Buscar

A crianca no primeiro ano de vida - parte I

Prévia do material em texto

O PRIMEIRO ANO DE 
VIDA – PARTE 1
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS 
DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS DE PSICOLOGIA MÉDICA
PROFESSOR: GUSTAVO ROSA 
INTRODUÇÃO 
• As experiências intraútero como traumatismos súbitos 
vivido pela mãe acarretam um aumento extremo da 
atividade motora do feto. Os RN’s mostram-se 
hiperexcitáveis apresentando atividade motora intensa. 
• A vida imaginária da mãe durante a gravidez vai 
influenciar as relações posteriores com a criança. 
O RECÉM-NASCIDO E OS PRIMEIROS MESES 
DE VIDA 
• A partir do nascimento o bebê precisa conhecer um mundo novo. Essa 
adaptação do RN vai exigir suas competências assim como a mãe precisa 
desfazer-se gradualmente do bebê idealizado para o bebê real. 
• Durante os 3 primeiros anos ocorre um aumento muito rápido das sinapses, 
que irá se manter na primeira década de vida. O número de sinapses chega a 
ser o dobro do que ele vai precisar no futuro. 
• Por isso, o desenvolvimento neuronal caracteriza-se por um processo de 
poda. Disso decorre a importância das primeiras experiências que vão 
reforçar ou não determinadas sinapses. 
DESENVOLVIMENTO CEREBRAL-COGNITIVO 
• A neuroplasticidade cerebral é ainda mais intensa na 
primeira década de vida. 
• Experiências precoces de traumas ou abusos podem 
gerar alterações em estruturas subcorticais e límbica do 
cérebro provocando dificuldades nas relações 
interpessoais, bem como ansiedade e depressão. 
• Desde o primeiro dia de vida o RN consegue acompanhar um objeto com o 
olhar e reconhece a voz de sua mãe virando-se a cabeça em direção a ela. 
Também apresenta nítida preferência visual pelo rosto humano. 
• A voz humana tem efeito maior do que outros sons, no decurso da segunda 
semana de vida, a voz pode provocar sorrisos mais frequentes que outros 
sons.
• A discriminação olfativa de um RN de 4 dias são quase idênticas às do adulto, 
discrimina e busca o seio da mãe (diferente do de outra mãe) e sente os 4 
sabores primários com preferência pro doce. 
• O contato da pele da mãe e bebê é também importante pois 
ajuda o bebê a elaborar a perda da experiência de estar no útero. 
(Mães canguru e prematuros)
• Os reflexos intervêm diretamente na interação pais-bebê, por 
exemplo o de sucção, desencadeados pela língua e região 
perioral em direção ao estímulo. 
• Reflexo de fechamento da mão pela estipulação da palma. 
2º/3ºMESES 
• Os ciclos de sono-vigília estabilizam-se. Padrões motores e de 
visão mais maduros e expandidos.
• Até então o RN não dispõe de um ritmo alternado do ciclo sono-
vigília. 
• A atividade cortical aumenta muito entre o segundo e terceiro 
mês de vida, período importantíssimo de estipulação visual e 
auditiva. 
• Sorriso social. 
CICLO SONO-VIGÍLIA 
• Os RN’s dormem em média 16h por dia, a maioria acorda a cada 2-3 
horas ao longo do dia e da noite.
• Estado 1(sono calmo): sem movimento corporal, exceto movimentos 
finos e bruscos de dedos, lábios pálpebras. 
• Estado II (sono REM): movimentos oculares rápidos, respiração 
irregular e mais rápida, movimentos corporais e principalmente faciais. 
• Estado III (sonolência): pálpebras fechadas ou semiabertas, mas com 
olhar vago, não fixado. 
• Estado IV (alerta quieto): olhar vivo e brilhante do bebê, 
calmo e atento ao ambiente. 
• Estado V (alerta ativo): grande atividade motora, bebê se 
agita e atenção não fixada, pode gemer ou esboçar gritos. 
• Estado VI (choro): gritos e choro, atividade motora intensa 
e rosto contraído e vermelho. 
• Uma mãe muito sensível aos sinais do seu RN pode levá-lo de forma 
progressiva a um estado calmo e atento, por exemplo, falando-lhe de uma 
maneira muito meiga.
• Os estados de sono-vigília são também verdadeiras “mensagens” para os 
pais. 
• Os RN’s apresentam peculiaridades em vários comportamentos como: a 
irritabilidade, a consolabilidade, a intensidade da atividade motora e da 
sucção, etc. 
• Atentar para essas diferenças ajuda a reconhecer crianças de risco. 
3º/4º MÊS 
• Já conhece a mãe, a ama e a rechaça, pode tocá-la e brincar com seu 
corpo. Ocorre início da integração do objeto de seu amor e ódio 
(posição depressiva de Klein). 
• Inicia um desprendimento que conduzirá a busca do pai e do mundo 
circundante. 
• 4 meses inicia sua atividade lúdica, desaparece atrás do lençol e volta 
a aparecer, abre e fecha os olhos e ganha e perde o mundo. Constitui 
as primeiras experiências de separação. 
• Produz sons e é capaz de repetí-los.
• Um jogo importante para experimentar a capacidade de perder e 
recuperar o que se ama quando ele joga os seus brinquedos no 
chão e espera e exige que lhe devolvam. 
• No 4º mês de vida o pai é uma figura importante na separação 
saudável da mãe-bebê e importante fonte de identificação 
masculina. 
4º-6º MESES 
• O bebê é capaz de sentar e mudar sua relação com os objetos. 
• Tenta de diversas maneiras elaborar a ansiedade de separação, entende que 
os objetos podem aparecer e desaparecer. Chora e enche-se de raiva se não 
é atendido ou compreendido. 
• O temor da separação é a angústia mais intensa dessa idade.
• Começa o processo de abandonar a relação única com a mãe e aceitar de 
forma definitiva a presença do pai. Sofre verdadeiras depressões. 
• Tendências destrutivas se incrementam com o surgimento de dentes.
8º MÊS 
• Córtex frontal mostra-se com uma atividade metabólica 
significativa e se torna o local de atividade frenética no 
momento em que os bebês fazem grandes progressos em 
auto controle e fortalecem suas ligações com os 
cuidadores. 
• 7-8 meses ocorrem as reações ao estranho. 
• Winnicott considera o processo de desenvolvimento um caminho 
que vai da ilusão à desilusão, de uma ilusão de onipotência que 
uma mãe “suficientemente boa” permite que seu bebê viva, 
adaptando-se às suas necessidades, mas levando-o de forma 
progressiva à percepção da realidade. 
• Stitz chama de degraus de organizadores psíquicos a forma não 
linear de desenvolvimento. 
• O primeiro organizador psíquico para Spitz é o sorriso social que 
surge 2-3º mês, há uma intencionalidade ligada aos afetos. 
• O segundo surge entre 7-8 meses pela presença da ansiedade 
com estranhos, angústia ligada à ausência da mãe. 
• O terceiro é a aquisição da negação, do “não”, que ocorre por 
volta dos 11-13 meses. É também a fase de deambulação, 
aumento da autonomia. 
BIBLIOGRAFIA

Continue navegando