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<p>Resumão</p><p>fevereiro</p><p>1</p><p>Sociologia</p><p>Surgimento da Sociologia</p><p>Resumo</p><p>A sociologia surgiu na Europa no século XIX, a partir de uma intensa busca do homem em interpretar a</p><p>sociedade contemporânea que passava por intensas mudanças sociais. Todas as transformações ocorridas</p><p>no século XIX, foram herdeiras de importantes revoluções ocorridas no século anterior, a saber: o Iluminismo,</p><p>a Revolução Francesa e a Revolução Industrial. Cada um desses fatores históricos representa a mudança de</p><p>um campo da experiência humana.</p><p>O Iluminismo, por exemplo, foi um movimento filosófico e representou a mudança no campo das ideias, da</p><p>mentalidade. Como seu próprio nome nos indica, o propósito do pensamento iluminista era iluminar a</p><p>realidade, trazer a luz. No entanto, que luz era essa? A luz da razão. O projeto comum dos iluministas era</p><p>racionalizar todos os aspectos da existência humana, do conhecimento à vida social, da política às práticas</p><p>religiosas.</p><p>Já a revolução francesa está mais relacionada com transformações políticas, certamente. Com efeito, o que</p><p>os revolucionários promoveram não foi apenas uma mudança de governo, a passagem de um rei para outro.</p><p>O que mudou foi a própria maneira como se enxergava o poder. Mais do que o ocupante de um cargo, foi o</p><p>próprio modo de fazer política que se transformou. Para o bem ou para o mal, o fim do absolutismo</p><p>representou o início de uma nova era na história da política, na qual esta passou a se ver cada vez mais</p><p>separada da religião e na qual se tornou predominante acreditar que o fundamento da autoridade do Estado</p><p>está na vontade do povo.</p><p>A revolução industrial foi o evento histórico mais importante do século XVIII europeu, a industrialização</p><p>mudou radicalmente a economia e consolidou definitivamente o capitalismo como sistema econômico</p><p>reinante. Pela primeira vez na história, a produção econômica deixava de ser manual, artesanal, passando a</p><p>ser baseada no uso de máquinas. Assim, naturalmente, não apenas a produção se tornou muito maior e mais</p><p>rápida, como a própria tecnologia passou a ter uma evolução muito mais intensa, que acompanhamos até</p><p>hoje. A própria organização social se modificou em função da indústria. Afinal, as fábricas funcionavam nas</p><p>cidades e para lá se dirigiram em massa os trabalhadores, ocasionando um grande inchaço populacional.</p><p>Em poucas décadas, a Europa mudou radicalmente suas ideias, seu modo de fazer política e sua vida</p><p>econômica. Era uma sociedade completamente diferente daquela que existia anteriormente. Diante de um</p><p>aparente caos tão generalizado, era natural que alguns homens procurassem construir uma ciência da</p><p>sociedade. Sua pergunta era: “Afinal, o que está acontecendo aqui? O que houve com nossa sociedade?”. A</p><p>sociologia surgiu no século XIX porque nunca uma sociedade havia passado por mudanças tão intensas.</p><p>Essas mudanças exigiam uma explicação. Não à toa, alguns autores dizem que a sociologia é a “ciência da</p><p>crise”. De fato, ela é filha da crise da sociedade europeia.</p><p>Vale lembrar da importância que teve para o surgimento da Sociologia, já no século XIX, a corrente de</p><p>pensamento criada por Augusto Comte (1798 - 1857) denominada de positivismo. Em linhas gerais, essa</p><p>corrente de pensamento defendia que a ciência era o único conhecimento útil a ser buscado pela</p><p>humanidade, ou seja, que o caminho do progresso dependia necessariamente da aplicação da metodologia</p><p>científica. Nesse sentido, os fenômenos sociais também deveriam ser analisados, segundo Comte, a partir</p><p>dos métodos rigorosos da ciência. Assim, teve surgimento a Sociologia com estudo científico acerca das</p><p>sociedades.</p><p>2</p><p>Sociologia</p><p>Durante esse processo, na consolidação da Sociologia como ciência, dois conceitos se tornaram chave para</p><p>sua dinâmica de pesquisa e produção de conhecimento, o estranhamento e a desnaturalização. Esses dois</p><p>conceitos são fundamentais para as Ciências Sociais (que se convencionou chamar Sociologia na educação</p><p>básica no Brasil) porque configura a postura sociológica, uma abordagem dos acontecimentos sociais</p><p>(sejam cotidianos ou excepcionais) com um olhar crítico.</p><p>O estranhamento é, antes de tudo, uma admiração. Quem estranha reconhece nos mais simples fenômenos</p><p>sociais complexidade e importância. Estranhar é, também, um “reolhar”. Quando estranhamos, observamos</p><p>a vida social novamente, agora sob uma perspectiva de conhecer o que há de novo, o que passou</p><p>despercebido, o que se transformou no senso comum. Se, de repente, você se pega perguntando por que dá</p><p>sinal à um ônibus num ponto específico fazendo um movimento característico com as mãos, você está</p><p>estranhando.</p><p>Já a desnaturalização é a compreensão de que os fenômenos sociais não são dados. Ao analisar fatos no</p><p>interior das relações sociais, sempre desconfie de argumentos como “isso é assim mesmo” ou “isso é</p><p>natural”. As sociedades humanas são complexas e voláteis como as pessoas que as compõem e, por isso,</p><p>não são fundamentadas em fenômenos “naturais”. As relações sociais são fruto de escolhas, limites e</p><p>trajetórias. Isso significa dizer que a sociedade está em constante transformação e mais, nós produzimos</p><p>essa transformação, assim como podemos reproduzir o status quo. A partir desses dois conceitos</p><p>percebemos que o saber sociológico busca superar o senso comum em busca de um saber crítico e científico</p><p>sobre a sociedade.</p><p>3</p><p>Sociologia</p><p>Exercícios</p><p>1. Enquanto resposta intelectual à “crise social” de seu tempo, os primeiros sociólogos irão revalorizar</p><p>determinadas instituições que, segundo eles, desempenham papéis fundamentais na integração e na</p><p>coesão da vida social. A jovem ciência assumia como tarefa intelectual repensar o problema da ordem</p><p>social, enfatizando a importância de instituições como a autoridade, a família, a hierarquia social e</p><p>destacando a sua importância teórica para o estudo da sociedade.</p><p>MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 30.</p><p>Com base nele, o surgimento da sociologia foi motivado pelas transformações das relações sociais</p><p>ocorridas na sociedade europeia, nos séculos XVIII e XIX, contribuindo para</p><p>a) o aumento da desorganização social estabelecida pela Revolução Industrial.</p><p>b) a organização de vários movimentos sociais controlados por pensadores como Saint-Simon e</p><p>Comte.</p><p>c) a elaboração de um conceito de sociologia incluindo os fenômenos mentais como tema de</p><p>reflexão e investigação.</p><p>d) a criação da corrente positivista, que propôs uma transformação da sociedade com base na</p><p>reforma intelectual plena do ser humano.</p><p>e) o surgimento de uma “física social” preocupada com a construção de uma teoria social, separada</p><p>das ideias de ordem e desenvolvimento como chave para o conhecimento da realidade.</p><p>2. A sociologia surgiu para suprir a necessidade de se entender os fenômenos sociais e as regras</p><p>fundamentais pelas quais se baseiam nossas relações. Entretanto, a sociologia contemporânea</p><p>difere-se da ideia original, na medida em que:</p><p>a) entende-se que as sociedades são como organismos vivos, com leis de funcionamento</p><p>estabelecidas e imutáveis.</p><p>b) é amplamente aceito que as diferenças raciais determinam características do convívio do sujeito,</p><p>uma vez que é a raça que estabelece o comportamento social.</p><p>c) entende-se que as sociedades e as relações sociais possuem infinitas variações, não sendo</p><p>possível traçar leis gerais que justifiquem ou expliquem, em termos absolutos, todas as formas</p><p>de interação humana no mundo social.</p><p>d) deixou de ser uma área do conhecimento válida, uma vez que não é possível estudar uma</p><p>sociedade em razão da enorme quantidade de diferenças entre os sujeitos que a compõem.</p><p>e) Incorporou novos aspectos teórico-metodológicos, sem abandonar, porém, os princípios</p><p>norteadores de sua fundação</p><p>4</p><p>Sociologia</p><p>3. O autor considerado “pai” da sociologia, Augusto Comte, acreditava</p><p>coletiva de E. Durkheim; sociologia compreensiva, fundada no</p><p>conceito de ação social e suas tipologias de M. Weber.</p><p>d) Sociologia compreensiva, fundada no conceito de ação social e suas tipologias de M. Weber; teoria</p><p>da consciência de classe, fundada em K. Marx; funcionalismo, fundado no conceito dos três</p><p>estados de Augusto Comte.</p><p>e) Corporativismo positivista, fundado em Augusto Comte; individualismo, fundado no liberalismo de</p><p>vários autores dos séculos XVIII a XX; teoria da consciência de classe, fundada em K. Marx.</p><p>6</p><p>Sociologia</p><p>7. “Alegando ver ‘um conjunto de regras diabólicas’ e lembrando que ‘a desgraça humana começou por</p><p>causa da mulher’, um juiz de Sete Lagoas (MG) considerou inconstitucional a Lei Maria da Penha e</p><p>rejeitou pedidos de medidas contra homens que agrediram e ameaçaram suas companheiras.”</p><p>Folha de S. Paulo, 21 de outubro de 2007.</p><p>O trecho supracitado refere-se à temática da violência contra a mulher. Tendo como referência a</p><p>sociologia de Èmile Durkheim e sua concepção de sociedade, podemos afirmar que a violência contra</p><p>a mulher é:</p><p>a) um fenômeno de ordem sagrada, uma regra divina, como forma de punição à mulher face à sua</p><p>culpa pela expulsão dos humanos do Jardim do Éden.</p><p>b) um fenômeno natural, originado nas diferenças biológicas entre homens e mulheres, as quais</p><p>instituem a superioridade masculina e a fragilidade feminina.</p><p>c) um fenômeno moral, embasado em padrões socialmente estabelecidos, os quais regulam as</p><p>relações sociais entre homens e mulheres.</p><p>d) consequência de um desequilíbrio emocional na personalidade masculina, o que requer</p><p>tratamento individual com profissionais especializados.</p><p>e) consequência do mau comportamento das mesmas, que possuem um temperamento muito</p><p>forte.</p><p>8. A aluna Geisy Villa Nova Arruda, 20, não poderá mais frequentar o prédio em que estudava antes do dia</p><p>22 de outubro, quando foi perseguida, encurralada, xingada e ameaçada por cerca de 700 alunos, no</p><p>campus de São Bernardo (de uma Universidade particular), alegadamente por causa do microvestido</p><p>que trajava.</p><p>Adaptado de: Folha de São Paulo. (Universidade particular) decide “exilar” Geisy em outro prédio. Caderno cotidiano, C1, 11</p><p>nov. 2009.</p><p>A matéria refere-se a recente episódio, de repercussão nacional na mídia e que teve como desfecho a</p><p>readmissão da aluna à referida instituição, após o posicionamento da opinião pública.</p><p>Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Durkheim, é correto afirmar que o</p><p>acontecimento citado revelou</p><p>a) a consolidação de uma nova consciência coletiva, de bases amplas, representada pelos alunos da</p><p>referida instituição.</p><p>b) o desprezo da consciência coletiva dominante na sociedade em relação aos destinos individuais,</p><p>no caso, à aluna que foi alvo dos ataques dos estudantes.</p><p>c) a força da consciência coletiva da sociedade que se impôs aos comportamentos morais</p><p>desviantes com a finalidade de resgatar a harmonia social, preservando as instituições.</p><p>d) a presença de um quadro de profunda anomia social e o quanto os valores sociais de decência</p><p>foram perdidos pela consciência coletiva que se posicionou favoravelmente à estudante.</p><p>e) o perigo representado pela presença de uma consciência coletiva forte e majoritária atuando como</p><p>obstáculo para o desenvolvimento da vida social sadia ao impedir que alguns indivíduos</p><p>defendessem os melhores valores morais.</p><p>7</p><p>Sociologia</p><p>9. Observe a imagem a seguir:</p><p>Disponível em: <https://blogdoprofessorhenry.blogspot.com.br/>.</p><p>Percebe-se nela que a sociedade prevalece sobre as ações dos indivíduos, aprisionando-os.</p><p>Dessa forma, o conteúdo da imagem representa um objeto de estudo da sociologia,</p><p>constituído historicamente como um conjunto de relações entre os homens na vida em sociedade.</p><p>Sobre as características do objeto de estudo apresentado, é correto afirmar que</p><p>a) Karl Marx elaborou o que considerava a relação indivíduo-sociedade como um conjunto</p><p>de condições materiais manipuladas pelos indivíduos, objetivando organizar e manter as</p><p>relações sociais de produção.</p><p>b) a ação individual é o principal conceito desse objeto e só faz sentido na consciência de</p><p>classe, possibilitando aos grupos mais ricos atuarem sobre os grupos mais pobres, aumentando</p><p>a desigualdade social.</p><p>c) as normas, os comportamentos e as regras são os aspectos fundantes do objeto em</p><p>destaque. Seguidos pelos indivíduos, esses aspectos da vida social são construídos fora das</p><p>consciências individuais para manter a sociedade coesa.</p><p>d) a conduta dos indivíduos é valorizada, pois a ação individual tem mais importância que</p><p>a imposição coercitiva das normas sociais.</p><p>e) Max Weber criou o que denominou a “ação do indivíduo”, orientada pela ação de outros</p><p>e estabelecida por uma relação significativa.</p><p>8</p><p>Sociologia</p><p>10. “Ao longo da última década, os hackers passaram por uma transformação gradual – de uma população</p><p>pouco conhecida de entusiastas em computação a um grupo de desviantes, alvo de maledicência, que</p><p>se acredita venha a ameaçar a própria estabilidade da era da informação.”</p><p>GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. p.172.</p><p>Em sua análise do ato criminoso, Durkheim vinculou-o à consciência coletiva e às suas manifestações</p><p>na vida social. De acordo com o pensamento desse autor, marque a alternativa INCORRETA.</p><p>a) A consciência coletiva abrange estados fortes e definidos de pensamento e sentimento</p><p>compartilhados. Um ato é criminoso quando ofende esses estados da consciência coletiva.</p><p>b) A consciência coletiva refere-se ao conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos</p><p>membros de uma sociedade. A classificação de um ato como criminoso não depende das</p><p>consciências particulares.</p><p>c) A consciência coletiva, na modernidade, recobre toda consciência individual, anulando-a. A noção</p><p>de ato criminoso está presente em todos os indivíduos mentalmente normais.</p><p>d) A consciência coletiva corresponde, de certa forma, à moral vigente na sociedade. Um ato não é</p><p>reprovado por ser criminoso, mas é criminoso por ser reprovado.</p><p>e) A consciência coletiva é efetivada também com a participação do fato social.</p><p>9</p><p>Sociologia</p><p>Gabarito</p><p>1. C</p><p>Os alunos em uma sala de aula tem uma ordem e um objetivo comum. Cada um conhece seus direitos e</p><p>limites. As outras alternativas apresentam aglomerados de indivíduos sem ligações entre si.</p><p>2. C</p><p>A alternativa "c" é a única possível. O bom funcionamento da sociedade depende de sua coesão, que</p><p>corresponde à adesão social a certos comportamentos morais e formas de pensar, agir e sentir. Sendo</p><p>assim tudo que produz desordem é considerado algo prejudicial. à sociedade, inclusive o capitalismo</p><p>selvagem.</p><p>3. A</p><p>A divisão do trabalho é importante por favorecer a coesão social e a solidariedade. Em sociedades</p><p>tradicionais, a solidariedade é o tipo mecânico, enquanto em sociedades modernas o que existe é a</p><p>solidariedade do tipo orgânico.</p><p>4. B</p><p>Os padrões existem e são coercitivos, porque essas ideias, segundo Durkheim, que são normas e regras,</p><p>devem ser seguidas pelos membros da sociedade. Se isso não acontece, se alguém desobedece a elas,</p><p>é punido, de certa maneira, pelo restante do grupo.</p><p>5. A</p><p>Na sociologia Durkheimiana não existe referência a uma estrutura educacional classista. Ainda que dê</p><p>grande peso à divisão social do trabalho.</p><p>6. C</p><p>A alternativa correta apresenta três modelos de compreensão social. Na concepção individualista,</p><p>predomina a ideia de que o ser social deve ter liberdade para realizar sua vida. Surge das concepções</p><p>liberais que pregavam a independência do cidadão frente ao Estado, para que estes pudessem preservar</p><p>os direitos particulares. Com o tempo, esse conceito se estende para outras esferas da vida.</p><p>A concepção funcionalista de Durkheim entende</p><p>que vários aspectos da vida social têm um papel</p><p>importante para a estabilização da sociedade. Desta maneira, seguir as normas indicadas pela família,</p><p>seguir a religião de todos e a maneira de agir da comunidade funciona como um mecanismo de</p><p>harmonização da sociedade. Por fim, Weber trabalha com a ideia de ação social, na qual o membro da</p><p>sociedade deve se orientar pelas ações (passadas, presentes ou futuras) de outros membros, interagindo</p><p>com elas. É uma ação a partir da expectativa do agir alheio e de uma intencionalidade do agente para um</p><p>determinado fim.</p><p>7. C</p><p>A afirmativa A está errada porque, Durkheim não concebia o sagrado como determinante das ações</p><p>sociais, assim como também não concebia motivos biológicos como determinantes das mesmas ações;</p><p>e por isto a alternativa B também está errada. A alternativa D leva em conta a personalidade individual</p><p>como motivadora das ações masculinas e por isso está errada. A alternativa correta é a C, pois Durkheim</p><p>vê as ações individuais como resultantes das relações sociais que as determinam, portanto, a violência</p><p>do homem contra a mulher em sua teoria social seria fruto de um fenômeno moral, embasado em</p><p>10</p><p>Sociologia</p><p>padrões socialmente estabelecidos e que definem socialmente o homem como tendo poder para dispor</p><p>até mesmo do corpo feminino, surgindo disso a violência contra ela.</p><p>8. C</p><p>A consciência coletiva é o conjunto de crenças e sentimentos que são comuns a um grupo social e que</p><p>norteiam suas ações, tendo função até mesmo normativa, pois leva, em muitos casos, a corrigir os</p><p>indivíduos desviantes pela coerção, física ou moral, no caso de infração a normas. A alternativa correta</p><p>apontada pela faculdade é a C, porém, podemos questioná-la. Na sociedade brasileira atual, é muito</p><p>controverso entender o uso de roupas curtas como fato desviante da moral usual, haja vista o</p><p>que observamos na televisão, nos shows, no carnaval e mesmo no cotidiano. O uso de roupas mais</p><p>curtas é comum por grande parte de nossa sociedade, então dizer que isso prejudica a harmonia social</p><p>em um determinado ambiente é algo duvidoso. Porém, devemos ressaltar que, das questões, essa não</p><p>apresenta nenhum absurdo teórico ou em relação ao enunciado, o que justifica a sua assertiva.</p><p>9. C</p><p>A questão se refere ao fato social, que externamente ao indivíduo exerce uma força que orienta seu agir</p><p>social e as expectativas da sociedade em relação a ele, que devem ser cumpridas. Os fatos sociais, para</p><p>Durkheim, são o objeto de estudo da sociologia, que deve olhar para eles como se fossem "coisas",</p><p>portanto, objetos verificáveis. Na imagem, essa coerção social transparece pelos meios de</p><p>comunicação.</p><p>a) Incorreta. O conceito teórico é de Durkheim.</p><p>b) Incorreta. O fato social se preocupa com a ação coletiva sobre o indivíduo.</p><p>c) Correta. Apresentando características do fato social.</p><p>d) Incorreta. A imposição das normas é o fato de relevância.</p><p>e) Incorreta. Weber não criou esse conceito de "ação do indivíduo", mas sim de "ação social".</p><p>10. C</p><p>A afirmativa C está errada porque a consciência coletiva não consegue cobrir (e coibir) todas as</p><p>consciências individuais. Isso porque existe grande quantidade de indivíduos desviantes de uma atitude</p><p>moral única. Tanto que, ainda que todos os indivíduos mentalmente normais saibam o que é um ato</p><p>criminoso, ainda assim continuam a executá-lo, numa clara mostra de preponderância da vontade</p><p>individual sobre a coletiva.</p><p>1</p><p>Sociologia</p><p>Émile Durkheim: divisão social do trabalho</p><p>Resumo</p><p>Durkheim, tal como Comte, pensava que o homem é fortemente moldado pela sociedade em que ele vive</p><p>(expressando-se de maneira técnica, ele diz que a consciência individual é sempre moldada e condiciona pela</p><p>consciência coletiva, isto é, pela mentalidade média da sociedade, seu conjunto de valores e ideias</p><p>dominantes) e que por isso o interesse do sociólogo deve voltar-se apenas para os padrões sociais. Por essas</p><p>e outras raízes, aliás, é que Durkheim é considerado um autor positivista e o mais famoso continuador da</p><p>perspectiva camteana. De fato, não obstante criticar vários aspectos secundários do pensamento de Comte</p><p>(em especial, a incerteza de suas ideias, a religião da humanidade e o projeto político positivista), Durkheim</p><p>assumiu como suas as ideias-chaves do seu predecessor: a necessidade de um conhecimento social capaz</p><p>de compreender as características da sociedade moderna, a crença na incapacidade da filosofia de cumprir</p><p>esse papel, o projeto de construção de uma ciência da sociedade independente da filosofia, a ideia de que</p><p>esta ciência deve tomar como modelo as ciências naturais e a tese de que o trabalho do sociólogo deve focar-</p><p>se nos padrões sociais.</p><p>Do ponto de vista do método, como vimos, Durkheim considerava que o sociólogo deve, tal como o físico e o</p><p>químico, buscar por padrões de regularidade, que, no caso dele, seriam os fatos sociais. Além disso,</p><p>fortemente influenciado pelas ciências naturais - seu modelo de pensamento -, o sociólogo francês afirmava</p><p>que as virtudes principais de um pesquisador social são a neutralidade e a objetividade. Na prática, isto</p><p>significa que um sociólogo jamais deve permitir que os seus valores pessoais ou a sua visão de mundo</p><p>interfiram no seu trabalho. Sua análise deve ser meramente descritiva, nunca avaliativa, concentrada apenas</p><p>em compreender a sociedade que está pesquisando, não em julgá-la ou classificá-la.</p><p>Émile Durkheim destacou-se pela explicação que desenvolveu para a origem da sociedade capitalista</p><p>moderna. Ele acreditava que toda sociedade se formava em torno de um determinado grau de consenso. Ou</p><p>seja, os indivíduos daquele grupo compartilhavam, em algum nível, uma crença que mantinha a sociedade</p><p>unida. Essa união recebeu o nome de coesão social. Na passagem das sociedades tradicionais para a</p><p>Modernidade Durkheim observou uma mudança no mecanismo de coesão e unidade da sociedade,</p><p>mecanismo conhecido como solidariedade social.</p><p>De acordo com Durkheim, nas sociedades tradicionais, pré-modernas, anteriores ao capitalismo, a divisão</p><p>social do trabalho, isto é, a especialização profissional era pequena. Isto ocasionava poucas diferenças entre</p><p>os indivíduos e fazia da sociedade algo mais homogêneo. Assim, a coesão social era realizada e garantida</p><p>através do compartilhamento de uma mesma visão de mundo, de um mesmo conjunto de ideias e valores</p><p>dominantes. Foi o caso, por exemplo, da Idade Média ocidental, onde a fé católica era o eixo unificador da</p><p>sociedade, e do Egito Antigo, onde a cosmovisão daquela sociedade é que unia todos os seus membros. Este</p><p>modelo de coesão social é chamado por Durkheim de solidariedade mecânica.</p><p>Nas sociedades modernas, por sua vez, o capitalismo promoveu uma enorme acentuação na divisão social</p><p>do trabalho. Isso exacerbou a especialização profissional e, portanto, a individualidade. Por isso, a sociedade</p><p>moderna é heterogênea, contando com grande diversidade de religiões e de visões de mundo no interior de</p><p>um mesmo contexto social. Daí também porque, na Modernidade, o que une e congrega a sociedade não é o</p><p>fato das pessoas partilharem uma mesma visão de mundo, mas sim o fato de elas serem mais</p><p>interdependentes no mundo do trabalho. De fato, o aumento da especialização profissional, vigente no</p><p>capitalismo, torna as pessoas mais interdependentes, uma vez que elas exercem funções mais específicas e,</p><p>portanto, são mais difíceis de serem substituídas no mundo do trabalho. A consequência disso é que a</p><p>2</p><p>Sociologia</p><p>sociedade capitalista não precisa do compartilhamento de uma mesma visão de mundo para que os</p><p>indivíduos vivam coesos nela: o que os une são os laços de interdependência econômica. A crença passa a</p><p>ser então num código complexo e racional de regras de conduta que formam normas jurídicas estipuladas</p><p>para os indivíduos em relações interdependentes, o</p><p>direito. É o que Durkheim chamava de solidariedade</p><p>orgânica.</p><p>É famoso o estudo de caso de Durkheim para provar suas teorias. Não só em relação ao fato social, quanto a</p><p>diferença entre a coesão e solidariedades de um grupo, o pensador escolhe estudar um fenômeno que se</p><p>acredita ser extremamente pessoal: o suicídio.</p><p>O suicídio é qualquer morte que resulta da ação ou não ação do indivíduo (ato positivo ou negativo) que sabe</p><p>das consequências do seu fazer ou não fazer (que pode resultar em sua morte) e que mesmo assim o faz,</p><p>direta ou indiretamente.</p><p>Durkheim conclui que a taxa de suicídio de um determinado grupo varia de acordo com suas afiliações morais.</p><p>Sociedades católicas da sua época, por exemplo, tem uma taxa menor de suicídios que sociedades</p><p>protestantes. Durkheim classifica três tipos de suicídio:</p><p>• Egoísta: ocorre quando a consciência individual (o ego) supera a coletiva, tornando esse indivíduo</p><p>“grande demais” frente a sociedade. A vida perde o sentido pelo descolamento desse ego da relação</p><p>com a consciência coletiva.</p><p>• Altruísta: É o processo contrário. A consciência coletiva se dilata tanto que se torna insuportável para o</p><p>ego. Ele se misturou a algo fora de si, deixou de ser individual. A barreira que o continha como</p><p>consciência foi desfeita e está disposto a abandonar a vida pelo grupo.</p><p>• Anômico: Ocorre em momentos de anomia social, ou seja, a ausência ou afastamento dos padrões e</p><p>regras morais de uma sociedade. Aqui a ordem é desfeita e os indivíduos têm dificuldade em lidar com</p><p>esse processo. Processo de degradação da normalidade social, como crises econômicas, guerras,</p><p>grandes tragédias etc. produzem esse efeito.</p><p>É preciso compreender que sociedades protestantes não são apenas mais rigorosas no quesito culpa, mas</p><p>também são mais individualistas. Além disso, o capitalismo se desenvolve inicialmente nas sociedades</p><p>protestantes, o que denota uma passagem mais rápida nessas sociedades para a forma de solidariedade</p><p>orgânica. Essa era uma das preocupações de Durkheim. Já que, tanto o movimento de passagem como a</p><p>instalação de uma solidariedade orgânica aumentam as chances de ocorrer anomia social pela possibilidade</p><p>de desaparecimento de regras morais no processo ou pelo afastamento dos indivíduos dessas regras, pois</p><p>nesse novo momento a coesão não se dá pela identificação com o grupo, mas o contrário.</p><p>3</p><p>Sociologia</p><p>Exercícios</p><p>1. A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e das sínteses filosóficas. Em vez de assumir</p><p>a tarefa de lançar luz sobre uma parcela restrita do campo social, ela prefere buscar as brilhantes</p><p>generalidades em que todas as questões são levantadas sem que nenhuma seja expressamente</p><p>tratada. Não é com exames sumários e por meio de intuições rápidas que se pode chegar a descobrir</p><p>as leis de uma realidade tão complexa. Sobretudo, generalizações às vezes tão amplas e tão</p><p>apressadas não são suscetíveis de nenhum tipo de prova.</p><p>DURKHEIM, E. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.</p><p>O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em construir uma sociologia com base na</p><p>a) vinculação com a filosofia como saber unificado.</p><p>b) reunião de percepções intuitivas para demonstração.</p><p>c) formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social.</p><p>d) adesão aos padrões de investigação típicos das ciências naturais.</p><p>e) incorporação de um conhecimento alimentado pelo engajamento político.</p><p>2. A cidade desempenha papel fundamental no pensamento de Émile Durkheim, tanto por exprimir o</p><p>desenvolvimento das formas de integração quanto por intensificar a divisão do trabalho social a ela</p><p>ligada.</p><p>Com base nos conhecimentos acerca da divisão de trabalho social nesse autor, assinale a alternativa</p><p>correta.</p><p>a) A crescente divisão do trabalho com o intercâmbio livre de funções no espaço urbano torna</p><p>obsoleta a presença de instituições.</p><p>b) A solidariedade orgânica é compatível com a sociedade de classes, pois a vida social necessita</p><p>de trabalhos diferenciados.</p><p>c) Ao criar seres indiferenciados socialmente, o “homem massa”, as cidades recriam a solidariedade</p><p>mecânica em detrimento da solidariedade orgânica.</p><p>d) O efeito principal da divisão do trabalho é o aumento da desintegração social em razão de</p><p>trabalhos parcelares e independentes.</p><p>e) O equilíbrio e a coesão social produzidos pela crescente divisão do trabalho decorrem das</p><p>vontades e das consciências individuais.</p><p>4</p><p>Sociologia</p><p>3. Sentir-se muito angustiado com a ideia de perder seu celular ou de ser incapaz de ficar sem ele por</p><p>mais de um dia é a origem da chamada “nomofobia”, contração de no mobile phobia, doença que afeta</p><p>principalmente os viciados em redes sociais que não suportam ficar desconectados. Uma parte da</p><p>população acha que, se não estiver conectada, perde alguma coisa. E se perdemos alguma coisa, ou</p><p>se não podemos responder imediatamente, desenvolvemos formas de ansiedade ou nervosismo.</p><p>Adaptado de: O medo de não ter o celular à disposição cria nova fobia. Disponível em: <exame.abril.com.br/estilo-de-</p><p>vida/comportamento/notícias/o-medo-de-nao-ter-o-celular-a-disposicao-cria-nova-fobia>. Acesso em: 9 abr. 2012.</p><p>Com base no texto e nos conhecimentos sobre socialização e instituições sociais, na perspectiva</p><p>funcionalista de Durkheim, assinale a alternativa correta.</p><p>a) A nomofobia reduz a possibilidade de anomia social na medida em que aproxima o contato em</p><p>tempo real dos indivíduos, fortalecendo a integração com a vida social.</p><p>b) As interações sociais via tecnologias digitais são uma forma de solidariedade mecânica, pois os</p><p>indivíduos uniformizam seus comportamentos.</p><p>c) O que faz de uma rede social virtual uma instituição é o fato de exercer um poder coercitivo e ao</p><p>mesmo tempo desejável sobre os indivíduos.</p><p>d) O uso de interações sociais por recursos tecnológicos constitui um elemento moral a ser</p><p>compreendido como fato social.</p><p>e) Para a nomofobia ser considerada um fato social, faz-se necessário que esteja presente em uma</p><p>diversidade de grupos sociais.</p><p>4. Os crescentes casos de violência que, recorrentemente, têm ocorrido em nível nacional e internacional,</p><p>diuturna e diariamente noticiados pela imprensa, convidam a pensar em uma situação de patologia</p><p>social. No entanto, para Durkheim, o crime, ainda que fato lastimável, é normal, desde que não atinja</p><p>taxas exageradas. É normal, porque existe em todas as sociedades; para o sociólogo, o crime seria,</p><p>inclusive, necessário, útil. Sem pretender fazer apologia do crime, compara-o à dor, que não é desejável,</p><p>mas pertence à fisiologia natural e pode sinalizar a presença de moléstias a serem tratadas.</p><p>O crime seria, pois, para Durkheim, socialmente funcional, porque</p><p>a) exerce um papel regulador, contribuindo para a evolução do ordenamento jurídico e possível</p><p>advento de uma nova moral.</p><p>b) é fator de edificação e fortalecimento da solidariedade orgânica, que se estabelece nas</p><p>sociedades complexas.</p><p>c) legítima a ampliação do aparelho repressivo e classista do Estado burocrático nas sociedades</p><p>baseadas no sistema capitalista.</p><p>d) contribui para o crescimento de seitas e de religiões, nas quais as pessoas em situação de risco</p><p>buscam proteção.</p><p>e) Limita o crescimento da desigualdade e permite que membros da sociedade, individualmente,</p><p>possam impor suas vontades a outro, reordenando o arranjo político</p><p>5</p><p>Sociologia</p><p>5. Durkheim caracteriza o suicídio – até então considerado objeto de estudo da epidemiologia, da</p><p>psicologia e da psiquiatria – como fato social e, por isso, dotado das características da coercitividade,</p><p>da exterioridade, da generalidade. É tomado, pois, como objeto de estudo sociológico, em virtude do</p><p>fato de</p><p>a) variar na razão inversa ao grau de integração dos grupos sociais de que faz parte</p><p>o indivíduo, ou</p><p>seja, quanto maior o grau de integração ao grupo social, mais elevada é a taxa de mortalidade-</p><p>suicídio da sociedade.</p><p>b) ser possível observar uma certa predisposição social para fornecer determinado número de</p><p>suicidas, ou seja, uma tendência constante, marcada pela permanência, a despeito de variações</p><p>circunstanciais.</p><p>c) configurar-se como uma morte que resulta direta ou indiretamente, consciente ou</p><p>inconscientemente de um ato executado pela própria vítima.</p><p>d) depender, exclusivamente, do temperamento do suicida, de seu caráter, de seu histórico familiar,</p><p>de sua biografia, uma vez que não deixa de ser um ato do próprio indivíduo.</p><p>e) Ser um fator controlador da expansão da espécie humana na sua mediação com o uso do espaço</p><p>e recursos naturais.</p><p>6. O sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917), em sua obra As Regras do Método Sociológico,</p><p>ocupou-se em estabelecer o objeto de estudo da sociologia. Entre as constatações de Durkheim, está</p><p>a de que o fato social não pode ser definido pela sua generalidade no interior de uma sociedade. Nessa</p><p>obra, Durkheim elabora um tratamento científico dos fatos sociais e cria uma base para a sociologia</p><p>no interior de um conjunto coeso de disciplinas sociais, visando fornecer uma base racional e</p><p>sistemática da sociedade civil.</p><p>Sobre o significado do fato social para Durkheim, é correto afirmar que</p><p>a) os fenômenos sociais, embora obviamente inexistentes sem os seres humanos, residem nos seres</p><p>humanos como indivíduos, ou seja, os fatos sociais são os estados mentais ou emoções dos</p><p>indivíduos.</p><p>b) os fatos sociais, parecem, aos indivíduos, uma realidade que pode ser evitada, de maneira que se</p><p>apresenta dependente de sua vontade. Nesse sentido, desobedecer a uma norma social não</p><p>conduz o indivíduo a sanções punitivas.</p><p>c) a proposição fundamental do método de Durkheim é a de que os fatos sociais devem ser tratados</p><p>como coisas, ou seja, como objeto do conhecimento que a inteligência não penetra de forma</p><p>natural, mas através da observação e da experimentação.</p><p>d) Durkheim considera os fatos sociais como coisas materiais. Pode-se afirmar, portanto, que todo</p><p>objeto de ciência é uma coisa material e deve ser abordado a partir do princípio de que o seu</p><p>estudo deve ser abordado sem ignorar completamente o que são.</p><p>e) os fatos sociais são semelhantes aos fatos psíquicos, pois apresentam um substrato semelhante</p><p>e evoluem no mesmo meio, de maneira que dependem das mesmas condições.</p><p>6</p><p>Sociologia</p><p>7. A Sociologia surge no século XIX, momento marcado por uma intensa crise social na Europa. Émile</p><p>Durkheim não deixou de ser influenciado por esse contexto. Nesse sentido, um dos seus objetivos era</p><p>fazer da Sociologia uma disciplina científica capaz de criar respostas aos desafios enfrentados pela</p><p>sociedade moderna.</p><p>Entre os desafios, colocava-se a crescente contradição entre capital e trabalho, entendida pelo autor</p><p>como um exemplo dos efeitos de um estado de anomia, caracterizado</p><p>a) pela excessiva regulamentação estatal sobre as atividades econômicas.</p><p>b) pela intensificação dos laços de solidariedade mecânica no interior das corporações.</p><p>c) pela ausência de instituições capazes de exercerem um poder moral sobre os indivíduos.</p><p>d) pelo aprofundamento da desigualdade econômica.</p><p>e) pela instauração de uma doença social, uma forma de pertencimento arcaica em que todos os</p><p>indivíduos aderem ao grupo pela semelhança entre eles</p><p>8. Uma das perguntas centrais da obra de Durkheim se refere, em uma época turbulenta, aos</p><p>determinantes da coesão social. No seu estudo sobre o suicídio, Durkheim pôs em evidência, de modo</p><p>magistral, o peso determinante da sociedade sobre o comportamento do indivíduo.</p><p>(LALLEMENT, M. História das ideias sociológicas: das origens a Max Weber. Petrópolis: Vozes, 2003. p.217.)</p><p>O suicídio é uma das primeiras causas de morte em homens jovens nos países desenvolvidos e</p><p>emergentes. Mata 26 brasileiros por dia. E ninguém quer falar no assunto. No Brasil, a taxa de suicídio</p><p>entre adolescentes e jovens aumentou pelo menos 30% nos últimos 25 anos. O crescimento é maior</p><p>do que o da média da população, segundo o psiquiatra José Manoel Bertolote.</p><p>(Adaptado de: Taxa de suicídio entre jovens cresce 30% em 25 anos no Brasil. Disponível em:</p><p><http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2013/06/1292216-para-cineasta-que-fez-filme-sobre-suicidio-da-irma-</p><p>desinformacao-leva-a-tragedia.shtml>. Acesso em: 11 jun. 2013.)</p><p>Com base nos resultados encontrados por Durkheim e nos conhecimentos sobre o tema, assinale a</p><p>alternativa que apresenta, corretamente, os principais fatores para o aumento do suicídio em uma</p><p>determinada sociedade.</p><p>a) A idade é um dos fatores fundamentais para determinar a causa dos suicídios.</p><p>b) A sociedade em crise pode influenciar coercitivamente o indivíduo, levando-o ao suicídio.</p><p>c) O desequilíbrio pessoal e o sofrimento interior podem influenciar no aumento do número de</p><p>suicidas.</p><p>d) Os indivíduos que têm religião suicidam-se menos que aqueles que não têm algum tipo de fé.</p><p>e) Os pobres se suicidam mais que a classe média.’</p><p>7</p><p>Sociologia</p><p>9. “Solidariedade orgânica” e “solidariedade mecânica” são conceitos propostos pelo sociólogo francês</p><p>Émile Durkheim (1858-1917) para explicar a 'coesão social' em diferentes tipos de sociedade. De acordo</p><p>com as teses desse estudioso, nas sociedades ocidentais modernas, prevalece a 'solidariedade</p><p>orgânica', onde os indivíduos se percebem diferentes embora dependentes uns dos outros. A lógica do</p><p>mercado capitalista, entretanto, baseada na competição individualista em busca do lucro, pode</p><p>corromper os vínculos de solidariedade que asseguram a coesão social e conduzir a uma situação de</p><p>'anomia'.</p><p>De acordo com os postulados de Durkheim, é CORRETO dizer que o conceito de “anomia” indica</p><p>a) a necessidade de todos demonstrarem solidariedade com os mais necessitados.</p><p>b) uma situação na qual aqueles indivíduos portadores de um senso moral superior devem se colocar</p><p>como líderes dos grupos dos quais fazem parte.</p><p>c) a condição na qual os indivíduos não se identificam como membros de um grupo que compartilha</p><p>as mesmas regras e normas e têm dificuldades para distinguir, por exemplo, o certo do errado e o</p><p>justo do injusto.</p><p>d) o consumismo exacerbado das novas gerações, representado pelo aumento do número de</p><p>shopping centers nas cidades.</p><p>e) a solidariedade que as pessoas demonstram quando entoam cantos nacionalistas e patrióticos</p><p>em manifestações públicas como os jogos das seleções nacionais de futebol.</p><p>10. Ao separar completamente o patrão e o empregado, a grande indústria modificou as relações de</p><p>trabalho e apartou os membros das famílias, antes que os interesses em conflito conseguissem</p><p>estabelecer um novo equilíbrio. Se a função da divisão do trabalho falha, a anomia e o perigo da</p><p>desintegração ameaça todo o corpo social e quando o indivíduo, absorvido por sua tarefa se isola em</p><p>sua atividade especial, já não percebe os colaboradores que trabalham ao seu lado e na mesma obra,</p><p>nem sequer tem ideia dessa obra comum.</p><p>(DURKHEIM, E. A Divisão Social do Trabalho. Apud QUINTEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M. Toque de</p><p>Clássicos. vol 1. Durkheim, Marx e Weber. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 91.)</p><p>Assinale a alternativa que corretamente define a função moral da divisão do trabalho social segundo E.</p><p>Durkheim.</p><p>a) Ampliar a anomia social.</p><p>b) Estimular o conflito de classes.</p><p>c) Promover a consciência de classe.</p><p>d) Estreitar os laços de solidariedade social.</p><p>e) Reproduzir formas de alienação social.</p><p>8</p><p>Sociologia</p><p>Gabarito</p><p>1. D</p><p>Durkheim, assim como os demais sociólogos de sua época, buscava fazer da sociologia uma disciplina</p><p>científica, visto que seria através desta análise que o homem</p><p>compreenderia melhor a sociedades e os</p><p>impactos por ela sofridos. Esse pensamento foi inspirado na visão positivista de Auguste Comte em</p><p>fazer da disciplina uma ciência.</p><p>2. B</p><p>Para Durkheim, a coesão da sociedade complexa é garantida pelo tipo de solidariedade nela existente: a</p><p>solidariedade orgânica. Nela. há uma complexa divisão do trabalho, que garante que cada indivíduo</p><p>ocupe um local importante na vida social.</p><p>3. D</p><p>O texto mostra o caráter coercitivo do uso de equipamentos tecnológicos para a comunicação social.</p><p>Esse tipo de interação é geral e externa ao indivíduo, por isso é um fato social.</p><p>4. A</p><p>Para Durkheim, o crime pode ser compreendido de forma sociológica como um fato social. Além de</p><p>trazer mudanças sociais, a sua existência ajuda a remodelar o ordenamento jurídico da sociedade e</p><p>esclarecer normas sociais.</p><p>5. B</p><p>O suicídio é um fato social porque se apresenta como tal, existindo em diversas sociedades de forma</p><p>mais ou menos constante.</p><p>6. C</p><p>É famosa a frase de Durkheim de que " os fatos sociais devem ser tratados como coisas" nessas</p><p>perspectivas, Durkheim pretende garantir a objetividade da análise sociológica, considerando os</p><p>fenômenos sociais como exteriores aos indivíduos e exercendo coerção sobre eles.</p><p>7. C</p><p>A anomia corresponde a um estado de desajuste social, em que os indivíduos perdem os laços de coesão</p><p>social. Em outras palavras, pode-se dizer muito bem que nessa situação não há instituições que exerçam</p><p>um poder moral efetivo sobre eles.</p><p>8. B</p><p>Para Durkheim, uma sociedade em crise pode produzir um estado de anomia, uma perda ou afastamento</p><p>dos valores e regras capazes de definir o comportamento dos indivíduos. Esse estado de crise produz a</p><p>falta de coesão. A instauração de um caos social e a falta de coesão levam os indivíduos a desistirem</p><p>da vida, pela incapacidade de estarem integrados socialmente.</p><p>9</p><p>Sociologia</p><p>9. C</p><p>A anomia corresponde a um desajuste dos indivíduos em relação à sociedade, não mais compartilhando</p><p>formas de pensar, agir, sentir que seriam próprias. Ainda que o consumismo exacerbado pudesse ser</p><p>considerado anômico, a alternativa "D" não faz uma definição de anomia e, por isso, está incorreta.</p><p>10. D</p><p>A sociologia é uma ciência que surgiu em um contexto de crise. Durkheim era um teórico que propunha</p><p>meios para se obter respostas que sanassem essa crise, que a sociedade europeia enfrentava no fim do</p><p>século XIX. Grande parte dos problemas eram provocados pela nova divisão do trabalho criada</p><p>pela sociedade industrial, transformando os tipos de solidariedade e as relações sociais. Assim, ele</p><p>acreditava que a divisão do trabalho social tinha uma importante função moral a ser alcançada, que era</p><p>a de estreitar os laços de solidariedade perdidos com as transformações no modo de produção.</p><p>1</p><p>Sociologia</p><p>Ação Social em Weber</p><p>Resumo</p><p>Max Weber (1864 – 1920) foi um sociólogo, economista e historiador alemão, um dos fundadores da</p><p>Sociologia, juntamente com os outros dois sociólogos clássicos, Émile Durkheim (1858 – 1917) e Karl Marx</p><p>(1818 – 1883). Diferentemente de Durkheim, que defendia o método comparativo, e do materialismo dialético</p><p>de Marx, Weber desenvolveu um método de análise sociológica que ficou conhecido como método</p><p>compreensivo, que se tornou a segunda vertente do método sociológico, tendo surgido na Alemanha.</p><p>Weber defende que os fenômenos sociais exigem a formulação de um método próprio, distinto daquele</p><p>utilizado pelas Ciências Naturais. Enquanto as Ciências da Natureza explicam os fenômenos a partir da</p><p>regularidade que apresentam, as Ciências Sociais devem compreender as manifestações que ocorrem dentro</p><p>de uma sociedade. Isso só é possível, segundo Weber, através da análise dos sentidos atribuídos pelos</p><p>indivíduos à sua vida e à sua maneira de agir no âmbito da cultura da qual faz parte.</p><p>Isso significa uma grande mudança em relação ao método de Durkheim que, em As Regras do pensamento</p><p>sociológico (1895), defende um predomínio da sociedade em relação ao indivíduo. Ou seja, que os fatos</p><p>sociais existem independente da vontade dos indivíduos, além de serem gerais e coercitivos. Já para Weber,</p><p>cada fenômeno social tem uma particularidade que deve ser levada em conta pela análise sociológica, que</p><p>deve tornar compreensível e tentar interpretar as intenções e sentidos das ações dos indivíduos dentro de</p><p>uma certa cultura. Para Weber, observar a sociedade tal qual um fenômeno reproduzível a exaustão para</p><p>determinar suas regras é uma impossibilidade (por motivos óbvios), já que a sociedade não cabe num</p><p>laboratório. Além disso, há diversas implicações metodológicas e éticas em isolar um indivíduo ou um grupo</p><p>social num experimento. Como ter certeza de que os resultados serão confiáveis? Como saber se o indivíduo</p><p>reagiria, no interior da sociedade, da mesma maneira como se comporta num cenário diferenciado? A</p><p>quantidade de variáveis que podem interferir num fenômeno social é absurdamente grande e tentar rastrear</p><p>isso é um despropósito, já que a humanidade na sua unidade analisável (o indivíduo) se apresenta</p><p>imensamente diverso (em comparação) e volátil (em comportamento). Devemos aceitar as limitações dessa</p><p>prática científica e seguir o que importa para nós mesmos (como cientistas e como pessoas), os motivos</p><p>pelos quais fazemos o que fazemos.</p><p>As implicações da postura teórico-metodológica de Weber são claras. Como já vimos, as ciências sociais são</p><p>muito diferentes das naturais. Também podemos concluir que a pretensa neutralidade da ciência é uma</p><p>impossibilidade nas ciências sociais, estamos inseridos naquilo que pesquisamos, diariamente produzimos</p><p>alterações, mudanças e interferências nos fenômenos sociais. Além disso, podemos imaginar que fazer</p><p>pesquisa sociológica para Weber é como procurar objetos em um cômodo escuro. Porque, diferente dos</p><p>outros clássicos, Weber não tem uma regra geral estruturante da sociedade. Seu objeto de estudo é o</p><p>indivíduo. Mas Weber não nos jogou despreparados nesse quarto, ele nos deu lanternas e bússolas. Esses</p><p>instrumentos de análise são os tipos ideais.</p><p>Os tipos ideais são representações perfeitas de um fenômeno. No tipo ideal estão listadas todas as</p><p>características que um fenômeno deve apresentar para ser classificado de uma dada forma. No entanto, o</p><p>mais importante sobre o tipo ideal é que ele não existe na realidade, porque ele é uma ideia. Ou seja, você</p><p>nunca vai encontrar num fenômeno que se manifeste exatamente como o tipo ideal afirma. Em vez disso,</p><p>você encontrará fenômenos muitos parecidos, que se desviam em um ou outro ponto do tipo ideal, mas</p><p>podem objetivamente ser enquadrado nele. O tipo ideal é uma concepção provisória sobre mundo, que nos</p><p>guia em busca da compreensão dos fenômenos, mas nunca submete a realidade a essa classificação.</p><p>2</p><p>Sociologia</p><p>Essa proposta de Weber é interessante porque nos permite usar uma ferramenta eficaz para identificar</p><p>fenômenos ao mesmo tempo que afirma a primazia da realidade sobre nossa subjetividade ao fazer uma</p><p>análise.</p><p>Do ponto de vista do objeto, segundo Weber, a única coisa que pode ser, de fato, observada dentro de uma</p><p>sociedade são os indivíduos, a maneira como agem e como eles compreendem suas próprias ações. A</p><p>sociologia tem como tarefa fazer a descrição desses comportamentos, assim como interpretá-los. A unidade</p><p>mínima da análise sociológica, portanto, são os indivíduos, e eles praticam ações sociais que estão baseadas</p><p>na tradição, nos afetos ou na razão, o que nos remete a tese de Weber de que há quatro tipos fundamentais</p><p>de ações sociais que explicam as causas dos fenômenos que observamos nas sociedades, são elas: ações</p><p>tradicionais, ações afetivas, ações racionais orientadas para valores e ações racionais orientadas a fins.</p><p>Antes de apresentar os tipos ideais de ações sociais, é necessário definir</p><p>ação social. O tipo ideal de ação</p><p>social é qualquer ação orientada a outra pessoa. São ações que levam em consideração alguém, que tem</p><p>como sentido um outro indivíduo (ou vários), ou uma ação em que resta uma expectativa. Normalmente essas</p><p>ações ocorrem no interior de relações sociais, que são comportamentos em que os indivíduos são um a</p><p>referência do outro para guiar suas ações, ou compartilham a referência de sentido que os orienta. Há na</p><p>relação social a noção de reciprocidade e compartilhamento, e a rede de relações sociais é que forma a</p><p>sociedade.</p><p>As ações tradicionais são aquelas ações que se fundamentadas em hábitos ou costumes da tradição. Por</p><p>exemplo: Quando saímos de casa e nos dizem “Bom dia!” e respondemos também com um “Bom dia!”, trata-</p><p>se de uma ação social baseada no hábito, independentemente, por exemplo, de ser ou não, efetivamente, um</p><p>bom dia. Trata-se de uma forma de agir consolidada através do costume.</p><p>Já as ações afetivas são aquelas motivadas pelo estado emocional do indivíduo e não por conta da busca</p><p>por atingir qualquer fim. Por exemplo: Sair correndo ao receber uma ótima notícia. É importante ressaltar que,</p><p>para Weber, os tipos de ação não definem a realidade, mas o contrário. Essas classificações servem para</p><p>identificar ações sociais e buscar o sentido dessas ações, mas é perfeitamente possível que uma ação social</p><p>seja tradicional e afetiva, como almoçar à mesa no domingo com a família pode ser ao mesmo tempo um</p><p>hábito e uma possibilidade de estar com quem se gosta.</p><p>As ações racionais orientadas a valores são ações que se fundamentam nos valores dos indivíduos que as</p><p>praticam, ou seja, é quando os indivíduos agem levando em conta os seus princípios, independentemente das</p><p>consequências que essas ações possam ter. Não é o fim que orienta ação, mas sim o valor, seja ele estético,</p><p>ético, político, etc.… Por exemplo: No futebol quando um jogador faz uma jogada bonita ou dá um drible em</p><p>seu adversário, apenas pela beleza da jogada. Ou quando uma categoria faz uma manifestação para cobrar</p><p>melhores condições de trabalho, mesmo sabendo que pode acabar sofrendo represália.</p><p>Por fim, temos as ações racionais orientadas a fins, que são aquelas ações que praticamos por fazermos um</p><p>cálculo racional para que possamos alcançar um certo fim que desejamos. Por exemplo: Se desejo me tornar</p><p>um músico, devo estabelecer os meios através dos quais posso atingir o meu objetivo, a minha finalidade,</p><p>que no caso é ser músico. Assim como no caso dos que buscam ser aprovados para um curso de nível</p><p>superior, eles devem organizar suas ações no intuito de atingir aquele objetivo. Qual será a melhor alternativa</p><p>para atingir o meu objetivo? Quando fazemos essa pergunta e orientamos nossas ações de maneira racional</p><p>a fim de atingir um objetivo, estamos praticando ações racionais orientadas a fins.</p><p>3</p><p>Sociologia</p><p>Exercícios</p><p>1. Uma conduta plural – de várias pessoas – que, pelo sentido que encerra, se apresenta como</p><p>reciprocamente referida, orientando-se por essa reciprocidade.</p><p>(CASTRO, A. M.; DIAS, E. F. Introdução ao Pensamento Sociológico. Rio de Janeiro: Eldorado, 1975. p.119.)</p><p>Com base nos conhecimentos sobre a teoria sociológica de Max Weber, assinale a alternativa que</p><p>nomeia, corretamente, o conceito explicitado pelo texto.</p><p>a) Consciência coletiva.</p><p>b) Consciência individual.</p><p>c) Classe social.</p><p>d) Estrutura social.</p><p>e) Relação social.</p><p>2. (Unicentro 2012) “Do ponto de vista do agente, o motivo é o fundamento da ação; para o sociólogo, cuja</p><p>tarefa é compreender essa ação, a reconstrução do motivo é fundamental, porque, da sua perspectiva,</p><p>ele figura como a causa da ação. Numerosas distinções podem ser estabelecidas e Weber realmente</p><p>o faz. No entanto, apenas interessa assinalar que, quando se fala de sentido na sua acepção mais</p><p>importante para a análise, não se está cogitando da gênese da ação, mas sim daquilo para o que ela</p><p>aponta, para o objetivo visado nela; para o seu fim, em suma.”</p><p>COHN, Gabriel (Org.). Max Weber: sociologia. São Paulo: Ática, 1979.</p><p>A categoria weberiana que melhor explica o texto em evidência está explicitada em</p><p>a) A ação social possui um sentido que orienta a conduta dos atores sociais.</p><p>b) A luta de classes tem sentido porque é o que move a história dos homens.</p><p>c) Os fatos sociais não são coisas, e sim acontecimentos que precisam ser analisados.</p><p>d) O tipo ideal é uma construção teórica abstrata que permite a análise de casos particulares.</p><p>e) O sociólogo deve investigar o sentido das ações que não são orientadas pelas ações de outros.</p><p>4</p><p>Sociologia</p><p>3. (Uel 2013) Os documentos de identificação individual podem ser analisados sob a perspectiva dos</p><p>estudos weberianos a respeito da sociedade moderna.</p><p>Assim caminha a humanidade – sociedade de consumo.</p><p>Disponível em: <http://blogodopedronelito.blospot.com.br/2012/02/assim-caminha-humanidade.html.</p><p>Sobre essa análise, assinale a alternativa correta.</p><p>a) A ação racional com relação a valores é o tipo conceitual que explica o uso do CPF, uma vez que</p><p>se refere às riquezas do indivíduo.</p><p>b) A adoção de documentos de identificação pessoal corresponde aos interesses dos indivíduos pelo</p><p>prestígio social.</p><p>c) A identificação pelo CPF é um exemplo de imitação e de ação condicionada pelas massas,</p><p>fenômenos comuns na sociedade moderna.</p><p>d) CPF e documentos pessoais fortalecem o processo de desburocratização das estruturas racionais</p><p>de dominação.</p><p>e) O uso do CPF é uma ação dotada de sentido, isto é, compreensível pelos demais indivíduos</p><p>envolvidos na situação.</p><p>5</p><p>Sociologia</p><p>4. (UEL 2005) Leia o texto a seguir, escrito por Max Weber (1864-1920), que reflete sobre a relação entre</p><p>ciência social e verdade:</p><p>“[...] nos é também impossível abraçar inteiramente a sequência de todos os eventos físicos e mentais</p><p>no espaço e no tempo, assim como esgotar integralmente o mínimo elemento do real. De um lado,</p><p>nosso conhecimento não é uma reprodução do real, porque ele pode somente transpô-lo, reconstruí-lo</p><p>com a ajuda de conceitos, de outra parte, nenhum conceito e nem também a totalidade dos conceitos</p><p>são perfeitamente adequados ao objeto ou ao mundo que eles se esforçam em explicar e compreender.</p><p>Entre conceito e realidade existe um hiato intransponível. Disso resulta que todo conhecimento,</p><p>inclusive a ciência, implica uma seleção, seguindo a orientação de nossa curiosidade e a significação</p><p>que damos a isto que tentamos apreender”.</p><p>(Traduzido de: FREUND, Julien. Max Weber. Paris: PUF, 1969. p. 33.)</p><p>Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar que, para Weber:</p><p>a) A ciência social, por tratar de um objeto cujas causas são infinitas, ao invés de buscar compreendê-</p><p>lo, deve limitar-se a descrever sua aparência.</p><p>b) A ciência social revela que a infinitude das variáveis envolvidas na geração dos fatos sociais</p><p>permite a elaboração teórica totalizante a seu respeito.</p><p>c) O conhecimento nas ciências sociais pode estabelecer parcialmente as conexões internas de um</p><p>objeto, portanto, é limitado para abordá-lo em sua plenitude.</p><p>d) Alguns fenômenos sociais podem ser analisados cientificamente na sua totalidade porque são</p><p>menos complexos do que outros nas conexões internas de suas causas.</p><p>e) O obstáculo para a ciência social estabelecer um conhecimento totalizante do objeto é o fato de</p><p>desconsiderar contribuições de áreas como a biologia e a psicologia, que tratam dos eventos</p><p>físicos e mentais.</p><p>5. (UFU 2001) Para explicar os fenômenos sociais, Weber propôs um instrumento de análise que chamou</p><p>de tipo ideal. Esse instrumento pode ser definido como:</p><p>I. uma construção do pensamento que permite identificar na realidade observada as manifestações</p><p>dos fenômenos e compará-las.</p><p>II. uma construção do pensamento que permite conceituar fenômenos e formações sociais.</p><p>III.</p><p>um modelo perfeito a ser buscado pelas formações sociais históricas e qualquer realidade</p><p>observável.</p><p>IV. um modelo que tem a ver com as espécies sociais de Durkheim, exemplos de sociedades</p><p>observadas em diferentes graus de complexidade.</p><p>V. uma construção teórica abstrata a partir de casos particulares analisados.</p><p>a) I, II e V estão corretas.</p><p>b) I, II e III estão corretas.</p><p>c) II, III e V estão corretas.</p><p>d) II, III e IV estão corretas.</p><p>e) Todas estão corretas.</p><p>6</p><p>Sociologia</p><p>6. (Interbits 2012) “Eu não sou uma pessoa rica por enquanto, mas, se a gente aparenta pobreza, aí é que</p><p>o dinheiro não entra mesmo. Mas eu já posso dizer que tenho uma carreira, que tenho objetivos a serem</p><p>alcançados. E quando você tem uma carreira profissional pela frente, metas a serem atingidas, você</p><p>tem que exibir para o mundo o seu sucesso, mostrar para o mundo que você é capaz de vencer. Para</p><p>ser vitoriosa, você tem que parecer vitoriosa. E o sucesso sempre vai estar refletido na sua beleza. A</p><p>roupa que se usa é o retrato de quem se é.”</p><p>SANT’ANNA, André. Questão Estética. Acesso em 25/05/2012.</p><p>A mulher que escolhe a sua roupa segundo o sucesso que pretende alcançar está de acordo,</p><p>predominantemente, com qual dos tipos de ação social?</p><p>a) Ação tradicional.</p><p>b) Ação afetiva.</p><p>c) Ação racional referente a valores.</p><p>d) Ação racional referente a fins.</p><p>e) Ação convencional.</p><p>7. (Uel 2008) De acordo com Max Weber, a Sociologia significa: “uma ciência que pretende compreender</p><p>interpretativamente a ação social e assim explicá-la casualmente em seu curso e em seus efeitos.” Por</p><p>ação social entende-se as ações que: “quanto ao seu sentido visado pelo agente, se refere ao</p><p>comportamento dos outros, orientando-se por este em seu curso.”</p><p>(WEBER, M. Economia e sociedade. traduzido por Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa. vol. I. Brasília: Editora UnB,</p><p>2000.p.3)</p><p>Com base no texto, considere as afirmativas a seguir:</p><p>I. “Mesmo entre gente humilde, porém, funcionava o sistema de obrigações recíprocas. O</p><p>nonagenário Nhô Samuel lembrava com saudade o dia em que o pai, sitiante perto de Tatuí, lhe</p><p>disse que era tempo de irem buscar a novilha dada pelo padrinho… Diz que era costume, se o pai</p><p>morria, o padrinho ajudar a comadre até ‘arranjar a vida’. Hoje, diz Nhô Roque, a gente paga o</p><p>batismo e, quando o afilhado cresce, nem vem dar louvado (pedir a benção).”</p><p>(CANDIDO, A. Os Parceiros do Rio Bonito. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1982. p. 247.)</p><p>II. “O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos</p><p>do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a</p><p>plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.”</p><p>(CUNHA, E. Os Sertões. São Paulo: Círculo do Livro, 1989. p. 95.)</p><p>III. “Não há assim por que considerar que as formas anacrônicas e remanescentes do escravismo,</p><p>ainda presentes nas relações de trabalho rural brasileiro, […], dando com isso origem a relações</p><p>semifeudais que implicariam uma situação de ‘latifúndios de tipo senhorial a explorarem</p><p>camponeses ainda envolvidos em restrições da servidão da gleba’. Isso tudo não tem sentido na</p><p>estrutura social brasileira.”</p><p>(PRADO Jr., C. A Revolução Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 106.)</p><p>IV. “O coronel, antes de ser um líder político, é um líder econômico, não necessariamente, como se diz</p><p>sempre, o fazendeiro que manda nos seus agregados, empregados ou dependentes. O vínculo não</p><p>obedece a linhas tão simples, que se traduziriam no mero prolongamento do poder privado na</p><p>ordem na ordem pública […] ocorre que o coronel não manda porque tem riqueza, mas manda</p><p>porque se lhe reconhece esse poder, num pacto não escrito.”</p><p>(FAORO, R. Os donos do poder. v. 2. Porto Alegre: Editora Globo, 1973. p. 622.)</p><p>Correspondem ao conceito de ação social citado anteriormente somente as afirmativas</p><p>a) I e IV.</p><p>b) II e III.</p><p>c) II e IV.</p><p>d) I, II e III.</p><p>e) II, III e IV.</p><p>7</p><p>Sociologia</p><p>8. (Ufu 2002) Segundo as concepções de indivíduo e de sociedade na sociologia de Max Weber, assinale</p><p>a alternativa correta.</p><p>a) O indivíduo age socialmente, de acordo com as motivações e escolhas que possui e faz, podendo</p><p>estar relacionadas ou a uma tradição, ou a uma devoção afetiva ou, ainda, a uma racionalidade.</p><p>b) A sociedade se opõe aos indivíduos, como força exterior a eles, razão pela qual os indivíduos</p><p>refletem as normas sociais vigentes.</p><p>c) O gênero humano é, irremediavelmente, um ser social, condição expressa pelo fato dos homens e</p><p>mulheres fazerem a história, mas sempre a partir de uma situação dada.</p><p>d) O Estado capitalista nada tem a ver com as escolhas que os indivíduos fazem a partir das</p><p>motivações que possuem, sendo, na verdade, a expressão das classes sociais em luta.</p><p>e) e) O indivíduo age a partir do fato social, logo, definido pela sociedade.</p><p>9. (UEMA, 2012) No conjunto da sua Sociologia compreensiva, o sociólogo alemão Max Weber define</p><p>ação social como ação</p><p>a) racional em que o agente associa um sentido objetivo aos fatos sociais.</p><p>b) desprovida de sentido subjetivo e motivacional.</p><p>c) humana associada a um sentido objetivo.</p><p>d) cuja intenção fomentada pelos indivíduos se refere à conduta de outros, orientando-se por ela.</p><p>e) não orientada significativamente pela conduta do outro em prol de um bem comum</p><p>10. (UNICENTRO 2010) A respeito do conceito, de Max Weber, de Ação Social é correto afirmar que</p><p>a) a ordem social obriga o indivíduo a maneira como ele deve agir em sociedade.</p><p>b) a motivação do indivíduo não interfere em sua ação social.</p><p>c) os valores sociais de um indivíduo não influenciam em sua ação social.</p><p>d) ação social e relação social têm o mesmo sentido e significado.</p><p>e) a ação social é a conduta humana dotada de sentido, o indivíduo a produz, por meio de valores</p><p>sociais e da sua motivação.</p><p>8</p><p>Sociologia</p><p>Gabarito</p><p>1. E</p><p>Weber descreve a relação social como um comportamento, ou um conjunto de ações, que envolva</p><p>reciprocidade de compartilhamento no sentido que o oriente, realizado dois ou mais pessoas. Ou seja,</p><p>uma relação social é um comportamento apresentado por dois ou mais indivíduos orientado</p><p>culturalmente, com um motivo relacionado e com alguma expectativa envolvida.</p><p>2. A</p><p>Para Weber, o que diferencia a ação humana das ações de todos os outros seres, vivos ou não, é que ela</p><p>sempre tem um sentido subjetivo, uma motivação. Cabe ao sociólogo investigar as ações sociais, isto é,</p><p>as ações humanas que envolvem alguma relação ou expectativa de relação para com o outro.</p><p>3. E</p><p>O uso do CPF é um claro exemplo de ação social, isto é, de uma ação dotada de motivação (no caso, a</p><p>identificação pessoal) e que está relacionada ao outro (por exemplo, a fim de se obter de um funcionário</p><p>certa informação)</p><p>4. C</p><p>Mais talvez do que qualquer dos outros grandes sociólogos, Weber tinha uma profunda consciência das</p><p>limitações do conhecimento sociológico, como se evidencia no texto. Isso contudo não o levou a defender</p><p>que a sociologia deveria ser um saber meramente descritivo.</p><p>5. A</p><p>Os tipos ideais não são modelos de perfeição a serem concretizados. Eles são chamados de “ideais” no</p><p>sentido de não serem reais, não no de serem perfeitos. Do mesmo modo, os tipos ideais nada tem a ver</p><p>com as espécies sociais de Durkheim, visto que estas eram tipologias de sociedades inteiras, enquanto</p><p>os tipos ideais weberianas são tipologias de ações sociais de indivíduos.</p><p>6. D</p><p>Trata-se de um exemplo claríssimo de uma ação racional com relação a fins, que é a ação social utilitária,</p><p>na qual se estabelece um determinado objetivo e se buscam os meios para realizá-lo do modo mais</p><p>eficiente possível.</p><p>7. A</p><p>Apenas as passagens I e IV alinham-se na perspectiva weberiana, tratando das ações de indivíduos (num</p><p>caso, nhô Samuel; no outro, o coronel) e não</p><p>de grupos ou classes sociais, como o sertanejo (passagem</p><p>II), ou mesmo de sociedades inteiras (passagem III).</p><p>8. A</p><p>Para Weber, o centro da análise sociológica deve ser o comportamento dos indivíduos e não a sociedade</p><p>tomada em sua generalidade ou os padrões sociais. O indivíduo em suas motivações subjetivas e</p><p>interações sociais é que é o centro - isto, naturalmente, sem negar que as instituições sociais influenciam</p><p>o comportamento dos indivíduos.</p><p>9</p><p>Sociologia</p><p>9. D</p><p>Os erros da A são dizer que ação social é necessariamente racional e que ela tem um sentido objetivo. A</p><p>opção B é o exato contrário do que Weber defendia. A opção C repete um dos erros da A. A Letra E nega</p><p>a dimensão social da ação social, o que é contraditório.</p><p>10. E</p><p>Perfeita, a opção correta apenas exprime em outras palavras a famosa definição weberiana de ação</p><p>social, segundo a qual esta é uma ação dotada de sentido subjetivo e que sempre envolve uma relação</p><p>ou expectativa de relação para com o outro.</p><p>1</p><p>Sociologia</p><p>Weber e o uso legítimo da força</p><p>Resumo</p><p>Poder, política e Estado</p><p>Weber é um importante pensador para a Ciência Política, pelas suas contribuições para as definições de</p><p>poder e Estado, amplamente utilizadas na contemporaneidade. Essas definições nos ajudam a desfazer a</p><p>confusão que esse tema assume no dia a dia. Em diversas situações no cotidiano a noção de poder, política</p><p>e Estado se entrelaçam de tal forma que chega a ser comum nos atrapalharmos para conceituarmos cada</p><p>uma dessas noções. No entanto, do ponto de vista sociológico, esses três conceitos, apesar de bem</p><p>próximos, possuem significados bem distintos. Entende-se por poder (segundo Weber e outros pensadores)</p><p>a possibilidade de exercer influência sobre o comportamento e as atitudes de alguém, seja conhecida ou</p><p>não. Não se trata dispor da obediência, o conceito de poder é mais amplo e engloba a possibilidade de impor</p><p>sua vontade sobre outro. Por política entendem-se os meios pelos quais um indivíduo ou grupo social exerce</p><p>o poder ou o conquista. A política é a arte de conquistar, manter e exercer o poder mediante as condições</p><p>socioculturais deste grupo. Já o Estado é um modo específico de exercer o poder e, ao mesmo tempo, a</p><p>forma como se organiza o sistema político da maior parte das sociedades. É uma instituição da esfera</p><p>política de uma sociedade que requer para si a primazia da tomada de decisões de um povo e determina</p><p>politicamente formas de ser e estar no seu território. Pode ser identificado, segundo Weber, pelo monopólio</p><p>no uso legítimo da força dentro de um dado espaço. Ou seja, se uma pessoa age de violência no meio social</p><p>ela será considerada criminosa, ao passo que, em circunstâncias específicas, um agente do Estado pode</p><p>usar de violência. É importante salientar que o poder não é exclusivo ao Estado. Em relações simples, como</p><p>a que temos com amigos e familiares, também exercemos poder.</p><p>Tipos de Poder</p><p>De acordo com o sociólogo Max Weber, o poder refere-se à imposição da própria vontade em uma relação</p><p>social, mesmo quando há resistência da pessoa dominada. Quantas vezes não sofremos imposições dentro</p><p>do círculo familiar ou mesmo no emprego, mesmo não gostando? Segundo o sociólogo, o poder está</p><p>presente em todos os tipos de ambientes, em diferentes esferas da vida humana. Também podemos o</p><p>encontrar em sua forma simples (entre dois indivíduos) ou mesmo na complexa (em uma empresa, cidade</p><p>ou país). O que há em comum é o desejo de influenciar a conduta alheia.</p><p>O poder possui diversas formas de exercício, porém as que mais se destacam para o nosso estudo são: O</p><p>poder econômico, cultural e político. O poder econômico se baseia nos bens materiais como forma de</p><p>influência, o ideológico na capacidade de formação de ideias das pessoas e o político na possibilidade de</p><p>usar infinitos recursos burocráticos para influenciar a coletividade. Essas formas de poder, para Weber,</p><p>influenciam na hierarquia social. Quanto mais poder você concentra, mais bem posicionado você está.</p><p>O poder legítimo e as formas de dominação</p><p>Até o momento falamos, exclusivamente, das relações de poder que todos estão submetidos. A grande</p><p>questão para Weber é a da identificação da legitimação ou não do poder. Para ele, é legítimo o poder que a</p><p>influência exercida é aceita por quem está sendo influenciado, como por exemplo, o poder exercido por um</p><p>governante eleito democraticamente. E não é legítimo o poder que pressupõe o uso da força, como por</p><p>exemplo, o poder exercido por um ditador. O exercício legítimo do poder é denominado por Weber como</p><p>dominação, e ele a divide em três tipos ideais – a dominação tradicional, a racional-legal e a carismática.</p><p>2</p><p>Sociologia</p><p>A dominação tradicional é aquela que os indivíduos aceitam o poder exercido através dos costumes e</p><p>hábitos, por suas crenças difundidas por gerações. É o tipo de dominação das relações feudais e do</p><p>patriarcalismo, por exemplo.</p><p>A dominação carismática é exercida através da crença de que um determinado indivíduo possui qualidades</p><p>excepcionais que lhe permite exercer tal liderança. É uma dominação personalista, baseada na capacidade</p><p>do líder de convencer/demonstrar sua habilidade de liderança insubstituível. A dominação carismática poder</p><p>tanto conservadora quanto transgressora, já que essa crença extrapola as tradições e costumes</p><p>estabelecidos.</p><p>Já a dominação racional-legal é aceita por todos com base na racionalidade. As transformações provocadas</p><p>pelos eventos da Idade Moderna, especialmente o Iluminismo, elegeram a razão como guia da humanidade.</p><p>Assim, não se trata mais de costumes ou características sobrenaturais, mas do consenso de que devemos</p><p>seguir regras discutidas e aceitas por todos. Os Estado-nações modernos se baseiam nessa concepção (da</p><p>legalidade) para estruturar sua dominação, apoiados na burocracia (que tem um sentido pejorativo</p><p>atualmente, mas é o instrumento que torna possível o funcionamento de uma sociedade tão grande de</p><p>diversa quanto os países modernos). A obediência aqui se dá pela relação impessoal do Estado com os</p><p>cidadãos e pelo estabelecimento de regras gerais convencionadas sem distinção entre os membros do</p><p>grupo.</p><p>3</p><p>Sociologia</p><p>Exercícios</p><p>1. (Unioeste 2016) Max Weber (1864-1920) afirma que “devemos conceber o Estado contemporâneo</p><p>como uma comunidade humana que, dentro dos limites de determinado território […], reivindica o</p><p>monopólio do uso legítimo da violência física”</p><p>(Weber, Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 2006, p. 56).</p><p>Assinale a alternativa CORRETA, a respeito do significado da afirmação de Weber.</p><p>a) Para Weber, no caso do Estado contemporâneo, apenas seus agentes podem utilizar a violência</p><p>de modo legítimo dentro dos limites do seu território.</p><p>b) O Estado foi sempre o único agente que pode utilizar legalmente a violência com o consentimento</p><p>dos cidadãos – a violência dos pais contra os filhos, por exemplo, sempre foi ilegal.</p><p>c) Atualmente, o Estado é o único agente que utiliza a violência (ameaças, armas de fogo, coação</p><p>física) como meio de atingir seus fins – assim a segurança de todos os cidadãos está garantida.</p><p>d) Outros grupos também podem utilizar a violência como recurso – por exemplo, as empresas</p><p>privadas de vigilância – independente da autorização legal do Estado.</p><p>e) Todos os cidadãos reconhecem como legítima qualquer violência praticada pelos agentes do</p><p>Estado contemporâneo – por exemplo, quando a polícia usa balas de borracha contra grevistas.</p><p>2. (Enem 2011) “Os três tipos de poder representam três diversos tipos de motivações: no poder</p><p>tradicional, o motivo da obediência é a crença na sacralidade da pessoa do soberano; no poder</p><p>racional, o motivo da obediência deriva da crença na racionalidade do comportamento conforme a</p><p>lei; no poder carismático, deriva da crença nos dotes extraordinários</p><p>do chefe.”</p><p>BOBBIO, N. Estado, Governo, Sociedade: para uma teoria geral da política. São Paulo: Paz e Terra, 1999 (adaptado)</p><p>O texto apresenta três tipos de poder que podem ser identificados em momentos históricos distintos.</p><p>Identifique o período em que a obediência esteve associada predominantemente ao poder</p><p>carismático:</p><p>a) República Federalista Norte-Americana.</p><p>b) República Fascista Italiana no século XX.</p><p>c) Monarquia Teocrática do Egito Antigo.</p><p>d) o Monarquia Absoluta Francesa no século XVII.</p><p>e) Monarquia Constitucional Brasileira no século XIX.</p><p>4</p><p>Sociologia</p><p>3. (Ufu 2016) Para Weber, “A dominação, ou seja, a probabilidade de encontrar obediência a um</p><p>determinado mandato, pode fundar-se em diversos motivos de submissão.” (COHN, 1991. p. 128).</p><p>Nesse sentido, as ações de Mahatma Gandhi, líder no movimento de independência da Índia,</p><p>representam qual tipo de dominação na análise weberiana?</p><p>a) Dominação Legal.</p><p>b) Dominação Anômica.</p><p>c) Dominação Carismática.</p><p>d) Dominação Altruísta.</p><p>e) Dominação inteligente.</p><p>4. O desenvolvimento da civilização e de seus modos de produção fez aumentar o poder bélico entre</p><p>os homens, generalizando no planeta a atitude de permanente violência. No mundo contemporâneo,</p><p>a formação dos Estados nacionais fez dos exércitos instituições de defesa de fronteiras e fator</p><p>estratégico de permanente disputa entre nações. Nos armamentos militares se concentra o grande</p><p>potencial de destruição da humanidade. Cada Estado, em nome da autodefesa e dos interesses do</p><p>cidadão comum, desenvolve mecanismos de controle cada vez mais potentes e ostensivos. O uso</p><p>da força pelo Estado transforma-se em recurso cotidianamente utilizado no combate à violência e à</p><p>criminalidade.</p><p>(Adaptado de: COSTA, C. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 1997. p.283-285.)</p><p>Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a concepção sociológica weberiana sobre o uso</p><p>da força pelo Estado contemporâneo.</p><p>a) A força militar contemporânea, por seu poder de persuasão e atributos personalísticos, é um</p><p>agente exemplar do tipo de dominação carismática.</p><p>b) Na sociedade contemporânea, o poder compartilhado entre cidadãos e Estado, para o uso da</p><p>força, define a dominação legítima do tipo racional-legal.</p><p>c) O Estado contemporâneo caracteriza-se pela fragmentação do poder de força, conforme o tipo</p><p>ideal de dominação carismática, a exemplo do patriarca.</p><p>d) O Estado contemporâneo define-se pelo direito de monopólio do uso da força, baseado na</p><p>dominação legítima do tipo racional-legal.</p><p>e) O tipo ideal de dominação tradicional é exercido com base na legitimidade e na legalidade do</p><p>poder de uso democrático da força pelo Estado contemporâneo.</p><p>5</p><p>Sociologia</p><p>5. A dominação, ou seja, a probabilidade de encontrar obediência a um determinado mandato, pode</p><p>fundar-se em diversos motivos de submissão. Pode depender diretamente de uma constelação de</p><p>interesses, ou seja, de considerações utilitárias de vantagens e inconvenientes por parte daquele que</p><p>obedece. Pode, também, depender de mero "costume", hábito cego de um comportamento</p><p>inveterado. Ou pode fundar-se, finalmente, no puro afeto, na mera inclinação pessoal do súdito [ ... ]</p><p>Nas relações entre dominantes e dominados, por outro lado, a dominação costuma apoiar-se</p><p>internamente em bases jurídicas, nas quais se funda a sua 'legitimidade' [ ... ] Em forma, totalmente</p><p>pura, as 'bases de legitimação' da dominação são somente três, cada uma das quais se acha</p><p>entrelaçada - no tipo puro - com uma estrutura sociológica fundamentalmente diversa do quadro e</p><p>dos meios administrativos"</p><p>(COHN, Gabriel. Max Weber: Sociologia. 2. ed. Ática: São Paulo, 1982). (Coleção Grande Cientistas Sociais n° 13).</p><p>A análise sociológica dos tipos de dominação é um dos marcos centrais da sociologia de Max Weber</p><p>e sobre os tipos de dominação pode-se afirmar que:</p><p>a) as regras jurídicas do direito brasileiro estão pautadas na dominação tradicional.</p><p>b) o patriarcalismo presente no coronelismo brasileiro se estruturou a partir da dominação</p><p>tradicional.</p><p>c) o poder do grande capital advém da dominação econômica.</p><p>d) analisando sociologicamente uma empresa compreende-se que a relação mando-obediência é</p><p>construída pela dominação carismática.</p><p>e) a dominação política é exercida por grupos de interesse organizados.</p><p>6. A Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República informou nesta quinta-feira</p><p>que 35 milhões de brasileiros ascenderam nos últimos dez anos à classe média, composta atualmente</p><p>por 104 milhões de pessoas, o que corresponde a 53% do total da população. O estudo classificou</p><p>como de classe média as famílias com renda per capita entre R$ 291,00 e R$ 1.019,00 por mês.</p><p>(Adaptado de: Exame.com 20 set. 2012. Disponível em: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/35-milhoes-de-</p><p>pessoasascenderam-a-classe-media. Acesso em: 18 abr. 2014.)</p><p>Pelo menos metade das famílias que moram em favelas e ocupações no Brasil pertence à nova</p><p>classe média, segundo levantamento do G1 com base em dados sobre renda do Censo do Instituto</p><p>Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números apontam ainda que quase 5% dessa fatia da</p><p>população estaria na classe alta.</p><p>(G1. Economia. 1 out. 2012. Disponível em: http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/10/nova-classe-media-inclui-</p><p>ao-menos50-das-familias-em-favelas-do-pais.html. Acesso em: 18 abr. 2014.)</p><p>Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o conceito de classe social aplicado no estudo</p><p>em tela.</p><p>a) A classe social é considerada com base na capacidade de consumo dos indivíduos e das famílias,</p><p>via mercado, em conformidade com o sentido dado por Karl Marx à noção de classe social.</p><p>b) Classe média corresponde a um conjunto de atributos culturais, padrões de consumo,</p><p>comportamento, costumes, valores e práticas culturais que pretendem demarcar as distinções</p><p>entre os grupos sociais.</p><p>c) Classe média envolve a classificação de indivíduos com situação econômica estável e</p><p>independência em relação aos serviços prestados pelo Estado, sendo estes focados na</p><p>população em situação de pobreza.</p><p>d) Entende-se classe social no sentido marxiano do termo, isto é, são definidas com base nas</p><p>relações sociais de produção e separam os proprietários dos meios de produção dos</p><p>proprietários da força-de-trabalho.</p><p>e) Entende-se classe social no sentido weberiano, isto é, refere-se à estratificação social formada</p><p>na ordem econômica e considera a situação de classe equivalente à situação de mercado.</p><p>6</p><p>Sociologia</p><p>7. (Ufu 2002) Na canção Estação derradeira, de Chico Buarque, é apresentada, em breves palavras,</p><p>parte de um retrato falado do Rio de Janeiro:</p><p>“Rio de Janeiro</p><p>Civilização encruzilhada</p><p>Cada ribanceira é uma</p><p>nação À sua maneira</p><p>Com ladrão</p><p>Lavadeiras, honra, tradição</p><p>Fronteiras, munição pesada”.</p><p>CD FRANCISCO, Chico Buarque, RCA, 1987.</p><p>Relacione essa composição com a concepção do sociólogo Max Weber a respeito das</p><p>características do Estado moderno e aponte a alternativa correta.</p><p>a) De acordo com a perspectiva weberiana, a existência de uma “cidade partida”, como o Rio</p><p>de Janeiro, seria reflexo de uma “nação partida” em que os meios de violência são monopolizados</p><p>pelas classes dominantes para oprimir as classes dominadas.</p><p>b) Segundo a concepção weberiana, é típico de toda e qualquer sociedade de classes ou estamental</p><p>a concorrência entre poderes armados paralelos que põem, permanentemente, em questão a</p><p>possibilidade da existência do monopólio do uso legítimo da violência.</p><p>c) De acordo com Weber pode-se afirmar que, no limite, o Estado brasileiro não está inteiramente</p><p>constituído como tal, uma vez que não se revela em condições de exercer, em sua plenitude, o</p><p>monopólio do uso legítimo da violência.</p><p>d) Conforme a ótica weberiana, no Estado moderno, com</p><p>o surgimento dos exércitos profissionais,</p><p>vive-se uma situação em que se tem “o povo em armas”, razão pela qual não seria surpreendente,</p><p>para Weber, constatar a situação de violência que campeia, atualmente, nas metrópoles brasileiras.</p><p>e) De acordo com Weber pode-se afirmar que, é típico de toda e qualquer sociedade de classes ou</p><p>estamental a concorrência entre poderes armados paralelos, em que os meios de violência são</p><p>monopolizados pelas classes dominantes para oprimir as classes dominadas.</p><p>7</p><p>Sociologia</p><p>8. Sobre os conceitos de poder político e de autoridade no pensamento de Max Weber, assinale o que</p><p>for correto.</p><p>I. O poder político se converte em autoridade em governos considerados legítimos por aqueles</p><p>que vivem sob as suas ordens.</p><p>II. A autoridade de tipo tradicional é própria da sociedade onde impera o princípio da lei e dos</p><p>acordos racionalmente estabelecidos.</p><p>III. A autoridade pode fundamentar-se no reconhecimento de qualidades excepcionais daquele</p><p>que a exerce. Nesse caso, estamos diante de uma autoridade de tipo carismática.</p><p>IV. Uma autoridade racional-legal exerce o poder seguindo suas próprias regras, sem interferências</p><p>ou controles externos que limitem sua atuação.</p><p>V. Em situações concretas, as autoridades de tipos racional-legal e carismático podem se</p><p>combinar e garantir legitimidade a um governo.</p><p>Assinalar a alternativa correta.</p><p>a) I e V estão corretas.</p><p>b) I e III estão corretas.</p><p>c) I, III e V estão corretas.</p><p>d) I, II e III estão corretas.</p><p>e) Apenas II está correta.</p><p>9. Analise a figura e leia o texto a seguir.</p><p>8</p><p>Sociologia</p><p>“Estou sentada nos ombros de um homem</p><p>Ele está afundando sob o fardo (peso)</p><p>Eu faria qualquer coisa para ajudá-lo</p><p>Exceto descer de suas costas”</p><p>(Disponível em: <http://www.aidoh.dk/new-struct/About-Jens- Galschiot/CV-GB-PT.pdf>. Acesso em: 1 set. 2017.)</p><p>Com a obra intitulada A sobrevivência dos mais gordos, Jens Galschiot (2002) aborda o tema da</p><p>injustiça, uma questão constitutiva da vida social de difícil solução, como indica o texto que</p><p>acompanha a obra. O entendimento que uma sociedade produz sobre o que se considera justo e</p><p>injusto está fundado em padrões de valoração a respeito da conduta dos indivíduos e dos objetivos</p><p>comuns da coletividade, bem como em sua estrutura social. Pode-se considerar que uma das</p><p>expressões da justiça ou injustiça é a estratificação social, objeto de estudo de Max Weber.</p><p>Segundo o autor, na sociedade moderna ocidental, a estratificação social é</p><p>a) estruturada fundamentalmente na base econômica da sociedade, que subordina as esferas</p><p>política, jurídica e ideológica de modo a perpetuar a exploração da classe dominante sobre a</p><p>dominada.</p><p>b) formada pelas dimensões econômica, política e ideológica, as quais estabelecem entre si</p><p>relações necessárias que devem ser desvendadas com a descoberta de suas leis gerais</p><p>invariáveis.</p><p>c) constituída em três dimensões, a econômica, a política e a social, sendo que suas possíveis</p><p>afinidades eletivas devem ser analisadas à luz de cada especificidade histórica em questão.</p><p>d) composta por múltiplas dimensões, sendo a cultura a determinante para a compreensão</p><p>totalizante dos processos históricos de desenvolvimento econômico no Ocidente.</p><p>e) estabelecida pela moral social, a qual situa o posicionamento dos indivíduos de acordo com os</p><p>papéis sociais por eles cumpridos, tendo em vista o melhor desempenho das funções necessárias</p><p>à sociedade.</p><p>10. Para a teoria sociológica de Max Weber, em toda sociedade há dominação, que é entendida como</p><p>uma “[…] probabilidade de haver obediência para ordens específicas (ou todas) dentro de um</p><p>determinado grupo de pessoas […]”.</p><p>Fonte: WEBER, M. Tradução de Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa. Economia e Sociedade, Brasília: Ed. UnB, 1991,</p><p>p.139.</p><p>De acordo com a teoria sociológica do autor, é correto afirmar que os três tipos puros de dominação</p><p>legítima são:</p><p>a) Racional, tradicional e carismática.</p><p>b) Econômica, social e política.</p><p>c) Feudal, capitalista e comunista.</p><p>d) Monárquica, absolutista e republicana.</p><p>e) Socialista, neoliberal, social-democrata.</p><p>9</p><p>Sociologia</p><p>Gabarito</p><p>1. A</p><p>Para Weber, a grande característica do Estado moderno é o fato dele operar uma centralização do poder</p><p>da violência. Diferente de outras sociedades históricas, no mundo moderno apenas o Estado (ou alguma</p><p>instituição sob sua autorização) pode exercer violência sem ser considerado criminoso - o que não quer</p><p>dizer que o uso que o Estado faz desse poder não seja eventualmente questionado.</p><p>2. B</p><p>O fascismo é um claro exemplo de regime baseado na dominação carismática, no qual o líder, no caso</p><p>Mussolini, é visto como dotado de habilidades extraordinárias, as quais o tornam singular e digno de</p><p>ser obedecido.</p><p>3. C</p><p>Weber não considerou conceitos como “dominação anômica” e “dominação altruísta”. Por sua vez, a</p><p>dominação legal é impessoal, enquanto a liderança de Gandhi era profundamente pessoal.</p><p>4. D</p><p>No caso específico do Estado, Weber considera que este exerce seu domínio através do monopólio do</p><p>uso legítimo da força em determinado território. Essa é uma dominação do tipo racional-legal, por não</p><p>ser baseada nem no carisma de um líder, nem na tradição, e sim em um regimento jurídico e</p><p>racionalmente reconhecido por todos.</p><p>5. B</p><p>A dominação baseada no patriarcalismo brasileiro se constituí a partir da crença de que métodos</p><p>socialmente aceitos são eficazes para gerir a sociedade. Era habitual considerar o homem como figura</p><p>central da sociedade brasileira. E mais, reconhecer a importância e a capacidade de liderança dos</p><p>herdeiros dos senhores de engenho. Tanto que, apesar de estruturalmente racional-legal, a república</p><p>brasileira recém-inaugurada atribuí “títulos” de coronel para esses homens, num movimento muito</p><p>parecido com o da formação dos estamentos do Antigo Regime, guardadas as proporções e</p><p>peculiaridades históricas.</p><p>6. E</p><p>Enquanto a classificação marxiana de classes se baseia na propriedade ou não dos meios de produção,</p><p>Weber já produz uma leitura estratificada, que articula prestígio social, poder e capacidade econômica.</p><p>Ou seja, em Weber, a renda mensal de um indivíduo deve ser considerado para categorizar sua posição</p><p>na hierarquia social</p><p>7. C</p><p>Para Weber, o que identifica e define o Estado moderno é o monopólio do uso legítimo da força. Assim,</p><p>a fragilidade do Estado brasileiro perante os poderes paralelos do crime revela sua não plena realização</p><p>8. C</p><p>A frase (II) seria perfeita como definição da dominação racional-legal e não da dominação tradicional.</p><p>E diferente do que diz (IV), a autoridade racional-legal se exerce de modo impessoal, portanto, está</p><p>sempre submetida a regras e não às vontades particulares.</p><p>9. C</p><p>Segundo Max Weber, a estratificação social possui três dimensões: a social (status), a econômica</p><p>(classe) e a política (partido). Somente a partir dessa diferenciação que ele analisa as diferentes formas</p><p>de as sociedades estruturarem suas formas de desigualdade.</p><p>10</p><p>Sociologia</p><p>10. A</p><p>Como explica Norberto Bobbio, “os três tipos de poder representam três diversos tipos de motivações:</p><p>no poder tradicional, o motivo da obediência é a crença na sacralidade da pessoa do soberano; no poder</p><p>racional, o motivo da obediência deriva da crença na racionalidade do comportamento conforme a lei;</p><p>no poder carismático, deriva da crença nos dotes extraordinários do chefe.”</p><p>Filosofia / Sociologia</p><p>1</p><p>Weber e a ética protestante</p><p>Resumo</p><p>De todas as análises concretas elaboradas por Max Weber a partir de a sua teoria sociológica e de seu</p><p>método, a mais famosa foi aquela que ele desenvolveu a respeito da formação da sociedade moderna e da</p><p>ascensão do capitalismo. De fato, tal como Durkheim e Marx, Weber preocupou-se muitíssimo em</p><p>compreender</p><p>que a nova ciência das sociedades</p><p>deveria igualar-se às demais ciências da natureza que se pautavam pelos fenômenos observáveis e</p><p>mensuráveis para que assim fosse possível apreender as regras gerais que regem o mundo social do</p><p>indivíduo. Essa perspectiva ideológica é chamada de:</p><p>a) Iluminismo.</p><p>b) Darwinismo.</p><p>c) Dadaísmo.</p><p>d) Positivismo.</p><p>e) Futurismo</p><p>4. [...] grandes mudanças que ocorreram na história da humanidade, aquelas que aconteceram no século</p><p>XVIII – e que se estenderam no século XIX – só foram superadas pelas grandes transformações do</p><p>final do século XX. As mudanças provocadas pela revolução científico-tecnológica, que denominamos</p><p>Revolução Industrial, marcaram profundamente a organização social, alterando-a por completo,</p><p>criando novas formas de organização e causando modificações culturais duradouras, que perduram</p><p>até os dias atuais.</p><p>DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia. São Paulo: Persons Prentice Hall, 2004. p. 124.</p><p>Percebe-se que as transformações ocorridas nas sociedades ocidentais permitiram a formação de</p><p>relações sociais complexas. Nesse sentido, a sociologia surgiu com o objetivo de compreender essas</p><p>relações, explicando suas origens e consequências. Sobre o surgimento da sociologia e das mudanças</p><p>históricas apontadas no texto, assinale a alternativa correta.</p><p>a) A grande mecanização das fábricas nas cidades possibilitou o desenvolvimento econômico da</p><p>população rural por meio do aumento de empregos.</p><p>b) A divisão social do trabalho foi minimizada com as novas tecnologias introduzidas pelas</p><p>revoluções do século XVIII.</p><p>c) A sociologia foi uma resposta intelectual aos problemas sociais, que surgiram com a Revolução</p><p>Industrial.</p><p>d) O controle teológico da sociedade foi possível com o emprego sistemático da razão e do livre</p><p>exame da realidade.</p><p>e) As atividades rurais do período histórico, tratado no texto, foram o objeto de estudo que deu</p><p>origem à sociologia como ciência.</p><p>5</p><p>Sociologia</p><p>5. Observe as imagens a seguir:</p><p>Disponível em: http://blogdoseagal.blogspot.com.br/2010/10/o-triunfo-da-ciencia-e-o-nascimento-da.html.</p><p>Elas representam o momento histórico e os fatores que deram origem à sociologia como ciência da</p><p>sociedade. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta.</p><p>a) A violência e o desemprego são fatores posteriores ao surgimento da sociologia.</p><p>b) A sociologia tinha como objetivo corrigir os problemas sociais causados pelas Revoluções</p><p>Industrial e Francesa.</p><p>c) A criação de máquinas que aceleravam a produção era considerada pela sociologia como um</p><p>fator positivo, pois elas possibilitavam mais horas de descanso para o trabalhador.</p><p>d) A Revolução Industrial é considerada pelos pensadores da época como um momento importante</p><p>para se entender como a sociedade se tornou mais igualitária.</p><p>e) As cidades se tornaram grandes centros industriais, oferecendo condições sociais igualitárias</p><p>para toda a população, permitindo, com isso, a divisão das riquezas produzidas com a atividade</p><p>industrial.</p><p>6</p><p>Sociologia</p><p>6. TEXTO I</p><p>A sociologia nasce com a missão de oferecer condições aos homens para entender a sociedade em</p><p>que vivem de maneira racional e questionadora.</p><p>Disponível em: <http://dirleydossantos.blogspot.com.br/2010/10/condicoes-historicas-que-possibilitaram.html>. Adaptado.</p><p>TEXTO II</p><p>Nos dias de hoje, as ciências sociais não são muito valorizadas, pois seus resultados não geram lucro</p><p>rápido e fácil, e isso para o capitalismo de hoje é inaceitável.</p><p>OLIVEIRA, L. F.; COSTA, R. C. R. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: imperial Novo Milênio, 2007. p. 29.</p><p>Adaptado.</p><p>Embora a sociologia seja uma ciência social pouco valorizada no campo profissional, ela surgiu</p><p>baseada na necessidade de o homem explicar o mundo e suas relações com outros homens e com</p><p>outras sociedades em diferentes contextos. Acerca do surgimento da sociologia como ciência da</p><p>sociedade, assinale a alternativa correta.</p><p>a) Sofreu forte influência da Revolução Francesa e dos movimentos operários das mineradoras</p><p>inglesas que transformaram a forma de ver as relações entre máquinas e humanos.</p><p>b) Apareceu no cenário científico, a partir do século XIX, fundamentada nas correntes do</p><p>pensamento positivista, socialista e funcionalista.</p><p>c) Representava, para seu precursor Jean-Jacques Rousseau, uma ciência preocupada em analisar</p><p>processos e estruturas sociais, que influenciam nas reformas das instituições.</p><p>d) Fez do capitalismo o tema principal de estudo, utilizando seus recursos de cientificidade para</p><p>justificar a exploração sociocultural desse sistema econômico.</p><p>e) Buscou explicação para o surgimento da sociedade feudal.</p><p>7. “A imaginação sociológica exige que pensemos fora das rotinas familiares de nossas vidas cotidianas,</p><p>a fim de que as observemos de modo renovado. Considere o simples ato de tomar uma xícara de café.</p><p>Ele não é somente um refresco. Ele possui valor simbólico como parte de nossas atividades sociais</p><p>diárias. Frequentemente, o ritual associado a beber café é muito mais importante do que o ato de</p><p>consumir a bebida propriamente dita. Em segundo lugar, o café é uma droga, por conter cafeína. O</p><p>café é uma substância que cria dependência, mas os viciados em café não são vistos pela maioria das</p><p>pessoas na cultura ocidental como usuários de drogas. Como o álcool, o café é uma droga socialmente</p><p>aceita, enquanto a maconha, por exemplo, não o é”. No entanto, há sociedades que “toleram o</p><p>consumo da maconha ou, até mesmo, da cocaína, mas desaprovam o café e o álcool. Os sociólogos</p><p>estão interessados no porquê da existência de tais contrastes”.</p><p>(Adaptado de GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 24. Grifos do autor.)</p><p>O exercício de análise baseado na imaginação sociológica, proposto por Anthony Giddens, é um</p><p>exemplo da adoção de uma orientação denominada:</p><p>a) descrição densa</p><p>b) etnocentrismo</p><p>c) etnometodologia</p><p>d) estranhamento</p><p>e) essencialismo</p><p>7</p><p>Sociologia</p><p>8. Ciente de que nossa visão é repleta de prenoções e juízos de valor, a construção de um olhar</p><p>sociológico principia com o estranhamento, ao se observar a realidade. Tal procedimento confronta o</p><p>conhecimento do senso comum e possibilita a construção do conhecimento científico.</p><p>Essa reflexão propõe:</p><p>a) buscar as suas próprias experiências para a explicação do conhecimento científico.</p><p>b) estudar a realidade observada, segundo o critério teórico-metodológico.</p><p>c) tomar decisões fundamentadas no conhecimento do cotidiano.</p><p>d) fazer diferentes leituras do fato social, tomando por base o senso comum.</p><p>e) considerar verdadeiras as explicações biológicas para o comportamento humano em sociedade.</p><p>9. Baseado no conceito de imaginação sociológica do sociólogo estadunidense Wright Mills, Anthony</p><p>Giddens (2008) apresenta a seguinte reflexão sobre a disciplina: Estudar sociologia não pode ser</p><p>apenas um processo rotineiro de adquirir conhecimento. Um sociólogo é alguém capaz de se libertar</p><p>da imediatidade das circunstâncias pessoais e apresentar as coisas num contexto mais amplo.</p><p>Corresponde à concepção defendida por Giddens:</p><p>a) O sociólogo deve se preocupar com o processo de desnaturalização ou estranhamento da</p><p>realidade para estabelecer leis gerais de explicação das regularidades universais presentes na</p><p>vida social.</p><p>b) Qualquer aspecto da vida social, mesmo os mais rotineiros e familiares, pode ser pensado a partir</p><p>de um ponto de vista sociológico, pois está relacionado a diferentes aspectos da vida social</p><p>(políticos, econômicos, ideológicos etc.).</p><p>c) A sociologia é uma ciência positiva, que deve definir com critérios objetivos os fatos sociais a</p><p>serem estudados.</p><p>d) O sociólogo deve estudar somente questões sociais familiares e relacionadas a seu entorno.</p><p>e) A sociologia se diferencia da biologia e da psicologia porque estuda a cultura e a sociedade,</p><p>como se deu a construção do sistema capitalista. Durkheim, como já vimos em outra</p><p>oportunidade, pensava que a formação deste modelo econômico seria explicável mediante a mudança do tipo</p><p>de solidariedade social dominante: da solidariedade mecânica das sociedades tradicionais, pré-modernas,</p><p>para a solidariedade orgânica das sociedades moderna e capitalistas. Marx, por sua vez, pensava que a</p><p>formação do capitalismo deveria ser explicada basicamente através da ascensão de uma nova forma de</p><p>organização dos meios de produção, o que resultaria numa nova forma de luta de classes, opondo, de um lado,</p><p>os burgueses, proprietários dos meios de produção, e de outro os operários, donos apenas de sua força de</p><p>trabalho. Weber, obviamente, não pensava nem de um modo nem de outro. Fiel à sua sociologia</p><p>compreensiva e ao seu individualismo metodológico, a interpretação weberiana estabelece que o único</p><p>modo de compreender o surgimento do capitalismo é através não do exame dos fenômenos sociais em si,</p><p>mas sim pela análise cuidadosa das intenções dos indivíduos que constituíram o modelo capitalista. Foi</p><p>precisamente este percurso seguido pelo autor em sua obra mais famosa, A ética protestante e o espírito do</p><p>capitalismo.</p><p>Protestantismo, nova foram de ver a riqueza</p><p>Como o próprio nome do livro indica, para Weber, um dos eventos não explusivo de maior relevância na</p><p>formação da sociedade capitalista foi a Reforma Protestante, que dissolveu a unidade do cristianismo</p><p>ocidental, até então centralizado na Igreja Católica. Longe, porém, de se circunscrever ao âmbito religioso,</p><p>a Reforma foi, para Weber, a própria causa da ascensão do capitalismo e da mentalidade moderna. De fato,</p><p>como se sabe, os autores reformados, como Lutero e sobretudo Calvino, criticaram fortemente a perspectiva</p><p>católica segundo a qual o homem precisa cooperar com Deus para ser salvo. Ao contrário, profundamente</p><p>pessimistas que eram a respeito da natureza humana manchada pelo pecado, os reformadores criam que o</p><p>homem é incapaz, por suas próprias forças, não apenas de salvar-se, mas até de cooperar em seu processo</p><p>de salvação. Por si mesmo, ele é capaz apenas de pecar, de modo que Deus é o único e completo</p><p>responsável pela ida ao Céu daqueles que se salvam. Assim, não há nada, inteiramente nada que o homem</p><p>possa fazer por sua salvação. Deus desde toda a eternidade escolheu, de maneira inteiramente arbitrária,</p><p>quem há de se salvar e quem há de se condenar, de modo que todo homem, ao nascer, já está previamente</p><p>determinado seja para a salvação, seja para a condenação ao Inferno. Ora, esta ênfase absoluta na</p><p>predestinação de Deus (insinuada em Lutero e só afirmada plenamente em Calvino), sem deixar qualquer</p><p>espaço para a liberdade humana, gera um problema prático: se nada do que eu faço, seja boa ou má ação,</p><p>é indício de que serei salvo, como posso saber que estou no caminho do Céu? Segundo Weber, a resposta a</p><p>essa pergunta que se tornou mais popular nos países protestantes não foi elaborada diretamente por</p><p>nenhum grande autor da Reforma, mas sim por certos pastores calvinistas posteriores. Na visão destes</p><p>pastores, nõa há como ter certeza da salvação, mas há indícios de quem foram os escolhidos. Constantes</p><p>fracassos e falhas de comportamento são um sinal de que Deus não escolheu esse indivíduo. Por outro</p><p>lado, ter sucesso na vida em tudo que empreende reflete a graça e a misericórdia divina, inclusive no âmbito</p><p>econômico. De fato, uma vez que os salvos são aqueles que Deus quer, é natural que Deus proteja e zele por</p><p>esses a quem ama, garantindo-lhes bênçãos e sucesso financeiro. Assim, concluiu a mentalidade média</p><p>dos povos protestantes, se dar bem nos negócios é, por excelência, o sinal da graça divina e da salvação.</p><p>Além disso, o protestante deve ter uma vida inteiramente ascética, ou seja, fazer o máximo para não</p><p>sucumbir ao pecado.</p><p>Filosofia / Sociologia</p><p>2</p><p>Enquanto a Igreja Católica era reponsável por dizer quem vai ao paraíso ou não, levando os indivíduos uma</p><p>vida média com pouca atenção ao que faziam no dia a dia, o protestante defende uma doutrina de conexão</p><p>direta com Deus, tornando-se esse indivíduo inteiramente responsabilizado pelas suas ações. As pessoas</p><p>não são mais ovelhas de um rebanho, mas cada um o pastor de si. Isso torna o protestante muito menos</p><p>opulento que católico, um indivíduo dado ao traballho (como reflexo da salvação) e a poupança (porque</p><p>uma vida de prazeres não é uma vida consagrada a Deus)</p><p>E o capitalismo?</p><p>De acordo com Weber, os impactos dessa mentalidade na ascensão do capitalismo foram fundamentais.</p><p>Vendo no sucesso financeiro um sinal da benção de Deus, os protestantes passaram a desenvolver um forte</p><p>senso de eficiência e de busca pelo lucro. Obviamente, se o ganho de dinheiro é uma prova do amor de Deus,</p><p>gastar esse dinheiro de maneira irresponsável, esbanjando-o em diversões e brincadeiras, mesmo que não</p><p>pecaminosas, acaba por ser um desrespeito contra Deus. Não é à toa, portanto, na perspectiva weberiana,</p><p>que os países que tiveram maior desenvolvimento capitalista foram aqueles de formação protestante, como</p><p>a Inglaterra, os EUA e a Alemanha, enquanto os países mais fortemente católicos, como Portugal, Itália e</p><p>Espanha, nunca alcançaram o mesmo grau de sucesso capitalista. Em suma, para Weber, a mentalidade</p><p>protestante de busca pelo lucro como sinal da glória e benção de Deus é que foi o grande motor de</p><p>desenvolvimento do capitalismo. Aqui a ética protestante (trabalho e poupança) se encontra com o espírito</p><p>do capitalismo (produzir e acumular).</p><p>Secularização e racionalidade</p><p>Curiosamente – e isso também chama muito a atenção de Weber –, apesar de suas origens religiosas, o que</p><p>o capitalismo gerou foi justamente um tipo de sociedade no qual a religião não ocupa mais o papel central</p><p>de antes. Com efeito, todas as sociedades tradicionais, pré-moderna, foram sociedades sacrais, nas quais</p><p>a religião não apenas era importante, como ocupava o próprio centro da vida em sociedade. A sociedade</p><p>moderna e capitalista, por sua vez, é uma sociedade secularizada, isto é, uma sociedade na qual a religião</p><p>ainda é bastante influente, mas não ocupa mais um papel central e determinante. Analisando a proposta</p><p>protestante mais a fundo é possível encontrar nela própria a semente da secularização. A Reforma tem uma</p><p>abordagem muito mais racional da religião, além de eleger o indivíduo como o núcleo “responsável” pela salvação.</p><p>Além disso, as práticas religiosas protestantes são mais racionais, metódicas e pragmáticas (por isso, podem ser</p><p>chamados também de metodistas) que a liturgia católica. O que aconteceu é que todos aqueles elementos da</p><p>vida social que até então era dependentes da religião, tais, como a arte, a política, a cultura, etc., foram se</p><p>autonomizando, se guiando por regras próprias e independentes. No linguajar weberiano, tal processo de</p><p>secularização, de dessacralização da existência humana, é chamado de desencantamento do mundo e sua</p><p>principal característica é a cada vez maior racionalização da vida. Enquanto o catolicismo e o luteranismo viam</p><p>a salvação nos sacramentos (fenômenos mágicos em essência) as seitas puritanas oriundas da reforma</p><p>defendiam o trabalho ascético a disciplina moral como formas de assegurar a certeza interior da salvação. Porém,</p><p>a organização social não encontrou mais afinidade com a ética protestante e as duas áreas se afastaram. Sendo</p><p>um sistema que preza acima de tudo pela eficiência, o capitalismo enfraquece muito as ações sociais de tipo</p><p>irracional, como a tradicional e a afetiva, dando relevância sobretudo à ação racional com relação à fins, que</p><p>é a típica ação social econômica, empresarial, e que, portanto, é a síntese do capitalismo. Diferente do mundo</p><p>tradicional das sociedades sacrais, em que os homens se preocupavam sobretudo com valores, a sociedade</p><p>moderna e capitalista é aquelas na qual os homens estão preocupados</p><p>sobretudo com metas. Sua lógica é</p><p>a da eficiência e isto se mostra em fatores muito concretos. Não à toa, diz Weber, a sociedade capitalista é</p><p>marcada por uma enorme burocratização e especialização. Em um contexto no qual o sucesso é o critério</p><p>supremo de avaliação das ações, nada mais óbvio do que promover a divisão de tarefas, que minimiza os</p><p>riscos e maximiza os ganhos. Nada mais lógico também do que submeter tudo a regras e normas</p><p>burocráticas. Para que se produza mais, é importante que os indivíduos sejam regulados, disciplinados,</p><p>normatizados.</p><p>Filosofia / Sociologia</p><p>3</p><p>Vocação e profissionalização</p><p>Não à toa Weber observa um fenômenos interessante do capitalismo e de sua racionalização. Defendia</p><p>antes por Lutero, a vocação é uma espécie de missão divina, algo que estamos destinados a fazer aqui por</p><p>Deus. Absorvida pelo ethos capitalista (se ma intenção de Lutero) a noção de vocação se mistura a de</p><p>profissão. Assim, torna-se pecado, ou pelo menos moralmente inadequado, dedicar-se a atividades que não</p><p>sejam o trabalho, já que estamos aqui cumprindo uma missão dada por Deus. Quando se conecta com a</p><p>noção de profissão, a vocação encontra a remuneração, já que recebemos um valor em troca do nsoso</p><p>trabalho. O resultado disso é uma profissionalização contraditória. Em política como vocação, por exemplo,</p><p>Weber aponta que existem dois tipos de políticos: os que vivem da política e os que vivem para política. O</p><p>político que vive da política não tem nenhuma outra fonte de renda além da obtida por essa atividade e que</p><p>sua luta se confunde com sua busca por sustento. Por outro lado, o político que vive para a política não atua</p><p>por remuneração, mas por honra ou prestígio, até mesmo “poder pelo poder”. Ora , Weber observa que essa</p><p>dinâmica acaba por gerar como resultado final da ação política uma relação inadequada com o sentido</p><p>original da atividade. A atividade científica não estaria muito distante desses problemas. Primeiro, Weber</p><p>acredita que pesquisador e professor não são atividades compatíveis em nível, sendo aletório que um</p><p>indivíduo consiga desempenhar bem as duas. Além disso, mostra a contradição de se pagar ao cientista</p><p>para que faça o que faz, seja do ponto de vista da relação com seus alunos ou por questões mais profundas,</p><p>como o que o pesquisador desejaria investigar e o que é obrigado a investigar por conta dessa</p><p>profissionalização.</p><p>Filosofia / Sociologia</p><p>4</p><p>Exercícios</p><p>1. A busca racional do lucro era um dos aspectos essenciais do modelo que Max Weber (1864-1920)</p><p>construiu para compreender a origem do capitalismo moderno. Segundo Everaldo Lorensetti (2006), o</p><p>sociólogo alemão considerava que essa característica teve como uma de suas origens a ação social dos</p><p>protestantes, especialmente dos calvinistas, que “tinham uma ética de vida voltada ao trabalho e à</p><p>disciplina muito forte, pois acreditavam que trabalho e sucesso seriam indícios de que além de estarem</p><p>glorificando a Deus estariam garantindo a sua salvação” (LORENSETTI, Everaldo. As teorias sociológicas</p><p>na compreensão do presente.</p><p>In: LORENSETTI, Everaldo et al. Sociologia: ensino médio. Curitiba: SEED-PR, 2006 p. 42.</p><p>A partir dessa afirmação, é correto afirmar que:</p><p>a) Weber desmereceu a importância da religião para o nascimento do capitalismo.</p><p>b) Weber destacou a importância da religião para diminuir a ânsia capitalista por lucro.</p><p>c) Weber considerou que, apesar da importância da religiosidade na vida das pessoas, ela não teve</p><p>influência sobre a origem do capitalismo moderno.</p><p>d) Weber destacou uma relação de influência da ética da religião calvinista sobre o objetivo de</p><p>acumulação de riquezas por parte dos indivíduos nas sociedades capitalistas.</p><p>e) Para Weber, a ética religiosa pode tem uma influência decisiva sobre a vida econômica.</p><p>2. “O desenvolvimento do racionalismo econômico é parcialmente dependente da técnica e do direito</p><p>racionais, mas é ao mesmo tempo determinado pela habilidade e disposição do homem em adotar certos</p><p>tipos de conduta racional prática […]. As forças mágicas e religiosas e as ideias éticas de dever nelas</p><p>baseadas têm estado sempre, no passado, entre as mais importantes influências formativas de</p><p>conduta.”</p><p>WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1981. p. 09</p><p>Uma das mais conhecidas explicações sobre a origem do capitalismo é a do sociólogo alemão Max</p><p>Weber, que postula a afinidade entre a ética religiosa e as práticas capitalistas. Essa relação se mostra</p><p>claramente na ética do</p><p>a) Catolicismo romano, que por meio da cobrança de dízimos e vendas de indulgências estimulou a</p><p>acumulação de capital.</p><p>b) Puritanismo calvinista, que concebe o sucesso econômico como indício da predestinação para a</p><p>salvação.</p><p>c) Luteranismo alemão, que defendia que cada pessoa devia seguir a sua vocação profissional para</p><p>conseguir a salvação.</p><p>d) Anglicanismo britânico, que, ao desestimular as esmolas, permitiu o incremento da poupança nas</p><p>famílias burguesas.</p><p>e) Catolicismo Ortodoxo, que, ao abrir mão dos luxos nas construções arquitetônicas, canalizou</p><p>capital para investimentos econômicos.</p><p>Filosofia / Sociologia</p><p>5</p><p>3. “A crescente intelectualização e racionalização não indicam um conhecimento maior e geral das</p><p>condições sob as quais vivemos. Significa a crença em que, se quiséssemos, poderíamos ter esse</p><p>conhecimento a qualquer momento. Não há forças misteriosas incalculáveis; podemos dominar todas</p><p>as coisas pelo cálculo.”</p><p>WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H.; MILLS, W. (Org.). Max Weber: ensaios de sociologia. Rio de Janeiro:</p><p>Zahar, 1979 (adaptado).</p><p>Tal como apresentada no texto, a proposição de Max Weber a respeito do processo de desencantamento</p><p>do mundo evidencia o(a)</p><p>a) progresso civilizatório como decorrência da expansão do industrialismo.</p><p>b) extinção do pensamento mítico como um desdobramento do capitalismo.</p><p>c) emancipação como consequência do processo de racionalização da vida.</p><p>d) afastamento de crenças tradicionais como uma característica da modernidade.</p><p>e) fim do monoteísmo como condição para a consolidação da ciência.</p><p>4. “O impulso para o ganho, a perseguição do lucro, do dinheiro, da maior quantidade possível de dinheiro</p><p>não tem, em si mesma, nada que ver com o capitalismo. Tal impulso existe e sempre existiu. Pode-se</p><p>dizer que tem sido comum a toda sorte e condição humanas em todos os tempos e em todos os países,</p><p>sempre que se tenha apresentada a possibilidade objetiva para tanto. O capitalismo, porém, identifica- se</p><p>com a busca do lucro, do lucro sempre renovado por meio da empresa permanente, capitalista e</p><p>racional. Pois assim deve ser: numa ordem completamente capitalista da sociedade, uma empresa</p><p>individual que não tirasse vantagem das oportunidades de obter lucros estaria condenada à extinção.”</p><p>WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2001 (adaptado).</p><p>O capitalismo moderno, segundo Max Weber, apresenta como característica fundamental a</p><p>a) competitividade decorrente da acumulação de capital.</p><p>b) implementação da flexibilidade produtiva e comercial.</p><p>c) ação calculada e planejada para obter rentabilidade.</p><p>d) socialização das condições de produção.</p><p>e) mercantilização da força de trabalho.</p><p>Filosofia / Sociologia</p><p>6</p><p>5. Para Max Weber a economia capitalista não é marcada pela irracionalidade e pela “anarquia da</p><p>produção”. Ao contrário de Karl Marx, que frisava a irracionalidade do capitalismo, para Weber as</p><p>instituições do capitalismo moderno podem ser consideradas como a própria materialização da</p><p>racionalidade. Segundo Weber, uma das características do capitalismo moderno é a estrutura</p><p>burocrática com instituições administradas racionalmente com funções combinadas e especializadas.</p><p>Para o sociólogo alemão, o controle burocrático é marcado pela eficiência, precisão e racionalidade.</p><p>Considerando a importância do tema da burocracia na obra de Weber, é correto afirmar que</p><p>a) Marx Weber identifica a burocracia com a irracionalidade, com o processo de despersonalização e</p><p>com a rotina opressiva. A irracionalidade, nesse contexto, é vista como favorável à liberdade</p><p>pessoal.</p><p>b) segundo Weber, a ocupação de um cargo na estrutura burocrática é considerada uma atividade com</p><p>finalidade objetiva pessoal. Trata-se de uma ocupação que não exige senso de dever e nenhum</p><p>treinamento profissional.</p><p>c) na burocracia moderna os funcionários são altamente qualificados, treinados em suas áreas</p><p>específicas, enfim, pessoas que tem ou devem ter qualificações consideradas necessárias para</p><p>serem designadas para tais funções.</p><p>d) para Weber, o elemento central da estrutura burocrática é a ausência da hierarquia funcional e a</p><p>obediência à ordem pessoal e subjetiva.</p><p>e) a burocratização do capitalismo moderno impede segundo Weber, a possibilidade de se colocar em</p><p>prática o princípio da especialização das funções administrativas.</p><p>6. “Max Weber frequentemente utilizou a imagem da máquina na análise da natureza da organização</p><p>burocrática. Tal como uma máquina, a burocracia era o sistema de utilização de energias para a execução</p><p>de tarefas específicas. O membro de uma burocracia ‘é apenas uma peça em um mecanismo móvel que lhe</p><p>prescreve uma marcha essencialmente fixa. A burocracia, em comum com a máquina, poderia ser posta a</p><p>serviço de muitas questões diferentes. Mais ainda, uma organização burocrática funciona tão</p><p>eficientemente a ponto de seus membros serem ‘desumanizados’: a burocracia ‘desenvolvida mais</p><p>perfeitamente... mais completamente tem sucesso em eliminar das atribuições dos funcionários amor, ódio</p><p>e todos os elementos puramente pessoais, irracionais e emocionais que escapem ao cálculo’. [...] O avanço</p><p>da burocracia aprisionava as pessoas na Gehäuse der Hörigkeit, a ‘jaula de ferro’ da divisão especializada</p><p>do trabalho da qual dependia a administração da ordem social e econômica moderna [...]”.</p><p>GIDDENS, Anthony. Política, sociologia e teoria social: encontros com o pensamento social clássico e contemporâneo. São</p><p>Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998, p. 58-59.</p><p>Segundo o texto acima, sobre o conceito de burocracia de Max Weber, é correto afirmar que</p><p>a) a burocracia é um sistema eficiente de organização do trabalho somente quando é aplicado em</p><p>poucas questões específicas.</p><p>b) a burocracia consiste em um sistema de divisão especializada do trabalho que busca a eficiência a</p><p>partir de atribuições impessoais, racionais e calculadas impostas aos seus funcionários.</p><p>c) os funcionários burocráticos podem se expressar livremente, desde que dentro de regras prescritas</p><p>de forma impessoal e calculada.</p><p>d) a burocracia é um sistema arcaico que deve ser superado por outros processos de administração</p><p>do trabalho típicos da modernidade.</p><p>e) nenhuma das alternativas acima pode ser afirmada corretamente sobre o conceito de burocracia.</p><p>Filosofia / Sociologia</p><p>7</p><p>7. “[...] o racionalismo econômico, embora dependa parcialmente da técnica e do direito racional, é ao</p><p>mesmo tempo determinado pela capacidade e disposição dos homens em adotar certos tipos de</p><p>conduta racional. [...] Ora, as forças mágicas e religiosas, e os ideais éticos de dever deles decorrentes,</p><p>sempre estiveram no passado entre os mais importantes elementos formativos da conduta.”</p><p>WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Livraria Pioneira Editora,1989, 6 ed., p. 11.</p><p>A respeito das relações de causalidade que o sociólogo Max Weber propõe entre as origens do</p><p>capitalismo moderno, o processo de racionalização do mundo e as religiões de salvação, assinale a</p><p>alternativa correta.</p><p>a) Coube às éticas religiosas do confucionismo (China) e hinduísmo (Índia) redefinirem o padrão das</p><p>relações econômicas que, a partir do século XVI, culminaria no capitalismo de tipo moderno.</p><p>b) As seitas protestantes que floresceram nas sociedades orientais, a partir do século XVI, são</p><p>responsáveis pela prematura posição de destaque do Japão, China e Índia no cenário econômico</p><p>internacional que se seguiu à Revolução Industrial.</p><p>c) A partir de sua doutrina da predestinação, o calvinismo foi responsável pela introdução de um</p><p>padrão ético que, ao estimular a racionalização da conduta cotidiana de seus fiéis, contribuiu de</p><p>maneira inédita para o desenvolvimento das relações capitalistas modernas.</p><p>d) O processo de encantamento do mundo (irracionalização do conhecimento e das relações</p><p>cotidianas) encontra-se na base da ética protestante, cujas prescrições de conduta se revelaram</p><p>condição imprescindível para o desenvolvimento e consolidação das relações capitalistas</p><p>modernas.</p><p>e) Várias doutrinas religiosas ao redor do globo defendiam o lucro e a riqueza como benefícos ao</p><p>homem. A negação dessas condições é característica quase exclusiva do catolicismo. Quando</p><p>proposto, o protestantismo herdou essa característica.</p><p>8. A menos que seja um físico, quem anda num bonde não tem ideia de como o carro se movimenta. E não</p><p>precisa saber. Basta-lhe poder contar com o comportamento do bonde a orientar sua conduta de acordo</p><p>com sua expectativa; mas nada sabe sobre o que é necessário para produzir o bonde ou movimentá-lo.</p><p>O selvagem tem um conhecimento incomparavelmente maior sobre suas ferramentas.</p><p>WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H.; MILLS, W. Max Weber.</p><p>Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. p. 165.</p><p>Com base no texto e nos conhecimentos sobre a sociedade moderna, conforme Max Weber, assinale a</p><p>alternativa correta.</p><p>a) A secularização da vida moderna e o consequente desencantamento do mundo são expressões da</p><p>racionalização ocidental.</p><p>b) O homem moderno detém menor controle sobre as forças da natureza, em comparação com o</p><p>domínio que possuía o “selvagem”.</p><p>c) O avanço da racionalidade produz, também, uma maior revitalização da cultura clássica, dado que</p><p>amplia o alcance das escolhas efetivas disponíveis.</p><p>d) O desencantamento do mundo é um fato social que atua como força coercitiva sobre as vontades</p><p>individuais, visando à construção da consciência coletiva.</p><p>e) O desencantamento do mundo destitui o Ocidente de um elemento diferenciador em relação ao</p><p>Oriente: as ações sociais dotadas de sentido.</p><p>Filosofia / Sociologia</p><p>8</p><p>9. A F-1 começou a perder as características que encantaram gerações nos anos 1990 quando o salto</p><p>tecnológico tornou o piloto quase um coadjuvante no cockpit. “Os carros de corrida são equipamentos e</p><p>não mais automóveis. No volante, há mais de 100 botões. O condutor virou um operador de máquinas”,</p><p>reclama Bird Clemente, 72 anos, primeiro brasileiro a guiar, profissionalmente, um carro de corrida. No</p><p>passado, esse esporte dependia muito mais do talento do piloto para regular um carro. Hoje, espremido no</p><p>cockpit como mais um funcionário de um negócio que movimenta bilhões de dólares, o piloto cumpre</p><p>religiosamente as regras do mercado.”</p><p>Adaptado de: CARDOSO, R.; LOES, J., O Esporte Perdeu. Revista Isto É, 4 ago. 2010, ano 34, n. 2125, p. 84-85.</p><p>A lógica do esporte e da fruição é englobada pela lógica do mercado. A importância dada ao negócio</p><p>(negar o ócio), conforme análise de Max Weber em sua “Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”,</p><p>revela que</p><p>I. o trabalho atende às regras do mercado, destacando a prevalência do negócio, em razão da</p><p>necessidade de produção capitalista.</p><p>II. a dimensão religiosa, presente nos primórdios do capitalismo, na figura do protestantismo de</p><p>orientação luterana, valoriza o caráter sagrado da atividade fabril, em detrimento do trabalho braçal.</p><p>III. o negócio, quando praticado de acordo com os preceitos divinos, viabiliza a distribuição igual e</p><p>solidária das riquezas produzidas.</p><p>IV. o ato de negociar, próprio do comércio, depende da força produtiva, conectada à divisão social do</p><p>trabalho no mundo secularizado.</p><p>Assinale</p><p>a alternativa correta.</p><p>a) Somente as afirmativas I e II são corretas.</p><p>b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.</p><p>c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.</p><p>d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.</p><p>e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.</p><p>Filosofia / Sociologia</p><p>9</p><p>10. Observe a figura a seguir.</p><p>HODGE, N.; ANSON, L. L’Art de A à Z. Dubai: PML Éditions, 1996. p. 218.</p><p>Sobre o processo de organização do trabalho representado na figura, é correto afirmar que esse</p><p>expressa, segundo a forma pela qual Max Weber o analisa,</p><p>a) o papel libertador da técnica na vida dos indivíduos, pois potencializa as capacidades físico-</p><p>intelectuais humanas.</p><p>b) o tipo ideal de sociedade, pois esta, por ser justa, aloca cada um nas funções para as quais tem</p><p>aptidões inatas.</p><p>c) o declínio das formas racionais de dominação burocrática que, tradicionalmente, estiveram</p><p>presentes nas sociedades orientais.</p><p>d) a formação de uma ordem econômica e técnica que define violentamente a vida dos indivíduos</p><p>nascidos sob esse sistema.</p><p>e) que o trabalho fabril escapa à tipologia das ações racionais, por ser repetitivo e marcado pela</p><p>tradição, aproximando-se, assim, do trabalho outrora existente nas comunidades</p><p>Filosofia / Sociologia</p><p>10</p><p>Gabarito</p><p>1. D</p><p>As alternativas A, B, C e E vão inteiramente na contramão da visão de Weber, que buscou revelar como</p><p>as origens do capitalismo, em particular da visão positiva a respeito da busca pelo lucro, estão</p><p>historicamente associadas a certas modalidades de protestantismo calvinista.</p><p>2. B</p><p>Em sua obra, Weber buscou revelar como as origens do capitalismo, em particular da visão positiva a</p><p>respeito da busca pelo lucro, estão historicamente associadas a certas modalidades de protestantismo</p><p>calvinista, as quais viam no sucesso financeiro um sinal das bênçãos de Deus e,portanto, da salvação.</p><p>3. D</p><p>Para Weber, a essência da Modernidade encontra-se no processo de secularização, isto é, na perda</p><p>progressiva da centralidade da religião no interior da vida social Tal processo, iniciado na Reforma</p><p>Protestante e chamado pelo autor de “desencantamento do mundo”, não é caracterizado</p><p>weberianamente como algo positivo (uma “emancipação”) ou negativo, mas simplesmente assinalado</p><p>como um fato.</p><p>4. C</p><p>A grande característica do capitalismo, para Weber, é a racionalização brutal da vida econômica, que</p><p>deixa de guiar-se por princípios ou ideais (racionalidade com relação a valores), norteando-se</p><p>inteiramente por objetivos e metas (racionalidade com relação a fins. Trata-se do reino da utilidade e da</p><p>eficiência.</p><p>5. C</p><p>Sistema profundamente impessoal e utilitário, focado exclusivamente na eficiência, isto é, no</p><p>cumprimento de metas, o capitalismo é por si mesmo burocrático, favorecendo a divisão social do</p><p>trabalho, a meritocracia, a hierarquia e o senso do dever.</p><p>6. B</p><p>Sistema profundamente impessoal e utilitário, focado exclusivamente na eficiência, isto é, no</p><p>cumprimento de metas, o capitalismo é por si mesmo burocrático, favorecendo a divisão social do</p><p>trabalho, a meritocracia, a hierarquia e o senso do dever.</p><p>7. C</p><p>Em sua obra, Weber buscou revelar como as origens do capitalismo, em particular da visão positiva a</p><p>respeito da busca pelo lucro, estão historicamente associadas a certas modalidades de protestantismo</p><p>calvinista, as quais viam no sucesso financeiro um sinal das bênçãos de Deus e,portanto, da salvação.</p><p>8. A</p><p>Nos estudos de Max Weber a respeito da sociedade moderna, a exemplo da obra A ética protestante e o</p><p>espírito do capitalismo, o autor busca identificar e compreender a especificidade da sociedade moderna</p><p>ocidental. Tal especificidade diz respeito ao modo como um tipo particular de racionalização se</p><p>desenvolveu nessa região, envolvendo a secularização e, com seu aprofundamento, o desencantamento</p><p>do mundo.</p><p>Filosofia / Sociologia</p><p>11</p><p>9. B</p><p>Diferente do que diz II, Weber associou o nascimento do capitalismo não a vertentes luteranas, mas a</p><p>vertentes calvinistas - e estas não desprezavam o trabalho braçal, mas sim o insucesso financeiro.</p><p>Diferente do que diz III, para os puritanos calvinistas, o papel das riquezas era ser um sinal da</p><p>predestinação de certos indivíduos específicos (os bem-sucedidos), portanto, a desigualdade social era</p><p>valorizada entre eles.</p><p>10. D</p><p>Para Weber, a técnica capitalista, associada ao predomínio da racionalidade com relação a fins, é própria</p><p>da Modernidade. Por outro lado, ele não a avalia como boa ou ruim, mas apenas assinala seu papel</p><p>central no mundo em que vivemos.</p><p>Resumão</p><p>Abril</p><p>Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada</p><p>previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.</p><p>1</p><p>Sociologia</p><p>Antropologia</p><p>Resumo</p><p>Em nosso cotidiano, tendemos a chamar de “cultura” apenas aquele conjunto de atividades humanas</p><p>consideradas mais nobres pela sociedade, como o teatro, a música clássica, a alta literatura, o cinema de</p><p>vanguarda etc. No nosso dia-a-dia, não costumamos considerar cultural o ato de um sujeito comer pipoca</p><p>ou lavar louça. Apenas certas atividades “superiores” seriam culturais.</p><p>Na antropologia (e, portanto, também na sociologia, que é sua parente próxima) é diferente. Nessa</p><p>perspectiva, cultura é todo e qualquer elemento da vida humana que não seja natural, isto é, que não seja</p><p>fruto de nossa própria constituição física, química e biológica. Enquanto o natural é aquilo que o homem</p><p>realiza espontaneamente, em virtude do seu próprio ser, como respirar, por exemplo; o cultural, por sua vez,</p><p>é aquilo que é criado pelo homem em sociedade e que, portanto, ele adquire através do seu convívio com os</p><p>outros: a habilidade de escrever, por exemplo.</p><p>Vê-se aqui que, enquanto o sentido cotidiano de cultura é bastante restrito, o sentido antropológico de</p><p>cultura é bem mais amplo, incluindo sim o comer pipoca e o lavar louça como fenômenos culturais. Por outro</p><p>lado, é bom lembrar que, por mais que a visão antropológica parta de uma diferenciação entre natureza e</p><p>cultura, estes dois domínios não são completamente separados, mas, ao contrário, por mais que distintos,</p><p>estão sempre muito conectados no mundo real. O fato cultural da existência da língua portuguesa, por</p><p>exemplo, só existe em virtude do fato natural da capacidade humana de falar.</p><p>E por que estamos falando de cultura? Ora, porque vamos falar de Antropologia! A Antropologia Cultural é</p><p>uma importante área das ciências sociais. Ela estuda o funcionamento das diversas culturas humanas.</p><p>Diferente de outras ciências, como a matemática, a física teórica, a economia e até mesmo certos ramos da</p><p>sociologia, que podem ser desenvolvidos de maneira puramente teórica, por meio de leituras e estudos</p><p>abstratos, a antropologia é uma ciência que sempre exige a prática. De fato, as culturas são realidades vivas</p><p>e dinâmicas, que só podem ser verdadeiramente conhecidas de perto. Assim, quando um antropólogo se</p><p>dedica a estudar certo fenômeno cultural, ele não se contenta apenas em ler o que outros autores escreveram</p><p>sobre o tema - o que certamente é muito importante -, mas vai ele próprio ter contato com a realidade cultural</p><p>em questão. Por isto, vemos nos velhos filmes de Hollywood o antropólogo como aquele sujeito que vai para</p><p>terras distantes, conhecer e estudar tribos isoladas, convivendo com os nativos por um tempo. Este trabalho</p><p>de campo do antropólogo é chamado tecnicamente de etnografia e não precisa ser feito apenas em lugares</p><p>distantes, com povos desconhecidos. Há, por exemplo, a antropologia urbana, que produz trabalhos</p><p>etnográficos sobre fenômenos culturais das grandes cidades, como o hip-hop e o grafite. Por fim, é bom</p><p>dizer que, desde as origens da antropologia, lá no século XIX, há muitas discussões sobre a pesquisa</p><p>etnográfica e dos melhores meios de realizá-la: se o pesquisador deve buscar comportar-se como um</p><p>membro</p><p>qualquer do espaço social em que se encontra e ocultar sua identidade; se, ao contrário, é</p><p>importante que, mesmo estando fazendo trabalho de campo, ele se comporte como um observador externo,</p><p>etc.</p><p>Desde seu início a antropologia passou por diversos estágios e teve em seu interior o desenvolvimento de</p><p>várias correntes. Primeiro é preciso ressaltar que, na divisão clássica da Antropologia a temos a separação</p><p>entre Antropologia cultural (que é a ciência a qual nos dedicaremos nesse material) e Antropologia Biológica,</p><p>uma ciência natural de estudo do ser humano, sua evolução, aspectos comportamentais e biológicos. Esses</p><p>estudos incluem nossos “parentes” primatas e hominídeos ancestrais extintos. Ou seja, é uma ciência</p><p>dedicada à esfera biológica da existência humana.</p><p>2</p><p>Sociologia</p><p>História da Antropologia e correntes antropológicas</p><p>Quando nos referimos a ciência Antropologia, podemos afirmar que seu nascimento com a publicação de</p><p>“As Regras do Método Sociológico” de Durkheim, que futuramente publicaria “Formas Elementares da Vida</p><p>Religiosa” onde o autor busca compreender como surgiu o fenômeno da religiosidade e sua constituição</p><p>basal. Mas, muito antes disso, pensadores já se dedicavam a questão da cultura e, principalmente, do outro.</p><p>Evolucionismo</p><p>Nesse período o conhecimento produzido pela antropologia serviu de instrumento para justificação da</p><p>política colonialista das metrópoles europeias. As correntes do pensamento antropológico defendem uma</p><p>superioridade do homem europeu sobre as outras “raças” espalhadas pelo mundo. Essa posição é chamada</p><p>de etnocentrismo.</p><p>Sem contato com esses povos, os pesquisadores se debruçavam sobre relatos trazidos por viajantes e</p><p>analisavam objetos de lugares distantes. As informações sobre povos de terras longínquas foram</p><p>produzidas desde o início da dominação europeia, mas só no séc. XIX alcança a sistematização. Mas por</p><p>que tanta informação sobre os outros? Ora, para que a dominação fosse mais bem exercida. O pontapé inicial</p><p>da Antropologia é esse, uma mistura entre curiosidade científica sobre um ser humano desumanizado</p><p>(considerado inferior, bárbaro, objetificado) e o interesse em exercer uma dominação cada vez mais eficiente.</p><p>Entender essas sociedades estava para os cientistas da Antropologia tal qual Galápagos estava para Darwin.</p><p>Eles compreendiam essas comunidades como primitivas, arcaicas, ou seja, um laboratório onde poderia ser</p><p>observada a própria história. A partir de uma concepção evolucionista, pensadores como Morgan, Tylor e</p><p>Frazer acreditam que as sociedades estão dispostas numa evolução linear e vertical, onde invariavelmente</p><p>as sociedades europeias já foram como os selvagens ou bárbaros e esses, em algum ponto da história</p><p>chegariam à civilização europeia.</p><p>Esse movimento fica conhecido como Evolucionismo Social ou Darwinismo social, pela influência do</p><p>pensamento do biólogo na teoria social. Um de seus maiores expoentes é Herbert Spencer, autor da frase “a</p><p>sobrevivência do mais apto”, que expressa bem como a corrente entende o desenvolvimento das sociedades.</p><p>Funcionalismo</p><p>Como falamos, a ciência Antropologia surgiu na virada do séc. XIX para o XX, com propostas cada vez menos</p><p>etnocêntricas de conduzir as pesquisas. Durkheim é um marco importante, assim como seu sobrinho, Marcel</p><p>Mauss. Partindo da perspectiva de que cada sociedade tem fenômenos que se encaixam harmoniosamente</p><p>pela sua função, esses pensadores iniciaram uma pesquisa menos pautada na superioridade europeia e</p><p>mais focada da realidade peculiar de cada comunidade. A proposta de Branislaw Malinowski de um novo</p><p>método, a etnografia, revoluciona o campo, que até então se baseava na etnologia, um estudo de</p><p>documentos, objetos e relatos sobre os diversos povos. A etnografia se baseia presença do pesquisador no</p><p>meio social que investigará, onde ele realiza observação direta (sem intermediários) e observação</p><p>participante (atuando nos diversos fenômenos culturais estudados. A posição de Malinowski não é mais</p><p>etnocêntrica, mas adepta do relativismo cultural. Assim o funcionalismo compartilha da visão segundo a</p><p>qual não existem culturas objetivamente inferiores ou superiores, uma vez que, segundo tal concepção,</p><p>nenhuma avaliação cultural é neutra, mas sempre depende do ponto de vista do avaliador e é, portanto,</p><p>relativa. Segundo Malinowski e seus companheiros, é preciso entender que todo fenômeno cultural, por mais</p><p>estranho ou mesmo errado que possa parecer aos nossos olhos, possui um sentido e uma função na cultura</p><p>em que habita. Assim, compreender uma cultura não é, como pensavam os evolucionistas, buscar enquadrá-</p><p>la em uma suposta escala de evolução da humanidade, como mais ou menos civilizada, pois isto significa</p><p>impor os valores de uma determinada cultura (aquela vista como mais civilizada) como régua para medir as</p><p>3</p><p>Sociologia</p><p>outras. Ao contrário, compreender uma cultura significa apreender sua especificidade, suas características</p><p>próprias, sem julgamentos ou avaliações.</p><p>Culturalismo</p><p>Apesar de funcionalista, a antropologia estadunidense se destaca através de Franz Boas com discussão</p><p>sobre o que é cultura. Naquela época as questões que envolviam cultura eram entendidas como um processo</p><p>racional evolutivo. Boas não criticou expressamente a noção de evolução social, mas a noção de que</p><p>inevitavelmente as culturas percorriam uma linha do simples para o complexo e que essa linha era única</p><p>para a espécie humana. Ele apresenta a noção de que as sociedades, mesmo podendo ser analisadas em</p><p>termos de evolução, percorrem trajetórias únicas, possibilitando a existência de diferentes</p><p>desenvolvimentos históricos que não necessariamente o europeu. O fenômeno cultural para Boas era</p><p>autônomo em relação ao meio e ao tempo, quebrando a noção de determinismo cultural da corrente</p><p>evolucionista. Na verdade, Boas, com esse proposição, se torna o principal teórico do relativismo cultural.</p><p>Estruturalismo</p><p>Claude Lévi-Strauss foi aluno de Boas, sendo o maior nome do estruturalismo. Os estruturalistas também</p><p>fazem uma defesa do relativismo cultural, ou seja, também acredita que toda avaliação cultural é relativa e</p><p>que não há motivos sérios e aceitáveis para julgarmos determinadas culturas melhores do que as outras.</p><p>Há, porém, uma importante diferença entre os funcionalistas e os estruturalistas. De fato, ao contrário de</p><p>Malinowski, que, como vimos, propunha uma análise antropológica especificante, focada em entender cada</p><p>cultura por si mesma, a partir dos seus próprios valores e crenças e a partir sobretudo da função destes</p><p>valores e crenças na cultura em questão, Lévi-Strauss propunha uma análise comparativa dos fenômenos</p><p>culturais. Isto é, para ele e seus companheiros, por mais que não existam culturas superiores e que cada</p><p>sociedade seja uma universo próprio, é possível perceber certas constantes na ordem cultural, certas</p><p>estruturas sociais (daí o nome da corrente) que se repetem nas diversas culturas pelo mundo. Algumas</p><p>dessas estruturas sociais, destes padrões de comportamento constantes nas diversas culturas são, por</p><p>exemplo, o uso de uma língua para a comunicação, a proibição do incesto e a existência da família.</p><p>Obviamente, o modo como essas estruturam se manifestam varia de sociedade para sociedade: algumas só</p><p>têm língua oral, outras têm língua escrita; algumas proíbem o incesto só de parentes muito próximos, outras</p><p>têm uma lista mais extensa de interdições; algumas possuem famílias monogâmicas, outras poligâmicas;</p><p>numas, as famílias são matriarcais, em outras patriarcais, etc. O fato, porém, é que a existência dessas</p><p>estruturas é constante. Assim sendo, compreender uma cultura não é simplesmente entender como ela</p><p>funciona, qual é a função de cada elemento dentro dela, mas sim apreender as suas estruturas sociais</p><p>básicas e compará-las com as das demais culturas existentes, notando suas semelhanças e diferenças.</p><p>Perceba-se, porém, que, ao contrário do que ocorre no evolucionismo, esta comparação não tem qualquer</p><p>caráter avaliativo, de julgar quem é melhor ou pior. Trata-se apenas de entender as semelhanças e diferenças</p><p>entre as culturas, para melhor poder explicá-las.</p><p>Ou seja, a busca de Lévi-Strauss não é de entender o que há de diferente no ser humano, entender o outro,</p><p>mas entender a humanidade em sua totalidade. Lévi-Strauss busca aquilo que há de semelhante nas</p><p>culturas e que pode ser comparado entre elas (sem juízo valorativo), que pode ser considerado uma</p><p>estrutura. No estudo que faz dos ameríndios brasileiros, o pensador percebe que relações como parentesco,</p><p>linguagem, música e mitos funcionam de maneira semelhante para todas as pessoas (inclusiva brancos).</p><p>Sua proposta é a de que todos pensamos em pares de oposição (como se pensássemos em binário numa</p><p>cadeia de associações e dissociações). Assim, os elementos que aproximam culturas tradicionais das</p><p>europeias não são sua pretensa ancestralidade arcaica, mas a semelhança no seu modo de pensar. Os mitos</p><p>ameríndios não perdem em nada no quesito complexidade e lógica – na visão do autor - para a forma de ver</p><p>o mundo do homem branco, que passa a ser apenas mais uma cosmologia possível como narrativa.</p><p>4</p><p>Sociologia</p><p>Antropologia interpretativa</p><p>Clifford Geertz foi o maior responsável por esse que foi, até o momento, o último grande movimento</p><p>paradigmático da Antropologia. Sua defesa era a de que cada cultura era tão única que não era possível</p><p>encontrar semelhanças ou diferenças, nem tampouco entender para que serve cada fenômeno, quais</p><p>funções carregam. Geertz afirma que nenhum antropólogo, independentemente do método, será capaz de</p><p>compreender dada cultura como um nativo compreende. De fato, o próprio nativo já faz sua intepretação</p><p>própria da cultura, não significando aquela interpretação um retrato objetivo da cultura em questão. Mas,</p><p>como assim? Por que fazer Antropologia se não é possível obter um conhecimento objetivo na pesquisa?</p><p>Veja bem, como discutimos antes, as Ciências Sociais são diversas das Ciências Naturais naquilo que</p><p>pesquisam, como pesquisam e no que consideram objetividade científica. Reconhecer que a objetividade</p><p>absoluta é impossível quando se estuda o ser humano é tão científico quanto as descobertas da física em</p><p>relação a gravidade. O ser humano é volátil e esse é um dado incontornável. Geertz aponta então para a</p><p>única possibilidade de conhecer outras culturas: Lê-las como um livro. Não importa saber como uma cultura</p><p>é, até porque isso está posto como impossível para Geertz. O que podemos fazer é interpretar essa cultura,</p><p>tentar entender como as pessoas entendem sua cultura. Posto que o próprio nativo é um leitor, os</p><p>antropólogos são como as pessoas que espiam a leitura de estranhos no transporte coletivo. Nas palavras</p><p>de Geertz a Antropologia deveria interpretar “quem as pessoas de determinada formação cultural acham que</p><p>são, o que elas fazem e por que razões elas creem que fazem o que fazem”. Essa é uma proposta voltada</p><p>para os sentidos de uma cultura (muito próxima da metodologia weberiana, voltada para o sentido das ações</p><p>dos indivíduos). Além disso, Geertz afirmava que o problema na Antropologia não era estranhar o outro, mas</p><p>estranhar a si mesmo. O antropólogo deve fazer uma extensa investigação sobre si antes de se propor a</p><p>pensar sobre os outros.</p><p>5</p><p>Sociologia</p><p>Exercícios</p><p>1. Cada cultura tem suas virtudes, seus vícios, seus conhecimentos, seus modos de vida, seus erros,</p><p>suas ilusões. Na nossa atual era planetária, o mais importante é cada nação aspirar a integrar aquilo</p><p>que as outras têm de melhor, e a buscar a simbiose do melhor de todas as culturas. A França deve ser</p><p>considerada em sua história não somente segundo os ideais de Liberdade-Igualdade-Fraternidade</p><p>promulgados por sua Revolução, mas também segundo o comportamento de uma potência que, como</p><p>seus vizinhos europeus, praticou durante séculos a escravidão em massa, e em sua colonização</p><p>oprimiu povos e negou suas aspirações à emancipação. Há uma barbárie europeia cuja cultura</p><p>produziu o colonialismo e os totalitarismos fascistas, nazistas, comunistas. Devemos considerar uma</p><p>cultura não somente segundo seus nobres ideais, mas também segundo sua maneira de camuflar sua</p><p>barbárie sob esses ideais.</p><p>Edgard Morin. Le Monde, 08.02.2012. Adaptado.</p><p>No texto citado, o pensador contemporâneo Edgard Morin desenvolve</p><p>a) reflexões elogiosas acerca das consequências do etnocentrismo ocidental sobre outras</p><p>culturas.</p><p>b) um ponto de vista idealista sobre a expansão dos ideais da Revolução Francesa na história.</p><p>c) argumentos que defendem o isolamento como forma de proteção dos valores culturais.</p><p>d) uma reflexão crítica acerca do contato entre a cultura ocidental e outras culturas na história.</p><p>e) uma defesa do caráter absoluto dos valores culturais da Revolução Francesa.</p><p>2. “O grupo do 'eu' faz, então, de sua visão a única possível, ou mais discretamente se for o caso, a melhor,</p><p>a natural, a superior, a certa. O grupo do 'outro' fica, nessa lógica, como sendo engraçado, absurdo,</p><p>anormal ou inteligível".</p><p>ROCHA, Everardo P. Guimarães. O que é etnocentrismo. 1. ed. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 9.</p><p>A citação explicita o fenômeno social denominado etnocentrismo. Assinale entre as alternativas</p><p>abaixo aquela que explica o conceito.</p><p>a) O etnocentrismo demonstra como convivemos em harmonia com grupos e indivíduos que</p><p>pertencem a uma cultura diversa ou são reconhecidos como “diferentes” por não seguirem os</p><p>padrões de comportamento socialmente aceitos na sociedade em que vivemos.</p><p>b) O etnocentrismo é uma visão de mundo (que pode compreender ideias e ideologias) em que</p><p>nosso próprio grupo é tomado como centro de referência e todos os outros são pensados e</p><p>avaliados através de nossos valores, nossos modelos e nossas definições do que é a existência.</p><p>c) O etnocentrismo é uma visão de mundo (que pode compreender ideias e ideologias) em que</p><p>buscamos não julgar e não avaliar as diferenças e sim compreender as especificidades culturais</p><p>de cada grupo ou cultura.</p><p>d) O etnocentrismo demonstra a luta de classe nas sociedades capitalistas a partir da teoria</p><p>marxista.</p><p>e) O etnocentrismo é uma teoria que explica por que não devemos interferir nas outras culturas.</p><p>6</p><p>Sociologia</p><p>3. A Globalização de fins do século XX e de início do século XXI anuncia a ideia de um mundo sem</p><p>fronteiras e de cidadania mundial. Tais perspectivas remetem à diminuição do racismo, da xenofobia</p><p>e da intolerância religiosa. Todavia, na segunda década do século XXI, é possível notar que alguns</p><p>resultados esperados não foram alcançados. Por exemplo, as fronteiras se mantêm, existindo até</p><p>mesmo a proposta de construção de muros entre países. Além disso, o racismo, a xenofobia e a</p><p>intolerância religiosa aumentam, sobretudo em áreas com a presença de imigrantes e de refugiados</p><p>de guerra.</p><p>Essas situações podem ser estudadas a partir do conceito de etnocentrismo, sobre o qual é incorreto</p><p>afirmar que</p><p>a) faz parte do comportamento etnocêntrico a compreensão de que a cultura a que a pessoa</p><p>pertence é superior às demais.</p><p>b) xenofobia é a aversão e a intolerância a pessoas estrangeiras ou consideradas estrangeiras.</p><p>c) a perseguição e os ataques a imigrantes, por serem imigrantes, são ações desvinculadas da visão</p><p>de mundo etnocêntrica.</p><p>d) no relativismo cultural pode ser interpretado como uma crítica ao etnocentrismo. Ele sustenta</p><p>que cada cultura tem o seu valor e a sua legitimidade.</p><p>e) É uma visão etnocêntrica achar que os aspectos de uma determinada cultura são inferiores.</p><p>4. Na segunda metade do século XIX, a capoeira era uma marca da tradição rebelde da população</p><p>trabalhadora urbana na maior cidade do Império do Brasil, que reunia</p><p>escravos e livres, brasileiros e</p><p>imigrantes, jovens e adultos, negros e brancos. O que mais os unia era pertencer aos porões da</p><p>sociedade, e na última escala do piso social estavam os escravos africanos.</p><p>SOARES, C. E. L. Capoeira mata um. In: FIGUEIREDO, L. História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra,</p><p>2013.</p><p>De acordo com o texto, um fator que contribuiu para a construção da tradição mencionada foi a</p><p>a) elitização de ritos católicos.</p><p>b) desorganização da vida rural.</p><p>c) redução da desigualdade racial.</p><p>d) mercantilização da cultura popular.</p><p>e) diversificação dos grupos participantes.</p><p>7</p><p>Sociologia</p><p>5. Muitos países se caracterizam por terem populações multiétnicas. Com frequência, evoluíram desse</p><p>modo ao longo de séculos. Outras sociedades se tornaram multiétnicas mais rapidamente, como</p><p>resultado de políticas incentivando a migração, ou por conta de legados coloniais e imperiais.</p><p>GIDDENS. A. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012 (adaptado).</p><p>Do ponto de vista do funcionamento das democracias contemporâneas, o modelo de sociedade</p><p>descrito demanda, simultaneamente,</p><p>a) defesa do patriotismo e rejeição ao hibridismo.</p><p>b) universalização de direitos e respeito à diversidade.</p><p>c) segregação do território e estímulo ao autogoverno.</p><p>d) políticas de compensação e homogeneização do idioma.</p><p>e) padronização da cultura e repressão aos particularismos.</p><p>6. É amplamente conhecida a grande diversidade gastronômica da espécie humana. Frequentemente,</p><p>essa diversidade é utilizada para classificações depreciativas. Assim, no início do século, os</p><p>americanos denominavam os franceses de “comedores de rãs”. Os índios kaapor discriminam os</p><p>timbiras chamando-os pejorativamente de “comedores de cobra”. E a palavra potiguara pode</p><p>significar realmente “comedores de camarão”. As pessoas não se chocam apenas porque as outras</p><p>comem coisas variadas, mas também pela maneira que agem à mesa. Como utilizamos garfos,</p><p>surpreendemo-nos com o uso dos palitos pelos japoneses e das mãos por certos segmentos de nossa</p><p>sociedade.</p><p>LARAIA, R. Cultura: um conceito antropológico. São Paulo: Jorge Zahar, 2001 (adaptado).</p><p>O processo de estranhamento citado, com base em um conjunto de representações que grupos ou</p><p>indivíduos formam sobre outros, tem como causa o(a)</p><p>a) reconhecimento mútuo entre povos.</p><p>b) etnocentrismo recorrente entre populações.</p><p>c) comportamento hostil em zonas de conflito.</p><p>d) constatação de agressividade no estado de natureza.</p><p>e) transmutação de valores no contexto da modernidade.</p><p>8</p><p>Sociologia</p><p>7. (...) Como para mim é mais difícil vestir a pele de uma mulher negra, porque por ser branca eu tenho</p><p>menos elementos que me permitem alcançá-la, eu preciso fazer mais esforço. Não porque sou bacana,</p><p>mas por imperativo ético. E a melhor forma que conheço para alcançar um outro, especialmente</p><p>quando por qualquer circunstância este outro é diferente de mim, é escutando-o. Assim, quando ouvi</p><p>que não deveria usar turbante, entre outros símbolos culturais das mulheres negras, fui escutá-las.</p><p>Acho que isso é algo que precisamos resgatar com urgência. Não responder a uma interdição com</p><p>uma exclamação: “Sim, eu posso!”. Mas com uma interrogação: “Por que eu não deveria?”. As</p><p>respostas categóricas, assim como as certezas, nos mantêm no mesmo lugar. As perguntas nos</p><p>levam mais longe porque nos levam ao outro.</p><p>(...)</p><p>BRUM, Eliane. De uma branca para outra. El País. 20 de fevereiro de 2017. Adaptado. Disponível em:</p><p><http://brasil.elpais.com/brasil/2017/02/20/opinion/1487597060_574691.html></p><p>Assinale a alternativa que apresenta o conceito sociológico que melhor representa o desejo de</p><p>compreensão do outro apresentado pela autora:</p><p>a) Etnocentrismo.</p><p>b) Antropocentrismo.</p><p>c) Relativismo Cultural.</p><p>d) Fato Social.</p><p>e) Relativismo Físico.</p><p>8. A humanidade cessa nas fronteiras da tribo, do grupo linguístico, às vezes mesmo da aldeia; a tal</p><p>ponto, que um grande número de populações ditas primitivas se autodesigna com um nome que</p><p>significa ‘os homens’ (ou às vezes – digamo-lo com mais discrição? – os ‘bons’, os ‘excelentes’, ‘os</p><p>completos’), implicando assim que as outras tribos, grupos ou aldeias não participam das virtudes ou</p><p>mesmo da natureza humana, mas são, quando muito, compostos de ‘maus’, ‘malvados’, ‘macacos da</p><p>terra’ ou de ‘ovos de piolho’.</p><p>LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História. Antropologia Estrutural Dois. São Paulo: Tempo Brasileiro, 1989: 334.</p><p>Nesse trecho, o antropólogo Claude Lévi-Strauss descreve a reação de estranhamento que é comum</p><p>às das sociedades humanas quando defrontadas com a diversidade cultural.</p><p>Tal reação pode ser definida como uma tendência:</p><p>a) Etnocêntrica</p><p>b) Iluminista</p><p>c) Relativista</p><p>d) Ideológica</p><p>e) Teológica.</p><p>9</p><p>Sociologia</p><p>9. Quando refletimos sobre a questão da justiça, algumas associações são feitas quase intuitivamente,</p><p>tais como a de equilíbrio entre as partes, princípio de igualdade, distribuição equitativa, mas logo as</p><p>dificuldades se mostram. Isso porque a nossa sociedade, sendo bastante diversificada, apresenta</p><p>uma heterogeneidade tanto em termos das diversas culturas que coexistem em um mundo interligado</p><p>como em relação aos modos de vida e aos valores que surgem no interior de uma mesma sociedade.</p><p>CHEDIAK, K. A pluralidade como ideia reguladora: a noção de justiça a partir da filosofia de Lyotard. Trans/Form/Ação, n. 1,</p><p>2001 (adaptado).</p><p>A relação entre justiça e pluralidade, apresentada pela autora, está indicada em:</p><p>a) A complexidade da sociedade limita o exercício da justiça e a impede de atuar a favor da</p><p>diversidade cultural.</p><p>b) A diversidade cultural e de valores torna a justiça mais complexa e distante de um parâmetro</p><p>geral orientador.</p><p>c) O papel da justiça refere-se à manutenção de princípios fixos e incondicionais em função da</p><p>diversidade cultural e de valores.</p><p>d) O pressuposto da justiça é fomentar o critério de igualdade a fim de que esse valor tome-se</p><p>absoluto em todas as sociedades.</p><p>e) O aspecto fundamental da justiça é o exercício de dominação e controle, evitando a desintegração</p><p>de uma sociedade diversificada.</p><p>10. Para a antropóloga Ruth Benedict, “a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo.</p><p>Homens de culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto, têm visões desencontradas das</p><p>coisas.”</p><p>BENEDICT, Ruth. O crisântemo e a espada. São Paulo: Perspectiva, 1972.</p><p>Portanto, é CORRETO afirmar.</p><p>a) A cultura nos ensina a perceber as 'coisas' e classificá-las, mas não serve para orientar a nossa</p><p>conduta cotidiana.</p><p>b) Um índio Guarani vê a floresta com olhos diferentes das pessoas não Guaranis; seu olhar percebe</p><p>significados em cada árvore (alimento, morada dos Deuses). Uma pessoa não Guarani olha para</p><p>a floresta e pode ver uma oportunidade de negócio.</p><p>c) Um índio Guarani, que vive em sua aldeia, e uma pessoa não índia, que vive na cidade, possuem</p><p>valores idênticos.</p><p>d) Em todas as culturas, mulheres e homens têm os mesmos direitos, os mesmos papéis sociais.</p><p>Exemplo: povo Palestino e povo Americano.</p><p>e) A cultura não tem o poder de influenciar em nossas decisões.</p><p>10</p><p>Sociologia</p><p>Gabarito</p><p>1. D</p><p>A alternativa [D] é a única correta. Morin propõe uma análise crítica das culturas contemporâneas.</p><p>Segundo ele, elas não devem ser analisadas somente por seus valores, mas também por aquilo que</p><p>produziram e pelas barbáries que permitiram. É a partir dessa análise que cada nação deve buscar</p><p>integrar aquilo que as outras possuem de melhor.</p><p>2. B</p><p>O etnocentrismo corresponde à atitude ou forma de pensar que avalia a cultura alheia a partir dos</p><p>critérios da minha própria cultura. Essa forma de pensar está intimamente relacionada</p><p>com o</p><p>preconceito e se opõe ao relativismo cultural.</p><p>3. C</p><p>O etnocentrismo corresponde à atitude de considerar a sua cultura como sendo a superior. Isso está</p><p>diretamente relacionado com atitudes de intolerância religiosa e contra imigrantes, por exemplo.</p><p>4. E</p><p>[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia]</p><p>A capoeira, ao ultrapassar barreiras culturais desde o período escravista de nosso país, consolidou-se</p><p>como um importante elemento identitário brasileiro.</p><p>[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]</p><p>Como o próprio texto ressalta, diversos grupos confraternizavam-se na prática da capoeira ligados por</p><p>um simples fator: a marginalização social, ou seja, todos se sentiam excluídos socialmente.</p><p>5. B</p><p>A existência de populações multiétnicas depende do reconhecimento das diversas etnias no território</p><p>nacional. Isso somente pode se dar através da universalização de direitos e de um amplo respeito</p><p>jurídico e social à diversidade.</p><p>6. B</p><p>O choque causado nas pessoas ao descobrirem fenômenos culturais diversos é comum e se dá por</p><p>uma postura etnocêntrica. Por fazer um juízo de valor sobre elementos de outras culturas baseado em</p><p>nossa leitura de mundo particular, acabamos estranhando e avaliando outras culturas como erradas ou</p><p>inferiores.</p><p>7. C</p><p>A dúvida gerada pela intenção de compreender a visão do outro é um resultado da prática do relativismo</p><p>cultural, ou seja, do ato de considerar que a nossa cultura não é o centro, nem a única verdadeira.</p><p>8. A</p><p>O texto faz clara referência ao conceito de etnocentrismo. Essa tendência de julgar os outros povos ou</p><p>culturas a partir dos critérios da nossa própria cultura, considerando-os inferiores, é típica de toda</p><p>sociedade humana.</p><p>11</p><p>Sociologia</p><p>9. B</p><p>Para as ciências sociais, pelo fato de existirem diversas culturas, não podemos chegar a um consenso</p><p>do que seria a Justiça. Assim sendo, todas as nossas ações práticas dependem de uma predisposição</p><p>para negociarmos uma vida em comum. Somente assim podemos conviver de forma pacífica com o</p><p>diferente.</p><p>10. B</p><p>A alternativa [B] é correta. Ela apresenta um exercício de relativismo cultural, em que percebemos que</p><p>nossa forma de ver o mundo não é a única, pois varia culturalmente.</p><p>1</p><p>Sociologia</p><p>Identidade e Alteridade</p><p>Resumo</p><p>Identidade é o conjunto de caracteres próprios e exclusivos com os quais se podem diferenciar pessoas,</p><p>animais, plantas e objetos inanimados uns dos outros, quer diante do conjunto das diversidades, quer ante</p><p>seus semelhantes.</p><p>“Identidade” é também um conceito importante em matemática; constitui o seu pilar principal através do</p><p>'Princípio da Identidade': o axioma fundamental da matemática.</p><p>Como podemos ver, sua conceituação interessa a vários ramos do conhecimento (história, sociologia,</p><p>antropologia, direito, etc.), e tem, portanto, diversas definições, conforme o enfoque que se lhe dê, podendo</p><p>ainda haver uma identidade individual ou coletiva, falsa ou verdadeira, presumida ou ideal, perdida ou</p><p>resgatada. Identidade ainda pode ser uma construção legal, e, portanto, traduzida em sinais e documentos,</p><p>que acompanham o indivíduo.</p><p>Especialmente caro para a Antropologia, o conceito é discutido desde o início do séc. XX, com os estudos dos</p><p>alunos de Franz Boas. Apesar disso, o conceito era lateral na época. Sempre mobilizado em articulação com</p><p>algum outro fenômeno social, representava a imagem que o grupo produzia de si mesmo, representando uma</p><p>noção de equilíbrio. Posteriormente o conceito alcançou novo estatuto, resultado dos efeitos do avanço do</p><p>capitalismo e da globalização. O aumento do fluxo de pessoas, mercadorias e informações fez com que a</p><p>noção de identidade se conectasse a noção de distinção, pois esse contexto intensificou a percepção da</p><p>diferença.</p><p>O conceito de identidade ganha assim nova roupagem frente aos limites dos conceitos de cultura e etnicidade</p><p>para dar conta da diferença. Indivíduos no interior de etnias e culturas não apresentam comportamento similar</p><p>para que sejam classificados homogeneamente. A acentuação a diferença e a influência desses fluxos cada</p><p>vez mais intenso são tão fortes que produzem particularidades mais profundas. De onde você é e quais são</p><p>seus ancestrais já não dão conta de como as pessoas enxergam a si mesmas.</p><p>O que você faz no dia a dia passa a ser o foco. A partir do pensamento interpretativo de Geertz a Antropologia</p><p>passa a perseguir ações, práticas e sentidos. A experiência do cotidiano de cada um passa a ser a composição</p><p>da identidade e a principal forma de diferenciação entre as pessoas e grupos. A identidade é vista sempre</p><p>como transitória, inacabada, sempre em construção.</p><p>Mas por que o conceito de identidade se torna tão importante? Ora, porque a vida social se fragmentou tanto</p><p>que não dá mais para usar categorias tão estáveis na sua análise. Qualquer pessoa tem múltiplas opções. A</p><p>identidade não se preocupa com o que somos por origem ou pertencimento, mas com o que escolhemos por</p><p>ação ou adesão.</p><p>Apesar disso, o conceito não está baseado numa concepção individualista da estrutura social, como se a</p><p>identidade fosse uma mercadoria que adquirimos e trocamos quando está desgastada. A identidade articula</p><p>a trajetória individual com a vida em comum, aquilo que fazemos e deixamos de fazer, a teia de fenômenos</p><p>que compõe a sociedade. Aquilo que está fora do nosso alcance e controle é essencial para a formação da</p><p>identidade, ou seja, a percepção da diferença se dá pelo contraste. A interação social com grupos diferentes</p><p>e até formas de preconceito e discriminação moldam tanto nossa percepção sobre nós quanto aquilo que</p><p>reconhecemos ser nossa composição.</p><p>2</p><p>Sociologia</p><p>Daí o conceito de alteridade ganha cada vez mais relevo. Antes condicionado também a noção de diferença</p><p>social/cultural, ligada a noção de equilíbrio estrutural proporcionada por percepções como região de</p><p>nascimento, ancestralidade, etnicidade etc. a alteridade passa a ser mobilizada para demonstrar a</p><p>importância da diferença na composição do “eu”. A Alteridade (ou outridade) é, então, a concepção que parte</p><p>do pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende de outros indivíduos. Assim,</p><p>como muitos antropólogos e cientistas sociais afirmam, a existência do "eu-individual" só é permitida</p><p>mediante um contato com o outro (que em uma visão expandida se torna o Outro - a própria sociedade</p><p>diferente do indivíduo). Dessa forma eu apenas existo a partir do outro, da visão do outro, o que me permite</p><p>também compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado, partindo tanto do diferente quanto de mim</p><p>mesmo, sensibilizado que estou pela experiência do contato.</p><p>3</p><p>Sociologia</p><p>Exercícios</p><p>1. Parecer CNE/CP nº 3/2004, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das</p><p>Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Procura-se</p><p>oferecer uma resposta, entre outras, na área da educação, à demanda da população afrodescendente,</p><p>no sentido de políticas de ações afirmativas. Propõe a divulgação e a produção de conhecimentos, a</p><p>formação de atitudes, posturas que eduquem cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial</p><p>— descendentes de africanos, povos indígenas, descendentes de europeus, de asiáticos — para</p><p>interagirem na construção de uma nação democrática, em que todos igualmente tenham seus direitos</p><p>garantidos.</p><p>BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Disponível em: www.semesp.org.br. Acesso em: 21 nov. 2013.</p><p>A orientação adotada por esse parecer fundamenta uma política pública e associa o princípio da</p><p>inclusão social a:</p><p>a) práticas de valorização identitária.</p><p>b) medidas de compensação econômica.</p><p>c) dispositivos de liberdade de expressão.</p><p>d) estratégias de qualificação profissional.</p><p>e) instrumentos de modernização jurídica.</p><p>2. A nação, a nacionalidade e a identidade nacional são construções sócio-históricas, portanto, são</p><p>resultado da ação de vários agentes sociais. O intelectual é um dos agentes sociais envolvidos na</p><p>construção das ideias de nação, de nacionalidade e de identidade nacional. Para o caso brasileiro, no</p><p>que diz respeito à criação da identidade nacional, um intelectual central foi Gilberto Freyre (1900-1987).</p><p>Em suas obras, Freyre sistematizou, divulgou e ajudou a sedimentar a ideia do Brasil como país mestiço,</p><p>atrelando a identidade nacional brasileira à miscigenação, à mestiçagem.</p><p>Sobre a identidade nacional brasileira assentada na miscigenação e na mestiçagem, é incorreto</p><p>afirmar:</p><p>a) A identidade nacional brasileira assentada nos ideais da mestiçagem e da miscigenação busca</p><p>conciliar discursivamente uma sociedade altamente estratificada onde o racismo é um operador</p><p>social importante.</p><p>b) A construção da identidade nacional brasileira favoreceu a expropriação do patrimônio cultural da</p><p>população negra, uma vez que elementos da cultura negra foram transformados em cultura</p><p>nacional, situação que colaborou para fortalecer a ideia da ausência de uma cultura da população</p><p>negra no Brasil.</p><p>c) A identidade nacional alicerçada nos ideais da miscigenação e da mestiçagem é algo que foi e</p><p>ainda é utilizado para encobrir o racismo existente no Brasil.</p><p>d) A construção da identidade nacional em torno do ideal da miscigenação e da mestiçagem</p><p>favoreceu o desenvolvimento do mito da democracia racial e da ausência de racismo no Brasil.</p><p>e) A identidade nacional calcada nos ideais da miscigenação e da mestiçagem favoreceu o</p><p>surgimento de conflito racial explícito no Brasil.</p><p>4</p><p>Sociologia</p><p>3. Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), é importante</p><p>promover e proteger monumentos, sítios históricos e paisagens culturais. Mas não só de aspectos</p><p>físicos se constitui a cultura de um povo. As tradições, o folclore, os saberes, as línguas, as festas e</p><p>diversos outros aspectos e manifestações devem ser levados em consideração. Os afro-brasileiros</p><p>contribuíram e ainda contribuem fortemente na formação do patrimônio imaterial do Brasil, que</p><p>concentra o segundo contingente de população negra do mundo, ficando atrás apenas da Nigéria.</p><p>MENEZES, S. A força da cultura negra: Iphan reconhece manifestações como patrimônio imaterial. Disponível em:</p><p>www.ipea.gov.br. Acesso em: 29 set. 2015.</p><p>Considerando a abordagem do texto, os bens imateriais enfatizam a importância das representações</p><p>culturais para a</p><p>a) construção da identidade nacional.</p><p>b) elaboração do sentimento religioso.</p><p>c) dicotomia do conhecimento prático.</p><p>d) reprodução do trabalho coletivo.</p><p>e) reprodução do saber tradicional.</p><p>4. (...) Uma opinião diversa da minha, um modo de se comportar oposto ao meu, obriga-me a refletir. Eu</p><p>me questiono, o que enriquece minha maneira de ver, de pensar e de agir. Enfim, o outro me faz</p><p>progredir e ajuda-me na construção de minha personalidade. Não se trata de aceitar, sem refletir, os</p><p>modismos ou de ser um cata-vento girando aos quatro ventos. Trata-se, somente, de se abrir ao mundo</p><p>exterior, de ficar atento aos outros; ou seja, de estar pronto a compreender, reagir, construir. O racismo</p><p>somente será vencido quando nós soubermos dizer ao outro um “muito obrigado”, tanto maior quanto</p><p>maiores forem as diferenças entre nós.</p><p>JACQUARD, Albert. Todos semelhantes, todos diferentes. São Paulo: Augustos, 1993.</p><p>Os seres humanos se percebem na relação social com o outro e esse outro, dentro de um possível, nos</p><p>leva a refletir sobre o nosso modo de ser, de pensar e de agir. Na relação do eu – outro constrói-se</p><p>a) idiolatricidade.</p><p>b) identidade.</p><p>c) igualdade.</p><p>d) idealidade.</p><p>e) idealismo.</p><p>5</p><p>Sociologia</p><p>5. A identidade e a diferença se traduzem em declarações sobre quem pertence e sobre quem não</p><p>pertence, sobre quem está incluído e quem está excluído. “Afirmar a identidade significa demarcar</p><p>fronteiras, significa fazer distinções entre o que fica dentro e o que fica fora. A identidade está sempre</p><p>ligada a uma forte separação entre ‘nós’ e ‘eles’. Essa demarcação de fronteiras, essa separação e</p><p>distinção, supõem e, ao mesmo tempo, afirmam e reafirmam relações de poder.”</p><p>SILVA, T. “A produção social da identidade e da diferença”. In: SILVA, T. (org.) Identidade e diferença: a perspectiva dos</p><p>Estudos Culturais. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 82.</p><p>Considerando o trecho citado e os estudos sociológicos sobre cultura, assinale o que for incorreto.</p><p>a) Dividir o mundo entre “nós” e “eles”, “iguais” e “diferentes”, “incluídos” e “excluídos” etc., significa</p><p>classificar culturalmente as relações sociais a partir de sistemas de significação.</p><p>b) A identidade é um fenômeno individual e autônomo no mundo moderno, pois as instituições</p><p>sociais, ao longo do século XX, deixaram de exercer qualquer pressão sobre as pessoas.</p><p>c) As identidades de gênero não são determinadas naturalmente no nascimento dos indivíduos.</p><p>d) Eleger arbitrariamente uma identidade como o parâmetro para se avaliarem outras identidades</p><p>significa hierarquizar as diferenças culturais, gerando desigualdades sociais.</p><p>e) A afirmação da identidade ou da diferença traduz declarações sobre quem pertence e sobre quem</p><p>não pertence a determinado grupo, sobre quem está incluído e quem está excluído dele.</p><p>6. Na sociedade contemporânea, onde as relações sociais tendem a reger-se por imagens midiáticas, a</p><p>imagem de um indivíduo, principalmente na indústria do espetáculo, pode agregar valor econômico na</p><p>medida de seu incremento técnico: amplitude do espelhamento e da atenção pública. Aparecer é então</p><p>mais do que ser; o sujeito é famoso porque é falado. Nesse âmbito, a lógica circulatória do mercado,</p><p>ao mesmo tempo que acena democraticamente para as massas com os supostos “ganhos</p><p>distributivos” (a informação ilimitada, a quebra das supostas hierarquias culturais), afeta a velha cultura</p><p>disseminada na esfera pública. A participação nas redes sociais, a obsessão dos selfies, tanto falar e</p><p>ser falado quanto ser visto são índices do desejo de “espelhamento”.</p><p>SODRÉ, M. Disponível em: http://alias.estadao.com.br. Acesso em: 9 fev. 2015 (adaptado).</p><p>A crítica contida no texto sobre a sociedade contemporânea enfatiza</p><p>a) a prática identitária autorreferente.</p><p>b) a dinâmica política democratizante.</p><p>c) a produção instantânea de notícias.</p><p>d) os processos difusores de informações.</p><p>e) os mecanismos de convergência tecnológica.</p><p>6</p><p>Sociologia</p><p>7. Esporte e cultura: análise acerca da esportivização de práticas corporais nos jogos indígenas.</p><p>Nos Jogos dos Povos Indígenas, observa-se que as práticas corporais realizadas envolvem elementos</p><p>tradicionais (como as pinturas e adornos corporais) e modernos (como a regulamentação, a</p><p>fiscalização e a padronização). O arco e flecha e a lança, por exemplo, são instrumentos</p><p>tradicionalmente utilizados para a caça e a defesa da comunidade na aldeia. Na ocasião do evento,</p><p>esses artefatos foram produzidos pela própria etnia, porém sua estruturação como “modalidade</p><p>esportiva” promoveu uma semelhança entre as técnicas apresentadas, com o sentido único da</p><p>competição.</p><p>ALMEIDA, A. J. M.; SUASSUNA, D. M. F. A. Pensar a prática, n. 1, jan.-abr. 2010 (adaptado).</p><p>A relação entre os elementos tradicionais e modernos nos Jogos dos Povos Indígenas desencadeou</p><p>a</p><p>a) padronização de pinturas e adornos corporais.</p><p>b) sobreposição de elementos tradicionais sobre os modernos.</p><p>c) individuação das técnicas apresentadas em diferentes modalidades.</p><p>d) legitimação das práticas corporais indígenas como modalidade esportiva.</p><p>e) preservação dos significados próprios das práticas corporais</p><p>em cada cultura.</p><p>8. Leia o texto a seguir:</p><p>A identidade cultural é um conjunto vivo de relações sociais e patrimônios simbólicos historicamente</p><p>compartilhados, que estabelece a comunhão de determinados valores entre os membros de uma</p><p>sociedade. Sendo um conceito de trânsito intenso e tamanha complexidade, podemos compreender a</p><p>constituição de uma identidade em manifestações que podem envolver um amplo número de situações</p><p>que vão desde a fala até a participação em certos eventos.</p><p>Disponível em: http://www.mundoeducacao.com.br/sociologia</p><p>A Sociologia tem grande interesse pelo assunto discutido no texto, pois, na vida social, os indivíduos</p><p>compartilham a mesma cultura, e isso os caracteriza como membros do grupo social.</p><p>Sobre esse tema, assinale a alternativa INCORRETA.</p><p>a) As discussões sobre desigualdade de gênero e diversidade sexual são importantes para se</p><p>compreender a identidade cultural de um grupo social.</p><p>b) A cultura tem um papel importante na compreensão das personalidades, nos padrões de conduta</p><p>e nas características próprias de cada indivíduo ou grupo.</p><p>c) A cultura como mercadoria é um elemento importante para a formação da identidade cultural de</p><p>um indivíduo ou grupo, pois diferencia os que possuem e os que não possuem cultura por meio do</p><p>acúmulo intelectual.</p><p>d) A identidade cultural contribui para que o indivíduo possa se adaptar à organização de seu grupo</p><p>social, e isso permite um equilíbrio entre o mundo sociocultural e os indivíduos que vivem nele.</p><p>e) A capacidade de um indivíduo se identificar com sua cultura não pode ser compreendida como</p><p>um fenômeno composto por valores morais fixos, pois estes devem ser associados às</p><p>transformações históricas do grupo.</p><p>7</p><p>Sociologia</p><p>9. Quando falamos em identidade, logo pensamos em quem somos. A construção de identidades como:</p><p>“ser brasileiro”, “ser português”, “ser cigano”, “ser gremista”, “ser homem”, “ser mulher” é um processo</p><p>sociocultural pelo qual se marca as fronteiras de pertencimento social e/ou cultural. Tendo por base o</p><p>anúncio transcrito acima, é correto afirmar que</p><p>a) as identidades são estáticas, é algo natural, ela nos acompanha por toda a vida.</p><p>b) as identidades são construídas nas relações sociais, são situacionais, relacionais e constroem-se</p><p>na relação entre o “nós” e os “outros”, cria um nós coletivo.</p><p>c) identidades surgem através de um determinismo geográfico que molda o nosso modo de ser e</p><p>agir.</p><p>d) identidades são produtos de marketing e geram vínculos entre os indivíduos.</p><p>e) identidades são heranças genéticas.</p><p>10. Como eu me sinto quando… digo que sou brasileiro.</p><p>Disponível em: <http://comoeumesintoquando.tumblr.com/post/29412716917/digo-que-sou-brasileiro> Acesso em 25 ago.</p><p>2012.</p><p>O post acima, retirado de um blog de humor, faz uma brincadeira acerca de como a identidade nacional</p><p>é percebida de forma diversa por pessoas e países diferentes. Tendo em consideração seus</p><p>conhecimentos de sociologia, assinale a alternativa incorreta.</p><p>a) A visão que pessoas de um país possuem sobre as pessoas de outro país é, geralmente, baseada</p><p>em estereótipos.</p><p>b) Muitas vezes, a forma como os “outros” nos veem é diversa da forma como nós próprios nos</p><p>vemos.</p><p>c) A tendência de julgar os outros povos pelos critérios que temos do nosso próprio povo se chama</p><p>etnocentrismo.</p><p>d) Toda cultura cria imagens de si mesma e imagens das outras culturas.</p><p>e) Os aspectos econômicos pouco importam na formação da identidade nacional de um povo.</p><p>Como eu me vejo:</p><p>Como os gringos me veem:</p><p>http://comoeumesintoquando.tumblr.com/post/29412716917/digo-que-sou-brasileiro</p><p>8</p><p>Sociologia</p><p>Gabarito</p><p>1. A</p><p>O texto apresenta o parecer em questão como um modo de gerar orgulho e sentimento de pertencimento</p><p>aos grupos de minorias abordados, sendo assim existe a prática de valorização identitária.</p><p>2. E</p><p>A afirmativa E é a única incorreta. As ideias de miscigenação acabaram por ocultar os conflitos raciais</p><p>que já existiam no Brasil e que perduram até hoje.</p><p>3. A</p><p>A identidade nacional é uma construção que se utiliza de diversos símbolos materiais e simbólicos. A</p><p>identidade brasileira não foge à essa regra, com especial ênfase ao patrimônio imaterial de origem</p><p>africana em nosso país.</p><p>4. B</p><p>A relação com o outro permite ao indivíduo criar para si uma identidade, tanto coletiva (na sua relação</p><p>com o grupo), tanto individual (daquilo que ele considera como sendo ele mesmo).</p><p>5. B</p><p>A afirmativa B está incorreta. A identidade é construída socialmente, e não segundo fatores puramente</p><p>individuais ou biológicos.</p><p>6. A</p><p>Esse “espelhamento” ao qual a questão faz referência é expressão de uma sociedade que possibilita e</p><p>valoriza, no indivíduo, a prática de uma identidade autorreferente. Ainda que sempre em relação aos</p><p>outros, essa identidade tem mais vínculo com uma afirmação do “eu” do que com alguma característica</p><p>compartilhada coletivamente.</p><p>7. D</p><p>O que temos no relato apresentado no enunciado é exatamente as práticas dos povos ameríndios sendo</p><p>consideradas como formadoras de sua identidade, não ignorando sua ancestralidade ou territorialidade.</p><p>Isso porque o advento da formação dos Jogos Indígenas está ligado às práticas desses grupos,</p><p>articulados com características típicas dos esportes modernos como regras e padrões com vistas a</p><p>competição. Essa fragmentação e diversificação do tecido social só poderia ser capturadas pelo</p><p>conceito de identidade.</p><p>8. C</p><p>A alternativa [C] é a única incorreta. Em todas as outras, a cultura é compreendida como algo que todos</p><p>os indivíduos possuem, na medida em que vivem em sociedade. Já o conceito de cultura como</p><p>mercadoria não corresponde a esse mesmo significado, sendo um signo de distinção.</p><p>9. B</p><p>Não existe sociedade humana sem que haja identidade. Nesse sentido, pode-se dizer que é próprio da</p><p>cultura humana desenvolver esse tipo de identificação e pertencimento, que é transmitido através de</p><p>processos de socialização e relação entre indivíduos.</p><p>9</p><p>Sociologia</p><p>10. E</p><p>Muitas vezes, os aspectos econômicos são preponderantes no processo de construção da identidade</p><p>nacional de um povo. Um povo rico tende a considerar-se poderoso e superior aos povos mais pobres.</p><p>Não por acaso, muitas vezes os brasileiros assumem a alcunha de “país de terceiro mundo” em oposição</p><p>aos “civilizados” e “desenvolvidos” europeus.</p><p>1</p><p>Filosofia/Sociologia</p><p>Diversidade x multiculturalismo</p><p>Resumo</p><p>O conceito antropológico de cultura</p><p>Na área das ciências humanas, um dos temas de estudo mais importantes é o da cultura. Tratados de modelo</p><p>colateral em disciplinas como a história, a filosofia e a própria sociologia, os fenômenos culturais ganharam</p><p>uma ciência exclusivamente voltada para a sua investigação em fins do século XIX: a antropologia.</p><p>Em nosso cotidiano, tendemos a chamar de “cultura” apenas aquele conjunto de atividades humanas</p><p>consideradas mais nobres pela sociedade, como o teatro, a música clássica, a alta literatura, o cinema de</p><p>vanguarda, etc. No nosso dia-a-dia, não costumamos considerar cultural o ato de um sujeito comer pipoca ou</p><p>lavar louça. Apenas certas atividades “superiores” seriam culturais.</p><p>Na antropologia (e, portanto, também na sociologia, que é sua parente próxima) é diferente. Nessa perspectiva,</p><p>cultura é todo e qualquer elemento da vida humana que não seja natural, isto é, que não seja fruto de nossa</p><p>própria constituição física, química e biológica. Enquanto o natural é aquilo que o homem realiza</p><p>espontaneamente, em virtude do seu próprio ser, como respirar, por exemplo; o cultural, por sua vez, é aquilo</p><p>que é criado pelo homem em sociedade e que, portanto, ele adquire através do seu convívio com os outros: a</p><p>habilidade</p><p>e</p><p>não a natureza ou o indivíduo.</p><p>8</p><p>Sociologia</p><p>10. O estudo objetivo e sistemático da sociedade e dos comportamentos humanos é um desenvolvimento</p><p>relativamente recente, cujos primórdios datam de fins do século XVIII. Um desenvolvimento-chave foi</p><p>o uso da ciência para compreender o mundo – a ascensão de uma abordagem científica ocasionou</p><p>uma mudança radical na perspectiva e na sua compreensão. Uma após a outra, as explicações</p><p>tradicionais e baseadas na religião foram suplantadas por tentativas de conhecimento racionais e</p><p>críticas. [...] O cenário que dá ́origem à sociologia foi a série de mudanças radicais introduzidas pelas</p><p>"duas grandes revoluções" da Europa dos séculos XVIII e XIX. [...] A ruptura com os modos de vida</p><p>tradicionais desafiou os pensadores a desenvolverem uma compreensão tanto do mundo social como</p><p>do natural. Os pioneiros da sociologia foram apanhados pelos acontecimentos que cercaram essas</p><p>revoluções e tentaram compreender sua emergência e consequências potenciais.</p><p>(GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 27-28.)</p><p>Quais são as revoluções a que Anthony Giddens faz referência?</p><p>a) Revolução Russa e Revolução Chinesa.</p><p>b) Revolução dos Cravos e Revolução Francesa.</p><p>c) Revolução Industrial e Revolução Inglesa.</p><p>d) Revolução Francesa e Revolução Industrial.</p><p>e) Revolução Proletária e Revolução Comunista.</p><p>9</p><p>Sociologia</p><p>Gabarito</p><p>1. D</p><p>A sociologia surge em um contexto de crise das sociedades europeias, advindo das Revoluções</p><p>Industrial e Francesa. A primeira muda a forma de produção, com a transformação de sociedades rurais</p><p>em sociedades urbanas. A segunda muda os padrões de poder e organização política, passando-se de</p><p>um contexto político de poder na mão da nobreza tradicional para um centrado na burguesia nascente.</p><p>O positivismo teve um importante papel na construção teórica da sociologia, ao propor a organização</p><p>da vida social por um viés científico-racional, tendente ao progresso e a ordem.</p><p>2. C</p><p>A alternativa “C” é a correta. A sociologia contemporânea perdeu seu intuito de buscar leis e regras gerais</p><p>para explicar os fenômenos sociais que estuda. Na busca pelo entendimento, a sociologia volta-se para</p><p>a observação de casos individuais ou em grande escala para entender as possíveis motivações e</p><p>consequências do fenômeno.</p><p>3. D</p><p>Augusto Comte foi um dos principais autores do positivismo, que entendia que o verdadeiro</p><p>conhecimento só era construído por meio da experimentação sensível do objeto de estudo. A utilização</p><p>do método científico de mensuração, experimentação e observação tinha por finalidade estabelecer leis</p><p>e regras fundamentais para o funcionamento dos fenômenos observados.</p><p>4. C</p><p>Com as mudanças sociais oriundas das mudanças políticas e tecnológicas do século XVIII, chegou-se</p><p>a um período de instabilidade social, o que levou ao surgimento da sociologia.</p><p>5. B</p><p>As Revoluções Industrial e Francesa criaram grandes transformações sociais, em curto período,</p><p>trazendo vários problemas no âmbito do convívio social. A sociologia surge para investigar estes</p><p>problemas e propor soluções.</p><p>6. B</p><p>A sociologia utilizou-se das correntes de pensamento positivista, socialista e funcionalista em seu</p><p>desenvolvimento.</p><p>7. D</p><p>O estranhamento é a admiração frente ao óbvio. A vida em sociedade é tão complexa que esconde fatos</p><p>surpreendentes. No próprio enunciado podemos observar o quanto naturalizamos o ato de tomar café.</p><p>É costume no Brasil tomar a bebida concentra e quente, enquanto no Estados Unidos o café também é</p><p>tomado gelado. O estranhamento é então observar naquilo que consideramos simples a imensa cadeia</p><p>de fenômenos que compõe o cotidiano.</p><p>8. B</p><p>A sociologia, como toda ciência, busca responder questões de maneira confiável, produzindo um</p><p>conhecimento seguro e verificado. No entanto, dada a peculiaridade do objeto de estudo da sociologia</p><p>(o ser humano e suas interações sociais), seus métodos diferem dos métodos das ciências da natureza.</p><p>Daí a importância do estranhamento como ferramenta metodológica, produzindo uma admiração e um</p><p>10</p><p>Sociologia</p><p>questionamento frente ao óbvio, ao dado como conhecido pelo senso comum. É preciso enxergar aquilo</p><p>que vivenciamos no nosso cotidiano por outra perspectiva, como algo novo, estranho e artificial.</p><p>9. B</p><p>A sociologia é uma abordagem crítica ao “comum”, “normal” e “banal”. Se o senso comum é uma visão</p><p>acrítica dos aspectos da vida social (próximo à doxa), a sociologia rompe com a superficialidade dos</p><p>acontecimentos e busca aprofundar nossa compreensão acerca dos fenômenos sociais.</p><p>10. D</p><p>Giddens faz referência à Revolução Francesa e à Revolução Industrial, pois ambas foram paradigmáticas</p><p>nas mudanças das estruturas da sociedade da época. Apesar de ambas serem revoluções burguesas,</p><p>essas mudanças deram origem ao estudo da sociedade, a sociologia, rompendo com as crenças</p><p>anteriores e agora sendo necessário desenvolver novos estudos para compreensão social.</p><p>1</p><p>Sociologia</p><p>Processo de Socialização</p><p>Resumo</p><p>Um dos fatores essenciais no âmbito da construção das sociedades é chamado de processo de socialização.</p><p>É justamente a partir desse processo que há a interação e integração dos indivíduos na sociedade a qual</p><p>pertencem, através do aprendizado de hábitos, regras e saberes vinculados a uma determinada cultura.</p><p>Assim, o processo de socialização permite a assimilação de hábitos culturais e guia o aprendizado social</p><p>dos indivíduos, que irão assimilar os valores e regras da sociedade específica da qual fazem parte. A</p><p>educação, por exemplo, é um componente fundamental do processo de socialização, a partir do qual as</p><p>crianças se reconhecem como parte de um todo social, geralmente pelo contato com a geração adulta.</p><p>Através da socialização nos tornamos seres sociais.</p><p>Todas as relações sociais estabelecidas pelos indivíduos ao longo de sua vida irão contribuir para o processo</p><p>de socialização. Pelo contato com as normas, valores e diferentes grupos sociais acontecerá a socialização</p><p>do indivíduo, numa teia complexa dentro da qual todas as pessoas moldarão seus hábitos e condutas. É</p><p>evidente que os processos de socialização são diferentes de acordo com a sociedade em questão. Podemos</p><p>dizer, nesse sentido, que o processo de socialização de uma criança educada num espaço urbano será</p><p>diferente, por exemplo, da socialização de uma criança que vive campo. Da mesma forma que podemos</p><p>perceber que o processo de socialização de uma criança numa determinada tribo indígena pode apresentar</p><p>muitas diferenças em relação ao mesmo processo numa outra tribo indígena.</p><p>Em geral, há dois tipos principais de socialização, a socialização primária e a socialização secundária. A</p><p>primeira diz respeito à socialização que ocorre através da família, quando a criança entrará em contato com</p><p>a linguagem e estabelecerá suas primeiras ralações sociais. Já aqui haverá a internalização de diversas</p><p>normas que serão fundamentais para o segundo estágio do processo de socialização. A escola também é</p><p>uma instituição que contribui para o estabelecimento uma socialização primária.</p><p>A socialização secundária diz respeito ao estabelecimento de papéis sociais que surgirão da relação e</p><p>interação com o mundo e com outros atores sociais além da própria família. Ou seja, um indivíduo já</p><p>socializado pelas instituições com esse objetivo continua adquirindo papéis sociais, intensificando a</p><p>complexidade de sua rede de relações sociais. Essa complexificação pode ser afetada por problemas</p><p>ocorridos na etapa de socialização primária, como a falta de internalização de normas e valores o que pode</p><p>levar o indivíduo a descumprir regras básicas de convivência social.</p><p>2</p><p>Sociologia</p><p>Exercícios</p><p>1. Nenhum dos filmes que vi, e me divertiram</p><p>de escrever, por exemplo. Enquanto o natural é algo universal, que vale para todo e qualquer</p><p>contexto histórico, independentemente das circunstâncias específicas, uma vez que deriva da própria</p><p>constituição humana (a capacidade de falar, de emitir sons, por exemplo); o cultural, por sua vez, sendo fruto</p><p>da sociedade, é particular, variando conforme o tempo e o espaço (a língua específica que se fala, por</p><p>exemplo).</p><p>Vê-se aqui que, enquanto o sentido cotidiano de cultura é bastante restrito, o sentido antropológico de cultura</p><p>é bem mais amplo, incluindo sim o comer pipoca e o lavar louça como fenômenos culturais. Por outro lado, é</p><p>bom lembrar que, por mais que a visão antropológica parta de uma diferenciação entre natureza e cultura,</p><p>estes dois domínios não são completamente separados, mas, ao contrário, por mais que distintos, estão</p><p>sempre muito conectados no mundo real. O fato cultural da existência da língua portuguesa, por exemplo, só</p><p>existe em virtude do fato natural da capacidade humana de falar.</p><p>Multiculturalismo</p><p>Uma vez que se compreende o conceito antropológico de cultura, imediatamente percebe-se que há variadas</p><p>e inúmeras culturas ao redor do mundo, cada uma com seus respectivos valores, crenças, ideais, etc. Mais:</p><p>consegue-se perceber também que estas variadas culturas estão em contínuo processo de transformação e</p><p>que muitas vezes entram em contato entre si, seja de modo pacífico ou conflitivo.</p><p>Quando duas ou mais culturas distintas entram em contato entre si, fundindo-se e se interpenetrando,</p><p>estamos diante daquilo que os antropólogos chamam tecnicamente de aculturação. Por sua vez, uma vez</p><p>ocorrida, a aculturação tem como consequência a concretização da diversidade cultural ou multiculturalismo,</p><p>que é precisamente a coexistência de várias matrizes culturais, no interior de um mesmo espaço, ao mesmo</p><p>tempo. O fato de existirem várias culturas no mundo, mas em lugares diferentes ou épocas diferentes, não é</p><p>multiculturalismo ou diversidade cultural. Esta só se dá no contexto de uma pluralidade coexistente e não</p><p>distante.</p><p>2</p><p>Filosofia/Sociologia</p><p>Um grande exemplo de país multicultural e diverso, fruto claríssimo de um profundo e complexo processo de</p><p>aculturação é o Brasil. Habitadas originalmente pelos ameríndios, colonizadas a seguir pelos portugueses,</p><p>que se serviram de milhões de escravos africanos, povoadas sucessivamente enfim por imigrantes das mais</p><p>diferentes nacionalidades, as terras brasileiras manifestam na cultura a sua própria história. Falamos o</p><p>português, língua lusa, europeia, e somos predominantemente cristãos, como eram os colonizadores; no</p><p>entanto, trazemos conosco hábitos arraigados de clara raiz indígena, como o costume dos vários banhos por</p><p>dia, e nossa culinária também tem muitos elementos que denotam suas origens ameríndias ancestrais; por</p><p>sua vez, também não são poucos os elementos que herdamos dos escravos vindos de África, sejam a feijoada,</p><p>o samba, a capoeira ou tantos outros caracteres.</p><p>De um ponto de vista mais teórico, a grande questão motivada pelo multiculturalismo é o problema da</p><p>hierarquia cultural, isto é, se há ou não culturas superiores e inferiores, se há ou não fenômenos culturais que</p><p>podem ser considerados de modo justo mais valorosos do que outros. Quanto ao tema, há duas visões</p><p>fundamentais possíveis. O etnocentrismo, concepção muito comum entre os primeiros antropólogos, é a</p><p>posição daqueles que creem que sim, há valores culturais superiores e, portanto, há sociedades mais</p><p>civilizadas e com mais progresso do que outras. Por sua vez, o relativismo cultural, concepção predominante</p><p>hoje entre os antropólogos, é aquela que crê que não, não há valores culturais superiores em si mesmos, uma</p><p>vez que toda avaliação cultural depende do ponto de vista adotado, que, por sua vez, é sempre fruto de uma</p><p>cultura específica. Nesta visão, o valor das diversas culturas, portanto, é sempre relativo.</p><p>3</p><p>Filosofia/Sociologia</p><p>Exercícios</p><p>1. Na segunda metade do século XIX, a capoeira era uma marca da tradição rebelde da população</p><p>trabalhadora urbana na maior cidade do Império do Brasil, que reunia escravos e livres, brasileiros e</p><p>imigrantes, jovens e adultos, negros e brancos. O que mais os unia era pertencer aos porões da</p><p>sociedade, e na última escala do piso social estavam os escravos africanos.</p><p>SOARES, C. E. L. Capoeira mata um. In: FIGUEIREDO, L. História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra,</p><p>2013.</p><p>De acordo com o texto, um fator que contribuiu para a construção da tradição mencionada foi a</p><p>a) elitização de ritos católicos.</p><p>b) desorganização da vida rural.</p><p>c) redução da desigualdade racial.</p><p>d) mercantilização da cultura popular.</p><p>e) diversificação dos grupos participantes.</p><p>2. A comunidade de Mumbuca, em Minas Gerais, tem uma organização coletiva de tal forma expressiva</p><p>que coopera para o abastecimento de mantimentos da cidade do Jequitinhonha, o que pode ser</p><p>atestado pela feira aos sábados. Em Campinho da Independência, no Rio de Janeiro, o artesanato local</p><p>encanta os frequentadores do litoral sul do estado, além do restaurante quilombola que atende aos</p><p>turistas.</p><p>ALMEIDA, A. W.B. (Org). Cadernos de debates nova cartografia soctal: Territórios quilombolas e conflitos.</p><p>Manaus: Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia; UEA Edições, 2010 (adaptado).</p><p>No texto, as estratégias territoriais dos grupos de remanescentes de quilombo visam garantir:</p><p>a) Perdão de dívidas fiscais.</p><p>b) Reserva de mercado local.</p><p>c) Inserção econômica regional.</p><p>d) Protecionismo comercial tarifário.</p><p>e) Benefícios assistenciais públicos.</p><p>3. Assinale a(s) alternativa(s) incorreta(s) acerca do que são etnocentrismo e relativismo.</p><p>a) Enquanto a Sociologia enfrenta a tarefa de pensar a sociedade, a Antropologia busca registrar e</p><p>compreender os fenômenos humanos a partir do conhecimento do outro. Esse outro pode ser</p><p>alguém pertencente a uma cultura distante e distinta da nossa, mas também pode ser alguém</p><p>pertencente à nossa própria cultura, colocado em perspectiva e observado a partir de um ponto de</p><p>vista distinto do que nos é habitual, familiar e cotidiano.</p><p>b) O etnocentrismo é a propensão de os seres humanos enxergarem o mundo através de sua própria</p><p>cultura considerando seu modo de vida como mais natural e mais correto do que os outros.</p><p>c) O conceito de cultura é um dos mais polêmicos nas ciências sociais, mas há consenso em relação</p><p>à superioridade cultural do Ocidente em relação a culturas não ocidentais.</p><p>d) O relativismo cultural se opõe ao princípio de que valores, costumes ou ideias associados a</p><p>determinada cultura são universalmente válidos.</p><p>e) A perspectiva que classifica populações indígenas como inferiores é uma expressão do</p><p>etnocentrismo.</p><p>4</p><p>Filosofia/Sociologia</p><p>4. O termo “cultura” possui significados distintos de acordo com contextos próprios. Assinale a(s)</p><p>alternativa(s) incorreta(s) em relação a concepções de cultura correntes nas Ciências Sociais.</p><p>a) Embora os seres humanos já nasçam preparados para viver com outros de sua espécie, cada</p><p>pessoa aprende formas culturais específicas pertencentes à sociedade onde nasceu e viverá.</p><p>b) É no interior de cada cultura que é definido a moralidade, ou seja, o que é certo e errado.</p><p>c) Os únicos tipos legítimos de expressão cultural para a sociologia são a literatura, a poesia, a</p><p>música, o teatro e a pintura.</p><p>d) Elementos relacionados à percepção do mundo, a ideias e valores são considerados formas da</p><p>cultura que penetram a consciência humana e passam a constituir a visão de mundo dos</p><p>indivíduos.</p><p>e) A família humana é a instituição onde a socialização primária das crianças inicia sua constituição</p><p>como seres culturais.</p><p>5. No primeiro semestre do ano de 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte judicial</p><p>brasileira, proIatou</p><p>decisão referente ao polêmico caso envolvendo a demarcação da reserva indígena</p><p>Raposa Serra do Sol, onde habitam aproximadamente dezenove mil índios aIdeados nas tribos Macuxi,</p><p>Wapixana, Taurepang, Ingarikó e Paramona - em julgamento paradigmático que estabeleceu uma série</p><p>de conceitos e diretrizes válidas não só para o caso em questão, mas para todas as reservas indígenas</p><p>demarcadas ou em processo de demarcação no Brasil.</p><p>SALLES, D. J. P. C. Disponível em: www.ambito-juridico.com.br. Acesso em: 30 jul. 2013 (adaptado).</p><p>A demarcação de terras indígenas, conforme o texto, evidencia a</p><p>a) ampliação da população indígena na região.</p><p>b) função do Direito na organização da sociedade.</p><p>c) mobilização da sociedade civil pela causa indígena.</p><p>d) diminuição do preconceito contra os índios no Brasil.</p><p>e) pressão de organismos internacionais em defesa dos índios brasileiros.</p><p>6. “Bárbaro [do grego: bárbaros, pelo latim barbaru] Adj.1. Entre os gregos e os romanos, dizia-se daquele</p><p>que era estrangeiro. 2. Sem civilização, selvagem, rude, inculto. 3. Cruel, desumano: tirano bárbaro. 4 V.</p><p>bacana (1). S. M. 5. Aquele que tem essas qualidades. 6. Hist. Indivíduo dos bárbaros (godos, vândalos,</p><p>hunos, francos, alanos, suevos etc.) povos do N. invasores do Império Romano do Ocidente entre os</p><p>séculos III e VI de nossa era. Interj. 7. Exprime espanto ou admiração.”</p><p>FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa. Coordenação Marina Baird Ferreira, Margarida dos</p><p>Anjos. 5.ª ed., Curitiba: Positivo, 2010, p. 282.</p><p>A definição do termo bárbaro, presente no dicionário Aurélio, permite pensar em uma categoria</p><p>bastante importante para as Ciências Sociais, o Etnocentrismo, pois a origem do termo está nas</p><p>civilizações grega e romana, que definiram como bárbaro toda a pessoa que não compartilhasse da</p><p>sua cultura. Sobre o Etnocentrismo é incorreto afirmar:</p><p>a) O etnocentrismo contempla a crença de que uma sociedade é o centro da humanidade, a partir da</p><p>qual as outras sociedades são julgadas inferiores.</p><p>b) Segundo a perspectiva etnocêntrica, as diferentes culturas são colocadas no mesmo patamar.</p><p>c) O etnocentrismo é uma forma de pensamento que pode colocar o grupo a que uma pessoa</p><p>pertence como a única expressão da humanidade.</p><p>d) O etnocentrismo considera que as categorias e normas da sua própria sociedade ou cultura são</p><p>parâmetros aplicáveis às demais.</p><p>e) Na perspectiva do etnocentrismo, o ponto de referência essencial não é a humanidade como um</p><p>todo, mas o grupo particular ao qual se pertence.</p><p>5</p><p>Filosofia/Sociologia</p><p>7. Pude entender o discurso do cacique Aniceto, na assembleia dos bispos, padres e missionários, em</p><p>que exigia nada mais, nada menos que os índios fossem batizados. Contestava a pastoral da Igreja, de</p><p>não interferir nos costumes tribais, evitando missas e batizados. Para Aniceto, o batismo aparecia</p><p>como sinal do branco, que dava reconhecimento de cristão, isto é, de humano, ao índio.</p><p>MARTINS, J. S. A chegada do estranho. São Paulo: Hucitec, 1993 (adaptado).</p><p>O objetivo do posicionamento do cacique xavante em relação ao sistema religioso externo às tribos</p><p>era</p><p>a) flexibilizar a crença católica e seus rituais como forma de evolução cultural.</p><p>b) acatar a cosmologia cristã e suas divindades como orientação ideológica legítima.</p><p>c) incorporar a religiosidade dominante e seus sacramentos como estratégia de aceitação social.</p><p>d) prevenir retaliações de grupos missionários como defesa de práticas religiosas sincréticas.</p><p>e) reorganizar os comportamentos tribais como instrumento de resistência da comunidade</p><p>indígena.</p><p>8. Texto I</p><p>Frantz Fanon publicou pela primeira vez, em 1952, seu estudo sobre colonialismo e racismo, Pele negra,</p><p>máscaras brancas. Ao dizer que “para o negro, há somente um destino” e que esse destino é branco,</p><p>Fanon revelou que as aspirações de muitos povos colonizados foram formadas pelo pensamento</p><p>coIoniaI predominante.</p><p>BUCKINGHAM, W. et al. 0 livro da filosofia. São Paulo: Globo, 2011 (adaptado).</p><p>Texto II</p><p>Mesmo que não queiramos cobrar desses estabelecimentos (salões de beleza) uma eficácia política</p><p>nos moldes tradicionais da militância, uma vez que são estabelecimentos comerciais e não entidades</p><p>do movimento negro, o fato é que, ao se autodenominarem “étnicos” e se apregoarem como</p><p>divulgadores de uma autoimagem positiva do negro em uma sociedade racista, os salões se colocam</p><p>no cerne de uma luta política e ideológica.</p><p>GOMES, N. Corpo e cabelo como símbolos da identidade negra.Disponível em: www.rizoma.ufsc.br. Acesso em: 13 fev. 2013.</p><p>Os textos apresentam uma mudança relevante na constituição identitária frente à discriminação racial.</p><p>No Brasil, o desdobramento dessa mudança reveIa o(a)</p><p>a) valorização de traços culturais.</p><p>b) utilização de resistência violenta.</p><p>c) fortalecimento da organização partidária.</p><p>d) enfraquecimento dos vínculos comunitários.</p><p>e) aceitação de estruturas de submissão social.</p><p>6</p><p>Filosofia/Sociologia</p><p>Texto para a próxima questão:</p><p>‘Todos precisam ser expostos às diferenças’</p><p>Vishakha N. Desai, cientista política e consultora</p><p>Eleita uma das cem mulheres mais poderosas do mundo em cargo de liderança, indiana veio ao Rio</p><p>para congresso da AFS, entidade dos EUA que promove intercâmbios</p><p>Estou na casa dos 60 anos, mas não quero revelar a idade real. Sou consultora da Universidade de</p><p>Columbia e pesquisadora na Faculdade de Relações Públicas e Internacionais. Atuo como consultora</p><p>no Museu Guggenheim, em Nova York, e presido o conselho da American Field Service (AFS).</p><p>Entrevista a:</p><p>DANIELA Kalicheskl</p><p>daniela.kalicheski.rpa@oglobo.com.br</p><p>- Conte algo que não sei.</p><p>Até o ano 2050, 50% do PIB do mundo virão da Índia e da China, como era em 1800.</p><p>- Por que isso vai acontecer!</p><p>Nos últimos 250 anos, tivemos uma dominação europeia e americana, e isso vai mudar. Cerca de</p><p>metade da população estará localizada na China e na Índia, e a curva de crescimento populacional</p><p>sugere essa mudança, que já aconteceu antes e voltará a ocorrer. O importante é que todos devem ter</p><p>consciência desse movimento. No mundo ocidental, boa parte das pessoas não entende como as</p><p>culturas orientais funcionam. Essa falta de entendimento é um grande risco e uma desvantagem.</p><p>- Isso poderia ser visto como um retrocesso!</p><p>Depende de quem responde à pergunta. Um líder chinês dirá que os últimos 250 anos não são nada em</p><p>relação aos milênios em que a China esteve em seu auge. Então, os chineses diriam que isso é uma</p><p>retomada. Mas é importante frisar que, em um mundo globalizado, nunca se pode voltar a um momento</p><p>anterior, por isso essa mudança é vista como um movimento em espiral.</p><p>- Como estar preparado para essas mudanças!</p><p>Existem dois segredos. O primeiro é estar ciente das tendências do mundo e buscar entendê-las. A</p><p>compreensão é fundamental para ser um cidadão do mundo. O segundo segredo é entender as</p><p>diferenças. Se você não souber lidar com isso, será impossível se ver dentro do contexto mundial.</p><p>- Qual a melhor forma de preparar as pessoas para um mundo multicultural?</p><p>Ser parte de um sistema de educação que promova a curiosidade sobre o diferente. É preciso aprender</p><p>a pluralidade e fugir do ponto comum e dominante do conhecimento. Também é preciso entender que</p><p>existem diversos pontos de vista e que todos devem ser respeitados. Todos precisam ser expostos às</p><p>diferenças.</p><p>- Você observa um movimento de intolerância no Brasil!</p><p>Há um movimento retroativo nesse sentido no mundo, uma onda contra as diferenças, contra a</p><p>evolução global. Em geral, essas pessoas intolerantes acreditam estar se esforçando para defender</p><p>ideologias, quando, na verdade, essas ideologias já estão quebradas. Intolerância está associada à</p><p>insegurança. No Brasil, não é diferente, a intolerância é o medo de perder algo. Países com muita</p><p>diversidade interna deveriam ter um</p><p>papel importante para demonstrar como é conviver com as</p><p>diferenças, não o contrário.</p><p>7</p><p>Filosofia/Sociologia</p><p>- O que acha da reforma da educação brasileira, que prevê tomar opcionais matérias relacionadas a</p><p>esse entendimento, como a sociologia!</p><p>Penso que isso é um grande problema. As matérias da humanidade são extremamente importantes</p><p>para nos ajudar a entender o que é ser humano. Quando perdemos essa aprendizagem nas escolas,</p><p>deixamos de ensinar aos jovens o que é ter uma postura cidadã. É uma grande fraqueza para o país.</p><p>- Acredita num mundo com igualdade de gênero!</p><p>Há duas formas de mudar a desigualdade de gêneros. Uma delas é fazer política, criando leis de</p><p>proteção e de igualdade. A segunda é com atitudes, e essas não mudarão só porque as leis mudaram.</p><p>É importante entender que as atitudes levam tempo para se modificar. É preciso entrar na briga pela</p><p>igualdade e não desistir.</p><p>9. Segundo a cientista entrevistada por Daniela Kalicheski, que consequências práticas podem advir de</p><p>uma ação educativa que incentive a curiosidade sobre o diferente; que se afaste do conhecimento</p><p>regido por pontos comuns e dominantes na esfera do conhecimento; que tenha o entendimento de que</p><p>são diversos os pontos de vistas e que tais devem ser respeitados e, ainda, que todos nós precisamos</p><p>ser expostos às diferenças?</p><p>a) Melhoria na preparação dos que se inserem no ambiente multicultural.</p><p>b) O incremento da xenofobia.</p><p>c) O surgimento de um mundo multicultural.</p><p>d) O despertar de movimentos retroativos contrários à evolução global.</p><p>e) Um entrave que impedirá que se ensine aos jovens o que é ter uma postura cidadã.</p><p>10. Uma parte da nossa formação científica confunde-se com a atividade de uma polícia de fronteiras,</p><p>revistando os pensamentos de contrabando que viajam na mala de outras sabedorias. Apenas passam</p><p>os pensamentos de carimbada cientificidade. A biologia, por exemplo, é um modo maravilhoso de</p><p>emigrarmos de nós, de transitarmos para lógicas de outros seres, de nos descentrarmos. Aprendemos</p><p>que não somos o centro da vida nem o topo da evolução.</p><p>COUTO, M. Interinvenções. Portugal: Caminho, 2009 (adaptado).</p><p>No trecho, expressa-se uma visão poética da epistemologia científica, caracterizada pela</p><p>a) implementação de uma viragem linguística com base no formalismo.</p><p>b) fundamentação de uma abordagem híbrida com base no relativismo.</p><p>c) interpretação da natureza eclética das coisas com base no antiacademicismo.</p><p>d) definição de uma metodologia transversal com base em um panorama cético.</p><p>e) compreensão da realidade com base em uma perspectiva não antropocêntrica.</p><p>8</p><p>Filosofia/Sociologia</p><p>Gabarito</p><p>1. E</p><p>Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia: A capoeira, ao ultrapassar barreiras culturais</p><p>desde o período escravista de nosso país, consolidou-se como um importante elemento identitário</p><p>brasileiro.</p><p>Resposta do ponto de vista da disciplina de História: Como o próprio texto ressalta, diversos grupos</p><p>confraternizavam-se na prática da capoeira ligados por um simples fator: a marginalização social, ou</p><p>seja, todos se sentiam excluídos socialmente.</p><p>2. C</p><p>É comum que comunidades como as de quilombos busquem inserção econômica através de atividades</p><p>como a culinária e o artenasato, pois essas se apresentam como oportununidades de inserção que não</p><p>alteram completamente suas dinâmicas culturais e ainda permitem projetar suas culturas, como forma</p><p>de defesa e manutenção destas.</p><p>3. C</p><p>O conceito de cultura é, de fato, bastante polêmico, mas o consenso não está em afirmar a cultura do</p><p>ocidente superior, mas o de considerar que não existem culturas superiores ou inferiores.</p><p>4. C</p><p>Para as ciências sociais, não existem expressões culturais mais legítimas que outras. Uma vez que todo</p><p>ser humano adquire cultura ao se socializar, toda expressão cultural é coletiva e válida.</p><p>5. B</p><p>A coexistência de formas diferentes de vida e o reconhecimento da diferença depende diretamente, não</p><p>só da regulação legal, como de sistemas legais que admitam a diversidade. Num país extremamente</p><p>diverso como o Brasil, onde se pode afirmar que nos aproximamos do multiculturalismo, o pleno</p><p>funcionamento da democracia e do sistema jurídico é crucial para o bom funcionamento da sociedade.</p><p>6. B</p><p>O etnocentrismo corresponde à atitude de utilizar a sua própria cultura como referência para julgar as</p><p>demais. Assim, as outras culturas aparecem como sendo inferiores ou piores. As únicas alternativas que</p><p>não estão de acordo com essa definição são a [02] e a [08], pois tratam do relativismo cultural, ou seja,</p><p>do inverso do etnocentrismo.</p><p>7. C</p><p>A demanda por batizar os indígenas aparece, no texto, como uma forma de fazer o índio ser reconhecido</p><p>como humano. Assim, o cacique Aniceto demonstra utilizar a religiosidade cristã como estratégia para</p><p>que os índios de sua tribo sejam reconhecidos socialmente.</p><p>8. A</p><p>Os textos apresentam como questão central a afirmação de culturas e etnias através de lutas políticas e</p><p>a consequente valorização de traços considerados fora dos padrões de beleza.</p><p>9</p><p>Filosofia/Sociologia</p><p>9. A</p><p>A única alternativa que está de acordo com o texto é a [A]. Segundo a entrevistada, a melhor forma de</p><p>preparar as pessoas para um mundo multicultural é através da educação.</p><p>10. E</p><p>Na visão do autor, não só as ciências humanas são úteis para a descontrução da figura do humano como</p><p>ser “superior”. A biologia, por exemplo, é útil para compeendermos nosso lugar e integração com a</p><p>natureza, assim como a física é útil pra compreender o tamanho do universo (e a nossa insignificância</p><p>em termos astronômicos)</p><p>Resumão</p><p>Maio</p><p>Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada</p><p>previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.</p><p>1</p><p>Sociologia</p><p>Norbert Elias</p><p>Resumo</p><p>Norbert Elias foi um dos sociólogos mais importantes da contemporaneidade. Alemão, de Breslau (1897 –</p><p>1990) e de família judaica, precisou - quando Hitler se tornou chanceler da Alemanha - fugir e exilar-se na</p><p>França em 1933, estabelecendo-se posteriormente na Inglaterra onde passou grande parte de sua vida.</p><p>Infelizmente, seus trabalhos só tiveram reconhecimento muito tardiamente (apenas após a sua morte). As</p><p>obras de Elias destacaram-se por tratar da relação entre poder, comportamento, emoção e educação,</p><p>abarcando conhecimento sociológico, psicológico, antropológico e histórico. Suas principais obras são “O</p><p>processo civilizador” e “A sociedade dos indivíduos”, onde ele define sua nova forma de compreender a</p><p>relação entre os indivíduos e a sociedade.</p><p>O sociólogo Norbert Elias tem diversas teorias e conceitos muito interessantes de serem estudados – a</p><p>maioria que trata, de forma direta ou indireta, da construção do comportamento dos indivíduos e a relação</p><p>deste com o jogo de poder estabelecido nas sociedades contemporâneas e suas problemáticas na formação</p><p>dos costumes. No entanto, neste texto, apresenta-se a análise de Elias que mais ganha destaque nos</p><p>vestibulares, a saber: Sua teoria sobre a sociedade dos indivíduos. Para tal tarefa, vamos lembrar quais são</p><p>as duas teorias clássicas sobre a relação sociedade x indivíduos?</p><p>Tradicionalmente, aprendemos sobre duas teorias antagônicas sobre a relação entre a sociedade e os</p><p>indivíduos e suas influências nos comportamentos - a que foi criada por Durkheim e valoriza a sociedade e</p><p>a que foi criada por Max Weber e define os indivíduos como sendo mais importantes nesse processo. A</p><p>primeira, fundamentada por Durkheim, defende que é a sociedade que define o comportamento dos</p><p>indivíduos e que os valores culturais são incutidos nos indivíduos desde muito cedo a partir da educação –</p><p>com o auxílio das instituições sociais. Durkheim chama esse fenômeno de fato social e alega que suas três</p><p>principais</p><p>características são: ser coercitivo, geral e externo. A segunda teoria que aborda as relações</p><p>sociedade x indivíduo x produção do comportamento foi criada por Weber e, ao contrário da de Durkheim,</p><p>defende que os costumes são criados no interior de cada indivíduo e que este só ganha sentido quando é</p><p>exteriorizado e é percebido que outras várias pessoas pensaram o mesmo, Weber chama esse fenômeno de</p><p>ação social.</p><p>Para Norbert Elias, ambas as teorias são problemáticas, pois na contemporaneidade essa dicotomia</p><p>sociedade x indivíduo já não é mais aceitável, uma vez que um acaba definindo o outro simultaneamente e</p><p>de forma proveitosa. O indivíduo que cria a estrutura social e, ao mesmo tempo, o todo dessa estrutura acaba</p><p>tendo um papel importante na definição dos comportamentos coletivos e individuais. Na obra: “Sociologia</p><p>em movimento” os autores dizem assim: “Neste sentido, o indivíduo elabora estratégias para alcançar</p><p>objetivos, mas os objetivos que são socialmente validados pelas estruturas sociais construídas</p><p>historicamente. Considere-se o exemplo das leis, que especificam limites para a escolha individual ao</p><p>mesmo tempo que também protegem os indivíduos.”</p><p>Habitus, teias e configurações</p><p>Norbert Elias colabora com o passo seguinte das ciências sociais, que pode ser resumido em tentar resolver</p><p>o problema agente x estrutura. O conceito de “Habitus” é criado visando solucionar essa questão. Elias</p><p>também colabora na formação desse conceito, afirmando que habitus é uma internalização de componentes</p><p>sociais, que permite o surgimento de um “eu” com determinadas características. O sociólogo defende que a</p><p>separação de indivíduo e sociedade em entidades diferentes promove uma confusão na compreensão dos</p><p>fenômenos sociais. Para Elia. Sociedade e indivíduos são processos. Eles são diferentes, mas indissociáveis.</p><p>2</p><p>Sociologia</p><p>Elias atribuí a sociedade de corte da Idade Média o início de internalização do habitus típico da sociedade</p><p>moderna, de constrangimento e vergonha.</p><p>Nesse momento histórico os indivíduos passaram a formar suas consciências e comportamentos a partir</p><p>de imposições sociais e culturais. Assim o habitus se constitui como a observação de regras sociais de</p><p>maneira inconsciente, que são incutidas nas personalidades dos indivíduos durante sua formação como</p><p>seres sociais.</p><p>O conceito de habitus está totalmente ligado à como Elias concebe a formação social. Para ele os indivíduos</p><p>formam teias de interdependência, relações sociais em que os indivíduos seguem regras de comportamento</p><p>e realizam trocas variadas. Essas teias são exemplificadas por Elias como uma dança, sendo os passos o</p><p>habitus. Se um indivíduo erra um passo ou muda o planejado, interfere no decorrer da dança. Somando-se</p><p>ao conceito de teias de interdependência temos a configuração social. A configuração é a forma como a teia</p><p>de interdependência se manifesta, sendo grupos mais tradicionais (famílias, aldeias, cidades etc.) há grupos</p><p>considerados inovadores (gangues, turmas etc.). Dentro da configuração ocorrem teias de interdependência</p><p>baseadas em habitus que as sustentam. Como podemos observar, além de dinâmica, a teoria sociológica de</p><p>Elias é concisa e integrada. Para Elias, a sociedade se forma a partir de relações entre “eu”, “tu”, “nós” e “eles”</p><p>e a dependência que temos uns dos outros. Somos indivíduos diferentes que nos tornamos iguais por</p><p>dependermos uns dos outros. Não há como conceber indivíduos e a sociedade separados já que os dois são</p><p>componentes da nossa existência. Um pensamento inovador por conseguir dar prosseguimento no</p><p>desenvolvimento da teoria sociológica.</p><p>3</p><p>Sociologia</p><p>Exercícios</p><p>1. O sociólogo Norbert Elias é hoje uma das grandes referências nas ciências sociais, numa acepção</p><p>mais ampla. Em sua obra mais conhecida, O processo civilizador, mostra como lentamente os</p><p>costumes vão moldando as condutas, os corpos e os sentimentos dos indivíduos e dos grupos sociais</p><p>ao longo dos séculos. Sobre os conceitos e proposições teóricas de Norbert Elias, assinale a</p><p>alternativa incorreta:</p><p>a) Outra etapa do processo civilizatório se apresenta quando, por força da crescente divisão do</p><p>trabalho e acirramento da competição social, o controle externo é substituído pelo controle</p><p>interno.</p><p>b) Para N. Elias, socialização e individualização de um ser humano são, portanto, nomes diferentes</p><p>para o mesmo processo.</p><p>c) A sociologia não consiste, ou pelo menos não exclusivamente, no estudo das sociedades</p><p>contemporâneas, mas deve dar conta das evoluções de longa, até mesmo de muito longa</p><p>duração, as quais permitem compreender, por filiação ou diferença, as realidades do presente.</p><p>d) Uma Figuração é uma formação social, cujas dimensões podem ser muito variáveis (os jogadores</p><p>de um carteado, a sociedade de um café, uma classe escolar, uma aldeia, uma cidade, uma nação),</p><p>em que os indivíduos estão ligados uns aos outros por um modo específico de dependências</p><p>recíprocas e cuja reprodução supõe um equilíbrio móvel de tensões.</p><p>e) Diferentemente da tecnização o processo civilizador corresponde a um percurso de</p><p>aprendizagem involuntária pelo qual passa a humanidade. Começou nos primórdios do gênero</p><p>humano e continua em marcha.</p><p>2. O conceito de indivíduo adquiriu maior força no século XVI com a Reforma Protestante, A partir da</p><p>ideia de que o indivíduo poderia relacionar-se diretamente com Deus, sem o intermédio de outra</p><p>pessoa. Com a Revolução Industrial, esta ideia firmou-se definitivamente, pois se colocou a felicidade</p><p>individual como objetivo principal da nova sociedade. Para Norbert Elias, o estudo do indivíduo deverá</p><p>ser realizado dinamicamente a fim de compreendê-lo dentro do contexto social e, vice-versa. Para</p><p>explicar essa relação de interdependência entre indivíduo e sociedade, esse sociólogo utiliza o</p><p>conceito de</p><p>a) configuração.</p><p>b) estrutura social.</p><p>c) relação social.</p><p>d) ação social</p><p>e) fato social</p><p>4</p><p>Sociologia</p><p>3. Em “A sociedade dos indivíduos”, Norbert Elias discute um problema epistemológico da sociologia,</p><p>que se localiza no enviesar dicotômico para leitura dos fenômenos indivíduo e sociedade. De fato, o</p><p>autor propõe uma análise do indivíduo e da sociedade na longa cadeia de interdependência,</p><p>entrelaçando estrutura social e estrutura psíquica. Leia atentamente o texto. [...] é um processo</p><p>contínuo e não planejado, construído nos avanços e recuos do processo civilizador individual no qual</p><p>todos os indivíduos, como fruto de um processo civilizador social em construção a longo tempo, são</p><p>automaticamente ingressos desde a mais tenra infância, em maior ou menor grau e sucesso. Pois</p><p>nenhum ser humano chega civilizado ao mundo, o individual é obrigatoriamente social e vice-versa.</p><p>ELIAS, N. Introdução à sociologia. Edições 70. Lisboa: Pax, 1980.</p><p>O texto acima define o conceito de:</p><p>a) Habitus.</p><p>b) Individualização.</p><p>c) Civilização.</p><p>d) Configuração social.</p><p>e) Teia de interdependência</p><p>4. Norbert Elias apresenta o sociólogo como destruidor de mitos. Assinale, dentre as seguintes</p><p>afirmações, a que NÃO se enquadra em uma introdução à sociologia proposta pelo citado autor:</p><p>a) A transição de uma teoria filosófica para uma teoria sociológica do conhecimento, o que Comte</p><p>realizou, surge essencialmente como a substituição da pessoa individual, enquanto sujeito de</p><p>conhecimento, pela sociedade humana.</p><p>b) Por muito diferentes que possam ser a ciência social e a ideologia social, ambas são</p><p>manifestações das mesmas transformações da estrutura da sociedade.</p><p>c) O poder não é um amuleto que um indivíduo possua e outro não; é uma característica estrutural</p><p>das relações humanas – de todas as relações humanas.</p><p>d) Podemos obter uma visão mais completa da teoria sociológica se incluirmos as</p><p>interdependências pessoais e sobretudo as ligações emocionais entre</p><p>as pessoas,</p><p>considerando-as como agentes unificadores de toda a sociedade.</p><p>e) A lei durkheimiana dos três estados foi uma tentativa de estabelecer uma tipologia classificatória</p><p>dos estados do desenvolvimento da humanidade.</p><p>5</p><p>Sociologia</p><p>5. Norbert Elias (1897-1990), alemão de origem judaica, é considerado, na atualidade, um dos mais</p><p>importantes representantes da Sociologia. Elias ganhou notoriedade, entre outros motivos, por fazer</p><p>análises dos hábitos e costumes sobre o desenrolar do “processo civilizatório”. No que se refere a</p><p>esse assunto, é INCORRETO afirmar:</p><p>a) Segundo Elias, o termo “civilização” configura-se como um conjunto de hábitos, valores e</p><p>costumes internalizados pelos indivíduos que lhes dão o caráter “social” ou “humano”. Os seres</p><p>humanos, por natureza, não possuem aspectos civilizados, porém possuem um potencial que</p><p>lhes permite adquirir e aprender os modos civilizados de existência.</p><p>b) Um aspecto vital da civilização, para Elias, é a autorregulação dos impulsos e pulsões, o</p><p>autocontrole das energias instintivas que brotam dos seres humanos. Importante frisar que se</p><p>trata de um “autocontrole”, ou seja, diferentemente de coações externas que eram antes</p><p>necessárias para a convivência humana.</p><p>c) Os modos civilizados de ser têm relação estreita com o refinamento dos costumes, que passam</p><p>a caracterizar os indivíduos ocidentais modernos. A limpeza e a higiene pessoal são exemplos</p><p>básicos desse refinamento dos costumes.</p><p>d) Estudos sobre civilização e cultura não interessam à Sociologia, por ser uma disciplina</p><p>acadêmica vinculada apenas aos problemas de gestão do aparato estatal.</p><p>e) A formação social produz regras que são internalizadas pelos indivíduos, que interagem com</p><p>essas regras cada um a sua forma, gerando um modo de comportamento relativamente</p><p>padronizado conhecido como habitus.</p><p>6. Leia atentamente o seguinte excerto: “[...] as oportunidades entre as quais a pessoa assim se vê</p><p>forçada a optar não são, em si mesmas, criadas por essa pessoa. São prescritas e limitadas pela</p><p>estrutura específica de sua sociedade e pela natureza das funções que as pessoas exercem dentro</p><p>dela”.</p><p>ELIAS, N. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. p. 48.</p><p>Considerando o texto acima e as várias possibilidades sociológicas de compreender a sociedade,</p><p>assinale a afirmação verdadeira.</p><p>a) Para entender o comportamento das pessoas, é bastante estudar a sociedade, pois a sociedade</p><p>está acima dos indivíduos.</p><p>b) A sociedade e os indivíduos constituem-se por relações de interdependência entre o individual e</p><p>o coletivo, configurando, desta forma, uma rede de pessoas que se relacionam e interagem umas</p><p>com as outras.</p><p>c) O estudo da sociedade mostra que os indivíduos apenas existem em função da sociedade e das</p><p>normas impostas pelas instituições sociais.</p><p>d) Cada indivíduo é dono do seu destino e de suas escolhas de vida na coletividade.</p><p>e) Apesar de seguir regras estipuladas por um consenso do grupo, cada indivíduo é livre para fazer</p><p>o que quiser sem assumir riscos e consequências para seu convívio social</p><p>6</p><p>Sociologia</p><p>7. O homem ocidental nem sempre se comportou da maneira que estamos acostumados a considerar</p><p>como típica ou como sinal característico do homem “civilizado”. Se um homem da atual sociedade</p><p>civilizada ocidental fosse, de repente, transportado para uma época remota de sua própria sociedade,</p><p>tal como o período medievo-feudal, descobriria nele muito do que julga “incivilizado” em outras</p><p>sociedades modernas. Sua reação em pouco diferiria da que nele é despertada no presente pelo</p><p>comportamento de pessoas que vivem em sociedades feudais fora do Mundo Ocidental. Dependendo</p><p>de sua situação e de suas inclinações, sentir-se-ia atraído pela vida mais desregrada, mais</p><p>descontraída e aventurosa das classes superiores dessa sociedade ou repelido pelos costumes</p><p>“bárbaros”, pela pobreza e rudeza que nele encontraria. E como quer que entendesse sua própria</p><p>“civilização”, ele concluiria, da maneira a mais inequívoca, que a sociedade existente nesses tempos</p><p>pretéritos da história ocidental não era “civilizada” no mesmo sentido e no mesmo grau que a</p><p>sociedade ocidental moderna.</p><p>(Adaptado de: ELIAS, N. O processo civilizador. v.1. 2.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. p.13.)</p><p>Com base no texto e nos conhecimentos de Norbert Elias sobre as normas e as emoções</p><p>disseminadas nas práticas cotidianas, especialmente no tocante à formação da civilização na</p><p>sociedade moderna ocidental, assinale a alternativa correta.</p><p>a) A construção social do processo civilizador comprova que este é um fenômeno sem</p><p>características evolutivas, dadas as sucessivas rupturas e descontinuidades observadas, por</p><p>exemplo, em relação aos controles das funções corporais.</p><p>b) Os estudos do processo civilizador comprovam que as emoções são inatas, com origem</p><p>primitiva, o que garante a empatia entre indivíduos de diversas sociedades e culturas, bem como</p><p>de diferentes classes sociais.</p><p>c) Os mecanismos de controle e de vigilância da sociedade sobre as maneiras de gerenciar as</p><p>funções corporais correspondem a um aparelho de repressão que se forma na economia política</p><p>da sociedade, sendo, portanto, exterior aos indivíduos.</p><p>d) O modo de se alimentar, o cuidado de si, a relação com o corpo e as emoções em resposta às</p><p>funções corporais são produtos de um processo civilizador, de longa duração, por meio do qual</p><p>se transmitem aos indivíduos as regras sociais.</p><p>e) O processo civilizador propiciou sucessivas aproximações sociais entre o mundo dos adultos e</p><p>o das crianças, favorecendo a transição entre etapas geracionais e reduzindo o embaraço com</p><p>temas relativos à sexualidade.</p><p>7</p><p>Sociologia</p><p>8. A sociedade, com sua regularidade, não é nada externa aos indivíduos; tampouco é simplesmente um</p><p>“objeto oposto” ao indivíduo; ela é aquilo que todo indivíduo quer dizer quando diz “nós”. Mas esse</p><p>“nós” não passa a existir porque um grande número de pessoas isoladas que dizem “eu” a si mesmas</p><p>posteriormente se une e resolve formar uma associação. As funções e as relações interpessoais que</p><p>expressamos com partículas gramaticais como “eu”, “você”, “ele” e “ela”, “nós” e “eles” são</p><p>interdependentes. Nenhuma delas existe sem as outras e a função do “nós” inclui todas as demais.</p><p>Comparado àquilo a que ela se refere, tudo o que podemos chamar “eu”, ou até “você”, é apenas parte.</p><p>(ELIAS, N. A Sociedade dos Indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. p.57.)</p><p>O modo como as diferentes perspectivas teóricas tratam da noção de identidade vincula-se à clássica</p><p>preocupação das Ciências Sociais com a questão da relação entre indivíduo e sociedade. Com base</p><p>no texto e nos conhecimentos da sociologia histórica, de Norbert Elias, assinale a alternativa que</p><p>apresenta, corretamente, a noção de origem do indivíduo e da sociedade.</p><p>a) O indivíduo forma-se em seu “eu” interior e todos os outros são externos a ele, seguindo cada um</p><p>deles o seu caminho autonomamente.</p><p>b) A origem do indivíduo encontra-se na racionalidade, conforme a perspectiva cartesiana, segundo</p><p>a qual “penso, logo existo”.</p><p>c) A sociedade origina-se do resultado diretamente perceptível das concepções, planejamentos e</p><p>criações do somatório de indivíduos ou organismos.</p><p>d) A sociedade forma-se a partir da livre decisão de muitos indivíduos, quando racional e</p><p>deliberadamente decide-se pela elaboração de um contrato social.</p><p>e) A sociedade é formada por redes de funções que as pessoas desempenham umas em relação às</p><p>outras por meio de sucessivos elos.</p><p>9. TEXTO I</p><p>O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e a manifestação da agressividade através da</p><p>violência. Isso se desdobra de maneira evidente na criminalidade, que está presente em todos os</p><p>redutos — seja nas áreas abandonadas pelo poder público, seja na política ou no futebol. O brasileiro</p><p>não é mais violento do</p><p>que outros povos, mas a fragilidade do exercício e do reconhecimento da</p><p>cidadania e a ausência do Estado em vários territórios do país se impõem como um caldo de cultura</p><p>no qual a agressividade e a violência fincam suas raízes.</p><p>Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099, 3 fev. 2010.</p><p>TEXTO II</p><p>Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as pulsões e emoções do indivíduo, sem um</p><p>controle muito específico de seu comportamento. Nenhum controle desse tipo é possível sem que as</p><p>pessoas anteponham limitações umas às outras, e todas as limitações são convertidas, na pessoa a</p><p>quem são impostas, em medo de um ou outro tipo.</p><p>ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.</p><p>Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como descrito no Texto II, o argumento do</p><p>Texto I acerca da violência e agressividade na sociedade brasileira expressa a</p><p>a) incompatibilidade entre os modos democráticos de convívio social e a presença de aparatos de</p><p>controle policial.</p><p>b) manutenção de práticas repressivas herdadas dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos</p><p>administrativos.</p><p>c) inabilidade das forças militares em conter a violência decorrente das ondas migratórias nas</p><p>grandes cidades brasileiras.</p><p>d) dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar formas de controle social</p><p>compatíveis com valores democráticos.</p><p>e) incapacidade das instituições político-legislativas em formular mecanismos de controle social</p><p>específicos à realidade social brasileira.</p><p>8</p><p>Sociologia</p><p>10. Em seu clássico estudo “Os Estabelecidos e os Outsiders”, Norbert Elias e John Scotson tomam uma</p><p>pequena comunidade, a que deram o nome fictício de Winston Parva, como microcosmo, onde</p><p>encontravam questões que lançavam luz sobre problemas da sociedade como um todo. Sobre as</p><p>relações entre estabelecidos e outsiders, tal qual definida pelos autores, assinale a alternativa</p><p>incorreta.</p><p>a) As relações em Winston Parva são tomadas como um paradigma empírico para o estudo geral</p><p>das relações de poder, uma vez que é recorrente que alguns grupos sociais se considerem como</p><p>humanamente superiores aos demais.</p><p>b) Uma análise microssociológica deve ater-se aos pequenos episódios, e não aos grandes</p><p>processos. São estes pequenos episódios locais que permitem compreender o movimento de</p><p>ascensão e declínio dos grupos ao longo do tempo, e, portanto, das relações de poder. Como,</p><p>por exemplo, nos movimentos de contraestigmatização por parte dos grupos antes</p><p>estigmatizados.</p><p>c) As relações raciais podem ser vistas como relações entre estabelecidos-outsiders de um tipo</p><p>particular. O emprego da denominação “racial” chama atenção para um aspecto periférico da</p><p>relação, quando o central é uma divisão desigual de poder, em que um sinal físico serve de</p><p>símbolo para o valor inferior do grupo.</p><p>d) Verifica-se um tabu em torno do contato entre grupos estabelecidos e outsiders, sendo tais</p><p>relações controladas através de diversos meios. Entre eles, a fofoca, um poderoso instrumento</p><p>de controle social.</p><p>e) As configurações sociais podem ter um caráter tanto agregador quanto excludente, dependendo</p><p>da situação do indivíduo em relação à teia de interdependência eu se desenha. Os valores</p><p>mobilizados em seu interior e o habitus que se manifesta no grupo permitirá a entrada de alguns</p><p>indivíduos, enquanto bloqueia o acesso de outros.</p><p>9</p><p>Sociologia</p><p>Gabarito</p><p>1. E</p><p>A alternativa e está errada, pois para o sociólogo Norbert Elias o processo civilizador que ocorre nas</p><p>sociedades contemporâneas não é involuntário, ele é totalmente voluntário e consciente. Para Elias, os</p><p>indivíduos moldam a sociedade e esta o molda.</p><p>2. A</p><p>A alternativa correta é a letra (a) porque o conceito de Norbert Elias que afirma a interdependência entre</p><p>indivíduo e sociedade é justamente o conceito de configuração. Esse conceito pode ser aplicado</p><p>sempre que se formam conexões de interdependência humana, seja em grupos relativamente pequenos</p><p>ou em agrupamentos maiores. Portanto, essas cadeias de interdependência dão origens aos mais</p><p>diversos tipos de configuração, como, por exemplo: família, cidade, aldeia, estado, nação.</p><p>3. B</p><p>O processo mencionado no texto de Norbert Elias é o de individualização. Para Elias o indivíduo consiste</p><p>numa estrutura que é formada pela internalização das relações sociais históricas. Cada indivíduo já</p><p>nasce numa sociedade existente pronta e vai aos poucos internalizando as características sociais</p><p>atuantes no meio social. Portanto, a letra (b) é a alternativa correta.</p><p>4. E</p><p>A alternativa e está errada, pois a teoria dos três estados não foi desenvolvida por Durkheim e sim por</p><p>Comte</p><p>5. D</p><p>Muito pelo contrário. A Sociologia está imensamente preocupada em compreender a cultura. Na</p><p>verdade, a discussão sobre cultura só alcançou o estado em que se encontra hoje por conta da</p><p>colaboração da sociologia para o tema. Como, quando e porque se formam organizações de grupos</p><p>humanos é um tema central para as ciências sociais.</p><p>6. B</p><p>Elias defende que a sociedade se forma a partir de relações sociais de necessidades recíprocas que</p><p>geram teias de interdependência que pressupõem pertencimento e obrigação. Nelas o grupo social</p><p>depende da ação dos indivíduos e os indivíduos dependem da existência do grupo, demonstrando a</p><p>interpretação integrada de Elias sobre esses fenômenos. Indivíduo e sociedade não são entidades</p><p>separadas, mas processos complementares.</p><p>7. D</p><p>O conceito de habitus em Elias é importante para compreender como formamos nosso comportamento</p><p>em sociedade. Um conjunto de valores e regras interferem na forma como interpretamos as interações</p><p>sociais, fazendo com que internalizemos determinados padrões, geralmente passados de geração para</p><p>geração. Esse padrão de comportamento segue o consenso social em torno dos temas envolvidos</p><p>(higiene, violência, educação etc.) o que permite afirmar que a mudança comportamental em torno</p><p>desses temas é lenta, pois a transformação desse consenso é lenta.</p><p>8. E</p><p>Elias pressupõe que a sociedade e sua organização é um fenômeno externo aos indivíduos e também</p><p>não admite que o indivíduo seja um fenômeno único e não integrado ao grupo. A formação da sociedade</p><p>é composta por várias funções e processos aos quais pertencemos e precisamos cumprir. Aquilo de</p><p>denominamos “eu” é parte disso, assim como “ele” e “nós”. Somos tão interdependentes que não</p><p>podemos assumir nossa existência em separado, nem pressupor que o outro seria capaz de o fazer.</p><p>10</p><p>Sociologia</p><p>9. D</p><p>Cada sociedade desempenha uma trajetória do seu processo civilizacional onde diferentes valores e</p><p>fenômenos ocorrem, uns com mais frequência e relevância que os outros. No caso do Brasil é notável</p><p>que a trajetória e dinâmica social privilegia a manifestação e ocorrência de certos tipos de fenômenos,</p><p>com a violência. Os limites e costumes admitidos pela sociedade brasileira não estão em consonância</p><p>com a plenitude democrática.</p><p>10. B</p><p>Uma análise microssociológica não significa se ater a pequenos fenômenos ou eventos, mas os analisar</p><p>sob um olhar focal, “de perto”, como através de uma lupa. Tanto grandes eventos quanto pequenos</p><p>acontecimentos podem ser analisados dessa forma. O que Elias e Scotson fazem é um estudo</p><p>microssociológico porque, a partir da observação das dinâmicas da comunidade em questão,</p><p>conseguem analisar fenômenos que atravessam toda a sociedade</p><p>1</p><p>Sociologia</p><p>Pierre Bourdieu</p><p>Resumo</p><p>Pierre Bourdieu (1930 - 2002) foi um importante sociólogo francês, que acabou</p><p>se tornando um dos pensadores mais importantes do século XX, tendo sido um</p><p>dos maiores críticos dos processos de manutenção das desigualdades sociais</p><p>nas sociedades capitalistas contemporâneas. Do ponto de vista sociológico,</p><p>defendia a utilização de procedimentos metodológicos rigorosos, bem como</p><p>técnicas estatísticas e etnográficas,</p><p>no sentido de fortalecer a Sociologia como</p><p>ciência. Em grande medida, uma das questões mais centrais do seu trabalho</p><p>sociológico gira em torno da busca de uma explicação para a situação de</p><p>dominação entre os grupos sociais, assim como a expressão dessa dominação</p><p>no processo educativo desenvolvido pela escola, o que tentaremos esclarecer</p><p>na sequência.</p><p>Na análise das sociedades capitalistas e suas formas de dominação, Bourdieu se destacou por desenvolver</p><p>uma teoria focada nos aspectos simbólicos que determinam as práticas sociais. Sua sociologia privilegia a</p><p>análise da reprodução social, ou seja, como acontece a manutenção da situação atual de uma sociedade,</p><p>como se perpetua o status quo, hierarquias sociais se mantêm ao longo do tempo.</p><p>Poder simbólico</p><p>Capital cultural</p><p>Bourdieu considerava a análise marxiana limitada, pois desconsiderava as relações simbólicas da sociedade.</p><p>Para ele, não se trata apenas de tentar entender o processo de produção da vida material, ou seja, a posse</p><p>de bens, acesso à riqueza ou controle dos meios de produção, era importante considerar o prestígio, o status</p><p>e a aceitação social, pois esses também influenciam na posição dos indivíduos na sociedade, Além do capital</p><p>econômico (acesso e acúmulo de bens e riquezas), é preciso analisar o capital cultural (acúmulo de</p><p>conhecimentos reconhecidos socialmente), o capital social (relações sociais) e o capital simbólico</p><p>(prestígio). O conceito de capital é expandido no pensamento social de Bourdieu para qualquer recurso ou</p><p>poder que se manifesta em uma atividade social. O capital é um ativo social.</p><p>Na sua análise sobre a sociedade, Bourdieu considera esses tipos de capital na formação da estrutura social.</p><p>Ele entende a estrutura social como fortemente hierarquizada, em que poderes e privilégios determinam-se</p><p>tanto pelas relações materiais, quanto pelas relações simbólicas e culturais. Há grupos que pertencem a</p><p>camadas distintas dessa estrutura social justamente porque há desigualdade na distribuição de recursos e</p><p>poderes para os indivíduos no âmbito de uma sociedade. Bourdieu acredita que a Sociologia, por ser uma</p><p>disciplina crítica, ao interpretar os fenômenos sociais, é uma ciência que incomoda, principalmente àquelas</p><p>camadas sociais que visam manter o status quo e, consequentemente, os seus próprios privilégios. Nas</p><p>palavras do autor: “A sociologia é um esporte de combate”.</p><p>Como sabemos, para Bourdieu, os recursos econômicos desempenham um papel importante, mas não</p><p>exclusivo nas relações de poder e dominação. De maneira geral, ter um carro de luxo é diferente de ter três</p><p>carros comuns, apesar do custo material ser o mesmo. Outro fator determinante pode ser um título de pós-</p><p>graduação ou o reconhecimento por um grande feito como ser o arquiteto de um edifício notável ou um</p><p>medalhista olímpico. Esses eventos constituem poder, mesmo que não sejam poder material. Bourdieu</p><p>dedica boa parte de seu trabalho para pensar a relação desses capitais com a instituição escolar. Para ele a</p><p>escola é um instrumento de perpetuação da desigualdade social, atuando na reprodução social. Ela é uma</p><p>2</p><p>Sociologia</p><p>instituição especializada em transmitir aos estudantes a forma de conhecimento das classes dominantes.</p><p>Seu efeito mais cruel é dar a essa hierarquia uma aparência de neutralidade. É como se o conhecimento</p><p>escolar fosse oficial porque é “natural”, “normal” e “certo”.</p><p>Educação e violência simbólica</p><p>Quando um indivíduo entra na escola, ele já tem uma carga de conhecimento adquirido. Esse acesso é</p><p>desigual porque os indivíduos se encontram em diferentes condições socioeconômicas. Além disso, como</p><p>a escola seleciona aquilo que é certo e o que é errado (e convenientemente o certo é o conhecimento da</p><p>classe dominante), um indivíduo que tenha uma vida rica de experiência e saberes pode, mesmo assim, estar</p><p>uma posição subalterna na hierarquia social, já que ele pode estar cheio de saberes “errados”. Isso tudo</p><p>influencia o desempenho dos indivíduos em diferentes esferas da vida. Os indivíduos que internalizaram os</p><p>saberes escolares antes mesmo da sua entrada na escola (pela sua vivência como membro da classe</p><p>dominante) estão em vantagem.</p><p>Segundo o sociólogo francês, em sociedades hierarquizadas e desiguais como a nossa, não são todas as</p><p>famílias que dispõe de uma bagagem cultural que lhes possibilite uma identificação com os ensinamentos</p><p>desenvolvidos no ambiente escolar. Isso gera um descompasso educacional na medida em que os grupos</p><p>sociais mais privilegiados se identificam os saberes ensinados na escola - como, por exemplo, as artes</p><p>eruditas - mas os grupos sociais menos privilegiados, por sua vez, não possuem esses conhecimentos</p><p>prévios. A escola parece ser isenta e imparcial nas suas exigências, mas a verdade é que alguns iniciam a</p><p>vida escolar melhor preparados que outros, graças a desigualdade social. No final das contas, a escola serve</p><p>como um instrumento de confirmação de desempenho daqueles que já estão familiarizados com sua forma</p><p>de conhecimento, legitimando e reproduzindo a hierarquia social. O sistema de ensino cobra igualmente de</p><p>todos os alunos aquilo que nem todos podem oferecer, não levando em consideração as diferenças sociais</p><p>fundamentais presentes na sociedade. Trata-se de uma violência simbólica, quando a escola impõe o</p><p>reconhecimento de uma única forma de cultura, desconsiderando os aspectos culturais referentes às</p><p>camadas mais populares da sociedade.</p><p>Campo Simbólico e Habitus</p><p>Um dos temas com o qual se ocupou o sociólogo francês diz respeito à produção do gosto nas sociedades.</p><p>Após uma longa pesquisa qualitativa e quantitativa nas décadas de 60 e 70 do século XX sobre as diferenças</p><p>de gosto que pode ser observada entre diferentes grupos sociais de uma mesma sociedade, Bourdieu afirma</p><p>que o gosto cultural é um produto de processos educativos que são ambientados, sobretudo, na família e na</p><p>escola. Em linhas gerais, portanto, o gosto cultural, assim como o estilo de vida, é explicado pela trajetória</p><p>social experimentada por cada indivíduo. Isso significa ir contra a ideia comum de que os gostos e estilos</p><p>de vida nos remeteriam diretamente ao foro íntimo de cada indivíduo. Ao contrário, eles são o resultado de</p><p>relações de poder que se efetuam principalmente nas instituições da família e da escola.</p><p>O campo é um conceito que representa o espaço simbólico onde circulam os símbolos e ocorrem as disputas</p><p>entre os agentes para afirmar quais símbolos são importantes e quais não. Nele há a validação, determinação</p><p>e legitimação de representações simbólicas. Essa disputa instituí o poder simbólico. Esse campo sustenta</p><p>signos classificados como adequados e compatíveis com um código de valores. Um dos melhores exemplos</p><p>dados por Bourdieu é o campo simbólico da arte, onde a disputa simbólica define o que é arte e como</p><p>classificar uma obra de arte, definindo o que é erudito, popular ou pertencente à indústria cultural. Essa luta</p><p>determina também quais valores e quais rituais de consagração as constituem. O campo goza de relativa</p><p>autonomia e os indivíduos que seguem seus valores e rituais são considerados seus membros, sendo as</p><p>“autoridades” do campo os dotados com maior volume de capital.</p><p>3</p><p>Sociologia</p><p>O habitus é um importante componente do campo. Ele define a relação entre a trajetória do indivíduo e a</p><p>estrutura social em que ele está inserido. O habitus se constitui como um padrão social, um jeito de ser e</p><p>estar. Ele está ligado à sensibilidade e ao comportamento que orienta a ação dos indivíduos. Como sabemos,</p><p>Bourdieu está inserido no grupo de sociólogos que tenta conciliar o impasse agente x estrutura. Retomando</p><p>Weber, toda ação social é orientada por ações sociais de outras pessoas e pela expectativa de como a ação</p><p>individual será acolhida. Bourdieu aponta para a importância do conjunto de situações e experiências prévias</p><p>que</p><p>orientam as escolhas e motivações dos indivíduos (a ação social), mesmo que de forma inconsciente.</p><p>Elas estão relacionadas com as possibilidades e limitações dos sujeitos na sociedade, ou seja, com as</p><p>estruturas que os indivíduos já encontram quando interagem socialmente e a distribuição de poder que é</p><p>desigual e forma uma hierarquia. Vemos como a teoria social weberiana é articulada com o pensamento</p><p>durkheimiano.</p><p>As práticas sociais dos indivíduos não são tanto escolhas racionais e deliberadas, mas estão relacionadas</p><p>ao habitus interiorizado de sua posição social. Comportamentos que nos parecem banais, como a forma de</p><p>usar os talheres, de se expressar em público ou de se vestir, na realidade são resultado da internalização de</p><p>padrões aprendidos desde a infância. Essas práticas influenciam na maneira como o indivíduo é visto por</p><p>outros, o que em determinados contextos pode lhe render vantagens ou não.</p><p>Hey, como você está nesse período de quarentena? É um pouco complicado, né?! Mas não desiste não,</p><p>vamos juntos que você vai arrasar no vestibular! Aliás, você vai prestar o vestibular da Uerj? Que tal um</p><p>curso específico? Basta clicar aqui para saber mais!</p><p>https://bit.ly/2XIMXJ1</p><p>4</p><p>Sociologia</p><p>Exercícios</p><p>1. (Uel 2017) no pensamento sociológico clássico e contemporâneo, as dimensões igualdade, diferença</p><p>e diversidade assumem importância para estudos relacionados à questão das desigualdades sociais.</p><p>Com base nos conhecimentos sobre as perspectivas sociológicas que explicam a desigualdade social,</p><p>no cotidiano das sociedades capitalistas, assinale a alternativa correta.</p><p>a) A sociologia weberiana, quando analisa as modernas sociedades ocidentais, demonstra que os</p><p>fatores econômicos e os antagonismos entre as classes determinam as hierarquias de poder e os</p><p>tipos de dominação.</p><p>b) as análises de Marx defendem a ideia de que as mudanças mais recentes na ordem mundial</p><p>capitalista alteraram a preeminência das classes na explicação das assimetrias sociais e</p><p>diversidades culturais.</p><p>c) na sociologia de Bourdieu, os fatores econômicos, simbólicos e culturais, a exemplo da renda, do</p><p>prestígio e dos saberes, incorporados pelos agentes em seu cotidiano e em sua trajetória de vida,</p><p>são responsáveis pela diferenciação de posições nos campos sociais.</p><p>d) no pensamento funcionalista, a origem da desigualdade social encontra-se nas contradições</p><p>econômicas e políticas entre os agrupamentos, que mantêm relações uns com os outros para</p><p>produzir e reproduzir a estrutura social.</p><p>e) para os pensadores críticos do neoliberalismo, a mobilidade dos indivíduos de um estrato social</p><p>para outro, no Brasil, é acompanhada igualmente por mudanças na estrutura de classes sociais,</p><p>na medida em que pobres e ricos se aproximam.</p><p>2. (Ebmsp 2016)</p><p>O termo desigualdades sociais se refere a disparidades existentes entre indivíduos nas chances de</p><p>acesso a bens e recursos sociais escassos e disputados. Tais bens e recursos podem ser de vários</p><p>tipos e variam historicamente.</p><p>BERTONCELO, Edison Ricardo E. A teoria do capital de Bourdieu. Grandes temas do conhecimento Sociologia. São Paulo:</p><p>Mythos, a. 1, n.1, p. 42-46. Adaptado.</p><p>A observação da charge, associada ao texto, permite afirmar:</p><p>a) nas últimas décadas, as transformações ocorridas no sistema capitalista asseguraram grande</p><p>mobilidade na sociedade global, gerando uma nova ordem social no espaço geográfico.</p><p>b) as diferenças entre as classes sociais no mundo periférico só são visíveis pelo padrão de consumo.</p><p>c) os marcadores das diferenças sociais aparecem isolados e não estão articulados com as</p><p>experiências dos indivíduos e nem com o espaço onde eles vivem.</p><p>d) As diferenças e as desigualdades entre os homens são construídas socialmente e precisam ser</p><p>contextualizadas no tempo e no espaço.</p><p>e) os mecanismos de legitimação das desigualdades sociais no sistema capitalista facilitam a</p><p>percepção de que são indevidas.</p><p>5</p><p>Sociologia</p><p>3. (Unioeste 2013) Pierre Bourdieu trata da cultura no sentido antropológico recorrendo a outro conceito,</p><p>o “habitus”. Em sua obra O Sentido Prático, ele explica mais detalhadamente sua concepção do</p><p>“habitus”. “Os habitus são sistemas de disposições duráveis e transponíveis, estruturas estruturadas</p><p>predispostas a funcionar como estruturas estruturantes, isto é, a funcionar como princípios geradores</p><p>e organizadores de práticas e de representações que podem ser objetivamente adaptadas a seu</p><p>objetivo sem supor que se tenham em mira conscientemente estes fins e o controle das operações</p><p>necessárias para obtê-los. ”</p><p>BOURDIEU, O Sentido Prático, 1980, p.88.</p><p>Sobre o conceito de habitus é INCORRETO afirmar que</p><p>a) o habitus não é interiorizado pelos indivíduos, implica em consciência dos indivíduos para ser</p><p>eficaz.</p><p>b) o habitus funciona como a materialização da memória coletiva, que reproduz para os sucessores</p><p>as aquisições dos precursores.</p><p>c) o habitus é o que caracteriza uma classe ou um grupo social em relação aos outros que não</p><p>compartilham das mesmas condições sociais.</p><p>d) o habitus explica porque os membros de uma mesma classe agem frequentemente de maneira</p><p>semelhante sem ter necessidade de entrar em acordo para isso.</p><p>e) o habitus é o que permite aos indivíduos se orientarem em seu espaço social e adotarem práticas</p><p>que estão de acordo com sua vinculação social. Ele torna possível para o indivíduo a elaboração</p><p>de estratégias antecipadoras, que são guiadas por esquemas inconscientes, esquemas de</p><p>percepção, de pensamento e de ação.</p><p>4. (Interbits 2013) Como estamos incluídos, como homem ou mulher, no próprio objeto que nos</p><p>esforçamos por apreender, incorporamos, sob a forma de esquemas inconscientes de percepção e de</p><p>apreciação, as estruturas históricas da ordem masculina; arriscamo-nos, pois, a recorrer, para pensar</p><p>a dominação masculina, a modos de pensamento que são eles próprios produto da dominação.</p><p>BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005, p. 31.</p><p>O texto acima diz respeito a um conceito criado por Pierre Bourdieu para tentar compreender as</p><p>formas de dominação na nossa sociedade. Quando Bourdieu fala sobre “esquemas inconscientes de</p><p>percepção e apreciação”, ele está fazendo referência à teoria de qual autor clássico da sociologia?</p><p>a) À forma como Durkheim compreende as formas de classificação da sociedade.</p><p>b) ao modelo capitalista de exploração do trabalho estudado por Marx.</p><p>c) aos tipos de dominação apresentados por Max Weber.</p><p>d) aos estados de evolução da sociedade evocados por Auguste Comte.</p><p>e) ao regime disciplinar estudado por Michel Foucault em Vigiar e Punir.</p><p>6</p><p>Sociologia</p><p>5. Para Pierre Bourdieu, a escola é um espaço de produção de capital cultural, com diversos agentes e</p><p>valores sociais envolvidos nesse processo. As opções a seguir consideram a escola a partir do quadro</p><p>conceitual oferecido pelo sociólogo, à exceção de uma. Assinale–a.</p><p>a) A escola é uma ferramenta de poder, que reproduz desigualdades, ao perpetuar de forma implícita</p><p>hierarquias e constrangimentos.</p><p>b) na escola se desenvolvem lutas pela obtenção e manutenção do poder simbólico, produzindo</p><p>valores que acabam sendo aceitos pelo senso comum.</p><p>c) A escola é um espaço de socialização que proporciona o desenvolvimento integral dos indivíduos,</p><p>tendo em vista que somos produtores e produtos do meio em que vivemos.</p><p>d) O aluno é um ator social ligado à engrenagem da produção simbólica, dela participando como</p><p>herdeiro e transmissor inconsciente de valores.</p><p>e) A escola é um artifício de reafirmação de poderes, onde estruturas sociais diferentes convivem e</p><p>se enfrentam com seus variados estilos de vida.</p><p>6. A violência não está ligada somente à criminalidade. Analisar unicamente uma dimensão, significa</p><p>permanecer apenas nas</p><p>aparências da questão. A violência encontra-se nas diferentes relações</p><p>interpessoais, entre indivíduos e instituições, nas práticas repressivas do Estado, em tempos de crise,</p><p>nos movimentos sociais, nos meios de comunicação, entre outros. Pierre Bourdieu, sociólogo francês</p><p>(1930-2002), ao estudar os mecanismos que se configuram como forma de dominação, humilhação</p><p>e exclusão social, utilizados por pessoas, grupos ou instituições, os denominou de:</p><p>a) Violência Casual.</p><p>b) Violência Simbólica.</p><p>c) Violência Patrimonial.</p><p>d) Violência Urbana.</p><p>e) Violência Psicológica</p><p>7. (IF-RS/2015) A noção de habitus cumpre um papel central na teoria de Pierre Bourdieu quanto à</p><p>análise das desigualdades sociais. A este conceito pode-se associar todas as perspectivas abaixo,</p><p>EXCETO:</p><p>a) Na medida em que se trata de princípios geradores de práticas distintas e distintivas entre as</p><p>classes sociais, o habitus está expresso, por exemplo, no que se come e na maneira de comer,</p><p>bem como no esporte que se pratica e na forma de praticá-lo.</p><p>b) O habitus, como um sistema de disposições incorporadas, está ligado aos esquemas</p><p>inconscientes da cultura, uma vez que a teoria de Bourdieu privilegia em suas análises as</p><p>dimensões subjetivas do gosto e da estética dos grupos sociais.</p><p>c) O habitus se apresenta, ao mesmo tempo, como social e individual, de modo que a pessoa, em</p><p>suas experiências de vida, vai construindo um habitus individual próprio, ainda que indissociável</p><p>do primário.</p><p>d) O habitus é estruturado por meio das instituições de socialização dos agentes, que impõem aos</p><p>indivíduos certos princípios classificatórios, de visão de mundo e divisão de gostos.</p><p>e) A partir do habitus, se estabelece o que é bom e o que é mau, o que é distinto e o que é vulgar, o</p><p>que é valorizado e o que é desvalorizado em dado segmento social.</p><p>7</p><p>Sociologia</p><p>8. (IF-MT/2016) Bourdieu e Passeron, na obra “A Reprodução”, consideram que toda ação pedagógica é</p><p>objetivamente resultante de relações de dominação, de imposições, de um poder arbitrário, de um</p><p>arbitrário cultural, ou seja, de violência simbólica. Como esses autores definem violência simbólica?</p><p>a) é um termo usado para designar ataques relativamente sérios à lei e à ordem pública que veem a</p><p>violência se exprimir em diferentes sociedades.</p><p>b) é a imposição legítima e dissimulada, com a interiorização da cultura dominante. O dominado não</p><p>se opõe ao seu opressor, já que não se percebe como vítima desse processo. Ocorre uma</p><p>naturalização da violência.</p><p>c) é uma ação ou efeito de empregar força física ou intimidação moral contra um indivíduo; é um ato</p><p>violento.</p><p>d) é um ato de violação dos direitos civis (liberdade, privacidade), sociais (saúde, educação,</p><p>segurança), econômicos (emprego e salário).</p><p>e) A violência simbólica está sempre ligada a oposição e resistência do oprimido. Apesar de não ser</p><p>física, ela acontece da maneira aberta e explícita.</p><p>9. (ENADE, 2008 – Ciências Sociais – ADAPTADA) A noção de campo desenvolvida por Pierre Bourdieu</p><p>propõe -se a resolver um dilema teórico. Até então, para explicar os produtos culturais – arte,</p><p>literatura, religião, ideologia –, escolhia-se entre duas vias exclusivas: o estruturalismo e o marxismo.</p><p>Em síntese, isso significava o confronto entre duas tradições, em que se privilegiavam os produtos</p><p>dotados de coerência interna, subtraindo-se os determinantes externos ou, então, caracterizavam -se</p><p>tais produtos pelas funções sociais que eles exerciam, notadamente as funções ideológicas de</p><p>justificação dos interesses da classe s dominantes. Segundo esse autor, a noção de campo:</p><p>a) Considera língua, mito, arte e religião como estruturas estruturantes, ou seja, objetivas, atribuindo-</p><p>lhes papel ativo.</p><p>b) Pressupõe que mito, religião e arte, apesar de forte presença simbólica, não cumprem nenhum</p><p>papel político no jogo da dominação.</p><p>c) Nenhuma das alternativas é completamente verdadeira.</p><p>d) Consiste na separação entre o poder e a violência.</p><p>e) Sintetiza o mundo subjetivo e o mundo objetivo, articulando a ordem do simbólico em uma</p><p>realidade complexa, em que a cooperação entre ambos transforma forças contrárias em aliados</p><p>que agem graças ao seu embate e não apesar dele.</p><p>10. No que diz respeito à visão de Pierre Bourdieu sobre a instituição escolar, é possível afirmar que:</p><p>a) O sistema escolar reforça e reproduz as desigualdades sociais.</p><p>b) predomina uma função transformadora da educação em suas análises.</p><p>c) na escola não ocorrem transferências de capitais entre gerações.</p><p>d) A dominação e a reprodução de valores estão fora dos ambientes escolares.</p><p>e) na escola não ocorrem transferências de capitais entre gerações e a dominação e a reprodução</p><p>de valores estão fora dos ambientes escolares.</p><p>8</p><p>Sociologia</p><p>Gabarito</p><p>1. C</p><p>Existem várias teorias que explicam a desigualdade social. No caso da presente questão, a única que</p><p>apresenta uma explicação correta é a [C]. A teoria de Bourdieu explica a desigualdade relacionando</p><p>estrutura social e simbólica com os comportamentos individuais, que sempre ocorrem em determinado</p><p>campo social.</p><p>2. D</p><p>As desigualdades sociais, tal como afirma o texto da questão, variam historicamente e socialmente.</p><p>Assim, qualquer compreensão desse tema deve partir de uma interpretação mais ampla de como</p><p>funciona a sociedade em questão. Por exemplo, a desigualdade na sociedade indiana é diferente da</p><p>desigualdade brasileira e cada uma deve ser compreendida nas suas próprias características.</p><p>3. A</p><p>Por exclusão, o aluno pode ser capaz de perceber que somente a alternativa [A] está incorreta. Por ser</p><p>inconsciente e interiorizado pelos indivíduos, o habitus se torna extremamente útil na forma como o</p><p>indivíduo se insere no campo social, carregando esquemas de percepções e conduzindo a forma de</p><p>pensar e de agir dos indivíduos.</p><p>4. A</p><p>Pierre Bourdieu retoma a abordagem durkheimiana sobre as categorias de classificação da sociedade,</p><p>ao estudar a dominação masculina que ocorre em “modos de pensamento”. Assim, somente a alternativa</p><p>[A] está correta.</p><p>5. C</p><p>De acordo com Bourdieu, a escola não proporciona desenvolvimento integral, pelo contrário, ela é palco</p><p>da acentuação das desigualdades e lutas por poder simbólico.</p><p>6. B</p><p>A violência simbólica é uma forma de dominação e controle legitimada. Ela é a imposição legítima e</p><p>dissimulada, com a interiorização da cultura dominante. O dominado não se opõe ao seu opressor, já</p><p>que não se percebe como vítima desse processo. Ocorre uma naturalização da violência. O “certo” e o</p><p>“adequado” é a forma de ser e estar da elite, modo de vida e de conhecimento que se torna a meta dos</p><p>subalternizados.</p><p>7. C</p><p>O habitus não se apresenta como individual, apenas como social. É definido como um conjunto de</p><p>capitais e a capacidade que os indivíduos dentro de uma determinada classe tem de incorporar tais</p><p>capitais. Os capitais não são individuais, mas sim coletivos, da mesma forma que o habitus.</p><p>8. B</p><p>A violência simbólica é a imposição, muitas vezes sutil, da cultura dominante e apreciada pelo senso</p><p>comum. O dominado não se opõe justamente pela sutileza e naturalização das imposições, que por</p><p>sua vez, passam a ser integradas à vida do dominado.</p><p>9. E</p><p>No contexto da obra de Bourdieu, o campo exerce, sobre os agentes que o integram, uma ação</p><p>pedagógica que visa fazer com que eles adquiram formas de perceber, avaliar e agir no mundo (habitus)</p><p>que são necessárias à sua inserção apropriada no campo.</p><p>9</p><p>Sociologia</p><p>10. A</p><p>A teoria de Bourdieu, o sistema educacional está baseado em sistemas de conservação e reprodução</p><p>de desigualdades sociais.</p><p>1</p><p>Sociologia</p><p>Escola de Frankfurt: Adorno e Horkheimer</p><p>Resumo</p><p>A Escola de Frankfurt</p><p>A escola de Frankfurt (Frankfurter Schule, em alemão) foi um movimento intelectual criado por filósofos</p><p>e</p><p>cientistas sociais de orientação marxista em 1924, na Alemanha, que ficou caracterizado por uma análise</p><p>crítica da sociedade contemporânea. Vários dos seus integrantes foram perseguidos e tiveram que fugir do</p><p>regime nazista, e uma de suas mais importantes contribuições para a teoria crítica da sociedade ocorreu</p><p>através do conceito de indústria cultural ou cultura de massas. Entre seus principais representantes</p><p>podemos citar Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Leo Löwenthal, Erich</p><p>Fromm, Jürgen Habermas, entre outros.</p><p>A principal preocupação dos autores de Escola de Frankfurt era sua abordagem abrangente da vida social,</p><p>alcançando aspectos variados. Mesmo com grandes diferenças em seus pensamentos, todos produziram</p><p>uma teoria crítica da sociedade.</p><p>A referência da Escola de Frankfurt foi o pensamento marxista, mas numa leitura original do autor,</p><p>adequando sua produção às circunstâncias sociais do novo século. Além disso, Freud foi uma grande</p><p>inspiração para pensar as relações sociais. Hegel, Kant e Weber são outros pensadores que formaram esse</p><p>arcabouço teórico que agrupou investigações nos campos da economia, da psicologia, da história e da</p><p>antropologia.</p><p>Sociedade de Massas</p><p>Os dos principais conceitos da Escola de Frankfurt é o de sociedade de massas que designa uma sociedade</p><p>em que o avanço tecnológico está submetido à reprodução da logica capitalista. Nela, a lógica</p><p>mercadológica avançou sobre outros aspectos da vida, como lazer, arte e cultura em geral. A sociedade em</p><p>que viveram, e vivemos, é essa sociedade de massas, onde o consumo e a diversão são utilizados como</p><p>forma de garantir a estabilidade social ocultando as contradições do sistema capitalista e diluindo seus</p><p>problemas.</p><p>Um dos principais temas abordados dentro dessa crítica é a questão da razão. Adorno e Horkheimer</p><p>percebem que a proposta de emancipação humana da razão iluminista foi subvertida na dominação do</p><p>homem pelo homem através do desenvolvimento tecnológico. Essa razão orientada ao fim é a razão</p><p>instrumental, apontada como uma razão controladora que sempre se expressa como uma dominação sobre</p><p>a natureza e o ser humano. Para Horkheimer o avanço tecnológico se dá numa relação inversamente</p><p>proporcional. Quanto mais o pensamento humano é expandido, mas sua autonomia enquanto indivíduo</p><p>decai, pela sua incapacidade de se opor a mecanismos de manipulação e dominação tão desenvolvidos. O</p><p>resultado é uma desumanização dos indivíduos.</p><p>Apesar de outros pensadores da Escola de Frankfurt criticarem a razão iluminista, Adorno e Horkheimer são</p><p>os que lhe dirigem as mais duras análises. Para eles, a razão iluminista resultou numa forma de razão</p><p>instrumental que considera o propósito e o objetivo muito maiores que os meios e consequências para os</p><p>alcançar. É uma hipertrofia do fim, onde o “como fazer” e “porque fazer” são ignorados. Diante da assimilação</p><p>do proletariado pelo capitalismo e de sua falta de consciência revolucionária resultante da alienação</p><p>produzida pela indústria cultural e enfraquecida pelas conquistas trabalhistas alcançadas, o tom geral da</p><p>Escola de Frankfurt é de desesperança.</p><p>2</p><p>Sociologia</p><p>A crítica à razão iluminista se estende a noção de progresso, esse movido pela razão instrumental. E Em vez</p><p>de ser a expressão do avanço do ser humano e da civilização, o progresso era visto como uma catástrofe,</p><p>como aponta Walter Benjamin sobre a “Angelus Novus” de Paul Klee:</p><p>“Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus.</p><p>Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que</p><p>ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua</p><p>boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter</p><p>esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós</p><p>vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe</p><p>única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as</p><p>dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar</p><p>os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra</p><p>do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele</p><p>não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele</p><p>irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas,</p><p>enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa</p><p>tempestade é o que chamamos progresso”</p><p>BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de História.1940.</p><p>Cultura de massa e Indústria Cultural</p><p>Ao abordar as relações entre cultura e política, a Sociologia busca uma compreensão acerca do modo como</p><p>uma sociedade reproduz ou contesta as relações de poder nela vigentes. No caso específico da teoria crítica</p><p>desenvolvida por Adorno e Horkheimer em 1947, o conceito de cultura de massas - intrinsecamente</p><p>relacionado com a noção de indústria cultural - visava explicar o papel fundamental que a massificação</p><p>cultural desempenhou para que fosse possível a manutenção do domínio sobre as classes trabalhadoras na</p><p>Alemanha nazista, tão importante quanto o próprio totalitarismo político adotado pelo regime de Hitler. O</p><p>nazismo impedia a manifestação e a organização da classe trabalhadora e se aproveitou da produção de</p><p>bens culturais voltados para a grande massa para manter o seu domínio, exatamente porque esses produtos</p><p>culturais, veiculados pelos meios de comunicação, levavam ao conformismo, ao mero divertimento, e não a</p><p>uma reflexão crítica sobre a realidade.</p><p>Adorno e Horkheimer perceberam a relevância que os</p><p>meios de comunicação de massas (como tv, internet,</p><p>radio…) tem na difusão da ideologia da classe</p><p>dominante nas sociedades capitalistas</p><p>contemporâneas, perpetuando o capitalismo como um</p><p>sistema político inabalável, hegemônico. De acordo</p><p>com eles, há uma degeneração da cultura operada pela</p><p>sociedade industrial, que acaba por substituir as obras</p><p>de arte mais originais e que levam ao pensamento</p><p>crítico por fórmulas repetitivas e superficiais que, no</p><p>entanto, possuem um alto valor de mercado. A cultura</p><p>torna-se um produto que pode ser vendido para um</p><p>Angelus Novus de Paul Klee., 1920. Domínio público</p><p>Obra de Pop Art. Típica do séc. XX a Pop Art surge em um</p><p>contexto de profundas transformações no “como fazer” da</p><p>arte.</p><p>3</p><p>Sociologia</p><p>grande número de pessoas e uma importante ferramenta para a manutenção das relações de poder nas</p><p>sociedades capitalistas.</p><p>Em suma, a Indústria cultural é um conceito sociológico que nos remete às sociedades capitalistas</p><p>contemporâneas, em que a classe dominante - aquela que domina os meios de comunicação de massas -</p><p>transforma o lazer em um momento de pura passividade. As possibilidades de produção de cultura e</p><p>momentos de lazer são vendidas como mercadorias, num processo de alienação, reificação e fetichização</p><p>que afasta o indivíduo da realidade assim como ocorre na produção da vida material. Tal qual ser alienado</p><p>do resultado do nosso trabalho nos desumaniza, ser afastado da produção dos símbolos, sentidos e valores</p><p>que guiarão a organização da vida pela cultura nos torna indivíduos rasos e incompletos. A sociedade de</p><p>massas é, como o próprio nome já indica, uma sociedade manipulável, moldável, em que se consegue</p><p>capturar o lazer dos indivíduos com produtos culturais que ajudam a manter a distorção da realidade, a</p><p>manipulação e a alienação sofrida pelas pessoas. Nessa sociedade, tudo é capturado pelo mercado, tudo</p><p>se transforma em mercadoria para consumo em larga escala, até mesmo os bens culturais, como filmes,</p><p>séries, livros, obras de arte, etc.</p><p>Os principais tipos de obras de arte apropriados</p><p>pela indústria cultural, segundo Adorno e</p><p>Horkheimer, foram o cinema e a música. Ainda</p><p>hoje observamos uma grande predominância, por</p><p>exemplo, nos cinemas nacionais, de filmes de</p><p>ação e de comédia, geralmente americanos, que</p><p>ajudam a compor o cenário de alienação a que as</p><p>pessoas estão submetidas, não exercendo o seu</p><p>papel - enquanto obra de arte - de levar à reflexão</p><p>e ao pensamento crítico.</p><p>tanto, me ajudou a compreender o labirinto da psicologia</p><p>humana como os romances de Dostoievski – ou os mecanismos da vida social como os livros de</p><p>Tolstói e de Balzac, ou os abismos e os pontos altos que podem coexistir no ser humano, como me</p><p>ensinaram as sagas literárias de um Thomas Mann, um Faulkner, um Kafka, um Joyce ou um Proust.</p><p>As ficções apresentadas nas telas são intensas por seu imediatismo e efêmeras por seus resultados.</p><p>Prendem-nos e nos desencarceram quase de imediato, mas das ficções literárias nos tornamos</p><p>prisioneiros pela vida toda. Ao menos é o que acontece comigo, porque, sem elas, para o bem ou para</p><p>o mal, eu não seria como sou, não acreditaria no que acredito nem teria as dúvidas e as certezas que</p><p>me fazem viver.</p><p>(Mario Vargas Llosa. “Dinossauros em tempos difíceis”. www.valinor.com.br. O Estado de S. Paulo, 1996. Adaptado.)</p><p>Segundo o autor, sobre cinema e literatura é correto afirmar que</p><p>a) a ficção literária é considerada qualitativamente superior devido a seu maior elitismo intelectual.</p><p>b) suas diferenças estão relacionadas, sobretudo, às modalidades de público que visam atingir.</p><p>c) as obras literárias desencadeiam processos intelectualmente e esteticamente formativos.</p><p>d) a escrita literária apresenta maior afinidade com os padrões da sociedade do espetáculo.</p><p>e) as duas formas de arte mobilizam processos mentais imediatos e limitados ao entretenimento.</p><p>3</p><p>Sociologia</p><p>2. Os seres humanos são formados socialmente. A sociologia aborda esse processo de constituição</p><p>social dos seres humanos com o termo “socialização”. Desde Marx e Durkheim, passando pela escola</p><p>funcionalista até chegar aos sociólogos contemporâneos, esse é um tema fundamental da sociologia,</p><p>mesmo sem usar esse termo. Alguns sociólogos atribuem um caráter repressivo e coercitivo ao</p><p>processo de socialização em determinadas épocas e sociedades. A socialização, na sociedade</p><p>moderna, seria diferente da que ocorre em outras sociedades. A letra da música a seguir apresenta</p><p>elementos desse processo de socialização moderna.</p><p>Pressão Social</p><p>Há uma espada sobre a minha cabeça</p><p>É uma pressão social que não quer que</p><p>eu me esqueça</p><p>Que tenho que estudar</p><p>que eu tenho que trabalhar</p><p>que tenho que ser alguém</p><p>não posso ser ninguém</p><p>Há uma espada sobre a minha cabeça</p><p>É uma pressão social que não quer que</p><p>eu me esqueça</p><p>Que a minha vitória é a derrota de alguém</p><p>e o meu lucro é a perda de alguém</p><p>que eu tenho que competir</p><p>que eu tenho que destruir</p><p>Há uma espada sobre a minha cabeça</p><p>É uma pressão social que não quer que</p><p>eu me esqueça</p><p>Que eu tenho que conformar</p><p>conformar é rebelar</p><p>que eu tenho que rebelar</p><p>rebelar é conformar</p><p>E quem conforma o sistema engole</p><p>e quem rebela o sistema come</p><p>Plebe Rude. Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/plebe-rude/pressao-social-original.html>.</p><p>Acesso em: 16/03/2016</p><p>A letra da música apresenta o processo de</p><p>a) socialização de grupos subalternos que são altamente competitivos e voltados para o lucro e a</p><p>vitória competitiva independente de qualquer consideração ética.</p><p>b) imposição dos valores dos pequenos comerciantes que precisam de educação escolar e</p><p>aprendem a ter o lucro como objetivo principal de sua empresa.</p><p>c) imposição de elementos da sociabilidade moderna, tais como escolarização e trabalho visando</p><p>ascender socialmente e vencer a competição social.</p><p>d) socialização nos países subdesenvolvidos, nos quais a falta de oportunidades e de riquezas gera</p><p>uma forte competição social.</p><p>e) imposição de uma socialização fundada na racionalização, marcada por uma valoração da razão</p><p>e dos sentimentos.</p><p>2</p><p>Sociologia</p><p>3. “Os sociólogos estabelecem distinção entre a socialização primária e a socialização secundária. A</p><p>socialização primária é o processo por meio do qual a criança se transforma num membro participante</p><p>da sociedade. A socialização secundária compreende todos os processos posteriores, por meio dos</p><p>quais o indivíduo é introduzido em um mundo específico. Qualquer treinamento profissional, por</p><p>exemplo, constitui um processo de socialização secundária.”</p><p>(BERGER, P. L. e BERGER, B., “Socialização: como ser membro da sociedade”. In FORACCHI, M. M. e MARTINS, J. S.,</p><p>Sociologia e Sociedade – Leituras de introdução à Sociologia.</p><p>Rio de Janeiro: LTC Editora, 1999. p. 213-4)</p><p>Considerando o texto acima reproduzido, é CORRETO afirmar que</p><p>a) a socialização é um fenômeno que ocorre apenas nos anos inciais da vida.</p><p>b) a socialização primária é aquela que ocorre no ambiente familiar e a secundária é aquela que</p><p>ocorre apenas nas escolas.</p><p>c) as pessoas nascidas em famílias bem estruturadas não precisam passar por processos de</p><p>socialização secundária.</p><p>d) apenas as sociedades industrializadas apresentam processos de socialização secundária.</p><p>e) a socialização é um processo que se inicia quando nascemos e nunca chega ao fim.</p><p>4. O que pode acontecer a um indivíduo caso ele não tenha possibilidade de se socializar com ninguém?</p><p>Assinale a alternativa correta sociologicamente.</p><p>a) Ele ficará sozinho e sem amigos, tornando-se uma pessoa violenta.</p><p>b) Ele provavelmente não sobreviverá em sociedade e terá grandes dificuldades para se comunicar.</p><p>c) Ele será encaminhado para uma instituição de caridade.</p><p>d) Ele não se reconhecerá como pessoa, uma vez que não terá conhecido o significado da palavra</p><p>“amor”.</p><p>e) Ele se tornará um empecilho para seus pais, um problema para a sociedade e não quererá viver.</p><p>3</p><p>Sociologia</p><p>5.</p><p>Os quadrinhos acima apresentam a construção de uma figura social, o monstro. Tendo em conta a</p><p>teoria sociológica, podemos dizer que:</p><p>a) O monstro surge a partir de um processo social que cria sujeitos rejeitados e desajustados.</p><p>b) O monstro é uma figura que já desde o nascimento se mostra desajustada em relação à</p><p>sociedade.</p><p>c) Somente as crianças são monstruosas.</p><p>d) Os monstros correspondem a uma forma de classificação escolar dos seus estudantes.</p><p>e) Há, na sociedade contemporânea, uma grande preocupação em fazer com que a monstruosidade</p><p>seja apagada da personalidade das pessoas.</p><p>4</p><p>Sociologia</p><p>6. Sei que os anos vão passando e eu amando mais você.</p><p>Dedicando sempre um amor sem fim,</p><p>bons momentos de paixão e de felicidade.</p><p>E eu sempre acreditei que o seu amor era verdade.</p><p>Você sempre jurou a mim eterno amor,</p><p>que um dia casaria comigo e seria feliz.</p><p>Mas você mentiu, e eu vi que estava errado.</p><p>Um dia vi você sair com o ex-namorado.</p><p>Eu vou te deletar, te excluir do meu Orkut.</p><p>Eu vou te bloquear no MSN.</p><p>Não me mande mais scraps, nem e-mails, PowerPoint.</p><p>Me exclua também e adicione ele.</p><p>Ewerton Assunção. Eu vou te excluir do meu Orkut.</p><p>A música, acima, acaba por apresentar um aspecto novo da socialização existente na sociedade</p><p>contemporânea. Que aspecto é esse?</p><p>a) O aumento da importância da internet como mediadora das relações sociais.</p><p>b) A relevância sociológica do amor para as relações amorosas.</p><p>c) A traição como fato social total.</p><p>d) A persistência da traição nas relações sociais.</p><p>e) O desejo pela posse de meios de comunicação.</p><p>7. Hoje em dia, muitos pais acreditam que, a partir de certa idade, devem delegar a educação de seus</p><p>filhos à escola, pois já cumpriram seu papel até ali, e nada podem acrescentar para o filho, não melhor</p><p>do que faria o colégio.</p><p>A questão é que estão enganados. Os pais são os melhores professores de seus filhos, e sempre serão.</p><p>Mas quando digo professores, não me refiro aos ensinamentos de matérias como o português ou a</p><p>matemática, e sim ao desenvolvimento de virtudes e capacidades relacionadas a todos os âmbitos de</p><p>seu ser,</p><p>Dessa maneira,</p><p>percebemos como o conceito de Indústria Cultural</p><p>e o de cultura de massas ainda se aplicam à nossa</p><p>realidade social, bem como a das outras</p><p>sociedades industriais contemporâneas.</p><p>Broadway St. Nova Yorque. Bens, serviços e produtos culturais são oferecidos</p><p>como mercadoria.</p><p>4</p><p>Sociologia</p><p>Exercícios</p><p>1. Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e empresários,</p><p>que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres para</p><p>dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica da religião, são livres</p><p>para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete</p><p>sempre a coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é</p><p>sempre a mesma coisa.</p><p>ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.</p><p>A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a)</p><p>a) legado social.</p><p>b) patrimônio político.</p><p>c) produto da moralidade.</p><p>d) conquista da humanidade.</p><p>e) ilusão da contemporaneidade.</p><p>2. Não somente os tipos das canções de sucesso, os astros, as novelas ressurgem ciclicamente como</p><p>invariantes fixos, mas o conteúdo específico do espetáculo só varia na aparência. O fracasso</p><p>temporário do herói, que ele sabe suportar como bom esportista que é; a boa palmada que a namorada</p><p>recebe da mão forte do astro, são, como todos os detalhes, clichês prontos para serem empregados</p><p>arbitrariamente aqui e ali e completamente definidos pela finalidade que lhes cabe no esquema. Desde</p><p>o começo do filme já se sabe como ele termina, quem é recompensado, e, ao escutar a música ligeira,</p><p>o ouvido treinado é perfeitamente capaz, desde os primeiros compassos, de adivinhar o</p><p>desenvolvimento do tema e sente-se feliz quando ele tem lugar como previsto. O número médio de</p><p>palavras é algo em que não se pode mexer. Sua produção é administrada por especialistas, e sua</p><p>pequena diversidade permite reparti-las facilmente no escritório.</p><p>Theodor W. Adorno e Max Horkheimer. “A indústria cultural como mistificação das massas”. In: Dialética do esclarecimento,</p><p>1947. Adaptado.</p><p>O tema abordado pelo texto refere-se</p><p>a) ao conteúdo intelectualmente complexo das produções culturais de massa.</p><p>b) à hegemonia da cultura americana nos meios de comunicação de massa.</p><p>c) ao monopólio da informação e da cultura por ministérios estatais.</p><p>d) ao aspecto positivo da democratização da cultura na sociedade de consumo.</p><p>e) aos procedimentos de transformação da cultura em meio de entretenimento.</p><p>5</p><p>Sociologia</p><p>3. Leia:</p><p>Quinze minutos de fama</p><p>Mais um pros comerciais</p><p>Quinze minutos de fama</p><p>Depois descanse em paz</p><p>O gênio da última hora</p><p>É o idiota do ano seguinte</p><p>O último novo-rico</p><p>É o mais novo pedinte</p><p>Não importa contradição</p><p>O que importa é televisão</p><p>Dizem que não há nada que você não se acostume</p><p>Cala a boca e aumenta o volume então</p><p>A melhor banda de todos os tempos da última semana – Sérgio Britto/Branco Mello (Titãs) (adaptado)</p><p>A música acima, interpretada pela banda Titãs, faz uma crítica a qual característica da televisão</p><p>contemporânea?</p><p>a) Ao caráter elitista das transmissões televisivas.</p><p>b) À sua inserção comprometida com a transformação social e com as mudanças de paradigmas</p><p>culturais.</p><p>c) À grande quantidade de comerciais existentes nos programas televisivos, que prejudicam a</p><p>qualidade dos programas de domingo.</p><p>d) Às contradições próprias de qualquer tipo de instrumento cultural urbano.</p><p>e) À forma como ela se apresenta como um produto da indústria cultural, servindo de instrumento</p><p>de alienação.</p><p>4. Segundo Adorno e Horkheimer, “a indústria cultural pode se ufanar de ter levado a cabo com energia</p><p>e de ter erigido em princípio a transferência muitas vezes desejada da arte para a esfera do consumo,</p><p>de ter despido a diversão de suas ingenuidades inoportunas e de ter aperfeiçoado o feitio das</p><p>mercadorias”.</p><p>(ADORNO, T. ; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar,</p><p>1985. p. 126.)</p><p>Com base nessa passagem e nos conhecimentos sobre indústria cultural em Adorno e Horkheimer, é</p><p>correto afirmar:</p><p>a) A indústria cultural excita nossos desejos com nomes e imagens cheios de brilho a fim de que</p><p>possamos, por contraste, criticar nosso cinzento cotidiano.</p><p>b) A fusão entre cultura e entretenimento é uma forma de valorizar a cultura e espiritualizar</p><p>espontaneamente a diversão.</p><p>c) A diversão permite aos indivíduos um momento de ruptura com as condições do trabalho sob o</p><p>capitalismo tardio.</p><p>d) Os consumidores têm suas necessidades produzidas, dirigidas e disciplinadas mais firmemente</p><p>quanto mais se consolida a indústria cultural.</p><p>e) A indústria cultural procura evitar que a arte séria seja absorvida pela arte leve.</p><p>6</p><p>Sociologia</p><p>5. Observe a charge a seguir.</p><p>(Disponível em: <http://framos.wordpress.com/2008/03/06/reflexoes-imageticas-1/>. Acesso em: 21 ago. 2008.)</p><p>De acordo com a charge:</p><p>a) populações menos desenvolvidas intelectual e culturalmente são mais felizes quando dominadas</p><p>por aqueles com maior poderio militar.</p><p>b) indivíduos de países socialmente atrasados temem a ingerência estrangeira em seus territórios</p><p>por não compreenderem o seu caráter civilizador e humanitário.</p><p>c) os novos mecanismos de dominação de um país sobre o outro combinam violência com</p><p>consentimento, pelo uso, também, de diversos instrumentos ideológicos.</p><p>d) as intervenções militares representam o melhor caminho para a garantia da liberdade de</p><p>pensamento e o princípio de autodeterminação dos povos.</p><p>e) é inviável, no mundo moderno, a implantação de regimes democráticos sem o uso da força bruta,</p><p>praticada, em geral, com moderação, por parte da nação que se apossa de determinado território.</p><p>6. “Adorno e Horkheimer (os primeiros, na década de 1940, a utilizar a expressão ‘indústria cultural’ tal</p><p>como hoje a entendemos) acreditam que esta indústria desempenha as mesmas funções de um</p><p>Estado fascista (...) na medida em que o indivíduo é levado a não meditar sobre si mesmo e sobre a</p><p>totalidade do meio social circundante, transformando-se em mero joguete e em simples produto</p><p>alimentador do sistema que o envolve.”</p><p>(COELHO, Teixeira. O que é indústria cultural, São Paulo, Editora Brasiliense, 1987, p. 33. Texto adaptado)</p><p>Adorno e Horkheimer consideram que a indústria cultural e o Estado fascista têm funções similares,</p><p>pois em ambos ocorre</p><p>a) um processo de democratização da cultura ao colocá-la ao alcance das massas, o que possibilita</p><p>sua conscientização.</p><p>b) o desenvolvimento da capacidade do sujeito de julgar o valor das obras artísticas e bens culturais,</p><p>assim como de conviver em harmonia com seus semelhantes.</p><p>c) o aprimoramento do gosto estético por meio da indústria do entretenimento, em detrimento da</p><p>capacidade de reflexão.</p><p>d) um processo de alienação do homem, que leva o indivíduo a perder ou a não formar uma imagem</p><p>de si e da sociedade em que vive.</p><p>e) o aprimoramento da formação cultural do indivíduo e a melhoria do seu convívio social pela</p><p>inculcação de valores, de atitudes conformistas e pela eliminação do debate, na medida em que</p><p>este produz divergências no âmbito da sociedade.</p><p>7</p><p>Sociologia</p><p>7. Analise a charge a seguir</p><p>(Disponível em: <https://sociologiareflexaoeacao.files. wordpress.com/2015/07/cena-cotidiana-autor-</p><p>desconhecidofacebook.jpg>. Acesso em: 20 abr. 2016.)</p><p>As reações mais íntimas das pessoas estão tão completamente reificadas para elas próprias que a</p><p>ideia de algo peculiar a elas só perdura na mais extrema abstração: personality significa para elas</p><p>pouco mais que possuir dentes deslumbrantemente brancos e estar livres do suor nas</p><p>axilas e das</p><p>emoções. Eis aí o triunfo da publicidade na Indústria Cultural.</p><p>ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,</p><p>1985. p. 138.</p><p>A respeito da relação entre Indústria Cultural, esvaziamento do sentido da experiência e</p><p>superficialização da personalidade, assinale a alternativa correta.</p><p>a) A abstração a respeito da própria personalidade é uma capacidade por meio da qual o sentido da</p><p>experiência, esvaziado pela Indústria Cultural, pode ser reconfigurado e ressignificado.</p><p>b) A superficialização da personalidade e o esvaziamento do sentido da experiência são efeitos</p><p>secundários da Indústria Cultural, decorrentes dos exageros da publicidade.</p><p>c) A superficialização da personalidade resulta da ação por meio da qual a Indústria Cultural esvazia</p><p>o sentido da experiência ao concebê-la como um sistema de coisas.</p><p>d) O esvaziamento do sentido da experiência criado pela Indústria Cultural atesta a superficialidade</p><p>inerente à personalidade na medida em que ela é uma abstração.</p><p>e) O poder de reificação exercido pela Indústria Cultural sobre a personalidade consiste em criar um</p><p>equilíbrio entre sensibilidade (emoções) e pensamento (máxima abstração).</p><p>8</p><p>Sociologia</p><p>8. Com o desenvolvimento do capitalismo, também a arte passa a ser cada vez mais regida por princípios</p><p>de mercado. Em um sentido bem preciso: o formato mercadoria passa a determinar a própria forma</p><p>de produção da arte. A ideia fundamental é a de que há padrões, "standards" de produção da arte que</p><p>têm de ser respeitados se quem produz arte quiser ter sucesso”</p><p>Marcos Nobre, Folha de São Paulo, coluna opinião. 16/12/2008.</p><p>Nos anos quarenta do século passado, dois filósofos e sociólogos alemães, da chamada Escola de</p><p>Frankfurt, Max Horkheimer e Theodor Adorno, pensando a questão da arte e da cultura no mundo</p><p>capitalista cunharam uma expressão que, desde então, passou a ser sistematicamente utilizada para</p><p>designar a forma de produzir e consumir cultura nas sociedades industrializadas. Que expressão é</p><p>essa?</p><p>a) Cultura industrial.</p><p>b) Cultura mercantilizada.</p><p>c) Indústria cultural.</p><p>d) Mercantilização cultural.</p><p>e) Fabricação cultural.</p><p>9. “A indústria cultural, com suas vantagens e desvantagens, pode ser caracterizada pela transformação</p><p>da cultura em mercadoria, com produção em série e de baixo custo, para que todos possam ter acesso.</p><p>É uma indústria como qualquer outra, que deseja o lucro e que trabalha para conquistar o seu cliente,</p><p>vendendo imagens, seduzindo o seu público a ter necessidades que antes não tinham”.</p><p>(PARANÁ. Livro didático de Sociologia. Curitiba, 2006, p.156).</p><p>Assinale a alternativa correta.</p><p>a) A indústria Cultural não é uma característica da sociedade contemporânea ela é um produto</p><p>natural em qualquer sociedade.</p><p>b) A indústria Cultural é responsável por criar no indivíduo necessidades que ele não tinha e</p><p>transformar a cultura em mercadoria.</p><p>c) A Indústria Cultural não influência nas necessidades do indivíduo com a sua produção em série</p><p>e de baixo custo.</p><p>d) A indústria cultural faz com que o indivíduo reflita sobre o que necessita, não desejando lucro.</p><p>e) A Indústria Cultural prioriza a heterogeneidade de cada cultura.</p><p>9</p><p>Sociologia</p><p>10. Ultrapassando de longe o teatro de ilusões, o filme não deixa mais à fantasia e ao pensamento dos</p><p>espectadores nenhuma dimensão na qual estes possam, sem perder o fio, passear e divagar no quadro</p><p>da obra fílmica permanecendo, no entanto, livres do controle de seus dados exatos, e é assim</p><p>precisamente que o filme adestra o espectador entregue a ele para se identificar imediatamente com</p><p>a realidade. Atualmente, a atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural não</p><p>precisa ser reduzida a mecanismos psicológicos. Os próprios produtos [...] paralisam essas</p><p>capacidades em virtude de sua própria constituição objetiva.”</p><p>HORKHEIMER, M., e ADORNO, T. W. Dialética do Esclarecimento: Fragmentos filosóficos.</p><p>Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997, p.119.</p><p>Assinale a alternativa incorreta:</p><p>a) A indústria cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de</p><p>julgar e de decidir conscientemente.</p><p>b) A indústria cultural, enquanto negócio, tem que seus fins comerciais são realizados por meio de</p><p>sistemática e programada exploração de bens considerados culturais.</p><p>c) A indústria cultural não tem o condão de produzir necessidades no homem.</p><p>d) A indústria cultural degenera a arte que a antítese da sociedade selvagem produzida pelo</p><p>desenvolvimento do capitalismo.</p><p>e) A indústria cultural tem como guia a racionalidade técnica esclarecida, o consumidor de cultura</p><p>não precisa se dar ao trabalho de pensar, é só escolher.</p><p>10</p><p>Sociologia</p><p>Gabarito</p><p>1. E</p><p>Theodor Adorno e Max Horkheimer apontam para o aspecto dialético do esclarecimento alcançado na</p><p>sociedade contemporânea: a liberdade vivenciada pelo indivíduo apresenta-se como uma ilusão, uma</p><p>mistificação, visto que a liberdade real não chega a ser experienciada pelas pessoas.</p><p>2. E</p><p>Somente a alternativa [E] está correta. Padronizar as produções culturais no sentido de torná-las</p><p>aprazíveis e massificadas é transformar a cultura em mero entretenimento. Adorno e Horkheimer</p><p>desenvolvem o termo indústria cultural para mostrar como esse processo ocorre.</p><p>3. E</p><p>Somente a alternativa [E] está correta. A televisão acaba por massificar e banalizar as produções</p><p>artísticas, fazendo-as perder a sua aura e contribuindo para a alienação e acomodação das pessoas.</p><p>4. D</p><p>a) Incorreta. A indústria cultural excita nossos desejos para que consumamos mais e mais, e sem</p><p>questionamentos.</p><p>b) Incorreta. A fusão entre cultura e entretenimento empobrece a cultura e a torna consumível.</p><p>c) Incorreta. A diversão permite uma ruptura, mas a diversão oferecida pela indústria cultural escraviza</p><p>o indivíduo no trabalho, pois sem dinheiro não há como se divertir, dentro de sua lógica de consumo.</p><p>d) Correta. Os indivíduos não são os autores de suas necessidades, suas necessidades são produzidas,</p><p>dirigidas e disciplinadas pela indústria cultural, por meio dos veículos de comunicação de massa.</p><p>e) Incorreta. A indústria cultural não tem essa preocupação. Tudo se torna produto para consumo.</p><p>5. C</p><p>A indústria cultural é um importante instrumento de dominação dos países desenvolvidos sobre os mais</p><p>pobres, na busca de suas riquezas (principalmente naturais) e de seu apoio estratégico. Sendo um forte</p><p>(e pacífico) mecanismo de dominação ideológica, a inserção cultural das ideias predominantes em</p><p>sociedades mais desenvolvidas acaba por justificar junto às populações locais a dominação militar que</p><p>porventura venha a acontecer na sequência, como foi muito comum na política americana em relação</p><p>aos países da América Central ao longo do século XX. Junto a isso, os próprios produtos do capitalismo</p><p>também desempenham esse papel de dominação. A charge mostra isso claramente ao usar</p><p>personagens da Disney como soldados do exército, dominando uma ilha de feição típica centro-</p><p>americana. Outros ícones significativos do capitalismo também aparecem, como a Coca-Cola, a Texaco,</p><p>a IBM etc. e por fim a televisão como meio difusor dos conteúdos.</p><p>6. D</p><p>A afirmativa A está incorreta, porque na indústria cultural a produção é posta à disposição da sociedade,</p><p>mas de forma alienante, que não permite que ela possua real significado artístico. Além disso, neste</p><p>contexto, a arte se torna mercadoria, e seu valor mercadológico se sobrepõe ao seu real valor cultural. A</p><p>afirmativa B está incorreta, porque a capacidade de julgamento sobre a arte é diminuída no contexto da</p><p>indústria cultural, assim como as representações de sociabilidade que ela poderia sugerir. A afirmativa</p><p>C está incorreta, porque,</p><p>além de não haver um aprimoramento do gosto estético (embotado no meio de</p><p>tantas ofertas), há uma perda de capacidade de reflexão sobre a arte e seu significado. A afirmativa E</p><p>está incorreta, pois mistura vários conceitos e os apresenta de forma errada. Na indústria cultural não</p><p>há aprimoramento da formação do indivíduo. Os valores ficam mais dispersos e cria-se uma atitude</p><p>conformista, pois não se percebem realmente os significados artísticos; assim, faltam elementos para o</p><p>debate</p><p>11</p><p>Sociologia</p><p>7. C</p><p>O texto se refere à noção de “indústria cultural”. Esta está relacionada com a forma de se produzir e</p><p>consumir os produtos culturais de forma massificada e acrítica, seguindo a lógica fetichizada do</p><p>mercado.</p><p>8. A</p><p>a) Correta. Para Adorno, o poder crítico da música é destruído quando ela se torna produto de consumo.</p><p>Isso pode ser identificado no fato de que a condição para o sucesso da "música de consumo" é a</p><p>recusa do exercício racional exigido pela música crítica. Assim, a música de massa, caracterizada</p><p>pela desconcentração, encobre o poder crítico da música que consiste na audição concentrada e na</p><p>concentração atenta.</p><p>b) Incorreta. Adorno insiste na relação intrínseca entre arte e sociedade, não sendo possível dissociá-</p><p>las. Adorno entende que até mesmo o jogo da imaginação é marcado pelos condicionamentos</p><p>sociais; mesmo na particularidade da obra de arte musical, identifica-se a presença de motivações</p><p>sociais.</p><p>c) Incorreta. Para Adorno, o próprio termo "música de massa" aparece como a negação do poder crítico</p><p>da arte musical, expressando a impossibilidade de manifestar conteúdos racionais. Assim, há uma</p><p>disjunção entre "música de massa", por um lado, e racionalidade e criticidade, por outro.</p><p>d) Incorreta. A tensão é uma disposição necessária para uma música que não se converteu em</p><p>mercadoria. Para Adorno, a manutenção da tensão revela que a música não é produto de</p><p>entretenimento, pois a tensão representa a disposição de apreender os elementos musicais</p><p>enquanto constituídos de racionalidade.</p><p>e) Incorreta. Para Adorno, a mera repetição não significa audição concentrada. Audição concentrada</p><p>refere-se a uma determinada capacidade perceptiva do indivíduo, possibilitada por uma música que</p><p>possui, na sua própria estrutura formal, uma organização que exige atenção.</p><p>9. B</p><p>De acordo com Adorno e Horkheimer, a indústria cultural transforma a cultura em mercadoria a ser</p><p>vendida e consumida, além de gerar nas pessoas necessidades que elas não possuíam anteriormente a</p><p>partir do estímulo ao consumo.</p><p>10. C</p><p>A indústria cultural age produzindo necessidades nos homens, construindo, segundo a lógica de</p><p>mercado, a percepção artística das pessoas, massificando a cultura e reproduzindo a lógica de</p><p>dominação capitalista. Todas as alternativas estão de acordo com essa definição, com exceção da [C],</p><p>a única incorreta.</p><p>Resumão</p><p>Sociologia</p><p>Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada</p><p>previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.</p><p>1</p><p>Sociolgia</p><p>Benjamin e a reprodutibilidade</p><p>Resumo</p><p>O filósofo e sociólogo judeu alemão Walter Benjamin (1892 – 1940) foi um pensador que esteve fortemente</p><p>associado à famosa Escola de Frankfurt e, portanto, à tradição marxista de pensamento, tendo também traduzido</p><p>para a língua alemã grandes obras literárias da cultura francesa, como Quadros parisienses de Charles Baudelaire</p><p>e Em busca do tempo perdido de Marcel Proust. A obra mais conhecida e comentada de Benjamin chama-se A</p><p>obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica, tendo sido publicada primeiramente em 1936 e,</p><p>posteriormente, em 1955. Esse ensaio de Benjamin tem sido muito relevante na área dos Estudos Culturais e na</p><p>história da arte e consiste na apresentação de uma teoria materialista da arte. Trata-se de compreender as</p><p>mudanças que ocorreram na produção artística, que deixou de se realizar enquanto um ritual para ser apropriada</p><p>pela indústria da arte, que a reproduz no sentido de que possa ser experimentada pelas grandes massas. O aqui</p><p>e agora da obra de arte é deixado de lado em prol da reprodução em escala industrial, o que faz com que ela</p><p>perca a sua “aura”. Nesse sentido, o surgimento da reprodutibilidade técnica faz com que a obra de arte perca a</p><p>sua singularidade, sua unicidade e sua autenticidade próprias, dando lugar a produtos culturais de massa como</p><p>o cinema.</p><p>A capacidade de reproduzir a obra de arte em diversas cópias desfaz a condição da obra de arte de objeto</p><p>único e individualizado. A arte é destituída de sua raridade e frequentemente desconectada com a pessoa do</p><p>artista. A execução de uma obra requer um ritual, uma forma específica de fazer que antecede a obra e</p><p>também é a própria obra em si. Tocar violão clássico exige uma série de gestos, palavras e formalidades que</p><p>carregam um valor simbólico dentro desse campo artístico, compondo um ritual. Entretanto, a</p><p>reprodutibilidade técnica extingue essa exigência, tornando possível reproduzir uma obra a qualquer</p><p>momento em qualquer lugar, desde que com os aparatos corretos.</p><p>Assim, a qualidade da arte de ser um objeto único se perde em meio a sua reprodutibilidade técnica, na mesma</p><p>medida em que também deixa de ser voltada para um público restrito no sentido de atingir cada vez mais</p><p>pessoas, repercutindo na sociedade como um todo. Uma comparação interessante feita por Benjamin é entre</p><p>o teatro e o cinema. Enquanto o primeiro mantém a sua “aura”, a sua singularidade, ou seja, o aqui e agora</p><p>da obra de arte – que é captado pela plateia presente no espetáculo -, já o segundo perde sua “aura” na medida</p><p>em que o expectador não está presente e a câmera (um equipamento técnico) é quem reproduz a imagem</p><p>dos atores. Numa apresentação teatral a obra de arte está incontornavelmente ligada ao ator, já no cinema o</p><p>ator pode se tornar um acessório à cena, enquanto os próprios acessórios (cenário, câmeras) podem</p><p>desempenhar o papel de atores.A reprodutibilidade técnica exclui a obra da arte das esferas aristocrática e</p><p>religiosa, que a elitizam. Assim, a dissolução da aura alcança dimensões socias. A perda da aura e suas</p><p>consequências sociais são bem notáveis no cinema. As massas passam a se relacionar de maneira</p><p>qualitativa com a arte pelas transformações na percepção estética.</p><p>O cinema tem um caráter revolucionário por possibilitar um acesso ao inconsciente visual. Diferente do teatro</p><p>que ocorre num espaço consciente de ação, a câmera produz um espaço de ação inconsciente, exibindo a</p><p>reciprocidade de ação entre matéria e homem (processo dialético). O cinema seria de grande valia para o</p><p>pensamento materialista e muito útil na construção de uma nova sociedade na qual a classe proletária</p><p>alcançaria a liderança política desejada. Dessa maneira, há dois aspectos a serem levados em consideração:</p><p>De um lado, a reprodutibilidade das obras artísticas traz consigo a perda de sua singularidade própria. De</p><p>outro, pode ser entendida como uma ferramenta muito importante para a construção de uma sociedade mais</p><p>justa do ponto de vista social. Walter Benjamin tem uma postura otimista da reprodutibilidade técnica, já que,</p><p>apesar de essa destruir a aura da obra de arte, esta abre espaço para profundas transformações sociais.</p><p>2</p><p>Sociolgia</p><p>Exercícios</p><p>1. Para alguns sociólogos e filósofos, a cultura possuiria um valor intrínseco e poderia nos ajudar não</p><p>apenas na fruição de nossa sensibilidade, mas nos levar a uma nova compreensão da realidade e de</p><p>nosso ser e estar no mundo. Com a indústria cultural verifica-se que a cultura</p><p>a) recupera seu valor simbólico, contribuindo para uma nova compreensão da realidade e para a</p><p>emancipação humana.</p><p>b) perde sua força simbólica e crítica, transformando-se em mero entretenimento que elimina a</p><p>reflexão crítica.</p><p>c) perde seu valor de mercado para tornar-se,</p><p>graças à tecnologia, um entretenimento acessível a toda</p><p>a população.</p><p>d) deixa de ser um produto de elite e passa a ser acessível a todos os cidadãos, contribuindo com sua</p><p>autonomia.</p><p>e) torna-se mais sofisticada, na medida em que os meios de criação cultural passam a ser submetidos</p><p>ao desenvolvimento tecnológico.</p><p>2. Historicamente, pode-se dizer que toda sociedade elabora sua própria cultura, mas as culturas estão</p><p>interligadas, a não ser que o grupo social esteja em condições de isolamento e não sofra influência de</p><p>outras culturas. Ressalta-se que o conceito de cultura é recente e plástico. Geertz (1978) afirma que</p><p>“[...] a cultura não é um poder, algo ao qual podem ser atribuídos casualmente os acontecimentos</p><p>sociais, os comportamentos, as instituições ou os processos; ela é um contexto, algo dentro do qual</p><p>eles (os símbolos) podem ser descritos de forma inteligível – isto é, descritos com densidade.”</p><p>GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.</p><p>Essa flexibilidade no sistema capitalista manifestada na indústria cultural apresenta as seguintes</p><p>características:</p><p>a) Marketing, comercialização de bens culturais, cidade-mercadoria, publicidade.</p><p>b) Tradição, genocídio cultural, nacionalismos, grandes narrativas.</p><p>c) Homogeneização cultural, erudição, urbanização, subcultura.</p><p>d) Memória, identidade cultural, fetiche, etnocentrismo.</p><p>e) Folk, aculturação, xenofobia, tribalismo.</p><p>3. Poder-se-ia defini-la como a única aparição de uma realidade longínqua, por mais próxima que esteja.</p><p>Num fim de tarde de verão, caso se siga com os olhos uma linha de montanhas ao longo do horizonte</p><p>ou a de um galho, cuja sombra pousa sobre o nosso estado contemplativo, sente-se a aura destas</p><p>montanhas, desse galho. Tal evocação permite entender, sem dificuldades, os fatores sociais que</p><p>provocaram a decadência atual da aura. Liga-se ela a duas circunstâncias, uma e outra correlatas com</p><p>o papel crescente desempenhado pelas massas na vida presente. Encontramos hoje, com efeito, dentro</p><p>das massas, duas tendências igualmente fortes: exigem, de um lado, que as coisas se lhe tornem, tanto</p><p>humana como espacialmente, “mais próximas”, de outro lado, acolhendo as reproduções, tendem a</p><p>depreciar o caráter daquilo que é dado apenas uma vez.</p><p>(BENJAMIN, W. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. São Paulo: Abril Cultural, 1975. p.15.)</p><p>Com base no texto, assinale a alternativa correta.</p><p>a) A discussão sobre arte e aura, no referido texto, se refere a um problema religioso.</p><p>b) A aura não significa a singularidade da obra de arte.</p><p>c) A obra de arte possui aura porque possui as seguintes características: é única, irrepetível,</p><p>duradoura.</p><p>d) O declínio da aura não tem relação com as transformações sociais e econômicas.</p><p>e) Com o aumento da produção e apropriação artística, aumentou-se também o valor da aura na obra</p><p>de arte.</p><p>3</p><p>Sociolgia</p><p>4. Em suma, o que é a aura? É uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a</p><p>aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela esteja. Observar, em repouso, numa tarde</p><p>de verão, uma cadeia de montanhas no horizonte, ou um galho, que projeta sua sombra sobre nós,</p><p>significa respirar a aura dessas montanhas, desse galho. Graças a essa definição, é fácil identificar os</p><p>fatores sociais específicos que condicionam o declínio atual da aura. Ele deriva de duas circunstâncias,</p><p>estreitamente ligadas à crescente difusão e intensidade dos movimentos de massas. Fazer as coisas</p><p>‘ficarem mais próximas’ é uma preocupação tão apaixonada das massas modernas como sua</p><p>tendência a superar o caráter único de todos os fatos através da sua reprodutibilidade”.</p><p>BENJAMIN, W. “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”. In: Magia e Técnica, Arte e</p><p>Política. Obras Escolhidas. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985, p. 170.</p><p>Com base no texto e nos conhecimentos sobre Benjamin, assinale a alternativa correta:</p><p>a) Ao passar do campo religioso ao estético, a obra de arte perdeu sua aura.</p><p>b) Ao se tornarem autônomas, as obras de arte perderam sua qualidade aurática.</p><p>c) O declínio da aura decorre do desejo de diminuir a distância e a transcendência dos objetos</p><p>artísticos.</p><p>d) O valor de culto de uma obra de arte suscita a reprodutibilidade técnica.</p><p>e) O declínio da aura não tem relação com as transformações contemporâneas.</p><p>5.</p><p>Há, na tirinha acima, uma crítica à forma de cultura veiculada pela televisão. Tendo em vista a</p><p>abordagem sociológica, assinale a alternativa que corresponde ao tipo de cultura que está sendo</p><p>criticada.</p><p>a) Cultura no seu sentido antropológico, relacionada à diversidade das práticas, dos símbolos e das</p><p>formas de pensar, agir e sentir.</p><p>b) Cultura política, relacionada às formas de estabelecimento de relações de poder.</p><p>c) Cultura erudita, relacionada às formas de produção estética da elite.</p><p>d) Cultura popular, própria das classes econômicas mais baixas.</p><p>e) Cultura de massa, produzida pela indústria cultural.</p><p>4</p><p>Sociolgia</p><p>6. A chamada “Escola de Frankfurt” reuniu diversos autores, como Theodor W. Adorno, Max Horkheimer</p><p>e Walter Benjamin, com o propósito de reformular a compreensão e as críticas ao sistema capitalista.</p><p>Destacam-se, em suas reflexões, os impactos do desenvolvimento tecnológico, o papel dos modernos</p><p>meios de comunicação de massa e a destruição e barbárie observadas durante a II Guerra Mundial</p><p>(1939-1945). O conceito que sintetiza suas formulações no âmbito da cultura é</p><p>a) o padrão cultural.</p><p>b) a cultura erudita.</p><p>c) a cultura operária.</p><p>d) a indústria cultural.</p><p>e) a cultura líquida.</p><p>7. À medida que as obras de arte se emancipam do seu uso cultual, aumentam as ocasiões para que elas</p><p>sejam expostas. A exponibilidade de um busto […] é maior que de uma estátua divina, que tem sua sede</p><p>fixa no interior do templo. […] a preponderância absoluta conferida hoje a seu valor de exposição atribui-</p><p>lhe funções inteiramente novas, entre as quais a “artística”, a única de que temos consciência, talvez</p><p>se revele mais tarde como rudimentar.</p><p>BENJAMIN, Walter. “A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica (Primeira versão)”. In: Obras escolhidas I. Trad.</p><p>Sérgio Paulo Rouanet, 8ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2012. p. 187-188.</p><p>Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria benjaminiana da reprodutibilidade técnica e do</p><p>valor cultual e de exposição da obra de arte, assinale a alternativa correta.</p><p>a) O valor de exposição da obra de arte reforça os laços sociais, na medida em que a exposição</p><p>intensifica a coesão social, possibilitando, democraticamente, o acesso à obra.</p><p>b) A mudança do valor de culto para o valor da exposição da obra de arte revela transformações nas</p><p>quais esta passa a ser concebida a partir da esfera pública.</p><p>c) O valor de culto da obra de arte expressa a gradativa desvinculação entre o humano e o sagrado,</p><p>considerando que a obra substitui a relação direta do humano com o sagrado</p><p>d) O valor material atribuído a uma obra de arte é constituído pela persistência de um valor de culto</p><p>na exposição, evidenciado na “aura” que paira sobre as grandes obras, as chamadas obras</p><p>clássicas.</p><p>e) O elemento comum entre o valor de culto e o valor de exposição da obra de arte é o reconhecimento</p><p>de que a função “artística” é a sua dimensão mais importante.</p><p>8. Mesmo na reprodução mais perfeita, um elemento está ausente: o aqui e agora da obra de arte, sua</p><p>existência única, no lugar em que ela se encontra. É nessa existência única, e somente nela, que se</p><p>desdobra a história da obra. Essa história compreende não apenas as transformações que ela sofreu,</p><p>com a passagem do tempo, em sua estrutura física, como as relações de propriedade em que ela</p><p>ingressou. Os vestígios das primeiras só podem ser investigados por análises químicas ou físicas,</p><p>irrealizáveis na reprodução; os vestígios das segundas são o objeto de uma tradição, cuja</p><p>reconstituição precisa partir do lugar em que se achava o original.</p><p>(BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: Obras escolhidas, Vol. 1: magia e técnica, arte e</p><p>política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994. p.167.)</p><p>De acordo com Walter Benjamin, as técnicas de reprodução provocam a destruição das condições de</p><p>autenticidade da obra de arte por que</p><p>a) apesar de manter o aspecto exterior, destrói historicidade, materialidade, identidade da obra de arte.</p><p>b) compromete a dimensão material da obra, ainda que salve as condições históricas.</p><p>c) dificulta a difusão da obra de arte a ser copiada.</p><p>d) elimina as condições históricas, embora preserve a dimensão material da arte.</p><p>e) fabrica artificialmente obras de arte antes não existentes.</p><p>5</p><p>Sociolgia</p><p>9. Leia atentamente o poema, intitulado Eu, etiqueta, de autoria de Carlos Drummond de Andrade:</p><p>Meu blusão traz lembrete de bebida</p><p>que jamais pus na boca, nesta vida.</p><p>........................................</p><p>Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,</p><p>minha gravata e cinto e escova e pente,</p><p>meu copo, minha xícara,</p><p>minha toalha de banho e sabonete,</p><p>meu isso, meu aquilo,</p><p>desde a cabeça ao bico dos sapatos,</p><p>são mensagens,</p><p>letras falantes,</p><p>gritos visuais,</p><p>ordens de uso, abuso, reincidência,</p><p>costume, hábito, premência,</p><p>indispensabilidade,</p><p>e fazem de mim homem-anúncio itinerante,</p><p>escravo da matéria anunciada.</p><p>........................................</p><p>Não sou – vê lá – anúncio contratado.</p><p>Eu é que mimosamente pago</p><p>para anunciar, para vender</p><p>em bares festas praias pérgulas piscinas,</p><p>e bem à vista exibo esta etiqueta</p><p>global no corpo que desiste</p><p>de ser veste e sandália de uma essência</p><p>tão viva independente,</p><p>que moda ou suborno algum a</p><p>compromete.</p><p>........................................</p><p>Hoje sou costurado, sou tecido,</p><p>sou gravado de forma universal,</p><p>saio da estamparia, não de casa,</p><p>da vitrina me tiram, recolocam,</p><p>objeto pulsante mas objeto</p><p>que se oferece como signo de outros</p><p>objetos estáticos, tarifados.</p><p>Por me ostentar assim, tão orgulhoso</p><p>de ser não eu, mas artigo industrial.</p><p>Assinale a alternativa incorreta:</p><p>a) O poema faz referência direta ao conceito de cultura de massa, que segundo Adorno é uma forma</p><p>de controle da consciência pelo emprego de meios como o cinema, o rádio ou a imprensa.</p><p>b) De acordo com a Escola de Frankfurt o surgimento da cultura de massa, em meados do século</p><p>passado, deveu-se em grande parte ao desenvolvimento do projeto iluminista que desencadeou</p><p>uma crise ética e epistemológica dando origem por fim a já referida cultura de massa.</p><p>c) A Revolução Industrial não foi apenas um conjunto de inovações técnicas, mas uma forma de</p><p>dominação e controle do tempo do trabalhador, essa dominação se dá por meio da disciplina e da</p><p>indústria cultural.</p><p>d) O produto da indústria cultura não pode ser considerado arte em sentido estrito, já que ela tende a</p><p>padronização, a ausência de conteúdo, e o apelo ao mercado.</p><p>e) A cultura de massa tem o papel de difundir por meio do mercado as culturas regionais, contribuindo</p><p>para a emancipação do homem.</p><p>10. O ensaio “Indústria Cultural: o esclarecimento como mistificação das massas”, de Theodor W. Adorno</p><p>e Max Horkheimer, publicado originalmente em 1947, é considerado um dos textos essenciais do</p><p>século XX que explicam o fenômeno da cultura de massa e da indústria do entretenimento. É uma das</p><p>várias contribuições para o pensamento contemporâneo do Instituto de Pesquisa Social fundado na</p><p>década de 1920, em Frankfurt, na Alemanha. Um ponto decisivo para a compreensão do conceito de</p><p>“Indústria Cultural” é a questão da autonomia do artista em relação ao mercado. Assim, sobre o</p><p>conceito de “Indústria Cultural” é CORRETO afirmar.</p><p>a) A arte não se confunde com mercadoria, e não necessita da mídia e nem de campanhas</p><p>publicitárias para ser divulgada para o público.</p><p>b) Não há uniformização artística, pois, toda cultura de massa se caracteriza por criações complexas</p><p>e diversidade cultural.</p><p>c) A cultura é independente em relação aos mecanismos de reprodução material da sociedade.</p><p>d) A obra de arte se identifica com a lógica de reprodução cultural e econômica da sociedade.</p><p>e) Um pressuposto básico é que a arte nunca se transforma em artigo de consumo.</p><p>2</p><p>Sociolgia</p><p>Gabarito</p><p>1. B</p><p>Segundo os pensadores da Teoria Crítica, a indústria cultural massifica os produtos da cultura e os torna</p><p>mera mercadoria, sem qualquer função crítica ou transformadora da sociedade.</p><p>2. A</p><p>A indústria cultural pode ser caracterizada por homogeneizar os gostos através da massificação e</p><p>comercialização dos produtos culturais, contribuindo para que tudo se torne mercadoria. Isso acontece</p><p>com a colaboração de certos setores do capitalismo, como a publicidade e o Marketing, exatamente</p><p>como sugere a alternativa [A].</p><p>3. C</p><p>Para Benjamin a aura da obra de arte lhe foi conferida pela sua função mais primitiva, o culto. a partir</p><p>dele a obra se manifesta como representação única que permite tornar presente o distante e transcender</p><p>a realidade. Foi através da arte que tivemos contato com outros mundos. Esse aqui e agora da arte é</p><p>único, relacionado com a presença do artista e com seu contexto de criação. É exatamente essa</p><p>manifestação efêmera que lhe dá durabilidade. A arte não pode ser repetida, refeita, reexperimentada.</p><p>Uma estátua de vênus foi objeto de adoração na Grécia Antiga e condenada no Medieval, mas nenhum</p><p>desses momentos históricos pôde contornar a persistência do resultado de um momento efêmero do</p><p>fazer artístico. Aí está sua aura.</p><p>4. C</p><p>As sociedades modernas são sociedades ultrarracionais, do controle. Elas exprimem o desejo iluminista</p><p>de dominação do homem sobre as coisas. Nada escapa ao controle do homem racional e desencantado.</p><p>A arte como manifestação do transcendental, distante e incontrolável não é admitido. A expressão</p><p>humana através da arte passa pelo controle rigoroso através de métricas como a duração de um filme</p><p>ou a quantidade de palavras de uma música.</p><p>5. E</p><p>Há, na tirinha, uma crítica à cultura veiculada na televisão. Essa cultura é a cultura de massa que,</p><p>destituída da sua aura, tem a função de entreter e de alienar a massa da população. Esse tipo de cultura</p><p>é produzido pela indústria cultural.</p><p>6. D</p><p>A indústria cultural é a forma de produzir cultura típica da sociedade de massas, onde a cultura é</p><p>consumida como uma mercadoria. Ela é resultado do avanço tecnológico expresso nos meios de</p><p>comunicação em massa aliados à racionalidade capitalista que invadiu todos os aspectos da vida</p><p>humana transformando todas as relações em relações de mercado e consumo.</p><p>7. B</p><p>Exatamente como apresentado pelo autor no excerto “ À medida que as obras de arte se emancipam do</p><p>seu uso cultual, aumentam as ocasiões para que elas sejam expostas”, a arte passou a ser percebida de</p><p>uma maneira diferente, circulando na esfera pública e pensada a partir dela, já que uma das suas</p><p>principais características é a exposição.</p><p>3</p><p>Sociolgia</p><p>8. A</p><p>A reprodutibilidade destitui a obra de arte de sua aura. Dessa maneira, não importa mais a presença do</p><p>artista na realização do ritual artístico ou seu contexto histórico. A obra de arte pode ser produzida para</p><p>ser distribuída em larga escala, o que passa a ser um dos critérios considerados na sua produção. O</p><p>contexto de produção ou execução e a identidade conferida pela efemeridade da realização perdem o</p><p>sentido e deixam de ser características da obra de arte.</p><p>9. E</p><p>A alternativa [E] não somente é incorreta, como também contraria todas as outras. A cultura de massa é</p><p>um produto do modo de produção capitalista e contribui para a mercantilização</p><p>da cultura e para a</p><p>coisificação do homem.</p><p>10. D</p><p>A alternativa [D] é a única correta. No sistema capitalista, inclusive a arte está submetida à lógica de</p><p>mercado, servindo como uma mercadoria que deve gerar lucro.</p><p>1</p><p>Sociologia</p><p>Mídia e sociedade</p><p>Resumo</p><p>O que é mídia?</p><p>Para começarmos a compreender as relações entre mídia e sociedade, primeiramente devemos atentar para</p><p>o significado da palavra “mídia”. Chamamos de mídia os veículos de um sistema de comunicação social,</p><p>dentre os quais podemos citar as emissoras de rádio e TVs, revistas, jornais e a internet. No dicionário a</p><p>definição de mídia pode ser encontrara como: “Toda estrutura de difusão de informações, notícias,</p><p>mensagens e entretenimento que estabelece um canal intermediário de comunicação não pessoal, de</p><p>comunicação de massa, utilizando-se de vários meios, entre eles jornais, revistas, rádio, televisão, cinema,</p><p>mala direta, outdoors, informativos, telefone, internet etc.”</p><p>Podemos dizer, em sentido lato, que mídia é o meio pelo qual qualquer informação é passada. Entretanto,</p><p>num sentido estrito, a palavra mídia é usada para designar meios não pessoais de comunicação, ou seja, que</p><p>fazem o papel de intermediário entre a informação ou fato e o receptor da mensagem.</p><p>Uma breve contextualização da mídia</p><p>A comunicação humana passou por várias etapas: inicialmente ela se dava através do corpo; posteriormente,</p><p>acabou sendo incorporada pela comunicação pela fala; a comunicação pela fala, na sequência, foi</p><p>incorporada pela comunicação através da escrita; esta última, por sua vez, acabou sendo absorvida pela</p><p>Imprensa; por fim, a Imprensa foi seguida da era das telecomunicações.</p><p>Cada uma das etapas da comunicação humana descritas acima representou não o abandono da etapa</p><p>anterior, mas sim sua incorporação e integração num novo sistema de comunicação social. O que é</p><p>importante notarmos é que as revoluções dos meios de comunicação como, por exemplo, a invenção da</p><p>Imprensa no século XV, levaram a mudanças nas próprias sociedades do ponto de vista cultural e civilizatório.</p><p>Nesse sentido, entender as mudanças operadas nos meios de comunicação nos leva a compreender melhor</p><p>o próprio comportamento humano em sociedade. Vejamos um exemplo do fenômeno que agora estamos</p><p>descrevendo: A Reforma Protestante, deflagrada por Lutero em 1517, teve uma grande recepção na população</p><p>letrada da Alemanha que, a partir da circulação de panfletos impressos, entrou em contato com as ideias</p><p>protestantes.</p><p>O problema da (im)parcialidade</p><p>Como observado por alguns pensadores, a mídia é mais que o ambiente por onde uma mensagem é</p><p>transmitida, pois influencia comportamentos e percepções. Ao transmitir uma informação, a mídia produz</p><p>uma alteração (algumas vezes não intencional, outras nem tanto) da mensagem, pois ela passará por um</p><p>processo de interpretação e adequação do conteúdo. Esse processo nunca é isento, chegando à observação</p><p>de que o meio determina a mensagem e não o contrário.</p><p>Outro ponto interessante de se pensar é o do controle da mídia. Na nossa sociedade a mídia é resultado do</p><p>empreendimento de algumas pessoas. Alguns países têm maior pluralidade midiática, outros acabam</p><p>observando a formação de oligopólios. Essas empresas, em última instância, são guiadas por dois</p><p>parâmetros: o lucro (como absolutamente toda empresa no sistema capitalista); e os interesses de seus</p><p>proprietários. Por mais que se arrogue imparcial, nenhum dono de uma instituição de mídia permitiria, sem</p><p>pesar, que seu meio de comunicação produzisse informações que contrariassem não só seus interesses, mas</p><p>sua visão de mundo.</p><p>2</p><p>Sociologia</p><p>Como importante veículo de comunicação, a mídia numa sociedade se configura como uma das detentoras</p><p>da narrativa sobre a vida em geral. É essa importante característica dos meios de comunicação em massa</p><p>que permite o surgimento da indústria cultural. As pessoas se informam e se entretêm majoritariamente pelos</p><p>meios de comunicação em massa que selecionará o que será dito e o que não será dito, moldando a</p><p>discussão e a opinião pública sobre diversos assuntos. Esse é o caráter dominador da mídia, que detém um</p><p>grande poder sobre as pessoas limitando, e muitas vezes, definindo sua cultura. A mídia é um dos principais</p><p>instrumentos de disseminação da ideologia dominante e de exercício de poder simbólico.</p><p>Mídia como “quarto poder”</p><p>O problema que tratamos anteriormente se estende perigosamente para o campo político. O papel da mídia</p><p>na política brasileira é de destaque. Além da capacidade de influenciar o comportamento da sociedade, a</p><p>mídia também consegue interferir nas ações dos governos. Isso significa uma extrapolação da função de</p><p>levar informação ao povo. Muitas vezes a mídia atua para construir ou destruir a credibilidade de políticos, de</p><p>acordo com os interesses de seus controladores.</p><p>Essa capacidade de manipulação e influência sobre escolhas e comportamento levou à expressão “quarto</p><p>poder”, para se referir à mídia em relação aos outros três poderes do Estado democrático e sua atuação do</p><p>campo político.</p><p>A televisão é hoje o principal meio de comunicação em massa no Brasil (não se engane, 60% dos brasileiros</p><p>tem acesso à internet e muitas vezes de modo limitado e precário, contra 97% de domicílios com televisão).</p><p>Essa difusão é utilizada pelos políticos como forma de conseguir apoio popular. Embora seja proibido pela</p><p>Constituição, dados apontam que muitos políticos têm vínculos com a mídia. Pesquisas realizadas apontaram</p><p>para o número de 53 deputados federais e 27 senadores com algum tipo de controle sobre veículos de</p><p>comunicação entre 2007 e 2010. Isso dá 10% da Câmara e um terço do Senado. Estima-se que na mesma</p><p>época, 128 emissoras de televisão e 1765 retransmissoras estavam nas mãos de políticos.</p><p>Na história do Brasil há vários casos onde, a despeitos dos fatos, a mídia manipulou a informação para</p><p>produzir sua própria narrativa sobre a realidade. A cobertura sobre as diretas já foi um dos exemplos mais</p><p>notáveis. Em 1984 milhares de pessoas se reuniram na Praça da Sé, Em São Paulo, para pedir eleições diretas.</p><p>Apesar disso, o noticiário de uma grande emissora apresentou o movimento como o de comemorações pelo</p><p>aniversário da cidade. Em 1989 a edição do debate presidencial para ser exibido nos noticiários também foi</p><p>considerada tendenciosa, além da mudança repentina do instituto de pesquisa sobre a eleição, porque esse</p><p>apresentava dados mais favoráveis ao candidato supostamente preferido da emissora. Por extensão,</p><p>também é possível pensar no papel da mídia na narrativa sobre os diversos eventos recentes no Brasil. Pense</p><p>sobre o papel da mídia em operações como a Lava-Jato ou na ação de movimentos sociais, dos mais</p><p>tradicionais até os mais novos e espontâneos, como os de 2013 e os de 2020 no Brasil e no mundo.</p><p>O que podemos concluir é que frequentemente a mídia extrapola os limites e princípios estabelecidos na</p><p>Constituição e interfere de maneira não regulada na esfera política, justificando o termo “quarto poder”.</p><p>Novo século, novos problemas: o fenômeno das fake news</p><p>No século XXI o que observamos é o enorme crescimento da mídia digital, numa era em que as informações</p><p>são transmitidas em tempo real, em que a internet diminuiu fronteiras e distâncias entre nações, o que</p><p>constitui uma grande transformação na forma como as pessoas se comunicam e na forma através da qual</p><p>se informam. No entanto, é importante ressaltar que a mídia também é utilizada frequentemente para divulgar</p><p>falsas notícias - os famosos “fake news” -, assim como para manter falsos estereótipos, preconceitos, e para</p><p>vender produtos apelando para uma aparência que, muitas vezes, pode ser enganadora. Um outro fator</p><p>importante presente no século XXI e que diz respeito à relação entre mídia e sociedade é o fato de que, cada</p><p>vez mais, as redes sociais influenciam na escolha</p><p>políticas de eleitores ao redor do mundo.</p><p>3</p><p>Sociologia</p><p>Trata-se de uma ferramenta importante, atualmente, para que candidatos expressem suas opiniões e</p><p>divulguem suas ideias para a grande massa, o que não dá para ser desconsiderado do ponto de vista político</p><p>se analisarmos que muitos votos, hoje em dia, são conquistados justamente nas redes sociais.</p><p>Em comparação ao efeito nocivo da grande mídia para o Estado democrático, as fake News são muito mais</p><p>perigosas. Os grandes veículos de mídia, apesar de apresentar uma visão parcial da realidade, tem uma</p><p>reputação a zelar, sem a qual sua manutenção é prejudicada. Além disso, um grande veículo pode ser cobrado</p><p>de seus posicionamentos, ter seus erros apontados e ser confrontado. Outro aspecto importante é pensar</p><p>que a imparcialidade, apesar de ser um ideal necessário e constante na atuação midiática, é impraticável, o</p><p>que torna sua exigência uma impossibilidade. O debate sobre a atuação da mídia na democracia tem se</p><p>desviado para um outro horizonte, o da transparência.</p><p>As fake News, por outro lado, são comumente mentiras intencionais organizadas sistematicamente para</p><p>influenciar o comportamento e as escolhas das pessoas. Tornaram-se um eficaz mecanismo de manipulação</p><p>de eleições. Isso porque seus responsáveis são difíceis de achar, ela se espalha com muito mais rapidez e</p><p>ela conta com a confiança entre as pessoas. A fake News subverte as relações entre os indivíduos, utilizando</p><p>a confiança que temos uns nos outros para espalhar mentiras.</p><p>Com a grande velocidade com que notícias são espalhadas nos dias atuais pelas redes sociais, faz-se</p><p>necessário refletir anteriormente sobre a veracidade de tais informações, o que pode contribuir para a</p><p>construção de uma sociedade que, além de valorizar a velocidade, também tem apreço pela verdade e pela</p><p>reflexão crítica. Tanto na relação com a mídia tradicional quanto no uso de novas mídias, é urgente discutir a</p><p>forma como nós, indivíduos, nos relacionamos com a informação.</p><p>4</p><p>Sociologia</p><p>Exercícios</p><p>1. [...] Como observam os pesquisadores do Instituto de Estudos Avançados da Cultura da Universidade</p><p>de Virgínia, os executivos globais que entrevistaram “vivem e trabalham num mundo feito de viagens</p><p>entre os principais centros metropolitanos globais – Tóquio, Nova York, Londres e Los Angeles. Passam</p><p>não menos do que um terço de seu tempo no exterior. Quando no exterior, a maioria dos entrevistados</p><p>tende a interagir e socializar com outros globalizados... Onde quer que vão, hotéis, restaurantes,</p><p>academias de ginástica, escritórios e aeroportos são virtualmente idênticos. Num certo sentido</p><p>habitam uma bolha sociocultural isolada das diferenças mais ásperas entre diferentes culturas</p><p>nacionais... São certamente cosmopolitas, mas de maneira limitada e isolada.” [...] A mesmice é a</p><p>característica mais notável, e a identidade cosmopolita é feita precisamente da uniformidade mundial</p><p>dos passatempos e da semelhança global dos alojamentos cosmopolitas, e isso constrói e sustenta</p><p>sua secessão coletiva em relação à diversidade dos nativos. Dentro de muitas ilhas do arquipélago</p><p>cosmopolita, o público é homogêneo, as regras de admissão são estrita e meticulosamente (ainda que</p><p>de modo informal) impostas, os padrões de conduta precisos e exigentes, demandando conformidade</p><p>incondicional. Como todas as “comunidades cercadas”, a probabilidade de encontrar um estrangeiro</p><p>genuíno e de enfrentar um genuíno desafio cultural é reduzida ao mínimo inevitável; os estranhos que</p><p>não podem ser fisicamente removidos por causa do teor indispensável dos serviços que prestam ao</p><p>isolamento e autocontenção ilusória das ilhas cosmopolitas são culturalmente eliminados – jogados</p><p>para o fundo “invisível” e “tido como certo”.</p><p>(BAUMAN, Z. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. p. 53-55.)</p><p>De acordo com o texto, é correto afirmar que a globalização estimulou</p><p>a) a disseminação do cosmopolitismo, que rompe as fronteiras étnicas, quando todos são viajantes.</p><p>b) um novo tipo de cosmopolitismo, que reforça o etnocentrismo de classe e de origem étnica.</p><p>c) a interação entre as culturas nativas, as classes e as etnias, alargando o cosmopolitismo dos</p><p>viajantes de negócio.</p><p>d) o desenvolvimento da alteridade através de uma cultura cosmopolita dos viajantes de negócios.</p><p>e) a emergência de um novo tipo de viajantes de negócios, envolvidos com as comunidades e culturas</p><p>nativas dos países onde se hospedam.</p><p>2. Observe a imagem a seguir.</p><p>5</p><p>Sociologia</p><p>As escolhas que o indivíduo faz têm base na imagem do mundo vendida por algumas instituições e</p><p>grupos dominantes da sociedade. A imagem apresenta a contribuição dos meios de comunicação para</p><p>a propagação de determinadas ideologias. Considerando essas informações, é correto afirmar que:</p><p>a) Os governos autoritários na história do Brasil contribuíram para o desenvolvimento de boa parte</p><p>das ideologias dominantes.</p><p>b) Os meios tecnológicos tornaram a reprodução das obras de arte em escala industrial os quais, para</p><p>os sociólogos, possibilitaram a democratização e a não banalização da arte.</p><p>c) O papel da televisão no Brasil é de importância fundamental, pois trata-se de um instrumento de</p><p>conscientização crítica dos sujeitos contra a imposição das propagandas consumidoras.</p><p>d) A concorrência entre os meios de comunicação contribui para a reflexão e a criticidade, as quais</p><p>possibilitam transformar a sociedade no nível macro e sem interferência dos grupos dominantes.</p><p>e) A ideologia de classe é parte da cultura de massa e, por isso, só permite a atuação dos grupos</p><p>dominados em movimentos sociais que buscam reproduzir as ideias existentes na sociedade.</p><p>3. Jovens preferem internet à TV</p><p>Estudo realizado em dez países e publicado nesta quarta-feira indica que, pela primeira vez, os jovens</p><p>europeus disseram preferir a internet à televisão. De acordo com o estudo, há 169 milhões de</p><p>internautas nos países que foram pesquisados: Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Espanha,</p><p>Holanda, Bélgica, Dinamarca, Suécia e Noruega – que passam em média 12,7 horas na rede. Os mais</p><p>conectados são os italianos (13,6 horas em média), e os menos conectados são os holandeses (9,8</p><p>horas). Além disso, 82% dos jovens (16-24 anos) utilizam a internet, contra 77% que admitem ver</p><p>televisão. O estudo também mostra um aumento anual de 12% do número de pessoas de mais de 55</p><p>anos que utilizam a internet. Para 83% dos usuários, a internet se tornou imprescindível em suas vidas,</p><p>e 32% têm a mesma opinião sobre o correio eletrônico. A maioria admite passar menos tempo na frente</p><p>da televisão para se dedicar à internet.</p><p>France Presse. "Jovens europeus preferem internet à televisão." Folha on line, 6.12.07. Disponível em:</p><p><www1.folhauol.coom.br/folha/informatica/ult124u352247.shtml>. Acesso em: 11 dez. 2007. Adaptado.</p><p>Toda sociedade passa por transformações nas suas relações de maneira abrupta ou em um longo</p><p>processo histórico-social. Muitos sociólogos afirmam que essas mudanças são necessárias ao</p><p>reordenamento das interações. Essas são causadas por muitos aspectos classificados como naturais</p><p>ou socioculturais. No texto, percebe-se uma dessas causas de mudança social. Sobre essa causa, é</p><p>correto afirmar que</p><p>a) é determinada por cataclismos naturais, que alteram, de maneira permanente ou provisória, a</p><p>organização e as estruturas das relações sociais no grupo.</p><p>b) tem origem em aspectos biológicos e trouxe profundas transformações nas sociedades coloniais</p><p>do século XV, pois o contato do nativo com as epidemias e microrganismos circulantes na Europa</p><p>provocou aumento da mortalidade de populações tribais.</p><p>c) é parte da cultura de uma sociedade e pode ser definida como o conhecimento da manipulação do</p><p>meio físico, que contribui com a manutenção dos grupos sociais.</p><p>d) nas sociedades antigas, a ausência dessa causa</p><p>provocou a extinção da cultura desses grupos</p><p>humanos, como na sociedade egípcia.</p><p>e) ela se desenvolveu no século XVIII, com as Grandes Navegações, pois, antes desse período, a</p><p>humanidade possuía uma visão restrita de mudança de suas condições sociais por meio de sua</p><p>relação com a natureza e com os outros sociais humanos.</p><p>6</p><p>Sociologia</p><p>4. Nosso conhecimento científico “está começando a nos capacitar a interferir diretamente nas bases</p><p>biológicas ou psicológicas da motivação humana, por meio de drogas ou por seleção ou engenharia</p><p>genética, ou usando dispositivos externos que interferem no cérebro ou nos processos de</p><p>aprendizagem”, escreveram recentemente os filósofos Julian Savulescu e Ingmar Persson. […] James</p><p>Hughes, especialista em bioética […], defendeu o aprimoramento moral, afirmando que ele deve ser</p><p>voluntário e não coercitivo. “Com a ajuda da ciência, poderemos descobrir nossos caminhos para a</p><p>felicidade e virtude proporcionadas pela tecnologia”.</p><p>Hillary Rosner. “Seria bom viver para sempre?” Disponível em: <www.sciam.com.br>, outubro de 2016.</p><p>As possibilidades tecnológicas descritas no texto permitem afirmar que</p><p>a) o aprimoramento visado pelos pesquisadores desvaloriza o progresso técnico no campo neuro</p><p>científico.</p><p>b) tais interferências técnicas somente seriam possibilitadas sob um regime político totalitário.</p><p>c) ideais espiritualistas de meditação permitem concentração intensa da mente.</p><p>d) o caráter voluntário dos experimentos elimina a existência de controvérsias de natureza ética.</p><p>e) os recursos científicos estão direcionados ao aperfeiçoamento técnico da espécie humana.</p><p>5. As novas tecnologias da informação e comunicação tornaram-se uma realidade nas relações sociais</p><p>contemporâneas e contribuem para a maior integração das pessoas neste início do século XXI. Sobre</p><p>as alterações nas práticas culturais decorrentes dessas novas tecnologias informacionais, é correto</p><p>afirmar:</p><p>a) As pessoas deixaram de contatar as redes sociais já consolidadas e as substituíram por encontros</p><p>presenciais realizados por meio da rede mundial de computadores.</p><p>b) As dinâmicas das culturas vinculadas à virtualidade dos meios de comunicação consolidam a</p><p>cultura popular em detrimento da cultura de massa e da indústria cultural.</p><p>c) A violência urbana impede que sejam ampliadas as redes e grupos sociais tradicionalmente</p><p>vinculados ao capitalismo, o que intensifica o uso convencional dos serviços dos correios.</p><p>d) A educação e a religião estão apartadas do processo de utilização de mídias eletrônicas, e isso</p><p>causou o afastamento das pessoas das lutas por causas sociais mais amplas.</p><p>e) As novas tecnologias de informação e comunicação têm sido utilizadas nas ações coletivas de</p><p>pessoas envolvidas com as demandas dos movimentos sociais.</p><p>7</p><p>Sociologia</p><p>6. O vídeo Kony 2012 tornou-se o maior sucesso da história virtual, independente da polêmica causada</p><p>por ele. Em seis dias, atingiu a espantosa soma de 100 milhões de espectadores, aproximadamente.</p><p>No primeiro dia na internet, o vídeo foi visto por aproximadamente 100.000 visitantes.</p><p>PETRY, A. O mocinho vai prender o bandido... e 100 milhões de jovens querem ver. Veja, ano 45, n. 12, 2.261. ed. 21 mar.</p><p>2012. Adaptado.</p><p>A internet revelou-se um poderoso instrumento para a ação política de ONGs e de movimentos sociais.</p><p>A respeito das formas de expressão de necessidades coletivas no mundo globalizado, assinale a</p><p>alternativa correta.</p><p>a) As ONGs e os novos movimentos sociais têm como característica comum a construção de</p><p>estruturas hierarquizadas e rígidas para a realização das lutas coletivas.</p><p>b) Como toda luta política, a conquista do poder de Estado é o referencial a partir do qual se constroem</p><p>as ações das novas reivindicações coletivas de ONGs e movimentos sociais.</p><p>c) Demandas ligadas ao trabalho perderam sua importância para as novas lutas coletivas expressas</p><p>pelas ONGs e pelos recentes movimentos sociais.</p><p>d) Nas novas lutas coletivas há o predomínio dos novos sujeitos sociais, os grupos sociologicamente</p><p>minoritários, com um projeto definido e uniforme de construção da sociedade.</p><p>e) O ativismo de ONGs e de movimentos sociais nas redes virtuais diversifica as agendas políticas e</p><p>as práticas que buscam inovar o modo de fazer política.</p><p>7. Chamamos de comunidade a uma relação social na medida em que a orientação da ação social – seja</p><p>no caso individual, na média ou no tipo ideal – baseia-se em um sentido de solidariedade: o resultado</p><p>de ligações emocionais ou tradicionais dos participantes.</p><p>WEBER, Max. Conceitos básicos de sociologia. São Paulo: Centauro, 2000. p. 71.</p><p>Esse conceito sociológico é importante para se compreender a formação das comunidades virtuais</p><p>(Orkut, Facebook, Twitter etc.), que se constituem em agrupamentos humanos formados no</p><p>ciberespaço. Sobre esse assunto, qual das alternativas contém um aspecto do conceito de comunidade</p><p>que não pode ser aplicado à formação de agregados virtuais?</p><p>a) Ligação ao sentimento de comunidade.</p><p>b) Atitude cooperativa.</p><p>c) Forma própria de comunicação.</p><p>d) Emergência de um projeto comum.</p><p>e) Pertencimento territorial.</p><p>8. A internet é uma grande teia</p><p>Onde estamos todos plugados</p><p>Com propósitos variados;</p><p>(Às vezes, propósito algum...)</p><p>A poesia é uma grande teia,</p><p>E por ela os apaixonados</p><p>Acabam sempre interligados;</p><p>(Com alguma coisa incomum...)</p><p>Se um desses poetas da web</p><p>A um outro poeta recebe</p><p>[...],</p><p>Logo todos querem ser parte</p><p>Do grupo que promove a arte:</p><p>Da nossa "nação-poesia"!</p><p>PEKA, Ederson. Adaptado.</p><p>8</p><p>Sociologia</p><p>O texto faz referência ao meio usado pelas pessoas para serem estabelecidas associações com</p><p>objetivos bem definidos. Todas as alternativas a seguir apresentam uma característica dessa forma de</p><p>vínculo entre os indivíduos, exceto</p><p>a) homogeneidade.</p><p>b) pequenez.</p><p>c) autossuficiência.</p><p>d) nitidez.</p><p>e) hierarquização.</p><p>9. O desenvolvimento da indústria cultural no Brasil ocorreu paralelamente ao desenvolvimento</p><p>econômico e teve como marco a introdução do rádio, na década de 1920, da televisão, na década de</p><p>1950, e, recentemente, nos anos de 1990, da internet.</p><p>TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 190.</p><p>Acerca do assunto tratado no trecho apresentado, assinale a alternativa correta.</p><p>a) A indústria cultural no Brasil é homogênea por causa da conscientização da população.</p><p>b) As novelas da televisão brasileira são instrumentos de alienação da indústria cultural, pois levam</p><p>os espectadores a desejarem bens materiais fora de sua realidade social.</p><p>c) A população brasileira é influenciada pelo cinema, pois todos têm acesso a esse instrumento de</p><p>produção cultural.</p><p>d) A televisão é o meio de comunicação com menor poder de alienação no Brasil.</p><p>e) A publicidade das empresas brasileiras funciona como um informativo sobre produtos oferecidos</p><p>no mercado consumidor. O objetivo desse instrumento é criar um sujeito crítico e reflexivo que</p><p>combata a alienação cultural.</p><p>10. A caixa de pandora tecnológica penetra nos lares e libera suas cabeças falantes, astros, novelas,</p><p>noticiários e as fabulosas, irresistíveis garotas-propaganda, versões modernizadas do tradicional</p><p>homem-sanduíche.</p><p>SEVCENKO, N. (Org). História da Vida Privada no Brasil 3. República: da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Cia das</p><p>Letras, 1998.</p><p>A TV, a partir da década de 1950, entrou nos lares brasileiros provocando mudanças consideráveis</p><p>nos hábitos da população. Certos episódios da história brasileira revelaram que a TV, especialmente</p><p>como espaço de ação da imprensa, tornou-se também veículo de utilidade pública, a favor da</p><p>democracia, na medida em que</p><p>a) amplificou os discursos nacionalistas e autoritários durante o governo Vargas.</p><p>b) revelou para o país casos de corrupção na esfera política de vários governos.</p><p>c) maquiou indicadores sociais negativos durante as décadas</p><p>de 1970 e 1980.</p><p>d) apoiou, no governo Castelo Branco, as iniciativas de fechamento do parlamento.</p><p>e) corroborou a construção de obras faraônicas durante os governos militares</p><p>9</p><p>Sociologia</p><p>Gabarito</p><p>1. B</p><p>A globalização, em vez de estimular as relações culturais, criou algo que Castells chamou de sociedade</p><p>em rede. Neste tipo de sociedade as pessoas deslocam-se pelos locais mais distantes, mas sempre</p><p>encontrando o mesmo tipo de espaço, pessoas e relações sociais que têm em seu ponto de origem. Surge</p><p>um novo tipo de etnocentrismo, o do cidadão global, que apesar de percorrer o mundo só consegue</p><p>enxergá-lo dentro de uma ótica limitada e cosmopolita, baseada na vivência de hotéis, aeroportos,</p><p>shoppings e escritórios, iguais em todos os lugares. A alternativa que corresponde a isto é a B.</p><p>2. A</p><p>Os meios de informação e, por conseguinte, a informação gerada são mecanismos por meio dos quais</p><p>se obtém ou se amplia o poder no Estado. Ao mesmo tempo, são também criadores de vontades e de</p><p>desejos nas pessoas ao sinalizar um tipo específico de mundo a ser almejado.</p><p>A alternativa A está correta, pois o Brasil, tendo uma história de governos autoritários, tornou-se um país</p><p>de forte viés autoritarista. A alternativa B está incorreta porque a produção da arte em escala industrial</p><p>contribuiu para sua banalização. A alternativa C está incorreta porque a televisão, na verdade, é uma</p><p>difusora das propagandas. A alternativa D está incorreta porque os meios de comunicação pertencem a</p><p>grupos dominantes e podem difundir conteúdos de acordo com suas vontades.</p><p>A alternativa E está incorreta porque a cultura de massa acaba por destruir a ideologia de classe nas</p><p>pessoas, contribuindo para a alienação política. Portanto, a alternativa correta é a A.</p><p>3. C</p><p>A causa apontada no texto é a internet, uma nova tecnologia que aumentou as possibilidades de interação</p><p>entre as pessoas e criou também possibilidades para a comunicação de massa, acontecendo mudanças</p><p>sociais por motivos de origem sociocultural.</p><p>a) e b) Incorretas. A internet não tem ligação com elementos naturais ou biológicos, mas sim com a</p><p>técnica humana.</p><p>c) Correta. Atribui a mudança social a elementos culturais da sociedade, tal qual acontece com o contexto</p><p>da internet.</p><p>d) Incorreta. Existia comunicação nas sociedades antigas, ainda que de modo diverso.</p><p>e) Incorreta. As Grandes Navegações ocorreram no século XVI e, novamente, são retomadas questões</p><p>afeitas à natureza e não às relações sociais.</p><p>4. E</p><p>O texto do enunciado permite discutir sobre as descobertas recentes no campo tecnológico direcionadas</p><p>ao aperfeiçoamento técnico da espécie humana. Por meio de dispositivos externos, os caminhos para</p><p>buscar a felicidade e o bem-estar poderão ser percorridos mais facilmente.</p><p>5. E</p><p>a) Incorreta. As pessoas continuam a usar largamente as redes sociais.</p><p>b) Incorreta. A cultura popular continua a ter dificuldade de se afirmar frente à cultura de massa e a</p><p>indústria cultural.</p><p>c) Incorreta. A violência urbana não tem papel inibidor nas redes e grupos sociais, muitos dos quais</p><p>acabam se formando justamente por conta dela.</p><p>d) Incorreta. Tanto a educação quanto a religião encontram seu espaço nas mídias eletrônicas, que</p><p>atualmente são um novo espaço para estas discussões.</p><p>e) Correta. As novas tecnologias têm ampliado o papel das redes sociais na organização de eventos</p><p>relativos a demandas sociais, em muitos casos com mais efetividade que os modos tradicionais de</p><p>mobilização.</p><p>10</p><p>Sociologia</p><p>6. E</p><p>a) Incorreta. A emergência dos novos movimentos sociais e, posteriormente, das ONGs, foi</p><p>caracterizada especialmente pela organização de estruturas de poder relativamente horizontalizadas</p><p>e fluidas, em comparação com as antigas formas de lutas coletivas. A redução das hierarquias e a</p><p>fluidez das mesmas estão entre as razões para se falar sobre um novo modo de fazer política.</p><p>b) Incorreta. A conquista do poder estatal diz respeito aos partidos políticos. Os novos movimentos</p><p>sociais e as ONGs, diferentemente, buscam ampliar a noção de política para além do Estado, e suas</p><p>reivindicações condensam tal perspectiva, como se observa, por exemplo, nos movimentos de</p><p>contracultura. Os referenciais culturais formam uma importante base a partir da qual se configuram</p><p>os novos sujeitos, o que é parte integrante das teorizações sobre os novos movimentos sociais.</p><p>c) Incorreta. Apesar de uma marcante presença das questões culturais nas novas lutas coletivas, os</p><p>novos sujeitos não descartam as reivindicações associadas ao trabalho. Considerem-se, por</p><p>exemplo, as demandas das mulheres, dos negros e dos gays ligadas às lutas pelo direito ao trabalho</p><p>decente.</p><p>d) Incorreta. O surgimento dos novos sujeitos sociais coloca em questão qualquer pretensão de um</p><p>projeto definido e uniforme de construção da sociedade. Diferentemente das pretensões</p><p>hegemônicas, o político define-se pela diversificação, ou fragmentação, dos projetos e dos ideais de</p><p>sociedade.</p><p>e) Correta. Em comparação com os modos tradicionais de fazer política, por exemplo, por intermédio</p><p>dos partidos políticos, o ativismo das ONGs e dos movimentos sociais possibilita ampla</p><p>diversificação da agenda e das práticas políticas. Essa diversificação é favorecida, nos últimos anos,</p><p>pela difusão do uso das redes virtuais. O tema da reportagem é um exemplo desse atual estado das</p><p>ações coletivas.</p><p>7. E</p><p>Nos agregados virtuais não existe o pertencimento territorial como regra, ainda que possa acontecer</p><p>como fato.</p><p>As outras quatro alternativas estão presentes na composição das comunidades virtuais, à semelhança</p><p>das características presentes nas comunidades tradicionais estudadas por Weber.</p><p>8. E</p><p>O exemplo apresentado na poesia coloca todos os participantes em situação de igualdade no grupo dos</p><p>poetas do ciberespaço, portanto não há hierarquização.</p><p>As demais características estão presentes no grupo, associadas respectivamente à semelhança entre os</p><p>membros (homogeneidade), tamanho do grupo (pequenez), gestão independente (autossuficiência) e</p><p>visibilidade (nitidez).</p><p>9. B</p><p>a) Incorreta. A população brasileira tem níveis de cultura e educação muito variados. Por conta disso, a</p><p>indústria cultural é bastante heterogênea.</p><p>b) Correta. As novelas apresentam um padrão de cultura e comportamento que gera desejos em</p><p>camadas sociais que não possuem acesso a muitos dos bens exibidos nas produções.</p><p>c) Incorreta. O cinema não alcança igualmente todas as regiões do país.</p><p>d) Incorreta. A televisão, devido a seu maior alcance, é um dos meios de comunicação com a maior</p><p>capacidade de alienar no país.</p><p>e) Incorreta. A publicidade tem o objetivo de criar desejos de consumo nas pessoas para que mais e</p><p>mais produtos sejam vendidos, não entrando no debate a questão de eles serem ou não necessários.</p><p>10. B</p><p>A TV tem desempenhado um importante papel levando ao público informações sobre casos de corrupção.</p><p>A TV também já ajudou a justificar regimes e a os combater. De certo, é um importante instrumento de</p><p>formação de opinião pública e divulgação de informações sobre o cenário político brasileiro.</p><p>1</p><p>Sociolgia</p><p>Cidadania</p><p>Resumo</p><p>Etimologicamente, o termo “cidadão” significa “morador de uma cidade”.</p><p>Assim, se fôssemos levar a coisa literalmente, cidadania seria apenas a</p><p>circunstância de morar em um determinado local e o bom cidadão seria o</p><p>mesmo que um habitante boa-praça. Há, no entanto, um significado mais</p><p>profundo em jogo aqui. O conceito de cidadania vem originalmente da</p><p>língua grega e, como já vimos em outras aulas, as cidades gregas antigas</p><p>viviam no sistema de pólis. Neste modelo, além de cada cidade gozar de</p><p>grande autonomia, sendo como que um Estado independente, os cidadãos,</p><p>isto é, os moradores de cada pólis, tinham ampla capacidade de</p><p>participação política, pois os gregos foram o primeiro povo a entender que</p><p>a política deriva sua autoridade não dos deuses, mas</p><p>dos homens.</p><p>Vemos assim que cidadania não é apenas moradia e que o cidadão não é o simples habitante de um</p><p>determinado país. Muito mais do que isso, o cidadão é aquele que participa politicamente dos destinos de</p><p>sua nação, que influi nos rumos do Estado. Os escravos brasileiros na época do Império, por exemplo, eram</p><p>habitantes do Brasil, mas não cidadãos, pois não tinham direito de participar politicamente, votando,</p><p>protestando, etc. O mesmo vale para as mulheres brasileiras antes da legalização do voto feminino e para</p><p>os analfabetos antes da Constituição Cidadã de 1988. Mesmo hoje, nenhum brasileiro que não possua título</p><p>de eleitor pode ser considerado, formalmente, um cidadão de nosso país, uma vez que não pode participar</p><p>dos processos decisórios da política nacional nem influenciar nos rumos das políticas públicas. Este sim é</p><p>um simples habitante ou morador do Brasil.</p><p>Cidadania clássica X Cidadania moderna</p><p>Obviamente, do fato de que o conceito de cidadania guarde hoje as mesmas raízes que tinha na antiguidade</p><p>grega, disto não se pode deduzir que ela sempre foi exercida do mesmo modo ao longo do tempo. Ao</p><p>contrário, cada sociedade humana desenvolveu ao longo do tempo formas muito concretas e específicas de</p><p>exercícios da cidadania, isto é, de participa��ão política dos seus membros. Tradicionalmente, para fins</p><p>didáticos e de resumo, costuma-se dizer que há duas grandes concepções de cidadania ao longo da história:</p><p>a concepção clássica de cidadania, dominante desde a antiguidade grega até as revoluções liberais dos</p><p>séculos XVI e XVII, e a concepção moderna de cidadania, vigente desde então.</p><p>A concepção clássica de cidadania caracteriza-se por ser essencialmente comunitária. Assim, para o</p><p>homem grego e medieval, ser um cidadão significava, acima de tudo, pertencer a uma comunidade e ter</p><p>obrigações para com ela. A ênfase aqui está na noção de dever, de modo que o bom cidadão é</p><p>fundamentalmente o sujeito abnegado, capaz de sacrificar seus próprios desejos e interesses individuais</p><p>pelo bem comum. Por sua vez, nesta visão, o papel do Estado, como poder público, consiste precisamente</p><p>em coordenar as ações dos indivíduos na concretização do interesse geral, premiando aqueles que cumprem</p><p>seus deveres e punindo os que não o fazem. É o indivíduo que deve estar a serviço da comunidade e do</p><p>Estado, não o contrário.</p><p>A concepção moderna de cidadania, instaurada pelo liberalismo político e típica de nosso tempo, é bastante</p><p>diferente. Nela, a ênfase não está na noção de dever, mas na de direito. Entende-se que não é o indivíduo</p><p>2</p><p>Sociolgia</p><p>que deve estar a serviço da comunidade e do Estado, mas, ao contrário, é a comunidade e o Estado que</p><p>devem estar a serviço do indivíduo.</p><p>Com efeito, na visão moderna, compreende-se que nenhum interesse coletivo tem o interesse de sobrepor-</p><p>se à liberdade dos indivíduos. O papel do Estado não é tanto garantir a felicidade geral, mas sim impedir que</p><p>os direitos individuais sejam desrespeitados e que uns se imponham violentamente sobre os outros. Em</p><p>suma, o que cabe ao poder público não é promover a cooperação entre os indivíduos, mas sim impedir seu</p><p>conflito e o bom cidadão é aquele que, consciente dos seus próprios direitos, exerce-os livremente, sem,</p><p>porém, tolher a liberdade do outro.</p><p>Benjamin Constant, o famoso autor liberal do começo XIX, sintetizou esta diferença em seu famoso texto A</p><p>liberdade dos antigos comparada à liberdade dos modernos: O objetivo dos antigos era a partilha do poder</p><p>social entre todos os cidadãos de uma mesma pátria. Era isso o que eles denominavam liberdade. O objetivo</p><p>dos modernos é a segurança dos privilégios privados; e eles chamam liberdade as garantias concedidas</p><p>pelas instituições a esses privilégios”</p><p>3</p><p>Sociolgia</p><p>Exercícios</p><p>1. No dia 5 de outubro de 2008, a Constituição Federal Brasileira completou 20 anos. Dentre as inovações,</p><p>é correto afirmar que a nova Carta, também conhecida como "Constituição Cidadã",</p><p>a) revalidou os princípios estabelecidos pelo Ato Institucional n. 5, de 1968, que garantia maior</p><p>liberdade de expressão a cada cidadão.</p><p>b) viabilizou o retorno das eleições diretas para presidente da República, consolidando, assim, a</p><p>proposta defendida pela emenda Dante de Oliveira anos antes.</p><p>c) centralizou ainda mais o poder nas mãos do Executivo a fim de garantir o princípio federativo e</p><p>de combater a corrupção no Legislativo e o abuso de poder no Judiciário.</p><p>d) restabeleceu o princípio do direito de greve para o setor privado, ficando, porém, o setor público</p><p>impedido de se organizar em sindicatos.</p><p>e) desconsiderou as emendas populares e aquelas apresentadas pelos lobbies, grupos de pressão</p><p>que tentavam influ­enciar as decisões dos parlamentares.</p><p>2. “Historicamente, a cidadania foi concedida a restritos grupos de elites – homens ricos de Atenas e</p><p>barões ingleses do século XIII – e posteriormente estendida a uma grande porção dos residentes de</p><p>um país.”</p><p>VIEIRA, Liszt. Os argonautas da cidadania. A sociedade civil na globalização. Rio de Janeiro: Record, 2001, pp. 34-35.</p><p>Assinale a alternativa incorreta sobre o tema tratado pelo autor.</p><p>a) O estabelecimento dos deveres e dos direitos da cidadania moderna esteve intimamente</p><p>vinculado ao processo de construção e de consolidação dos Estados nacionais.</p><p>b) A cidadania é um conceito que está associado à Grécia Antiga, já que a democracia passou a</p><p>ser implementada a partir desse período, mesmo que com limitações de alcance da população.</p><p>c) Considerando o processo histórico dos últimos 200 anos, podemos afirmar que a incorporação</p><p>de novos grupos ao estatuto da cidadania foi realizada não apenas por concessões, mas também</p><p>pelas lutas sociais que reivindicaram novos direitos.</p><p>d) Nos diferentes períodos históricos, os direitos de cidadania constituíram-se, invariavelmente,</p><p>como privilégio exclusivo das elites econômicas.</p><p>e) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Organização das Nações Unidas,</p><p>representou um marco importante no processo de consolidação da cidadania no século XX.</p><p>4</p><p>Sociolgia</p><p>3. A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) como uma política para todos constitui-se uma das mais</p><p>importantes conquistas da sociedade brasileira no século XX. O SUS deve ser valorizado e defendido</p><p>como um marco para a cidadania e o avanço civilizatório. A democracia envolve um modelo de Estado</p><p>no qual políticas protegem os cidadãos e reduzem as desigualdades. O SUS é uma diretriz que</p><p>fortalece a cidadania e contribui para assegurar o exercício de direitos, o pluralismo político e o bem-</p><p>estar como valores de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, conforme prevê a</p><p>Constituição Federal de 1988.</p><p>RIZZOTO,M.L.F.et at. Justiça social, democracia com direitos sociais e saúde: a luta do Cebes. Revista Saúde em Debate, n.</p><p>16, jan-mar. 2018 (adaptado).</p><p>Segundo o texto, duas características da concepção da política pública analisada são:</p><p>a) Paternalismo e filantropia.</p><p>b) Liberalismo e meritocracia.</p><p>c) Universalismo e igualitarismo.</p><p>d) Nacionalismo e individualismo.</p><p>e) Revolucionarismo e coparticipação.</p><p>4. A cidadania, na concepção moderna, surge a partir das lutas liberais por direitos civis frente ao Estado.</p><p>Está intimamente ligada ao Estado democrático e de direito. Em um sistema constitucional, significa</p><p>também o pleno exercício do direito político, ou seja, de interferir nas decisões políticas do Estado</p><p>votando, sendo votado, propondo ações populares etc. A afirmação segundo a qual o indivíduo tem</p><p>consciência de seus direitos, deveres e de que participa ativamente de todas as questões da sociedade</p><p>refere-se a:</p><p>a) tirania.</p><p>b) plutocracia.</p><p>c) cidadania.</p><p>d) bonapartismo.</p><p>e) monarquia.</p><p>pois sabemos que o ser humano não é apenas composto por seu lado racional (aqui me refiro</p><p>aos aprendizados puramente escolares).</p><p>Fonte: <http://www.serfamilia.com.br/educacao/uma-parceria-ideal.html>. Acesso em 03 nov. 2012.</p><p>O discurso acima procura evidenciar a importância da família para a educação da criança. Do ponto</p><p>de vista sociológico, o que está ocorrendo é:</p><p>a) A democratização do ensino público.</p><p>b) A afirmação da autonomia individual em detrimento da sociedade.</p><p>c) A defesa da importância da família para a primeira socialização dos indivíduos.</p><p>d) A divisão da instituição educacional.</p><p>e) O aumento da anomia social.</p><p>5</p><p>Sociologia</p><p>8. “Socialização significa o processo pelo qual um indivíduo se torna um membro ativo da sociedade em</p><p>que nasceu, isto é, comporta-se de acordo com seus folkways e mores [...]. Há pouca dúvida de que a</p><p>sociedade, por suas exigências sobre os indivíduos determina, em grande parte, o tipo de</p><p>personalidade que predominará. Naturalmente, numa sociedade complexa como a nossa, com</p><p>extrema heterogeneidade de padrões, haverá consideráveis variações. Seria, portanto, exagerado dizer</p><p>que a cultura produz uma personalidade totalmente estereotipada. A sociedade proporciona, antes, os</p><p>limites dentro dos quais a personalidade se desenvolverá”.</p><p>Fonte: KOENIG, S. Elementos de Sociologia. Tradução de Vera Borda, Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1967, p. 70-75.</p><p>Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar:</p><p>a) Existe uma interação entre a cultura e a personalidade, o que faz com que as individualidades</p><p>sejam influenciadas de diferentes modos e graus pelo ambiente social.</p><p>b) Apesar de os indivíduos se diferenciarem desde o nascimento por dotes físicos e mentais,</p><p>desenvolvem personalidades praticamente idênticas por conta da influência da sociedade em</p><p>que vivem.</p><p>c) A sociedade impõe, por suas exigências, aprovações e desaprovações, o tipo de personalidade</p><p>que o indivíduo terá.</p><p>d) O indivíduo já nasce com uma personalidade que dificilmente mudará por influência da sociedade</p><p>ou do meio ambiente.</p><p>e) São as tendências hereditárias e não a sociedade que determinam a personalidade do indivíduo.</p><p>9. “Pesquisadores das universidades britânicas de Glasgow e Bristol acompanharam os hábitos de 9.000</p><p>crianças nos últimos catorze anos. Concluíram que o ambiente no qual elas foram educadas teve tanta</p><p>influência nos casos de obesidade infantil quanto a herança genética. O estudo identificou oito fatores</p><p>que podem levar à obesidade a partir dos 7 anos, dos quais destacam-se, aqui, dois: crianças com</p><p>mais de 3 anos que permanecem diante da TV mais de oito horas por semana têm tendência ao</p><p>sedentarismo e à superalimentação; filhos de pais obesos podem, além de herdar características</p><p>genéticas de obesidade, imitar seu comportamento.”</p><p>(Veja, ano 38, n. 23, p. 37, 8 jun. 2005.)</p><p>Com base no texto, é correto afirmar:</p><p>a) O fato de filhos de pais obesos serem obesos indica que a causa da obesidade infantil é</p><p>necessariamente genética.</p><p>b) Escolarização e incidência de obesidade infantil são diretamente proporcionais, revelando o</p><p>equívoco dos conceitos sobre alimentação e saúde.</p><p>c) Fatores biológicos e a construção de hábitos alimentares no processo de socialização da criança</p><p>são determinantes na obesidade infantil.</p><p>d) A interdição das crianças à televisão é uma medida que elimina o risco da obesidade infantil.</p><p>e) O sedentarismo, a superalimentação e o ambiente no qual as crianças são educadas são fatores</p><p>de obesidade infantil circunscritos aos povos de origem anglo-saxã.</p><p>6</p><p>Sociologia</p><p>10. Se vamos ter mais tempo de lazer no futuro automatizado, o problema não é como as pessoas vão</p><p>consumir essas unidades adicionais de tempo de lazer, mas que capacidade para a experiência terão</p><p>as pessoas com esse tempo livre. Mas se a notação útil do emprego do tempo se torna menos</p><p>compulsiva, as pessoas talvez tenham de reaprender algumas das artes de viver que foram perdidas</p><p>na Revolução Industrial: como preencher os interstícios de seu dia com relações sociais e pessoais;</p><p>como derrubar mais uma vez as barreiras entre o trabalho e a vida.</p><p>THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional.</p><p>São Paulo: Cia. das Letras, 1998 (adaptado).</p><p>A partir da reflexão do historiador, um argumento contrário à transformação promovida pela</p><p>Revolução Industrial na relação dos homens com o uso do tempo livre é o(a)</p><p>a) intensificação da busca do lucro econômico.</p><p>b) flexibilização dos períodos de férias trabalhistas.</p><p>c) esquecimento das formas de sociabilidade tradicionais.</p><p>d) aumento das oportunidades de confraternização familiar.</p><p>e) multiplicação das possibilidades de entretenimento virtual.</p><p>7</p><p>Sociologia</p><p>Gabarito</p><p>1. C</p><p>[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]</p><p>É correta a opção [C], pois, no último período do texto, Mario Vargas Llosa afirma que a literatura é</p><p>elemento fundamental para a sua formação: “sem elas, para o bem ou para o mal, eu não seria como</p><p>sou, não acreditaria no que acredito nem teria as dúvidas e as certezas que me fazem viver”.</p><p>[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia]</p><p>A análise sociológica possível de ser feita em consonância com o argumento do texto é considerar a</p><p>leitura de obras literárias um elemento de socialização. Assim, a única alternativa que está de acordo</p><p>com essa linha argumentativa é a [C], dado que todo processo de formação é também um processo de</p><p>socialização.</p><p>2. C</p><p>A letra da música faz referência à imposição de valores e comportamentos exteriores aos indivíduos.</p><p>Tais valores representam o ideal de sucesso individual e de competitividade, típicos da sociedade</p><p>capitalista contemporânea.</p><p>3. E</p><p>A socialização corresponde ao processo pelo qual um indivíduo passa a fazer parte de uma sociedade,</p><p>incorporando hábitos, gostos, normas e símbolos que são próprios dessa sociedade. Pelo fato de a</p><p>sociedade estar sempre em mudança, esse processo nunca termina, tal como afirma a alternativa [E].</p><p>4. B</p><p>A alternativa [B] é a única correta. Um indivíduo que não se socializa é um indivíduo que não aprende a</p><p>linguagem social. Um exemplo clássico é o chamado Victor de Aveyron, garoto que foi encontrado em</p><p>uma floresta francesa no século XVIII.</p><p>5. A</p><p>A alternativa [A] é a única correta. O processo que cria “sujeitos monstruosos” é social, pois depende da</p><p>interação dos indivíduos e da consequente rejeição de alguns deles.</p><p>6. A</p><p>A internet cria novos ambientes de socialização e novas regras sociais que devem ser seguidas. Ainda</p><p>que a música pareça uma simples paródia ou brincadeira, ela consegue evidenciar a importância da</p><p>internet para as relações sociais contemporâneas.</p><p>7. C</p><p>A família tem um papel importante na socialização das crianças e é por isso que ela também carrega a</p><p>função de educá-la. Isso significa não somente educar de maneira escolar, mas valorizando sempre o</p><p>tipo de ser humano que a sociedade considera ideal.</p><p>8. A</p><p>Segundo a corrente interacionista da sociologia, no processo de socialização ocorre uma relação</p><p>dialética entre a cultura e a personalidade. A sociedade (ou cultura), construída pelo sujeito, o condiciona</p><p>8</p><p>Sociologia</p><p>e determina qual a matriz sobre a qual o indivíduo pode construir sua personalidade pessoal. Nesse</p><p>sentido, podemos dizer que a individualidade é socialmente condicionada e, por isso, somente a</p><p>alternativa [A] é correta.</p><p>9. C</p><p>Uma análise sociológica do problema proposto permite relacionar o processo de socialização das</p><p>crianças com a obesidade infantil, dado que os filhos de pais obesos tendem a se manter obesos. Nesse</p><p>sentido, fatores de ordem social apresentam praticamente o mesmo efeito que fatores de</p><p>5</p><p>Sociolgia</p><p>5. Observe a charge a seguir:</p><p>Disponível em: <http://cnoportunidades.blogspot.com/2010_10_01_archive.html>. Acesso em: 28 ago. 2011.</p><p>Notamos nela a presença de um processo social importante para a compreensão das mudanças e/ou</p><p>transformações que ocorrem de forma contínua e que refletem determinados tipos de relações sociais</p><p>entre os indivíduos e os grupos. Sobre isso, assinale a alternativa CORRETA.</p><p>a) O processo social nela apresentado é denominado conflito, pois destaca um grupo em rivalidade,</p><p>buscando uma educação mais justa.</p><p>b) A cidadania produzida pela educação é um processo dissociativo e se encontra em constante</p><p>transformação.</p><p>c) A cooperação na construção de uma educação cidadã permite que dois ou mais indivíduos atuem</p><p>em conjunto para tornar o seu grupo mais atuante na formação de uma sociedade mais justa.</p><p>d) A diversidade ideológica no grupo social permite uma maior coesão dos seus membros na</p><p>cooperação por uma educação de qualidade e cidadã.</p><p>e) Numa competição como a da charge, notamos uma necessidade de formar subgrupos que</p><p>permitam uma cidadania igual para todos.</p><p>6. Considerando que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completou 60 anos em 2008 e</p><p>utilizando seus conhecimentos sobre o tema “cidadania: direitos sociais, civis e políticos”, assinale a</p><p>alternativa incorreta.</p><p>a) Os artigos que integram a Declaração Universal dos Direitos Humanos expressam a vontade de</p><p>assegurar os valores de justiça, solidariedade, igualdade e tolerância a todos os povos.</p><p>b) A existência de regimes democráticos é, em si, uma garantia de que a cidadania pode ser</p><p>amplamente exercida e os direitos humanos assegurados aos diferentes grupos sociais.</p><p>c) Há uma relação direta entre grau de instrução e garantia de direitos sociais, civis e políticos; por</p><p>isso, a luta por educação pública, gratuita e de qualidade é uma bandeira permanente para</p><p>diversos movimentos sociais.</p><p>d) Em países nos quais uma pequena parcela da população concentra a riqueza nacional, a grande</p><p>maioria não tem acesso a bens de cidadania como saúde, educação e habitação.</p><p>e) No Brasil, durante o regime militar, a luta pela afirmação dos direitos civis e políticos foi</p><p>duramente reprimida por um Estado que, mesmo autoritário, criou instituições que asseguraram,</p><p>por exemplo, o direito social à aposentadoria.</p><p>6</p><p>Sociolgia</p><p>7. Sobre o conceito de cidadania, assinale a alternativa correta.</p><p>a) A cidadania é fruto de lutas e conquistas sociais que culminaram, historicamente, na Declaração</p><p>dos Direitos Humanos e na Revolução Francesa.</p><p>b) A cidadania se configura sempre como direitos e deveres que atingem todos os cidadãos.</p><p>Portanto, são equivocadas, do ponto de vista legal, a fragmentação e a elaboração de leis que</p><p>atingem grupos sociais específicos, como crianças, mulheres, negros ou homossexuais,</p><p>processo que se caracteriza como conquista de privilégios em vez de direitos.</p><p>c) A cidadania concretiza-se na sociabilidade cotidiana, nas relações de família, de trabalho, no</p><p>acesso a bens e serviços culturais, na manutenção dos direitos relacionados à saúde e à</p><p>educação bem como no usufruto de conquistas trazidas pela benevolência das classes</p><p>dominantes.</p><p>d) Medidas tais como a supressão da liberdade democrática, a instauração de governos ilegítimos</p><p>não escolhidos pelo voto popular e a redução de conquistas sociais não afetam a cidadania, uma</p><p>vez que tais processos não revogam o fato de que cidadão é todo aquele que habita, de forma</p><p>legal, o país.</p><p>e) Direitos são conquistas que nunca podem ser perdidas, apenas transformadas. Portanto, uma</p><p>vez conquistada a cidadania, nenhum processo político é capaz de deteriorá-la.</p><p>8. Temos vivido, como nação, atormentados pelos males modernos e pelos males do passado, pelo velho</p><p>e pelo novo, sem termos podido conhecer uma história de rupturas revolucionárias. Não que não</p><p>tenhamos nos modernizado e chegado ao desenvolvimento. Mas não eliminamos relações, estruturas</p><p>e procedimentos contrários ao espírito do tempo. Nossa modernização tem sido conservadora.,</p><p>NOGUEIRA, M. As possibilidades da política: ideias para a reforma democrática do Estado. Rio de Janeiro:</p><p>Paz e Terra, 1998</p><p>O texto apresenta uma análise recorrente sobre o processo de modernização do Brasil na segunda</p><p>metade do século XX. De acordo com a análise, uma característica desse processo reside na(s)</p><p>a) uniformização técnica dos espaços de produção.</p><p>b) construção municipalista do regime representativo.</p><p>c) organização estadual das agremiações partidárias.</p><p>d) limitações políticas no estabelecimento de reformas sociais.</p><p>e) restrições financeiras no encaminhamento das demandas ruralistas.</p><p>7</p><p>Sociolgia</p><p>9. Ser cidadão é ter a garantia de todos os direitos civis, políticos e sociais que asseguram a</p><p>possibilidade de uma vida plena. Esses direitos não foram conferidos, mas exigidos, integrados e</p><p>assumidos pelas leis, pelas autoridades e pela população em geral. A cidadania também não é dada,</p><p>mas construída em um processo de organização, participação e intervenção social de indivíduos ou</p><p>de grupos sociais.</p><p>TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 139.</p><p>Ele enumera os principais direitos que compõem a cidadania e como essa se forma. Sobre o assunto</p><p>contido no texto, assinale a alternativa incorreta.</p><p>a) A participação da população em movimentos sociais é um aspecto importante para o surgimento</p><p>da cidadania.</p><p>b) O direito à educação básica e à saúde são exemplos de direito social, pois permitem ao cidadão</p><p>ter acesso aos aspectos essenciais de convivência social.</p><p>c) Os direitos citados no texto têm como base o princípio da igualdade entre os membros de um</p><p>grupo, mas não podem ser considerados universais, pois cada sociedade os interpreta de modo</p><p>diferente.</p><p>d) Os direitos políticos se referem ao acesso do cidadão à representação política, escolhida pelo</p><p>grupo mais privilegiado da sociedade.</p><p>e) A constituição é um conjunto de leis e normas que devem ser seguidas pela população com o</p><p>objetivo de organizar a sociedade. Esse tipo de cidadania é denominado de formal.</p><p>10. Tenho 44 anos e presenciei uma transformação impressionante na condição de homens e mulheres</p><p>gays nos Estados Unidos. Quando nasci, relações homossexuais eram ilegais em todos os Estados</p><p>Unidos, menos Illinois. Gays e lésbicas não podiam trabalhar no governo federal. Não havia nenhum</p><p>político abertamente gay. Alguns homossexuais não assumidos ocupavam posições de poder, mas a</p><p>tendência era eles tornarem as coisas ainda piores para seus semelhantes.</p><p>ROSS, A. “Na máquina do tempo”. Época, ed. 766, 28 jan. 2013.</p><p>A dimensão política da transformação sugerida no texto teve como condição necessária a</p><p>a) ampliação da noção de cidadania.</p><p>b) reformulação de concepções religiosas.</p><p>c) manutenção de ideologias conservadoras.</p><p>d) implantação de cotas nas listas partidárias.</p><p>e) alteração da composição étnica da população.</p><p>8</p><p>Sociolgia</p><p>Gabarito</p><p>1. B</p><p>A Constituição de 1988 rompeu com o autoritarismo do AI 5, e teve importante papel no estabelecimento</p><p>de uma sociedade mais democrática, sendo a institucionalização das eleições diretas um exemplo</p><p>disso; procurou afirmar a divisão de poderes entre Executivo, Legislativo e Judiciário, de iguais</p><p>importâncias, seguindo o formato das modernas democracias ocidentais; tornou direito constitucional</p><p>o de fazer greve, assim como dos trabalhadores se organizarem em sindicatos; e durante seu processo</p><p>constitutivo, trabalhou tanto com as propostas dos constituintes como com as emendas populares e</p><p>de demais grupos da sociedade civil organizada.</p><p>2. D</p><p>A alternativa D é incorreta, pois apesar de em vários momentos a cidadania estar associada ao poder</p><p>econômico, isto começa a mudar a partir das revoluções liberais, que iriam introduzir conceitos</p><p>ordem</p><p>biológica.</p><p>10. C</p><p>Pelo argumento do texto, a transformação do tempo livre em tempo de trabalho e produção fez com que</p><p>as pessoas se desacostumassem a ocupar seu tempo com relações sociais e pessoais. Esse seria o</p><p>desafio contemporâneo, bem expresso na alternativa [C].</p><p>1</p><p>Sociologia</p><p>Auguste Comte e o positivismo</p><p>Resumo</p><p>O surgimento da sociologia: Comte</p><p>O filósofo francês Augusto Comte (1798 – 1857) é considerado um dos fundadores da Sociologia e o pai de</p><p>uma corrente de pensamento denominada de positivismo. Essa corrente de pensamento defendia, em</p><p>grande medida, a aplicação de métodos científicos baseados na experimentação como única forma de</p><p>proporcionar um conhecimento verdadeiro sobre a sociedade. Assim, Comte se esforça por delimitar o</p><p>campo de estudo da Sociologia, tendo sido influenciado profundamente por acontecimentos históricos de</p><p>sua época, como a Revolução Francesa e a Revolução Industrial.</p><p>Comte observou esse processo de formação dos grandes centros urbanos, podendo refletir sobre</p><p>fenômenos sociais absolutamente novos que surgiram em razão das modificações ocorridas na sociedade</p><p>europeia da época. De acordo com a teoria de Comte, o estudo da sociedade deve ser tão rigoroso quanto,</p><p>por exemplo, o estudo empreendido pelas ciências naturais. Assim, a ciência da sociedade deve ser rigorosa,</p><p>baseando-se sempre na experimentação a fim de explicar corretamente os fenômenos sociais.</p><p>Nos seus primeiros escritos, Comte já esboçava formar uma nova ciência, a Sociologia, que recebeu</p><p>inicialmente o nome de Física Social. O objetivo primeiro de Comte com sua recém-criada área do</p><p>conhecimento não era apenas interpretar os fenômenos sociais e as transformações abruptas observadas</p><p>em seu tempo, ele pretendia criar uma ciência capaz de produzir soluções para os problemas sociais que</p><p>causavam o mal-estar das revoluções, principalmente a Revolução Industrial, que teve como consequência</p><p>imediata a explosão demográfica, o desemprego, a miséria, a violência e o acirramento da desigualdade</p><p>social. A partir de um método científico afinado com o praticado nas ciências da natureza, Comte acreditava</p><p>que seria possível encontrar as leis que regiam o funcionamento da sociedade e assim a ajustar. Essa visão</p><p>da dinâmica social é fruto da visão de Comte sobre o que homem havia criado de mais profundo e organizado,</p><p>a observação e o trabalho científico. Essa corrente de pensamento recebe o nome de positivismo.</p><p>Comte defende que a história do pensamento humano progredia em estágios. O espírito humano, então,</p><p>desenvolve-se através de três fases principais, a saber: a teológica, a metafísica e a positiva. No estágio</p><p>teológico, o espírito humano ainda está muito mais voltado para crenças do que propriamente para o uso da</p><p>ciência como forma de construção do conhecimento. A fase teológica, então, está relacionada com uma</p><p>tentativa de explicação do mundo a partir da imaginação, apelando comumente para deuses e entes</p><p>sobrenaturais a fim de explicar a realidade.</p><p>A fase metafísica, exemplificada pelo período histórico do Renascimento, está relacionada com uma</p><p>explicação da realidade não em termos imaginativos, como na fase teológica, mas em termos naturais. No</p><p>lugar da imaginação, surge a argumentação metafísica, que questiona as explicações que se baseiam em</p><p>entes sobrenaturais. Já o estado positivo, é marcado pela observação como forma de entendimento da</p><p>realidade, o que ocorre através da experimentação própria do método científico. Para Comte o conhecimento</p><p>científico é superior e o único válido para organizar a sociedade e as relações humanas.</p><p>2</p><p>Sociologia</p><p>Exercícios</p><p>1. Dentre os principais autores articuladores da Sociologia na sua fase inicial de desenvolvimento, é</p><p>CORRETO citar os nomes de</p><p>a) Marx e Foucault.</p><p>b) Comte e Durkheim.</p><p>c) Descartes e Marx.</p><p>d) Aristóteles e Comte.</p><p>e) Durkheim e Chartier.</p><p>2. O evolucionismo social do século XIX teve um papel fundamental na constituição da sociologia como</p><p>ramo científico. Sobre essa corrente de pensamento, que reunia autores como Augusto Comte e</p><p>Herbert Spencer, assinale o que for correto.</p><p>a) O evolucionismo define que as estruturas, naturais ou sociais, passam por processo de</p><p>diferenciação e integração que levam ao seu aprimoramento.</p><p>b) O evolucionismo propõe que a evolução das sociedades ocorre em estágios sucessivos de</p><p>racionalização.</p><p>c) O evolucionismo considera o Estado Militar como a forma mais evoluída de organização social,</p><p>fundamentada na cooperação interna e obrigatória.</p><p>d) O evolucionismo rejeita o modelo político e econômico liberal, baseado na livre iniciativa e no</p><p>laissez-faire, considerando-o uma orientação contrária à evolução social.</p><p>e) O evolucionismo defende a unidade biológica e cognitiva da espécie humana, independente de</p><p>variações particulares.</p><p>3</p><p>Sociologia</p><p>3. Até o século XVIII, a maioria dos campos de conhecimento, hoje enquadrados sob o rótulo de ciências,</p><p>era ainda, como na Antiguidade Clássica, parte integral dos grandes sistemas filosóficos. A</p><p>constituição de saberes autônomos, organizados em disciplinas específicas, como a Biologia ou a</p><p>própria Sociologia, envolverá, de uma forma ou de outra, a progressiva reflexão filosófica, como a</p><p>liberdade e a razão.</p><p>QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M. Um Toque de Clássicos: Marx, Durkheim e Weber. BH: UFMG, 2002.</p><p>Com base nos conhecimentos sobre o surgimento da Sociologia, assinale a alternativa que apresenta,</p><p>corretamente, a relação entre conhecimento sociológico de Auguste Comte e as ideias iluministas.</p><p>a) A ideia de desenvolvimento pela revolução social foi defendida pelo Iluminismo, que influenciou</p><p>o Positivismo.</p><p>b) A crença na razão como promotora do progresso da sociedade foi compartilhada pelo Iluminismo</p><p>e pelo Positivismo.</p><p>c) O Iluminismo forneceu os princípios e as bases teóricas da luta de classes para a formulação do</p><p>Positivismo.</p><p>d) O reconhecimento da validade do conhecimento teológico para explicar a realidade social é um</p><p>ponto comum entre o Iluminismo e o Positivismo.</p><p>e) Os limites e as contradições do progresso para a liberdade humana foram apontados pelo</p><p>Iluminismo e aceitos pelo Positivismo.</p><p>4. O positivismo foi uma das grandes correntes de pensamento social, destacando-se, entre seus</p><p>principais teóricos, Augusto Comte e Émile Durkheim.</p><p>Sobre a concepção de conhecimento científico, presente no positivismo do século XIX, é correto</p><p>afirmar:</p><p>a) A busca de leis universais só pode ser empreendida no interior das ciências naturais, razão pela</p><p>qual o conhecimento sobre o mundo dos homens não é científico.</p><p>b) Os fatos sociais fogem à possibilidade de constituírem objeto do conhecimento científico, haja</p><p>vista sua incompatibilidade com os princípios gerais de objetividade do conhecimento e a</p><p>neutralidade científica.</p><p>c) Apreender a sociedade como um grande organismo, a exemplo do que fazia o materialismo</p><p>histórico, é rejeitado como fonte de influência e orientação para as investigações empreendidas</p><p>no âmbito das ciências sociais.</p><p>d) A ciência social tem como função organizar e racionalizar a vida coletiva, o que demanda a</p><p>necessidade de entender suas regras de funcionamento e suas instituições forjadas</p><p>historicamente.</p><p>e) O papel do cientista social é intervir na construção do objeto, aportando à compreensão da</p><p>sociedade os valores por ele assimilados durante o processo de socialização obtido no seio</p><p>familiar.</p><p>4</p><p>Sociologia</p><p>5. A sociologia surge em um período em que o fazer científico encontrava-se influenciado por algumas</p><p>teses desenvolvidas durante o século XIX. Herbert Spencer, Charles Darwin e Auguste Comte, por</p><p>exemplo, tiveram grande importância para o pensamento sociológico. O primeiro, por</p><p>aplicar às</p><p>ciências humanas o evolucionismo, mesmo antes das teses revolucionárias sobre a seleção das</p><p>espécies do segundo. Com relação a Comte, houve a influência de seu “espírito positivo” na formação</p><p>dos muitos intelectuais do período.</p><p>Sobre as ideias de evolução e progresso e seu impacto no pensamento sociológico, podemos afirmar</p><p>que:</p><p>a) A ideia de progresso, apesar de ter grande influência na área das ciências naturais, não teve</p><p>impacto decisivo na constituição da sociologia.</p><p>b) A ideia de evolução foi uma das palavras de ordem do período, mas a sociologia rejeitou a sua</p><p>adoção, assim como qualquer comparação entre seus efeitos no reino natural e no mundo social.</p><p>c) A explicação sociológica procurou, desde o seu início, afastar-se de qualquer forma de</p><p>determinismos, fossem biológicos ou geográficos, pois se contrapunha fortemente às</p><p>explicações de cunho evolucionista.</p><p>d) Em sua busca por constituir-se como disciplina, a sociologia passou pela valorização e</p><p>incorporação dos métodos das ciências da natureza, utilizando metáforas organicistas, assim</p><p>como conferindo ênfase à noção de função.</p><p>6. Tanto Augusto Comte quanto Karl Marx identificam imperfeições na sociedade industrial capitalista,</p><p>embora cheguem a conclusões bem diferentes: para o positivismo de Comte, os conflitos entre</p><p>trabalhadores e empresários são fenômenos secundários, deficiências, cuja correção é relativamente</p><p>fácil, enquanto, para Karl Marx, os conflitos entre proletários e burgueses são o fato mais importante</p><p>das sociedades modernas.</p><p>A respeito das concepções teóricas desses autores, é CORRETO afirmar:</p><p>a) Comte pensava que a organização científica da sociedade industrial levaria a atribuir a cada</p><p>indivíduo um lugar proporcional à sua capacidade, realizando-se assim a justiça social.</p><p>b) Comte considera que a partir do momento em que os homens pensam cientificamente, a atividade</p><p>principal das coletividades passa a ser a luta de classes que leva necessariamente à resolução</p><p>de todos os conflitos.</p><p>c) Marx acredita que a história humana é feita de consensos e implica, por um lado, o antagonismo</p><p>entre opressores e oprimidos; por outro lado, tende a uma polarização em dois blocos: burgueses</p><p>e proletários.</p><p>d) Para Karl Marx, o caráter contraditório do capitalismo manifesta-se no fato de que o crescimento</p><p>dos meios de produção se traduz na elevação do nível de vida da maioria dos trabalhadores</p><p>embora não elimine as desigualdades sociais.</p><p>e) Tanto Augusto Comte quanto Karl Marx concordam que a sociedade capitalista industrial</p><p>expressa a predominância de um tipo de solidariedade, que classificam como orgânica, cujas</p><p>características se refletirão diretamente em suas instituições.</p><p>5</p><p>Sociologia</p><p>7. Comte acreditava que os problemas sociais e as sociedades, em geral, deveriam ser estudados com</p><p>o mesmo rigor científico das demais ciências naturais. A partir dessa premissa, Augusto Comte</p><p>cunhou o nome “Sociologia”, que seria dado à nova área de estudo que se dedicaria às sociedades.</p><p>Qual era o objetivo principal da sociologia de Comte?</p><p>a) transformar o meio social fixo e imutável do século XIX, de forma a inserir perspectivas</p><p>relativistas acerca do pensamento humano</p><p>b) demonstrar que o mundo é um lugar violento e degenerado, em que a busca pelo pensamento</p><p>positivo é impossível</p><p>c) entender os efeitos do estranhamento cultural entre diferentes indivíduos em sua convivência</p><p>com suas diferenças culturais</p><p>d) entender as leis que regem nosso mundo social, ajudando-nos a compreender os processos</p><p>sociais e dando-nos controle direto sobre os rumos que nossas sociedades tomariam</p><p>e) promover a paz e a harmonia social através da compreensão e respeito mútuos entre os povos</p><p>de diferentes culturas e sociedades</p><p>8. A sociologia nasce no séc. XIX após as revoluções burguesas sob o signo do positivismo elaborado</p><p>por Augusto Comte. As características do pensamento comtiano são:</p><p>a) a sociedade é regida por leis sociais tal como a natureza é regida por leis naturais; as ciências</p><p>humanas devem utilizar os mesmos métodos das ciências naturais e a ciência deve ser neutra.</p><p>b) a sociedade humana atravessa três estágios sucessivos de evolução: o metafísico, o empírico e</p><p>o teológico, no qual predomina a religião positivista.</p><p>c) a sociologia como ciência da sociedade, ao contrário das ciências naturais, não pode ser neutra</p><p>porque tanto o sujeito quanto o objeto são sociais e estão envolvidos reciprocamente.</p><p>d) o processo de evolução social ocorre por meio da unidade entre ordem e progresso, o que</p><p>necessariamente levaria a uma sociedade comunista.</p><p>9. A filosofia da História – o primeiro tema da filosofia de Augusto Comte – foi sistematizada pelo próprio</p><p>Comte na célebre “Lei dos Três Estados” e tinha o objetivo de mostrar porque o pensamento positivista</p><p>deve imperar entre os homens. Sobre a “Lei do Três Estados” formulada por Comte, é correto afirmar</p><p>que</p><p>a) Augusto Comte demonstra com essa lei que todas as ciências e o espírito humano desenvolvem-</p><p>se na seguinte ordem em três fases distintas ao longo da história: a positiva, a teológica e a</p><p>metafísica.</p><p>b) na “Lei dos Três Estados” a argumentação desempenha um papel de primeiro plano no estado</p><p>teológico. O estado teológico, na sua visão, corresponde a uma etapa posterior ao estado</p><p>positivo.</p><p>c) o estado teológico, segundo está formulada na “Lei dos Três Estados”, não tem o poder de tornar</p><p>a sociedade mais coesa e nenhum papel na fundamentação da vida moral.</p><p>d) o estado positivista apresenta-se na “Lei dos Três Estados” como o momento em que a</p><p>observação prevalece sobre a imaginação e a argumentação, e na busca de leis imutáveis nos</p><p>fenômenos observáveis.</p><p>e) para Comte, o estado metafísico não tem contato com o estado teológico, pois somente o estado</p><p>metafísico procura soluções absolutas e universais para os problemas do homem.</p><p>6</p><p>Sociologia</p><p>10. Para Augusto Comte, uma das funções da Sociologia ou Física Social era encontrar leis sociais que</p><p>conduzissem o progresso da humanidade. Sobre os estágios do progresso social discutidos pelo</p><p>autor, é correto afirmar:</p><p>a) O estágio teológico nega a existência de apenas uma explicação divina para os fenômenos</p><p>naturais e sociais.</p><p>b) O positivismo é o estágio superior do progresso social, porque se sustenta nos métodos</p><p>científicos.</p><p>c) O estágio mais simples é o mítico, seguido pelo teológico e pelo científico, que é o mais elaborado.</p><p>d) O primeiro estágio do conhecimento é o metafísico, em que conceitos abstratos explicam o</p><p>mundo.</p><p>e) A Europa exemplificava uma sociedade em estado de desenvolvimento teológico.</p><p>7</p><p>Sociologia</p><p>Gabarito</p><p>1. B</p><p>O autor fundante da sociologia como ciência, apresentando método e pressupostos próprios para o</p><p>estudo científico da sociedade, é Durkheim. Por sua vez, suas ideias e maneiras de enxergar a análise</p><p>social derivam dos estudos de Auguste Comte e de sua filosofia positiva. São, portanto, esses dois</p><p>autores considerados primordiais no primeiro momento do estudo sociológico.</p><p>2. B</p><p>A alternativa “B” é a correta. O evolucionismo social define que os estágios anteriores de primitivismo</p><p>social só são superados mediante a racionalização do mundo e do ser humano, em uma lógica</p><p>eurocêntrica que via o restante do mundo como “bárbaros” ou “primitivos”.</p><p>3. B</p><p>Correta, pois, para Norbert Elias, a sociedade é formada por redes de funções que as pessoas</p><p>desempenham umas em relação às outras por meio de sucessivos elos. Elias contrapõe-se, assim,</p><p>tanto às teorias que estipulam a superioridade do social sobre o individual quanto às teorias que</p><p>concebem que os indivíduos formam livremente uma sociedade. Coloca-se, portanto, contra o</p><p>estruturalismo e o individualismo metodológico.</p><p>4. D</p><p>Alternativa “d”. Comte propunha uma ciência da sociedade, capaz de explicar e compreender todos os</p><p>fenômenos sociais da mesma forma que as ciências naturais buscavam interpelar seus objetos de</p><p>estudo.</p><p>5. D</p><p>A afirmativa A está errada. A sociologia surge justamente na busca de soluções para conciliar o</p><p>progresso humano (com sua consequente diferenciação) e sua efetiva harmonia social, junção</p><p>defendida inclusive pelo positivismo; A afirmativa B também está errada, pois as teorias evolucionistas</p><p>foram largamente adotadas nos primórdios da sociologia como meios de explicação de vários</p><p>fenômenos sociais; A afirmativa C está errada, pois o determinismo também foi usado para explicar as</p><p>ações sociais, especialmente o biológico e o geográfico. As ideias de meio, momento histórico e</p><p>antecedentes biológicos do individuo eram elementos definidores das ações destes para os primeiros</p><p>sociólogos. Dessa forma, a resposta correta é a letra D.</p><p>6. A</p><p>A alternativa A está correta. Segundo o pensamento positivista, cada indivíduo tem um papel na</p><p>sociedade e deve aceitá-lo para o bem comum. A alternativa B está incorreta, pois mistura conceitos</p><p>positivistas e marxistas. Para Comte, o pensamento científico levaria à harmonia e não ao conflito de</p><p>classes. A alternativa C está incorreta porque é contraditória (se a história humana é feita de</p><p>"consensos", porque há antagonismo e polarização?). Além disso, atribui a Comte pressupostos</p><p>teóricos de Marx. A afirmativa D está incorreta porque não há elevação do nível de vida dos</p><p>trabalhadores no raciocínio marxista. Eles sempre seriam explorados pelos capitalistas o máximo</p><p>possível. Por fim, a alternativa E está incorreta porque Marx não acreditava em uma sociedade</p><p>capitalista orgânica (na qual as partes se completam em harmonia), mas sim em uma sociedade</p><p>baseada no conflito dialético dos meios de produção (desse conflito resultaria uma solução, que daria</p><p>início a um novo conflito, sempre por motivos econômico-produtivos).</p><p>8</p><p>Sociologia</p><p>7. D</p><p>Como positivista, Comte acreditava em leis gerais regentes da organização social na possibilidade de</p><p>controle dos rumos da sociedade através da ciência, tal qual se iniciava o domínio sobre a natureza</p><p>produzido pelo conhecimento científico. Assim almejava a evolução e o progresso pela Sociologia</p><p>8. A</p><p>A alternativa [A] é a única que condiz totalmente com o positivismo. Vale ressaltar que, segundo essa</p><p>corrente de pensamento, os três estágios são o teológico, o metafísico e o positivo, a sociologia deve</p><p>ser neutra e a sociedade não caminha para o comunismo.</p><p>9. D</p><p>A afirmação correta é a da letra “D”. O estado positivo caracteriza-se, segundo Comte, pela</p><p>subordinação da imaginação e da argumentação à observação. Isso quer dizer que o processo de</p><p>construção do conhecimento humano ocorre a partir da experimentação própria do método científico.</p><p>10. B</p><p>Auguste Comte desenvolveu a sua teoria baseada em três estágios: teológico, metafísico e positivo. O</p><p>último seria marcado pelo apogeu dos anteriores. Seria sua característica a busca por conexões</p><p>regulares através da observação dos fenômenos com o objetivo final de estabelecer leis racionais sobre</p><p>eles, tendo como base a perspectiva científica das ciências exatas.</p><p>Resumão</p><p>março</p><p>1</p><p>Sociologia</p><p>Émile Durkheim: fato social</p><p>Resumo</p><p>Tal como Comte e todo os demais grandes nomes da sociologia, Émile Durkheim destacou-</p><p>se pela explicação que desenvolveu para a origem da sociedade capitalista moderna.</p><p>Diferente, porém, de seu predecessor, que via no surgimento da sociedade moderna a</p><p>passagem de um estado metafísico, dominado por explicações filosóficas, para um estado</p><p>positivo, dominado por explicações científicas,</p><p>Durkheim via na passagem das sociedades</p><p>tradicionais para a Modernidade acima de tudo</p><p>uma mudança na solidariedade social, isto é, no</p><p>mecanismo de coesão e unidade da sociedade.</p><p>Fortemente influenciado pelas ciências naturais - seu modelo de</p><p>pensamento -, o sociólogo francês afirmava que as virtudes principais</p><p>de um pesquisador social são a neutralidade e a objetividade. Na</p><p>prática, isto significa que um sociólogo jamais deve permitir que os</p><p>seus valores pessoais ou a sua visão de mundo interfiram no seu</p><p>trabalho. Sua análise deve ser meramente descritiva, nunca avaliativa, concentrada apenas em compreender</p><p>a sociedade que está pesquisando, não em julgá-la ou classificá-la.</p><p>De acordo com Durkheim, nas sociedades tradicionais, pré-modernas,</p><p>anteriores ao capitalismo, a divisão social do trabalho, isto é, a</p><p>especialização profissional era pequena. Isto ocasionava poucas</p><p>diferenças entre os indivíduos e fazia da sociedade algo mais</p><p>homogêneo. Assim, a coesão social era realizada e garantida através do</p><p>compartilhamento de uma mesma visão de mundo, de um mesmo</p><p>conjunto de ideias e valores dominantes. Este modelo de coesão social é</p><p>chamado por Durkheim de solidariedade mecânica. Nas sociedades</p><p>modernas, por sua vez, o capitalismo promoveu uma</p><p>enorme acentuação na divisão social do trabalho. Isso exacerbou a especialização</p><p>profissional e, portanto, a individualidade. Por isso, a sociedade moderna é heterogênea,</p><p>contando com grande diversidade de religiões e de visões de mundo no interior de um</p><p>mesmo contexto social. Daí também porque, na Modernidade, o que une e congrega a</p><p>sociedade não é o fato das pessoas partilharem uma mesma visão de mundo, mas sim o</p><p>fato de elas serem mais interdependentes no mundo do trabalho. É o que Durkheim</p><p>chamava de solidariedade orgânica.</p><p>Para chegar a essas conclusões, o sociólogo teve que desenvolver uma metodologia particular. Em busca de</p><p>leis gerais que regessem o funcionamento da sociedade, ele elaborou um novo paradigma epistemológico.</p><p>Como podemos observar, o foco de Durkheim na estrutura da sociedade era pensar o que a mantinha unida.</p><p>Essa coesão social era o que gerava a solidariedade em cada modelo social. Mas, como observamos, a</p><p>coesão dos modelos estudados tem diferentes origens, ou não? Aprofundando um pouco mais o pensamento</p><p>do autor, podemos elencar como gerador dessa coesão o consenso em torno das regras assumidas como</p><p>fundamentais pelo grupo social para manter a sociedade de pé. Ou seja, independente de por semelhança ou</p><p>interdependência, o que promove a coesão social é a adesão às normas, regras e valores sociais</p><p>compartilhados pelo grupo. Essas regras, normas e valores, a partir da adesão grupal, formam um padrão de</p><p>2</p><p>Sociologia</p><p>comportamento. Veja, se todos nós seguimos determinada regra, ela será repetida por todos nós, ela</p><p>configurará um padrão de comportamento. Esse padrão social de comportamento é o foco principal do</p><p>estudo de Durkheim. Ele considerava que o sociólogo deve, tal como o físico e o químico, buscar por padrões</p><p>de regularidade, que, no caso dele, seriam os fatos sociais. Os fatos sociais são justamente as regras ou</p><p>normas coletivas que acabam se impondo de maneira coercitiva aos indivíduos, um conjunto de instrumentos</p><p>sociais que determinam as maneiras de agir, pensar e sentir na vida de um indivíduo inserido socialmente.</p><p>Esse conjunto de dispositivos existe independente da vontade e existência das pessoas. Podemos, então,</p><p>listar três elementos característicos dos fatos sociais segundo Durkheim:</p><p>Eles são exteriores ao indivíduo, eles são coercitivos e são gerais. Sua</p><p>exterioridade pode ser explicada na medida em que não está no poder do</p><p>indivíduo modificar, através meramente de sua vontade, as regras sociais</p><p>às quais está submetido. Eles são coercitivos porque há punições e</p><p>sanções para aqueles que não obedecem às regras. Os padrões possuem</p><p>poder ou força. Por fim, eles são gerais no sentido de que devem ser</p><p>observados por todos aqueles que fazem parte de certo grupo social.</p><p>Alcançam toda a sociedade.</p><p>3</p><p>Sociologia</p><p>Exercícios</p><p>1. A Sociologia, tradicionalmente, é a ciência que estuda a sociedade. Expressão abstrata, visto</p><p>que não</p><p>há uma definição precisa. Mas, a literatura indica que toda sociedade deriva de grupos sociais,</p><p>compreendidos como “um agregado de seres humanos no qual (1) existem relações específicas entre</p><p>indivíduos que o compreendem e (2) cada indivíduo tem consciência do próprio grupo e de seus</p><p>símbolos”. É necessário, portanto, que haja interação e identidade entre os membros do grupo.</p><p>OUTHWAITE, William; BOTTOMORE, Tom (editores). Dicionário do pensamento social do século XX. Rio de Janeiro: Jorge</p><p>Zahar, 1996.GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia.</p><p>São Paulo: Ática, 2008.</p><p>Um exemplo de grupo social é (são)</p><p>a) multidão em um domingo na praia.</p><p>b) pessoas em uma fila de cinema.</p><p>c) alunos em uma sala de aula.</p><p>d) jovens em festival de música.</p><p>e) indivíduos lendo jornal.</p><p>2. Coube a Émile Durkheim (1858-1917) a institucionalização da Sociologia como disciplina acadêmica.</p><p>Para o sociólogo clássico francês, a sociedade moderna implica uma diferenciação substancial de</p><p>funções e ocupações profissionais. Sobre as análises desse autor, é CORRETO afirmar:</p><p>a) O problema social é estritamente econômico e depende de vontades individuais.</p><p>b) O desenvolvimento da sociedade moderna deve passar por um processo de ruptura social e</p><p>permanente anomia.</p><p>c) A questão social é também um problema de moralização e organização consciente da vida</p><p>econômica.</p><p>d) Para Durkheim, na sociedade moderna não há possibilidades de desenvolvimento das</p><p>coletividades, por necessitar de novos pactos políticos dos governantes.</p><p>e) Os indivíduos que criam seus próprios valores morais no interior de uma sociedade.</p><p>3. Émile Durkheim é considerado um dos fundadores das Ciências Sociais e entre as suas diversas obras</p><p>se destacam “As Regras do Método Sociológico”, “O Suicídio” e “Da Divisão do Trabalho Social”. Sobre</p><p>este último estudo, é correto afirmar que</p><p>a) a divisão do trabalho possui um importante papel social. Muito além do aumento da produtividade</p><p>econômica, a divisão garante a coesão social ao possibilitar o surgimento de um tipo específico</p><p>de solidariedade.</p><p>b) a solidariedade mecânica é o resultado do desenvolvimento da industrialização, que garantiu uma</p><p>robotização dos comportamentos humanos.</p><p>c) a solidariedade orgânica refere-se às relações sociais estabelecidas nas sociedades mais</p><p>tradicionais. O nome remete ao entendimento da harmonia existentes nas comunidades de menor</p><p>taxa demográfica.</p><p>d) indiferente dos tipos de solidariedade predominantes, o crime necessita ser punido por representar</p><p>uma ofensa às liberdades e à consciência individual existente em cada ser humano.</p><p>e) a consciência coletiva está vinculada exclusivamente às ações sociais filantrópicas estabelecidas</p><p>pelos indivíduos na contemporaneidade, não tendo nenhuma relação com tradições e valores</p><p>morais comuns.</p><p>4</p><p>Sociologia</p><p>4. De acordo com Susie Orbach, “Muitas coisas feitas em nome da saúde geram dificuldades pessoais e</p><p>psicológicas. Olhar fotos de corpos que passaram por tratamento de imagem e achar que</p><p>correspondem à realidade cria problema de autoimagem, o que leva muitas mulheres às mesas de</p><p>cirurgia. Na geração das minhas filhas, há garotas que gostam e outras que não gostam de seus corpos.</p><p>Elas têm medo de comida e do que a comida pode fazer aos seus corpos. Essa é a nova norma, mas</p><p>isso não é normal. Elas têm pânico de ter apetite e de atender aos seus desejos”.</p><p>Adaptado: “As mulheres estão famintas, mas têm medo da comida”, Folha de S. Paulo, São Paulo, 15 ago. 2010, Saúde.</p><p>Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd1508201001.htm>. Acesso em: 15 out. 2010).</p><p>Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Émile Durkheim, é correto afirmar:</p><p>a) O conflito geracional produz anomia social, dada a incapacidade de os mais velhos</p><p>compreenderem as aspirações dos mais novos.</p><p>b) Os padrões do que se considera saudável e belo são exemplos de fato social e, portanto, são</p><p>suscetíveis de exercer coerção sobre o indivíduo.</p><p>c) Normas são prejudiciais ao desenvolvimento social por criarem parâmetros e regras que</p><p>institucionalizam o agir dos indivíduos.</p><p>d) A consciência coletiva é mais forte entre os jovens, voltados que estão a princípios menos</p><p>individualistas e egoístas.</p><p>e) A base para a formação de princípios morais e de solidez das instituições são os desejos</p><p>individuais, visto estes traduzirem o que é melhor para a sociedade.</p><p>5. Escrevendo num contexto de vigência do Estado liberal-democrático, Émile Durkheim (1858-1917) foi</p><p>o autor, entre os clássicos da Sociologia, que mais refletiu sobre a estreita relação entre educação e</p><p>cidadania. Ao mesmo tempo em que sintetiza sua análise, desenvolve um conjunto de ideias que</p><p>influenciarão o desenvolvimento da teoria sociológica aplicada no contexto educacional. Considerando</p><p>as reflexões do autor sobre esse tema, é incorreta a afirmativa:</p><p>a) O caráter classista da estrutura educacional demonstra que ocorre uma seleção natural dos</p><p>indivíduos que alcançarão níveis mais elevados no sistema educacional e no processo produtivo,</p><p>graças aos currículos, aos exames e às formas de acesso socialmente desiguais.</p><p>b) O Estado não pode negligenciar-se ou desinteressar-se do processo educativo, pois cabe a ele</p><p>manter e tornar os indivíduos conscientes de uma série de ideias e sentimentos necessários à</p><p>organização social.</p><p>c) A sociedade deve lembrar aos professores quais são as ideias e sentimentos que deverão estar</p><p>presentes na ação educativa, sendo materializados nos currículos, programas e estruturas</p><p>escolares.</p><p>d) A ação educativa deve ser exercida em sentido social, essencial na formação do cidadão, moldado</p><p>nos padrões e valores preconizados no interesse coletivo em detrimento dos interesses e</p><p>egoísmos estritamente particulares.</p><p>e) A educação é uma das principais formas de passar adiante os fatos sociais.</p><p>5</p><p>Sociologia</p><p>6. Leia os depoimentos a seguir:</p><p>• Sou um ser livre, penso apenas com minhas ideias, da minha cabeça, faço só o que desejo, sou</p><p>único, independente, autônomo. Não sigo o que me obrigam e pronto! Acredito que com a força</p><p>dos meus pensamentos poderei realizar todos os meus sonhos, e o meu esforço ajuda a sociedade</p><p>a progredir.</p><p>(Jovem estudante e trabalhadora em uma loja de shopping).</p><p>• Sou um ser social, o que penso veio da minha família, dos meus amigos e parentes, gostaria de</p><p>fazer o que desejo, mas é difícil! Às vezes faço o que quero, mas na maioria das vezes sigo meu</p><p>grupo, meus amigos, minha religião, minha família, a escola, sei lá... Sinto que dependo disso tudo</p><p>e gostaria muito de ser livre, mas não sou!</p><p>(Jovem estudante em uma escola pública que trabalha em empregos temporários).</p><p>• Sinto que às vezes consigo fazer as coisas que desejo, como ir a raves, mesmo que minha mãe</p><p>não permita ou concorde. Em outros momentos faço o que me mandam e acho que deve ser assim</p><p>mesmo. É legal a gente viver segundo as regras e ao mesmo tempo poder mudá-las. Nas raves</p><p>existem regras, muita gente não percebe, mas há toda uma estrutura, seguranças, taxas etc. Então,</p><p>sinto que sou livre, posso escolher coisas, mas com alguns limites.</p><p>(Jovem estudante e office boy).</p><p>Assinale a alternativa que expressa, respectivamente, as explicações sociológicas sobre a relação entre</p><p>indivíduo e sociedade presentes nas falas.</p><p>a) Solidariedade mecânica, fundada no funcionalismo de E. Durkheim; individualismo metodológico,</p><p>fundado na teoria política liberal; teoria da consciência de classe, fundada em K. Marx.</p><p>b) Teoria da consciência de classe, fundada em K. Marx; sociologia compreensiva, fundada no</p><p>conceito de ação social e suas tipologias de M. Weber; teoria organicista de Spencer.</p><p>c) Individualismo, fundado no liberalismo de vários autores dos séculos XVIII a XX; funcionalismo,</p><p>fundado no conceito e consciência</p>

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