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SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO Olá, caro (a) aluno (a)! A sociologia é o estudo científico das leis básicas que regem a organização e funcionamento da sociedade humana, relações sociais, instituições, etc. Deste ponto de vista, a sociologia pode ser entendida como uma das manifestações do pensamento moderno. Neste capítulo, estudaremos surgimento da Sociologia e no contexto histórico da Revolução Francesa, elucidando alguns dos formadores dos pilares da pesquisa sociológica. Além disso, obterá uma compreensão dos métodos e especificidade da interpretação científica no contexto da realidade social. Para compreender as conquistas da sociologia e sua interpretação científica, partimos do contexto histórico de seu surgimento para a formação dos principais métodos de análise sociológica da realidade social. Bons estudos! AULA 1 - SOCIOLOGIA COMO INTERPRETAÇÃO CIENTÍFICA DA REALIDADE SOCIAL Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia entenderá como ela alcançou o seu estatuto de cientificidade. Além disso, terá a oportunidade de conhecer as três grandes doutrinas da psicologia, behaviorismo, psicanálise e Gestalt, e as áreas de atuação do psicólogo. ▪ Compreender o conceito de psicologia ▪ Identificar as diferentes áreas de atuação da psicologia ▪ Conhecer as áreas de atuação do psicólogo. Ao final deste texto, você deverá apresentar os seguintes aprendizados: • Elucidar o surgimento da Sociologia; • Apresentar alguns dos formadores dos pilares da pesquisa sociológica; • Compreensão da atuação da sociologia e sua interpretação científica. 1 SOCIOLOGIA E SEU CONTEXTO HISTÓRICO A sociologia é estudo científico da organização e do funcionamento das sociedades humanas e das leis fundamentais que regem as relações sociais, as instituições, etc. Nesta perspectiva, pode-se entender a sociologia como uma das manifestações do pensamento moderno. O desenvolvimento do pensamento científico, datado da época de Copérnico, abrangeu com a sociologia, um novo campo de conhecimento que ainda não havia sido integrado ao conhecimento científico, o do mundo social. Surgindo após a constituição das ciências naturais e das diversas ciências sociais (MARTINS, 1988). Desta forma, a sua formação constitui um fato complexo, para o qual contribuem um conjunto de circunstâncias, história e sabedoria, e uma série de intenções práticas. O seu surgimento inscreveu-se num contexto histórico específico, coincidindo com os momentos finais da desintegração da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista. Sua criação não é obra de um único filósofo ou cientista, mas é resultado da construção de um grupo de pensadores empenhados em compreender novas situações de existência (MARTINS, 1988). Para compreensão da atuação da sociologia e sua interpretação científica, percorremos desde a contextualização histórica do seu surgimento até a formação dos principais métodos de análise sociológica da realidade social. A sociologia ergueu-se como resultado de um processo histórico que culminou na Revolução Industrial: a segunda revolução científica e tecnológica. Este evento deu origem a problemas sociais que os pensadores contemporâneos não conseguiram explicar (MARCON, 2014). PARA COMPLEMENTAR: Chamamos de revolução industrial o período em que um grupo de invenções e inovações criaram um enorme aumento na produção de bens. O fenômeno começou na Inglaterra entre 1760 e 1820 e depois se espalhou para outros países europeus e Estados Unidos. Durante este período, a economia britânica mudou de uma economia predominantemente agrícola para uma industrial, caracterizada pela produção em larga escala e uso extensivo de maquinário para reduzir tempo e custos (MARCON, 2014). Highlight As mudanças trazidas pela Revolução Industrial moldaram e transformaram completamente a organização social, deram origem a novas formas de organização e provocaram grandes mudanças culturais. Todo esse processo de transformação levou ao surgimento de duas novas classes sociais: dos trabalhadores e empresários. O número de cientistas e engenheiros aumentou. Mas foi a siderurgia que teve um impacto ainda mais decisivo ao revolucionar as técnicas de produção, ao influenciar o desenvolvimento de todas as indústrias subsequentes. Melhorias em fornos e sistemas de fundição tornaram o ferro de alta qualidade disponível e tiveram grandes vantagens sobre outros materiais. Isso levou ao aprimoramento de muitas tecnologias existentes e à construção de novas máquinas. De acordo MARCON (2014) esse processo trouxe crescimento e estruturação das ferrovias, pontuado que: O ferro permitiu o desenvolvimento das ferrovias, que vieram se somar às outras recentes transformações no sistema de transporte, tais como técnicas modernas de pavimentação de estradas e abertura de redes de canais. A diminuição do tempo de deslocamento e o intercâmbio iniciaram a ruptura das relações de dependência (MARCON, p. 22, 2014). Toda mudança em sociedade poderá afetá-la de forma negativa ou positiva, com o processo da Revolução Industrial no ponto de vista social, há uma grande concentração de pessoas nas cidades britânicas, graças às profundas transformações ocorridas no campo. A agricultura de subsistência, típica do feudalismo, foi substituída pela mineração em larga escala para atender às necessidades industriais. A agricultura foi substituída pela criação de ovelhas para fornecer lã para a indústria (MARCON, 2014). Um dos fatos mais importantes sobre a revolução industrial é, sem dúvida, o surgimento do proletariado e seu papel histórico na sociedade capitalista. Os efeitos catastróficos que essa revolução teve sobre a classe trabalhadora fizeram com que a classe trabalhadora recusasse suas condições de vida. As manifestações da insurreição operária passaram por várias fases, como a destruição de máquinas, atos de vandalismo e explosão de algumas oficinas, roubo e criminalidade, que evoluíram para a constituição de associações e formação sindical, etc (MARTINS, 1988). No século XVII, a forma de idealização avançou significativamente pelo uso sistemático da razão na livre investigação da realidade que caracterizou os pensadores conhecidos como racionalistas. Este progresso foi aperfeiçoado pelo Highlight Iluminismo no século XVIII. O Iluminismo não apenas procurou transformar as velhas formas de conhecimento, mas também criticou duramente a sociedade feudal, contrapondo os privilégios da nobreza e as restrições que eles impuseram. De acordo com os interesses econômicos e políticos da burguesia, esta forma de sociedade era irracional, injusta e restritiva da liberdade. Com seu pensamento revolucionário iluminista, eles desempenharam um papel fundamental na Revolução Francesa de 1789 (MARCON, 2014). A Revolução Francesa de 1789 não tinha como objetivo apenas mudar a estrutura do Estado e abolir radicalmente a antiga forma de sociedade, mas também revogar costumes e hábitos arraigados, de acordo com MARTINS (1988): A revolução desferiu também seus golpes contra a Igreja, confiscando suas propriedades, suprimindo os votos monásticos e transferindo para o Estado as funções da educação, tradicionalmente controladas pela Igreja. Investiu contra e destruiu os antigos privilégios de classe, amparou e incentivou o empresário (MARTINS, p. 23, 1988). Vejamos o quadro abaixo que demostra os aspectos relacionados a revolução Industrial e Revolução Francesa revelando suas ideologias: Fonte: https://shre.ink/1YNo Certos pensadores da época estavam imbuídos da convicção de que era necessário descobrir uma nova ciência para introduzir a "higiene"na sociedade e "reorganizá-la". A sociologia moderna nasceu com base nas ideias de alguns pensadores que trazem a visão sociológica da realidade social. Um deles é Karl Marx. Marx analisou as sociedades capitalistas e concluiu que as principais fontes de https://shre.ink/1YNo Highlight conflito nas sociedades de classes são o fato de os produtores estarem dissociados dos meios de produção e a permeação das relações humanas com a lógica de mercado ou financeira. De acordo com a visão marxista, o estudo da sociedade deve começar com seus fundamentos materiais. É a estrutura econômica da sociedade que representa o próprio fundamento da história humana sobre a qual se baseiam outros níveis de realidade, como política, cultura e religião. O conhecimento da realidade social deve se tornar uma ferramenta política que possa orientar grupos e classes sociais para transformar a sociedade (MARCON, 2014). Para complementar: Karl Marx (1818-1883) foi um filósofo alemão e revolucionário socialista. Criou a base da doutrina comunista, onde criticou o capitalismo. Sua filosofia tem influenciado diversas áreas do conhecimento, como a sociologia, a política, o direito e a economia. Em Bruxelas, Marx mudou-se com a família e, com Engels, dedicou-se a escrever sua tese sobre o socialismo e a manter contato com o movimento operário europeu. Fonte: www.ebiografia.com 1.1 Materialismo histórico e dialético A teoria marxista prioriza situações de conflito que existem em sociedade industrial (capitalistas contra trabalhadores). Marxistas argumentam que é a luta de classes, e não a harmonia social, que cria a realidade da sociedade capitalista. A luta dos opostos está no cerne desses pensadores. Em outras palavras, podemos chamar de dialética. Etimologicamente a palavra dialética advém do grego dialetiké. Ao desmembrarmos a palavra, descobrimos que o termo dia representa interação, troca. Letiké possui a mesma raiz que logos, significando, portanto, palavra, razão ou conceito. Assim, dialética é, a rigor, uma troca de palavras, de informações que pode resultar em outra palavra ou informação. De acordo com Marcon (2014): [...]esse método já era utilizado muito antes de Marx, mas foi ele que o retomou e o reintroduziu no pensamento moderno. Para Marx, o método dialético possui quatro características fundamentais: tudo se relaciona entre si; mudança qualitativa; tudo se transforma; luta dos contrários (MARCON, p. 27, 2014). Com a ideia de constante transformação através de movimentos contínuos, toda a mudança sempre tem um propósito qualitativo, pois a busca pelo aperfeiçoamento é constante, Marcon (2014), diz que “a luta entre os contrários vai sempre resultar em uma solução melhor, pela própria assimilação das ideias e enriquecimento do pensamento”. 1.2 Método compreensivo Max Weber (1864-1920), foi um importante sociólogo e economista alemão. Suas obras representativas são "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" e "Economia e Sociedade". Ele dedicou sua vida à pesquisa acadêmica, escrevendo sobre vários assuntos, como o espírito do capitalismo e a religião chinesa (FRAZÃO, 2019). O ponto de partida de Weber para entender a sociedade, é concernir a ação humana. Para o filósofo alemão, era preciso estudar, explicar e analisar as ações do homem em sua existência no mundo, bem como o sentido e a definição que seriam o motivo da mesma ação. Seu ponto de partida encontra-se, portanto, na ação social e na noção de que a sociologia é uma ciência compreensiva (NERY, 2013). Segundo Nery (2013), Weber dialoga com a teoria do marxismo, mas se distancia de Marx na medida em que, para explicar a sociedade, parte das relações estabelecidas pelo homem no quadro da sociedade capitalista e não centralizada sua análise sobre os determinantes econômicos. Ele considera a existência de muitos grupos sociais em diferentes sociedades, relacionados a diferentes culturas e, portanto, também deve ser levado em consideração no ato de educar. Não nega categoricamente a luta de classes, mas defende que todas as causas e efeitos das mudanças sociais não se encontram apenas nas classes sociais. Além disso, para Weber, a sociedade não é uma força externa que determina indivíduos e grupos, mas é o resultado de processos interativos. Em Weber, observamos que a especificidade das normas e regras sociais só se concretizam quando essas normas e regras estão presentes em cada indivíduo através do processo de interação, interiorização e expressão presentes nas pessoas como motivação. Cada pessoa que atua na sociedade tem como ponto de referência um motivo, que pode ser determinado pela tradição, emoção e razão. Nesta fase de Highlight sua teoria, Weber estabelece os tipos de ação social que ocorrem na sociedade, pois o objetivo expresso na ação social é o que pode revelar o seu próprio significado, pois ao final cada indivíduo considera a suas ações relativamente ligadas a interação/reação de outras pessoas. Existem quatro tipos de ação social estabelecidos por Weber, consideremos a tabela abaixo: AÇÃO SOCIAL TRADICIONAL É a ação determinada por um costume, por um hábito, na qual o ator social obedece a reflexos enraizados de longa prática, determinada por hábitos, costumes e crenças e que acaba por ser transformada em uma segunda natureza. Nesse tipo de ação social, reproduzem-se padrões sociais consagrados pelos costumes e pelas tradições observadas na convivência social. AÇÃO SOCIAL AFETIVA Tem como característica fundamental ser emotiva, ser determinada por afetos ou até mesmo por estados sentimentais. Pode ser uma ação reativa de caráter emocional do ator social em dada circunstância, em dado instante de sua vida, não sendo determinada por um objetivo ou por um sistema de valores. AÇÃO SOCIAL RACIONAL COM RELAÇÃO A VALORES Tem como característica fundamental ser a ação determinada pela crença consciente em um dado valor que é considerado significativo por parte do ator social. De certa forma, o ator social age conforme seus princípios morais e Highlight Highlight éticos e acaba por “racionalizar” o agir em conformidade com esses princípios. AÇÃO SOCIAL COM RELAÇÃO A FINS Tem como característica básica ser a ação que o homem realiza como ator social, tendo como referência ou motivação seus objetivos e considerando os meios de que dispõe para atingi-los. Em nosso cotidiano, ao desempenharmos nossas funções sociais, deparamos com essas formas de agir, ou seja, essas ações sociais servem de estímulos para nossas ações cotidianas. 1.3 Funcionalismo ou método comparativo Émile Durkhein (1858-1917), sociólogo francês, foi considerado o pai da sociologia moderna e o diretor da chamada escola francesa de sociologia, e criador da teoria da coesão social. Juntamente com Karl Marx e Max Weber, formam um dos pilares da pesquisa sociológica (FRAZÃO, 2019). Durkheim, enriqueceu o pensamento de seus predecessores e forneceu uma base sólida para o desenvolvimento do paradigma funcionalista. Para sua teoria, Durkheim se enquadra no quadro da sociologia da regulação. Durkheim, afirma que uma das tarefas dos sociólogos é estudar os determinantes sociais do comportamento — "dever, lei e costume" — que unem e mantêm as pessoas unidas na sociedade. Em sua preocupação com os males sociais, identifica duas concepções de solidariedade, a mecanicista, associada às sociedades tradicionais, e a orgânica, associada às sociedades industriais. Para ele, as 'sociedades tradicionais' são mantidas unidas por uma 'solidariedade mecânica', enraizada na semelhança das partes e tendo a 'consciência' do indivíduo apenas como um apêndice e seguindo a consciência coletiva. (DURKHEIM, 1938, p.148). Segundo Cabral (2004), Durkheim estava interessado em distinguir as causas de um fato social de suasfunções. Também com base na análise da divisão do trabalho, ele impôs essa divisão, enfatizando que suas causas não podem ser um padrão previsível em termos de seus efeitos morais, uma vez que os efeitos dessa dinâmica só se tornaram aparentes após um longo e difícil processo de previsão social. Após excluir as causas individualistas e psicológicas, Durkheim argumentou que uma explicação para a divisão do trabalho deve ser buscada em alguma variação do contexto social. De acordo com Cabral (2004), Durkheim acredita que para formar uma sociedade, os indivíduos devem chegar ao consenso por meio da solidariedade, mecânica ou orgânica, representando formas extremas de organização social. As características de cada um estão resumidas a seguir: Solidariedade mecânica - típica das sociedades tradicionais, primitivas ou arcaicas. É representado pela metáfora da máquina. É a unidade da semelhança, característica de sociedades em que os indivíduos são "intercambiáveis" por diferirem tão pouco, reconhecendo os mesmos objetos como sagrados, tendo os mesmos sentimentos e valores, além do fato de serem guiados por comandos e proibições sociais A sociedade tem coesão porque os indivíduos não são diferenciados. A implicação é que o indivíduo não é o primeiro na história, ideia central no pensamento de Durkheim; Solidariedade orgânica - típica da sociedade industrial moderna. É representado pela metáfora do organismo. É uma unidade baseada na diferença, característica de sociedades em que os indivíduos não são "trocáveis", são distintos entre si e têm a liberdade de acreditar, desejar e agir de acordo com suas preferências. Os indivíduos diferem por consenso, como resultado de diferenças, ou como expresso por diferenças. De acordo com Cabral (2004): A diferenciação das profissões e a multiplicação das atividades industriais - oriundas da desintegração da solidariedade mecânica e da estrutura segmentária - exprimem a diferenciação social que Durkheim prioriza. Da análise desses temas decorrem ideias que fazem parte da teoria geral de Durkheim, como, por exemplo, o conceito de “consciência coletiva”, significando o conjunto das crenças e sentimentos comuns à média dos membros de uma sociedade que forma um sistema determinado, com vida própria. A consciência coletiva existe em função dos sentimentos e crenças presentes nas consciências individuais, mas não é apenas a expressão ou efeito destas. A consciência coletiva evolui segundo suas próprias leis e tem maior extensão nas sociedades dominadas pela solidariedade mecânica (CABRAL, p., 2004) . De acordo com Cabral (2004) “ao elaborar essas noções, Durkheim conclui que o indivíduo nasce da sociedade, e não o contrário”. Assim, uma de suas ideias centrais é a irredutibilidade do conjunto social a uma definição da sociologia que privilegia o todo sobre as partes, ou a soma dos elementos e a explicação dos elementos pelo todo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CABRAL, Augusto. A sociologia funcionalista nos estudos organizacionais: foco em Durkheim. Cadernos Ebape. br, v. 2, p. 01-15, 2004. DURKHEIM, E. Division du travail social. Paris: Alcan, 1893. FRAZÃO, Dilva. Max Weber: Sociólogo e economista alemão. 2019. Disponível em https://www.ebiografia.com/max_weber/. Visualizado em 08/12/22. MARCON, K. J. Sociologia Contemporânea. Ed. Pearson, 2014. MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1988. NERY, M. C. R. Sociologia da Educação. Ed. Intersaberes. 2013.
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