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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS Ronei Stein Tratamentos térmicos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever as microestruturas perlita, bainita e martensita, bem como as diferenças entre suas propriedades mecânicas, suas disparidades microestruturais e como são produzidas. � Definir as transformações isotérmica e por resfriamento contínuo e as fases presentes em função dos tratamentos térmicos aplicados em diferentes ligas metálicas. � Identificar os processos de recozimento, normalização, têmpera, re- venimento, martêmpera, austêmpera e ensaio Jominy, utilizado para avaliar a temperabilidade de ligas. Introdução É bastante antiga a preocupação do homem em obter metais resistentes e de qualidade. Os romanos descobriram que o ferro se tornava mais duro quando aquecido durante longo tempo num leito de carvão vegetal, resfriado e, em seguida, mergulhado em uma salmoura. Esse procedi- mento pode ser considerado a primeira forma de tratamento térmico, pois permitia a fabricação de armas mais duras e mais resistentes. Porém, foram necessários muitos anos até o homem aprender a lidar de modo mais eficiente com o calor e com os processos de resfriamento para tratar adequadamente os metais. Neste capítulo, você vai estudar sobre as microestruturas perlita, bainita e martensita, as transformações isotérmicas e por resfriamento contínuo e as fases presentes em função dos tratamentos térmicos aplicados em diferentes ligas metálicas, por meio de processos de re- cozimento, normalização, têmpera, revenimento, martêmpera e aus- têmpera, além de entender o ensaio Jominy, utilizado para avaliar a temperabilidade de ligas. Tratamentos térmicos – definições gerais De acordo com Tschiptschin (2012), o tratamento térmico pode ser definido como o aquecimento ou resfriamento controlado dos metais feito com a finalidade de alterar suas propriedades físicas e mecânicas, sem alterar a forma do produto final. O tratamento térmico é normalmente associado ao aumento da resistência do material, mas também pode ser usado para melhorar a usinabilidade, a conformabilidade e restaurar a ductilidade depois de uma operação a frio. Desta forma, o tratamento térmico é uma operação que pode auxiliar ou- tros processos de manufatura ou então melhorar o desempenho de produtos, aumentando sua resistência ou alterando outras características desejáveis. Os aços são especialmente adequados para o tratamento térmico, uma vez que: � respondem satisfatoriamente aos tratamentos, em termos das caracte- rísticas desejadas; � seu uso comercial supera o de todos os demais materiais. Uma mola espiral necessita ser tratada termicamente para ser utilizada em sistema de suspensão de um veículo, pois, ao ser comprimida na passagem em uma lombada (por exemplo), acumula energia e amortece o movimento da roda. O tratamento térmico permite que a mola sofra deformação elástica sem perder sua forma geométrica original. Constituintes do aço Porém, antes de realizar o tratamento térmico, é fundamental identificar os constituintes do aço e como este muda sua estrutura quando submetido ao tratamento térmico (tanto aquecimento como resfriamento). De acordo com Smith e Hashemi (2012), o diagrama Fe-Fe3C apresenta as seguintes fases sólidas: � Ferrita-α: é uma solução sólida intersticial de carbono na rede cristalina do ferro CCC. O carbono é muito pouco solúvel na ferrita-α, atingindo a solubilidade máxima de 0,02% à temperatura de 723 °C. A solubilidade do carbono na ferrita-α diminui, chegando a 0,005% a 0 °C. Tratamentos térmicos2 � Austenita (γ): solução sólida intersticial de carbono no ferro-γ. A auste- nita tem estrutura cristalina CFC e dissolve muito mais carbono do que a ferrita-α. A solubilidade do carbono na austenita atinge um máximo de 2,08% a 1.148 °C e diminui, chegando a 0,8% a 723 °C. � Cementita (Fe3C): composto intermetálico Fe3C (carboneto de ferro), apresenta limites de solubilidade desprezíveis e possui uma composição de 6,67% C e 93,3% Fe. A cementita se caracteriza por ser um composto duro e frágil. � Ferrita-δ: solução sólida intersticial de carbono no ferro CCC. Tal como a ferrita-α, tem estrutura cristalina CCC, muito embora tenha um parâmetro de rede superior. A solubilidade máxima do carbono na ferrita-δ é 0,09% a 1.465 °C. Para entender melhor a transformação destas fases, veja a Figura 1. Figura 1. Diagrama de fase ferro-carboneto de ferro. Fonte: Smith e Hashemi (2012). 3Tratamentos térmicos Ainda de acordo com Smith e Hashemi (2012), no caso de que uma amostra de um aço-carbono, com 0,8% (eutetoide), seja aquecida a 750 °C e mantida a essa temperatura por tempo suficiente, a sua estrutura será ́ transformada em austenita homogênea, o que recebe o nome de austenitização. Se o aço eutetoide sofrer um lento resfriamento, a uma temperatura algo acima da eutetoide, a sua estrutura permanecerá austenítica, como pode ser observado no ponto “a” da Figura 2. O resfriamento posterior até a temperatura eutetoide, ou a uma temperatura ligeiramente inferior, vai provocar a transformação de toda a austenita em uma estrutura lamelar com placas alternadas de ferrita-α e cementita (Fe3C). Imediatamente abaixo da temperatura eutetoide, no ponto “b” da Figura 2, vai aparecer a estrutura lamelar. Esta estrutura eutetoide recebe o nome de perlita. Figura 2. Transformação de um aço eutetoide (0,8% C) em resfriamento lento. Fonte: Smith e Hashemi (2012). Tratamentos térmicos4 Bainita: é o constituinte que se obtém na transformação isotérmica da austenita quando a temperatura do banho de resfriamento é de 250 a 500 °C. Apresenta dois tipos de estrutura: a bainita superior de aspecto arborescente formada a uma temperatura entre 500 e 580 °C, composta por uma matriz ferrítica contendo carbonetos, e a bainita inferior que, formada a uma temperatura entre 250 e 400°C, tem um aspecto similar ao da martensita e é constituída por agulhas alargadas de ferrita que contêm placas finas de carboneto. Callister e Rethwisch (2013) descrevem que as diferentes propriedades dos aços podem ser obtidas por meio da variação do modo como eles são aquecidos e resfriados. Quando ocorre o resfriamento muito rápido de uma chapa de ferro-aço, tem-se a formação de martensita. Ou seja, se uma amostra de um aço-carbono austenitizada for resfriada rapidamente até a temperatura ambiente por meio de imersão em água, a sua estrutura vai passar de austenita para martensita. A microestrutura apresentada pela martensita nos aços-carbono depende do teor de carbono dos aços. Se o aço contiver teores inferiores a 0,6% C, a martensita é formada por domínios de agulhas de orientações diferentes, mas vizinhas dentro de um mesmo domínio. Quando o teor em carbono das martensitas Fe-C aumenta para valores superiores a 0,6% C, começa a se formar outro tipo de martensita, chamada martensita em placas. Acima de cerca de 1% C, a estrutura das ligas Fe-C consiste inteiramente de martensita em placas, conforme pode-se verificar na Figura 3. 5Tratamentos térmicos Figura 3. Efeito do teor de carbono na temperatura de início de transformação em martensita para as ligas ferro-carbono. Fonte: Smith e Hashemi (2012). Para entender melhor o que acontece com a microestrutura de uma chapa ferro-aço quando esta é resfriada, observe a Figura 4. Figura 4. Microestrutura de um aço hipoeutetóide em função de sua velocidade de res- friamento a partir do campo austenítico. Fonte: Adaptada de Callister e Rethwisch (2013). Tratamentos térmicos6 De acordo com Smith e Hashemi (2012) e Callister e Rethwisch (2013), a dureza e a resistência mecânica das martensitas Fe-C estão diretamente relacionadas ao seu teor em carbono e aumentam conforme o teor vai aumen- tando. No entanto, a ductilidade e a tenacidade diminuem com o aumento da quantidade de carbono, motivo pelo qual muitos dos aços-carbono martensíticos são revenidos. Otratamento de revenimento consiste em aquecer e manter o material por um determinado período de tempo a temperaturas abaixo da tem- peratura de transformação, que é de 723 °C. O motivo pelo qual as martensitas Fe-C de baixo teor de carbono apresentam resistência mecânica elevada está relacionado à ̀ alta concentração de discordâncias que se formam (martensita em agulhas) e ao endurecimento por solução sólida intersticial, resultante da presença dos átomos de carbono. Já nas martensitas com maiores teores de carbono, a solução sólida intersticial se torna mais importante com relação ao aumento de dureza, devido à distorção gerada na rede do ferro, que passa de cúbica (CCC) para tetragonal. Tratamentos isotérmicos e resfriamento contínuo – alterações microestruturais Até agora estávamos estudando as reações de decomposição da austenita de aços-carbono eutetoides em condições tanto de resfriamento muito lento quanto de resfriamento rápido. Neste capítulo, serão estudados os produtos de reação que se formam quando a austenita dos aços eutetoides é resfriada rapidamente, em temperaturas abaixo da temperatura considerada eutetoide, e depois transformada isotermicamente (ou seja, com temperatura constante). Decomposição isotérmica da austenita Quando os aços são resfriados com velocidades intermediárias, outras mi- croestruturas se formam. Para descrever o que exatamente ocorre durante o resfriamento dos aços submetidos a tratamentos isotérmicos, utiliza-se as curvas TTT (Temperatura, Tempo, Transformação), diagramas que relacionam as temperaturas e os tempos de início e fim de transformação. 7Tratamentos térmicos Tratamentos isotérmicos: operação ou conjunto de operações realizadas na peça no estado sólido que compreendem aquecimento, permanência em determinada temperatura e posterior resfriamento, em condições controladas, realizados com a finalidade de dar ao material determinadas características devido às alterações nas suas propriedades. Para estudar as alterações na microestrutura que ocorrem na decomposição da austenita, realizam-se experiências de transformação isotérmica, usando um determinado número de amostras de pequenas dimensões. De acordo com Smith e Hashemi (2012), as amostras são inicialmente austenitizadas num forno a uma temperatura superior à temperatura eutetoide e, posteriormente, são resfriadas rapidamente e em um banho de sais fundidos à temperatura pretendida. Após terem permanecido por diferentes períodos de duração no banho de sais, as amostras são removidas do banho, uma de cada vez, e mergulhadas em água (temperada) à temperatura ambiente. Após o intervalo de tempo de transformação, a microestrutura é examinada em temperatura ambiente. Este procedimento é apresentado na Figura 5. Figura 5. Procedimento experimental para determinação das alterações na microestrutura que ocorrem durante a transformação da austenita de um aço-carbono eutetoide. Fonte: Smith e Hashemi (2012). Tratamentos térmicos8 Neste capítulo, são exemplificadas as alterações na microestrutura que ocorrem na transformação isotérmica de um aço-carbono eutetoide a 705 °C. Depois de serem austenitizadas, as amostras são temperadas “a quente” num banho de sais a 705 °C. Passados aproximadamente seis minutos, forma-se perlita grosseira em pequena quantidade. Após 67 minutos de permanência, a austenita se transforma completamente em perlita grosseira (Figura 6). Figura 6. Experiências efetuadas para determinação das alterações na microestrutura durante a transformação isotérmica de um aço-carbono a 705 °C. Fonte: Smith e Hashemi (2012). Desta forma, para as experiências efetuadas para determinação das altera- ções na microestrutura durante a transformação isotérmica de um aço-carbono a 705 °C, conclui-se o seguinte: � que a transformação isotérmica dos aços eutetoides a temperaturas entre 723 °C e aproximadamente 550 °C dá origem à formação de microestruturas perlíticas; � com a diminuição da temperatura, a perlita passa de grosseira a fina; � o arrefecimento rápido (têmpera) de um aço eutetoide até a temperatura ambiente, partindo de temperaturas acima de 723 °C, dá ́ origem à ̀ transformação da austenita em martensita; � se os aços eutetoides na fase austenítica forem resfriados até uma faixa de temperaturas entre 550 e 250 °C, e forem mantidos nessa temperatura por um certo tempo (transformação isotérmica), forma-se, então, uma estrutura intermediária entre a perlita e a martensita, que se chama bainita. 9Tratamentos térmicos Bainita: esse composto nas ligas Fe-C pode ser definido como um produto de decom- posição da austenita que gera um composto intermediário entre a perlita e a martensita. Resfriamento contínuo para aços-carbono eutetoides Smith e Hashemi (2012) ressaltam que, na maior parte dos tratamentos térmicos industriais, um aço não é transformado isotermicamente a uma tempera- tura acima da temperatura de início de transformação martensítica, mas sim resfriado continuamente desde a temperatura austenítica até a temperatura ambiente. Durante o resfriamento contínuo de um aço-carbono, a transformação da austenita em perlita ocorre em um intervalo de temperaturas em vez de a uma única temperatura. Como resultado, a microestrutura final após o resfriamento contínuo é complexa, pois a cinética de reação vai variando no intervalo de temperaturas em que a transformação ocorre. Resfriamento: este é o fator mais importante, pois irá determinar a estrutura e, em con- sequência, as propriedades finais dos aços. Pela variação da velocidade de resfriamento pode-se obter desde a perlita grosseira de baixa resistência mecânica e baixa dureza até a martensita, que é o constituinte mais duro resultante dos tratamentos térmicos. Diferentes tipos de tratamentos térmicos De acordo com Callister (2014), os tratamentos térmicos usuais dos aços são: recozimento, normalização, têmpera, revenimento, martêmpera e austêmpera. O recozimento refere-se a um tratamento térmico no qual um material é exposto a uma temperatura elevada por um período de tempo longo e, a seguir, é lentamente resfriado. Ordinariamente, o recozimento é realizado para: aliviar tensões; aumentar a maciez, ductilidade e tenacidade; produzir uma microes- trutura específica. Uma variedade de tratamentos térmicos de recozimento é possível, sendo que estes são caracterizados pelas mudanças que são induzi- Tratamentos térmicos10 das, que muitas vezes são microestruturais e responsáveis pela alteração das propriedades mecânicas. O processo de recozimento consiste em três estágios: aquecimento até a desejada temperatura; manutenção da temperatura para que todo o volume de material se transforme em austenita, e resfriamento lento até a temperatura ambiente, geralmente realizado dentro do próprio forno. De modo geral, o recozimento abrange os seguintes tratamentos térmicos: � recozimento total ou pleno; � recozimento isotérmico ou cíclico; � recozimento para alívio de tensões; � recozimento em caixa. A normalização do aço ocorre quando se deseja refinar o grão do mate- rial. O aço com grãos grandes tende a apresentar maior heterogeneidade de propriedades e maior fragilidade. Ou seja, o refino dos grãos garante maior homogeneidade de propriedades e maior tenacidade. O tratamento térmico de normalização consiste no aquecimento do aço até 60 ºC acima do limite superior da zona crítica, sendo que em seguida é retirado do forno e deixado para resfriar ao ar livre. A estrutura resultante é formada de pequenos grãos de ferrita e perlita fina (TSCHIPTSCHIN, 2012). O tratamento térmico por normalização é mais barato que o recozimento, pois a peça é retirada do forno após austenitização, portanto não é necessário esperar o forno resfriar completamente para retirar a peça, como no caso do recozimento pleno. A normalização é ainda usada como tratamento preliminar à têmpera e ao revenido, justamente para produzir estrutura mais uniforme do quea obtida por determinados processos de fabricação. A influência da composição da liga sobre a capacidade de um aço para se transformar em martensita através de um particular tratamento de têmpera está relacionada a um parâmetro denominado temperabilidade. O tratamento por têmpera consiste no aquecimento até uma temperatura acima de 50 ºC acima da temperatura crítica, sendo que em seguida é resfriada bruscamente em água, óleo ou meios de têmpera de composição química especial. O ob- jetivo principal da têmpera é obter martensita na estrutura do aço, o qual é 11Tratamentos térmicos um microconstituinte muito duro e frágil. Desta forma, é fundamental que as peças sejam resfriadas rapidamente, a fim de evitar a formação de ferrita, perlita, bainita, os quais são microconstituintes mais moles que a martensita (TSCHIPTSCHIN, 2012; CALLISTER, 2014). Quando ocorre o resfriamento brusco do aço (passando o mesmo de uma temperatura de 850 a 900 ºC para a temperatura ambiente), ocorre choque térmico. Com isto, pode haver a formação de distorções e trincas na peça, denominadas de trincas de têmpera. O revenimento é feito no aço após a têmpera para reduzir as tensões internas e diminuir a chance de trincas, pois deixa a peça menos frágil. Com algumas exce- ções, normalmente as peças temperadas são sempre revenidas, visando diminuir a fragilidade e aumentar a tenacidade. Essa redução de fragilidade irá resultar numa pequena diminuição de dureza, a qual é controlada através da escolha adequada de temperatura e do tempo de revenimento. Caso a escolha desses parâmetros não seja correta, a peça pode ficar fragilizada. A normalização pode ser usada como tratamento preliminar à têmpera e ao revenido, justamente para produzir estrutura mais uniforme do que a obtida por uma etapa de fabricação anterior. Figura 7. Redução de dureza de diferentes estruturas marten- síticas em função da temperatura de revenimento. Fonte: Smith e Hashemi (2012). Tratamentos térmicos12 A martêmpera consiste na austenitização do aço a temperaturas usuais, seguido de uma têmpera em óleo aquecido ou em banho de sais. Este trata- mento é usado principalmente para diminuir a distorção ou o empenamento produzido durante o resfriamento rápido de peças de aço. Compreende a seguinte sequência de operações: 1. Aquecimento a uma temperatura dentro da faixa de austenitização. 2. Resfriamento em óleo quente ou sal fundido mantido a uma tempera- tura correspondente à parte superior (ou ligeiramente acima) da faixa martensítica. 3. Manutenção no meio de resfriamento até que a temperatura, através de toda a seção do aço, torne-se uniforme. 4. Resfriamento (geralmente no ar) a velocidade moderada, de modo a prevenir qualquer grande diferença de temperatura entre a parte externa e a parte interna da seção. Tem-se, assim, formação da martensita de modo bastante uniforme através de toda seção da peça, durante o resfriamento até a temperatura ambiente, evitando-se, em consequência, a formação de excessiva quantidade de tensões residuais. Callister (2014) ressalta que a austêmpera tem substituído, em diversas aplicações, a têmpera e o revenimento. O constituinte que se origina na austêm- pera, pelo esfriamento da austenita a uma temperatura constante, é a bainita. Como nesse tratamento evita-se a formação direta da martensita, eliminam-se os inconvenientes que essa estrutura apresenta quando obtida pela têmpera direta e que são somente eliminados pelo revenimento posterior. O aço é austemperado mediante a seguinte sequência de operações e transformações: 1. Aquecimento a uma temperatura dentro da faixa de austenitização - geralmente de 785 a 870 ºC; 2. Resfriamento em um banho mantido a uma temperatura constante, geralmente entre 260 e 400 ºC; 3. Permanência no banho a essa temperatura, para ter-se, isotermicamente, a transformação da austenita em bainita; 4. Resfriamento até a temperatura ambiente, geralmente em ar tranquilo. As estruturas bainíticas obtidas na austêmpera se caracterizam pela exce- lente ductilidade e resistência ao choque, com durezas elevadas. 13Tratamentos térmicos Ensaio Jominy Um procedimento padrão que é largamente empregado para determinar tem- perabilidade de ligas é o Teste Jominy de têmpera da extremidade de um corpo de prova padronizado. Com este procedimento, exceto para composição da liga, todos os fatores que podem influenciar a profundidade até onde uma peça se endurece são mantidos constantes. Ou seja, o ensaio Jominy, em metalurgia, é designado para avaliar a temperabilidade de um aço, ou seja, a capacidade de se obter martensita por tratamento térmico de têmpera. Os seguintes passos devem ser seguidos neste ensaio: � Preparação de corpo de prova padrão com 25 mm de diâmetro e 100 mm de comprimento; � Aquecimento até a temperatura de austenitização dentro de forno; � Colocação do corpo de prova no aparato Jominy; � Resfriamento de uma das extremidades do corpo de prova com água em borrifo; � Retirada do corpo de prova do aparato e medição da dureza ao longo do comprimento. A Figura 8 apresenta uma ilustração do dispositivo de têmpera do ensaio Jominy. Figura 8. Dispositivo de têmpera do ensaio Jominy. Fonte: Callister (2014). Tratamentos térmicos14 O ensaio Jominy deve seguir a Norma ASTM A255. Para saber como este ensaio funciona na prática, assista ao vídeo no link ou código a seguir: https://goo.gl/zQ2JPx CALLISTER, W. D. Fundamentos da ciência e engenharia de materiais: uma abordagem integrada. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2014. CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução.8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013. SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de Engenharia e Ciência dos materiais. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. SPECTRU INSTRUMENTAL CIENTÍFICO LTDA. Tratamentos térmicos dos aços: recozi- mento, normalização, têmpera e revenido. Rio de Janeiro: SPECTRU, 2017. Disponível em: <http://www.spectru.com.br/Metalurgia/diversos/tratamento.pdf>. Acesso em: 08 set. 2017. TSCHIPTSCHIN, A. P. Tratamento térmico de aços. São Paulo: EPUSP, 2012. Disponível em: <http://www.pmt.usp.br/pmt2402/TRATAMENTO%20T%C3%89RMICO%20DE%20 A%C3%87OS.pdf>. Acesso em: 08 set. 2017. Leitura recomendada LOPES, J. T. B. Materiais de Construção Mecânica: materiais ferrosos. Belém: ITEC/UFPA, 2011. Disponível em: <https://jorgeteofilo.files.wordpress.com/2011/03/mcm-apostila- -capitulo03.pdf>. Acesso em: 31 ago. 2017. 15Tratamentos térmicos
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