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POLITICAS PUBLICAS DE SAUDE E A REDE SUBSTUTIVA DE ASSISTENCIA PSICOSSOCIAL NO BRASIL

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SAÚDE MENTAL – C5 
 Lília Mendes 
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E A REDE 
SUBSTUTIVA DE ASSISTÊNCIA PSICOSSOCIAL 
NO BRASIL 
São ações de desenvolvimento que ficam com 
a comunidade. 
Partidária, são ações que terminam com o 
mandato do dirigente político. 
Sua formulação possui 5 fases: 
1. Formulação do problema 
2. Formulação de uma agenda 
3. Formação da politica 
4. Implementação da política publica 
5. Avaliação da politica 
Toda política é desdobrada em legislação, 
programa, planos e estratégias. 
A política de saúde é uma política pública. 
PNAD – política nacional Antidrogas – baseada 
no tripe prevenção, tratamento e repressão – 
2001 – ainda um caráter discriminativo. 
2002 – Início do processo – programa de 
atenção comunitária integrada aos usuários de 
álcool e outras drogas – já trazendo um CAPSad 
acima de 70.000 habitantes, com 2-4 leitos 
para desintoxicação e repouso (máx. 45 
usuários/dia) 
2003 – PAIVAD – política de ação integral dos 
usuários de álcool e drogas – trás novas 
estruturações, ações e estratégias. 
2004 – Revisada. 
2005 – Virou politica Nacional sobre drogas. 
Houve 3 momentos distintos, internacional, 
regional e nacional. Saúde começa a promover 
ações. 
 RASs – Rede de atenção à saúde. 
 Formada por: 
o CAPS em suas diferentes 
modalidades, como 
ARTICULADOR 
o SRI (Serviço de residência 
terapêutica) 
o Unidade de acolhimento 
(Adulto e infanto) 
o Enfermarias em hospitais 
gerais 
o Hospital psiquiátrico – hospital 
dia 
o Atenção básica 
o Urgências e emergências 
o Comunidade terapêutica 
o Ambulatório multiprofissional 
da saúde mental – unidades de 
ambulatórios especializadas 
POLÍTICA DE REDUÇÃO DE DANOS 
Não é apenas dar um kit de drogas e sim evitar 
um dano mais complexo, evitar uma internação 
hospitalar por exemplo. 
Conjunto de estratégias que tem por objetivo 
oferecer alternativas de cuidado à saúde que 
possam ser adotadas sem abandonar à prática 
do uso de drogas. Leva em consideração a 
complexidade do fenômeno, a diversidade dos 
usos e as particularidades dos usuários. 
O motor da redução de danos é o vínculo, a 
confiança do usuário com o profissional da 
saúde. 
Fundamentos da redução de danos: 
democracia, cidadania, direitos humanos e de 
saúde. 
Estratégias: abordagem individualizada. 
 
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 Lília Mendes 
MANEJO CLÍNICO DO ABUSO DE SUBSTÂNCIAS 
E INTERVENÇÃO BREVE 
As drogas podem ser: 
 Depressoras: diminuem a atividade do 
cérebro, reduzem a tensão emocional, 
atenção, concentração, memória e a 
capacidade intelectual (álcool, 
barbitúricos, ansiolíticos, opioides, 
inalantes/solventes). 
 Estimulantes: aumentam a atividade 
do cérebro, aumenta o estado de 
alerta, motivação, propriedades 
antidepressivas, melhora no humor e 
desempenho cognitivo. Trazem 
aceleração do estado psíquico e 
insônia (anfetaminas, nicotina, 
cocaína, crack). 
 Perturbadoras ou alucinógenas: 
modificam atividade do cérebro, 
alteram a percepção, pensamento, 
produzem alucinações e delírios, 
alteração sensopercepção (maconha, 
cogumelo, êxtase, LSD-25). 
Todas as drogas atuam no SNC. 
O sistema de recompensa cerebral é 
caracterizado por seus componentes centrais 
(núcleo accumbens, área tegmentar ventral e 
córtex pré-frontal). 
Cada droga atua de uma forma, pode ter uma 
que aumente serotonina, dopamina, bloqueios 
dos canais de cálcio, impedindo recaptação, 
estimulando os receptores pré-sinápticos, 
como na cocaína. 
EXEMPLOS DE AÇÕES: 
 Álcool: inibe glutamato: ativa GABA 
 Benzodiazepínicos: atuam nos 
receptores GABA 
 Inalantes: ativam GABA, inibe 
glutamato 
 Opiáceos: afeta via glutamatérgica e 
serotonérgica e dopaminérgica. 
 Anfetaminas e derivados: aumenta 
dopamina, serotonina e noradrenalina. 
 Cocaína: impede recaptação da 
dopamina, serotonina e noradrenalina. 
 Nicotina: liberação noradrenalina, 
dopamina. 
 Maconha/canabinóides: receptores 
próprios no córtex cerebral, cerebelo, 
hipocampo, nucleus accumbens por 
onde liberam dopamina. 
CONCEITOS IMPORTANTES 
Tolerância: droga usada repetidamente, não 
provoca mais mesmo efeito; aumento das 
doses para ter a mesma sensação (drogas 
depressoras). 
Após período de abstinência a tolerância pode 
ser perdida, levando a overdoses acidentais, a 
reaquisição da tolerância pós abstinência 
ocorre de forma mais rápida que a aquisição 
inicial. 
Sensibilização: aumento do efeito após 
repetidas administrações (drogas estimulantes) 
Abstinência: ausência/privação da droga (leve 
a grave) 
Fissura (craving): desejo urgente, incontrolável 
da substância, invade pensamentos, altera 
humor, sensações físicas, modificação 
comportamento. 
TABACO 
Droga lícita, apresentação em forma de 
cigarros, charutos, cachimbos, narguilé e 
cigarro eletrônico. 
As consequências do cigarro eletrônico são 
tosse, dor torácica e dispneia, problemas 
gastrointestinais, dor abdominal, náuseas, 
vômitos, diarreia, febre, calafrios, perda de 
peso, dependência e outros. 
Efeito: estimulante, sensação de bem-estar, 
estímulo do sistema de recompensa do cérebro 
induzindo adição/dependência intensa e 
rápida. A nicotina inalada durante o fumo 
alcança o fluxo sanguíneo atingindo o cérebro 
em 15 segundos. O inicio tem uma sensação de 
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bem estar, melhora do humor, diminuição do 
apetite e relaxamento. 
Perigos: durante gestação tabaco causa: risco 
de retardo do crescimento intra uterino, morte 
súbita na infância, baixo peso e altura e 
hipertensão. 
ÁLCOOL 
Tem estágios, no primeiro momento fica em 
agitação e depois ocasiona a depressão, porém 
depende da quantidade e tempo. 
Não exite bebida fraca ou forte, a diluição da 
concentração do álcool que altera. C:M/V (v: 
volume inversamente proporcional à 
concentração, quanto menor o volume, maior 
a concentração). 
O transtorno do uso de álcool pode apresentar 
um curso variável, caracterizado por períodos 
de remissão e recaídas. 
Efeito: depende do consumo. 
o Consumo baixo: euforia, 
desinibição, maior 
socialização, alteração 
coordenação motora 
o Consumo médio: sonolência, 
percepção, coordenação e 
reflexos diminuídos; fala 
arrastada ou enrolada; 
capacidade de discernimento 
prejudicada; raciocínio e 
concentração diminuídos 
o Consumo alto: vômito; náusea; 
perda de consciência; visão 
dupla e audição distorcidas; 
dificuldades respiratórias; 
inconsciência; coma; óbito. 
Consequências: 
Doenças como gastrite, ulceras estomacais ou 
duodenais, cirrose hepática e/ou pancreatite; 
hipertensão, miocardiopatia, doença 
neuropática, déficits cognitivos, 
comprometimento da memória, alterações 
degenerativas do cerebelo, deficiências 
vitamínicas (B, tiamina), transtorno aminésico, 
risco de suicídio, problemas renais. 
Consequências funcionais como absenteísmo 
no emprego, acidentes relacionados ao 
trabalho e baixa produtividade, violência, 
suicídio. Consequências familiares e sociais. 
Em grávidas seu uso ocasiona Síndrome 
Alcoólica Fetal (SAF) a depender da quantidade 
e frequência de consumo da grávida. É um 
conjunto de má formação fetal, originadas pelo 
contato do feto com o álcool etílico, engloba 
disfunções no SNC, déficit de crescimento, 
olhos pequenos, nariz alterado. 
MACONHA 
Quanto mais fumada, mais rápido chega no 
cérebro. Perturbadora – euforia, relaxamento – 
a depender do quanto e como usou. Ficam mais 
risonhos, falantes, mais fome, boca secam 
sedem afeta sensações, pode ser encontrado 
até semanas e meses depois na corrente 
sanguínea. 
Fumando vai direto ao cérebro, comida o efeito 
dura mais tempo e tem pico de ação mais lento. 
Comprometimento da função cognitiva. 
Abstinência: irritabilidade, ansiedade, perda de 
apetite, desconforto, náusea... 
Sintomas começam 24-72h depois, pico em 2-3 
semanas começama melhorar, o sono fica 
completamente alterado, podendo durar mais 
de 30 dias, a depender da quantidade, 
consumo, tempo. 
Na gestação o uso gera problemas obstétricos 
e fetais. 
COCAÍNA 
Diversas apresentações, tempo de inicio de 
ação rápida 10-15 minutos, quando chega a 30 
minutos desaparece. 
Abstinência eu paro, a tolerância se diminui 
devagar, pois quanto mais rápido o efeito da 
droga, mais terá o consumo e tolerância – 
tolerância precisa de mais droga para fazer o 
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mesmo efeito, quando interrompo lentamente 
o consumo, maior o risco de overdose, devido 
a queda da tolerância. Entrar com abstinência 
nesses usuários é mais complicado. 
Seu uso na gestação aumenta o risco de 
infecção fetal por mecônio, devido redução do 
líquido amniótico. 
ANFETAMINAS 
Substâncias sintéticas, aumenta estado de 
alerta, agitação, euforia, taquicardia, 
taquipneia, hipertensão, perda de apetite, 
efeito prolongado. 
MDMA – êxtase – quanto mais sintética, mais 
durador o efeito, dependência rápida, 
depressão metabólica grave. Altera o 
pensamento, humor, memória, ansiedade, 
perda da noção de tempo e espaço, redução de 
apetite, precisa usar mais a cada usada para ter 
mais efeito. 
A médio e longo prazo tem muita mais 
consequências, quanto mais rápido o efeito, 
mais chance de dependência, maior o 
consumo. 
LSD 
Droga mais potente, aluginosa, pequenas 
quantidades, maior efeito, inicio de ação 30 
minutos, tempo de duração 6-15h. alucinações, 
distorções da realidade, taquicardia, 
taquipneia, alterações cardíacas graves. 
INALANTES 
Loló, lança perfume, tintas, solventes – 
excitação, euforia, destruição do septo nasal, 
hiperemia da face, ação rápida, efeito curto. 
Perda da fome, tontura, depressão do SNC, 
confusão mental, obnubilação, visão alterada, 
sudorese intensa, palidez cutânea, 
inconsciência, confusão, depressão cardíaca 
grave. 
 
 
 
DROGAS OPIÓIDES 
Causam analgesia, sedação – morfina. 
Abstinência grave, efeito duradouro, quanto 
mais curta a duração mais rápida faz 
dependência. Efeitos colaterais de depressão, 
amnesia retrograda. Abstinência começa a 
partir de 2 dias – irritação, sonolência, insônia. 
MANEJO CLÍNICO DO ABUSO DE SUBSTÂNCIAS 
PSICOATIVAS (SPAs) 
O rastreio em todas as consultas e em todos os 
lugares, rua, esf, trabalho, é essencial pois o 
vínculo com o usuário é essencial. 
Um bom manejo precisa de um vinculo com o 
usuário, sendo o pilar do manejo e tratamento 
– verificar padrões individuais de consumo. 
Para realizar o manejo, preciso acolher, escutar, 
uma boa consulta de enfermagem, dando 
muita atenção a entrevista, quando começou, 
qual a quantidade, frequência, tipo da droga. 
Se tem algum tipo de transtorno, um bom 
exame físico, se já tem alterações hepáticas, 
abdominais, mucosas. Saber a rede 
familiar/suporte em todos momentos, 
abstinência, sofrimento, agressividade, 
monitorar sinais vitais, avaliar hidratação, 
nutrição, marcha, eliminações, alimentação, 
padrão de sono. 
Para compensar o desgaste que a droga 
ocasiona o usuário precisa de uma alimentação 
energética. 
Avaliar os fatores de risco é essencial para 
saber o nível de comprometimento e 
gravidade. 
Avaliação psicológica e psicossocial, problemas 
atuais, 
Intervenção breve: tempo para começar e 
terminar. 
Entrevista motivacional: um passo a passo. 
 
 
 
SAÚDE MENTAL – C5 
 Lília Mendes 
 
 F – FEEDBACK – aplico instrumento, 
converso sobre a pontuação. 
 R – RESPONSABILIDADE - pra mudar 
compartilhada com o usuário. 
 A – ADWICE (CONSELHO) - profissional 
 M – MENU – alternativa de autoajuda 
ou opções de tratamento ao paciente 
 E – EMPATIA – sem julgamentos 
S – SELF-EFICACE – manter a eficácia do 
tratado/combinado, otimismo, sentimento de 
autoeficácia. 
AUDII – só para álcool, mostro o tipo de uso, 
sinais de dependência – usado sempre nos 
últimos 12 meses. 
ASSIST – para todas as drogas – usado nos 3 
últimos meses. 
ASSIST – estágios de mudança: 
Pré-contemplação: não pensa na possibilidade 
de mudança, necessita de informações e de um 
retorno profissional. 
Contemplação: pensando na possibilidade de 
diminuir ou parar o uso (ambivalência), fazer 
lista de prós e contras, balança de decisão. 
Preparação: desenvolvendo um plano ou 
estratégia para mudança de comportamento, 
desenvolver um plano de mudança de 
comportamento. 
Ação: colocando em prática a mudança de 
comportamento, encorajá-lo e fortalece-lo. 
Manutenção: mantendo o novo 
comportamento, evitar a recaída.

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