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Rep_Hum_LIVRO_WEB-107

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Duração da gravidez (semanas)
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Gonadotropina
coriônica humana
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Aula 9 Reprodução Humana 209
tornando-se decíduas. A importância da permanência do corpo lúteo é confi rmada pela 
ocorrência de aborto espontâneo quando ele é removido antes da 7ª semana de gravidez. 
Depois desse período, a placenta já produz hormônios em concentração sufi ciente para manter 
a gravidez e o corpo lúteo desaparece após a 13ª a 17ª semanas.
A hCG tem, ainda, uma função importante que é estimular a produção de testosterona 
pelas células de Leydig presentes nos testículos do feto até o nascimento, antes do eixo 
hipotálamo-hipófi se-testicular se tornar maduro. Esse efeito da hCG sobre os testículos 
é o primeiro passo hormonal para a diferenciação dos órgãos sexuais masculinos, como 
discutimos na Aula 2 (Aspectos gerais sobre reprodução humana e fi siologia reprodutiva 
do sexo masculino). No fi nal da gravidez, a testosterona induz a decida dos testículos para a 
bolsa escrotal. A hCG atua em outro substrato endócrino, que são as glândulas suprarrenais 
fetais, mais particularmente a porção cortical que sintetiza os glicocorticoides (cortisol), os 
mineralocorticoides (aldosterona) e os andrógenos (deidroepiandrosterona – DHEAS) nos 
primeiros três meses da gravidez.
Figura 2 – Perfi l hormonal durante o período gestacional
Fonte: Guyton e Hall (2006).
Estrógenos
Pouco antes do parto, os níveis de estrógenos aumentam 30 vezes além da produção 
materna normal. Os estrógenos placentários são derivados da deidroepiandrosterona e do 
16-hidroxiepiandrosterona formados nas adrenais maternas e fetais. Esses andrógenos fracos 
são transportados para a placenta e convertidos em estradiol, estrona e estriol pelas células 
trofoblásticas. As porções corticais da adrenal fetal são bem grandes, e cerca de 80% são 
Aula 9 Reprodução Humana210
formadas por uma camada de células chamada de zona fetal, que tem como função principal 
sintetizar deidroepiandrosterona durante a gravidez.
Os estrógenos são também produzidos pelos sinciciotrofoblastos, que para tal fi m utilizam 
os andrógenos fornecidos pela porção cortical das glândulas suprarrenais fetais para sintetizar 
os estrógenos. No feto, a porção cortical é divida em 3 zonas: a defi nitiva externa, a de transição 
média e a fetal interna. Na zona fetal ocorre a maior síntese de hormônios esteroides no 
feto, como a deidroepiandrosterona (DHEAS). O DHEAS é a matéria-prima para produção de 
17β-estradiol e estrona (estrógenos) pela placenta, como também de estriol pelo fígado fetal. 
O estriol é o principal estrógeno da gravidez e é uma excelente ferramenta de avaliação da 
saúde fetal. O córtex adrenal também produz a aldosterona pouco antes do parto e o cortisol 
em torno do 6º mês, o qual se eleva no fi nal da gravidez.
Os estrógenos, como mencionado na Aula 4 (Fisiologia reprodutiva do sexo feminino – 
Parte II), têm ação proliferativa marcante na maioria das estruturas do aparelho reprodutor 
feminino. Na gravidez, promovem o aumento do útero, das mamas e o crescimento de seu 
sistema de ductos. À medida que o parto se aproxima, os níveis de estrógenos vão se elevando, 
o que vai ser essencial para o relaxamento dos ligamentos pélvicos da mãe, tornando as 
articulações sacroilíacas mais frouxas e a sínfi se pubiana mais elástica. Essas alterações tornam 
mais fácil a passagem do feto pelo canal vaginal durante o trabalho de parto. Os estrógenos 
intensifi cam o fl uxo de sangue entre o útero e a placenta, aumentam a captação de LDL 
(bom colesterol), precursor dos hormônios exteroides nos sinciciotrofoblastos e promovem 
o aparecimento de elementos que induzem o parto como as prostaglandinas e a oferta de 
receptores de ocitocina, que estimula as contrações uterinas. Além disso, preparam as mamas 
para a lactação e estimulam a síntese do hormônio prolactina pela glândula hipófi se.
Progesterona
A progesterona, por sua vez, é essencial para o sucesso da gravidez. Ela começa a ser 
detectada durante a fase lútea do ciclo ovariano e, no caso do oócito ser fertilizado, o corpo 
lúteo manterá sua secreção até por volta do 2º mês de gravidez. Todavia, em seguida, a placenta 
assume a produção da progesterona. Sua concentração aumenta em até 10 vezes durante o 
período gestacional, como você pode ver na Figura 2. Sua produção depende da oferta de 
colesterol e dos níveis das enzimas CYPA11A1 e 3β-HSD mostradas na Figura 3. Ela estimula 
o desenvolvimento das células deciduais, que, como vimos há pouco, são essenciais para a 
nutrição do embrião. Além disso, a progesterona diminui a contratilidade uterina nas grávidas, 
evitando a ocorrência de aborto espontâneo, sendo considerada o hormônio da gravidez; 
aumenta a capacidade secretora das trompas e do útero que infl uenciam o desenvolvimento da 
mórula e do blastocisto antes de sua implantação; prepara as mamas para lactação juntamente 
com os estrógenos; e é usada na síntese de cortisol pela zona de transição da adrenal fetal 
no fi nal da gestação. Como veremos mais adiante, o cortisol fetal é um dos elementos que 
induzem as contrações uterinas durante o parto.

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