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formas de desenvolvimento na carreira pública

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DIFERENÇAS ENTRE A CARREIRA PÚBLICA E PRIVADA
A carreira pública e a privada possuem diversas diferenças. Vamos analisá-las de forma mais detalhada?
Estabilidade: serviço público versus iniciativa privada
No serviço público há uma garantia maior de estabilidade, uma vez que a Administração Pública é menos suscetível a influências externas. Além disso, a “empresa” Brasil tem um orçamento trilionário, podendo resistir por mais tempo a eventuais crises – e de forma mais estável – que as empresas menores.
Outro fator preponderante é que os servidores públicos, após a aprovação em estágio probatório e três anos de efetivo exercício, adquirem a estabilidade.
Nesse caso, como já apontamos, eles só podem ser demitidos por três hipóteses:
· PAD;
· Sentença judicial transitado e julgado;
· Avaliação de desempenho periódica (ainda não regulamentada).
Atenção
Regidos pela CLT, os empregados públicos não possuem estabilidade.
A iniciativa privada, por outro lado, está mais suscetível à influência do mercado e às eventuais crises. Desse modo, tal dinamismo e a necessidade de se adaptar às exigências do mercado demandam reestruturações que podem gerar desligamentos.
Obviamente, algumas empresas são mais fortes economicamente, podendo aguentar eventuais crises; entretanto, a maioria das empresas é de pequeno porte e fica exposta a situações de risco dessa natureza. Além disso, é comum, em empresas familiares, haver tomadas de decisão baseadas em questões não relacionadas ao aspecto profissional.
Os empregados da iniciativa privada, portanto, têm um maior risco de demissão por:
· Não possuírem estabilidade.
· Estarem mais expostos às crises de mercado.
Rotina: serviço público versus iniciativa privada
O serviço público apresenta um ambiente mais estático se comparado ao da iniciativa privada. O gestor público, por outro lado, deve obedecer a inúmeros dispositivos legais (legislação e normas internas) e também precisa prestar conta de todas as suas atividades e decisões à sociedade.
Por isso, muitas vezes, os processos da gestão pública tornam-se mais lentos que os da iniciativa privada, já que prestações de contas e justificativas demandam bastante tempo do gestor.
Uma questão a ser destacada é o princípio constitucional da legalidade:
A legalidade traduz a ideia de que a Administração Pública somente tem possibilidade de atuar quando exista lei que o determine (atuação vinculada) ou autorize (atuação discricionária), devendo obedecer estritamente ao estipulado na lei, ou, sendo discricionária a atuação, observar os termos, condições e limites autorizados na lei.
PAULO; ALEXANDRINO, 2008, p. 194
De acordo com Meirelles (2008), na Administração Pública, só é permitido fazer o que a lei autoriza. Já na privada, existe o oposto: existe a possiblidade de fazer o que ela não proíbe.
Dessa forma, na pública, só é permitido fazer o que está expressamente autorizado em lei. Assim, do ponto de vista administrativo, torna-se mais custoso inovar, pois toda decisão no serviço público deve ter respaldo legal.
Como sabemos que é impossível o ordenamento jurídico acompanhar as necessidades da gestão e da sociedade de forma imediata, tal realidade torna o serviço público mais rígido na comparação com a iniciativa privada.
A iniciativa privada possui mais liberdade para inovar que o serviço público, pois, como frisamos, a iniciativa privada pode fazer o que desejar – salvo nos casos em que a lei o proibir.
Exemplo
Analisemos o caso dos aplicativos de transporte. Até recentemente, não existia nenhuma lei que proibia a utilização de carros particulares para transportar pessoas.
A iniciativa privada resolve criar um aplicativo para facilitar essa relação exemplificada acima.
Clique na barra para ver as informações.
MAS COMO PODE FUNCIONAR A REGULAMENTAÇÃO DESSE SERVIÇO?
Apenas meses depois o serviço público conseguiu elaborar legislações para normatizar esse tipo de transporte.
Podemos concluir que, diante desse cenário, a rotina no ambiente privado é mais dinâmica que a do público.
ASPECTOS BUROCRÁTICOS NO SERVIÇO PÚBLICO E NO PRIVADO
Ao pensarmos na burocracia, a associamos, na maioria das vezes, a algo ruim. No entanto, sua presença é fundamental na Administração Pública, pois garante a impessoalidade e a padronização de procedimentos.
Para Motta (1985), a burocracia pode ser refletida por meio de três aspectos:
Formalismo
Impessoalidade
Profissionalismo
Analisaremos agora o impacto dela nos serviços público e privado:
Serviço Público
Segundo Max Weber (1971), a burocracia é implementada por meio de leis e normas administrativas que organizam os deveres e definem as hierarquias dos cargos, assim como o grau de qualificação necessária para exercê-lo.
Percebe-se, dessa maneira, que a burocracia está atrelada à profissionalização do serviço público.
Listaremos a seguir, de acordo com Weber (1971), algumas características de um aparato burocrático moderno:
· Os funcionários são contratados devido à sua competência técnica e às suas qualificações específicas.
· Os funcionários cumprem tarefas determinadas por meio de normas e regulamentos escritos.
· A remuneração é baseada em salários estipulados em dinheiro.
· Os funcionários devem obedecer a regras hierárquicas e códigos disciplinares que estabelecem as relações de autoridade.
Desse modo, verifica-se que a burocracia, em sua essência, é benéfica.
O que acaba acontecendo em muitas organizações, sejam elas públicas ou privadas, são as chamadas disfunções da burocracia.
Essas disfunções constituem os excessos dos padrões e das rotinas que tornam um processo mais complexo e extenso que o necessário.
Veremos agora alguns exemplos de disfunções da burocracia reunidos por Merton (1970):
Excesso de formalismo: A necessidade de registrar todo tipo de documentação no processo;
Internalização das regras e apego aos regulamentos: Os normativos se transformam em objetivos, e não em meios para se alcançar um resultado;
Resistência à mudanças: Como tudo na burocracia deve seguir uma rotina, alterar qualquer procedimento se torna um trabalho mais difícil.
Iniciativa privada
É comum associar as disfunções à burocracia como uma característica exclusiva do serviço público, embora esse atributo também seja habitual nas organizações privadas.
Quantas vezes somos surpreendidos com o excesso de burocracia em empresas privadas?
A burocracia é importante para a organização dos fluxos de trabalho; entretanto, reforçamos que ela deve ser vista como um meio – e não como um fim.
PROGRESSÕES, PROMOÇÕES E DESLOCAMENTOS
Agora que falamos das principais diferenças entre a esfera pública e a privada, nos concentraremos no desenvolvimento de uma carreira no setor público.
Um servidor efetivo que prestou concurso público está no início de sua vida pública. Ao longo do tempo, de acordo com os critérios estabelecidos pela lei que rege sua carreira, ele pode se desenvolver profissionalmente, de forma geral, de duas formas:
Progressão
É a passagem do servidor para o padrão imediatamente superior dentro da classe ou da categoria atual de sua carreira funcional.
Exemplo
O servidor, que é júnior I, progride para júnior II.
Promoção
Trata-se da passagem do servidor do último padrão de uma classe ou da categoria para o primeiro da classe ou da categoria imediatamente superior de sua carreira funcional.
Exemplo
O servidor é júnior e é promovido para sênior.
Você percebeu a diferença entre progressão e promoção?
Enquanto a progressão é apenas uma troca de padrão dentro da mesma classe/categoria, a promoção diz respeito à troca da classe/categoria atual para uma superior até se atingir o topo da carreira.
Atenção
Essas duas modalidades são definidas em lei. O servidor deve permanecer por determinado período em cada classe/padrão a fim de estar apto para progredir para a outra.
O servidor obedecerá a uma trilha de desenvolvimento na carreira já definida por força legal, ou seja, mesmo se apresentar uma performance superior a seus colegas de trabalho, sua evolução na carreira terá a mesma velocidade.
Em relação a esse ponto, devemosrealizar um paralelo com a iniciativa privada, na qual um trabalhador que se destaque pode “pular” níveis e atingir rapidamente o topo da carreira.
No serviço público, essa promoção tem de obrigatoriamente apresentar regras objetivas para que o princípio da impessoalidade e isonomia não prejudique um servidor. Entretanto, muitas vezes, aqueles que se destacam não conseguem ser premiados pelo seu desempenho. Um servidor, afinal, permanece no cargo no qual foi efetivado até o final de sua carreira independentemente de ter, ao longo da vida profissional, se qualificado para um cargo superior.
Exemplo
Você presta concurso para assistente administrativo, cargo que só exige o ensino médio completo. Se, ao longo de sua vida profissional, você se formar em Administração, não será possível fazer a alteração de seu cargo para o de analista administrativo.
Dica
O nome da mudança de cargo dentro do serviço público era ascensão.
Deslocamentos
Em qualquer organização, é comum os funcionários mudarem de setor para se sentirem mais eficientes. Essa iniciativa também pode partir da empresa na busca da melhor alocação de seu pessoal. Já no serviço público, tudo deve ser feito de acordo com a lei para que tal mudança também seja possível.
Observaremos agora duas modalidades de deslocamento estipuladas pela Lei nº 8.112/1990:
Clique nas barras para ver as informações.
REMOÇÃO
Trata-se do deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro com ou sem mudança de sede.
Existem três modalidades de remoção:
· De ofício, no interesse da Administração, ou seja, por discricionaridade, o gestor público pode remover um servidor de uma lotação para outra.
· A pedido, a critério da Administração, ou seja, o servidor, por motivos particulares, pode solicitar a remoção; entretanto, é necessário haver uma aprovação do gestor público, ratificando que a remoção não prejudicará o interesse público.
· A pedido, independentemente do interesse da Administração, quando o cônjuge do servidor(a) for deslocado de sede ou por questões de saúde; assim, nessas duas situações, o servidor tem direito à movimentação independentemente da discricionaridade do gestor público.
REDISTRIBUIÇÃO
É o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder (Executivo, Legislativo ou Judiciário) após uma prévia apreciação do órgão central do Sipec.
A redistribuição é uma forma de movimentação mais rara. Nesse tipo de deslocamento, o cargo ocupado do servidor, em tese, que é movimentado; consequentemente, o ocupante do cargo se move ao mesmo tempo.
Apontaremos agora seis critérios que uma redistribuição deve considerar:
· Interesse da Administração;
· Equivalência de vencimentos;
· Manutenção da essência das atribuições do cargo;
· Vinculação entre os graus de responsabilidade e a complexidade das atividades;
· Mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação profissional;
· Compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades institucionais do órgão ou da entidade.
PORTARIA DE MOVIMENTAÇÃO DE PESSOAL
A partir de 2019, o governo federal publicou uma série de legislações para facilitar a movimentação de empregados públicos entre os órgãos federais.
Essa portaria teve como eixo central a possibilidade de adequação dos perfis e das necessidades dos órgãos públicos. Com isso, ela permitiu que:
As instituições divulgassem editais com oportunidades em sem quadro.
Qualquer servidor ou empregado público federal pudesse se candidatar.
Essa portaria teve como objetivo, portanto, o dimensionamento adequado da força de trabalho dos servidores públicos federais.
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