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Duração da gravidez (semanas) 300 200 100 00 0 4 6 12 16 20 24 28 32 36 40 0 20 40 60 80 100 120 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Gonadotropina coriônica humana Progesterona Estrogênios Go na do tr op in a co riô ni ca h um an a (U I/ m L) Es tr og ên io s (m g/ 2 4 h eq ui va le nt e de e st ra di ol ) Pr og es te ro na (m g/ 2 4 h) O vu la çã o Pa rt o Aula 9 Reprodução Humana 209 tornando-se decíduas. A importância da permanência do corpo lúteo é confi rmada pela ocorrência de aborto espontâneo quando ele é removido antes da 7ª semana de gravidez. Depois desse período, a placenta já produz hormônios em concentração sufi ciente para manter a gravidez e o corpo lúteo desaparece após a 13ª a 17ª semanas. A hCG tem, ainda, uma função importante que é estimular a produção de testosterona pelas células de Leydig presentes nos testículos do feto até o nascimento, antes do eixo hipotálamo-hipófi se-testicular se tornar maduro. Esse efeito da hCG sobre os testículos é o primeiro passo hormonal para a diferenciação dos órgãos sexuais masculinos, como discutimos na Aula 2 (Aspectos gerais sobre reprodução humana e fi siologia reprodutiva do sexo masculino). No fi nal da gravidez, a testosterona induz a decida dos testículos para a bolsa escrotal. A hCG atua em outro substrato endócrino, que são as glândulas suprarrenais fetais, mais particularmente a porção cortical que sintetiza os glicocorticoides (cortisol), os mineralocorticoides (aldosterona) e os andrógenos (deidroepiandrosterona – DHEAS) nos primeiros três meses da gravidez. Figura 2 – Perfi l hormonal durante o período gestacional Fonte: Guyton e Hall (2006). Estrógenos Pouco antes do parto, os níveis de estrógenos aumentam 30 vezes além da produção materna normal. Os estrógenos placentários são derivados da deidroepiandrosterona e do 16-hidroxiepiandrosterona formados nas adrenais maternas e fetais. Esses andrógenos fracos são transportados para a placenta e convertidos em estradiol, estrona e estriol pelas células trofoblásticas. As porções corticais da adrenal fetal são bem grandes, e cerca de 80% são Aula 9 Reprodução Humana210 formadas por uma camada de células chamada de zona fetal, que tem como função principal sintetizar deidroepiandrosterona durante a gravidez. Os estrógenos são também produzidos pelos sinciciotrofoblastos, que para tal fi m utilizam os andrógenos fornecidos pela porção cortical das glândulas suprarrenais fetais para sintetizar os estrógenos. No feto, a porção cortical é divida em 3 zonas: a defi nitiva externa, a de transição média e a fetal interna. Na zona fetal ocorre a maior síntese de hormônios esteroides no feto, como a deidroepiandrosterona (DHEAS). O DHEAS é a matéria-prima para produção de 17β-estradiol e estrona (estrógenos) pela placenta, como também de estriol pelo fígado fetal. O estriol é o principal estrógeno da gravidez e é uma excelente ferramenta de avaliação da saúde fetal. O córtex adrenal também produz a aldosterona pouco antes do parto e o cortisol em torno do 6º mês, o qual se eleva no fi nal da gravidez. Os estrógenos, como mencionado na Aula 4 (Fisiologia reprodutiva do sexo feminino – Parte II), têm ação proliferativa marcante na maioria das estruturas do aparelho reprodutor feminino. Na gravidez, promovem o aumento do útero, das mamas e o crescimento de seu sistema de ductos. À medida que o parto se aproxima, os níveis de estrógenos vão se elevando, o que vai ser essencial para o relaxamento dos ligamentos pélvicos da mãe, tornando as articulações sacroilíacas mais frouxas e a sínfi se pubiana mais elástica. Essas alterações tornam mais fácil a passagem do feto pelo canal vaginal durante o trabalho de parto. Os estrógenos intensifi cam o fl uxo de sangue entre o útero e a placenta, aumentam a captação de LDL (bom colesterol), precursor dos hormônios exteroides nos sinciciotrofoblastos e promovem o aparecimento de elementos que induzem o parto como as prostaglandinas e a oferta de receptores de ocitocina, que estimula as contrações uterinas. Além disso, preparam as mamas para a lactação e estimulam a síntese do hormônio prolactina pela glândula hipófi se. Progesterona A progesterona, por sua vez, é essencial para o sucesso da gravidez. Ela começa a ser detectada durante a fase lútea do ciclo ovariano e, no caso do oócito ser fertilizado, o corpo lúteo manterá sua secreção até por volta do 2º mês de gravidez. Todavia, em seguida, a placenta assume a produção da progesterona. Sua concentração aumenta em até 10 vezes durante o período gestacional, como você pode ver na Figura 2. Sua produção depende da oferta de colesterol e dos níveis das enzimas CYPA11A1 e 3β-HSD mostradas na Figura 3. Ela estimula o desenvolvimento das células deciduais, que, como vimos há pouco, são essenciais para a nutrição do embrião. Além disso, a progesterona diminui a contratilidade uterina nas grávidas, evitando a ocorrência de aborto espontâneo, sendo considerada o hormônio da gravidez; aumenta a capacidade secretora das trompas e do útero que infl uenciam o desenvolvimento da mórula e do blastocisto antes de sua implantação; prepara as mamas para lactação juntamente com os estrógenos; e é usada na síntese de cortisol pela zona de transição da adrenal fetal no fi nal da gestação. Como veremos mais adiante, o cortisol fetal é um dos elementos que induzem as contrações uterinas durante o parto.
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