2023). Esses números 
alarmantes impulsionam a comunidade científica a intensificar os estudos para 
compreender como esse transtorno se desenvolve, quais alterações biológicas emanam 
para seu surgimento ou a partir dele, e a busca por tratamentos alternativos, além dos 
farmacológicos. 
 
2. REVISÃO TEÓRICA 
2.1 – Neurobiologia da Depressão 
Proveniente da melancolia, já descrita na Idade Média, o TDM é identificado por um 
aumento no sentimento de tristeza e um “vazio”, caracterizado pela medicina como um 
transtorno de humor, de acordo com o ICD – International Classification of Diseases – 
em sua décima primeira edição (2018). Uma das principais causas para esse transtorno é 
o estresse crônico, e a resposta biológica a esses estressores pode ocasionar uma 
14 
 
desregulação na resposta humana (POPOLI et al., 2012; WILLNER et al., 2013; DEAN 
& KESHAVAN, 2017; DA SILVA et al., 2018; GODOY et al., 2018; BORTOLOZZI et 
al., 2021; GRILO et al., 2022). Alguns eventos adversos da vida infantil podem ocasionar 
o desenvolvimento do TDM no jovem ou adulto, assim como ocorrências impactantes na 
vida adulta podem gerar episódios depressivos, ou subsequente evolução da doença 
(POPOLI et al., 2012; BARCH, 2013; WILLNER et al., 2013). 
As alterações e distúrbios acarretam sintomas característicos, que podem ser psíquicos 
com acentuada diminuição do interesse ou prazer (anedonia), agitação ou retardo motor 
e capacidade diminuída para pensar ou se concentrar (DSM-V, 2014; PALHANO-
FONTES et al., 2014; DEAN & KESHAVAN, 2017; DA SILVA et al., 2018; 
JESULOLA et al., 2018). Também podem ser fisiológicas como o ganho ou perda 
significativa de peso, insônia ou hipersonia, fadiga ou perda de energia, além de sintomas 
comportamentais como o humor deprimido, sentimentos de inutilidade ou culpa, e 
pensamentos recorrentes de morte (WILLNER et al., 2013; DSM-V, 2014; PALHANO-
FONTES et al., 2014; JESULOLA et al., 2018). Como critério para o diagnóstico, é 
necessário que cinco dos sintomas descritos acima sejam recorrentes por duas semanas, 
sendo obrigatório a presença de pelo menos um, o humor deprimido ou perda de interesse 
ou prazer (DSM-V, 2014). Atualmente pessoas que possuem TDM tem 20 vezes mais 
chance de cometer suicídio do que aquelas que compõem a população em geral (OMS, 
2022). 
Por décadas a fisiopatologia da depressão foi explicada pela diminuição dos níveis 
sinápticos de serotonina, dopamina e norepinefrina, que são monoaminas do grupo das 
aminas biogênicas, e que são consideradas como “substância do prazer”, essa ainda é a 
causa mais aceita (GEBHARD et al., 1995, ARNSTEN, 2000; SHELINE, 2003; 
BARBAS, 2009; PALHANO-FONTES et al., 2014; DEAN & KESHAVAN, 2017; DA 
SILVA et al., 2018; BAREBOIM, 2020; BORTOLOZZI et al., 2021). Esses 
neurotransmissores têm atuação na liberação de hormônios, na regulação do sono e do 
apetite e quando desregulados levam a alterações biológicas com sintomas 
correspondentes aos descritos por pacientes deprimidos (GEBHARD et al., 1995; 
ARNSTEN, 2000; WILLNER et al., 2013; DA SILVA et al., 2018). Além disso, estudos 
comprovaram que pacientes que descreviam tais sintomas também apresentaram redução 
dos níveis de serotonina nas fendas sinápticas (WILLNER et al., 2013; DEAN & 
KESHAVAN, 2017). Nestes casos, os pacientes são tratados com antidepressivos 
farmacológicos, como os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS) e 
15 
 
Inibidores de Recaptação de Serotonina-Norepinefrina (IRSN), que atuam na expansão 
de receptores monoaminérgicos(ARNSTEN, 2000; JACOBS et al., 2000; WILLNER et 
al., 2013; PALHANO-FONTES et al., 2014; HARMER et al., 2017; DA SILVA et al., 
2018; GALVÃO et al., 2018; BARENBOIM, 2020; KAWATAKE-KUNO et al., 2021). 
Contudo, estudos da última década mostraram que o estresse crônico pode levar a 
outras alterações cerebrais que resultam em episódios de depressão. Pesquisas mostram 
que anormalidades do eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenal) estão associadas a 
sintomas depressivos (BARCH, 2013; GALVÃO et al., 2018; GODOY et al., 2018; 
JESULOLA et al., 2018; DE SOUSA et al., 2021; GALVÃO et al., 2021). Situações 
estressantes, induzidas em animais modelos, apresentaram alterações nos níveis de 
cortisol (hormônio responsável pelo enfrentamento do estresse e redução de inflamações), 
hipercotisolemia ou hipocortisolemia, este descrito em saguis, e aumento nas glândulas 
adrenais (SHELINE, 2003; WILLNER et al., 2013; CININI et al., 2014; DEAN & 
KESHAVAN, 2017; DA SILVA et al., 2018, GALVÃO et al., 2018; DE SOUSA et al., 
2021; GALVÃO et al., 2021; GRILO et al., 2022). Outros estudos apontam para 
alterações que esses glicocorticoides causam no metabolismo do glutamato em situações 
de estresse agudo e crônico, onde alguns pacientes têm sido tratados com cetamina 
(SHELINE, 2003; POPOLI et al., 2012; DEAN & KESHAVAN, 2017; HARMER et al., 
2017; GODOY et al., 2018; BAREBOIM, 2020; KAWATAKE-KUNO et al., 2021; 
GRILO et al., 2022; OLIVER et al., 2022) 
O estresse também pode causar diminuição da neurogênese, mais precisamente no 
desenvolvimento de neuroblastos presentes no giro denteado do hipocampo, e a redução 
de seu volume (JACOBS et al., 2000; SHELINE, 2003; VOLLMAYR et al., 2007; 
WILLNER et al., 2013; CININI et al., 2014; PALHANO-FONTES et al., 2014; LIMA-
OJEDA et al., 2017; JESULOLA et al., 2018; BORTOLOZZI et al., 2021). Esta 
diminuição pode ser uma causa para a depressão, assim como tratamentos que levam ao 
aumento da neurogênese seguem para uma diminuição dos episódios depressivos, 
apontam algumas pesquisas (JACOBS et al., 2000; VOLLMAYR et al., 2007; CININI et 
al., 2014; HARMER et al., 2017; BAREBOIM, 2020; BORTOLOZZI et al., 2021; 
GALVÃO et al., 2021). Outra frente de estudo está relacionada ao BDNF (fator 
neurotrófico derivado do cérebro) que é um fator que atua diretamente na 
neuroplasticidade sendo responsável pelo crescimento e diferenciação de novos 
neurônios (DEAN & KESHAVAN, 2017; GODOY et al., 2018; BORTOLOZZI et al., 
2021). Alguns sugerem que a redução na produção de BDNF em células hipocampais 
16 
 
pode reduzir a neuroplasticidade, e isso levar ao surgimento de sintomas do transtorno 
depressivo (SHELINE, 2003; WILLNER et al., 2013; DEAN & KESHAVAN, 2017; 
HARMER et al., 2017; ALMEIDA et al., 2019; GALVÃO et al., 2021). 
Outros estudos sobre estresse crônico apontam também para alterações 
neurodegenerativas em áreas do córtex pré-frontal (CPF) (WILLNER et al., 2013; DEAN 
& KESHAVAN, 2017; HARMER et al., 2017; LIMA-OJEDA et al., 2017; BAREBOIM, 
2020). Estes, usando neuroimagem, demonstraram redução da densidade neuronal, 
retração dendrítica e redução do volume neuronal cortical (WILLNER et al., 2013; DEAN 
& KESHAVAN, 2017; BORTOLOZZI et al., 2021). Essa diversidade nas possíveis 
causas da depressão conduz a outros focos de estudos, e especificamente o nosso grupo 
busca maiores informações acerca da modulação neuronal que ocorre no córtex pré-
frontal, diante de um episódio de transtorno depressivo, e a participação de uma outra 
forma alternativa de tratamento. 
 
2.2 – Neuroanatomia do córtex pré-frontal (CPF) 
O córtex pré-frontal (CPF) é uma área cerebral que sofre alteração morfológica como 
resultado de distúrbios relacionados ao transtorno depressivo e ansiedade (SHELINE, 
2003; MORGAN et al., 2013; WILLNER et al., 2013; RÍOS-FLOREZ et al., 2021). 
Estudos com neuroimagem indicam uma diminuição no volume neuronal de células do 
córtex pré-frontal dorsolateral (dlCPF) em todas as camadas, assim como, o aumento na 
liberação de glicocorticoides está relacionado com a diminuição de conexões dendríticas 
no córtex pré-frontal medial (mCPF) e diminuição da plasticidade no hipocampo 
(SHELINE, 2003; WILLNER et al., 2013; DEAN & KESHAVAN, 2017). 
Estudos no CPF tem se aprofundado devido as suas funções e conexões estarem 
ligadas a cognição (GEBHARD et al., 1995; ARNSTEN, 2000; FUSTER, 2001; 
FUSTER, 2002; POPOLI et al., 2012). Esta área está envolvida no enfrentamento do 
medo, na memória de trabalho, na memória comportamental, na tomada de decisão, no 
controle inibitório e possui uma plasticidade ativa, que quando alterada pode conduzir a 
patologias neuropsiquiátricas (ARNSTEN, 2000; FUSTER, 2001; FUSTER, 2002; 
POPOLI et al., 2012; MORGAN et al., 2013). Especificamente as áreas do córtex pré-
frontal dorsolateral estão relacionadas a cognição, e as áreas do córtex pré-frontal medial 
e orbital estão relacionadas com as emoções (FUSTER, 2001). 
O CPF ocupa a parte anterior do lobo frontal – é encontrado nos mamíferos, mas sua 
organização e função difere nos primatas - é a área do cérebro mais evoluída do córtex e 
17 
 
constitui cerca de um terço de todo o córtex cerebral humano (GEBHARD et al., 1995; 
FUSTER, 2002; BARBAS, 2009). Esta área possui seis camadas distintas de células 
nervosas com variáveis tipos que permite diferentes tipos de conexões com muitas outras 
partes do encéfalo, como o córtex cingulado e a amígdala, pertencentes ao sistema 
límbico, com o hipocampo, tronco cerebral e o tálamo (FUSTER, 2001; BARBAS, 2009; 
PAXINOS, 2016; GODOY et al., 2018; RÍOS-FLOREZ et al., 2021). O CPF é dividido 
em córtex pré-frontal orbital, medial e lateral (dorsolateral), de acordo com o mapa 
citoarquitetônico de Brodman, 1909 (FUSTER, 2001; FUSTER, 2002). 
O córtex orbital está localizado acima da órbita ocular, é mais liso e com poucas 
dobras, e está relacionado com aspectos emocionais (sexual, alimentar, motor e sono), 
com a personalidade, com a inibição de impulsos e estudos apontam que está relacionado 
ao comportamento de anedonia (diminuição do interesse ou prazer), um dos sintomas do 
TDM (FUSTER, 2001; BARBAS, 2009; PAXINOS, 2016; RZEPA et al., 2017). O córtex 
medial se estende da parte medial do lobo frontal até o corpo caloso no cingulado anterior, 
também com aparência mais lisa e menos dobrada, e está envolvido na coordenação 
bimanual, na memória espacial, no aspecto motivacional, na tomada de decisão e da 
iniciativa do comportamento (onde encontra-se a área motor suplementar), também está 
envolvido no controle de impulsos e junto com a amígdala com as emoções primárias 
(FUSTER, 2001; BARBAS, 2009; MORGAN et al., 2013; WILLNER et al., 2013; 
PAXINOS, 2016; DEAN & KESHAVAN, 2017; RÍOS-FLOREZ et al., 2021). O córtex 
lateral (dorsolateral) propaga-se do sulco arqueado até o polo frontal, é caracterizado por 
sulcos e giros proeminentes, e está envolvido em funções cognitivas, como atenção, 
memória de trabalho, aprendizagem, organização da informação e capacidade de 
memorização (FUSTER, 2001; BARBAS, 2009; PAXINOS, 2016). Alguns estudos 
apontam para a especificidade dos hemisférios do córtex pré-frontal lateral (dorsolateral), 
onde o hemisfério direito está envolvido na percepção espacial e na emoção, enquanto o 
hemisfério esquerdo na regulação emocional e controle cognitivo, sendo este relacionado 
a fisiopatologia da TDM, apresentando redução na atividade (LAN et al., 2016). 
O CPF do sagui (Callithrix jacchus) possui uma alta densidade de sinapses e é 
extremamente plástico, ou seja, é capaz de se adaptar rapidamente à mudanças; é dividido 
em: córtex pré-frontal dorsolateral, que possui funções executivas, planejamento, tomada 
de decisão, memórias de trabalho e comportamento relacionado a objetivos; córtex pré-
frontal ventral, que está relacionado a córtex pré-frontal orbital no humano, que possui 
um papel importante na regulaçãoemocional e tomada de decisão social; e córtex pré-
18 
 
frontal medial, local onde se encontra as principais conexões neurais que ligam a 
atividade cognitiva às emoções (ROBERTS & WALLIS, 2000; PAXINOS et al., 2011; 
LIU et al., 2018; ATAPOUR et al., 2019; RÍOS-FLÓREZ et al., 2021; FREI-COBO et 
al., 2023). O CPF, devido a grandes proporções de neurônios de projeção que permite 
desenvolver funções complexas, realiza diversas conexões: com o córtex parietal, córtex 
temporal, tronco cerebral, assim como com o córtex cingulado e sistema límbico, que 
estão envolvidos na regulação emocional e tomada de decisão (LIU et al., 2018). 
Algumas áreas do córtex pré-frontal do sagui são semelhantes ao ser humano e estão 
envolvidas com o processamento de interação social, como A8b e A9, no córtex pré-
frontal dorsolateral, A45 e A47, no córtex pré-frontal ventral, A25 e A32, no córtex pré-
frontal medial, identificado por ressonância magnética funcional (HORI et al., 2021). 
Outros estudos apresentam diferença na densidade neuronal em relação a porção anterior 
(rostral) e posterior (caudal), onde nesta foi encontrada em menor quantidade 
(ATAPOUR et al., 2019). 
 
2.3 – Modelo animal experimental 
 O modelo animal experimental selecionado foi o Callithrix jacchus, o sagui-de-tufo-
branco, uma das espécies da família Callitrichidae, que possui relação filogenética com 
os humanos (STEVENSON & POOLE, 1976; BURKART & FINKENWIRTH, 2015; 
MITCHELL & LEOPOLD, 2015). O sagui tem sido muito utilizado em estudos 
antropológicos, biomédicos, reprodutivos, psiquiátricos e neurocientíficos 
(STEVENSON & POOLE, 1976; LEÃO et al., 2009; CININI et al., 2014; BURKART & 
FINKENWIRTH, 2015; MITCHELL & LEOPOLD, 2015; GALVÃO et al., 2016; 
MILLER et al., 2016; GALVÃO-COELHO et al., 2017; DA SILVA et al., 2018; DE 
SOUSA et al., 2021; RÍONS-FLÓREZ et al., 2021; GRILO et al., 2022). 
Os saguis são primatas do Novo Mundo, de pequeno porte e que possuem padrões de 
comportamento social e processos cognitivos que se assemelham ao humano, como o 
convívio em grupo, alianças estratégicas e a criação cooperativa, que fornece um suporte 
no enfrentamento das adversidades (STEVENSON & POOLE, 1976; BURKART & 
FINKENWIRTH, 2015; MILLER et al., 2016; GALVÃO-COELHO et al., 2017; DE 
SOUSA et al., 2021). Seu cérebro possui áreas em comum com outros primatas não 
humanos e humanos, como o córtex pré-frontal bem definido, a citoarquitetura (apesar de 
ser lissencefálico) e funções cerebrais (MITCHELL & LEOPOLD, 2015; MILLER et al., 
2016). 
19 
 
Quando induzido a uma situação de estresse crônico, como o isolamento na fase 
juvenil, ele apresenta reações de comportamentos estereotipados e de automutilação, 
semelhante aos identificados em pacientes humanos com TDM, anedonia (dificuldade ou 
incapacidade de sentir prazer) e alterações fisiológicas, já encontradas em outras espécies 
de primatas não humanos e humanos (CININI et al., 2014; GALVÃO et al., 2016; 
GALVÃO-COELHO et al., 2017, DE SOUSA et al., 2021). 
Uma das vantagens para o uso desse animal é o fato de ter um ciclo reprodutivo rápido, 
cerca de 5 meses de gestação, e alta reprodução com nascimento de gêmeos ou trigêmeos 
(LEÃO et al., 2009; CININI et al., 2014; BURKART & FINKENWIRTH, 2015; 
MILLER et al., 2016; GALVÃO-COELHO et al., 2017; DE SOUSA et al., 2021). 
Ressaltamos que os animais em questão são criados em cativeiro, o que aumenta a 
interação social devido a limitação dos locais em que vivem, o que pode intensificar a 
reação diante de algum tipo de estresse, em relação aos animais selvagens (STEVENSON 
& POOLE, 1976; GALVÃO et al., 2016). 
 
2.4 – Ação biológica da Ayahuasca 
O tratamento mais aceito para o TDM ainda está consolidado nos antidepressivos a 
base de monoaminas ou de inibidores seletivos de recaptação de serotonina ou 
norepinefrina, e que levam em torno de duas semanas para começar a apresentar uma 
melhora dos sintomas (DA SILVA et al., 2018; GALVÃO et al., 2018; BORTOLOZZI 
et al., 2021; KAWATAKE-KUNO et al., 2021; GRILO et al., 2022). Esta melhora é 
identificada quando ocorre uma redução de 50% dos sintomas ou mais, avaliados pela 
Escala de Hamilton (HAM-D), porém devido ao pequeno percentual de sucessos nesse 
tipo de intervenção, identifica-se um aumento em pesquisas para tratamentos alternativos 
(DA SILVA et al., 2018; BORTOLOZZI et al., 2021). 
Sabe-se que o TDM altera a plasticidade neural e que os antidepressivos revertem essa 
situação quando o tratamento é crônico, porém a resposta ocorre a longo prazo, sem 
contar com os casos que não respondem a nenhum tipo de antidepressivo (HARMER et 
al., 2017; ALMEIDA et al., 2019). Assim, o tratamento para o TDM por antidepressivos 
tem se tornado ineficaz, pois apenas de 30 a 40% dos pacientes diagnosticados respondem 
ao tratamento, dentre estes, muitos voltam a apresentar os sintomas após desmame (DA 
SILVA et al., 2018; ALMEIDA et al., 2019; GRILO et al., 2022). Com isso, têm sido 
intensificadas pesquisas com novas terapias, como o uso da substância psicodélica 
ayahuasca, esta que nos últimos anos tornou-se objeto de estudos no tratamento 
20 
 
profilático do transtorno depressivo e ansiedade (PALHANO-FONTES et al., 2014; 
GRILO et al., 2022). 
A ayahuasca, da língua quéchua (“aya” – “pessoa morta”; “waska” – “corda, cipó”), e 
que significa “trepadeira-da-alma”, é uma bebida psicoativa composta pela decocção de 
duas plantas: a casca da Jagube (Banisteriopsis caapi) e as folhas da Chacrona 
(Psychotria viridis) (GARRIDO & SABINO, 2009; PIRES et al., 2010; PALHANO-
FONTES et al., 2014; DA SILVA et al., 2018; GALVÃO et al., 2018; GRILO et al., 
2022). 
Conhecidamente, é utilizada por grupos indígenas da Amazônia em rituais religiosos, 
ou por grupos associados ao xamanismo e por vegetalistas curandeiros (GARRIDO & 
SABINO, 2009; PIRES et al., 2010; PALHANO-FONTES et al., 2014; DA SILVA et al., 
2018; GALVÃO et al., 2018). Essa associação sinérgica é composta de um agente 
psicodélico, o alucinógeno triptamina N, N-dimetiltriptamina (DMT) e por β-carbolinas, 
como a harmina, tetrahidroharmina (THH) e harmalina, potentes inibidores da 
monoamina oxidase (MAO) e podem aumentar os níveis de serotonina na fenda sináptica, 
modular o eixo HPA e reduzir sintomas de depressão (GARRIDO & SABINO, 2009; 
PIRES et al., 2010; PALHANO-FONTES et al., 2014; DA SILVA et al., 2018; 
ALMEIDA et al., 2019; GRILO et al., 2022). 
Os efeitos fisiológicos da ayahuasca atendem mudanças sensitivas (alucinações 
visuais), afetivas (sentimentos de conexão espiritual) e cognitivas (mudança de percepção 
do tempo e do espaço), iniciando com 30 minutos e pode durar cerca até 4 horas 
(GARRIDO & SABINO, 2009; PALHANO-FONTES et al., 2014; GALVÃO et al., 
2018). É sabido que a ayahuasca é alucinógena, contudo, pesquisas apontam para 
ausência de sintoma de dependência e de potencial tóxico (GARRIDO & SABINO, 2009; 
PIRES et al., 2010; PALHANO-FONTES et al., 2014; GALVÃO et al., 2018; GRILO et 
al., 2022). Estudos comprovam que o tratamento agudo com a ayahuasca aumenta níveis 
de cortisol (hormônio modulador do enfrentamento do estresse crônico) e reverte 
comportamentos depressivos em saguis jovens, assim como em pacientes com depressão 
que não respondem ao tratamento com antidepressivos (GARRIDO & SABINO, 2009; 
PALHANO-FONTES et al., 2014; DA SILVA et al., 2018; GALVÃO et al., 2018; 
ALMEIDA et al., 2019; GRILO et al., 2022). 
Acredita-se que a união desses fatores, nesse estudo, contribuirá para confirmação de 
que pode ocorrer uma neuroproteção na morfologia neuronal, sobretudo dos neurônios 
do córtex pré-frontal, e assim contribuir com o enriquecimento das informações acerca 
21 
 
da neurobiologia do TDM e de como a ayahuasca pode influenciar nesse contexto. 
Considera-se também, que a partir disto, haja uma contribuição significativa nas 
pesquisas com o uso do psicodélico conduzindo a um avançono tratamento 
fitoterapêutico da depressão e aceitação da substância pela indústria farmacêutica. 
 
2.5 – Importância do delineamento estereológico 
Estudos histológicos e citoarquitetônicos são realizados através de cortes 
microscópicos e bidimensionais de peças anatômicas que nos proporcionam inferir 
diversas informações acerca da estrutura quantitativa sobretudo referente ao córtex pré-
frontal (AMENÁBAR et al., 2003; DAVE et al., 2022; LARSEN et al., 2022). 
Quando o objetivo é identificar o número total, a densidade celular de alguma área ou 
o seu volume, a visão bidimensional das lâminas é prejudicada, pois a área de estudo 
possui apenas duas dimensões, 2D (ANTUNES, 1995; AMENÁBAR et al., 2003), em 
outras palavras uma análise morfoquantitativa, sem levar em consideração a 
tridimensionalidade do órgão ou de suas células, levam a interpretações equivocadas 
(HOWARD & REED, 2010). Para sanar essa limitação aplicamos uma análise 
morfoquantitativa baseada em delineamento estereológico, que é um conjunto de métodos 
validados estatisticamente que nos permite estimar as relações geométricas utilizando 
parâmetros tridimensionais, garantindo uma amostra uniforme, sistemática e aleatórias 
(SURS) (ANTUNES, 1995; AMENÁBAR et al., 2003; HOWARD & REED, 2010; 
LADD et al., 2012). 
O grau de precisão e eficiência da estereologia se dá pelas características da 
amostragem SURS, permitindo que o valor encontrado seja o mais próximo possível do 
valor real, na medida em que é imparcial e analisa a tridimensionalidade do órgão em 
estudo, nesse caso o córtex pré-frontal (ANTUNES, 1995; LADD et al., 2012; DAVE et 
al., 2022; MBF SCIENCE, 2023). 
Essa técnica possibilita mensurar o número celular, o volume de um determinado 
órgão ou o volume de uma célula com alto grau de imparcialidade, usando como 
parâmetro princípios matemáticos e estatísticos (AMENÁBAR et al., 2003; LADD et al., 
2010; LADD et al., 2012; DAVE et al., 2022; MBF SCIENCE, 2023). 
A partir do uso do Princípio de Cavalieri podemos estimar o volume total de uma 
determinada área ou de uma peça anatômica partindo da contagem de pontos distribuídos 
uniformemente em seções bidimensionais, determinado por uma sonda, multiplicado pela 
área em questão, pela espessura e intervalo dos cortes (MAYHEW, 1991; AMENÁBAR 
22 
 
et al., 2003; LADD et al., 2010; LADD et al., 2012; DAVE et al., 2022; MBF SCIENCE, 
2023). 
O número total de neurônios pode ser estimado a partir de fatias do tecido, utilizando 
o Fracionator Óptico, que permite reduzir o espaço amostral de maneira controlada em 
frações da região de interesse (MAYHEW, 1991; GUNDERSEN et al., 2002; 
AMENÁBAR et al., 2003; MIKI et al., 2005; PARDINI & ASSIS, 2005; DAVE et al., 
2022; MBF SCIENCE, 2023). Associado ao uso do Disector Óptico que realiza a 
contagem do número de células em um volume conhecido (MAYHEW, 1991; 
AMENÁBAR et al., 2003; MIKI et al., 2005; PARDINI & ASSIS, 2005; LADD et al., 
2010; LADD et al., 2012; DAVE et al., 2022; MBF SCIENCE, 2023) (Figura 01). 
Assim sendo, ao utilizarmos estimativas estereológicas para analisar alterações 
estruturais do córtex pré-frontal, imbutimos uma grande eficácia e precisão na análise dos 
nossos resultados. Trazendo inovação na abordagem da descrição dos efeitos 
morfoquantitativos no contexto da TDM e da aplicação da ayahuasca. 
 
 
Figura 01: Imagem representativa do um dissector óptico onde observamos partículas focais distintos em 
corte grosso (GOLUB et al., 2015). 
 
23 
 
3. OBJETIVOS 
 
3.1. Gerais: 
➢ Avaliar ação neuroprotetora nos aspectos comportamentais e morfoquantitativos da 
Ayahuasca no córtex pré-frontal de saguis (Callithrix jacchus) submetidos a estresse 
crônico induzido. 
 
3.2. Específicos: 
➢ Caracterizar o estado de estresse crônico, comparando os três grupos estudados, por 
meio da avaliação comportamental; 
➢ Estimar o volume do córtex pré-frontal em 3 subáreas (córtex pré-frontal medial, 
dorsolateral e ventral) dos saguis (Callithrix jacchus); 
➢ Estimar o número total de neurônios do córtex pré-frontal em 3 subáreas (córtex 
pré-frontal medial, dorsolateral e ventral) dos saguis (Callithrix jacchus); 
➢ Estimar o volume neuronal médio do córtex pré-frontal em 3 subáreas (córtex pré-
frontal medial, dorsolateral e ventral) dos saguis (Callithrix jacchus). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
4. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
4.1 - Animais 
Nesta pesquisa foi utilizado como objeto o sagui (Callithrix jacchus), que foi validado 
como um modelo translacional animal de depressão juvenil, pois diante de estresse 
crônico desenvolve mudanças fisiológicas e comportamentais semelhantes aos humanos 
(GALVÃO-COELHO et al., 2017). 
Os animais, objetos desse estudo, foram oriundos do Núcleo de Primatologia da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sendo mantidos em condições 
naturais de temperatura e luminosidade, alimentados com frutas tropicais e uma papa 
nutritiva (composta por aveia, ovos cozidos e batata doce), enriquecida com suplemento 
multivitamínico a cada 15 dias. Todo o processo foi acompanhado por um médico 
veterinário, inclusive a pesagem dos animais, que ocorreu a cada início de fase e seguiu 
padrões estabelecidos pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal 
(CONCEA). Esta pesquisa foi autorizada pela Comissão de Ética no Uso de Animais 
(CEUA) pelo certificado n° 225.001/2020 (Anexo I). 
 
4.2 - Desenho Experimental 
Para este estudo foram utilizados 4 machos e 4 fêmeas de saguis (Callithrix jacchus), 
alocados em 3 grupos, sendo 02 no grupo família (GF), 02 no grupo isolado (GI) e 04 no 
grupo tratado (GT), todos selecionados de forma aleatória, com idade entre 7 e 9 meses 
no início do experimento, quando são classificados como juvenil I e II (LEÃO et al., 
2009). 
Os animais do GF, são o controle positivo; os do GI, são o grupo controle negativo; e 
os do GT, são o grupo experimental, sendo os dois últimos grupos os que foram 
submetidos ao protocolo de isolamento social. Este tem demonstrado ter um efeito 
estressor quando submetido a longo prazo (CININI et al., 2014; GALVÃO et al., 2016; 
GALVÃO-COELHO et al., 2017; DA SILVA et al., 2018). 
O protocolo de indução de estresse crônico e análises comportamentais foram obtidos 
em colaboração com o Laboratório de Medidas Hormonais (LMH), do Departamento de 
Fisiologia da UFRN, e estão devidamente aprovados pelo Comitê de Ética em Uso 
Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEUA – UFRN) através do 
protocolo nº 032/2014 e pelo adendo 5 do nº 032/2014 (Anexo II). 
25 
 
A experimentação seguiu o protocolo validado por Galvão-Coelho (2017) e foi 
dividido em duas fases: 
• Fase Basal (FB): os animais do GF, GI e GT foram mantidos em convívio social 
com pais e outros filhotes, por 4 semanas (Figura 02). Durante esse período ocorreram 
observações comportamentais em dias alternados. O ambiente familiar é composto de 
gaiolas de alvenaria e grade, que medem aproximadamente 3,0 x 2,0 x 1,0 m, possuindo 
em uma das paredes uma divisória de vidro, com película escura específica para 
observação, provida de pequenas janelas para colocar alimento. As gaiolas também 
possuem galhos de árvore usados para locomoção, simulando um ambiente natural, e uma 
caixa de madeira normalmente usada para o período de sono. Os 2 animais do GF 
seguiram nesse espaço por mais 90 dias nas mesmas condições, e receberam uma dose de 
salina de 1,67ml/300g, via gavagem administrada 5 dias antes de cada início do ciclo de 
30 dias (25° dia, 55° dia, 85° dia e 115° dia), totalizando 4 doses para simular a dosagem 
do chá Ayahuasca que os animais tratados receberam. Foram também coletados os dados 
comportamentais 2 dias antes e 2 dias depois da gavagem. 
• Fase Experimental (FE): Os 2 animais do GI após a fase basal passaram pelo 
protocolo de indução de estresse crônico, que consisteem isolamento social por 90 dias 
(Figura 02). Durante esse período o animal foi afastado de sua família, sem contato visual, 
auditivo ou olfativo, onde a coleta de dados do comportamento ocorreu diariamente nos 
primeiros 7 dias. Os animais do GI receberam uma dose de salina de 1,67ml/300g, via 
gavagem. A dose foi administrada 5 dias antes de cada início do ciclo de 30 dias (25° dia, 
55° dia, 85° dia e 115° dia), totalizando 4 doses, para simular a dosagem do chá 
Ayahuasca que os animais tratados receberam. Foram também coletados os dados 
comportamentais 2 dias antes e 2 dias depois da gavagem. Os 4 animais do GT, após a 
fase basal, passaram pelo protocolo de indução de estresse crônico, que consiste em 
isolamento social por 90 dias (Figura 01) e durante este protocolo os animais foram 
tratados com o chá da ayahuasca, também administrado 5 dias antes de cada início do 
ciclo de 30 dias (25º dia, 55º dia, 85º dia e 115º dia), via gavagem, totalizando 4 doses, 
formulando um tratamento preventivo e crônico. Foram também coletados os dados 
comportamentais 2 dias antes e 2 dias depois da gavagem. 
Após a fase experimental os animais foram submetidos à perfusão transcardíaca para 
coleta do encéfalo. 
 
26 
 
 
 
Figura 02: Fase Basal – onde os animais ficaram em contato com a família; Fase experimental – onde os 
animais pertencentes ao GI e GT passaram pelo protocolo de indução de estresse crônico, sendo conduzidos 
ao isolamento social; Grupo Tratado – grupo que recebeu medida profilática do chá da Ayahuasca. 
 
4.3 - Tratamento – Ayahuasca 
Os animais receberam o chá da ayahuasca, fornecida pelo Departamento de Fisiologia 
da UFRN, por gavagem, através de cânulas plásticas transparentes convencionais de 23G, 
lubrificada com óleo mineral. O procedimento ocorreu 30 minutos após a alimentação, 
que possuía baixo valor calórico, com poucas frutas. Neste protocolo foi usada a dose de 
1,67ml/300g de peso corporal, baseado no trabalho de Da Silva et al. (2018). 
 
4.4 - Registro Comportamental 
O registro comportamental foi colhido pelo método de amostragem focal contínua 
(Figura 03.A), coletando frequência e/ou duração de comportamentos já descritos como 
marcadores de estresse crônico em saguis por Galvão-Coelho et al. (2017). As 
observações ocorreram por 30 min, entre 07:00h e 08:00h, seguindo o ciclo circadiano da 
espécie. 
Os comportamentos descritos como “marcação de cheiro”, “piloereção individual” e 
“deslocamento”, tiveram as frequências registradas. Já a ingestão de alimento, a 
“autocatação” e “coçar” (Figura 03.B, 03.C e 03.D), tiveram a duração registrada 
27 
 
(GALVÃO-COELHO et al., 2017). O comportamento de anedonia, que simulamos 
através da ingestão de composto a base de leite condensado, teve a frequência e duração 
mensurados (GALVÃO-COELHO et al., 2017). Os comportamentos observados e de 
relevância para este trabalho estão descritos na Tabela 01. 
 
 
 
Figura 03: A - Fotografia representativa do Método de Amostragem Focal Contínua; B – Comportamento 
“ingestão de alimento”; C – Comportamento “Autocatação”; D – Comportamento “Coçar”. 
 
 
 
 
28 
 
Tabela 01: Descrição dos comportamentos e sua relação com o estresse crônico (GALVÃO-COELHO et 
al., 2017). 
COMPORTAMENTO DESCRIÇÃO CONTEXTO DE 
ESTRESSE 
Marcação de cheiro Ato de esfregar a região anogenital e 
suprapúbica em um substrato 
Expressão de ansiedade 
Piloereção individual Ato de ereção da pelagem e caminhar com 
as costas arqueadas 
Expressão de ativação do sistema 
nervoso simpático 
Autocatação Ato de catar a si mesmo Atua como um redutor de estresse / 
tensão 
Ingestão de alimento Ato de levar um pedaço de alimento à 
boca e ingeri-lo 
A falta de apetite é indicativa de 
estresse crônico 
Deslocamento Ato de mover-se aleatoriamente entre 
quatro quadrantes diferentes do mesmo 
tamanho, delimitados em uma gaiola 
Expressão de ansiedade 
Coçar Ato de usar as mãos para esfregar alguma 
região do corpo 
É considerado um comportamento 
estereotipado 
Ingestão de solução aquosa 
de sacarose (4,16%) 
Ato de beber uma substância saborosa 
(solução de sacarose) 
A redução desse comportamento 
prazeroso pode expressar um possível 
estado de anedonia 
 
4.5 - Parâmetro fisiológico do estado depressivo 
 O estado depressivo também foi caracterizado pelo cortisol fecal, como parâmetro 
fisiológico do estado depressivo, seguindo o protocolo validado por Galvão-Coelho et al. 
(2017). As fezes foram coletadas antes do início de cada observação comportamental e a 
dosagem realizada pela técnica de ELISA competitivo, em duplicata (GRILO et al., 
2022). Os resultados foram disponibilizados pelo Laboratório de Medidas Hormonais 
(LMH) do Departamento de Fisiologia da UFRN (GRILO et al., 2022). 
 
4.6 – Delineamento estereológico 
 
4.6.1 – Amostragem e Técnica Histológica 
Concluída a fase de experimentos comportamentais de 120 dias, os animais foram 
submetidos a eutanásia e perfusão transcardíaca, no qual foram sedados com doses de 
ketamina e xilazina 2% (ketamina: 15mg/kg + xilazina: 1,5mg/kg – via intramuscular) e 
conduzidos ao Laboratório de neuroanatomia (LABNEURO), onde passaram pelo 
procedimento. Para esse processo foram utilizadas salina 9%, a uma velocidade 6 ml/min 
da bomba de perfusão, total de 1.000ml; em seguida foi utilizado o paraformaldeído a 
4%, a uma velocidade 2 ml/min da bomba de perfusão, total de 700ml. Logo após foi 
29 
 
realizada a decapitação para a extração do encéfalo por dissecação. Os encéfalos foram 
colocados em solução de sacarose a 15% por 3 dias, e logo após em sacarose a 30% até o 
dia da microtomia. 
Os encéfalos foram colocados em blocos com Tissue tech, congelados a -80°C por 20 
minutos, e cortados usando criostato a -20°C, no plano coronal seriados e equidistantes 
em seções de 40 µm, sendo os cortes separados em 6 seções e coletados em solução 
anticongelante. A extensão do corte abrangeu o córtex pré-frontal até o hipocampo 
(Figura 04.A). 
Uma fração (1/6) das seções obtidas foram submetidas a coloração histológica com 
técnicas de Nissl, usando tionina como corante, e as demais seções ficaram dispostas em 
solução anticongelante e armazenada a temperatura de -80°C (Figura 04.B). 
A fração selecionada foi utilizada para a coloração com tionina, com o objetivo de 
aplicarmos os procedimentos estereológicos e estimarmos o volume do córtex pré-frontal, 
bem como o número total de neurônios e o volume neuronal médio. 
A fração amostrada dos cortes foram montados em lâminas gelatinizadas. A coloração 
foi executada em 2 baterias, sendo uma para desidratação e diafanização com álcool em 
diferentes percentuais progressivos (de 70% a 100%) e regressivos (de 100% a 50%), e 
xilol; e uma sendo de coloração e reidratação, com álcool em diferentes percentuais 
progressivos (de 50% a 100%). Logo após as lâminas receberam a lamínula. 
30 
 
 
Figura 04: Esquema representando a redução de espaço amostral para estimativa estereológica. A – Microtomia do encéfalo do sagui em seis secções seriadas e equidistantes 
com intervalo de 320 µm; B – Coloração por thionina em uma das secções selecionadas; C – em cada um dos cortes da secção selecionada, com o auxílio do atlas Paxinos et al 
(2011), delimitou-se as áreas de interesse: córtex pré-frontal medial (mCPF) – amarelo; córtex pré-frontal dorsolateral (dlCPF) – rosa; córtex pré-frontal ventral (vCPF) – verde; 
D – espaço amostral para estimativa do volume total baseado no Princípio de Cavalieri; E – Representação de um plano focal do dissector óptico, amostrado de forma sistemática, 
uniforme e aleatória, para estimativa do número total de neurônios. 
31 
 
Para a estimativa dos parâmetros morfoquantitativos foi utilizada a estereologia, 
técnica de quantificação histológica tridimensional, que fornece dados confiáveis acerca 
da organização morfoquantitativa de estruturais neurais (HOWARD& REED, 2010; 
LADD, 2010). Essa técnica permite estimar os volumes totais do córtex pré-frontal, a 
estimativa do número total de células, bem como o volume neuronal médio dessa região 
(ANTUNES, 1995; AMENÁBAR et al., 2003; LADD et al., 2012). 
 
4.6.2 - Volume Referência das subáreas do Córtex Pré-frontal Total (VCPF) 
O volume total de cada região do CPF foi mensurado através do Princípio de Cavalieri 
nas mesmas seções utilizadas para a estimativa do número total de neurônios 
(MAYHEW, 1991; HOWARD & REED, 2010; LARSEN et. al, 2022). Este princípio 
consiste na aplicação de um sistema teste quadrático com área conhecida aplicado sobre 
os núcleos de interesse (Figura 04.C e D) e a seguinte fórmula será utilizada: 
 
V: = ∑P. (a/p) . t . k 
 
onde ∑p é o somatório de pontos do sistema teste que tocam a estrutura desejada, no 
caso do córtex pré-frontal medial, dorsolateral e ventral; (a/p) é a área associada a cada 
ponto do sistema teste (1600µm2), t é a espessura das secções (40µm) e k é o inverso da 
fração de amostragem das secções (Me: 5). 
 
4.6.3 Número Total de Neurônios nas diferentes subáreas do Córtex Pré-frontal 
(NCPF) 
O fractionator óptico foi utilizado para estimar o número total de neurônios nas áreas 
de interesse (Figura 04.E). Uma objetiva de 63× (1.4 – 0.6 aperture) foi utilizada para a 
estimativa, utilizando a seguinte fórmula (WEST et al., 1991; CONTE et al., 2019; 
LARSEN et. al, 2022): 
 
N:= ƩQ- . ssf-1 . asf-1 . hsf-1 
 
onde: ƩQ- é o número de partículas (nesse caso neurônios corticais), quantificados por 
meio do optical fractionator; ssf é a fração de amostragem das secções (Me: 5); asf é a 
fração de amostragem de área (625µm2) e hsf é a fração de amostragem de altura (Me: 
32 
 
1,90). Foram mensuradas as células que se encontravam dentro do frame previamente 
estabelecido, com 1.000x1.000 µm (Figura 05). 
Figura 05: Microfotografia apresentando a aplicação do dissector optico, onde pode-se observar 4 planos 
focais sucessivos (A: 0µm, B: 5 µm, C: 10 µm e D: 15 µm). Ainda observamos a aplicação de uma 
“counting frame” para amostragem das células neuronais seguindo os princípios de imparcialidade com as 
linhas de inclusão em verde e exclusão em vermelho. * células contadas. Escala de barra 20µm, coloração: 
nissil. 
33 
 
4.6.4 Volume Médio Neuronal (NVCPF) 
O volume médio neuronal foi estimado localmente pelo Método do Nucleator. Este 
método permite estimar o volume médio e a distribuição volumétrica das partículas 
independentemente da sua forma, distribuição ou orientação (VEDEL-JENSEN & 
GUNDERSEN, 1993). É um estimador local e direto do volume de partículas. O rotator 
é baseado no teorema de Pappus-Guldinus. O método requer um subespaço da partícula 
exclusivamente definido, por exemplo, o núcleo ou o nucléolo de uma célula, e o dissector 
óptico é usado como ferramenta para amostrar as partículas (Figura 06). A seguinte 
fórmula será utilizada para a estimativa do volume neuronal: 
 
 
 
 
onde, l é uma distância medida a partir de um ponto fixo da célula ou fora dela, até 
uma borda arbitrariamente escolhida na mesma. O procedimento será realizado com o 
auxílio do software estereológico Stereo investigator (versão 3.2.4.0). 
 
 
Figura 06: Fotomicrografia exemplificando a aplicação do método do Nucleator em neurônio previamente 
amostrado pelo dissector para a mensuração do volume Vn = 1528µm3. Escala de barra: 20µm. 
 
 
 
34 
 
4.7 - Análise Estatística 
Foi utilizado o teste de correlação de Kruskal-Wallis não paramétrico para correlações 
potenciais entre dados comportamentais e morfoquantitativos entre os três grupos, tendo 
em vista a quantidade de espécimes estudadas por grupo. Para comparar as médias dos 3 
grupos, referente ao volume médio neuronal, utilizamos o ANOVA Oneway através da 
linguagem R. Para os resultados que apresentaram significância utilizamos o teste post-
hoc Tukey para identificar quais grupos apresentavam diferenças significativas. As 
diferenças foram consideradas estatisticamente significantes quando p ≤ 0,05. 
Também utilizamos a análise multivariada discriminante baseada na análise de Fisher 
para encontrar combinações lineares entre as médias dos grupos e minimizar a 
variabilidade dentro de cada grupo (AYRES et. al, 2007). Para tal, determinamos uma 
variável estatística (variável combinada ou variável resultante) pela combinação linear de 
duas ou mais variáveis independentes dada pela função 1, utilizamos a análise 
discriminante de Fisher que se concentra em encontrar combinações lineares das variáveis 
originais que maximizam a diferença entre as médias dos grupos e minimizam a 
variabilidade dentro de cada grupo, dada pela função 2: 
Função 1: 
𝒁𝒋𝒌 = 𝒂 +𝑾𝟏𝑿𝟏𝒌 +𝑾𝟐𝑿𝟐𝒌 +⋯𝑾𝒏𝑿𝒏𝒌 
Onde: 
𝑍𝑗𝑘=escore Z discriminante da função j para o objeto k (variável resultante) 
A=interceptor 
Wi= Coeficiente da variável 1 
X=Variável independente 
 
Função 2: 
𝑫(𝑿) = ′𝑳′𝑿 = [𝝁𝟏 − 𝝁𝟐]′𝜮−𝟏𝑿 
 
Onde: 
L=vetor discriminante 
X=Vetor aleatório de característica da população 
µi=Vetor de médias p-variado 
Σ=Matriz comum de covariância 
Software utilizado BioEstat v5.3 
35 
 
5. RESULTADOS 
Os dados serão apresentados como a média por grupo seguido pelo coeficiente de 
variação média (CV). 
 
5.1 Dados da caracterização do estado depressivo 
 
5.1.1 Dados comportamentais 
Dentre os comportamentos, não constatamos diferenças significativas entre os grupos 
na fase experimental: na marcação (H(2) = 4,12, p = 0,127), no piloereção (H(2) = 1,59, 
p = 0,450), na autocatação (H(2) = 2,89, p = 0,235), no deslocamento (H(2) = 4,50, p = 
0,105), no coçar (H(2) = 1,00, p = 0,607) e na ingestão de sacarose (H(2) = 1,33, p = 
0,513), exceto na ingestão de alimento (H(2) = 6,00, p = 0,050). A análise entre grupos 
para a ingestão de alimento detectou diferença significativamente menor do GF 
comparado com o GT (diferença média = 183,62, p = 0,002). Em relação ao GF 
comparado ao GI também foi encontrado diferença significativa (132,70, p = 0,012), 
contudo, comparando o GI com o GT não identificamos diferença significativa (50,92, p 
= 0,190) (Figura 07). 
 
 
Figura 07: Gráfico representativo do comportamento da alimentação. GF x GI (p = 0,012), GF x GT (p = 
0,002) e GI x GT (p = 0,190). 
36 
 
5.1.2 Dados fisiológicos 
 O cortisol fecal apresentou médias similares entre os GF (µ=4,82±0,61) e o GT 
(µ=6,79±1,93), e superiores ao GI (µ=2,30±1,93) (Figura 08), segundo Grilo et al. (2022). 
 
 
Figura 08: Gráfico representativo das médias do cortisol fecal. *p≤0,05. (GRILO et al., 2022) 
 
5.2 Dados morfoquantitativos 
 
5.2.1 Dados do Volume total (VCPF) 
Quanto ao volume total do córtex pré-frontal (CPF), não foi encontrada diferença 
significante entre grupos (H(2) = 3,00, p = 0,223), apesar de o GI numericamente 
apresentar média menor que os demais grupos (GI = média [coeficiente de variação 
média] 24,26 [0,058]; GF = 29,39 [0,098]; GT = 30,05 [0,231]) (Figura 09). 
 
37 
 
 
Figura 09: Gráfico representativo do volume referência (Vref) do CPF em mm3. GF: Me – 29.395mm3, 
IQR - 2,035; GI: Me – 24,260 mm3, IQR - 1,000; GT: Me – 27,365 mm3, IQR – 3,972. 
 
5.2.2 Número Total de Neurônios (NCPF) 
No que diz respeito ao número total de neurônios, visualmente apresentou ser mais 
intensa no GF e GT em comparação ao GI (Figura 10) nas três áreas do córtex pré-frontal 
selecionadas. As imagens foram coletadas na maior área do córtex pré-frontal medial 
(mCPF), de acordo com Paxinos et al. (2011), a área A32. No córtex pré-frontal 
dorsolateral (dlCPF), as imagens foram coletadas na área A8aD e no córtex pré-frontal 
ventral (vCPF), as imagens foram coletas acima do sulco orbital (orbs), que compreende 
as áreas A13L e A47M. 
 
38 
 
 
Figura 10: Fotomicrografia representando a densidade neuronal em diferentes regiões e grupos; I – Córtex pré-frontalem visão geral (PAXINOS et al., 2011), com áreas delimitadas onde foram 
obtidas as imagens; II – Córtex pré-frontal corado com thionina e com áreas delimitadas onde foram obtidas as imagens; III – Densidade neuronal do córtex pré-frontal medial (mCPF) – GF (A); 
GI (B); GT (C); densidade neuronal do córtex pré-frontal dorsolateral (dlCPF) – GF (D); GI (E); GT (F); densidade neuronal do córtex pré-frontal ventral (vCPF) – GF (G); GI (H); GT (I). 
Escala de barra: 40µm; Aumento: 63x. 
39 
 
A respeito do número de neurônios do córtex pré-frontal medial (N-mCPF), não foi 
encontrada diferença significante entre grupos (H(2) = 2,67, p = 0,264), apesar de o GI 
numericamente apresentar média menor que os demais grupos (GI = 1,035x106 [0,014]; 
GF = 1,497x106 [0,049]; GT = 1,487x106 [0,396]) (Tabela 02). 
 
Tabela 02: Número total de neurônios do córtex pré-frontal medial (N-mCPF) 
 Grupos n Med. DP IQR 
N-mCPF 
GF 2 1,497x106 7,3x104 5,2x104 
GI 2 1,035x106 1,4x104 1,0x104 
GT 4 1,487x106 5,8x105 5,2x105 
 
A respeito do número de neurônios do córtex pré-frontal dorsolateral (N-dlCPF), não 
foi encontrada diferença significante entre grupos (H(2) = 1,00, p = 0,607), apesar de o 
GI numericamente apresentar média menor que os demais grupos (GI = 1,027x106 
[0,422]; GF = 1,300x106 [0,295]; GT = 1,732x106 [0,644]) (Tabela 03). 
 
Tabela 03: Número total de neurônios do córtex pré-frontal dorsolateral (N-dlCPF) 
 Grupos n Med. DP IQR 
N-dlCPF 
GF 2 1,300x106 3,8x105 2,7x105 
GI 2 1,027x106 4,3x105 3,0x105 
GT 4 1,732x106 1,1x109 7,1x105 
 
A respeito do número de neurônios do córtex pré-frontal ventral (N-vCPF), não foi 
encontrada diferença significante entre grupos (H(2) = 5,33, p = 0,069), contudo, o GT 
numericamente apresentou média maior que os demais grupos (GT = 6,1x105 [0,075]; GF 
= 3,8x105 [0,193]; GI = 3,9x105 [0,502]) (Tabela 04). 
 
 
 
 
40 
 
Tabela 04: Número total de neurônios do córtex pré-frontal ventral (N-vCPF) 
 Grupos n Med. DP IQR 
N-vCPF 
GF 2 3,8x105 7,3x104 5,1x104 
GI 2 3,9x105 1,9x105 1,4x105 
GT 4 6,1x105 4,5x104 5,2x104 
 
5.2.3 Volume Médio Neuronal (NVCPF) 
Com relação ao volume médio neuronal do córtex pré-frontal medial (VN-mCPF), foi 
encontrada diferença significativa entre grupos (H(2) = 5,37, p = 0,057), onde o GI 
apresentou média menor que os demais (GI = 872,5 [0,122]; GF = 1.394,00 [0,158]; GT 
= 1.390,25 [0,149]) (Figura 11). 
 
 
Figura 11: Gráfico representativo do volume Médio Neuronal (NVCPF) do córtex pré-frontal medial 
(mCPF) em µm3. GF: Me – 1.394µm3, IQR – 156,000; GI: Me – 872,5µm3, IQR – 75,500; GT: Me – 
1.390,25µm3, IQF – 322,250. 
 
 
 
41 
 
Com relação ao volume médio neuronal do córtex pré-frontal dorsolateral (VN-
dlCPF), não foi encontrada diferença significativa entre grupos (H(2) = 3,81, p = 0,098), 
apesar de o GI numericamente apresentar média menor que os demais grupos (GI = 730,5 
[0,284]; GF = 1.623,00 [0,259]; GT = 1.325,50 [0,251]) (Figura 12). 
 
 
Figura 12: Gráfico representativo do Volume Médio Neuronal (NVCPF) do córtex pré-frontal dorsolateral 
(dlCPF) em µm3. GF: Me – 1.623µm3, IQR – 297,000; GI: Me – 730,5µm3, IQR – 146,500; GT: Me – 
1.325,50µm3, IQF – 503,500. 
 
Com relação ao volume médio do córtex pré-frontal ventral (VN-vCPF), foi 
encontrada diferença significativa entre grupos (H(2) = 7,75, p = 0,029), onde o GI 
apresentou média menor que os demais grupos (GI = 817,5 [0,049]; GF = 1.513,50 
[0,076]; GT = 1.528,75 [0,180]) (Figura 13). 
42 
 
 
Figura 13: Gráfico representativo do Volume Médio Neuronal (NVCPF) do córtex pré-frontal ventral 
(vCPF) em µm3. GF: Me – 1.513µm3, IQR – 81,500; GI: Me – 817,5µm3, IQR – 28,500; GT: Me – 
1.528,75µm3, IQF – 167,750. 
 
5.3 Análise Multivariada Discriminante 
A análise discriminante agrupou os saguis que foram deixados em família e os tratados 
com o chá de ayahuasca em um único cluster, deixando o grupo de saguis isolados 
consideravelmente distante (Figura 14). 
 
43 
 
 
Figura 14: Análise discriminante. Grupo 1: grupo família (GF, n=2); Grupo 2: grupo isolado (GI, n=2); 
Grupo 3: grupo tratado (GT, n=4). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
6. DISCUSSÃO 
Muitos estudos estão concentrados em mensurar o volume de estruturas neuronais em 
adultos, que são mais acometidos por transtornos depressivos e doenças 
neurodegenerativas, porém há poucas pesquisas voltadas para o início do 
desenvolvimento neural na fase juvenil, período mais intenso da neurogênese e 
neuroplasticidade (JACOBS et al., 2000; VOLLMAYR et al., 2007). 
É fato notório que a depressão causa eventos deletérios no córtex pré-frontal de 
humanos como a redução de número e volume de neurônios piramidais da camada III 
estimados por estereologia (RAJKOWSKA et al., 1999; LARSEN et al., 2022), bem 
como o de que DMT (dimetiltriptamina), princípio ativo da Ayahuasca, aumenta a 
formação de espinhas dendríticas em neurônios piramidais do córtex pré-frontal em ratos, 
apresentando efeitos neuroplásticos importantes (LY et al.,2018), e o uso prolongado em 
pessoas saudáveis aumentou a espessura do córtex cingulado anterior e posterior 
(BOUSO et al., 2015) 
Poucos estudos têm sido direcionados ao entendimento dos efeitos morfoquantitativos 
da ayahuasca no encéfalo, sendo este, salvo melhor juízo, o primeiro a descrever esses 
efeitos no córtex pré-frontal de primatas neotropicais. 
Os principais achados morfoquantitativos da nossa pesquisa demonstram que a 
ayahuasca desempenha importante papel neuroprotetor no contexto do estresse crônico 
relacionado a depressão, na medida em que impede a atrofia neuronal relacionada ao 
protocolo de depressão em 62,2% no córtex pré-frontal medial; 45,6% no córtex pré-
frontal dorsolateral e 56% no córtex pré-frontal ventral. 
As mudanças comportamentais dos saguis e o cortisol fecal são parâmetros para a 
caracterização do estado depressivo. Nisso levamos em consideração os dados 
comportamentais coletados na fase experimental, onde dois dos animais permaneceram 
em família, e os demais foram submetidos ao protocolo de estresse crônico induzido e 
quatro deles receberam uma dose aguda do chá da Ayahuasca no início de cada mês de 
experimento. Os animais do grupo família apresentaram comportamentos característicos 
de saguis que vivem em cativeiro, com todas as limitações que lhe são impostas 
(STEVENSON & POOLE, 1976). 
Embora as diferenças entre grupos não tenham sido significativas, possivelmente 
devido ao número de animais utilizados no estudo, a desconformidade no comportamento 
como o de ingestão de sacarose ficou bem expresso numericamente. Os animais quando 
em família tendem a ingerir mais da solução de sacarose, que proporciona uma sensação 
45 
 
prazerosa, os pais identificam a solução e as ingere sendo acompanhado por seus filhotes, 
enfatizando o monitoramento social, onde os mais jovens repetem as ações dos pais 
(BURKART & FINKENWIRTH, 2015). 
O mesmo comportamento não foi observado nos animais que foram isolados, afastados 
de seus pais ainda jovens, e que não receberam a dose do chá de Ayahuasca. Estes animais 
juvenis reduziram numericamente a ingestão de sacarose, indicando a presença da 
anedonia (da perda pelo prazer), um dos sintomas do estado depressivo em humano 
(DSM-V, 2014). Contudo, acreditávamos que o consumo da solução de sacarose nos 
animais que foram submetidos ao tratamento profilático com o chá da ayahuasca seria 
similar aos dos animais que estavam em família, como já observado em outros estudos 
(GRILO et al., 2022), o que não foi constatado. 
Outros comportamentos bem característicos do estado depressivo como a marcação, a 
pilo ereção e o deslocamento, que expressam ansiedade (GALVÃO-COELHO et al., 
2017), já era esperado terem aumento quantitativo quando comparado o grupo família 
com o isolado, contudo, comparando o grupo família com o tratado, esperávamos umaequivalência, o que não foi visto. 
Para os comportamentos de coçar e autocatação, um que é indicativo de estresse e o 
outro de alívio do estresse (GALVÃO-COELHO et al., 2017), respectivamente, era 
previsto ter um aumento quantitativo no grupo isolado quando comparado ao grupo 
família, todavia, as diferenças numéricas não foram encontradas quando comparado estes 
grupos, inclusive, com o grupo tratado. 
Nesse estudo o comportamento que apresentou significância foi a ingestão de 
alimentos, onde observamos uma redução brusca na alimentação do grupo isolado em 
relação ao grupo família, isto é possível que seja um indicativo de estresse, porém alguns 
estudos evidenciam que tanto a perda quanto o aumento do apetite estão relacionadas ao 
estado depressivo (GALVÃO-COELHO et al., 2017). 
Esta mesma redução foi observada quando comparado o grupo isolado com o grupo 
tratado, conduzindo ao mesmo entendimento. Apesar dos resultados estatisticamente não 
significantes, podemos identificar numericamente a suposição de um estado depressivo 
apresentado pelos saguis do GI, levando em consideração as diferenças com o GF. Estas 
mesmas não foram observadas em comparação ao GT, resultados estes já vistos em outras 
pesquisas com tratamento agudo com ayahuasca em sagui (DA SILVA et al., 2018). 
Todavia, é importante salientar que a presença dos pais nessa fase juvenil é extremamente 
relevante para a expressão dos comportamentos. A ingestão de alimentos e a ingestão de 
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sacarose, por exemplo, normalmente são seguidas pelos jovens, logo após os pais fazerem 
a primeira degustação, como já mencionado, ou outro adulto tendo em vista a criação 
cooperativa observada na espécie (BURKART & FINKENWIRTH, 2015). 
Contribuindo com esses achados, Grilo et al. (2022) concluiu que os animais do GI 
apresentaram um estado de hipocortisolemia, sendo assim uma redução na atividade do 
eixo HPA, também identificado por Da Silva et al. (2018). Contudo, os níveis de cortisol 
no GF e no GA foram similares sugerindo uma ação profilática da ayahuasca. Focando 
em nosso estudo esses resultados corroboram para caracterizar que os animais se 
encontravam em estado depressivo. 
O objetivo desse estudo era identificar a competência neuroprotetora da Ayahuasca no 
encéfalo do sagui, especificamente em sub-regiões no córtex pré-frontal, estes resultados 
apontaram que a Ayahuasca proporcionou uma proteção no volume total do córtex, assim 
como na densidade e no volume neuronal dos saguis, em relação as modificações 
causadas pelo estado depressivo. 
O córtex pré-frontal do sagui integra a atividade cognitiva-comportamental com as 
emoções, e possui conexões com diversas áreas subcorticais do sistema nervoso central, 
como sistema límbico (RÍOS-FLÓREZ et al., 2021). Seu volume está associado a 
densidade neuronal e de células gliais, que são importantes para seu desenvolvimento e 
manutenção, e estudos comprovam que está associado a capacidade de tomar decisões 
sociais (SLIVE & FREIWALD, 2017). Sabemos que o relacionamento social é 
prejudicado quando o ser humano se encontra em estado depressivo, o isolamento e 
afastamento da sociedade é notável e citado por pacientes. 
Nessa pesquisa observamos uma redução sutil no volume do córtex pré-frontal do 
sagui quando comparamos o grupo família com o grupo isolado, o que pode ser 
corroborado por alguns comportamentos, dependentes do comando social, que também 
apresentaram redução. 
Quando comparamos o grupo família com o grupo tratado com o chá da ayahuasca 
percebemos que as médias podem revelar a ação profilática do psicodélico, tendo em vista 
que o volume encontrado nesses animais já foi descrito por outros trabalhos realizados 
com saguis adultos, equiparando estes resultados (ATAPOUR et al., 2019). Pesquisa 
avaliando a área de superfície cerebral, através de ressonância magnética, de adolescentes 
com TDM também apresentou redução no volume cortical (SCHMAAL et al., 2017). 
Levando em consideração que o desenvolvimento do córtex permanece durante a 
juventude, essa redução pode ser considerada como biomarcador do TDM. Uma pesquisa 
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realizada por Sanches et al. (2016) em pacientes com TDM, avaliados pela escala HAM-
D, que não responderam ao menos um tipo de tratamento e receberam uma dose única do 
chá da ayahuasca, após sete dias foram reavaliados pela mesma escala e apresentaram 
redução na pontuação média da avaliação, os comportamentos mais expressivos foram a 
tristeza, a ideação suicida e a falta de concentração (SANCHES et al., 2016). 
Atentando a importância de mensurar a densidade neuronal, tendo em vista que a 
citoarquitetura está relacionada ao desenvolvimento e função cerebral (ATAPOUR et al., 
2019), tivemos excelentes resultados quando comparamos os grupos estudados. O método 
utilizado para essa amostragem também nos passa segurança na precisão dos números 
achados. No mCPF e no dlCPF observamos uma redução de 25% em média na densidade 
neuronal quando comparamos o GF com o GI, já quando comparamos o GF com o GT 
observamos similaridade nos números achados. 
Os neurônios do mCPF do sagui realizam conexões com o córtex cingulado anterior, 
com o pré-límbico e o infra límbico, sendo responsáveis pela tomada de decisão, 
influenciando diretamente em seus comportamentos individuais de combate ao estresse, 
assim como no comportamento social (RÍOS-FLÓREZ et al., 2021). 
Diante do exposto, podemos infundir que a ayahuasca impediu que houvesse morte 
neuronal na área do mCPF, mantendo então as conexões neuronais importantes na 
expressão desses comportamentos. Os neurônios do dlCPF, responsáveis pela função 
cognitiva, memória de trabalho, tomada de decisão e cognição social nos saguis, são 
extremamente frágeis. Estudos comprovam que estes neurônios são muito afetados em 
casos de envelhecimento e alteram os comportamentos de saguis adultos quando ocorre 
morte neuronal (FREIRE-COBO et al., 2023). Nos saguis juvenis do estudo, constatamos 
que a ayahuasca pode ter impedido a neurodegeneração precoce ocorrida nesta área nos 
animais do GT, referente a grande perda que ocorreu no GI. 
A morte neuronal não foi identificada no vCPF quando comparamos os três grupos. 
Confrontando o GF com o GI não extraímos alterações numéricas na densidade neuronal, 
contudo, fazendo o mesmo com o GF e o GT extraímos um aumento numérico bem 
expressivo da densidade neuronal. Tendo em vista esses resultados não conclusivos 
sugerimos uma progressão na pesquisa para que possamos obter uma resposta mais 
eloquente. 
A atrofia de neurônios do córtex pré-frontal é associado a transtornos depressivos e 
ansiedade (SAEGER & OLSON, 2021; LARSEN et al., 2022), esta característica foi 
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identificada em saguis do GI das três regiões do CPF (medial, dorsolateral e ventral), 
sugerindo ser um marcador do estado depressivo. 
O aumento do volume neuronal, ou seja, um aumento no corpo celular, pode sugerir um 
aumento no número de dendritos, de conexões nervosas, de receptores de 
neurotransmissores responsáveis pela tomada de decisão e combate ao estresse. A 
ayahuasca contém o DMT que é um excelente agonista da serotonina, ela atua no aumento 
de receptores de 5-HT principalmente atuando na neuroplasticidade do CPF, levando ao 
crescimento dos ramos dendríticos e sinapses (DOS SANTOS & HALLAK, 2021). 
Portanto, avaliamos que no GT o volume neuronal é similar ao GF, dados encontrados 
nas três regiões do CPF, nos levando a conclusão que a atuação da ayahuasca, em dose 
profilática, está relacionada com a neuro proteção contra a atrofia dos neurônios. 
Estudos de neuroimagem mostraram que uma dose única de chá da ayahuasca 
aumentou a atividade de neurônios em humanos saudáveis, em áreas normalmente 
atingidas pelo TDM como córtex cingulado anterior (ACC), mCPF, amígdala e 
hipocampo (RIBA et al., 2006). Pesquisa que utilizou uma dose única do análogo do 
DMT, o 5-metoxi-N,