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ESSOAS COM TRANSTORNOS DO PENSAMENTO E O CUIDADO DE ENFERMAGEM

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SAÚDE MENTAL – C5 
 Lília Mendes 
PESSOAS COM TRANSTORNOS DO 
PENSAMENTO E O CUIDADO DE 
ENFERMAGEM 
EZQUIZOFRENIA – doença grave e persistente 
que resulta em comportamento psicótico, 
pensamento concreto e dificuldades no 
processamento das informações, nos 
relacionamentos interpessoais e na resolução 
de problemas. 
Tirar a pessoa do surto até é o objetivo, mas 
coloca-la no “normal” não é, pois o que é 
normal? 
Neurose são comportamentos que temos 
como mecanismo de defesa, mas não é fora da 
realidade, ainda que tenha uma fantasia. 
Psicótico (é um sintoma e não uma doença) é 
quando quebra com a realidade, apenas 
aquela pessoa vive aquela realidade, uma vez 
aberto um surto psicótico, não é comum não 
ter mais algo relacionado, geralmente é um 
nível de sofrimento muito grande em que a 
pessoa saí da realidade. 
FATORES RELACIONADOS – existem fatores 
genéticos e ambientais. Certas pessoas 
nascem com essa tendência, mas o BO só 
ocorre se forem expostas a determinados 
fatores ambientais. 
SINTOMAS NEGATIVOS 
São os resultados da perda ou diminuição das 
capacidades mentais. 
Lembrar da pilha que tem + e -, mas não 
significa que um lado é bom e o outro é ruim. 
Associar + e – com dentro e fora, + carga e – 
carga. Fase – está mais relacionada à 
cronificação, sintoma – está mais relacionado 
a diminuição da vontade, emoção, 
pensamento e interação social. 
Sintomas negativos acompanham a evolução 
da doença e refletem um estado deficitário ao 
nível da motivação, das emoções, do discurso, 
do pensamento e das relações pessoais como 
a falta de vontade ou de iniciativa; isolamento 
social; apatia; embotamento; indiferença 
emocional total e não transitória; pobreza do 
pensamento. 
SINTOMA POSITIVO 
Estão presentes com maior visibilidade na fase 
aguda da doença e são as perturbações. 
É para fora, mais comum em fase aguda da 
doença, ou perto de uma crise. 
Entende-se como sintomas positivos: 
 Alucinações – percepções irreais de 
audição, visão, paladar, olfato ou tato, 
sendo mais frequentes as alucinações 
auditivas e visuais. 
 Pensamento e discurso desorganizado 
(confusão mental) – elaboração de 
frases sem qualquer sentido, 
neologismo, perseveração, 
concretude, mutismo, 
tangencialidade. 
 Alterações visíveis do comportamento 
– ansiedade excessiva, impulsos ou 
agressividade constante na fase de 
crise. 
 Delírios – ideias delirantes, 
pensamentos irreais, ideias individuais 
do doente que não são partilhadas por 
um grande grupo. 
DISTORÇÕES DO CONTEÚDO DO 
PENSAMENTO 
 Delírios de perseguição – individuo 
sente-se ameaçado e acredita que os 
outros pretendem prejudica-lo ou 
persegui-lo de alguma maneira 
“escuta no quarto”. 
 Delírio de grandeza – individuo tem o 
sentimento exagerado de importância, 
poder, conhecimento ou identidade 
“sou Jesus Cristo”. 
 Delírio de referência – todos os 
eventos dentro do ambiente são 
referidos pela psicótica a si própria. 
Sintomas positivos e negativos não 
necessariamente estão relacionados a um 
surto ou crise, depende do grau de 
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manifestação, o quanto está afetando a vida 
diária do paciente, onde há um grau de 
“confusão” tão grande que está afetando seu 
viver diário. 
 Delírio de controle ou influência – 
individuo acredita que determinados 
objetos ou pessoas que tem controle 
sobe seu comportamento. 
 Delírio somático – individuo tem uma 
falsa ideia do funcionamento do seu 
corpo. 
 Delírio niilista – individuo tem uma 
falsa ideia do que o “eu”, parte do 
“eu” é inexistente. 
 Delírio de religiosidade – 
demonstração excessiva da ideia ou 
comportamento religioso, ou uma 
obsessão por isso. 
 Delírios de pensamento mágico – a 
pessoa acha que seus pensamentos ou 
comportamentos controlam situações 
ou pessoas. 
 Delírios erotomaniaco – individuo 
acredita que alguém geralmente de 
posição superior ou pessoas famosas, 
estão apaixonadas por ele. 
CARACTERÍSTICAS 
 Alterações do pensamento: 
- Ideias podem se tornar confusas, 
desorganizadas ou desconexas, 
tornando o discurso do paciente difícil 
de compreender. 
- Muitas vezes o paciente tem a 
convicção de que seus pensamentos 
podem ser lidos por outras pessoas, 
ou que pensamentos são roubados de 
sua mente ou inseridos nela. 
 Alterações da afetividade 
- Muitos pacientes tem uma perda da 
capacidade de reagir emocionalmente 
às circunstâncias, ficando indiferente e 
sem expressão afetiva. 
- Outras vezes o paciente apresenta 
reações afetivas que são 
incongruentes, inadequadas em 
relação ao contexto em que se 
encontra. 
- Evitam participar de qualquer 
atividade parecendo totalmente 
indiferentes (apáticos). 
 Diminuição da motivação 
- A pessoa perde a vontade, fica 
desanimado e apático, não sendo mais 
capaz de enfrentar as tarefas do dia a 
dia. Quase não conversa, fica isolado e 
retraído socialmente. 
 Consciência do eu 
- Descreve a singularidade e 
individualidade que a pessoa sente, 
devido aos limites do ego 
extremamente fracos, o paciente não 
tem este sentimento de singularidade 
e apresenta muita confusão 
relativamente a sua identidade. 
- Ecolalia: repetição de palavras por ele 
ouvidas. 
- Ecopraxia: paciente pode imitar 
deliberadamente movimentos executados por 
outros. 
- Despersonalização: identidade pessoal 
estável pode acarretar em sentimentos de 
irrealidade. 
TIPOS DE ESQUIZOFRENIA 
 Esquizofrenia desorganizada 
(hebefrênica): 
Presença proeminente de uma perturbação 
dos afetos. As ideias delirantes e as 
alucinações são fugazes e fragmentárias, o 
comportamento é irresponsável e 
imprevisível. 
Inicia-se antes dos 25 anos; risos imotivados; 
expressões bizarras; condutas tolas; 
afastamento social; descuido com a própria 
aparência; embotamento afetivo. 
 Esquizofrenia catatônica: 
Anormalidade acentuada no comportamento 
motor se manifestando em termos de estupor 
ou excitação. 
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Estupor catatônico – diminuição dos 
movimentos e atividades espontâneas. 
Excitação catatônica – estado de extrema 
agitação psicomotora (movimentos frenéticos 
desprovidos de finalidade). 
 Esquizofrenia paranóide: 
Presença de delírios persecutórios ou de 
grandeza e por alucinações auditivas 
relacionadas a um tema único. Individuo 
tenso, desconfiado e retraído podendo se 
mostrar hostil e agressivo. 
 Esquizofrenia indiferenciada: 
Sintomas esquizofrênicos que não preenchem 
os critérios para nenhum dos subtipos. 
 Esquizofrenia residual: 
Individuo que tem uma forma crônica da 
doença e está no estágio que se segue a um 
episódio agudo (delírios, alucinações, 
violência). 
Paciente possui características de isolamento 
social, distúrbio da higiene e aparência, 
empobrecimento da fala, embotamento 
afetivo, apatia. 
TERAPIA MEDICAMENTOSA 
Medicamentos: antipsicóticos ou 
neurolépticos. 
Capazes de controlar as principais 
manifestações psicóticas: agitação, 
alucinações, delírios (em situações agudas). 
Medicamentos com principal objetivo o 
controle dos sinais positivos: 
 Clorpromazina; 
 Flufenazina; 
 Haloperidol. 
Medicamentos com melhor eficácia contra os 
sintomas positivos e negativos: 
 Clozapina 
 Olanzapina 
 Risperidona 
Clorpromazina – primeiro a ser descoberto. 
Geralmente administrado via oral, via IM em 
estados de agitação psicomotora. 
Os mais empregados são as fenotiazinas: 
clorpromazina (amplictil), levopromazina 
(neozine), trifluoperazina (stelazine), 
flufenazina (anatensol), butirofenonas 
(haloperidol e haldol), pimozida (orap), 
risperidona (risperdal), olanzapina (zyprex). 
EFEITOS COLATERAIS 
Mais rotineiros: sonolência, boca seca, visão 
turva, constipação, retenção urinária, retardo 
ejaculatório, hipotensão ortostática, crises 
hipotensivas, alteraçõesdermatológicas, 
acatisia (sensação de inquietude, incapacidade 
de relaxar, de permanecer imóvel ou sentado), 
contraturas musculares, protusão da língua, 
torcicolo e outros. 
Adversos graves: movimentos involuntários da 
boca, língua, tronco e extremidades após anos 
de uso, na maioria das vezes irreversível. 
Pode acarretar na síndrome maligna que 
consiste em uma febre persistente acima de 
40 graus, quadro confusional, rigidez muscular 
podendo levar ao óbito (por isso deve se 
seguir ao extremo a dosagem, principalmente 
a dosagem SOS). 
Outros efeitos graves: discinesia tardia 
(movimentos involuntários da boca, língua, 
tronco e extremidades após anos de uso, 
geralmente irreversível), síndrome 
neuroléptica maligna. 
Neurolépticos que mais provocam efeitos 
extrapiramidais: fenotiazinas e haloperidol – 
mas são os mais usados por serem mais 
baratos. 
Efeitos extrapiramidais são evitados com 
medicamentos anticolinérgicos: prometazina 
(fernegan) e biperideno (akineton) – devem 
ser prescritos imediatamente o aparecimento 
dos primeiros sinais extrapiramidais. 
CUIDADOS DE ENFERMAGEM A TERAPIA 
MEDICAMENTOSA 
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Atenção com ingestão: muitos pacientes 
tentam esconder a medicação – esclarecer a 
importância. 
Observar e registrar reações aos efeitos 
indesejáveis, e nos casos mais graves, avisar 
imediatamente o médico. 
Ouvir as opiniões dos usuários sobre os 
remédios e registrá-las. 
Controlar os medicamentos, pois são 
psicotrópicos, caso ausência de responsável o 
armário deverá ficar trancado. 
CUIDADOS DE ENFERMAGEM A PESSOA COM 
ESQUIZOFRENIA 
Necessário sensibilidade e coerência, por ser 
um usuário difícil, um pequeno detalhe que o 
faça desconfiar do interesse pode destruir a 
relação. 
Interessar-se por ele, mantendo certa 
distância é sentida como menos ameaçadora. 
Quanto aos delírios de perseguição e/ou 
grandeza nem concordar (pois isto reforça) 
nem discordar (pois isto desqualifica-o e 
aumenta a sensação de perseguição) é preciso 
procurar compreender que esses delírios são a 
defesa para enfrentar a angustia de 
despedaçamento. 
Só o acolhimento e aproximação podem 
ajudar a promover mudanças. 
Como costuma evitar contato e até 
aproximação, pode-se tentar contato através 
de algo que o interesse (através da observação 
ou informação familiar). 
Sugerir, mas sem forças, ele fará quando 
puder, 
Conversar ou comentar sobre o que ocorre ao 
redor, mas não forçar resposta. 
Se ele observar outro paciente fazendo 
alguma atividade, propor algo semelhante à 
ele. 
Pode-se tentar aproximação junto com outra 
pessoa, pois a conversa flui e ele se sente 
menos forçado a participar, podendo fazê-lo 
de forma mais natural. 
Não adianta indagar porque agem dessa 
forma, em geral não tem consciência dos 
motivos. 
A forma como ele se percebe vai determinar 
seu comportamento: se ele se acha poderoso, 
os outros devem obedecer, se ele se sente 
perseguido, pode tornar-se agressivo. 
Os profissionais, pela sua proximidade são 
colocados pelos usuários em vários papeis 
(transferência). 
Relacionamento terapêutico: observar; ouvir o 
que é dito (e perceber o que não é dito); 
perceber o que se passa, relacionar-se não a 
partir dos papeis que eles atribuem, mas a 
partir do que, os outros e nós realmente 
somos. 
ABORDAGENS TERAPEUTICAS 
Agir com flexibilidade e tolerância, mas não 
tolerar ou permitir qualquer conduta do 
usuário que o prejudique ou aos outros, mas 
em vez de censuras, é mais útil uma análise 
ponderada e firme. 
O usuário não tem obrigação de ser bem 
comportado, essa é a razão de estar em 
tratamento. 
O usuário pode apresentar dificuldades em 
alguma áreas, mas em outras não, estar 
delirante ou queixoso não é impedimento para 
a realização de atividades, deve-se estimular 
os aspectos positivos, ampliação de 
habilidades e enriquecimento de experiências. 
Observar a necessidade de cuidados pessoais. 
É importante oferecer esses cuidados mas sem 
imposições. Lembrar que o comportamento 
de recusa pode ser uma expressão de suas 
dificuldades. Ex.: recusa comida, banho. 
As atividades de cuidado são oportunidades 
de estabelecer um relacionamento 
terapêutico e estimular o autocuidado. 
SAÚDE MENTAL – C5 
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Se o usuário está delirante, não ajuda dizer 
que seus pensamentos não correspondem 
com a realidade, trazer assuntos do cotidiano, 
andar com ele, ou ajuda-lo em alguma 
atividade pode ser mais útil. 
Se ele está com o discurso desorganizado ou 
pouco comunicativo, não cabe chamar a 
atenção para essa dificuldade ou exigir que ele 
tenha uma coerência que não é possível ter. 
Confiar nas habilidades deles pode 
transformá-los em auxiliares. 
Quando a sexualidade está exacerbada, não 
dar uma conotação moral à situação, se 
ocorrer aproximação entre os usuários com 
essa intenção, dependendo da situação, 
discutir com eles e pensar com a equipe sobre 
como proceder. 
O cuidado em saúde mental não pode ser 
construído previamente (como em outras 
áreas), o cuidado é pós-demanda. 
Se trabalhamos com demandas, o cuidado não 
pode ser padronizado, contudo, conhecer as 
categorias diagnósticas facilita a compreensão 
e o diálogo com a equipe.

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