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Controle do Tripes da Cebola

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Controle do tripes da cebola
Article · January 1995
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Paulo Antônio de Souza Gonçalves
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina - Epagri
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44 Agrop.  catarinense,  v.8,  n.2,  jun.  1995
CebolaCebolaCebolaCebolaCebola
Figura 2 - Fêmea adulta de tripes
da cebola
F
oto: P
edro B
off
Controle do tripes da cebolaControle do tripes da cebolaControle do tripes da cebolaControle do tripes da cebolaControle do tripes da cebola
Paulo Antonio de Souza Gonçalves e Djalma Rogério Guimarães
o Brasil a principal praga da cul-
tura da cebola é o tripes, Thrips
tabaci, Lindeman, 1888, (1) ou piolho,
como  é  popularmente  conhecido  em
Santa Catarina.
O reconhecimento da praga no cam-
po  a  olho  nu  é  dificultado,  pois  os
insetos  tanto  na  fase  jovem  como
adulta  são  pequenos  (em  torno  de
1mm de comprimento) e alojam-se na
parte interna das folhas na região da
bainha (1). Uma das principais carac-
terísticas  para  diferenciar  as  ninfas
(fase  jovem,  Figura  1)  dos  adultos  é
que estas apresentam coloração mais
clara  (inicialmente  esbranquiçada)  e
a medida que  se alimentam da  seiva
da  planta  tendem  a  cor  amarelo-
esverdeada. Os adultos são de colora-
ção  mais  escura  (amarela  e
amarronzada)  (Figura  2).
A  população  des-
sa  praga  é  composta
basicamente  por  fê-
meas, que podem re-
produzir-se  sem  a
presença  do  macho.
Esse  fenômeno  é  de-
nominado  parteno-
gênese (2 e 3). Os ovos
são colocados nas par-
tes  mais  tenras  do
tecido  foliar.  Após
quatro  dias  eclodem
as ninfas, que podem
durar  de  cinco  a  dez
dias. Antes de trans-
formarem-se  em
adultos as ninfas pas-
sam  ao  estágio  de
pupa por um período
de 24 horas, que pode
ocorrer no solo ou na
planta.  As  fêmeas
adultas  podem  viver
em torno de 20 dias e
põem  de  20  a  100
ovos. O período de de-
senvolvimento  do
F
oto: P
edro B
off
da  maturação,  �estalo�,
também  é  prejudicado
quando o ataque da pra-
ga é severo, o que  favo-
rece  a  penetração  de
água das chuvas e/ou ir-
rigação  até  ao  bulbo,
causando  assim futuras
perdas  por  apodreci-
mento  durante  a  arma-
zenagem  (7).
Além dos prejuízos
citados  anteriormente
tem sido  observado que
o ataque de  tripes pode
predispor  as  plantas  à
entrada  de  doenças,
como  a  mancha-púrpu-
ra, Alternaria sp. (8)
Controle
Os  agricultores  da  região  do  Alto
Vale  do  Itajaí  têm  utilizado  para  o
controle  da  praga  inseticidas
fosforados  (principalmente  parathion
metílico)  e  piretróides  (principalmen-
te  delta-methrina).  Recentemente
tem sido observado o aumento do uso
dos  piretróides  (lambdacyhalothrin  e
cypermethrina).  O  número  de  pulve-
rizações algumas vezes é exagerado e
realizado em época inadequada, o que
pode  gerar  problemas  ambientais  e
econômicos, tais como: onerar o custo
de produção, devido ao gasto excessi-
vo  com mão-de-obra e  inseticidas;  fa-
vorecer  surgimento  de  resistência  da
praga;  provocar  destruição  de  inimi-
gos naturais; causar prejuízos a saúde
do  aplicador;  aumentar  o  nível  de
resí-duos  de  inseticidas  no  produto
final  e meio  ambiente.
Para  que  o  controle  do  tripes  da
cebola  seja  feito  de maneira  racional
é necessário levar em consideração as
seguintes  recomendações  e  observa-
ções:
� Para as cultivares plantadas na
Figura 1 - Ninfas de tripes da cebola
tripes  pode  variar  de  acordo  com  a
temperatura  (1  e 4).
Danos
Os danos causados
pelo tripes são devi-
dos  ao  suga-mento
da seiva da planta,
o que ocasiona man-
chas  principalmen-
te na parte  interna
das  folhas.  Inicial-
mente  as  manchas
são es-branquiçadas
e evoluem a pratea-
das. Com o aumen-
to da intensidade do
ataque são observa-
dos  retorcimento,
ama-relecimento  e
seca das folhas (Fi-
guras  3  e  4),  e  em
conse-qüência  ocor-
re a  redução do  ta-
manho  e  peso  dos
bulbos, gerando se-
veras perdas na pro-
dutividade (1, 5 e 6).
O  tombamento  das
plantas por ocasião
N
Agrop.  catarinense,  v.8,  n.2,  jun.  1995 45
CebolaCebolaCebolaCebolaCebola
Figura 3 -
Lavoura
atacada por
tripes da
cebola.
Observar o
retorcimento e
seca de
ponteiros
F
ot
o:
 Ir
in
eu
 L
or
in
i
Figura 4 - Planta atacada por tripes da
cebola, apresentando enrolamento das
folhas e seca dos ponteiros
F
oto: Irin
eu
 L
orin
i
região do Alto Vale do Itajaí a princi-
pal  época  de  ocorrência  dessa  praga
são os períodos quentes e secos obser-
vados durante os meses de outubro e
novembro,  principalmente,  a  partir
da  segunda  quinzena  de  outubro  (9).
Nesses  meses,  portanto,  deve-se  ter
maiores  cuidados no  controle da pra-
ga.
� Em Santa Catarina não tem sido
observada  resistência  ao  tripes  para
as cultivares EMPASC 351 Sel. Criou-
la, Baia Periforme, EMPASC 352 Bola
Precoce,  Jubileu,  Norte  14.  As  culti-
vares precoces como a Baia Periforme
e a EMPASC 352 Bola Precoce (plan-
tio  em  julho)  sofrem menores  perdas
na produtividade em relação aos plan-
tios tardios (a partir de setembro). No
período de maior  incidência da praga
(outubro  e  novembro),  encontram-se
em pleno desenvolvimento vegetativo
com  o  bulbo  praticamente  já  em  for-
mação,  enquanto  que  as  cultivares
tardias, como a Norte 14, encontram-
se  no  início  do  desenvolvimento  (9).
Convém  ressaltar,  que  o  inseto  tem
preferência  por  plantas mais  jovens.
�  A  eficiência  dos  inseticidas  no
controle  do  tripes  é  dificultada  em
plantios  tardios,  pois  coincidem  com
altas  temperaturas  e  períodos  mais
secos,  favorecendo  altas  infestações
da praga no início do desenvolvimento
das  plantas  (9).  A  produtividade  nos
plantios tardios pode ser reduzida em
mais  de50%,  caso  o  tripes  não  seja
controlado  de  forma  adequada.
� Os inseticidas que se mostraram
eficientes  no  controle  do  tripes  em
experimentos realizados pela EPAGRI
foram:  deltamethrina  7,50g  i.a./ha
(Decis 25 CE 300ml/ha) e fenithrothion
750,0g  i.a./ha    (Sumithion  -  1,5  litro/
ha),  já  registrados  no  Ministério  da
Agricultura para a cultura da cebola,
além  de  lambdacyhalothrin  5,0g i.a./
ha  (Karate  50  CE  -  100ml/ha)  e
cypermethrina    25,0g    i.a./ha  (Arrivo
200  CE  -  125ml/ha),  ainda  não  re-
gistrados para a cultura (10 e 11). Os
processos de  registros desses dois úl-
timos  inseticidas  já  estão  em  anda-
mento.  Para  um  bom  desempenho
desses inseticidas recomenda-se o uso
de bico tipo leque 80.03, para facilitar
a penetração da calda   até   a    região
interna   da   bainha onde as ninfas do
tripes  ficam alojadas.
Futuros  trabalhos de pesquisa se-
rão desenvolvidos a fim de se determi-
nar a necessidade de ajustes das dosa-
gens desses princípios ativos de acor-
do  com  a  variação  populacional  do
tripes,  pois  a  monocultura  da  cebola
favorece  a  ocorrência  de  altas
infestações da praga, além da possibi-
lidade  do  surgimento  de  resistência.
Para  se  evitar  esse  processo  reco-
menda-se  a  utilização  alternada  de
princípios  ativos  de  grupos  químicos
diferentes,  intercalando-se  fosforados
e  piretróides.
� O número de aplicações de inse-
ticidas em nível de pesquisa tem sido
em torno de quatro a seis, realizadas
durante  os  meses  de  outubro  e  no-
vembro,  com  intervalo  de  aplicação
entre sete a catorze dias. Não é possí-
vel  generalizar  o  número  de  aplica-
ções  através  de  calendário  predeter-
minado, pois deve--se levar em consi-
deração  a  presença  da  praga.  Para
obtenção de bulbos de boa qualidade,
o uso de inseticidas deve ser conside-
rado  como mais  uma prática  na  con-
dução  da  lavoura,  juntamente  com  o
manejo adequado do solo, das doenças
e plantas daninhas.
�  Em  levantamento  realizado  em
Ituporanga, SC, tem sido constatada a
presença de  insetos benéficos,  que  se
alimentam  das  ninfas  do  tripes  da
cebola,  como  a  larva  da  mosca
Toxomerus taenia  (Diptera  -
Syrphidae) (12) (Figura 5), e também
de  joaninhas  (Coleoptera  -
Coccinellidae).  Portanto  o  uso  de  in-
seticidas deve ser cuidadoso para que
se  preservem  os  inimigos  naturais,
que auxiliam o agricultor no controle
da praga (3).
�  Para  obter  orientações  sobre  o
manejo  de  agrotóxicos  na  lavoura  de
cebola e realizar o controle das pragas
de maneira mais  racional  e  econômi-
ca, recomenda-se ao agricultor procu-
rar engenheiro agrônomo da EPAGRI
do  seu município.
46 Agrop.  catarinense,  v.8,  n.2,  jun.  1995
CebolaCebolaCebolaCebolaCebola
F
ot
o:
 P
au
lo
 A
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on
ça
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es
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Paulo Antonio de Souza Gonçalves, Eng.
agr., M.Sc. Cart. Prof. no 34.327-2, CREA-SC,
EPAGRI,  Estação  Experimental  de
Ituporanga, C.P. 98,   Fone   (0478)   33-1409,
Fax   (0478) 33-1364, 88400-000, Ituporanga,
SC; Djalma Rogério Guimarães, Eng. agr.,
M.Sc.  Cart.  Prof.  no  1.144-D,  CREA-SC,
EPAGRI, C.P. 502, Fone (048) 234-0066, Fax
(048) 234-1024, 88034-901, Florianópolis, SC.
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