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e-Tec Brasil123 Aula 18 – Diagnóstico de segurança nas empresas Vamos aprender nesta aula como traçar um panorama das reais condições de conforto e bem-estar que a empresa oferece a seus funcionários. Precisamos agora resgatar o que aprendemos lá no início, ter uma visão holística, porque não podemos deixar de lado priorizando alguns elementos em detrimento de outros. Segurança é para todos! 18.1 Diagnóstico ergonômico Figura 18.1: Ergonomia Fonte: http://www.mp.go.gov.br A segurança quando desassociada de uma ação prática acaba por se tornar ineficaz. O profissional que atua nesta área deve ter claro que não se pode fazer uma análise ou avaliação ergonômica de forma micro, ou seja, privile- giar alguns setores, ou postos, ou algumas funções, mas sim, considerar que tudo deve estar contemplado neste estudo. Cardella (1999, p. 19) aborda as questões de segurança nas organizações sob o enfoque holístico: “o principal objetivo é proporcionar condições de pensar globalmente sobre segurança”. Ainda dentro dos ideais do autor, a área de saúde ocupacional deve abranger as pessoas, o meio ambiente e o patrimônio da empresa. A ergonomia segue esta mesma linha de ação, mas para tanto se faz necessário a intervenção de uma equipe multiprofissional e não somente as pessoas encarregadas do SESMT ou da CIPA. Esta equipe pode ser composta por engenheiros das mais diversas especialidades, médicos e enfermeiros do trabalho, técnicos de segurança, designers, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudió- logos entre outros. É muito importante que todos se envolvam nas questões do bem-estar, conforto e segurança. Compete a todas as pessoas, independentemente de seu grau hie- rárquico, estar sempre atentos às ações preventivas. Não basta reunir os profissionais. É necessário que se tenha uma ação in- terdisciplinar, ou seja, que cada profissional contribua com sua especificida- de de formação, observando que se não houver uma ação integrada, com trocas de informações e sugestões não há como fazer uma boa avaliação ergonômica. 18.2 Etapas do diagnóstico de segurança Para Fogliatto e Guimarães (1999), uma avaliação ergonômica deve abran- ger algumas etapas, compondo desta maneira uma visão sistêmica ou ma- cro. Aspectos que devem ser contemplados incluem desde os físico-ambien- tais (iluminação, temperatura, vibração, cores) até os mais subjetivos como a organização do trabalho, que são: lançamento do projeto; diagnóstico; propostas de modificações; validação e implementação das modificações. Na primeira etapa, isto é, a do lançamento do projeto, é importante que o profissional de saúde apresente ao corpo funcional da empresa qual o obje- tivo da ergonomia e como ela pode contribuir para a melhoria das condições dos postos de trabalho, como também, para a organização do trabalho. É uma forma de “convite” para os funcionários participarem com suges- tões ou críticas ao que já existe e ao que é executado no trabalho. Pode-se chamar de criação de um comitê de ergonomia, formado por pessoas que pensem em saúde, higiene, segurança, conforto, bem-estar. Para compor o COERGO bastaria estar interessado em observar o processo produtivo e administrativo e sugerir melhorias. Ter uma ação coletiva e participativa no processo de saúde ocupacional. A segunda etapa, a de diagnóstico, objetiva coletar dados/informações dos postos, das tarefas, dos ocupantes destes postos, considerando exigências físicas, cognitivas, psíquicas, emocionais, nutricionais. A ênfase dos auto- res para esta etapa está em identificar a demanda ergonômica do cliente, consumidor, usuário. Fazer um levantamento por meio de questionários ou entrevistas para determinar o grau de importância das queixas, ou seja, o que é mais prioritário ser melhorado ou excluído no posto ou na forma de execução do trabalho. Montar um ranking de prioridades e de melhorias a serem executadas de forma tal que se torne viável, respeitando o momento financeiro da empresa, as possíveis reações das pessoas frente às mudanças, o histórico do posto, entre outros fatores. Segurança e Operacionalidade de Eventose-Tec Brasil 124 A terceira etapa, propostas de modificações, é um complemento da etapa anterior. Após estabelecer o que é prioritário na empresa a ser realizado em termos de saúde ocupacional é necessário projetar soluções e melhorias, nunca esquecendo o aspecto macro, isto é, propor ações para os ambientes, ferramentas, procedimentos, pessoas, sistemas, etc. A quarta etapa, a de validação, busca testar o projeto inicialmente propos- to através de protótipos, maquetes, grupos de observação, para se chegar a uma solução mais assertiva das prioridades anteriormente estabelecidas. A última etapa, a implementação das modificações, procura fazer uma revisão e acompanhamento do projeto como um todo até se chegar a um acordo, consenso entre os usuários/clientes/consumidores sobre as especifi- cações ergonômicas a serem realizadas. Outros autores mudam alguns termos técnicos para a realização da análise macroergonômica. Para Moares e Mont’Alvão (2000, p. 49-51) a interven- ção ergonômica pode ser feita através das fases de: a. Apreciação ergonômica: mapeamento dos problemas ergonômi- cos existentes na empresa criando um parecer ergonômico, similar a um parecer médico sobre o estado de saúde do paciente com o nexo causal da doença. b. Diagnose ergonômica: momento para se aprofundar os proble- mas buscando a documentação dos mesmos, através de gravações em áudio e vídeo, entrevistas, análise de fichas funcionais, prontu- ários, etc. c. Projetação ergonômica: criar formas que contemplem a adap- tação das estações de trabalho, das ferramentas às características biopsicossociais do trabalhador. d. Avaliação, validação e/ou testes ergonômicos: é o feedback do que foi realizado em termos de melhorias dos postos, das atribui- ções para que assim o projeto se torne viável. e. Detalhamento ergonômico e otimização: nesta última etapa, a atenção está em revisar o projeto na busca de erros ou falhas para imediatamente solucioná-los. e-Tec BrasilAula 18 – Diagnóstico de segurança nas empresas 125 As autoras também reiteram que todo “olhar ergonômico” deve buscar ex- pandir as ações dos profissionais da saúde ocupacional, não limitando suas intervenções, e sempre buscando uma ação macro ou sistêmica: as pessoas, o meio ambiente, o patrimônio, os aspectos físicos ambientais, a comunica- ção, as relações interpessoais. A ergonomia é uma ciência que precisa de ações coletivas e inte- gradas!!! Resumo Neste capítulo aprendemos como fazer um diagnóstico ergonômico para ve- rificar quais ações devem ser tomadas na busca das melhorias das condições de trabalho. Vimos que há etapas e que cada uma delas apresenta ações bem específicas e que devem ser integradas para dar um resultado eficaz. O diagnóstico é imprescindível para que se saiba o que deve ser feito. Apren- demos também que a participação das pessoas é muito importante, pois são elas que atuam nos postos e, sendo assim, sabem onde se encontram os maiores problemas ou dificuldades. Atividades de Aprendizagem • Vamos traçar o diagnóstico do seu setor de trabalho. Siga as etapas indi- cadas nesta aula, desde o lançamento do projeto até as implementações de melhorias. Não se esqueça de acrescentar o histórico dos postos de trabalho, dados estes coletados junto ao Recursos Humanos ou SESMT acidentes, afastamentos, doenças ocupacionais acometidas, compra de novos equipamentos, datas de treinamentos. Ao final, se puder, apresen- te este diagnóstico para uma chefia sua, pois acredito que você vá gostar muito desta experiência. O mesmo é válido caso queira traçar o diagnóstico para um evento. Con- sidere desde as instalações físicas do local até a política de segurança que você pretende estabelecer para que as falhas, os acidentes e erros sejam minimizadosdurante a realização do mesmo. Acesse http://artigocientifico. uol.com.br/uploads/ artc_1172163913_81.pdf e conheça o artigo de Feitosa e Moreira sobre a Análise ergonômica do trabalho: um estudo de caso em uma pequena empresa de perfumaria e cosméticos. O texto traz a aplicação do diagnóstico ergonômico e os autores descrevem quais elementos foram observados neste processo. Boa leitura! Segurança e Operacionalidade de Eventose-Tec Brasil 126
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