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135Urbanização e Industrialização no Brasil História Texto 4 Esse progresso urbano era ocorrência nova na vida brasileira, e ocorrência que ajuda a melhor dis- tinguir, um do outro, os processos colonizadores de “flamengos” e portugueses. Ao passo que em todo o resto do Brasil as cidades continuavam simples e pobres dependências dos domínios rurais, a metró- pole pernambucana “vivia por si”. Ostentavam-se nela palácios monumentais como o de Schoonzicht e o de Vrijburg. Seus parques opulentos abrigavam os exemplares mais vários da flora e da fauna indíge- nas. Neles é que os sábios Piso e Macgraves iam encontrar a mão material de que precisavam para a sua Historia Naturalis Brasilae e onde Franz Post se exercia em transpor para a tela as cores mag- níficas da natureza tropical. Institutos científicos e culturais, obras de assistência de toda a ordem e im- portantes organismos políticos administrativos (basta dizer que em 1640 se reunia em Recife o primeiro Parlamento de que há notícia no hemisfério ocidental) davam à sede do governo da Nova Holanda um esplendor que a destacava singularmente no meio da miséria americana. Para completar o quadro, não faltavam sequer os aspectos escuros, tradicionais da vida urbana de todos os tempos: já em 1641, a zona do porto de Recife constituía, para alguns, verdadeiro “antro de perdição”. (Adaptado de HOLLANDA, 1995, p.63.) Em 1630, os holandeses empreenderam a conquista de Pernambu- co, a mais rica colônia açucareira de Portugal. O fato teve grande sig- nificado para a história de Recife, que, a partir deste momento, tornou- se o centro de todo Nordeste açucareiro. Os holandeses resolveram fortificar-se em Recife, ampliaram as construções, fizeram aterros na bacia do Beberibe e construíram, no lugar em que antes havia apenas um porto e um pequeno povoado, uma verdadeira cidade, que contaria então com cerca de 2.000 casas e 8.000 habitantes. Os holandeses não procuraram intervir na cultura nem na fabricação do açúcar. In- teressava-lhes mais assegurar o seu comércio. Daí o caráter nitidamente urbano da colonização ho- landesa, que diferenciava-se da colonização portu- guesa, cuja ênfase estava na ocupação agrária. A urbanização de Recife se iniciou em 1637 com um plano bem traçado pelos holandeses pa- ra melhoramento da cidade, priorizando um sis- tema defensivo, construção de pontes para viabi- lizar as comunicações e até um Jardim Botânico. Em meados do século XVII, Recife era possivel- mente a segunda cidade brasileira e uma das mais modernas do continente do ponto de vista urba- nístico. Veja o que o historiador diz: FRANZ POST (1612-1680). Vis- ta da Cidade Maurícia e Recife, 1657. Óleo sobre ma- n Documento 5 ww w. sit ed ed ica s.c om .b r n EMIL BAUCH (1823 – c. 1890). Ponte Maurício de Nassau, sé- culo XIX. litografia aquarelada. S/l. n Documento 6 ww w. sit ed ed ica s.c om .b r n A ocupação do solo mineiro, região mais central do Brasil, esteve ligada diretamente aos descobrimentos auríferos do fim do século XVII e início do século XVIII, que atraiu milhares de pessoas, as quais fo- ram responsáveis pela formação dos primeiros núcleos urbanos na re- gião das minas. 136 Relações de Trabalho Ensino Médio A produção mineira estava geograficamente condicio- nada à localização das jazidas auríferas e os núcleos ur- banos – que surgiram em função desta atividade – ad- quiriram, geralmente, caráter especializado de lugar de moradia dos mineradores e da comercialização de produtos. A importância de cidades mineiras, como Mariana, Ouro Preto, Sabará, São João Del Rei, Tira- dentes, etc., limitava-se à quantidade de ouro que podia ser extraída em suas proximidades. Todas as cidades vinculadas puramente à mine- ração, mostraram-se desligadas daquelas qualidades de posição e situação que eram de tamanha impor- tância para outras cidades. Aspectos como uma lo- calização centralizada, acessibilidade, terrenos favo- ráveis para ruas e edifícios foram considerados, pelas elites coloniais, como de menor valor. Essas cidades preservaram construções que cons- tituem parte do patrimônio artístico, histórico e cultu- ral brasileiro. Ao conhecê-las, você irá deparar-se com verdadeiras obras de arte que expressam toda a rique- za da arquitetura, da pintura e da escultura do estilo barroco. De acordo com o funcionamento especializado da economia mineira, o ouro se escoava para as regiões que abasteciam a área de mineração. Desde o século XVII, es- tabeleceram-se vínculos comerciais entre zonas de mine- ração e a Bahia, São Paulo e, principalmente, Rio de Ja- neiro – o grande escoadouro do metal precioso e o mais importante porto de importação dos produtos além-mar consumidos pelas populações mineiras. As necessidades de escoamento e de fiscalização da produção mineral deram ao Rio de Janeiro – que se tor- nou a segunda capital da colônia, em 1763 – as con- dições de desenvolvimento, ampliadas com a chegada da família real portuguesa, em 1808. A vinda da Corte Portuguesa para o Brasil esti- mulou o crescimento da cidade do Rio de Janeiro. A população aumentou, surgiram novos prédios, e o comércio se tornou mais variado. As terras vizinhas passaram a se desenvolver, com melhoramentos ur- banos. Transferiram-se para o Brasil todos os órgãos da Administração Pública e da Justiça; criaram-se academias, hospitais, quartéis, a Biblioteca Real, a Academia de Belas Artes e o Jardim Botânico, tor- 136 Relações de Trabalho Ensino Médio Documento 7 Ouro Preto.n Fo to : I co ne A ud io Vi su al n