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Medicina Resumida, Sistema Renal - SANAR

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2019
 
 
Título: Sistema Renal
Editor: Diana Cruz
Projeto gráfico: Bruno Brum
Coordenador: Diego Barros
Edição de texto: Editorando Birô
Diagramação: caixadedesign.com
Capa: Fabrício Sawczen e Wesley Azevedo
Conselho Editorial: Caio Vinicius Menezes Nunes, Itaciara Larroza Nunes, Paulo Costa Lima, Sandra de
Quadros Uzêda e Silvio José Albergaria da Silva
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Fábio Andrade Gomes - CRB-5/1513
J58m     
Jesus, Vinicius Santos Moura de
            Medicina resumida: sistema renal / Vinicius Santos Moura de Jesus. –
  Salvador : 2B, 2019.
        252 p. : il. ; 16x23 cm. – (Medicina Resumida ; 4).
               
                    ISBN 978-85-5462-127-8
 
                 1. Rins - Fisiologia. 2. Medicina. I. Título. II. Título: Sistema renal. III. Série.                                      
                                                         CDU: 612.46
ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO
1. Medicina.
2. Medicina.
 
 
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Fábio Andrade Gomes - CRB-5/1513
 
 
 
 
Editora Sanar Ltda.
Rua Alceu Amoroso Lima, 172
Caminho das Árvores
Edf. Salvador Office e Pool, 3º andar.
CEP: 41820-770 – Salvador/BA
Telefone: 0800 337 6262
sanarsaude.com
atendimento@sanar.com
Sumário
1. Sistema Renal: Visão Geral e Anatomia
1. Caso clínico
2. Visão geral
3. Anatomia
Referências
Mapa mental
2. Histologia do Sistema Renal
1. Caso clínico
2. Introdução
3. O néfron
4. Os túbulos e ductos coletores
5. O interstício renal
6. As vias urinárias
Referências
Mapa mental
3. Manutenção do Volume dos Líquidos Corporais
1. Caso clínico
2. Entendimento inicial sobre os líquidos corporais
3. A troca de líquidos em condições normais
4. Controle hídrico através do rim
5. Compartimento dos líquidos corporais
6. Regulação da troca de líquidos entre os compartimentos
Referências
Mapa mental
4. Filtração Glomerular
1. Caso clínico
2. Introdução
3. Visão geral da formação da urina
4. A primeira etapa de formação da urina
5. Determinantes da filtração glomerular
6. Fluxo sanguíneo renal
7. Controle fisiológico da fg e do fluxo sanguíneo renal
8. Autorregulação da fg e do fluxo renal
Referências
Mapa mental
5. Reabsorção e Secreção Tubular
1. Caso clínico
2. Introdução
3. A reabsorção tubular e seus mecanismos ativos e passivos de transporte
4. Os mecanismos de reabsorção e secreção tubular ao longo do néfron
5. Mecanismos de regulação da reabsorção e secreção
Referências
Mapa mental
6. Concentração e diluição da urina
1. Caso clínico
2. Introdução
3. Excreção renal de H2O vs urina diluída
4. Conservação renal de H2O vs urina concentrada
5. Controle da osmolaridade do sódio no líquido extracelular
Referências
Mapa mental
7. Regulação renal dos  demais íons  (K+, CA2+, PO4
3-, MG2+)
1. Caso clínico
2. Regulação da concentração do potássio extracelular e sua excreção
3. Mecanismo de excreção renal do potássio
4. Regulação da concentração do cálcio extracelular e sua excreção
5. Controle da excreção renal do cálcio
6. Regulação da excreção renal de fosfato
7. Concentração e excreção do magnésio extracelular
Referências
Mapa mental
8. Equilíbrio acidobásico
1. Caso clínico
2. Introdução
3. Conceitos elementares – ácidos e bases
4. Regulação da concentração do íon H+
5. Mecanismos corporais de defesa: pulmões, tampões e rins
6. Secreção tubular de H+ e reabsorção tubular de HCO3-
7. Produção de “novo” HCO3- pela ação dos sistemas-tampões fosfato e amônia
8. Como os rins corrigem a acidose
9. Como os rins corrigem a alcalose
Referências
Mapa mental
 
 AUTORES
VINICIUS SANTOS MOURA DE JESUS
Interno do Curso de Medicina da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), membro do canal Medicina
Resumida e professor do projeto SanarFlix, da Editora Sanar.
MARCELO AUGUSTO DUARTE SILVEIRA
Professor da Sanar Residência Médica (Clínica Médica e Nefrologia). Doutor em Ciências pela Faculdade
de Medicina da USP (FMUSP), especialista em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da FMUSP, Membro
da Diretoria de Fisiologia e Fisiopatologia Renal da Sociedade de Nefrologia (Biênio 2019-2020), Médico
Assistente do Serviço de Nefrologia (Grupo de Injúria Renal Aguda e Ambulatório de Tubulopatias) do
HCFMUSP, Professor Colaborador da Disciplina de Nefrologia da FMUSP [entre 2016 e maio de 2019],
Médico Assistente do Serviço de Nefrologia do Hospital São Rafael (Salvador, BA), especialista em Clínica
Médica pelo Hospital Santa Marcelina-SP, Graduado em Medicina pela Universidade Estadual de Ciências
da Saúde de Alagoas (UNCISAL).  
 
AGRADECIMENTOS
Escrever esse livro partiu da vontade de desmistificar o sistema renal/urinário humano, de que ele é
complexo, difícil de entender e, por isso, precisa ser decorado com bastante detalhes. É justamente o
caminho oposto da grande maioria dos livros-texto que procurei trilhar e fazê-lo, buscando facilitar ao
máximo o seu entendimento. Essa coletânea, como um todo, traduz um intenso e dedicado trabalho
para entregar o melhor e o mais prático conteúdo ao estudante da área de saúde, cujo tempo é
bastante escasso e o volume de informações que precisa lidar e absorver é enorme ao longo de sua vida
acadêmica. Nesse sentido, sinto-me profundamente feliz e realizado ao entregar essa obra a vocês.
Muito obrigado pelos feedbacks, pelo apoio contínuo, paciência e motivação diária, o que, de fato, foi
imprescindível para tudo isso se tornar realidade.
Agradeço imensamente à valiosíssima contribuição e upgrades do coautor dessa obra, Prof. Dr.
Marcelo Silveira, cujos entusiasmo, seriedade e precisão cirúrgica foram fundamentais ao fomento e
execução dessa obra. Sua bagagem de conhecimento, vivências e comprometimento com a educação
continuada em saúde agregaram uma qualidade sem igual a este trabalho. Gratidão!
Não poderia deixar de agradecer também à Editora Sanar, que tem sido minha segunda casa há
alguns anos, acolhendo e revolucionando a mente de quem aqui passa. Obrigado pela confiança e por
acreditar num projeto inovador e facilitador de conhecimento que, sem sombra de dúvidas, irá ajudar
muitas pessoas. Em especial, agradeço à Mau Mau (Maurício Lima) pelo convite, à Diana Cruz (pela
dedicação, paciência e organização), à Isabela Ribeiro e ao Geisel Alves. Vocês são sensacionais!
Ao Medicina Resumida, em especial à figura de Diego Barros (Stark), um irmão que a vida e a
medicina me deram de presente. Obrigado pela confiança, perseverança e dedicação, irmão! Estaremos
sempre juntos! À Alana Rodrigues (Laninha), Kevin Gomes (Kevito) e Evelyn Assis (Eve) pela companhia,
força e parceria ao trilhar esse caminho juntos. Muito Obrigado!
À minha família, em especial ao meu filhinho Theo (que, mesmo pequenino, me inspira e motiva
diariamente a fazer o meu melhor, cada vez mais), às minhas amadas mãe e avó. Vocês são o meu maior
exemplo de vida, de luta, de perseverança e me deram todas as ferramentas possíveis para que eu
pudesse chegar até aqui, me ensinando que “[...] tudo o que fizerdes, fazei-o de todo o coração, como
para o Senhor e não para os homens” (Colossenses 3:23). Gratidão!
– Vinicius Jesus
A vida acadêmica requer paciência, humildade e perseverança; estes elementos são essenciais para
que se alcance o esperado: a transmissão do saber.
Aos meus Pais (Braz e Sandra) e meus irmãos (Maciel e Milla), vocês são minha inspiração.
A Renata, meu amor, companheira e fonte de muita força, acompanhada de um coração imenso.
Aos mestres que me transmitiram o melhor de si.
– Marcelo Augusto Duarte Silveira
APRENDER PODE SER MAIS FÁCIL
E aí, preparada(o) para dominar o conhecimento acerca do Sistema Renal? Sim, é possível! Nós
sabemos o quanto pode ser difícil compreender alguns temas nesse universo. Seja devido à linguagem
demasiadamente rebuscada de algumas literaturas clássicas ou o excesso de detalhes que facilmente se
perdem em sua memória. Por isso, desde já, queremos estabelecer um compromisso: nosso objetivo ao
longo deste livro é fazer você absorver os principais pontosque são premissas para a formação de seu
raciocínio clínico e, consequentemente, para a sua prática profissional futura. Assim, acreditamos estar
direcionando seu tempo e energia, o que permitirá o aumento da sua eficiência no processo de
aprendizado. Como bônus, estaremos abordando os pontos que, provavelmente, serão cobrados em
suas avaliações. Justamente por terem mais relevância para a prática clínica.
Entretanto, isso é um bônus. Nosso objetivo é fazer você se tornar um melhor profissional. E para
isto, é imprescindível um conhecimento integrado. Conhecimento decorado para a prova é facilmente
esquecido, já o que é verdadeiramente compreendido, fica para a vida. Com isso, entramos em uma
outra preocupação que tivemos: a integração dos três pilares básicos de cada sistema orgânico (a
anatomia, a histologia e a fisiologia). 
Apesar de termos momentos destinados a cada pilar neste livro, estaremos frequentemente
correlacionando-os e permitindo que você obtenha uma visão mais global do processo. Algo que já é
amplamente defendido por metodologias de ensinos mais modernas e que, mais uma vez, possui um
bônus: a economia. Adquirir um livro para cada pilar costuma pesar no orçamento financeiro. Sendo
assim, se você possuir um atlas de anatomia para associar a este livro texto, será o suficiente para um
ótimo aprendizado. E vale ressaltar que boas imagens de anatomia não faltam na internet.
Deixando mais uma vez o bônus de lado, vamos ao maior diferencial deste livro que é a sua
metodologia. Você provavelmente deve saber que há duas metodologias principais nos cursos de
saúde: a tradicional e o PBL (Problem Based Learning - “Aprendizado baseado em problemas”). Sendo
que ainda há alguns cursos que adotam um modelo misto em que se mesclam as duas opções.
A metodologia tradicional é o modelo que nos acostumamos durante o período escolar. Professor é
detentor do conhecimento, realiza aulas expositivas abordando cada assunto e em alguns momentos
são aplicadas avaliações para tentar mensurar o quanto foi aprendido pelo aluno.
A metodologia PBL, em uma explicação simplificada, apresenta inicialmente um problema
(geralmente um caso clínico), permite a discussão em um grupo utilizando os conhecimentos prévios e
motiva o estudante a buscar as respostas para que em um segundo momento, os alunos possam
compartilhar os seus aprendizados e construam conjuntamente o conhecimento. Desta forma, o
professor pode avaliar diversos pontos além do conhecimento adquirido: a capacidade de ser parte de
um grupo, a organização do raciocínio, a exposição do mesmo, dentre outras questões.
Contudo, desta forma que apresentamos, deixa-se a entender que a metodologia PBL apenas possui
vantagens, porém esta está longe de ser a absoluta verdade. Primeiro que é muito frequente se deparar
com professores que não foram treinados para a metodologia, o que permite que os alunos fiquem sem
um guia ou indevidamente orientados. Outra queixa comum entre os estudantes é que algumas
instituições optam por um curto período entre a apresentação do problema e a discussão sobre o
mesmo, não permitindo um tempo adequado de estudo para os estudantes absorverem o conteúdo
necessário. E dentre diversos outros pontos frequentes, o principal é a insegurança. Os estudantes por
não terem recebido o conhecimento do professor, fonte confiável, não conseguem sozinhos estabelecer
quais informações são importantes em um oceano de referências possíveis. As consequências disso são
inúmeras para o aprendizado e saúde mental dos estudantes. Por isso, talvez a resposta mais adequada
seja o modelo misto, associado a professores devidamente capacitados. Neste, além das discussões,
ocorrem aulas expositivas dos professores, quando são contemplados os principais pontos e/ou
complementado o conhecimento exposto nas discussões.
Mas afinal, e o livro?
A coletânea Medicina Resumida foi concebida a partir da análise das principais vantagens e falhas de
cada metodologia. Sendo assim, em cada capítulo você será inicialmente apresentado a um caso clínico,
quando gostaríamos que você tentasse reconhecer os principais pontos e palavras chaves a serem
estudadas. Este exercício mínimo irá aumentar o seu vínculo com o tema e, consequentemente, irá
consolidar melhor em sua memória quando obter as respostas. E não se preocupe que ao virar a
página, você irá encontrar o que consideramos importante e o(s) objetivo(s) do capítulo. O próximo
passo então é a entrega do conteúdo. Essa é feita em cada capítulo com as características que
defendemos ser importantes até aqui: uma abordagem integrada dos três pilares, utilizando uma
linguagem adequada e focando nos pontos principais para a sua formação. Por fim, você ainda terá a
sua disposição um mapa mental simplificado com os pontos principais que você precisa recordar em
uma revisão rápida.
Portanto, seja você de uma instituição com a metodologia tradicional ou PBL, esperamos te oferecer
um recorte da experiência do que há de melhor nos dois mundos. Faça um ótimo proveito!
O MEDICINA RESUMIDA
O Medicina Resumida é um canal do Youtube fundado em março de 2014
por Diego Barros, quando estava nas férias para o 3º semestre do curso de
medicina da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
A proposta desde o início foi compartilhar o conhecimento e as experiências
adquiridas com os demais estudantes dos cursos de saúde em uma época em
que aulas em vídeos para o nicho ainda eram muito escassas.
Após dois anos de crescimento, a demanda dos seguidores só aumentava e
havia o desejo de contemplar todos os pedidos. Entretanto, a rotina densa de
estudos era impeditiva. A solução foi definida em 2016, quando o canal contou
com a sua primeira grande mudança. Foram convidados ao projeto mais cinco
estudantes e amigos (Alana Rodrigues, Evelyn Assis, Gabriel Araponga, Kevin
Gomes e Vinicius Jesus) que além de competentes, se alinhavam com a filosofia
do projeto.
Desde então, todos os esforços foram voltados à contemplar os
conhecimentos do tripé básico dos sistemas orgânicos: a anatomia, a histologia e
a fisiologia. Porém, não se limitando apenas a estes temas.
O primeiro contato com a Editora Sanar ocorreu ainda em 2015 com a
concepção da obra “100 Casos Clínicos Comentados em Medicina”, lançada em
2016 e amplamente requisitada ainda nos dias de hoje.
O vínculo se fortaleceu em 2017 com a concepção da Coletânea Medicina
Resumida e a união de esforços para o desenvolvimento de uma plataforma de
educação médica que complementasse integralmente toda a faculdade de
medicina: o SanarFlix. Projeto este que foi lançado no segundo semestre de 2017
e possui uma completa sintonia com esta coletânea lançada em 2018. Ambos
frutos de um grupo alinhado em inovar a educação médica, utilizando como
premissas a qualidade e a acessibilidade de seus projetos.
E o Medicina Resumida? Apenas ganhou com essa união de esforços. Evoluiu
em quantidade e qualidade para os seus seguidores. Pois a estrutura
disponibilizada para o SanarFlix, também se estende ao Medicina Resumida e
isso permitiu garantir uma maior qualidade técnica dos conteúdos (áudio e
vídeo), assim como uma maior entrega na quantidade dos vídeos, inclusive com
a participação de outros professores.   
Ainda não conhece? Confira como nos encontrar:
• Canal Medicina Resumida: www.youtube.com/medicinaresumida
• Instagram Medicina Resumida: @medresumida
• SanarFlix: www.sanarflix.com.br
• Instagram SanarFlix: @sanarflix.med
 
Capítulo 1
SISTEMA RENAL: VISÃO GERAL E ANATOMIA
1.  CASO CLÍNICO
Dona Tereza, paciente do sexo feminino, 74 anos de idade, trabalhadora rural, compareceu ao Centro
de Saúde do bairro onde mora com queixa de dor lombar de forte intensidade do lado direito, em cólica,
associada à disúria, polaciúria e hematúria há 4 dias. Entretanto, há 2 dias, refere astenia e calafrios, que
julgou ser resultante do calor que estava fazendo em sua cidade.
Assim que entrou no consultório, onde foi atendida pelo Dr. Theo, sentou-se e mostrava-se agitada e
incomodada; relatou que “éa pior dor que já sentiu na vida”. O jovem médico tentou tranquilizá-la e
começou a fazer a anamnese. Dona Tereza, além de contar-lhe sua queixa principal, alegou também ser
diabética, hipertensa e beber pouca água; e relatou dois episódios anteriores de infecção urinária tratada
em casa com antibióticos orais.
Após realizar exame físico, o Dr. Theo explicou para Dona Tereza que ela precisaria fazer um sumário
de urina e uma ultrassonografia de rins e vias urinárias. Ele ainda explicou que, provavelmente, a Dona
Tereza teve um episódio de nefrolitíase, e que esses exames ajudariam a confirmar sua hipótese
diagnóstica, para que pudesse iniciar o seu tratamento.
Dona Tereza, bastante questionadora, indagou o jovem médico: “Doutor, o que é isso? É uma doença?
É grave? Tem cura?”. Prontamente, o médico explicou que a nefrolitíase era conhecida popularmente
como “pedra nos rins” ou cálculos renais. Disse ainda que, provavelmente, ela iria expelir alguns cálculos
pela urina, os quais seriam a causa da dor e do quadro clínico apresentado. Também a tranquilizou,
dizendo que não é tão grave, mas requeria cuidado, e que ela poderia ser tratada e viver com uma boa
qualidade de vida.
Mostrou ainda a localização anatômica dos rins e explicou que eles eram os órgãos responsáveis pela
filtração do sangue. Dona Tereza ficou bastante surpresa, uma vez que não sabia que tinha dois rins (e
não apenas um, como supunha). Também não sabia onde exatamente eles ficavam; sabia apenas que
tinha “formato de feijão”. Então, resolveu perguntar ao seu médico: “Se essas pedras são feitas nos rins,
como eu vou botar pra fora essas pedras, meu filho?”
Então, o Dr. Theo sanou as dúvidas de sua paciente, explicou o trajeto que os cálculos renais deveriam
fazer até serem expelidos, explicando a anatomia do sistema renal e esclarecendo as dúvidas da Dona
Tereza. Então, ela foi medicada com analgésicos e saiu do consultório com as requisições para realizar os
exames complementares, além de estar menos preocupada e ansiosa como antes.
1.1 POSSÍVEIS PALAVRAS DESCONHECIDAS
Disúria; polaciúria; hematúria; astenia; calafrios; ultrassonografia; nefrolitíase; analgésico.
1.2 PALAVRAS-CHAVES
Dor lombar; cólica; agitada; hipertensa; diabética; beber pouca água; infecções urinárias prévias; rins;
vias urinárias.
2. VISÃO GERAL
Os rins filtram, diariamente, cerca de 170 litros de sangue, sendo que cerca de 20% do débito cardíaco
diretamente são filtrados pelos rins. Nós, seres humanos, nos adaptamos de tal forma no curso evolutivo
que adquirimos diversas habilidades, e uma delas, que é vital à nossa existência, é a capacidade de obter
energia de maneira eficiente e abundante. Obtemos essa energia, no entanto, dos alimentos que
ingerimos diariamente através da nutrição e de processos metabólicos celulares. Entretanto, o nosso
metabolismo celular é exotérmico – que libera energia a partir da degradação de moléculas orgânicas
energéticas – e, em consequência disso, produzimos diversas outras substâncias que são inúteis, e
algumas delas até tóxicas, que comprometem a nossa homeostasia orgânica. Essas substâncias derivam
da oxidação dos carboidratos (açúcares), dos lipídios (gorduras) e das proteínas.
Quando nossas células oxidam os carboidratos e lipídios, há obtenção de energia metabólica na forma
de ATP e liberação de CO2 (gás carbônico) e H2O (água).  Esse gás carbônico será eliminado,
evidentemente, através dos alvéolos pulmonares pelas trocas gasosas. Já a oxidação das proteínas,
aminoácidos e demais substâncias nitrogenadas faz liberar como subproduto o H2O, mas também são
liberadas excretas nitrogenadas, sobretudo o NH3 (amônia), que é relativamente tóxico ao organismo
fisiológico. Além da amônia, outros resíduos metabólicos são produzidos com certa frequência, tais
como: o ácido úrico (derivado da metabolização dos ácidos nucleicos, como DNA e RNA); a creatinina
(derivada da metabolização da creatina presente nos músculos); os produtos terminais de hormônios
(modulando a concentração desses hormônios na corrente sanguínea) e da hemoglobina das hemácias
(quando essas são destruídas no baço pelo processo denominado hemocaterese).
Portanto, a natureza sabiamente percebeu que se fazia necessário ter alguma estrutura capaz de
eliminar esses rejeitos do nosso organismo, e assim se fez. Mas essas substâncias inúteis não apenas
derivam das moléculas orgânicas que delas nos utilizamos para benefício próprio.
Constantemente, ingerimos substâncias estranhas ao nosso corpo e que em algum dado momento
será necessário excretá-la. Por exemplo, quando um indivíduo tem uma amigdalite bacteriana e febre
associada, por vezes é necessário tomar antibiótico, antitérmico e, às vezes, anti-inflamatórios para
tentar resolver de maneira mais rápida e eficaz essa infecção. Após realizar seus respectivos mecanismos
de ação e extinguir o processo infeccioso, esses fármacos – que são substâncias químicas de estrutura
química bem definida, cujos efeitos são conhecidos, podendo ser benéficos ou não – são modificados e se
transformam em substâncias inúteis que precisam ser eliminadas. Daí emerge a importância do sistema
renal em eliminar tais substâncias químicas. Em resumo, o sistema renal se constitui como a principal via
de eliminação de fármacos; no entanto, não é a única. Vários fármacos são eliminados por via biliar,
sendo excretado nas fezes; outros têm menor eliminação através de secreções, tais como no leite
materno, glândulas salivares, lágrima etc.
Para além disso, também entramos em contato com substâncias nocivas sem percebermos; por
exemplo, quando comemos aquela deliciosa salada e, às vezes, nos sentimos mal depois. Com o advento
dos agrotóxicos e pesticidas, muitos legumes, verduras e hortaliças são contaminados por essas
substâncias tóxicas, e o sistema renal, às vezes, é a única via de eliminação dessas substâncias. Então, já
imaginaram o que seria de nós se não fosse esse papel vital dos rins?
Os rins são responsáveis por filtrar e eliminar outras diversas substâncias (por exemplo, toxinas
exógenas e endógenas, frutos do metabolismo celular), porém existem outras funções desempenhadas
pelos rins que são essenciais para a homeostase. São órgãos bastante polifuncionais e, há um bom
tempo, já se sabe que os rins realizam mais processos reguladores do que excretórios. E aí, você pode se
questionar: os rins regulam o quê?
Os rins regulam: (1) o volume dos líquidos corporais, sua concentração e o balanço e concentração de
eletrólitos no corpo, (2) o balanço ácido-base e a (3) produção de alguns hormônios que serão secretados
na corrente sanguínea.
(1) Nosso corpo é formado predominantemente por líquidos, que em sua maioria são constituídos de
H2O e eletrólitos (sais minerais). Um indivíduo jovem, do sexo masculino, e que pesa 70 Kg, por exemplo,
possui cerca de 42 litros de água corporal total. Esse líquido corporal total está distribuído dentro e fora
das células, assim como dentro dos vasos sanguíneos e em algumas cavidades do nosso corpo, porém a
maior parte encontra-se no compartimento intracelular. Para que haja manutenção adequada do volume
celular e tecidual normal, assim como a função do sistema cardiovascular precisa se manter estável, é
necessário que os rins estejam controlando esses volumes e concentrações para que não ocorra
desequilíbrio à condição vital celular.
O número total de partículas dos solutos das soluções corporais é rotineiramente medido em
miliosmol (mOsm). A partir daí, surgem as definições que expressam as concentrações dos líquidos
celulares, que são a osmolalidade – quando a concentração é expressa em osmóis do soluto em questão
por quilograma de água (mOsm/Kg de H2O); e a osmolaridade – que é a concentração de um soluto
expressa em osmóis por litro de solução (mOsm/L de solução). Entretanto, em sistemas biológicos,
costuma-se usar esses dois conceitos como sinônimos. O principal determinante da osmolalidade ou
osmolaridade plasmática é o sódio, o qual é regulado, mantendo concentrações sanguíneas normais,graças aos rins. Vamos abordar essa discussão com mais detalhes no capítulo 6.
A água é o solvente dos líquidos corporais, que, por sua vez, são soluções muito diluídas (os líquidos
corporais possuem solvente em grande quantidade e uma quantidade muito baixa de solutos). Portanto,
os volumes da solução e do solvente acabam sendo muito próximos. Além disso, a água tem densidade
de 1 kg/L, e isso significa que cada litro de água “pesa” 1 kg. Então, concluímos que o volume do solvente
é praticamente o mesmo da solução, permitindo, dessa forma, que possamos utilizar ambos conceitos –
osmolalidade e osmolaridade – como sinônimos. É importante destacar, ainda, que é mais comum que a
maioria das expressões de concentração dos líquidos corporais seja baseada muito mais na
osmolaridade do que na osmolalidade. Ou seja, de maneira prática, quando você ler que quanto mais
concentrado é um meio, entenda que maior será a sua osmolaridade. Além do mais, os rins, através do
hormônio antidiurético (ADH), são os principais responsáveis pela manutenção da água, evitando, em
situações normais, do fenômeno da desidratação.
Além dos líquidos, os rins fazem a regulação da quantidade de eletrólitos, que são de vital importância
para as funções celulares – p.ex., contração muscular, propagação do impulso nervoso, formação de
energia metabólica celular na forma de ATP etc. – em todo o organismo, tais como o sódio (Na+), o
potássio (K+), o cálcio (Ca2+), o magnésio (Mg2+),  cloreto (Cl-), o íon hidrogênio (H+), o fosfato (PO4
3-) e o
bicarbonato (HCO3
-). Para que a quantidade desses eletrólitos em nosso organismo se mantenha estável,
com um balanço favorável à homeostase, a ingestão diária deve ser relativamente igual à excreção.
Imagine que esse mecanismo funcione da seguinte maneira: você tem uma balança antiga de 2
bandejas, sendo que uma representa a ingestão e a outra a excreção. Na medida em que você vai
ingerindo mais eletrólitos (por meio da água e dos alimentos) do que os excretando, a bandeja da
ingestão vai se prevalecendo e essa bandeja desce; assim, quando a ingestão supera a excreção, há
aumento na quantidade de eletrólitos no organismo e haverá um balanço positivo desses íons. Dessa
maneira, algum sistema deve existir para garantir a eliminação do excesso. Em oposição, quando a
excreção supera a ingestão, essa bandeja agora penderá no sentido da excreção e se prevalecendo sobre
a ingestão; então, quando a excreção dos eletrólitos (principalmente por meio da urina) for maior que a
ingestão destes, as quantidades no organismo irão reduzir e haverá um balanço negativo desses
eletrólitos. Esse mecanismo é crucial, pois o sistema renal é a principal e, em muitas ocasiões, a única via
de eliminação de muitos eletrólitos.
(2) Diversos processos celulares metabólicos (conjunto de reações químicas que a célula realiza para
obter produtos úteis e energia) são bastante sensíveis às variações bruscas do potencial hidrogeniônico
(pH). Dessa forma, o sistema renal “desenvolveu” a capacidade de manter os líquidos corporais em níveis
toleráveis de pH, a fim de que se evitem bruscas variações desse potencial. Não podemos esquecer, no
entanto, que esse pH mede a concentração de íons H+ no organismo; quanto mais íons H+ tem em um
meio, mais ácido ele fica, e menor será o seu pH.
Como os rins fazem isso? Existe um mecanismo bastante eficiente e preciso para regular essas
reações que são os tampões – proteínas plasmáticas produzidas no fígado que circulam na corrente
sanguínea e nos fluidos corporais, as quais têm por objetivo principal evitar essas variações bruscas de
pH, capturando os íons H+ e OH-. Além dos tampões, os rins e os pulmões possuem também uma enorme
contribuição para a manutenção de um ambiente sem grandes perturbações que sejam danosas ao
organismo. Como o rim ajuda a equilibrar esse balanço? Os aminoácidos são produzidos diariamente, de
forma fixa (cerca 1 mmol de [H+]/Kg de peso), fruto do nosso metabolismo de proteínas. Os rins ajudam
no balanço ácido-base através da eliminação desse H+, principalmente na forma de amônio (NH4) e
reabsorvem todo o bicarbonato (HCO3
-) filtrado.
(3) Os rins possuem ainda uma capacidade endócrina, por serem capazes de produzir hormônios
(hormônio – substância química produzida por um grupo de células especializadas que será transportada
pela corrente sanguínea, a fim de induzir uma resposta específica em outros tecidos). Dentre essas
substâncias estão: a renina, que ativa o sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA), responsável por
participar ativamente no controle da pressão sanguínea arterial e no balanço do Na+ e K+ ao nível dos
túbulos distais dos néfrons (vamos abordar esse tema no capítulo de reabsorção e secreção tubulares); o
calcitriol, que é a vitamina D ativa, a qual possui atividade biológica, crucial para que o trato
gastrointestinal absorva o Ca2+ de maneira adequada, além de contribuir posteriormente para a
deposição desse íon no tecido ósseo; e a eritropoietina, um hormônio responsável por estimular a medula
óssea vermelha a produzir a série eritroide, que dará origem aos eritrócitos (hemácias adultas), em
diversas condições fisiológicas e patológicas.
3. ANATOMIA
3.1 OS RINS
Anatomicamente, de acordo com a imagem 1, o sistema renal é composto pelos rins, ureteres, bexiga
urinária e uretra. Quando se faz uma descrição macroscópica, os rins (direito e esquerdo) se assemelham
a grãos de feijão e têm um diâmetro médio de 12 cm longitudinalmente (de “cima” para “baixo”), pesam
aproximadamente 160 g em um homem adulto e estão situados na porção dorsal do abdome –
denominado retroperitônio –, um de cada lado da coluna vertebral, entre a 12ª vértebra torácica (T12) e a
3ª vértebra lombar (L3).
Imagem 1: Anatomia macroscópica do sistema renal (ou urinário humano) e seus órgãos constituintes.
Se fizermos um corte longitudinal no rim, perceberemos que o seu tecido funcional, ou parênquima
renal, é formado por 2 camadas visivelmente distintas entre si: a cortical e a medular. Envolvendo a
camada cortical, externamente, há um revestimento de tecido conjuntivo, que é a cápsula renal, que por
sua vez é revestida pela gordura perirrenal, conforme ilustra a imagem 2. Além disso, os rins possuem 2
bordas (ou faces): a borda convexa e a borda côncava, sendo esta denominada hilo renal – local por onde
chegam os vasos sanguíneos, vasos linfáticos e fibras nervosas e de onde saem as pelves renais, que
darão origem aos ureteres.
Imagem 2: Estruturas que fazem parte da anatomia macroscópica dos rins. Note também a presença de
estruturas microscópicas, como os glomérulos, túbulos e pequenos vasos sanguíneos.
A córtex renal (ou camada cortical) – camada mais externa do parênquima renal – mede
aproximadamente 1 cm (até aproximadamente 2 cm é o normal) de espessura em um homem adulto e
contém estruturas microscópicas denominadas glomérulos renais, responsáveis pelo clearance (limpeza,
depuração ou filtração) do sangue que chega aos rins, dando início à formação do filtrado glomerular,
que é o precursor da urina. Depois que a urina é formada no parênquima, ela é ejetada em uma rede de
cavidades: os cálices renais (cálices maiores, cálices menores) e a pelve renal, conforme mostra a imagem
3. Cerca de 3 a 4 cálices menores formam 1 cálice maior, e estes, quando se juntam em número de 2 ou 3,
formam a pelve renal, que é contínua com o ureter e conduzirá a urina até a bexiga urinária.
imagem 3: Cálices renais (cálices maiores, cálices menores), a pelve renal e o início do ureter, que
conduzirá a urina até a bexiga urinária.
Já a medula renal (ou camada medular) – camada mais interna do parênquima – é dividida em porção
interna e externa, além de ser formada por 14 a 18 estruturas cônicas: as pirâmides de Malpighi, sendo
que, entre uma pirâmide e outra, existe tecido cortical adjacente, denominado colunas de Bertin. As
bases dessas pirâmides estão em contato com a camada cortical e os seus vértices estão em contato com
os cálices menores por meio de saliências.Essas saliências das pirâmides são as papilas renais, as quais
possuem, aproximadamente, 18 a 25 orifícios minúsculos para a passagem da urina recém-formada.
Cada grupo de papilas renais acaba se abrindo para um cálice menor. Na porção final das papilas renais
existe uma irregularidade epitelial (conhecida como placas de Randall) que facilita a calcificação e
precipitação de microcristais, favorecendo assim a formação de cálculos renais (imagem 4).
Imagem 4: ilustração esquemática da teoria que visa explicar a formação de alguns cálculos renais a
partir das placas de Randall.
Do ponto de vista didático, há uma outra classificação do tecido renal: por meio de lobos, sendo cada
um formado por uma pirâmide de Malpighi e tecido cortical periadjacente, que será bastante útil para
descrever posteriormente a complexa vascularização sanguínea renal. Destaco ainda que o
entendimento claro da vascularização renal lhe será muito útil para compreender de forma mais fácil os
mecanismos fisiológicos abordados nos próximos capítulos, os quais descreverão a formação da urina.
As artérias renais são responsáveis por perfundir, ou seja, por nutrir o parênquima renal e derivam
diretamente da artéria aorta abdominal. Elas se bifurcam de maneira progressiva até formar as artérias
interlobares; dessas artérias se originam as artérias arqueadas que contornam perto do limite entre as
camadas cortical e medular. Das artérias arqueadas surgem as artérias interlobulares que fazem o
sangue fluir no sentido perpendicular e em direção à cápsula renal, ou seja, de modo ascendente,
atravessando a córtex renal. Das artérias interlobulares se originam as tão famosas arteríolas aferentes,
as quais darão origem às alças capilares glomerulares, que por sua vez se apresentam como um
emaranhado de capilares dentro de uma estrutura coletora denominada cápsula de Bowman (a cápsula
de Bowman será abordada com maiores detalhes no capítulo seguinte) (imagem 5). Da união dessas
alças capilares vão surgir as arteríolas eferentes, que continuam seu trajeto para nutrir o restante da
camada cortical renal com sangue arterial. Quando dizemos que o sangue é arterial, entende-se que ele
tem alta pressão parcial de O2, ou simplesmente, “rico” em O2. Dessas arteríolas irão se formar os vasos
peritubulares (fundamentais para o mecanismo de reabsorção tubular) e, posteriormente, originarão as
arteríolas secundárias que se projetam agora no sentido medular para haver a perfusão dessa região.
Estas arteríolas são conhecidas como vasos retos.
Imagem 5: Ilustração da complexa vascularização renal. Note que da artéria renal surgem várias
ramificações importantes (artérias interlobares, artérias arqueadas, artérias lobulares e, a partir destas,
as arteríolas aferentes, capilares glomerulares e arteríolas eferentes).
Entretanto, a vascularização da região medular realizada, sobretudo, pelos vasos retos é muito pobre,
o que torna essa região bastante sensível a alterações de perfusão, por menores que sejam. Uma vez que
o sangue arterial nutriu o parênquima renal e teve suas impurezas depuradas nos glomérulos, ele
retornará, agora venoso, à circulação sistêmica por meio das veias (o sangue é dito venoso quando tem
baixa pressão parcial de O2, ou simplesmente, “pobre” em O2). Portanto, os vasos do sistema venoso
renal farão essa função. Esses vasos são paralelos às artérias, formando progressivamente as veias
interlobulares, as veias arqueadas, as veias interlobares e as veias renais, que irão se inserir na veia cava
inferior.
3.2 AS VIAS URINÁRIAS
São formadas a partir dos cálices renais, que darão origem aos ureteres (direito e esquerdo). Os
ureteres são ductos musculares derivados das pelves renais com cerca de 26 a 30 cm de comprimento
em um indivíduo adulto e contêm lumens estreitos responsáveis por conduzir a urina formada até a
bexiga urinária. A perfusão dessas estruturas tubulares é realizada por ramos diretos da aorta
abdominal, das artérias renais (também da artéria polar inferior) e das artérias testiculares (ou ováricas
nas mulheres) (imagem 6).
Imagem 6: Vascularização do ureter esquerdo, em uma vista anterior da aorta abdominal (e ramos renais
e bifurcação das artérias ilíacas comuns). Note os ramos arteriais abdominais e pélvicos que irrigarão
este ureter.
Já a drenagem venosa desses órgãos (ou seja, o sangue que retornará à circulação sistêmica após
perfundir um órgão ou tecido) é realizada por veias que se unirão progressivamente e irão se ligar às
veias renais e testiculares (ou ováricas, nas mulheres).
A inervação responsável por controlar e possibilitar a contração e relaxamento dos ureteres é derivada
dos plexos nervoso aórtico, renal e hipogástrico, que contêm fibras nervosas aferentes viscerais,
responsáveis por conduzir a sensação dolorosa quando há algum estímulo (tal qual ocorreu com D.
Tereza, com seu quadro de nefrolitíase) (imagem 7).
Imagem 7: Ilustração da inervação do ureter, em uma vista anterior da aorta abdominal (e ramos renais e
bifurcação das artérias ilíacas comuns). Note em destaque as fibras nervosas dos plexos renal, aórtico e
hipogástricos, com seus ramos para o ureter direito. Essas fibras conduzem estímulos através das
aferências viscerais e simpáticas para os gânglios sensitivos de nervos espinhais e segmentos medulares
toracolombares (T10-L2/L3).
3.3 A BEXIGA URINÁRIA
A bexiga urinária tem seu formato e tamanho modificados a depender se está cheia ou vazia. É uma
víscera oca, com tecidos musculomembranosos, está em contato com as demais vísceras pélvicas
vizinhas, funciona como reservatório temporário para a urina e se caracteriza por sua capacidade de
distensibilidade na medida em que vai se enchendo de urina.
A (imagem 8) ilustra uma pelve feminina em corte sagital mediano, na qual temos uma bexiga quando
está vazia. Está situada na pelve menor, em relação direta com os ossos do púbis e tem o formato
semelhante a um tetraedro achatado com o vértice voltado para frente. Possui um vértice (ou ápice), um
fundo (ou base), um corpo, um colo e uma úvula. Quando a bexiga está cheia, seu formato é mais ou
menos oval, como mostra a (imagem 9), que ilustra uma pelve masculina também em corte sagital
mediano.
• Ápice – aponta para a margem superior da sínfise púbica;
• Fundo – formado pela parede posterior; é um tanto convexa e com íntimo contato com o
peritônio (camada serosa que reveste as vísceras abdominais)
• Corpo – parte entre o ápice e o fundo;
• Colo – formado pelo encontro das faces laterais inferiores com o fundo;
• Úvula – pequena projeção do trígono da bexiga (local onde se encontram os óstios, ou orifícios,
dos ureteres e o óstio interno da uretra).
Imagem 8: Corte sagital mediano de uma pelve feminina. Note a conformação da bexiga quando está
vazia.
Imagem 9: Corte sagital mediano de uma pelve masculina. Note a conformação da bexiga quando está
cheia.
A bexiga urinária das mulheres está em contato íntimo com o útero e a parte superior da vagina, na
porção dorsal (ou posterior). Já a bexiga urinária dos homens tem sua porção posterior em contato
íntimo com a ampola retal e a região inferior da próstata.
A perfusão sanguínea vesical (da bexiga) é realizada por artérias derivadas dos ramos das artérias
ilíacas internas, vesicais superior e inferior, obturatórias e glúteas inferiores. As veias que fazem a
drenagem venosa desse órgão têm os mesmos nomes das respectivas artérias, e todas irão convergir e
se inserir nas veias ilíacas internas. A inervação vesical é constituída pelos nervos esplâncnicos (viscerais)
pélvicos, que contêm fibras nervosas que medeiam sua contração, efetuada pelo músculo detrusor da
bexiga.
3.4 A URETRA MASCULINA
A uretra masculina é um tubo muscular tem uma dupla função: conduzir a urina armazenada na
bexiga urinária para o meio ambiente no ato da micção e conduzir o esperma proveniente dos testículos
durante o ato sexual. Possui em sua extensão cerca de 20 cm de comprimento e inicia-se do óstio interno
da uretra e termina no óstio externo dauretra, situado na glande peniana (imagem 10).
Imagem 10: Corte sagital da anatomia descritiva da uretra masculina, que está dividida didaticamente em
quatro partes.
Anatomicamente, a uretra masculina é dividida em 4 partes:
• Porção pré-prostática – ou porção intramural, é um segmento curto, tem mais ou menos 1 cm
de comprimento e está compreendida entre o colo da bexiga urinária até a parte superior da
próstata;
• Porção prostática – é um segmento mais largo e dilatável, possui cerca de 3 cm de
comprimento; nela, há vários orifícios (ductos ejaculatórios) por onde irão passar o esperma
antes/durante a ejaculação;
• Porção membranácea – é um segmento curto, com mais ou menos 2 cm de comprimento, é a
menos dilatável e contém as glândulas bulbouretrais, responsáveis pela secreção do fluido pré-
ejaculatório;
• Porção esponjosa – é o segmento mais longo de todos, com cerca de 15 cm de comprimento e
está contida no corpo esponjoso peniano;
A perfusão arterial dessa estrutura é realizada por meio de ramos prostáticos das artérias vesicais
inferiores, retais médias, e a drenagem venosa é realizada por meio de veias que obedecem a mesma
nomenclatura das respectivas artérias (imagem 11). A inervação é realizada por fibras nervosas do plexo
prostático, nervo pudendo e demais fibras que conduzirão as aferências para os nervos esplâncnicos
pélvicos.
Imagem 11: Ilustração, em uma vista posterior, artérias importantes que irrigarão a uretra masculina e
estruturas próximas (parte pélvica dos ureteres, bexiga urinária, glândulas seminais, parte terminal do
ducto deferente e próstata).
3.5 A URETRA FEMININA
Em comparação com a uretra masculina, de acordo com a imagem 12, é relativamente menor e tem
apenas a função excretora do conteúdo armazenado na bexiga urinária. Possui aproximadamente 4 cm
de comprimento, 6 mm de diâmetro luminal e conduz a urina de um orifício interno de saída (óstio
interno) até um orifício externo de saída da urina para o meio ambiente (óstio externo da uretra) – sendo
este último situado no vestíbulo da vagina.
Imagem 12: A ilustração, além de evidenciar a uretra feminina (e seu tamanho menor em comparação
com a uretra masculina), ilustra a pelve feminina em um corte sagital mediano e as estruturas dos órgãos
aí contidos.
A uretra feminina é perfundida por sangue arterial, que chega pelas artérias pudenda interna e
vaginal, e o recolhimento do sangue venoso é realizado pelas veias de mesmo nome das respectivas
artérias (imagem 13). A inervação é realizada pelas fibras nervosas do nervo pudendo e outras fibras que
irão conduzir as aferências para os nervos esplâncnicos pélvicos, à semelhança do que ocorre nos
homens.
Imagem 13: Irrigação arterial das estruturas uterinas, ovário, vagina e outros ramos arteriais importantes
que irrigam a uretra feminina.
REFERÊNCIAS IMAGENS
1. GOOGLE IMAGENS. Acesso em: 28 abril. 2019.
2. GOOGLE IMAGENS. Acesso em: 28 abril. 2019.
3. BERNE; LEVY. Fisiologia. Editora Elsevier, Rio de Janeiro, 2009.
4. GOOGLE IMAGENS (adaptada). Acesso em: 28 abril. 2019.
5. GOOGLE IMAGENS (modificada). Acesso em: 28 abril. 2019.
6. MOORE, K. L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Koogan, 2014.
7. MOORE, K. L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Koogan, 2014.
8. MOORE, K. L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Koogan, 2014.
9. MOORE, K. L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Koogan, 2014.
10. GOOGLE IMAGENS. Disponível em <https://www.lucasnicolau.com/img/postagem/4/uretra.jpg.>. Acesso em: 28 abril.
2019.
11. MOORE, K. L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Koogan, 2014.
12. GOOGLE IMAGENS (modificada). Acesso em: 28 abril. 2019.
13. GOOGLE IMAGENS (adaptada). Acesso em: 28 abril. 2019.
REFERÊNCIAS
1. MOORE, K. L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Koogan, 2014.
2. STANDRING, S. Grays Anatomia. A base anatômica da prática clínica. 40a Ed. Elsevier Editora Ltda: Rio de Janeiro: 2010.
3. DANGELO,  J.  G.  et  al. Anatomia  humana  sistêmica  e  segmentar.  Rio  de janeiro: Livraria Atheneu, 2007.
4. BERNE; LEVY. Fisiologia. Editora Elsevier, Rio de Janeiro, 2009.
5. HALL, J. E; GUYTON & HALL: Tratado de Fisiologia Médica, 12 ed. Rio de Janeiro; Editora Elsevier, Rio de Janeiro. 2011.
6. AIRES,  Margarida  de  Mello.  Fisiologia.  4  Ed.  Rio  de Janeiro:  Editora  Guanabara  Koogan,  2012.
7. SILVERTHORN, Dee U.; Fisiologia Humana: Uma abordagem integrada. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
8. BARRET, Kim E. et al. Fisiologia médica de Ganong. 24. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
https://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-sistema-urin%C3%A1rio-f%C3%AAmea-image5564010
http://www.bibliomed.com.br/bibliomed/bmbooks/anatomia/livro2/cap/fig05-41.htm
https://jasn.asnjournals.org/content/jnephrol/28/1/333/F9.medium.gif
https://ruadaconstituicao.files.wordpress.com/2015/01/2015010601.png
https://www.auladeanatomia.com/genitais/bexiga2.jpg
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ae/Gray1170.png
9. COSTANZO, Linda S. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
 
 
 CONFERÊNCIAS
Confira aqui a aula dinâmica do Medicina Resumida sobre os assuntos
abordados nesse capítulo!
Capítulo 2
HISTOLOGIA DO SISTEMA RENAL
1. CASO CLÍNICO
Diego, um jovem menino de 7 anos, foi trazido à Unidade Básica (UBS) do
bairro onde mora por seu pai, seu Bira, com queixa de otalgia à esquerda com
saída de secreção amarelada, há doze dias. Nesse período, não apresentou
nenhum outro sintoma e foi iniciado o tratamento com amoxicilina com
clavulanato. Dez dias após este episódio, evoluiu com um edema periorbital e,
após dois dias, abriu um quadro febril de 39,5° C. Dessa vez, foi levado por seu
genitor a uma unidade de pronto-atendimento (UPA) anexa a um hospital geral,
onde foi medicado com cetoprofeno.
No dia seguinte, Diego evoluiu com tosse, dispneia e alteração na coloração
urinária. Tendo em vista o quadro apresentado, prontamente o médico
plantonista entrou em contato com a regulação e achou prudente encaminhá-lo
ao hospital ao lado para uma investigação mais detalhada do quadro. Seu pai
referiu que as demais crianças que têm contato com ele na escola e na rua onde
moram apresentam “inflamação de garganta” constantemente.
Na admissão, Diego encontrava-se com regular estado geral, taquidispneico,
anictérico, acianótico, hidratado, febril e descorado (+/IV). O exame físico
evidenciou como achados relevantes uma redução do murmúrio vesicular em
base pulmonar do hemitórax esquerdo. 
Preocupado, o Dr. Maurício solicitou um hemograma completo, com
contagem diferencial, PCR, ASLO, testes laboratoriais de função renal, como ureia
e creatinina, além de um sumário de urina. Enquanto aguardava o resultado dos
exames laboratoriais, pensou em algumas hipóteses diagnósticas e as discutiu
com seu colega plantonista, o residente em nefrologia Dr. Léo, com quem dividia
o plantão, e os internos de medicina da UPA.
1.1 POSSÍVEIS PALAVRAS DESCONHECIDAS
Otalgia; edema; amoxicilina com clavulanato; cetoprofeno; murmúrio
vesicular; taquidispneia; hemograma; PCR; ASLO.
1.2 PALAVRAS-CHAVES
Otalgia com saída de secreção amarelada; edema periorbital; febre; tosse;
dispneia; alteração na coloração urinária; “inflamação de garganta” constante;
testes de função renal; sumário de urina.
2. INTRODUÇÃO
É muito provável, quando você está estudando um tema interessante ou que
já tenha alguma bagagem prévia, que tenda a pular as partes mais introdutórias
ou assuntos que julga ser menos importantes, para que possa chegar logo aos
“finalmente”. Realmente, acontece que essa tática pode, em alguns casos, até dar
certo e não comprometer significativamente o seu entendimento de todo um
conteúdo. No entanto, quando estamos estudando sistema renal, pular esse
capítulo de histologia pode trazer complicações ao seu entendimento da
fisiologia e aos mecanismos patológicos desse sistema. Talvez pelo não
entendimento correto desse sistema, muitos estudantes acabam decorandoos
processos e, dessa forma, torna-se uma temática chata e bastante penosa de
decorar tantas características.
É fácil, no entanto, visualizar a importância fundamental que a histologia renal
tem para fornecer subsídios a fim de que compreendamos aspectos mais
complexos. Por exemplo, como é possível compreender as glomerulonefrites se
não soubermos o que é um glomérulo, o que o constitui, suas funções e quais
células formam essa estrutura? Como é possível entender as nefropatias
mesangiais sem saber o que são células mesangiais e as suas funções? Como
também é possível entender as síndromes nefrótica e nefrítica sem conhecer os
componentes da barreira de filtração? Como é possível entender os processos
fisiológicos de filtração, secreção e reabsorção ao longo dos néfrons sem saber
do que são constituídos e o que fazem os néfrons? Talvez, tenha ao menos te
convencido um pouco a não perder essa oportunidade de entender esse tema de
uma vez por todas. Então, ao longo desse capítulo, vamos tentar desfazer essa
impressão de assunto difícil de entender e tentar eliminar possíveis aversões que
possam existir.
3. O NÉFRON
Já sabemos que o sistema renal possui a função de depuração, ou seja, é
responsável por remover as toxinas e demais substâncias inúteis derivadas do
metabolismo celular, as quais circulam no sangue, e as eliminam do corpo por
meio da urina. Além disso, esse sistema tem a capacidade de manter a
constância na concentração de vários eletrólitos – que são os sais minerais
presentes nos líquidos corporais –, da glicose, de proteínas, do volume da água
corporal e de outras substâncias químicas contidas no organismo. Sabemos
também que esse sistema exerce papel fundamental na regulação da pressão
sanguínea arterial e no equilíbrio ácido-básico, devido à capacidade de produzir,
conservar e eliminar determinadas substâncias químicas no organismo.
A compreensão da histologia renal está intimamente relacionada com os
aspectos microscópicos da estrutura funcional desse sistema – responsável pela
função de depuração e regulação –, que são os néfrons. Se alguma vez nós já
ouvimos a célebre frase que “os rins são os filtros do nosso corpo”, isso se deve
aos néfrons, pois se os rins são comparados aos filtros, os néfrons seriam as
velas desse filtro, realizando assim o papel de limpeza do sangue.
Os néfrons são estruturas tortuosas, contorcidas (ou convolutas), que fazem a
modificação do líquido filtrado (derivado do plasma sanguíneo) que passa por
eles, cujas substâncias, tais como água e os eletrólitos, serão eliminadas na
forma urina, que é o produto final formado na excreção. Em cada rim humano
podem existir até 1,5 milhão de néfrons. Esses diversos néfrons drenam o
conteúdo líquido para um único túbulo coletor e vários túbulos coletores vão se
confluindo até formar ductos cada vez maiores. Estes ductos maiores,
denominados ductos de Bellini, perfuram a papila renal até escoar a urina até os
cálices renais menores, conforme ilustra a imagem 1.
 
Imagem 1: Anatomia microscópica do rim, evidenciando a anatomia descritiva do
néfron.
Nos rins da espécie humana há basicamente dois tipos de néfrons: os néfrons
corticais – que são generosamente mais curtos –, e os néfrons justamedulares –
que são mais longos, cujos corpúsculos renais estão na região do córtex renal e
as porções tubulares estão na região da medula renal. À propósito, a região
medular renal pode ser dividida – usando como critérios o tipo de células que a
constitui e a localização dos dois tipos de néfrons – em zona interna e zona
externa.
A região glomerular renal recebe sua irrigação sanguínea por meio de alças
capilares derivadas, por sua vez, da arteríola glomerular aferente e o sangue é
drenado pela arteríola glomerular eferente. Ou seja, no que se refere à
vascularização sanguínea glomerular, o sangue chega e sai dos glomérulos por
meio de arteríolas que conduzem sangue arterial (sangue com alta pressão
parcial em O2).
Os néfrons, contudo, possuem várias adaptações celulares ao longo de sua
extensão para desempenhar suas funções. Por isso esse formato tão
característico. Cada néfron possui em sua porção inicial uma estrutura
denominada corpúsculo renal (ou corpúsculo de Malpighi). Cada corpúsculo é
constituído pela cápsula de Bowman e por um tufo de capilares glomerulares
(ou simplesmente glomérulo), que tem a função de formar o líquido filtrado
derivado do sangue (filtrado glomerular).
Na continuidade do néfron, as porções tubulares – que são o túbulo
proximal, os ramos da alça de Henle (ramos descendente fino, ascendente fino e
ascendente espesso), túbulo distal, túbulo de conexão e túbulo coletor – são
responsáveis por modificar o filtrado através de processos de reabsorção ao
longo do túbulo e elaborar a urina. Ou seja, desde a chegada de sangue em
arteríola aferente até a formação da urina, existem os seguintes mecanismos:
filtração (a nível glomerular), reabsorção (a nível tubular) e excreção (processo
final de eliminação da urina). Cada parte dos néfrons será descrita
separadamente.
3.1 O Corpúsculo Renal
Antes conhecido como corpúsculo de Malpighi, o corpúsculo renal está na
extremidade proximal do néfron e tem um aspecto de bolsa oval dilatada. É
formado pelo tufo de alças capilares – o glomérulo –, que está inserido dentro
da cápsula de Bowman, localizado mais especificamente no espaço de Bowman.
O glomérulo está separado da cápsula de Bowman pelo espaço de Bowman
(ou espaço capsular), responsável por receber o filtrado glomerular advindo dos
capilares glomerulares. Fazendo parte dos capilares glomerulares, formando a
barreira de filtração glomerular, existem o endotélio fenestrado, membrana basal
glomerular e podócitos – que iremos descrever suas funções logo mais adiante,
separadamente.
3.1.1 O Glomérulo
O glomérulo é uma estrutura vascular formada por um novelo de alças
capilares fenestradas e anastomosadas entre si, cujos ramos formadores
derivam da arteríola aferente e, posteriormente, irão se juntar até formar a
arteríola eferente, responsável pela drenagem do sangue que percorreu os
capilares.
Os capilares glomerulares formam a Barreira de Filtração Glomerular. Essa
barreira é formada por três estruturas: endotélio fenestrado, membrana basal
glomerular (MBG) e as fenestrações (ou fendas dos podócitos). Essa barreira
possibilita a passagem do filtrado e dos eletrólitos, mas impede a passagem dos
elementos figurados sanguíneos (leucócitos, hemácias, plaquetas, albumina etc.),
que são relativamente grandes. Esse impedimento é tanto mecânico quanto
elétrico.
Cada elemento dessa barreira possui uma função:
O endotélio fenestrado possui diversos poros (fenestrações) com a função de
permitir o trânsito livre de água e moléculas pequenas (Na+, glicose etc.) e de
impedir que elementos grandes – como células sanguíneas e algumas proteínas
plasmáticas – atravessem livremente; nesse sentido, funcionam como uma
barreira mecânica.
A membrana basal glomerular é formada por colágeno tipo IV e outras
proteínas, como a laminina, a fibronectina e um proteoglicano polianiônico (que
possui carga elétrica negativa) – que repele várias substâncias de carga negativa,
impossibilitando de serem filtradas; portanto, funcionam como uma barreira
elétrica.
Os podócitos possuem processos denominados pedicelos que se interdigitam
(cobrindo a membrana basal glomerular) e formam espaços visíveis separados
chamados de fendas de filtração. Cada fenda de filtração é recoberta por um
fino diafragma que contém poros muito pequenos e é constituído por várias
proteínas (nefrina, NEPH-1 e podocina) (imagem 2). A função dessas fendas é
filtrar e selecionar as moléculas pelos seus tamanhos, impedindo que proteínas e
outras macromoléculas, ao cruzarem a membrana basal, adentrem o espaço de
Bowman. 
Imagem 2: Anatomia dos processos podais dos podócitos, ilustrando as
proteínas (nefrina, NEPH-1, podocina etc.) que formam o diafragma da fenda,
situado entre dois processos podais adjacentes. 
Importante ainda destacar que os podócitosestão situados no folheto visceral
da cápsula de Bowman (imagem 3) e são grandes células epiteliais
especializadas. Elas possuem adaptações importantes para a realização da
filtração, que são os longos e vários prolongamentos citoplasmáticos
semelhantes a tentáculos ou pés (daí o seu nome; podócitos = células que têm
pés), conhecidos como prolongamentos primários (os maiores) e os
prolongamentos secundários (os menores) – que são ramificações menores
daqueles, como mostra a imagem 4.
Imagem 3: Esquematização dos podócitos, da membrana basal glomerular, do
endotélio fenestrado e do transporte de algumas moléculas através dessa
barreira.
 
Imagem 4: Outra ilustração dos podócitos, da membrana basal glomerular e do
endotélio fenestrado. Notem os prolongamentos primários e secundários dos
podócitos.
Além disso, em íntimo contato com o glomérulo, dentro da cápsula de
Bowman, existe um tipo celular especial, denominado célula mesangial. As
funções das células mesangiais (ou simplesmente mesângio) ainda não estão
totalmente esclarecidas, elas possuem uma capacidade fagocitária, participando
do sistema imune a nível renal, contribuindo para a defesa contra infecções,
deposição de complexos de antígenos e/ou anticorpos e demais injúrias. Ou seja,
é como se fosse o “carro do lixo”, que recolhe todas as impurezas filtradas.
Outra função atribuída ao mesângio é que as células possuem uma atividade
contrátil pelo fato de possuírem alguns receptores para a angiotensina II (uma
substância de potente ação vasoconstritora), possibilitando que, após a
contração, o fluxo sanguíneo que chega ao glomérulo seja reduzido. Fazem
também algum grau de sustentação dos capilares glomerulares, além de
possuírem receptores para o peptídeo natriurético atrial (PNA) – um hormônio de
ação vasodilatadora que promove o relaxamento dessas células, possibilitando o
aumento do aporte sanguíneo nos capilares e da taxa de filtração, ao contrário
do que a angiotensina realiza.
3.1.2 A Cápsula de Bowman
A cápsula de Bowman possui dois folhetos distintos: o folheto visceral e o
folheto parietal, tendo entre eles uma região que é o espaço de Bowman. O
folheto mais interno é o folheto visceral da cápsula de Bowman, formado pelos
podócitos, ao passo que o folheto mais externo da cápsula, denominado folheto
parietal, é constituído por células epiteliais simples. 
3.2 O Túbulo Proximal
Na continuidade do néfron, surge o túbulo proximal, que é constituído de
duas regiões distintas: o túbulo contorcido proximal e a parte reta do túbulo
proximal. Na medida em que se afasta do folheto parietal da cápsula de Bowman
e se aproxima do túbulo proximal, há uma mudança histológica nessa parte do
néfron, em que o epitélio pavimentoso simples começa a dar lugar ao epitélio
cuboide simples.
O túbulo proximal é constituído por uma região altamente contorcida,
denominada túbulo contorcido proximal, cuja localização é mais proximal ao
corpúsculo renal, e uma parte reta denominada ramo descendente espesso da
alça de Henle – que desce pelo córtex em direção à medula e é contínua com a
alça de Henle propriamente dita. O túbulo proximal é dividido em porções S1, S2
e S3. A porção S1 compreende 2/3 do segmento convoluto, o S2 compreende o
final da porção convoluta e início da porção renal, e o S3 compreende-se na
maior parte do segmento reto.
As células localizadas em túbulo proximal possuem muitas mitocôndrias, o
que reflete numa alta intensidade metabólica e gasto energético para realizar
intensas taxas de reabsorção de água, eletrólitos e glicose, e possuem também a
modificações na membrana plasmática apical com função de otimizar a
reabsorção dessas substâncias, que são as bordas em escova. 
Nessa porção proximal do túbulo, as células aí presentes fazem uma intensa
reabsorção (até cerca de 65-70%) de sódio, cloreto, água e outras substâncias
presentes no ultrafiltrado glomerular. Além disso, nesta porção existe a secreção
de substâncias (por exemplo, creatinina e alguns fármacos), bem como o
processo de amoniogêse renal – produção de amônia e bicarbonato de sódio a
partir do aminoácido glutamina (imagem 5).
Imagem 5: Esquematização das células do túbulo proximal, das substâncias as
quais serão reabsorvidas (sódio, cloreto, água etc.) e serão secretadas (creatinina
e alguns fármacos).
3.3 A Alça de Henle
É uma região tubular contínua, com o túbulo proximal no formato da letra U,
possuindo quatro regiões diferentes: (1) o ramo descendente delgado, (2) a alça
de Henle propriamente dita, (3) o ramo ascendente delgado e (4) o ramo
ascendente espesso (imagem 6).
Imagem 6: Esquematização do néfron como um todo e suas principais porções
tubulares. Observe o destaque para a alça de Henle com formato da letra U e sua
divisão em quatro regiões diferentes: (1) ramo descendente delgado, (2) alça de
Henle propriamente dita, (3) ramo ascendente delgado e (4) ramo ascendente
espesso.
 
Como já descrito anteriormente, a porção reta do túbulo proximal é contínua
com o ramo delgado da alça de Henle. Essa porção delgada da parte ascendente
da alça de Henle é formada, histologicamente, por células epiteliais
pavimentosas. Nos néfrons corticais, esse segmento delgado é bastante curto; já
os néfrons justamedulares, que são maiores, têm ramos delgados descendentes
mais compridos, os quais descem profundamente em direção à medula até a
região da papila renal.
Em seguida, há uma região contínua da alça que forma uma curva fechada em
forma de U, é a alça de Henle (propriamente dita) e, posteriormente, a região que
se segue após essa curva é o ramo ascendente delgado da alça de Henle, que se
liga ao ramo ascendente espesso e, logo adiante, à parte reta do túbulo distal.
O ramo descendente delgado é bastante permeável à água e pouco
permeável à ureia, cloreto de sódio e outros eletrólitos. Não perca de vista que a
principal diferença entre os ramos ascendente delgado e descendente delgado é
que a porção ascendente é muito menos permeável à água, porém mais
permeável a solutos, tais como os eletrólitos. A porção descendente fina sendo
permeável a água e a porção ascendente fina sendo impermeável a água e
permeável a eletrólitos permite um mecanismo conhecido como
contracorrente, no qual, devido à porção ascendente, faz a osmolaridade
intersticial aumentar à medida que a alça desce em direção a medula renal.
3.4. O Túbulo Distal
Depois da alça de Henle vem o túbulo distal, e ele possui três segmentos
principais: a parte reta – que é contínua com o ramo ascendente espesso da alça
de Henle –, a mácula densa e a região contorcida – chamada de túbulo
contorcido distal. A mácula densa nada mais é do que um segmento modificado
do túbulo distal, com função de monitorar a chegada ou não de sódio nesse
segmento, estando localizada entre o ramo ascendente espesso e o túbulo
contorcido distal, como mostra a imagem 7.
Imagem 7: Cápsula de Bowman, os glomérulos, as arteríolas (aferente e eferente)
e células especializadas do ramo ascendente espesso e túbulo contorcido distal –
formadoras da mácula densa.
Histologicamente, o ramo ascendente espesso é formado por células epiteliais
cuboides baixas, que possuem bastante microvilosidades, as quais serão
importantes no processo de secreção e reabsorção tubulares. Do ponto de vista
funcional, esse segmento é impermeável à água e à ureia, além de suas células
possuírem bombas de cloreto e sódio, auxiliando no transporte ativo desses íons
para fora da luz do túbulo. Essa característica permite que o filtrado que chega
ao túbulo distal, sobretudo, ao nível do córtex renal, tenha concentração iônica
baixa e concentração alta de ureia. 
 
NOTA – O Aparelho Justaglomerular
O aparelho justaglomerular é uma estrutura formada pela mácula densa do ramo
ascendente espesso e do túbulo distal, por células justaglomerulares –
majoritariamente da arteríola aferente adjacente, e poucas da arteríola eferente – e
células mesangiais extraglomerulares, como ilustra essa imagem 8.
Imagem 8: Aparelho justaglomerular – estrutura formadapor células da mácula
densa, por células justaglomerulares e células mesangiais extraglomerulares.
A mácula densa possui células com diversas modificações já descritas,
apresentando células altas, estreitas e com núcleos bastante corados. Já as
células justaglomerulares são células musculares lisas, com algumas
modificações estruturais que permitem sintetizar e secretar a Renina –
importante substância na ação do sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona – e
estão situadas na túnica média das arteríolas aferentes; e as células mesangiais
estão entre a arteríola aferente, mácula densa, arteríola eferente e os capilares
glomerulares.
Quando uma quantidade excessiva de líquido é filtrada pelo glomérulo para o
sistema tubular, sinais de feedback da mácula densa – cujas células são sensíveis
às alterações do cloreto de sódio tubular – provocam a constrição das arteríolas
aferentes, reduzindo assim o fluxo sanguíneo renal e a filtração glomerular para
níveis normais ou próximos a eles. Dessa forma, o aparelho justaglomerular
protege essas estruturas vasculares e regulam a pressão arterial sanguínea
sistêmica. 
4. OS TÚBULOS E DUCTOS COLETORES
Embora suas estruturas sejam contínuas com os segmentos do néfron, eles
não fazem parte do néfron propriamente dito apenas porque têm uma origem
embriológica distinta. Descritivamente, tanto os túbulos quanto os ductos
coletores são retilíneos.
A urina, após sofrer várias modificações de composição e concentração ao
longo do néfron, é drenada dos túbulos contorcidos distais até os túbulos
coletores, que irão se unir progressivamente até formar tubos mais calibrosos
denominados ductos coletores. Vale reiterar que a urina é derivada da
modificação do ultrafiltrado glomerular, e o túbulo coletor possui um papel-chave
na determinação da composição e concentração final da urina que será
conduzida até a papila renal (situada na medula renal).
Do ponto de vista histológico, os túbulos coletores são formados por epitélio
cuboide simples e sua função é modificar e transportar a urina recém-formada
do néfron até os cálices menores. Portanto, destacaremos os dois tipos de
células que não podem ser esquecidas:
As Células Principais – possuem núcleos centralizados e ovais, além de curtas
bordas em escova. Sua membrana basal possui bastante invaginações, sua
membrana lateral é lisa e a sua função ainda não está esclarecida;
As Células Intercaladas (Intercalares) – têm muitas vesículas na face apical da
membrana, núcleos centralizados e redondos. Sua principal função é transportar e
secretar ativamente o H+ contra o gradiente de concentração, ajudando a regular o
equilíbrio ácido-básico corporal.
Em contrapartida, os túbulos coletores medulares são mais calibrosos, devido
ao fato de serem formados pela junção de vários túbulos coletores corticais. As
células principais e intercalares estão nos túbulos da zona externa da medula. Já
os túbulos coletores papilares – conhecidos como ductos de Bellini – contêm
apenas células principais, são grandes e formados pela união sucessiva dos
túbulos coletores medulares.
Do ponto de vista funcional, os túbulos coletores são normalmente
impermeáveis à água. No entanto, quando o hormônio antidiurético (ADH) está
presente, eles se tornam permeáveis à água e garantem a concentração urinária
final (a fisiologia do ADH sobre esses túbulos e mecanismo da diluição e
concentração da urina serão abordados detalhadamente no capítulo 6).
5. O INTERSTÍCIO RENAL
O interstício renal – ou tecido renal – é constituído, basicamente, de tecido
conjuntivo entremeado por fibroblastos, macrófagos e células intersticiais. O
tecido que envolve externamente os rins é formado por tecido conjuntivo denso
não modelado, com fibras colágenas e elásticas.
O interstício renal tem sua importância na funcionalidade desses órgãos, pois
são responsáveis por produzir e liberar a eritropoietina. A despeito de ainda ser
uma hipótese (sim, porque os mecanismos envolvidos ainda não são bem
estabelecidos), acredita-se que sua síntese e secreção devam ser realizadas
provavelmente pelas células endoteliais da rede capilar peritubular, ou das
células do tecido conjuntivo cortical e da medula renal externa.
6. AS VIAS URINÁRIAS
Realmente, fica mais fácil compreender as estruturas das vias urinárias
quando imaginamos que a sua formação nada mais é do que a união de
estruturas menores entre si até formar estruturas cada vez maiores, de modo
que a urina possa ser conduzida ao seu destino final.
Do ponto de vista macroscópico, cada ápice de uma pirâmide renal se encaixa
em um cálice menor, que se une uns aos outros até formar um cálice maior, o
qual irá se juntar com os demais cálices maiores até convergir e formar a pelve
renal, que é contínua com os ureteres e considerada o início das vias urinárias,
como descrevemos no capítulo 1.
Microscopicamente, o ápice da pirâmide renal que se projeta no cálice menor
é formada em parte por epitélio de transição. Sob a lâmina própria desse epitélio,
há uma delgada túnica muscular composta totalmente de células musculares
lisas e sua função básica é impulsionar a urina para as partes posteriores das vias
urinárias, até que a urina alcançar a bexiga urinária.
6.1 Os Ureteres
Os ureteres são tubos musculares ocos condutores de urina, medindo cerca
de 26 a 30 cm de comprimento cada e se inserem na base da bexiga. Sua
estratificação histológica é bem definida em:
1. Túnica mucosa – responsável por revestir internamente o lúmen
tubular. Possui um epitélio de transição, uma camada de tecido
conjuntivo fibroelástico não modelado e uma lâmina basal, que a
separa da lâmina própria;
2. Túnica muscular – possui duas camadas de músculo liso sobrepostas
entre si: uma camada longitudinal interna e uma circular externa (ou
seja, a disposição tecidual é oposta à encontrada no trato
gastrointestinal). Na região do terço distal do ureter, mais próximo à
bexiga, uma terceira camada muscular é encontrada mais
externamente, com disposição longitudinal. Ou seja, nessa porção
distal do ureter a disposição tecidual muscular é: longitudinal externa,
circular média e longitudinal interna;
3. Cobertura fibrosa de tecido conjuntivo – reveste as vias urinárias
externamente.
6.2 A Bexiga Urinária
A bexiga urinária é um órgão armazenador de urina. O seu esvaziamento
ocorre a partir do aumento progressivo da pressão interna até que se torne alta
o suficiente para induzir o mecanismo neuromuscular da micção (esvaziamento
da bexiga).
A bexiga também possui uma túnica mucosa que apresenta várias dobras que
desaparecem após a distensão da bexiga pelo seu enchimento com urina. Na
realidade, esse “desaparecimento” das pregas é devido ao achatamento do
epitélio de transição aí contido após o processo de distensão da bexiga, e não
pela mudança de epitélio.
A zona triangular da bexiga, cujos ápices são os orifícios dos dois ureteres e
da uretra, é denominada trígono vesical. A mucosa do trígono é lisa e não forma
dobras e a camada muscular da bexiga também é constituída de três túnicas de
músculo liso. Na região do colo da bexiga, as túnicas musculares são dispostas
em: camada longitudinal interna, camada circular média e camada longitudinal
externa, sendo as camadas longitudinais finas e a camada circular mais robusta.
É justamente essa camada circular média que forma o músculo do esfíncter
interno em torno do óstio interno da uretra. Já a túnica adventícia (túnica mais
externa) da bexiga é formada por tecido conjuntivo denso e, em algumas
regiões, é coberta externamente por peritônio.
6.3 As Uretras
A uretra nada mais é do que um tubo muscular oco responsável por conduzir
a urina armazenada na bexiga até meio externo, tornando assim possível a sua
eliminação. Pelo fato de conter o músculo do esfíncter externo que envolve a
uretra, o controle voluntário da micção é possível em indivíduos saudáveis e com
maturidade neuromuscular.
A uretra feminina é menor que a masculina, como já descrito no capítulo 1, e
contém um epitélio de transição, próximo à bexiga, e,no restante da sua
extensão, possui um epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. Além
disso, possui uma lâmina própria fibroelástica e glândulas de Littré secretoras de
muco, que irá lubrificar o revestimento interno.
Já a uretra masculina tem uma função dupla (urinária e reprodutora) e possui
uma divisão em 3 segmentos (e alguns autores até consideram 4 segmentos,
sendo adicionada a uretra pré-prostática ou porção intramural da uretra, que
está entre a bexiga urinária e a uretra prostática):
1. Uretra prostática – tem cerca de 3-5 cm de comprimento, é revestida por
epitélio de transição e nela se abrem diversos pequenos ductos da próstata, o
utrículo prostático e o par de ductos ejaculadores;
2. Uretra membranosa – tem cerca de 1,5-3 cm de comprimento, é revestida
predominantemente por epitélio colunar estratificado;
3. Uretra esponjosa – ou uretra peniana, é a porção mais longa da uretra (15-
18 cm de comprimento) passa por toda a extensão do pênis, terminando na
ponta da glande peniana no orifício externo da uretra; possui epitélio colunar
estratificado e pseudoestratificado, além de pavimentoso estratificado não
queratinizado. Há também em toda a extensão uretral masculina a lâmina
própria fibroelástica e glândulas de Littré, produtoras e secretoras de muco que
lubrifica a luz uretral.
REFERÊNCIAS IMAGENS
1. GOOGLE IMAGENS. https://somepomed.org/articulos/contents/images/f15/2/15403.myextj?
title=Nephron+anatomy+PI>M>. Acesso em: 28 abril. 2019. 
2. BERNE; LEVY. Fisiologia. Rio de Janeiro: Editora Elsevier. 2009. (modificada)
3. GOOGLE IMAGENS (modificada). http://2.bp.blogspot.com/_j7jgM0dyPPY/S_yP5lUx-
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4. GOOGLE IMAGENS (modificada).
http://professor.ufrgs.br/simonemarcuzzo/files/sistema_urinario_0.pdf>. Acesso em: 28 abril.
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5. HALL, J. E; GUYTON & HALL: Tratado de Fisiologia Médica, 12ª ed. Rio de Janeiro: Editora
Elsevier, 2011.
6. GOOGLE IMAGENS (modificada).
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7. GOOGLE IMAGENS. https://qph.fs.quoracdn.net/main-qimg-
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8. HALL, J. E; GUYTON & HALL: Tratado de Fisiologia Médica, 12ª ed. Rio de Janeiro: Editora
Elsevier, 2011.
REFERÊNCIAS
1. BERNE; LEVY. Fisiologia. Editora Elsevier, Rio de Janeiro, 2009.
2. HALL, J. E; GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica. 12 ed. Rio de Janeiro; Rio de Janeiro;
Editora Elsevier. 2011.
3. AIRES,  Margarida  de  Mello.  Fisiologia.  4 ed.  Rio  de Janeiro:  Editora  Guanabara  Koogan, 
2012.
4. SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana: Uma abordagem integrada. 5 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2010.
5. BARRET, Kim E. et al. Fisiologia médica de Ganong. 24. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
6. COSTANZO, Linda S. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
7. JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
8. GARTNER, L. P. & HIATT, J. L. Tratado de Histologia em Cores. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003.
9. KIERSZENBAUM, Abraham L. Histologia e Biologia Celular: uma introdução à patologia. 2ª
edição, Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
10. ROSS, M. H.; PAWLINA, W. Histologia: texto e atlas em correlação com a biologia celular e
molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
CONFERÊNCIAS
Confira aqui a aula dinâmica do Medicina Resumida sobre
os assuntos abordados nesse capítulo!
 
 
Capítulo 3
MANUTENÇÃO DO VOLUME DOS LÍQUIDOS
CORPORAIS
1. CASO CLÍNICO
Seu Jorge, um jovem e preocupado pai, trouxe seu filho Iago, uma criança de
3 anos e 7 meses, à Unidade Básica de Saúde (UBS), onde são realizadas suas
consultas de puericultura, apresentando um quadro de diarreia aquosa há 4
dias, sendo que apresentou cinco episódios no dia da consulta.
O pai da criança referiu ainda que, após 24 horas do início do quadro
diarreico, começou a apresentar vômitos alimentares. Alegou que, por conta
própria, desde o início da diarreia, fez uma mudança na alimentação do filho,
que passou a ter uma dieta mais branda e administrou Metoclopramida, na
tentativa de cessarem os episódios de vômitos. Em paralelo, administrou
também Sulfametoxazol-Trimetoprim em xarope, “por imaginar que a criança
estivesse com alguma infecção intestinal”, admitiu o pai.
À inspeção geral, a criança falava com dificuldade, apresentando agitação,
irritabilidade, movimentos involuntários com o pescoço e membros superiores,
além de a criança ter pedido água ao pai pelo menos 5 vezes no momento da
consulta. Seu Jorge também relatou que o filho, desde o dia anterior, tem bebido
mais água que o de costume.
Ao exame físico, constatou-se desidratação, discreta rigidez de nuca, leve
hipertonia muscular e movimentos clônicos e involuntários no pescoço e
membros superiores. Após examinar a criança, a médica plantonista Dra.
Lorrane, enquanto levantava suas hipóteses diagnósticas, entrou em contato
com um colega pediatra e solicitou encaminhamento urgente para o hospital
pediátrico, para que pudesse realizar exames laboratoriais mais específicos e
dosagem rápida de eletrólitos e anticorpos para Rotavírus.
1.1 POSSÍVEIS PALAVRAS DESCONHECIDAS
Puericultura; diarreia; Metoclopramida; Sulfametoxazol-Trimetoprim;
hipertonia muscular; movimentos clônicos; eletrólitos; Rotavírus.
1.2 PALAVRAS-CHAVES
Criança; diarreia aquosa; vômitos alimentares; infecção intestinal; agitação;
irritabilidade; desidratação; movimentos involuntários com o pescoço e
membros superiores; sede.
2. ENTENDIMENTO INICIAL SOBRE OS LÍQUIDOS
CORPORAIS
Para compreender a importância dos líquidos corporais, bem como a
manutenção do seu volume e composição, é necessário que relembremos que a
primeira célula se originou no meio aquoso, ou, mais especificamente, na “sopa
primordial” (ou oceano primitivo) da terra primitiva, há cerca de 4,5 bilhões de
anos.
Isso nos traz à tona, de acordo com a teoria da evolução das espécies, que as
nossas células se especializaram e se adaptaram a realizar suas funções num
ambiente aquoso, só que não mais externamente no tal oceano, mas
internamente, no processo de formação e continuidade de espécies mais
complexas, como a espécie humana. Ou seja, adquirimos nesse processo
evolutivo o nosso próprio oceano (interno) e, invariavelmente, manter o
equilíbrio desse ambiente aquoso interno é essencial para a nossa condição
vital.
Seja quando um neurônio gera e propaga um impulso nervoso, ou uma
célula do miocárdio realiza contração e relaxamento no ciclo cardíaco, um
hepatócito inativa uma substância tóxica, um enterócito produz e secreta
alguma enzima, enfim, diversas são as situações que envolvem necessariamente
o controle dos volumes dos líquidos, bem como da concentração de eletrólitos
dispersos neles.
Outras situações que evidenciam a importância da manutenção dos líquidos
corporais são nas condições de excesso e escassez de água, para as quais o
organismo desenvolveu, ao longo da sua história evolutiva, diversos
mecanismos compensatórios para que o equilíbrio corporal não venha a ser
prejudicado. Manter esse ambiente interno – seja o compartimento intra ou
extracelular – com seus volumes mais ou menos constantes é fundamental para
a homeostasia orgânica. Entende-se, no entanto, por homeostasia “a condição
de relativa estabilidade da qual o organismo necessita para realizar suas
funções adequadamente para o equilíbrio do corpo”.
3. A TROCA DE LÍQUIDOS EM CONDIÇÕES NORMAIS
É perfeitamente razoável aceitar o fato de que a ingestão e a excreção de
água são bastante variáveis nos indivíduos (assim como alguns eletrólitos) e,
nesse sentido, o organismo precisa dispor de alguns mecanismos que visem
atenuar variações

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