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SANGUE É um tecido conjuntivo líquido que passa pelo sistema vascular. A parte líquida sem anticoagulante, se chama soro. A parte líquida com anticoagulante, se chama plasma. A parte sólida são as células (glóbulos brancos e vermelhos e plaquetas). O PLASMA tem todas as proteínas de coagulação conservadas, enquanto o soro não, pois foram usadas para coagular o sangue. Hemácias fazem o transporte de oxigênio. Leucócitos, neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos são para a defesa imunológica. Plaquetas servem para a coagulação. ANTICOAGULANTES EDTA: impede a coagulação de forma irreversível, removendo o cálcio do sangue, preservando as características das células. Tubo roxo. CITRATO: permite que o cálcio seja devolvido para o meio, causando a coagulação. HEMOGRAMA ERITROGRAMA Avalia os eritrócitos de acordo com os índices hematimétricos, auxiliando no diagnóstico de anemia. *RBC= eritrócitos. *HGB ou Hb= hemoglobina. *HCT ou Ht= hematócrito. VCM: avalia o volume (tamanho) dos eritrócitos. Microcítico e macrocítico (microcitose e macrocitose). Ht/RBC x 10 HCM: avalia peso (pigmentação) da hemoglobina. Hipocromia. Hb/RBC x 10 CHCM: avalia concentração (cor) da hemoglobina. Hipocromia. Hb/Ht x 10 HEMOGRAMA RDW: avalia a distribuição dos tamanhos das hemácias. Único que não calcula. É a diferença de tamanho entre a população de hemácias. Anisocitose é quando tem 2 populações de hemácias (grandes e pequenas); variação de tamanho. Eritocitopeia são poucos eritrócitos, anemia. Policitemia são muitos eritrócitos. PLAQUETOGRAMA Avalia as plaquetas, células responsáveis pelo início da coagulação. Plaquetose são muitas plaquetas. Plaquetopenia são poucas plaquetas. LEUCOGRAMA Avalia leucócitos que definem doenças infecciosas e processos inflamatórios. Neutropenia (pouco), neutrofilia (muito), eosinofilia (muito), eosinopenia (pouco), monocitose (muito) e monicitopenia (pouco). COMO RELATAR? 1º relata o tamanho (RDW e VCM). 2º relata a coloração (HCM e CHCM). - Quando apenas o HCM está baixo, com o CHCM normal, diz que está com discreta hipocromia. - Quando o HCM e o CHCM estão baixos, diz que está com moderada/acentuada hipocromia. - Quando apenas o HCM está alto, com o CHCM normal, se chama hipercromia, porém NÃO relata, pois, consequentemente, tem uma macrocitose. 3º relata a forma. - poiquilocitose: tem que relatar qual o formato da célula e quantificar em várias, algumas e raras. 4º relata as características. - policromasia: várias cores. A anemia é dada quando tem uma redução na massa eritrocitária (série vermelha), na capacidade de transportar O2 e na concentração da hemoglobina. ANEMIAS O mais usado é quando o valor de referência da hemoglobina está diminuído. Quando a hemoglobina está baixa, a contagem de eritrócitos cai, e consequentemente, cai o hematócrito (empilhamento das hemácias, parte vermelha do tubo). Homem: <13,5 g/dL Mulher: <11,5g/dL 2 anos até puberdade: <11 g/dL Recém-nascido: <14 g/dL CAUSAS - Desidratação - Esplenomegalia - Gravidez Os reticulócitos são hemácias jovens, então quando eles estão baixos é porque a medula não está funcionando direito. ASPECTOS CLÍNICOS O sistema cardiovascular se compromete pois as anemias vem a causar um aumento do volume sistólico, levando a uma taquicardia. A anemia depende... VELOCIDADE DE INSTALAÇÃO Quanto mais rápida ela se instala, mais sintomas terá. INTENSIDADE A Hb fica muito baixa, abaixo de 9g/dL. IDADE Os idosos são os menos tolerantes a anemias pois tem déficit de O2 nos órgãos, acometendo o sistema cardiovascular. CURVA DE DISSOCIAÇÃO DO O2 DA Hb Essas são as anemias causadas pelo metabolismo dos glóbulos vermelhos, que pelo aumento da enzima 2,3-DPG acontece um desvio da curva de dissociação, que basicamente, as hemácias começam a entregar O2 rapidamente para alguns órgãos e tecidos, deixando outros em falta. SINTOMAS - Palpitações com insuficiência cardíaca (em idosos) - Dispneia - Claudicação (andar cansado, dores nas juntas em idosos) - Cefaleia - Distúrbios visuais (hemorragia na retira) - Letargia - Fraqueza SINAIS Palidez nas mucosas e sinais de insuficiência cardíaca. Os mais específicos são: - Coiloníquia (unhas em forma de colher por deficiência de ferro). - Úlceras em membros inferiores (anemia falciforme e hemolíticas) por conta da circulação. - Icterícia (anemia hemolítica e megaloblástica). Causada pela bilirrubina, que é um produto de degradação da hemoglobina. A bilirrubina acaba por não se associar com a albumina para ser liberada, então ela cai na circulação e é liberada pela pele, ficando amarela. - Deformidades ósseas, como a talassemia maior. A associação das características de anemia, infecções frequentes e equimoses (manchas roxas) costuma ter neutropenia (↓) e trombocitopenia (↓ plaquetas) causada por insuficiência da medula óssea. CARACTERIZAÇÃO DA ANEMIA Hb<10g/dL Ht<30% Reticulócitos<2%, pode ser deficiência de medula. Reticulócitos>2% já com a anemia instalada, pode ser hemorragia aguda ou anemia hemolítica. O VCM que nos dá os primeiros indícios da anemia: - Microcítica (↓80fL); HCM<27pg - Talassemias - Doenças crônicas - Anemias sideroblasticas - Deficiencia de ferro - Normocítica (80-95fL), com Hb e Ht ↓, HCM em 27pg. - Anemias hemolíticas - Insuficiencia de medula óssea - Nefropatias - Pós hemorragia aguda - Macrocítica (↑95fL) - Anemias megaloblásticas (↓ B12 e folatos) - Anemias não megaloblásticas (álcool, hepatopatias...) O recém-nascido tem o VCM elevado mesmo. O latente até 1 ano tem o VCM com cerca de 70fL. Na gravidez o VCM tem um leve aumento. Outros achados laboratoriais Na anemia, os leucócitos e plaquetas estão com seus valores normais. Se não estiverem, é uma pancitopenia, quando eritrócitos, leucócitos e plaquetas estão diminuídos. Quando os reticulócitos estão acima de 2,5% é porque houve um aumento da eritropoetina (EPO), e quando estão abaixo, é por redução na função da medula óssea, ou falta de estímulo da EPO. Na distensão sanguínea (esfregaço) é possível avaliar os leucócitos, plaquetas e células anormais. A anemia pode ser avaliada por exame de medula óssea, também, sendo mielograma, biópsia ou um imuno-histoquímico. Pode ter uma eritropoese ineficaz, onde cerca de 15% dos eritroblastos morrem na medula óssea, elevando a bilirrubina não conjugada, o LDH e diminuindo os reticulócitos. RETICULÓCITOS Classificam a capacidade de regeneração medular. Na anemia, os reticulócitos podem tanto estar normais, diminuídos ou aumentados. NORMAIS OU DIMINUÍDOS: - Medula entrou em falência (não produz) - Estados carenciais (entram em apoptpse) - Insuficiencia renal crônica - Anemia de doença crônica (anemia da inflamação, causada por processos inflamatórios pois as proteínas inflamatórias impedem a absorção do Ferro) AUMENTADOS: - Causa hemólise (e icterícia). Nesse caso o VCM não está, necessariamente, diminuído ou amentado, vai depender. - Hemorragias agudas - Com VCM e HCM ↓, pode indicar traço talassêmico ou anemia ferropriva. - Com VCM e HCM normais, pode indicar doença crônica ou doença medular óssea. - Com VCM ↑, tem que fazer a pesquisa se é uma anemia por deficiência de ácido fólico ou por deficiência de vitamina B12. O FORMATO DO ERITÓCITOS TAMBÉM INDICA O QUE PODE SER. (slide anemias 1, último slide). ANEMIA APLÁSTICA/ APLASIA MEDULAR Caracterizada por pancitopenia e a MO fica hipocelular, sendosubstituída por gordura. A hipocelularidade pode ocorrer por reação imunológica contra a MO. Normocrômica, normocítica ou macrocítica. Se acomete entre 15-25 anos e acima dos 60. A maior parte das vezes não se sabe o motivo da causa, sendo uma etiologia idiopática. Mas, pode estar associado a drogas (cloranfenicol), agentes químicos (benzeno, pois lesam as células), radiação e vírus que causa dano celular. Sinais e sintomas Demora a aparecer. Fraqueza, fadiga, petéquias, sangramento nas mucosas, equimoses, dispneia, palidez e infecções bacteriana (na forma grave). Diagnóstico - Pancitopenia. - Reticulocitopenia. - Hipocelularidade e substituição do tecido da medula óssea por gordura. Na anemia aplástica grave, deve ser considerado a hipocelularidade e a presença de pelo menos 2 dos: - Neutropenia. - Reticulocitopenia. - Trombocitopenia. HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA (HPN) ANEMIAS POR INSUFICIÊNCIA DE MEDULA ÓSSEA Urina apresenta hemoglobina no período noturno. É uma doença clonal de célula hematopoiética que produz células sanguíneas com algumas alterações. Pode estar associada a outras doenças de base (infecção, transfusão, menstruação...) A HPN é ligada a 3 características: - Hemólise intravascular. - Trombose em grandes veias. - Insuficiência de MO. Nos eritrócitos, plaquetas e leucócitos vai ter a falta de produção da estrutura que atua como âncora, ligando proteína, a Glicosil-fosfatidil- inositol (GPI). Com a falta da GPI e das proteínas CD55 e CD59, as células ficam mais susceptíveis ao sistema complemento, que causam a hemólise, liberando a hemoglobina ao plasma, levando a icterícia e libera essa hemoglobina pela urina. As proteínas CD55 e CD59 também atuam como uma ‘’proteção’’ a trombose, então sem elas, ajuda nessa ocorrência. Uma característica é a hemossiderinúria, que é a perda urinária de ferro na forma de hemossiderina. Esse ferro está sendo liberado por causa da grande quantidade de hemoglobina livre, o que acaba por causar insuficiência renal. Sintomas - Dor abdominal, pulmonar e torácica (por causa da trombose). - Sinais de anemia grave - Esplenomegalia. - Hemoglobinúrina e hemossiderinúria. As manifestações que a trombose causa depende de qual vaso o trombo está, que causa edema nas pernas ou braços, dores... Diagnóstico laboratorial CITOMETRIA DE FLUXO Determina a presença ou ausência das proteínas CD55 e CD59 nos leucócitos e eritrócitos. O primeiro teste é o Teste de Ham. Faz a acidificação do soro para verificar a ativação do sistema complemento, vendo se teve ou não hemólise das células da HPN. Depois, faz um EXAME DE MO, para verificar uma hipoplasia eritroide. Essa hemoglobinúria e hemossiderinúria é comum apenas durante as crises, onde no período da noite o paciente, já deitado, sente dor abdominal e ao se levantar a ponta dos pés dói muito. E ao urinar, a urina sai escura/vermelha. Classificação da HPN - Hemólise sem alteração de células: é uma HPN clássica. - Hemólise com alteração de células: hemólise associada a outra anormalidade da medula. - Ausência de hemólise: tem a presença de clones das células, que são muito parecidos com as células normais, vindo a ser uma HPN subclínica. Medidas de suporte Não tem tratamento - Suplementar com ácido fólico e ferro oral. - Transfusões, quando a Hb está muito reduzida. - Corticoides (tomar com cautela pelos efeitos adversos), quando não tem o eculizumabe (Ac contra o sistema complemento). ANEMIA DAS DOENÇAS CRÔNICAS Anemia normocrômica, normocítica ou microcítica. É uma anemia que vem de outras doenças crônicas já instaladas, como infecções ou câncer. Está TOTALMENTE associada ao desequilíbrio do metabolismo do ferro. Essas doenças podem causar um desequilíbrio no metabolismo de ferro, que vem a afetar a sobrevida dos eritrócitos, levando a inibição da hematopoese e até, com os níveis de IL altos, diminui a produção de EPO. Hepcidina É uma proteína/peptídeo produzida pelo fígado que interfere no metabolismo do ferro. Com a doença inflamatória instalada, a IL-6 é quem faz a hepcidina aumentar, e com ela aumentada, inibe a liberação do ferro pelo SRE (que diminui o ferro sérico) e lá ele estará ↑, inibe sua absorção pelo intestino delgado e inibe o transporte do ferro pela placenta. Ela inibe a absorção do ferro pelo intestino delgado, a liberação do ferro reciclado pelos macrófagos e o transporte de ferro pela placenta. Diagnóstico Feito por exclusão de quais as doenças bases que estão levando a essa complicação, que pode ser causada por antinflamatórios, deficiências nutricionais, IR ou insuficiência de medula e câncer. O tratamento é voltado a doença base. ANEMIA DA INSUFICIENCIA RENAL Anemia normocítica e normocrômica, com reticulocitopenia. Devido a insuficiência renal (rim doente), diminui a produção de EPO, com isso reduz a produção dos eritrócitos (hipoproliferação eritropoética). Outra causa para a hipoproliferação eritropoética é a presença de inibidores da hematopoese no sangue, onde eles inibem a célula genitora ou a síntese de Hb. A hemólise vai acontecer por causa da uremia (presença de ↑ureia no sangue), que junto com a creatinina, é um marcador de doença renal. Essa ureia no sangue causa a hemólise. Em casos de sangramento digestivo e hemodiálise pode causar a perda de ferro (compromete a produção de EPO) e de ácido fólico, auxiliando na anemia. No esfregaço sanguíneo é encontrado equinócitos, Acantócitos E fragmentos eritrocitários Tratamento Injetar eritropoetina subcutânea recombinante que estimula a produção dos eritrócitos. Mas pode causar hipertensão de alguns pacientes. Quando esse tratamento for insuficiente é porque o paciente tem deficiência de ferro ou folato, ou tem hiperparatireoidismo. Então continua com a eritropoetina recombinante, mas suplementa com ácido fólico ou ferro, e tenta diminuir o hiperparatireoidismo. ANEMIA DE DONEÇAS ENDÓCRINAS Causada por disfunção das glândulas (tireoide, paratireoide, suprarrenais, gônadas e hipófise), sendo a maioria das vezes assintomática. No hipotireoidismo (↑TSH e ↓ T3 e T4), causa uma anemia microcítica e hipocrômica, normocítica e normocromica, ou macrocitica e normocromica, devido a deficiência de ferro, B12 e folatos. Para resolver tem que fazer a reposição hormonal, que vai corrigir a anemia e lentamente, o VCM. No hipertireoidismo (↓TSH e ↑T3 e T4), é uma anemia microcítica com o ferro encontrado em níveis normais. A causa sendo hipopituitarismo (deficiência da hipófise), onde tem a diminuição da concentração dos hormônios tireoideanos, suprarrenais e andrógenos, e é uma anemia normocítica e normocrômica (índices hematiméticros normais, com Et, Ht e Hb alterados) ou levemente macrocítica. No hipogonadismo (hormônios sexuais) ou hiperparatireoidismo vem a ser uma anemia discreta e sem expressão clínica. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA É uma anemia macrocítica, onde os eritrócitos ficam ovais e gigantes (macroovalócitos). É causada por carência de vitamina B12 ou folatos que afeta grávidas, idosos e alcoólatras. A falta da B12 e dos folatos implicam diretamente na síntese do DNA, diminuindo-o. Com essa diminuição, ocorre um retardo na divisão celular deixando as células com um tamanho aumentado. Deficiência de B12 - Vegetarianos que não comem carne vermelha. - Anemia perniciosa (doença autoimune pela deficiência da B12). - Insuficiência pancreática (pois ele ajuda na absorção). - Doença de Crohn, Doença celíaca (intolerante a glúten) e outras coisas que levam a má absorção ileal. - Alguns medicamentos como antiácidos, antibióticos,alopurinol... Deficiência de folatos - Ingestão insuficiente (pobreza, alcoólatras, idosos, dietas...). - Má absorção jejunal. - Aumento da demanda (gravidez, anemias hemolíticas, anticoncepcional, doenças neoplásicas). - Medicamentos (anticonvulsivantes, sulfas, imunossupressores). Sintomas Pode não ter sintomas até ficar grave. Diarreia, glossite (língua careca), anorexia A deficiência apenas de B12 pode causar manifestações neurológicas e mentais (neuropatia periférica e instabilidade da marcha) e parestesias (mesmo sem a anemia). Diagnóstico B12 <200pg/mL e folato <2ng/mL. Reticulocitopenia. Eritrócitos com macro- ocalocitose, anisocitose e poiquilocitose. Presença de corpúsculo de howell-jolly, que são ‘’pontinhos’’ nas hemácias. Hipersegmentação dos neutrófilos com neutropenia. Trombocitose em casos graves. Em deficiência de B12, testar a existência de autoanticorpos que levaria a anemia pernicsiosa. Tratamento Suplementos vitamínicos na falta da qual foi identificada. SEMPRE excluir a falta de B12 antes de suplementar folato, pois pode mascarar a deficiência de B12, e assim causar mais complicações neurológicas. Eliminar fármacos que provoquem estados megaloblásticos. Anemia não megaloblástica É uma anemia macrocítica, mas sem a deficiência de B12 e folatos. É preciso fazer um exame de medula óssea para avaliar se os eritrócitos, lá, estão normais. Caso isso ocorra, está sendo causada por uma mielodisplasia ou por alguma doença hepática avançada, onde os eritrócitos megaloblásticos tem a cromatina muito mais densa, diferente de uma anemia megaloblástica. É o aumento de hemólise, acontecendo uma hiperplasia eritropoética onde a medula tenta produzir mais células para não levar o paciente a anemia. Ocorre uma reticulocitose aumentada pois a medula está produzindo mais para tentar repor as células destruídas. A sobre vida das hemácias passa a ser de 30 dias ou menos. É a redução da sobrevida das hemácias de 120 dias para menos de 30 dias devido a hemólises, onde a medula óssea não é capaz de compensar. HEMÓLISE Extravascular Em condições normais, ocorre a remoção das hemácias pelos macrófagos do sistema reticuloendotelial na medula, fígado e no baço, a fim de auxiliar na produção de novas células. Intravascular Em condições patológicas, ocorre a destruição das hemácias que sofreram alguma lesão. A hemoglobina é filtrada pelos rins e como está em grande quantidade, sai pela urina (hemoglobinúria). A parte dela que foi reabsorvida é metabolizada em ferro, que esse em grande quantidade vira ferritina e hemossiderina, que também sai pela urina (hemossiderinúria). Essa catabolização da hemoglobina também pode levar a grandes quantidades de bilirrubina não conjugada (indireta) no sangue, causando a icterícia. Doença hemolítica compensada Nessa anemia, a medula óssea fica hiperplásica, aumentando o número de eritroblastos e ela também aumenta seu volume, se expandindo a locais que eram medula óssea gordurosa. A produção dos eritrócitos aumenta 7x mas sua sobrevida cai para 21 dias, mas não há a anemia pois está compensando e o volume está o mesmo. Anemia hemolítica (não compensada) ANEMIAS HEMOLÍTICAS Mesmo a MO ficando hiperplásica, ocupando outras áreas, a sobrevida das hemácias cai de 20 dias, onde a quantidade delas destruídas é maior do que a quantidade produzida, modificando o volume, então a medula não está compensando, causando a anemia. A hiperplasia da medula causa o aumento de reticulócitos no sangue (reticulocitose). As maiores manifestações clínicas são icterícia, palidez de mucosas, esplenomegalia e hepatoesplenomegalia, urina escura e colelitíase (pedra na vesícula). Os achados laboratoriais se baseiam no aumento de bilirrubina indireta, aumento de urobilinogênio urinário, reticulocitose, hiperplasia eritroide da MO e mudanças na morfologia dos eritrócitos. CAUSAS - Transfusão sanguínea incompatível. - Deficiência da enzima G6PD (auxilia na proteção das membranas das hemácias contra o estresse oxidativo) com o estresse oxidativo. - Síndrome de fragmentação eritrocitária (hemácias se fragmentam nos pequenos vasos). - Anemias hemolíticas autoimunes graves. - HPN. - Hemoglonibúria de marcha (o impacto nos pequenos vasos do pé destrói as hemácias). - Síndrome de hemoglobina instável. ANEMIAS HEMOLÍTICAS HEREDITÁRIAS Esferocitose hereditária (EsH) Doença autossômica dominante que pode ser homozigose ou heterozigose. A medula óssea produz eritrócitos de forma bicôncava normal, porém, o citoesqueleto tem defeitos com a interação a bicamada lipídica, o que causa a perda da biconcavidade/perda da superfície da membrana, ficando mais esférico conforme passam pelos vasos. Esses eritrócitos são sequestrados pelo baço, o que causa uma esplenomegalia, e também são mortos pelos macrófagos ou sofrem hemólise. Pode haver icterícia por conta da hemólise, e se agravar durante períodos de infecções. Nos achados laboratoriais é encontrado os microesferócitos que são muito corados e com diâmetro menor, e também são encontrados reticulócitos. O melhor tratamento é a esplenectomia (retirada do baço). Eliptocitose hereditária (ELH) É semelhante a esferocitose hereditária, exceto pela morfologia. As proteínas do citoesqueleto são as espectrinas α e β. Nessa doença hereditária ocorre mutações nos genes que codificam essas proteínas deixando as hemácias em forma elíptica após a passagem por capilares, perdendo sua forma bicôncava. Normalmente são casos leves, assintomáticos e não chega nem a ter anemia ou hemólise, onde esses eliptócitos são vistos apenas em microscopia óptica. Mas, em casos de formas homozigóticas ou heterozigóticas duplas causa anemia hemolítica grave, sendo denominada de piropecilocitose hereditária. O diagnóstico é feito por microscopia óptica, vendo eliptócitos no sangue do esfregaço. Deficiência de G6PD A G6PD é responsável por reduzir NADP em NADPH nos eritrócitos. Esse NADPH é quem produz a GSH, que ela é quem protege os eritrócitos contra o estresse oxidativo. Na falta da G6PD, o NADPH e a GSH estão diminuídos e propensos ao estresse oxidativo, levando anemia hemolítica aguda e a hemólise intravascular que causa hemoglobinúria e hemossidenúria. A falta dessa enzima também pode levar a icterícia neonatal, mas não pela hemólise, e sim pela dificuldade do fígado a conjugar a bilirrubina, pela falta da G6PD. Assim como acarreta a anemia hemolítica congênita não esferocítica. Outras causas que em conjunto a deficiência da G6PD levam a anemia hemolítica são infecções, como por vírus da hepatite A e B, que levam a hemólise; favismo, pois as favas contêm um oxidante químico que levam a hemólise intravascular; e uso de fármacos que acabam levando a hemólise. O diagnóstico é feito por espectrofotometria, que estima a atividade da enzima pela razão de NADPH e NADP. Por normalmente ser assintomática, a falta dessa enzima só se apresenta quando causa uma anemia hemolítica por conta de fármacos, infecções... Durante crises, na distensão sanguínea, os eritrócitos se apresentam ‘’mordidos, fragmentados, contraídos’’, que são os Heinz Bodies ou Bite cells. O tratamento é feito cortando o uso desses fármacos e tratando a infecção. Deficiência de piruvatoquinase (PK) Quando há a anemia hemolítica congênita não esferocítica, deve-se suspeitar dessa deficiência. Os eritrócitos ficam rígidos por causa da diminuição da formação de ATP, tendo formato de pecilocitose e ficam espiculadas. Causa hemólise crônica com anemia normocítica e normocrômica. É comum ter icterícia, cálculosvesiculares e sobrecarga de ferro por causa da baixa hepcidina. O diagnóstico é dosando essa enzima e o tratamento pode ser feito por esplenectomia para somente aliviar a anemia. ANEMIAS HEMOLÍTICAS ADQUIRIDAS Autoimune São causadas pela produção de autoanticorpos contra os eritrócitos, tendo a fixação de Ig e complemento na superfície das hemácias, induzindo a hemólise. Pode ser assintomático, ou sintomático que causa a anemia devido a hemólise ou de doenças linfoproliferativas. Pode ser separa pela temperatura quente ou frio no nosso corpo. ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE POR ANTICORPOS QUENTES A reação ocorre na temperatura corporal. Causada por anticorpos IgG que cobrem os eritrócitos devido aos antígenos do sistema Rh, com ou sem complemento (incomum). Isso ocorre pela quebra de algum ponto de controle do sistema imune, levando a essa doença autoimune. Os macrófagos tem receptores para a porção Fc da IgG, fagocita uma parte do eritrócito só, e depois volta para a circulação, mas agora com o formato esferócito, e depois é destruído pelo baço. Pode ter causa idiopática, ou por linfomas, lúpus eritematoso sistêmico... Os achados laboratoriais são esferocitose, hemácias policromáticas (reticulócitos) e basófilos. Aumenta a bilirrubina indireta e tem esplenomegalia. O teste de Coombs direto verifica se as hemácias estão mesmo com essas IgG em sua membrana. Num tubo tem o sangue do paciente, e é adicionado o soro de coombs, que é uma anti-ig, e se ocorrer aglutinação visível é porque tem essas IgG pois tudo se ligou. ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE POR ANTICORPOS FRIOS Na circulação periférica a temperatura é mais fria, o que muda os sítios antigênicos das hemácias, ativando as IgM, com ou sem complemento. Quando as hemácias voltam a áreas mais quentes do corpo, as IgM se desligam, mas o complemento continua, o que causa hemólise intravascular e fagocitadas no fígado. Os sintomas são causados devido a aglutinação nas extremidades como nariz, orelhas e dedos, reduzindo o fluxo sanguíneo e a oferta e oxigênio. Pode ter causa idiopática ou por linfomas, infecções ou hemoglobinúria paroxística (por IgG). Os achados laboratoriais são aglutinação (crioaglutininas), policromasia e reticulocitose. Anemia hemolítica aloimune Causa pela transfusão sanguínea. Os linfócitos do sangue do doador produzem anticorpos contra os eritrócitos de quem está recebendo o sangue (receptor). Pode ser causado por transplantes renais, hepáticas, cardíacos ou de MO. Anemias hemolíticas por fármacos Sempre que o fármaco é suspenso, essa anemia desaparece. Pelo uso do fármaco, mas pode ter 3 mecanismos: - Produção de anticorpo contra o fármaco que se fixa na membrana no eritrócito. (só com altas doses). - Deposição de complemento sobre o fármaco que se fica em proteína na superfície da membrana do eritrócito. - Anemia hemolítica autoimune verdadeira, onde não se sabe o papel do fármaco. Tudo isso causa a hemólise do eritrócito. 2/3 do ferro está incorporado na hemoglobina, onde é seu principal depósito. O ferro faz parte do grupo heme, se ligando a protoporfirina. A molécula heme é composto por 4 aneis pirrólicos ligados ao ferro+protoporfirina no centro. Dentro dessa bolsa hidrofóbica o ferro está na forma de ferro ferroso (forma de absorção), e quando ingerimos o ferro férrico, ele tem que ser transformado em ferroso para ser absorvido. O ferro ferroso é chamado de ferro-hemoglobina, e quando está no estado férrico é chamado de ferri- hemoglobina. 4 moléculas de heme (2 cadeias beta e 2 cadeias alfa) compõem 1 hemoglobina. O ferro também é encontrado na mioglobina, que é uma proteína para o depósito de O2 nos músculos, e nas enzimas catalase e peroxidase e nos citocromos (proteínas do grupo heme). O organismo armazena ferro também em forma de ferritina e hemossiderina. A ferritina é a estocagem de ferro no citoplasma das células, enquanto a ferritina sérica é a pequena porção de ferritina liberada no soro, que corresponde diretamente a concentração total de ferro no organismo. A hemossiderina é o ferro estocado nos macrófagos do baço, fígado e MO. A absorção do ferro pelo intestino corresponde a quantidade de perda diária desse ferro, mas grandes perdas/grandes necessidades pode causar a deficiência de ferro. A transferrina é responsável por conduzir e entregar o ferro aos tecidos, principalmente à MO, onde será incorporado na hemoglobina para os eritroblastos. Os eritrócitos no final da vida são destruídos pelos macrófagos e o ferro é liberado da hemoglobina, ANEMIA FERROPRIVA ficando no plasma junto com a transferrina. Apenas uma pequena parte do ferro da transferrina vem da alimentação, pois a maior parte do que vem da dieta é para repor as perdas diárias normais. Causas da deficiência de ferro - Perda crônica de sangue uterina e gastrointestinal. - Má absorção intestinal. - Dieta pobre em ferro. - Aumento da demanda (gravidez, criança, mulher em período menstrual, lactantes). Anemia por deficiência de ferro Anemia hipocrômica e microcítica, com células-alvo, pecilócitos, anisocitose, poiquilocitose e reticulocitopenia. Os depósitos de ferro nos macrófagos do sistema reticuloendotelial são esvaziados antes de aparecer a anemia. Quando a deficiência de ferro é associada a deficiência de vitamina B12 ou folato aparece um aspecto dimórfico com dupla população de eritrócitos, sendo macrocítica e microcítica. Essa duplicidade pode ‘’corrigir’’ os índices hematimétricos e normalizá-los. O tratamento é pela administração oral de sulfato ferroso com o estômago vazia por 6 meses para corrigir a anemia e repor os depósitos de ferro. Com isso, a hemoglobina sobe 2g/dL a cada 3 semanas. Quando isso não resolver tem que investigar a causa, podendo ser hemorragia persistente, diagnóstico errado, deficiência mista, outra causa de anemia, má absorção. Ocorre uma alteração na estrutura da hemoglobina, fazendo com que as hemácias fiquem com formato de foice e se rompam mais facilmente. Tem uma substituição de uma adenina por uma timina na globina β (GAG-GTC), resultando em uma substituição do ácido glutâmico por valina. Isso tem por consequência final a polimerização da hemoglobina S quando desoxigenada, que é o que resulta na mudança de morfologia. A hemoglobina S oxigenada é desoxigenada e sobre polimerização, deixando a hemácia falciforme que ANEMIA FALCIFORME pode ocorrer hemólise e causar icterícia. As hemácias falcifazadas tem um tempo de vida reduzido, o que contribui para a anemia hemolítica. O ‘’traço falciforme’’ é o estado heterozigótico, classificado como síndrome falciforme (AS). A doença falciforme é quando tem o estado homozigótico, que é mais grave (SS). 2 pessoas com o traço podem ter filhos com a doença. As hemácias falciformes podem causar vaso-oclusão na microcirculação por vários motivos: ao ter febre, desidratação, falta de oxigênio, exercício físico, mudança no clima, estresse e infecção. Sinais e sintomas Icterícia, por causa da hemólise e aumento da bilirrubina indireta. Dor nos ossos e articulações, pois o acúmulo das hemácias falcifazadas na oclusão dos vasos causa isquemia dos tecidos que provoca uma resposta inflamatória, que atingem ossos longos, articulações e regiões lombares. Esplenomegalia pelo sequestro de eritrócitos pelo baço. Priapismo: as células falcizadas fizeram a oclusão dos corpos cavernosos e esponjoso, impedindo o esvaziamento do sangue do pênis. Infecções bacterianas Cegueira. Úlcera de perna e palidez. Fadiga. Febre. Taquicardia. AVC. Diagnóstico É feito eletroforese de hemoglobinaspara a comprovação da hemoglobina S. E é feito o teste do pezinho para detectar a hemoglobina S quando a criança nasce. Tratamento Ter alimentação equilibrada, prevenir infecções, desidratações e acidoses e proteger os membros inferiores. Os tratamentos das crises são uso de analgésicos e antibióticos, suplementação de ácido fólico, transfusão sanguínea em casos de crises de sequestro, AVC, preparação para cirurgia, gravidez... O transplante de MO/células tronco é um tratamento curativo para as doenças falciformes. Achados laboratoriais Anemia normocítica e normocrômica. Anisocitose. Poiquilocitose com drepanócitos. Reticulocitose. Anemia hemolítica grave.
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